UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

A FAMÍLIA NA ESCOLA

Eliene de Sousa Rondon

Profº Orientador: Marco Antônio Larosa

Rio de Janeiro, setembro de 2003.

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Universidade Cândido Mendes

Projeto “A Vez do Mestre”

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicopedagogia

A FAMÍLIA NA ESCOLA

Objetivos:

Despertar a atenção dos pais em acompanhar o

processo escolar de seus filhos e conhecer o

trabalho pedagógico do educador: recursos

utilizados, métodos aplicados, atividades

desenvolvidas e avaliação, oferecendo

contribuições ou sugestões.

- Conscientizar-se da problemática que enfrenta a

educação e a necessidade de existir a parceria

família e escola para que o processo ensino-

aprendizagem haja continuidade também fora do

ambiente escolar.

-Oferecer auxílio no relacionamento pais e filhos.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que permite as minhas

conquistas e escreve cada página da minha vida. A

todos os autores e corpo docente do Projeto “A Vez do

Mestre”, exclusivamente ao Profº e Mestre Marco

Antônio Larosa que me orientou neste trabalho de

grande interesse para muitos pais e professores. Aos

familiares que sempre estiveram nas arquibancadas da

minha vida, não somente aplaudindo, mas oferecendo

suas mãos para lutar, vencer ou perder. Às professoras

Leila Jasbick e Zenir Miranda que arcaram com a taxa

do vestibular para meu ingresso ao curso acadêmico.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho acadêmico à minha primeira

instituição social, a família. Aos meus pais Jonatas e

Ana, “meus primeiros professores na universidade da

vida”.(ARDUINI, 2002, p.4). A própria família que

Deus me proporcionou construir; meu esposo Marcelo

e minha filha de 3 anos, Taiany; juntos cultivamos com

alegria a existência e a unidade de um lar amparado

por Deus.

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RESUMO

Os primeiros educadores da criança são os próprios pais, eles têm grande

influência nos primeiros anos de vida da criança, que começa a receber um tipo de

educação vinda do próprio meio em que vive: as primeiras falas, o comportamento

que ela manifesta e a relação afetiva com as demais pessoas de sua convivência. “No

entanto, a educação que recebemos modifica ou reforça o nosso temperamento. O

papel dos pais é bem importante”.(WEIL, 2002, p.45)

A aprendizagem de uma criança inicia desde o momento do seu nascimento e

primeiro contato com a mãe, continua de forma assistemática durante todo seu

desenvolvimento. Os pais, sendo os primeiros adultos a conviverem com esta criança

e participando do primeiro processo ensino-aprendizagem, passam parte de suas

heranças culturais e valores que estarão intervindo na formação de seus filhos.

A escola não pode esquecer os conhecimentos que a criança traz consigo, e a

existência dos pais na escola faz este processo de desenvolvimento da criança

continuar e aprimorar, a escola deve oferecer novos conhecimentos ao meio da

criança e enriquecer suas experiências vividas no dia-a-dia com seus próprios pais. A

escola necessita de parceria com a família para que as crianças não se sintam

“perdidas” numa sala de aula ao perceberem que não existe projeção do seu meio

com o novo ambiente escolar. Para uma moderna educação neste século XXI,

conhecer os pais é algo primordial, como o ambiente e a comunidade em que vivem;

depois, conhecer os próprios alunos enquanto pessoas oriundas destas famílias.

Para um trabalho pedagógico eficaz, os pais não podem continuar isentos da

escola, ela não pode ser vista como um depósito para deixar os filhos enquanto pais

trabalham, ou descansam de sua rotina familiar. Não se pode admitir a importância

da escola apenas para “segurar” as crianças em seus tempos ociosos, ou enquanto

seus pais desenvolvem atividades fora do lar.

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A escola precisa ser um lugar desejável que contribui para aprendizagem,

aprimoramento e aperfeiçoamento das crianças; cabe aos pais avaliar cada unidade

de ensino e assim optar por uma escola que realmente funcione em toda sua

pedagogia de ensino e administração. As visitas e acompanhamentos dos pais à

escola contribuirão muito para o desenvolvimento e progresso do aluno. A escola não

é um internato ou lugar de isolamento, mas um lugar para todos estarem presentes.

Quando a escola anuncia reunião de pais, poucos freqüentam regularmente;

os pais faltosos são exatamente os responsáveis pelos alunos problemáticos em

comportamento, com dificuldades de aprendizagem e também faltosos às aulas. Os

que participam das reuniões periódicas na escola representam os alunos

compromissados e de facilidade na aprendizagem; outros pais chegam eufóricos para

apenas assinarem boletins ou outros papéis no intuito de serem dispensados

rapidamente, pois estão em atraso com seu trabalho, haja vista que a escola dispõe de

declarações que justificam a presença do responsável às reuniões, com data e horário.

Muitos responsáveis pela criança prezam com afinco a existência das aulas

semanais sem interrupções, mas como meio de se libertarem em curto tempo de

crianças agitadas, agressivas e problemáticas do próprio ambiente familiar. Nas

reuniões escolares alguns pais confessam que não sabem como agir diante do

péssimo comportamento e indisciplina de sua própria criança em casa, são

desrespeitados e nada conseguem para melhorar o tipo de conduta. A alternativa é

repassada ao educador; conseguir trabalhar com este aluno.

