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1 A GEOGRAFIA RIBEIRINHA DE SÃO BORJA ATRAVÉS DA PRODUÇÃO CULTURAL DO BAIRRO DO PASSO 1 Muriel Pinto 2 Vagner Ribeiro Fernandes 3 RESUMO: O município de São Borja-RS é considerado uma cidade histórica pelo Estado do Rio Grande do Sul, esta titulação deve-se pela sua importância política, histórica, e cultural do Brasil. Cabe destacar que São Borja foi uma Redução Jesuítico-Guarani (século XVI), onde fazia parte dos chamados Sete Povos das Missões. Este período missioneiro contribuiu para a construção de práticas vinculadas a lida campeira, que deu origem a figura típica do gaúcho e de todas suas práticas socioculturais. Foi no século XX, que São Borja obteve um maior destaque no cenário político nacional, pois, tanto Getúlio Vargas, assim como João Goulart foram presidentes brasileiros nascidos no local. Nacionalmente, o município é conhecido como o “berço do trabalhismo”, “Terra dos Presidentes”, e Sete Povos das missões”. A municipalidade de São Borja faz com a municipalidade argentina de Santo Tomé através do rio Uruguai. No entorno deste importante manancial hídrico foram constituídos diversos espaços sociais que constantemente dialogam com o outro lado do rio, como os chibeiros, pescadores e parentes fronteiriços. Procurando melhor compreender estes espaços e identidades sociais objetiva-se realizar a compreensão do cotidiano do bairro do passo de São Borja através de projetos culturais locais que possibilitem o conhecimento, difusão, e compreensão da geografia ribeirinha da cidade. Entre os resultados iniciais destaca-se uma análise dos espaços sociais a partir de observações sistematizadas a campo, assim como uma reflexão sobre estudos já realizados sobre o os espaços de vivencias desta região ribeirinha entre São Borja e Santo Tomé. Um dos principais objetivos deste projeto visa uma aproximação, dialogo e trocas de experiências entre as comunidades acadêmica e ribeirinha local, fator que buscará compreender as geografias através da produção cultural, assim como contribuir com a criação de um território criativo nesta região. Palavras-chave: Geografia ribeirinha, pescadores, rio Uruguai, produção cultural, Territórios criativos. DINÂMICAS SOCIAIS, CULTURAIS E NATURAIS DA REGIÃO RIBEIRINHA DO RIO URUGUAI A cidade de São Borja-RS, recorte em estudo, teve o início de seu processo de colonização e consequente formação urbana e territorial a partir da implementação das Reduções Jesuítico-Guarani de São Francisco de Borja e Santo Tomé, durante o século XVII. Desde o período reducional, esses territórios realizam comunicações socioculturais que demarcam uma semelhança étnico-cultural entre esses povos nas margens do rio Uruguai. 1 Gt 5 Cultura, sustentabilidade e Desenvolvimento 2 Professor Adjunto da Unipampa, campus São Borja. Professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas (PPGPP-UNIPAMPA, São Borja). [email protected] 3 Acadêmico de Serviço Social (UNIPAMPA). Bolsista PDA do Projeto de extensão Geografia ribeirinha de São Borja e a produção cultural do passo.

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A GEOGRAFIA RIBEIRINHA DE SÃO BORJA ATRAVÉS DA PRODUÇÃO

CULTURAL DO BAIRRO DO PASSO1

Muriel Pinto2

Vagner Ribeiro Fernandes3

RESUMO: O município de São Borja-RS é considerado uma cidade histórica pelo Estado do Rio Grande do

Sul, esta titulação deve-se pela sua importância política, histórica, e cultural do Brasil. Cabe destacar que São

Borja foi uma Redução Jesuítico-Guarani (século XVI), onde fazia parte dos chamados Sete Povos das Missões.

Este período missioneiro contribuiu para a construção de práticas vinculadas a lida campeira, que deu origem a

figura típica do gaúcho e de todas suas práticas socioculturais. Foi no século XX, que São Borja obteve um

maior destaque no cenário político nacional, pois, tanto Getúlio Vargas, assim como João Goulart foram

presidentes brasileiros nascidos no local. Nacionalmente, o município é conhecido como o “berço do

trabalhismo”, “Terra dos Presidentes”, e Sete Povos das missões”. A municipalidade de São Borja faz com a

municipalidade argentina de Santo Tomé através do rio Uruguai. No entorno deste importante manancial hídrico

foram constituídos diversos espaços sociais que constantemente dialogam com o outro lado do rio, como os

chibeiros, pescadores e parentes fronteiriços. Procurando melhor compreender estes espaços e identidades

sociais objetiva-se realizar a compreensão do cotidiano do bairro do passo de São Borja através de projetos

culturais locais que possibilitem o conhecimento, difusão, e compreensão da geografia ribeirinha da cidade.

