A GAZETA DOMINGO, 28 DE JULHO DE 2013 - … · ZETA esteve em contato com a assessoria de im-prensa...

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44 ECONOMIA A GAZETA DOMINGO, 28 DE JULHO DE 2013 PETRÓLEO E GÁS INOVAÇÃO: PETROBRAS ESQUECE ESPÍRITO SANTO Apesar de 2º maior produtor, Estado não recebe laboratórios ABDO FILHO [email protected] Quando o assunto é produ- ção de petróleo, o Espírito Santoocupalugardedesta- que no Brasil. No mar e em terras capixabas foram ex- traídos, em maio, 327.461 barris de óleo por dia, quase tudo pela Petrobras. Neste ranking, o Estado está atrás apenas do Rio de Janeiro, que teve uma produção média diária, em maio, de 1,411 milhão de barris, e muitoàfrentedeSãoPaulo, terceiro maior produtor, com 69.645 barris/dia. O mesmo protagonis- mo não se dá, entretanto, quando o assunto são os in- vestimentos da Petrobras em pesquisa e desenvolvi- mento (P&D). No ranking que possibilita mais inova- ção, desenvolvimento de novas tecnologias e agre- gação de valor, o Espírito Santo é, com muita boa vontade, meio de tabela. O site da companhia, na partedetecnologiaepesqui- sa, elenca os principais labo- ratórios construídos a partir do projeto Redes Temáticas – modelo de parceria tecno- lógica com universidades e institutos de pesquisa de- senvolvido pela Petrobras. Ao todo são 50 espalhados por todo o Brasil, nenhum deles no Espírito Santo. No relatório de tecnolo- gia da Petrobras de 2011, o Espírito Santo aparece ao lado de Santa Catarina, Pa- raná, Pernambuco (Estados que não produzem uma go- ta de óleo), Bahia e Ceará na faixa entre cinco e oito (o documento não fornece da- dos precisos) projetos de in- fraestrutura de P&D. Bem abaixo de Minas Gerais, Rio Grande do Sul (que tam- bémnãotêmpetróleo)eRio Grande do Norte, que estão na faixa de 10 a 14 projetos, e Rio de Janeiro e São Paulo, com mais de 40. O relatório mostra ainda que o Espírito Santo não conta com núcleos experi- mentais – estão na Bahia (dois), Sergipe, Ceará e Pa- raná – e centros de tecnolo- gia de grandes fornecedo- res – todos os três no Rio. SURPRESA O professor Eustáquio de Castro, coordenador do LabPetro da Ufes e repre- sentante da universidade no Centro de Competên- cias em Óleos Pesados (Co- pes), se mostrou surpreso com o fato de nenhum la- boratório do Espírito San- to ter entrado na lista do projeto Redes Temáticas. “Não sei lhe dizer o que aconteceu. Hoje, temos mais de 40 convênios com a Petrobras. Entre 2007 e 2013, mais de R$ 100 mi- lhões foram investidos aqui naUfes.Sónonúcleodequí- mica do petróleo são mais de R$ 40 milhões em proje- tos. Há projetos na Química, nas Engenharias, na Biolo- gia, na Oceanografia, na Fí- sica e na Geologia”. Mesmo apresentando os projetos, o professor reco- nhece que o Estado deve brigar por mais recursos. “Investimento em P&D também é uma forma de compensação, assim como os royalties. Queremos ficar apenas com a produção e com os riscos dela ou quere- mos formar pessoas? Com nossos estudantes bem for- mados, temos mais tecnolo- gia, inovação, valor agrega- do e renda. Não há compen- sação melhor do que essa”. No ano passado, foram concedidas três patentes para produtos desenvolvi- dos nos laboratórios da Ufes e, até o final deste ano, devem ser outras quatro. Na avaliação do secretá- rio estadual de Desenvol- vimento, Nery De Rossi, o número reduzido de proje- tos de Pesquisa & Desen- volvimento no Estado de- ve-se ao fato de a produção de petróleo em larga escala no Estado ter começado somente nos anos 2000. “A produção no mar ca- pixaba só começou há oito anos, antes disso não havia motivo para um grande parque de pesquisas por aqui. Nos últimos anos fo- ram feitos investimentos, mas P&D não se faz de uma hora para outra, demanda laboratórios, equipamen- tos e gente qualificada, é um trabalho lento”. Nery lembrou que na década de 70, antes das descobertas gigantes na bacia de Campos, Bahia e Rio Grande do Norte eram os grandes produtores de petróleo do país. Ele des- cartou viés político nos muitos laboratórios cons- truídos no Nordeste. SEM RESPOSTA A reportagem de A GA- ZETA esteve em contato com a assessoria de im- prensa da Petrobras por duas semanas, mas não ob- teve qualquer resposta.