Escola e pais precisam prestar apoio e auxílio às crianças, elas precisam

perceber que não só a escola instrui, cobra, ensina, preocupa-se com ela, dá lugar à

liberdade e ao diálogo, mas também seu lar; que deverá ser um lugar que também

reforce valores como: respeito, solidariedade, amor, consideração, harmonia,

responsabilidade e muito diálogo.

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Nas diferentes classes sociais, a cada dia os pais vivem mais momentos de

ausência em seus lares; a vida moderna agitada e os problemas financeiros que

atingem muitas famílias obrigam pais e mães saírem em busca de trabalhos

remunerados que venham ajudar a subsistência de um lar. Em toda esta conjuntura,

existem pais que estão em seus trabalhos e ao mesmo tempo estão preocupados com

seus filhos, que em muitos casos ficam sozinhos ao retornarem da escola;

principalmente quando não dispõem de recursos próprios para contratar alguém que

preencha este espaço adulto. Segundo Antunes (2003), quando nasce uma criança,

também nasce um pai e nasce uma mãe, certamente, amando de forma infinita e

desinteressada, ainda que nem sempre a dimensão desse amor seja claramente

percebida, ainda existem pais apaixonados e mães imprescindíveis.

A vida tem exigido muito de todos, tanto pais quanto professores, quem perde

com tudo isso são as crianças que passam maior parte de sua infância e adolescência

sem a presença de seus primeiros educadores que possam direcionar seus hábitos e

valores. A criação de clubes para pais, alunos, mestres e políticos da educação é algo

importante para que haja estes encontros tão difíceis de acontecer pelo trabalho

excessivo dos pais e professores. Estes clubes funcionam em fins de semana ou em

horários noturnos facilitando a presença dos pais; os horários dos professores podem

ser substituídos em dias posteriores combinados previamente com a direção escolar.

Alguém precisa abrir mão de seu horário regular de trabalho para atender a

problemática que enfrenta a escola.

As crianças estão cada vez mais vazias de valores sociais, os comportamentos

inadequados e o descaso pelos estudos parecem estar estampados em seus rostos a

cada dia. É hora da escola intervir e mostrar aos pais a dificuldade de se trabalhar

com alunos indisciplinados, mostrar aos políticos educacionais a quantidade enorme

de alunos numa sala de aula e os professores mostrarem seus trabalhos através de

trabalhos dos próprios alunos, avaliações, planejamentos e controle de faltas nos

diários de classe.

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A formação destes clubes não significa extinguir as reuniões de pais já

existentes periodicamente nas escolas, mas um meio de propiciar momentos

adequados onde os pais estarão fora de seu ambiente de trabalho. É importante que as

crianças também participem, daí a responsabilidade de muitos professores

comprovarem exatamente seus trabalhos. A denúncia poderá existir de professores-

xícara, que só sabem sair de sala para tomar um cafezinho; professores-bate-papo,

aqueles que têm amigas para colocarem todos os assuntos em dia; professores-

estagiários, pedem regularmente algum aluno que passe no quadro os exercícios e

outros tipos. O professor realmente comprometido com a educação abraçará esta

oportunidade dos clubes não temendo as conseqüências, já que seu trabalho também

é claro e responsável. Os melhores avaliadores do trabalho de um professor são seus

próprios alunos, principalmente em sua ausência.

Para que o professor desenvolva sua ação pedagógica com eficiência, é

necessário que ele venha conhecer a família de seus alunos, o trabalho dos pais, o

tipo de convivência que estabelecem com os filhos, a existência do casal unido ou

não, o tipo de moradia, a comunidade e a quantidade de filhos. Quando este

entrosamento estiver vivo e atuante, a criança perceberá que seu cerco foi maior; os

pais estão comprometidos e a escola também. Um exemplo de política

governamental já tem mostrado grande efeito dos pais nas escolas, a bolsa-escola é

apenas oferecida aos pais que mantém seus filhos nas escolas e comprovando com a

presença nas salas de aula. Muitos pais passaram empenhar-se em realmente verificar

se seus filhos estavam na escola.

Havendo parcerias entre escola, família e uma boa política educacional,

realmente as salas de aula estarão com número suficiente de alunos que facilite o

trabalho do professor, os pais estarão presentes diante da atitude do filho na escola,

os professores estarão sendo avaliados por todos e a escola será vista de forma mais

compromissada e atuante na sociedade.

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METODOLOGIA

A proposta deste trabalho surge como meio de aflorar ou eclodir a

responsabilidade de pais e professores diante do momento caótico que se vive a

educação em relação a tantas crianças e adolescentes indisciplinados, com

comportamentos inadequados e descasos nos estudos; comprometendo assim o

trabalho do educador em sala de aula.

Ao atuar como educadora numa escola da rede municipal de ensino em séries

de 5ª a 8ª série, e numa escola estadual, nas três séries do ensino médio, trabalhando

com a matemática, sendo também mãe e preocupada em manter a existência da

família, realmente é preocupante presenciar uma sociedade em ruínas e ter em mãos

seres humanos que estão em crescimento e contínuo desenvolvimento; então, é hora

de agir e não esperar pelo outro, talvez insensível; realmente há angústia por parte de

muitos educadores e há necessidade de que haja mudança e comprometimento por

todos que estão envolvidos na missão de educar.