Entre os resultados iniciais destaca-se uma análise dos espaços sociais a partir de observações sistematizadas a

campo, assim como uma reflexão sobre estudos já realizados sobre o os espaços de vivencias desta região

ribeirinha entre São Borja e Santo Tomé. Um dos principais objetivos deste projeto visa uma aproximação,

dialogo e trocas de experiências entre as comunidades acadêmica e ribeirinha local, fator que buscará

compreender as geografias através da produção cultural, assim como contribuir com a criação de um território

criativo nesta região.

Palavras-chave: Geografia ribeirinha, pescadores, rio Uruguai, produção cultural, Territórios criativos.

DINÂMICAS SOCIAIS, CULTURAIS E NATURAIS DA REGIÃO RIBEIRINHA DO

RIO URUGUAI

A cidade de São Borja-RS, recorte em estudo, teve o início de seu processo de

colonização e consequente formação urbana e territorial a partir da implementação das

Reduções Jesuítico-Guarani de São Francisco de Borja e Santo Tomé, durante o século XVII.

Desde o período reducional, esses territórios realizam comunicações socioculturais que

demarcam uma semelhança étnico-cultural entre esses povos nas margens do rio Uruguai.

1 Gt 5 – Cultura, sustentabilidade e Desenvolvimento 2 Professor Adjunto da Unipampa, campus São Borja. Professor do Programa de Pós-Graduação em

Políticas Públicas (PPGPP-UNIPAMPA, São Borja). [email protected] 3 Acadêmico de Serviço Social (UNIPAMPA). Bolsista PDA do Projeto de extensão Geografia

ribeirinha de São Borja e a produção cultural do passo.

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O recorte estudado, pela sua localização estratégica no curso médio do rio Uruguai,

assim como pela sua grande extensão de áreas para a criação de gado, despertou diversos

interesses pelo atual território. Cabe destacar que as iniciativas de apropriação socioterritorial

regional contribuíram para a produção e transformação dos espaços sociais fronteiriços, que,

em diversas ações, propiciaram a segregação socioespacial das comunidades nativas.

Entre esses momentos destacam-se: a instalação das Reduções Jesuítico-Indígenas4; o

final das Missões e a constituição dos processos de colonização dos países Ibéricos5; a

consolidação da estância como espaço socioeconômico; a construção de obras de

infraestrutura nas margens do rio Uruguai6. A partir desses novos processos colonizadores,

muitas comunidades primitivas foram segregadas, a partir do empoderamento das áreas

centrais e da divisão fundiária em grandes propriedades rurais.

O espaço social missioneiro no entorno de São Borja-RS caracteriza-se, portanto, pela

reprodução social e cultural de elementos identitários vinculados ao período reducional,

assim como está enraizado na constituição dos marcadores vivenciais ribeirinhos, estancieiros

e políticos ideológicos (PINTO, 2015).

As comunidades ribeirinhas locais, desde as missões até a atualidade, possuem

relações de parentescos com as comunidades de Santo Tomé, e as trocas sociais entre elas

possibilitaram a constituição de uma territorialidade vivencial e de uma identidade ribeirinha

nas margens do rio Uruguai.

4 Neste século XVII, foram instaladas as reduções de San Tomé e São Francisco de Borja. A

instalação desses povoados trouxeram novas práticas sociais e produtivas para o território, como a produção da arte, religiosidade, assim como um sistema solidário de produção.

5 Após o Tratado de Madri (1750), com o novo remanejamento territorial das Missões, surge um

novo processo de organização socioterritorial na região, no qual é implantado um sistema produtivo privado, que cria uma nova área urbana utilizando-se de estruturas urbanas das antigas reduções. No que toca às práticas sociais, destaca-se que os grupos étnicos nativos acabaram sendo inseridos no processo produtivo do campo, o que lhes possibilitou que passassem a praticar os modos de vida da lida campeira.