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44 ECONOMIAA GAZETA DOMINGO, 28 DE JULHO DE 2013

PETRÓLEO E GÁS

INOVAÇÃO: PETROBRASESQUECE ESPÍRITO SANTOApesar de 2º maior produtor, Estado não recebe laboratórios

ABDO [email protected]

Quandooassuntoéprodu-ção de petróleo, o EspíritoSantoocupalugardedesta-que no Brasil. No mar e emterras capixabas foram ex-traídos, em maio, 327.461barrisdeóleopordia,quasetudo pela Petrobras. Nesteranking,oEstadoestáatrásapenas do Rio de Janeiro,que teve uma produçãomédia diária, em maio, de1,411 milhão de barris, emuitoàfrentedeSãoPaulo,terceiro maior produtor,com 69.645 barris/dia.

O mesmo protagonis-mo não se dá, entretanto,quandooassuntosãoosin-vestimentos da Petrobrasem pesquisa e desenvolvi-mento (P&D). No rankingque possibilita mais inova-ção, desenvolvimento de

novas tecnologias e agre-gação de valor, o EspíritoSanto é, com muita boavontade, meio de tabela.

O site da companhia, napartedetecnologiaepesqui-sa,elencaosprincipaislabo-ratórios construídos a partirdo projeto Redes Temáticas–modelodeparceria tecno-lógica com universidades einstitutos de pesquisa de-senvolvido pela Petrobras.Ao todo são 50 espalhadospor todo o Brasil, nenhumdeles no Espírito Santo.

No relatório de tecnolo-gia da Petrobras de 2011, oEspírito Santo aparece aolado de Santa Catarina, Pa-raná,Pernambuco(Estadosquenãoproduzemumago-tadeóleo),BahiaeCearánafaixa entre cinco e oito (odocumentonãoforneceda-dosprecisos)projetosdein-

fraestrutura de P&D. BemabaixodeMinasGerais,RioGrande do Sul (que tam-bémnãotêmpetróleo)eRioGrande do Norte, que estãonafaixade10a14projetos,eRiodeJaneiroeSãoPaulo,com mais de 40.

Orelatóriomostraaindaque o Espírito Santo nãoconta com núcleos experi-mentais – estão na Bahia(dois), Sergipe, Ceará e Pa-raná–ecentrosdetecnolo-gia de grandes fornecedo-res – todos os três no Rio.

SURPRESAO professor Eustáquio

deCastro,coordenadordoLabPetro da Ufes e repre-sentante da universidadeno Centro de Competên-ciasemÓleosPesados(Co-pes), se mostrou surpresocom o fato de nenhum la-

boratório do Espírito San-to ter entrado na lista doprojeto Redes Temáticas.

“Não sei lhe dizer o queaconteceu. Hoje, temosmaisde40convênioscomaPetrobras. Entre 2007 e2013, mais de R$ 100 mi-lhões foram investidos aquinaUfes.Sónonúcleodequí-mica do petróleo são maisde R$ 40 milhões em proje-tos.HáprojetosnaQuímica,nas Engenharias, na Biolo-gia, na Oceanografia, na Fí-sica e na Geologia”.

Mesmo apresentando osprojetos, o professor reco-nhece que o Estado devebrigar por mais recursos.“Investimento em P&Dtambém é uma forma decompensação, assim comoosroyalties.Queremosficarapenas com a produção ecomosriscosdelaouquere-

mos formar pessoas? Comnossos estudantes bem for-mados,temosmaistecnolo-gia, inovação, valor agrega-doerenda.Nãohácompen-sação melhor do que essa”.

No ano passado, foramconcedidas três patentespara produtos desenvolvi-dos nos laboratórios daUfese,atéofinaldesteano,devem ser outras quatro.