Os professores convivem com alunos problemáticos no convívio social:

desrespeitos, falta de coletividade, aquisição ilegal de material alheio, linguajar

inadequado ao tratamento com superiores ou colegas; difíceis de acatarem ordens,

responsabilidades e limites. Crianças que estudam e trabalham, outras vêem seus pais

apenas quando acordam e ao anoitecer, presenciam nos fins de semana pais

alcoolizados e drogados, crianças cuidam de irmãos menores sendo que elas mesmas

precisam de cuidados. Esta problemática é comprovada mediante reuniões com

alguns pais, entrevistas utilizando-se de perguntas básicas e questionário

democraticamente aberto a outras indagações, entrevistas com os alunos, visitas aos

lares e conhecendo as moradias cercadas pela oferta das drogas e a mercê dos crimes.

Existem pais que revelam parte da história de suas vidas e lamentam por ter um de

seus filhos em presídio, outros entregaram seu próprio filho ao conselho tutelar.

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Muitos pais têm enorme quantidade de filhos, mães gestantes com crianças

ainda de colo e residências inadequadas ao número de membros familiares. Muitos

adolescentes tornam-se pais precocemente, meninas grávidas que não possuem

maturidade suficiente para construir um lar e tornar-se uma verdadeira mãe-

educadora; alguns lares já começam desfalcados sem que haja a presença conjunta do

pai e da mãe. Diante de muitos históricos emitidos pelas escolas comprova-se no

registro de muitos alunos apenas o nome da mãe. Este repasse de valores perdidos

vai se esvaindo cada vez mais.

Vários autores, internet, jornais e revistas registram comentários que vêm

ressaltar a importância da família na escola e embasam toda esta discussão e

problemática. Autores comprometidos com uma educação mais eficaz e eficiente

revelam a grande importância dos pais se envolverem mais com a escola e

acompanhar o processo de ensino e aprendizagem de seu filho. Também atribuem

aos pais um comprometimento maior em estruturarem suas famílias num perfil de

dignidade que esteja à nível de suas possibilidades.

O pai e a mãe que não se preocupam em serem educadores e que apenas se

satisfazem sexualmente sem qualquer prevenção ou consciência de arcar com uma

paternidade que ofereça aos filhos uma vida digna, deixam para a vida e a sociedade

receberem-nos, em meio a tanta miséria e sobrevivendo às necessidades pela

sobrevivência, alguns revoltando com a própria vida. Os meios de comunicação

registram incidentes nas famílias pelo motivo dos pais estarem cada vez mais

ausentes no desenvolvimento de seus filhos e talvez estarem tão liberais em educar,

cometendo erros e pensando estarem ajudando.

O professor que não se preocupa em ser um educador, apenas regula seu salário

mensal; ele olha para seus alunos sem qualquer afeto ou preocupação social, nem

sequer projeta, em momento algum, o sentimento e a responsabilidade que talvez

tenha pelo seu próprio filho.

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O educador de hoje não pode se preocupar apenas em entrar numa sala de aula

e passar os conteúdos para cumprir seu programa curricular. Até mesmo porque a

maioria não consegue fazer isto, mesmo que seja seu desejo; as turmas são enormes e

os alunos estão cada vez mais indisciplinados. É momento de buscarmos as causas

destes comportamentos agressivos e a falta de seriedade com os estudos. Nosso

encontro então iniciará pelos pais, já que eles oferecem uma primeira educação.

Torna-se injusto superlotar o quadro com códigos da língua portuguesa, a fim

de que as crianças preencham folhas e mais folhas de caderno, ocupando suas mãos a

fazerem algo mesmo não entendendo ou decifrando o que se copia. Parece ser apenas

um refúgio para o professor em querer manter seus alunos quietos, ameaçando-os de

vistoriar o caderno.

O educador comprometido em sua missão de educar tem como perspectiva

resgatar valores sociais: boas normas de comportamento e tratamento adequado,

preservação de cumprimentos habituais e necessários à vida em sociedade, adequar a

tonalidade da voz nas conversas em sala de aula, além de conscientizá-los pela

dificuldade de se conseguir um emprego, mostrando a realidade de inúmeras pessoas

correndo em busca de aprovação em concursos, transmitindo que o dinheiro fácil faz

uma pessoa ter vida curta, responsabilizá-los que serão futuros pais e mães e deverão

possuir bons valores sociais para serem repassados. Hoje, o professor deve se

preocupar mais em trabalhar o social com seus alunos para depois transmitir os

conhecimentos ditos propriamente escolares. É diante desta preocupação social que

se propõe trabalhar com o tema a família na escola, tentando oferecer subsídios para

amenizar o problema e resgatar o bom nome da escola em nossa sociedade.