6 A construção de obras de infraestrutura nesta região fronteira é um processo contemporâneo no que se refere à transformação dos espaços sociais. Desde a década de 1990, foram construídos, na região, o cais do porto de São Borja e a Ponte da Integração. Nos últimos anos vem se debatendo o projeto de construção do Complexo Hidrelétrico Garabi-Panambi. Esses projetos vêm influenciando diretamente as comunidades tradicionais que estão nas margens do rio Uurguai, visto que alteraram os modos de vida e suas práticas produtivas, como a pesca, além de praticamente extinguirem o contrabando através do comércio formiga.

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Segundo Pinto (2015), por mais que venha sofrendo constantemente com alteridades

impostas por relações de força política, ideológica e econômica advindas das centralidades

estancieiras, a identidade missioneira ainda mantém práticas tradicionais enraizadas nas

vivências nativas.

A partir da análise das representações sociais e da redes territoriais regionais, Pinto

(2015) destaca que que a reprodução contemporânea dos sentidos do mundo social

missioneiro, se utilizam das materializações culturais como artifícios de transcendência

espiritual e cultural, que vem sendo

Esse espaço possui, portanto, relação direta com os comportamentos sociais, assim

como com as técnicas produtivas (FERNANDEZ, 1992; SOUZA, 2013). A produção do

espaço social o torna vivido, móvel, que envolve câmbios culturais e possibilita a

constituição das diferenças sociais, o que vem ao encontro das palavras de Frémont (1980),

que descreve o espaço vivido como movimento.

Bonemaison (2012) reafirma que a produção do espaço social está vinculada ao

comportamento social. Esse processo pode, nesse sentido, ser refletido a partir da

implementação de novos processos de transformação socioespacial.

Os processos de produção do espaço social envolvem, portanto, enquadramentos

sociais, a partir da constituição de estatutos sociais, os quais contribuem para a constituição

das alteridades sociais (BONEMAISON, 2012).

Antes de partirmos para discussão sobre as comunidades ribeirinhas fronteiriças,

torna-se necessária a reflexão sobre os conceitos de comunidades tradicionais. Para Brandão

e Leal (2012), a comunidade tradicional pode ser pensada como um coletivo de vivência que

se instituiu após as comunidades primitivas. Os autores defendem a pluralização dos estudos

dessas comunidades a partir da diferenciação de cada formação social que tenha algo em

comum, como a comunidade indígena e urbana (BRANDÃO, LEAL, 2012).

Brandão e Leal (2012, p. 83) destacam que o que “qualifica uma comunidade

tradicional é o fato que ela se tornou legítima através de um trabalho coletivo de socialização

da natureza”. As comunidades tradicionais habitam um espaço natural transformado em lugar

social: “são aqueles que se reconhecem e identificam como herdeiros legítimos, através de

relações contínuas de parentesco e descendência, de ancestrais fundadores de um lugar”.

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No que se refere às relações sociais fronteiriças, observou-se que as comunidades

apresentam sociabilidades de compadrios, vizinhança e de parentesco. Estas que são a base

das comunidades que se formaram na região. Na fronteira observam-se diversas famílias que

possuem o mesmo sobrenome7.

Figura 1 - Comunidades nativas de Santo Tomé em 1913.

Fonte: Jornal Opinión de 03/08/1913

As comunidades que vivem nas imediações do rio Uruguai assemelham-se nos modos

de vida, pois se caracterizam por vivências humildes, comunitárias, identificação com a

natureza, assim como possuem um perfil étnico de descendentes indígenas8.

Após análise de imagens de jornais e de fotos contemporâneas, visualiza-se que o

perfil étnico das comunidades periféricas da fronteira, expõe que muitos habitantes dessa

região são de descendência indígena. Esses grupos foram retirados das áreas centrais em

virtude da entrada de colonizadores na região, que acabaram se apossando das antigas áreas

urbanas das reduções.

A imagem da Figura 1 retrata um grupo de mulheres de Santo Tomé, que apresentam

um perfil étnico indígena. Cabe destacar que essas fisionomias são bastante comuns nessa

7 Essa constatação foi possível a partir de narrativas emitidas por alguns moradores da fronteira,

que foram escutados durante algumas saídas de campo, assim como a partir de alguns discursos emitidos pelo jornal Folha de São Borja.

8 Cabe destacar que, conforme o censo das comunidades indígenas da Argentina, realizado entre 2004-2005, a Província de Corrientes possuía o maior contingente de comunidades Guarani do país. Ver mais no terceiro capítulo.