Naavaliaçãodosecretá-rio estadual de Desenvol-vimento, Nery De Rossi, onúmeroreduzidodeproje-tos de Pesquisa & Desen-volvimento no Estado de-ve-seaofatodeaproduçãodepetróleoemlargaescalano Estado ter começadosomente nos anos 2000.

“A produção no mar ca-pixaba só começou há oitoanos,antesdissonãohaviamotivo para um grande

parque de pesquisas poraqui. Nos últimos anos fo-ram feitos investimentos,masP&Dnãosefazdeumahora para outra, demandalaboratórios, equipamen-tos e gente qualificada, éum trabalho lento”.

Nery lembrou que nadécada de 70, antes dasdescobertas gigantes nabacia de Campos, Bahia eRio Grande do Norte eramos grandes produtores depetróleo do país. Ele des-cartou viés político nosmuitos laboratórios cons-truídos no Nordeste.

SEM RESPOSTAA reportagem de A GA-

ZETA esteve em contatocom a assessoria de im-prensa da Petrobras porduassemanas,masnãoob-teve qualquer resposta.

Documento:AG28CAEO044;Página:1;Formato:(274.11 x 382.06 mm);Chapa:Composto;Data:27 de Jul de 2013 13:38:52

ECONOMIA45DOMINGO, 28 DE JULHO DE 2013 A GAZETA

EDSON CHAGAS - 03/08/2012

Alunos no Centro de Competência de Óleos Pesados na Ufes: espaço ameaçado

Pesquisador temefuga de recursospara Rio e São PauloSe o Centro de ÓleosPesados for para a sedena Reta da Penha, Ufespode perder projetos

ABDO [email protected]

O professor Eustáquio deCastro, responsável peloLabPetro da Ufes, estápreocupado com o futurodas pesquisas no setor deóleodegásaquinoEstado.Ele teme que a saída doCentrodeCompetênciadeÓleos Pesados – que hojefunciona no campus deGoiabeiras – das depen-dências da universidadeprejudique os investimen-tos em P&D que hoje vãopara a Ufes.

“Pode ser que o Copesvá para a sede da Petro-bras, na Reta da Penha, is-so pode desmobilizar oque vem funcionando

muito bem, o modelo éúnico no Brasil. O Copesfaz a ponte entre a Ufes e aPetrobras. É por meio docentro que o dinheiro che-ga,nossainterlocução,porconta dessa proximidade,é muito boa. Meu medo équeessedinheiropasseairpara Rio e São Paulo”, ar-gumenta o professor.

Castro chama atençãopara o risco do EspíritoSanto ficar alijado do pro-cesso de desenvolvimentode novas tecnologias paraa indústria de petróleo egás. “Os investimentos eminovação são altos, opré-sal é desafiador. Seráque o Espírito Santo maisumavezvai ficardeforadoprocesso? Temos de brigarpara que mais coisas ve-nhamparacáenãoapenasficar com o que já temos”.

No ano passado, a Pe-

trobras investiu US$ 1,1bilhão em Pesquisa & De-senvolvimento. Entre2009 e 2011, foram US$3,1 bilhões. “Entre 2007 e2013, foram cerca de R$100 milhões investidosaqui, temosdebuscarcon-dições para ir além”.

O especialista sabe co-mo poucos contabilizar opreço que se paga quandose fica longe desses inves-timentos.“Ainovaçãosim-plesmente será feita longedaqui. Não só a Ufes seráprejudicada, mas todo oEstado. Não podemos fi-car só com a produção ecom os técnicos, precisa-mos formar cérebros, ge-rar tecnologia,agregarco-nhecimentoe,consequen-temente, valor à nossa in-dústria. É preciso agir edeixar a posição de coita-dinhos de lado”.

Documento:AG28CAEO045;Página:1;Formato:(274.11 x 382.06 mm);Chapa:Composto;Data:27 de Jul de 2013 13:39:24

46 ECONOMIAA GAZETA DOMINGO, 28 DE JULHO DE 2013

CRESCIMENTO X SALÁRIO

Culpa do “pibinho”: trabalhadorperde poder ao negociar reajusteGanho real médio dosdissídios até maio foide 1,4%, bem abaixodos 2,23% em 2012

RIO

O forte desaquecimentoda economia já afetou asnegociações salariais decategorias com data-baseno primeiro semestre doano. Dados preliminaresdo Dieese revelam que oganho real médio dos dis-sídiosnegociadosentre ja-neiro e maio chegou a1,4%, bem abaixo dos2,23% alcançados no pri-meiro semestre de 2012.