Educação pressupõe integração. A escola, espaço de

aquisição de aquisição de conhecimentos e valores, não

pode prescindir da participação da família e da comunidade

neste processo... Hoje, se entende que a família não se

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caracteriza pelos laços de sangue, mas por compromissos

de parceria de um grupo de pessoas com ou sem filhos... Às

vezes em comunidades carentes, vizinhos assumem o papel

de pais, enquanto os tutores biológicos ficam fora, dia e

noite... As mulheres já são, em grande número, as chefes da

casa. E, às vezes, os filhos se unem para compor a renda da

família com pais desempregados...O convívio com os pais

biológicos faz parte do resgate social da família... A escola

tem a função de preparar as crianças para a vida...Respeito,

cooperação e consideração, entre outros valores, devem

marcar o ambiente de uma família, independente do seu

perfil... Ter uma família é uma missão, é necessário ter

disponibilidade afetiva, dedicação e paciência para assumir

um compromisso a longo prazo. (Revista Escola e família,

2003, p.3, 20-22)

De acordo com a revista Escola e Família, a cara da nova família em pleno

século, é bem diferente daquela que se mantinha intocável até por volta dos anos 70.

Hoje, são avós, tias e outras pessoas que criam as crianças, “adotam”

temporariamente e acabam substituindo a família. Cada família tem possibilidades e

desafios especiais, mas em todas pode se construir um lar harmônico. Antigamente,

se definia a família tradicional (pais casados e seus filhos) como lar estruturado e as

demais formas de família como lares-desestruturados. Atualmente, essa visão é

preconceituosa. Há famílias tradicionais em que os laços de convívio são precários e

onde há violência, negligência, abandono e autoritarismo; outras famílias mesmo não

se espelhando em modelos e ritmos tradicionais prezam relacionamentos de paz e

harmonia. As famílias compromissadas num bom relacionamento pais e filhos

constituem grande ajuda ao processo escolar destas mesmas crianças que já vêm para

o ambiente da escola respeitando o espaço do outro e repassando os bons laços de

convívio.

13

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 14

CAPÍTULO I 18

A CRISE FAMILIAR E EDUCACIONAL

CAPÍTULO II 30

EDUCAR É PARA A FAMÍLIA OU PARA A ESCOLA?

CAPÍTULO III 37

DIFERENTES FAMÍLIAS E FAMÍLIAS DIFERENTES

CAPÍTULO IV 42

AUTO-AVALIAÇÃO FAMILIAR

CAPÍTULO V 55

PROJETO: CLUBE DE PAIS

CONCLUSÃO 63

BIBLIOGRAFIA 68

ANEXO I 70

ANEXO II 71

ANEXO III 72

ÍNDICE 75

FOLHA DE AVALIAÇÃO 77

14

INTRODUÇÃO

Este trabalho acadêmico procura criar um melhor entrosamento entre pais,

crianças, professores e escola, estimula uma reflexão clara e objetiva em relação aos

muitos problemas envolvendo família e escola. Realmente procura-se enfatizar um

tema polêmico, como indica o título. A escolha do assunto é devido à problemática

de não se ter os pais dentro da escola.

Muitas crises são enfrentadas não só nas escolas ou nas famílias, mas na

sociedade em geral. Crise que muitas vezes inicia-se no lar e está também nos mais

altos níveis de nosso sistema político e social. Todos vivem crises, o importante é

superá-las e não deixar morrer os sonhos, perspectivas e planos. O primeiro passo

para não ser vencido por crises é admitir que elas realmente existem, quer sejam

fracas ou fortes. A crise familiar e educacional que se presencia, talvez exista por

conivência de muitos, ou por não se precaver em tomar determinadas atitudes e

assumir certas decisões ou ações.

Muitos educadores vivenciaram ou vivenciam experiências difíceis, fatos

verídicos e relatos pessoais que embasam, comprovam e enriquecem nosso trabalho.

Porém, não basta elucidar as situações-problema do dia-a-dia em sala de aula e sim

oferecer caminhos de saídas, sugerir recursos para as possíveis soluções e sinais de

alerta aos graves perigos iminentes.

A criação de clubes com pais, alunos, professores e políticos educacionais

podem facilitar o trabalho pedagógico e amenizar as problemáticas, aguçando forte

reflexão no dever da família e da escola em sua missão de educar. A família e a

escola devem “medir” seu posicionamento e trabalho diante de nossas crianças,

compreendendo o grau de compromisso que está exercendo sobre elas e as falhas

cometidas com elas.

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É necessário criar na escola alguns encontros que possibilitem aos pais

conhecer a relação de seu filho com os demais colegas, o lugar que ele ocupa na sala

de aula para participar das atividades, como usa seu material escolar, o que carrega

dentro da mochila, a quantidade de faltas que possui no diário de classe, como é seu

relacionamento com os professores, enfim, vivenciar o momento do aluno na escola;

aproveitando a oportunidade para conhecer o trabalho pedagógico do professor, bem

como maneira de agir, tratar os alunos, desenvolver as aulas, métodos de avaliação e

criatividade que estabelece na turma.

O crescente descaso de muitos pais em relação à educação escolar de seus

filhos angustia muitos educadores e a escola de nossa época; a responsabilidade dos

pais no processo escolar da criança parece não existir. A pergunta que sempre surge

nas reuniões escolares: O que fazer para que os pais participem mais da educação de

seus filhos, envolvendo os ambientes casa e escola? A família deve interagir com a

escola para que a escola conheça e ajude a família; com tantas crises que permeiam

as duas instituições, é hora de buscar parcerias entre si.

Diversas famílias são diferentes em seus aspectos cultural e sócio-econômico,

com particularidades e individualidades na personalidade de cada membro, e

revelando assim a escola com uma missão de educar muito difícil. A grande

influência de Freud, com suas idéias no processo de desenvolvimento da criança,

afirma a importância dos pais na educação que exercem sobre seus filhos; conceitos,

hábitos, valores que muitas vezes são impostos e que comprometem a formação deste

adulto, bem como a existência de recalques, conflitos, castrações e neuroses.

