A Gestalt Fenomenologico

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A Gestalt-terapia é uma abordagem psicológica que teve influência de várias correntes filosóficas. As mais importantes dessas correntes são o humanismo, o existencialismo e a fenomenologia. Para Ribeiro (1985), o homem, enxergado nesta tríplice visão, se torna inteligível e os modos de abordá-lo se tornam mais eficazes. A Gestalt Terapia e o Humanismo Para Ribeiro (1985), no humanismo, o homem é o centro do mundo e da existência. Heidegger (apud Ribeiro, 1985), afirma que o homem é o centro das coisas porque só o homem existe, as coisas são, pois só ele tem maneiras características de se fazer e de se realizar. Para Monteiro em seu artigo, os valores humanistas abarcam a “consideração da ‘dignidade individual, liberdade interior e criatividade’, em que cada homem possui um imenso potencial criador”. Oliveira, em seu artigo, também afirma que o humanismo considera o homem como centro de todas as coisas. Acrescenta ainda que ele exalta as potencialidades do homem, valoriza o homem como um ser em busca de si mesmo e de seu desenvolvimento e que, para o humanismo, o valor do homem é infindável. Ou seja, a filosofia humanista preocupa-se com a valorização do ser humano, lida com o que de positivo tem a pessoa, com seu potencial de vida. O homem é, assim, o centro, com valor positivo capaz de se auto gerir e regular-se (RIBEIRO, 1985). A Gestalt Terapia e o Existencialismo O existencialismo tem como mote principal a existência humana (Monteiro). Ribeiro (1985) afirma em seu livro que essa existência é uma grande interrogação e ela que vai além da relação entre ato humano e intenção, pois para o existencialismo, todo ato psíquico é intenção. Essa intencionalidade é própria da consciência, pois ela não é um depósito morto de objetos e imagens. A consciência é ativa, viva e livre, cabendo a ela dar sentido às coisas. Husserl (apud Ribeiro, 1985) já dizia

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A Gestalt-terapia uma abordagem psicolgica que teve influncia de vrias correntes filosficas. As mais importantes dessas correntes so o humanismo, o existencialismo e a fenomenologia. Para Ribeiro (1985), o homem, enxergado nesta trplice viso, se torna inteligvel e os modos de abord-lo se tornam mais eficazes.A Gestalt Terapia e o HumanismoPara Ribeiro (1985), no humanismo, o homem o centro do mundo e da existncia. Heidegger (apud Ribeiro, 1985), afirma que o homem o centro das coisas porque s o homem existe, as coisas so, pois s ele tem maneiras caractersticas de se fazer e de se realizar.Para Monteiro em seu artigo, os valores humanistas abarcam a considerao da dignidade individual, liberdade interior e criatividade, em que cada homem possui um imenso potencial criador.Oliveira, em seu artigo, tambm afirma que o humanismo considera o homem como centro de todas as coisas. Acrescenta ainda que ele exalta as potencialidades do homem, valoriza o homem como um ser em busca de si mesmo e de seu desenvolvimento e que, para o humanismo, o valor do homem infindvel.Ou seja, a filosofia humanista preocupa-se com a valorizao do ser humano, lida com o que de positivo tem a pessoa, com seu potencial de vida. O homem , assim, o centro, com valor positivo capaz de se auto gerir e regular-se (RIBEIRO, 1985).A Gestalt Terapia e o ExistencialismoO existencialismo tem como mote principal a existncia humana (Monteiro). Ribeiro (1985) afirma em seu livro que essa existncia uma grande interrogao e ela que vai alm da relao entre ato humano e inteno, pois para o existencialismo, todo ato psquico inteno.Essa intencionalidade prpria da conscincia, pois ela no um depsito morto de objetos e imagens. A conscincia ativa, viva