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fronteira. Conforme algumas narrativas emitidas em São Borja, esses descendentes vêm

sendo chamados de bugres9.

Atualmente, ao analisar-se como estão constituídas essas fronteiras sociais no recorte

estudado, destaca-se que as áreas de periferia dessa região possuem modos de viva próprios,

onde se observam diversos espaços populares, o que possibilita pensar a relação dessas

comunidades com os processos de segregação social, impostos após o final das missões.

Neste estudo procurou-se centrar as discussões desses espaços segregados a partir das

comunidades ribeirinhas da fronteira, as quais apresentam características sociais que

permitem pensá-las como sendo comunidades tradicionais. Um fator de destaque no que toca

aos modos de vida dessas comunidades são suas relações coletivas de socialização do rio

Uruguai. Atualmente, essas comunidades estão geograficamente localizadas no bairro do

Passo de São Borja.

A pesca é uma prática social que constantemente é visualizada nessa região. Muitos

moradores desse bairro são membros da Colônia de pescadores (Z21) e da Associação dos

Pescadores. Essas instituições caracterizam-se como movimentos sociais, que vem atuando

em defesa da cultura da pesca e da identidade ribeirinha fronteiriça.

Como se percebe, a produção pesqueira regional vem sendo realizada através de

processos solidários de produção. A partir de conversas com moradores locais, observa-se

uma preocupação popular com a recuperação e preservação da biodiversidade no rio, assim

como as conseqüências que serão geradas pela construção da Usina Hidrelétrica Garabi-

Panambi10. Esse engajamento popular na preservação do rio permite pensar a atividade da

pesca como uma prática social sustentável.

A pesca nessa região apresenta práticas produtivas e sociais que se identificam com

uma pesca artesanal, destacando-se, entre suas principais características, a utilização da pesca

manual em pequena escala.

Esse conhecimento ecológico tradicional das comunidades ribeirinhas contribui para

relações de pertencimento destas para com seus espaços sociais. Fernandez (1992) destaca

9 Conforme alguns dicionários etnológicos, como o Aulete, foi uma denominação depreciativa dada aos indivíduos de origem indígena, considerado como selvagem, rude, incivilizado e não adepto ao cristianismo católico. 10 Essas preocupações foram identificadas possíveis a partir de contatos com os pescadores locais,

durante as observações sistematizadas.

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que a natureza desperta no homem sentimentos de imensidade (o homem tende a

metamorfosear em sentimentos e em sonhos as imagens que a natureza origina). Esse

pensamento de Fernandez (1992) está adequado à realidade pesqueira da região, uma vez que

foram emitidas narrativas de pertencimento dos pescadores ao rio, assim como relações

topofílicas deles para com a biodiversidade ribeirinha.

Figura 2 - Residência popular no bairro do Passo de São Borja

Fonte: PINTO, Muriel (2013)

As comunidades ribeirinhas possuem práticas sociais que se voltam para a

subsistência, informais, assim como apresentam modos de vida humildes. Suas residências

são casas de madeira, que representam sua forma rudimentar de vida. A Figura 2 nos mostra

casas típicas da área ribeirinha de São Borja, que possuem elevação para prevenção das

enchentes do rio Uruguai. Essas residências se assemelham com algumas casas próximas ao

rio Uruguai em Santo Tomé.

Como exemplo dessas práticas, destaca-se a coleta, a pesca, a espiritualidade, as

crenças, a religiosidade, a coletividade, a agricultura urbana, o transporte via bicicleta, cavalo

e carroça, entre outros. A criação de animais, como galinhas, cavalos, porcos, assim como o

cultivo de produtos alimentares, são práticas produtivas que remetem a uma agropecuária

urbana na fronteira.

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A partir da análise das práticas sociais dessas comunidades tradicionais foram

levantados costumes, saberes e modos de vida relacionados às crenças, às formas de

produção no trabalho, às relações com o meio natural, aos tipos de convivência, entre outros.

As expressões artísticas ribeirinhas são fatores que expõem as representações sociais

do bairro, pois se observa a produção de arte a partir de elementos culturais vinculados ao rio,

como o artesanato de escama de peixe e a construção de réplicas de madeiras que simbolizam

as balsas.