Há necessidade de avaliar o posicionamento de cada membro da família

dentro do lar, a atitude dos pais diante os filhos, a participação e o diálogo que

existem e o grau de liderança que uns exercem sobre os outros. Há uma advertência

muito particular em relação à necessidade de um planejamento familiar, para que não

haja tantas crianças passando necessidades e com pais sem condição de sustentá-las.

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Muitos fatores estão denegrindo a imagem de nossa sociedade, da família e da

escola; a violência e as drogas são fatos que têm impossibilitado o crescimento

saudável de muitas instituições. E muitos pais entregam-se às bebidas alcoólicas e

drogas deixando claramente estampado para seus filhos esta situação de morte e

irresponsabilidade pessoal e com os seus. Outras crianças presenciam espancamentos

entre seus pais, roubos e furtos que são levados para dentro de suas casas; daí não há

como excluir a responsabilidade destes pais diante de crianças problemáticas.

Pretende-se neste trabalho “levantar a poeira” do que acontece dentro de

muitas famílias e que reflete na escola, pois as crianças das salas de aula são

provenientes de muitos lares “doentes”. É uma leitura crítica e abusiva, porém jamais

julgadora, cabe a cada um decidir o certo e o errado. Educar é compromisso de todos,

inclusive da escola.

Os pais estão ausentes da escola por compromissos de trabalho que atinge o

pai e a mãe, lutar pelo pão de cada dia está sendo cada vez mais difícil, o desemprego

é desesperador e todos agarram fielmente seus compromissos temendo as demissões.

A escola por sua vez precisa de apoio, inclusive destes pais; então, é a escola que

disponibilizará seu horário extra-oficial para receber estes pais, colhendo

informações de histórias de vida, oferecendo ajuda na medida do possível e buscando

ajuda destes primeiros educadores mais comprometidos com a criação dos filhos.

A abertura de horários disponíveis é difícil para todos, mas os professores são

a única alternativa de acolher este compromisso de trazer os pais dos alunos para

participarem de tudo que acontece na escola, mesmo aos sábados, domingos e

feriados. O trabalho pedagógico pode melhorar quando os pais sentirem a tamanha

dificuldade do professor em trabalhar com a realidade escolar que se vive hoje. Os

valores sociais e regras de boa conduta precisam nascer no próprio lar, quando os

pais ignoram tais procedimentos considerados arcaicos, então a escola vive momento

desesperador. Os conteúdos curriculares são substituídos por recursos que

estabeleçam primeiramente um bom convívio social.

17

É inviável para o professor exigir bons comportamentos a certos alunos,

ouvindo deles mesmos que seus pais retratam tais atitudes. A escola precisa conhecer

os pais e manter contatos freqüentemente, escola e família formam via de mão dupla;

uma passa pela outra e transmitem suas propostas e ocorrências.

Indignações surgem à medida que procuramos mais conhecer nossa realidade

escolar e familiar, vale registrar as ansiedades e falas no direito que cada um tem de

expor suas opiniões e liberdade de expressão. Que haja contágio entre as pessoas que

ousam buscar inovações e não temem às mudanças que se fazem necessárias ao

crescimento educacional. Sugiro esta leitura aos pais e educadores, mesmo por

curiosidade, que as idéias sejam compartilhadas, entendidas e respeitadas. Posições

que revelo no percurso dos capítulos, aos olhos de cada leitor, serão julgadas ou

avaliadas como convenientes, satisfatórias ou indesejáveis.

18

CAPÍTULO I

A CRISE FAMILIAR E EDUCACIONAL

“O planeta está em crise, o mundo vive esta crise. Com toda esta

policrise, há uma necessidade urgente de resituar o saber”.

A sociedade atual vive momento caótico em toda história da humanidade, os

meios de comunicação revelam fatos alarmantes da grande crise existente na

convivência entre pais e filhos, crise familiar que gera crise educacional. A crise na

família tem despertado especialistas que destacam a importância da educação que os

pais oferecem, o jornal “O DIA” registrou debate com estas pessoas preocupadas

com o assunto. (ANEXO II, p.71)

A família espelha degradação e desvalorização enquanto instituição social, e

alguns princípios parecem perdidos e inexistentes. Valores morais, regras de conduta,

limites, boas maneiras de convivência, tradição e preservação dos cumprimentos,

respeito aos superiores hierárquicos, diálogo, compreensão, solidariedade e paz são

normas familiares gerais que resumem amor ao próximo. Muitos pais ignoram e

consideram arcaicos certos princípios educacionais, futuramente deparam com sua

própria família desestruturada.

A escola deve resgatar os bons valores educacionais familiares que talvez

estejam perdidos, os autênticos professores sentem necessidade de recuperar uma

educação de berço doente. A escola precisa abraçar esta causa familiar em busca de

amenizar o terrorismo educacional. Precisa-se inserir na criança os direitos e deveres

a cumprir, para que se formem bons cidadãos.