e livre, cabendo a ela dar sentido s coisas. Husserl (apud Ribeiro, 1985) j dizia que toda conscincia conscincia de alguma coisa. Essa intencionalidade da conscincia implica no passar a ao aps uma conscientizao e isso requer vontade e liberdade.Por sua vez, nessa existncia, por ser provido de vontade e liberdade, o homem o nico responsvel por tomar suas prprias decises, sendo ento o culpado pelas consequncias indesejveis que estavam fora da sabedoria antes de se transformar em aes (MONTEIRO).O homem escolhe o que projeta ser, usando de sua liberdade. E os seus valores sero criados atravs da escolha por ele feita, escolha da qual no h como fugir, pois, mesmo a recusa em no escolher j uma escolha. (SARTRE, apud MARQUES).Marques afirma ainda que a liberdade, no existencialismo, permite ao sujeito encaminhar/projetar o que ser de sua vida, sendo ele mesmo responsvel por seus atos.O projeto um conceito fundamental no existencialismo. Para ele, o homem o nico ser que pode se projetar a si mesmo. Ou seja, o homem um ser se fazendo. Nesse sentido, o homem nada mais do que aquilo que ele deseja ser, do que aquilo que ele projeta ser. Projeto e escolha esto diretamente ligados noo de liberdade. sendo livre que ele escolhe o que ser e consequentemente o responsvel por tudo que faz. Sua essncia surge como resultante de seus atos. (RIBEIRO, 1985).Para Ribeiro, o homem visto como um ser concreto com vontade e liberdade pessoais, consciente, responsvel, particularizado, singularizado no seu modo de ser e agir, concebendo-se como nico no universo e individualizando-se a partir do encontro verdadeiro com sua subjetividade e sua singularidade.A Gestalt Terapia e a FenomenologiaA palavra Fenmeno, do grego significa manifestar-se, aparecer. Pode ser definido como aquilo que aparece ou a aparncia da coisa. Husserl a definia como a cincia descritiva das essncias da conscincia e seus atos. Passa a ser assim o estudo da constituio do mundo na conscincia. (RIBEIRO, 1985).Para Silva, Lopes e Diniz, tal abordagem filosfica mostra que o mundo o fenmeno, o que se mostra, porm precisa ser desvelado. Desvelar o fenmeno significa chegar quilo que a coisa . O fundamental nesta corrente est na descrio. A descrio fenomenolgica fundamental, porque o nosso olhar habitual no nos permite evidenciar o fenmeno em si mesmo.Nesse sentido, o fenmeno no pode ser considerado independentemente das experincias concretas de cada sujeito. O fenmeno no chega a ns independente de ns, ou seja, a interpretao do fenmeno e pode ser diversa, pois existe em todo fenmeno um sentido relacional entre a coisa em si e a sua percepo por parte de outro. Ou seja, a coisa em si no percebida em si identicamente de pessoa para pessoa, apesar de o fenmeno em si ser ele prprio. (RIBEIRO, 1985)Ribeiro, portanto, afirma que o fenmeno busca captar a essncia mesma das coisas. Essa essncia mesma das coisas busca descrever a experincia assim como ela acontece e se processa. Para Husserl (apud RIBEIRO, 1985), para isso acontecer preciso colocar a realidade entre parnteses, suspendendo todo e qualquer juzo, no negando, nem afirmando, mas sim abandonando-se a compreenso. Dessa forma, conseguimos chegar s coisas mesmas, assim como so, como se apresentam. Silva, Lopes e Diniz, em seu artigo afirmam que essa foi a direo primeira que Husserl deu fenomenologia, a de ir s coisas mesmas. a chamada reduo fenomenolgica.A reduo fenomenolgica a busca do significado que a chegada da totalidade h minha conscincia. a totalidade que contm o significado e que feita de momentos fenomenolgicos como sensao percepo intuio introverso. (RIBEIRO, 1985).Segundo Husserl (apud GALEFFI), a reduo fenomenolgica proporciona oretorno conscincia. Assim, os objetos se revelam na