A realização de festividades artístico-culturais nessa região ribeirinha é um fator que

merece destaque, a exemplo da Festa do Peixe, do Festival de Musica de Carnaval Apparício

Silva Rillo, Festival Barranca, Festival Ronda de São Pedro (São Borja) e Festival do

Folclore Correntino, em Santo Tomé.

Nos últimos anos vem sendo realizada a festa do Peixe de São Borja11. Essa

festividade apresenta diversos atrativos que estão relacionados à cultura na pesca na cidade,

como: jantar à base de peixe; corrida de chalana no rio; elaboração de chalana; pesca na

barranca; passeios de chalana; concurso de causos de pescador; entre outros. Tal evento está

na sua quinta edição e, até então, não havia um evento que pudesse representar as diversas

práticas e os modos de vida das comunidades ribeirinhas e pescadoras. A realização dessas

atividades geralmente ocorre no cais do porto e nas margens do rio Uruguai.

Portanto, os contatos da comunidade com o rio se dá através de várias situações,

como: prática da pesca, através das crenças profano-religiosas12; passeio de barco, através da

apreciação do pôr-do-sol; festividades artísticas; entre outras. Esses contatos com o rio

despertam relações topofílicas da comunidade perante esse corpo d’água. Em diversos

discursos foram emitidas narrativas de pertencimento ao rio13: o rio como um espaço de

espiritualidade, espaço sagrado, espaço místico.

Ao observar-se o cotidiano das comunidades ribeirinhas de São Borja, foram

levantadas práticas sociais, costumes e festividades identificadas com a cultura gaúcha.

11 Além da Festa do Peixe, ocorre nesta região ribeirinha o festival de música de Carnaval e o

Festival da Barranca. 12 Cabe destacar que uma das principais formas de contato da comunidade com o rio era o

translado via barca para Santo Tomé. A partir da construção da Ponte da Integração esta forma acabou se perdendo.

13 Entre estes citam-se discursos musicais, discursos jornalísticos, discursos públicos e discursos de populares.

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Durante a Semana Farroupilha de 2014, havia diversos piquetes no Bairro do Passo, assim

como foram visualizadas pessoas da comunidade vestidas com os trajes gaúchos.

Na região ribeirinha de São Borja, também foram identificados diversas práticas

sociais, ritualidades, saberes e crenças são enraizados nos espaços sociais. Essa exposição

torna-se interessante para este momento, pois conforme caminha esta pesquisa, sustenta-se

que muitas crenças e manifestações profano-religiosas podem ter relação com os processos de

evangelização e reconhecimento espiritual advindos do período reducional.

Durante o estudo foram identificadas as seguintes procissões: São João Batista; Nossa

Senhora de Navegantes; São Francisco de Borja (São Borja); Procissão de Imaculada

Concepción de Itati e Gauchito Gil (Santo Tomé). Em relação aos oratórios, foram

levantados diversos lugares de exaltação a santos e mitos, como os diversos santuários a

Gauchito Gil em Santo Tomé, assim como de Nossa Senhora dos Navegantes, no bairro do

Passo de São Borja.

Nessa região ribeirinha percebem-se diversos espaços sagrados, entre os quais se

destacam: Igreja Imaculada Conceição; Santuário de Nossa Senhora de Navegantes;

Santuário de Iemanjá; Igreja Matriz de São Francisco de Borja; Fonte Missioneira de São

João Batista (São Borja); Igreja Central e santuários de Gauchito Gil e Nossa Senhora de Itatí

(Santo Tomé); cemitérios locais, além do rio Uruguai.

MARCADORES TERRITORIAIS RIBEIRINHOS

A partir do levantamento, do mapeamento e da análise dos marcadores tradicionais

ribeirinhos, destaca-se que essas marcas possuem elementos e modos de vida que estão

relacionados às vivências tradicionais das missões. Entre os lugares identificados como

difusores de marcas culturais ribeirinhas, citam-se o cais do porto e o bairro do Passo de São

Borja; já em Santo Tomé, destacam-se as margens do rio Uruguai e as comunidades

pescadoras.

Nesses territórios culturais, foram identificados os seguintes marcadores territoriais:

marcas da pesca; marcas missioneiras; marcas de crenças; marcas musicais; marcas vivas; e

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marcas históricas. Tais marcas estão relacionadas com diversas temporalidades e cotidianos,

que permitem pensar essas simbologias a partir dos estudos culturais.