19

1.1 O retrato da crise em depoimentos

As experiências aqui comentadas são reais, não se pretende expor ao ridículo

famílias, crianças, pais, escolas ou outras pessoas; o objetivo também não é de

julgamento ou crítica, mas de mostrar a realidade das salas de aula e as condições de

preparo que os educadores devem ter para enfrentar e superar os obstáculos e

confrontos existentes na relação professor-aluno. Os depoimentos comprovam a

existência de crises na educação, as condições precárias de muitas famílias, as

situações que as crianças vivem e compartilham realmente denunciam o fato. As

crises não estão apenas no discurso, mas na prática real de famílias e escolas.

a) Um aluno da 5ª série sempre entrava em sala de aula, logo no 1º tempo,

com o seu caderno de arame com pouquíssimas folhas; muitas folhas haviam sido

arrancadas e as que continuavam na espiral de arame estavam sujas e amassadas. Ele

carregava o caderno debaixo do braço como um rolo, todas as matérias estavam

misturadas, ou seja, as poucas que ele copiava; pois era também muito faltoso.

Nunca tinha lápis, borracha ou caneta, mas era sempre presenteado pela professora

ou pela própria escola que supria este material. No dia seguinte, todo este material já

havia sumido e era justificado pelo aluno que outros colegas, não os da mesma sala,

o roubavam na hora da saída. Ao comunicarmos esta situação à mãe, que por acaso

participou em uma das reuniões já marcadas em vários momentos, ela apenas alegou

que não conseguia mais agir com o filho; disse que ia entregar ao pai que era mais

enérgico e batia muito, já que era um casal separado.

b) Numa turma de 7ª série, alguns alunos estavam faltando muito. As faltas

não eram constantes e seguidas, porém alternadas, o que dificultava ainda mais o

desenvolvimento das atividades propostas em sala de aula; que necessitavam de

conceitos trabalhados em aulas anteriores.

20

Os pais surpresos com o relato da professora, disseram que saíam de casa

para o trabalho bem mais cedo e deixavam as crianças acordadas para irem à escola.

Com a realidade apresentada, chegou-se a conclusão de que eles levantavam e depois

tornavam a deitar-se, e dormiam. Com isso, alguns responsáveis resolveram tomar

algumas atitudes; pediram permissão a seus patrões para chegarem alguns minutos

mais atrasados ao trabalho, a fim de verificar a presença ou não de seus filhos em

sala de aula. Quando tais alunos perceberam que seus responsáveis estavam a sua

espera para o início da aula, verificamos que os comportamentos mudaram. A

justificativa dos alunos era que chegavam muito tarde das noites e não conseguiam

acordar cedo em função do cansaço. Mesmo com a responsabilidade das aulas as

saídas eram indispensáveis.

c) Outros alunos que apresentavam muitas dificuldades de aprendizagem e

acima de tudo péssimo comportamento em sala de aula, falta de respeito com os

colegas e até mesmo com professores, foram participados aos responsáveis em

reunião. Tais responsáveis eram avós de idade bem avançada e relataram que não

tinham “pulso firme” para encarar tal situação. Eles reclamaram que esses alunos

eram agressivos em casa, e que o mesmo desrespeito era também vivido por eles.

Foram criados desde pequenos por eles e os pais não queriam saber de nada.

d) Uma outra situação, que também convém relatar, aconteceu numa turma de

8ª série; alunos assíduos, comportamento excelente, participativos, facilidade de

aprendizagem; os pais estavam presentes à reunião. A professora relatou as ótimas

qualidades que apresentavam tais alunos em uma turma de 50 alunos. O material

escolar era de um capricho incrível, porém não luxuoso. Os pais simplesmente

confirmaram que ao chegarem de seus trabalhos, pediam para olhar o material

escolar, mesmo sem entender os conteúdos; perguntavam se havia alguma prova

marcada ou se tinha tarefa para casa. Não eram pais de condição econômica

favorável, mas famílias pobres, humildes e moradores de comunidades carentes.

Alguns desses alunos depois do período escolar, ainda trabalhavam para ajudar no

sustento da família com o pouco que ganhavam.

21

e) Certo dia, dois alunos de classe de alfabetização chegaram chorando em

sala de aula, ao conversar com esses dois alunos, que eram irmãos, foi constatado

que tais crianças estavam chorando de fome. Eram os irmãos menores, já que os

outros maiores conseguiam suportar a situação, ao todo eram cinco filhos. Eles

haviam solicitado o café da manhã para sua mãe, que vivia sozinha, e esta alegou que

nada tinha a oferecer, mandando assim para a escola. Naquele dia, por infelicidade, a

escola não dispunha de merenda, nem leite ou alguma outra coisa; e o professor da

turma, comovido com a situação, utilizou seus próprios recursos financeiros para

comprar um lanche para aquelas crianças.

f) Outro acontecimento inédito e inesperado foi a realização de um parto

dentro de um automóvel com a ajuda do motorista, policiais e pessoas que passavam

por perto. Uma mãe surpresa presenciava a chegada de duas crianças, já que

desconhecia a gestação de gêmeos. Em detalhes posteriormente, chegou ao

conhecimento de que esta mãe completava 9 filhos e o menor deles, antes da chegada

dos gêmeos, ainda era bebê de colo. Ao checar o tipo de moradia desta família, era

um cômodo alugado e pequeno. Uma família que dependia de doações e passava por

grandes dificuldades, o pai era vendedor de mel e daí tirava o pão de cada dia,

quando conseguia.