sua constituio, retornando conscincia, como correlatos da conscincia. Esse retorno pressupe a reduo fenomenolgica.GestaltComo dito anteriormente, a Gestalt terapia sofreu influncias das correntes filosficas do humanismo, existencialismo e fenomenologia. Suas contribuies esto presentes nos conceitos gerais da Gestalt como os de Homeostase, doutrina holstica, as partes e o todo, o aqui e agora, dentre tantos.Na Gestalt terapia, o homem visto como um ser que pode se auto gerir, de se auto realizar, assim como no humanismo. Tal conceito de Rogers recebe a denominao de auto regulao organsmica. Esta fora direciona o indivduo o tempo inteiro em direo maturidade e independncia (MONTEIRO). O tempo todo o ser humano busca essa direo, juntamente com um equilbrio que o mantenha em harmonia com o seu ambiente. Esse processo chamado de homeostase. Para a Gestalt, enquanto as necessidades de um indivduo so muitas e no realizadas, elas perturbam o equilbrio deste e o processo de homeostase perdura. Quando realizadas nossas necessidades, a homeostase se estabelece. (PERLS, 1981). O conceito de homeostase est bastante relacionado ao de figura e fundo. Este um processo dinmico. Na subjetividade da percepo, para o indivduo, a figura sugere algo que est em evidncia na hierarquia de necessidades, ou seja, a necessidade dominante do sujeito. Quando satisfeita, se torna fundo, para posteriormente surgir uma nova figura (PERLS, 1981).A Gestalt concebe tambm um homem como um organismo unificado, no admitindo a diviso entre mente e corpo. Reconhece que os pensamentos e aes so feitas da mesma matria, sendo as aes fsicas inter-relacionadas s aes mentais. o conceito de doutrina holstica. (PERLS, 1981). A fenomenologia relaciona-se com esta viso holstica, considerando a pessoa numa totalidade, em que mente, corpo e esprito formam o ser total. Tais partes so capazes de afetar o todo, assim como o todo afeta as partes. (MONTEIRO).Outra contribuio da fenomenologia o conceito de aqui e agora da Gestalt. Ele significa o momento presente. O presente a nica possibilidade, a nica realidade possvel. O comportamento uma funo do campo e no depende do passado. (PERLS, 1981). Para Monteiro o aqui e agora se refere fenomenologia, pois todas as emoes e sentimentos do cliente, embora vivenciados no passado, podem ser recuperados e experienciados, sendo este um dos objetivos da psicoterapia: ajudar o cliente a tomar conscincia e resolver o fenmeno em questo que est trazendo impacto em sua vida.Essas contribuies, dentre tantas outras, influenciaram na viso de homem atual da abordagem Gestltica e visam principalmente ajudar no processo da terapia.

REFERNCIAS:

CASTAON. Psicologia humanista: a histria de um dilema epistemolgico. http://www.fafich.ufmg.br/memorandum/a12/castanon01GALEFFI, D. A. O que isto? Afenomenologia de Hurssel.http://www.uefs.br/nef/dante5.pdfMARQUES, I. H. Sartre e o Existencialismo. Disponvel em:http://www.ufsj.edu.br/portal-repositorio/File/revistalable/numero1/ilda9.pdfMONTEIRO, M.N. O (Ser) Terapeuta Humanista-Existencial e sua Postura na Psicoterapia Infantil. http://www.sereexistir.com/docs/natacha/artigo_postura.pdf RIBEIRO, J. P. Gestalt-Terapia: Refazendo um caminho. Ed: Summus editorial, So Paulo-SP, 1985.SILVA, J. M. de O. e.; LOPES, R. L. M.; DINIZ, N. M. F. Fenomenologia. http://www.scielo.br/pdf/reben/v61n2/a18v61n2.pdfOLIVEIRA I. A. Reflexes sobre a filosofia humanista como fundamento da psicoterapia humanista. http://institutohumanista.com.br/artigo_iolanda.pdfO Ser Humano na Viso Humanista Existencial. http://www.sereexistir.com/docs/zelda/o_ser_humano_na_visao_humanista_existencial.pdfPERLS, F. A Abordagem Gestltica. Testemunha ocular da terapia. Ed: LTC, Rio de Janeiro, 1981.