As marcas ribeirinhas da fronteira destacam-se pelas suas práticas culturais,

vinculadas à pesca, às crenças profano-religiosas, às missões e à música, as quais geram

representações simbólicas no território. A partir da análise dos espaços sociais regionais foi

exposto como os espaços ribeirinhos possuem imaterialidades, que instigam a pensá-los como

elementos espaciais que remetem a uma herança sócio-histórica.

Ao pensar as práticas ribeirinhas como heranças socio-históricas, destaca-se que

muitas marcas tradicionais do entorno do rio Uruguai estão cristalizadas há mais de um

século nesses espaços sociais. Suas crenças simbólicas, representações artísticas e

identificação com os marcadores vivos podem ser descritas como práticas vivenciais

enraizadas em tais territórios culturais

No caso da fronteira estudada, o rio Uruguai, desde o período reducional, vem

destacando-se como um marcador de comunicação sociocultural entre os territórios de São

Borja e Santo Tomé. Seguindo essa linha de pensamento, o rio passa a ser entendido como

um marcador tradicional, caracterizado pelos câmbios e pela comunicação cultural entre esses

territórios de vida desde as missões14.

Entre os saberes tradicionais ribeirinhos, destacam-se o saber da pesca, o saber sobre

o rio e seu meio natural, os saberes espirituais e religiosos, os saberes sobre as trocas

comerciais, entre outros. Ao analisar os marcadores tradicionais ribeirinhos15, observa-se que

o enraizamento social, espiritual, territorial e natural ainda mantém uma organização social

coletiva, pautada por relações de solidariedade, que vivem numa dialética constante com o

rio, através de crenças e imaginários sociais e das trocas com Santo Tomé.

Entre essas práticas enraizadas, as crenças populares ressaltam-se no território pelas

suas multiplicidades de marcas representadas, as quaismitificaram e constituíram lugares

14 Na área ribeirinha de São Borja, encontra-se o bairro do Passo. Esse bairro recebe essa

denominação porque era um entreposto espacial entre as reduções jesuítico-indígenas; era o ponto mais próximo da redução vizinha.

15 Os marcadores ribeirinhos, por serem populares, contribuem para a sobreposição e articulação entre marcas territoriais, como é o caso da cristalização de marcas musicais no entorno do Cais do Porto de São Borja, como o Festival de Músicas de Carnaval, o Festival Ronda de São Pedro e o Festival da Barranca.

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sagrados. Com o andar das discussões teóricas e pesquisas empíricas desta tese acadêmica,

eis que surge um ponto central para este estudo, pois a compreensão das crenças profanas,

religiosas e míticas, descrever importância para a constituição dos espaços sociais, das

simbologias, das subjetividades, dos imaginários sociais, para as práticas cotidianas.

PROJETO DE EXTENSÃO: GEOGRAFIA RIBEIRINHA DE SÃO BORJA-RS

ATRAVÉS DA PRODUÇÃO CULTURAL DO BAIRRO DO PASSO

Como se observa nas dinâmicas sociais e culturais do bairro do Passo de São Borja, as

comunidades ribeirinhas fazem parte de um contexto histórico, territorial e de relações

transfronteiriças com Santo Tomé-AR, fatores estes que são de grande relevância para a

constituição dos espaços sociais das cidades gêmeas regionais.

Procurando compreender e problematizar estas comunidades tradicionais, surge o

projeto de extensão “Geografia ribeirinha de São Borja-RS através da produção cultural do

bairro do Passo”. Um dos principais motivos que justificam este projeto é a melhor

compreensão do contexto social e cultural de bairro, espaço geográfico onde esta

institucionalizada a Unipampa, campus de São Borja.

A partir de diálogos com moradores do bairro sente-se falta de maiores contrapartidas

sociais da Universidade para com os moradores da região, onde muitos habitantes encontram-

se em condições de vulnerabilidade social. Neste contexto deve-se destacar a falta de

pesquisas, materiais didáticos e projetos sobre o bairro do passo de São Borja. Nos últimos

anos percebe-se a perda de muitas práticas sociais locais, a partir da construção da ponte e

das transformações sociais e urbanas advindas com a criação da Unipampa.

Portanto, o devido projeto justifica-se por ser uma ação que busca consolidar uma

aproximação acadêmica para com uma comunidade que apresenta modos de vida

tradicionais. Através das trocas de conhecimento será possível uma melhor compreensão

social do contexto espacial deste importante bairro da cidade, que centra-se na produção de

materiais didáticos para rede básica de ensino, assim como a difusão cultural ribeirinha

através da troca de conhecimento entre comunidade e acadêmicos em geral.