A escola recebe crianças que são produtos de relacionamentos destruídos,

pais despreparados sem controle de natalidade e falta de estrutura familiar. Estas

crianças chegam ao mundo lutando por sua própria sobrevivência. É preciso

conhecer as origens das crianças que se têm em sala de aula, isto acontece quando a

família é convocada para dentro da escola e ouve-se a sua história de vida. Ou,

quando se vai ao encontro das famílias que se escondem! As reuniões de pais e o

entrosamento da família com a escola não podem acontecer esporadicamente, mas

em momentos freqüentes, onde os pais possam também explorar o ambiente escolar e

mostrar suas realidades.

22

As famílias enfrentam momentos difíceis e a escola também, a sociedade está

carente. As bases estão doentes, e afeta toda a construção de indivíduos e

instituições. Os pais precisam ser ajudados e orientados, a escola necessita de apoio e

também de ajuda, as crianças são as principais vítimas destes bombardeios!

1.2 A violência que atinge todos

A violência penetra o mundo e muitas vezes atinge pessoas inocentes, outras

pessoas já envolvem-se com meios incertos, inseguros e reprovados pela própria

sociedade. Violência que não atinge apenas um indivíduo, mas também todas as

pessoas que estão em seu vínculo afetivo, porque se um pai ou uma mãe sofre

determinadas agressões físicas ou morais, os filhos também tomam suas dores e

sofrimentos. Muitas crianças vivem em clima de intolerância dentro de suas casas,

participam de brigas e separações familiares colocando em questão até mesmo o seu

ato de decidir com quem de seus pais ficará. Armazenam tais agressividades que

sofrem e levam às forras, muitas vezes dentro da sala de aula, com pessoas ou

colegas que em nada lhe atingiram.

A desarmonia entre os pais tem repercussões tremendas na

alma dos filhos; deve-se evitar discussão em presença das

crianças, não só pelo mau exemplo dado, mas pelo fato de

alguns desentendimentos indicarem o desquite, o divórcio,

enfim, a separação do casal como única solução. (WEIL,

2002, p.185)

É um momento conflitante para a criança, e seu mundo interior é violentado

com a perda de alguém que forma seu conjunto familiar. Este mundo de violência

obriga nossas crianças a participarem de transações ilícitas, de adquirirem dinheiro

desonestamente, talvez com influência da própria família. Tais crianças transportam

para a escola o mesmo vício, quando procuram esconder o material escolar do colega

ou da professora, ou quando desaparecem com algum dinheiro visto em sala de aula.

23

Violência que é refletida às crianças pelos próprios pais, quando usam as

drogas e as bebidas alcoólicas, quando as mães sem nenhum pudor entram na escola

com trajes que realmente expõem sua nudez sem nenhum senso de respeito aos

filhos, muito menos à instituição. Outras crianças sofrem com a desconfiança de seus

próprios familiares por já terem sofrido algum tipo de abuso sexual. Adolescentes

são incentivados a vender seus próprios corpos, a furtarem, a experimentarem drogas

e bebidas alcoólicas; abandonam seus lares e saem da escola por não conseguirem

fazer do ambiente escolar um lugar para dar continuidade às suas práticas ilegais.

A violência pode começar num mundo interior, um aborto provocado, e

tende a continuar no mundo exterior, a realidade das drogas é uma forma de

violência que o ser humano acompanha sua auto-destruição, ele se mata aos poucos

silenciosamente e “mata” também àqueles que afetivamente estão vinculados a seu

grupo familiar ou social.

O autor Weil (2002, p.203-205) trata de um assunto muito agravante na

realidade de hoje, a atração dos jovens pelas drogas. Vários fatores a considerar por

esta tomada de decisão por parte de crianças, adolescentes e jovens que se deixam

penetrar neste “buraco negro”: a influência de colegas, o protesto contra qualquer

forma de proibição, a fuga de tensões familiares ou interiores, etc. Não se pode

acompanhar, orientar e aconselhar uma pessoa drogada sem compreender a fundo o

que se passa dentro dela. Muitos são os efeitos da droga: desinteresse pelos estudos,

mudança de amizades e tipo de linguagem, corte na comunicação com os pais e

educadores, etc. Enfim, a repressão é ineficiente para tal tratamento, mas a forma de

superar este problema está em substituir a droga por outros processos saudáveis, o

que acontece em muitos centros de recuperações.

A escola recebe e trabalha com muitas destas crianças e adolescentes

violentadas cruelmente pelo mundo e não pode jamais devolvê-las sem nenhum

tratamento ou evitá-las como ato de repúdio. É interessante conscientizá-las que a

24

violência nos leva a percorrer caminhos curtos e com conseqüências caras de pagar

no futuro e o desafio da vida é persistir num viver honesto e com dignidade.

Não se pode deixar corromper pelo que os outros fazem, mesmo que sejam os

próprios líderes do governo os primeiros a demonstrarem a violência quando roubam

sua própria Nação ou Estado, quando assaltam o povo levando o dinheiro público.

Estes, que se dizem representantes do povo, não têm moral alguma para combater a

violência e muito menos punir quem as pratica. São pessoas que só buscam

interesses próprios, quanto mais possuem mais querem riquezas; esquecem de um

povo pobre, sofrido e que vive em subúrbios, favelas e periferias, um povo que tem

fome, que mendiga e sonha ter alguma coisa.