O balanço completo se-rá divulgado na segundasemana de agosto, mas oresultadodasnegociaçõesapuradas até maio indi-cam um cenário mais difí-cil paraasgrandes catego-rias que terão de negociarseus salários no segundosemestre, caso de meta-lúrgicos, bancários, co-merciários e petroleiros.

“ A julgar por esses da-dos, a tendência é de umquadro mais difícil para asnegociações das catego-rias que têm data-base

neste segundo semestredo ano”, analisa José Sil-vestre, economista e coor-denador de Relações Sin-dicais do Dieese.

Eleobservaque,aocon-trário do ano passado,2013 começou ruim, cominflação e juros mais altos,mas pode melhorar no se-gundo semestre. Mesmo

quehajaumamudançanoquadro econômico, elenão crê que a média dosganhos reais ultrapasse oconseguido no ano passa-do. Além disso, diz que osdados preliminares tam-bém apontam para um re-cuo do número de nego-ciações que deverão terganho real e uma possível

queda do percentual mé-dio, que deve ficar abaixodos 1,96% de 2012.

“Está claro que, mesmoque a economia cresçamais que em 2012, entre2% e 2,5%, o cenário é ad-verso para os trabalhado-res. Não é um cenário ró-seo, mas também não é de“terra arrasada”, diz.

Apesar das dificulda-des, os sindicalistas nãopretendem abrir mão deaumentos reais que come-çam em 5%.

Os bancários, que reú-nem 500 mil trabalhado-res e apresentam a pautade reivindicaçõesaosban-cos na próxima terça-fei-ra, estão pedindo reajustede 5% acima da inflação eum piso maior, de cerca deR$ 1,5 mil para pelo me-nos R$ 2.860, valor calcu-ladopeloDieese,entreou-tras reivindicações.

Com data-base em se-tembro, a categoria per-deu quase 5 mil postos de

trabalho no primeiro se-mestredoano.Apesardis-so, a direção da Confede-ração Nacional dos Traba-lhadores do Ramo Finan-ceiro(Contraf)nãovêmo-tivo para recuar nas nego-ciações.

“Mesmo aumentandoos lucros e mantendo amais alta rentabilidade dosistema financeiro inter-nacional, os bancos brasi-leiros, principalmente osprivados, continuam de-mitindo trabalhadores eempregando a rotativida-de para reduzir os salá-rios”, comentou CarlosCordeiro, presidente daContraf-CUT.

Assim como os bancá-rios, que têm data-basenesta segunda metade doano, sindicalistas de cate-goriascomoasdemetalúr-gicos, petroleiros e comer-ciários informam que, adespeito do desaqueci-mento da economia e dosprimeiros sinais de fraque-zanomercadodetrabalho,não vão abrir mão de acor-dosgarantindoareposiçãoda inflação mais o paga-mento de ganho real.

DIVULGAÇÃO

Petroleiros em serviço: categoria tem data-base neste segundo semestre

BANCÁRIOS

5 milpostos de trabalhoFoi a redução no númeroempregos de bancáriossó no 1º semestre desteano. A categoria reúne500 mil profissionais nopaís e quer 5% de rea-juste acima da inflação.

BANCO CENTRAL

Plano deestímulosdos EUA nareta final

O banco central nor-te-americano deve encerrarseuprogramadecompradetítulos rapidamente, e o fimdo plano de estímulos está“a vista”, afirmou ontem àrevista WirtschaftsWoche opresidentedoFEDemRich-mond, Jeffrey Lacker. “Pre-cisamos deixar o programadecompradetítulosrapida-mente", afirmou.

O presidente do FED,Ben Bernanke, sacudiu osmercados em maio ao fa-lar sobre os planos da ins-tituição de reduzir os estí-mulos devido à melhorana economia.

O FED deve reduzirsuas compras mensaismais tarde este ano e en-cerrá-las até meados de2014 se a recuperação daeconomia se desenvolvercomo esperado.

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Documento:AG28CAEO046;Página:1;Formato:(274.11 x 381.00 mm);Chapa:Composto;Data:27 de Jul de 2013 15:01:15