Entre os principais objetivos deste projeto destaca-se:

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- Levantar e analisar as produções culturais e artísticas realizadas no bairro do passo;

- Criar uma cartilha sobre a Geografia social das comunidades ribeirinhas de São Borja;

- criar vídeos-documentários que contribuam para a melhor compreensão do cotidiano

ribeirinho;

- Disponibilizar instrumentos didáticos que contribuam para o processo de ensino-

aprendizagem do bairro do Passo de São Borja;

- Compreender como esta constituído/ ou transformando socialmente os espaços urbanos no

entorno do rio Uruguai;

- Possibilitar a troca de conhecimento entre a Universidade e comunidade local através de

oficinas, entrevistas, palestras, e exposições, entre outros.

Para tanto, vem sendo utilizados os seguintes instrumentos de pesquisa: saída de

campo para busca de novos conhecimentos sobre o bairro; revisão bibliográfica; Edição de

material didático; - Levantamento de discursos orais dos moradores; edição de vídeos;

elaboração de exposições; elaboração de oficinas; e elaboração de cartografias. Durante este

projeto se almeja os seguintes objetivos: levantar narrativas da comunidade que possbilitem a

busca de novos conhecimentos sobre o espaço social ribeirinho; através da organização de

materiais didáticos, como a cartilha e os vídeos objetiva disponibilizar maiores

conhecimentos e a difusão da cultura ribeirinha da cidade, servindo como instrumentos

valiosos de ensino. Neste processo, os docentes receberão qualificação para utilização de

forma mais didática e interativa os materiais disponibilizados; realização de oficinas e

exposições busca uma maior troca de conhecimento através da produção cultural ribeirinha.

O publico alvo esperado desta iniciativa entorno de 2000 pessoas.

Resultados parciais:

Este projeto teve seu ínicio em maio de 2016, portanto vem sendo executado entorno

de três meses. Nesta primeira etapa nos debruçamos em pesquisas já realizadas, sejam ela de

Trabalho de conclusão de curso (TCC), dissertações e teses acadêmicas, assim como

realizamos revisões bibliográficas que contribuiram para uma melhor visão de cenário

socioespacial do bairro ribeirinho do Passo.

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Quadro 1: Instituições políticas do bairro do Passo de São Borja

Instituições Políticas do bairro

do Passo

Instituição Localização

E.E.E.F Tusnelda Lima Barbosa Bairro do Passo

E.M.E.F. Ublando Sorrilha da

Costa

Bairro Arno Andres

Associação dos Pescadores Bairro do Passo

Colônia de Pescadores Z-21 Bairro do Passo

E.E.Olavo Bilac Bairro do Passo

E.E. Padre Francisco Garcia Bairro do Passo

Fonte: Equipe do projeto

Já na fase inicial esta demanda realizou alguns contatos com a comunidade, estes que

serão mais cotidianos a partir do segundo semestre de 2016. Nestas saídas de campo foram

visitadas algumas instituições política do bairro, como escolas, associações de moradores,

associação e Côlonia de pescadores, para apresentar os objetivos do projeto e suas relações

com a comunidade.

Quadro 2: Produtores culturais do passo de São Borja16

Produtores Culturais do Bairro

do Passo

Produtor: Produto Cultural:

A Trabalha com pintura madeira.

B Réplica de balsas e lanchas em

madeira.

C Artesanato em couro para o

homem do campo.

D Artesão construtor de Chalanas.

16 Ver mais em: GONÇALVES, Ulisses (2014).

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Fonte: Ulisses Souza

Figura 3: Mosaica da produção artesanal de chalanas

Fonte: Otaviano Caldas

A partir de alguns estudos como o de Gonçalves (2014) percebe-se que o bairro do

Passo de São Borja destaca-se por possuir atores criativos, que vem produzindo cultura,

espaço e arte, que por muitas vezes representam o cotidiano e as identidades tradicionais

enraizadas nas margens do rio Uruguai. O quadro acima representa a diversidade de produtos

culturais que vem sendo elaborados de formas manuais e artesanais neste território, que

podemos identificar com um território identitário, criativo e sustentável.

A partir da compreensão das dinâmicas sociais, culturais, naturais e da produção

cultural da região ribeirinha de São Borja, percebe-se que esta espacialidade, por suas

características tradicionais, identitárias e naturais pode ser pensada como uma território

criativo. Seguindo nesta linha nos valemos das ideias de Lima (2012) momentos de crises

surgem como formas de repensar as estratégias de desenvolvimento.

Segundo o Plano da Secretaria da Economia Criativa, entende-se por Pólos

Criativos, o conjunto de empreendimentos criativos geograficamente próximos e

circunscritos a um território de pequena dimensão, cabendo-nos neste documento

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buscar uma melhor percepção do que sejam estes aglomeramentos, principalmente a

partir dos conceitos e das práticas já estabelecidas junto aos Arranjos Produtivos

Locais (APLs) e, ainda como podemos em uma primeira visão, identificá-los com o

intuito de potencializar as iniciativas já existentes, bem como auxiliar na

implantação de novas experiências no território nacional.

espaços de convivência urbana, ou seja, dedicados à vida em sociedade e espaços que

possuem uma dinamização funcional com a realização de diversas atividades de

dimensão simbólica unindo em sua geografia diversos grupos e pessoas com uma

identidade cultural própria. (LIMA, 2012, p)

As reflexões de Lima (2012), destacam que a economia criativa não necessariamente

depende do capital, mas sim da criatividade. Neste sentido, os territórios criativos podem ser

destacam-se por serem, espacialidades que possuem identidades socioterritoriais demarcadas

e vividas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cabe destacar que este projeto é uma ação de extensão, que vem instigando a

problematização das discussões teóricas a partir de estudos de caso que vem se realizando

nesta região de fronteira São Borja-Santo Tomé desde o inicio dos anos 2000. Entre estas

pesquisas destaca-se teses de doutoramento, dissertações de mestrado, trabalhos de

conclusões de curso, que vem resultando na produção bibliográfica em revistas nacionais e

internacionais.

Cabe destacar que este projeto de extensão vem conseguindo articular pesquisas e

projetos que vem refletindo sobre as comunidades tradicionais e as identidades

socioterritoriais ribeirinhas nesta região, no entanto o objetivo de entender estas realidades

sociais surge nesta ação como um formas de empoderamento e autonomia de governança e

planejamento territorial, principalmente em áreas distantes das centralidades de poder político

e administrativo.

A partir das reflexões que vem sendo realizadas observa-se que os espaços sociais

regionais ainda mantém práticas sociais que remetem ao enraizamento de modos de vida,

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saberes e culto pela profania. No entanto, a busca pelo dialogo entre investigadores e

membros da comunidade passeana, instiga a troca de conhecimento que poderá contribuir em

novas percepções, ideias e reflexões sobre a gestão democrática, participativa, solidária,

sustentável, e criativa da região do bairro do passo de São Borja.

Sendo assim, as próximas discussões e ações deste projeto continuarão nas frentes

contribuir para a constituição de uma rede colaborativa de gestão do espaço ribeirinho,

através do reconhecimento e compreensão de que as identidades socioterritoriais são

essenciais para o planejamento territorial e governança autônoma, através de territórios

criativos.

Nesta perspectiva, os vários projetos e pesquisas sobre esta temática sobre região de

fronteira entre São Borja-Brasil e Santo Tomé-Argentina, vem dando pistas que os processos

de desenvolvimento territorial regional, depende de novas formas de governança territorial

das regiões ribeirinhas do prata. a partir da produção solidária, criativa, sustentável que

reconheça as práticas sociais tradicionais como arranjos produtivas para o turismo, e que

contribuam para a constituição de uma rede colaborativa de artesanato e produção de uma

gastronomia típica de uma região ribeirinha

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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ROSENDHAL, Zeny. Geografia Cultural: uma antologia. Vol. 1. Rio de Janeiro: EUerj,

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Passo de São Borja – RS. São Borja, Rs: Tcc defendido ao Curso de Relações públicas da

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SOUZA, Marcelo Lopez de. Os Conceitos Fundamentais da Pesquisa Sócio-espacial. Rio

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PINTO, Muriel. A identidade socioterritorial missioneira na cidade histórica de São Borja-

RS: as hegemonias de poder sobre uma identidade tradicional enraizada entre antigas

reduções jesuítico-Guarani. Porto Alegre: Programa de pós-Graduação em Geografia,

UFRGS, 2015 (Tese de Doutorado)