As crianças são questionadoras e dotadas de capacidade suficiente para

entender a violência que as cerca. Os professores precisam urgentemente trabalhar

este conceito de violência dentro das salas de aula, para que as mentes infantis

consigam reagir aos modelos negativos e se apropriar de modelos positivos para uma

vida ideal. A escola deve procurar esclarecer que os confrontos existentes na

sociedade e as crises de violência que o mundo vive, o alvo principal a ser atingido é

a família; pois, desestruturando a base, a ruína de muitas pessoas será assistida.

As crianças deverão ser preparadas para resistirem aos ataques, agressões e

poluições que serão dirigidos constantemente em seu processo de desenvolvimento e

construção de vida, para que futuramente não possam reproduzir nosso corrompido

sistema. Elas devem ser testemunhas de uma escola que luta por transformações e

mudanças, que não se entrega ao conformismo. Não só a escola que deve assumir

esta posição, mas a família também precisa compartilhar estas mudanças.

1.3 A família está morrendo!

A expressão “morte” é apresentada em duplo sentido propositalmente, é uma

palavra forte, mas infelizmente é real. A família morre num sentido social e de

prestígio, como também morre no sentido literal da palavra.

25

Um relacionamento familiar morre à medida que não existe contato

permanente ou freqüente dos membros que formam o laço familiar, este laço é

rompido quando a troca de opiniões e informações dentro de uma casa passa não

existir ou torna-se restrita. A família morre quando se percebe a inexistência de

valores e regras de conduta na relação de seus integrantes, quando não há limites

propostos ao menor, ela morre quando as posições hierárquicas não são respeitadas.

O distanciamento dos pais na educação de seus filhos vem demonstrar a fria

convivência dentro de um lar sem diálogos. O tempo é um grande inimigo para o

encontro familiar; as ocupações e obrigações fazem pais e filhos estarem mais

separados e com desencontros de olhares, palavras, elogios e conselhos. Matar a

família é matar os princípios de uma sociedade.

A família morre também literalmente, os meios de comunicação relatam

casos alarmantes de assassinatos envolvendo membros familiares, uma quantidade

exorbitante e assustadora de mortes, crimes dolosos que geram perplexidade e

indignação e assassinos frios que não escondem a crueldade. A causa dos crimes

hediondos é discutida por médicos, psicólogos e outros profissionais que procuram

desvendar a origem das tragédias, em muitos casos tratam-se de filhos drogados ou

que aspiram aos bens econômicos dos pais revelando profunda ambição pelo

dinheiro. O desespero é geral, envolvendo famílias de classe alta e baixa.

O acesso à arma é outro erro. Um pai não pode, mesmo sendo

detentor de porte, deixar em qualquer parte um revólver, até

porque se um ladrão entrar em casa e encontrar a arma, vai

se proteger com mais algum arsenal, indevidamente e por

imprudência do portador, a quem a nação confiou o objeto.

(WERNECK, 2002, p.63)

26

As mortes que atingem famílias têm sido dados alarmantes no momento atual,

o que realmente causa perplexidade e indignação é a existência de assassinos que são

pessoas frias e não escondem a crueldade em suas palavras, nem em seus olhos, e

muitas vezes, são os próprios membros da família. A família encontra-se

bombardeada por todos os lados, há necessidade de se trabalhar com as crianças, no

ambiente escolar, os valores sociais comuns e assim resgatar a boa educação familiar

sem repressões ou castrações.

Quando os jornais publicam a destruição da vida, um

suicídio praticado por um adolescente, estampado em caixas

altas, o fato aterroriza o leitor e todo educador prudente. Os

jornais apresentam muito mais as situações, levantando a

poeira e dando a impressão de ser uma das partes a culpada.

Devem ser objeto de reflexão as partes envolvidas. O próprio

aluno e sua personalidade, a família e sua estrutura de

exigência e o colégio. (WERNECK, 2002, p.62)

1.4 Agonia planetária

Vive-se uma crise que é parte de uma agonia planetária, relatada por Petraglia

(2002, p.62-68); desenfreada por desigualdades sociais extremas, pelo crescimento

econômico, pelo surgimento de máquinas e recursos técnicos que por um lado

causam conforto e bem-estar à humanidade, mas por outro lado fizeram com que o

ser humano se tornasse mais automatizado, individualista, egocêntrico; perdendo a

noção de solidariedade.

As ruínas causadas por esta crise, talvez possam promover a reconstrução e

as transformações nas quais tornariam válidas e positivas para a Educação. Com toda

esta policrise, há uma necessidade urgente de resituar o saber, que se encontra

parcelado, isolado, mutilado e disperso; muitas vezes norteadores dos currículos de

nossas escolas que são fragmentados, em detrimento de um saber que caminha para

uma unidade de conhecimentos.

27

Mais do que nunca, a escola necessita ser um lugar de abertura para os

processos emocionais e buscar mais a história de vida de cada indivíduo que ocupa o

espaço escolar; não cabe a escola preocupar apenas com os conhecimentos

intelectuais, os conceitos ditados em currículo, o saber programado; a família envia

aos ambientes escolares seus componentes que estão em crise e assim a escola

precisa estar preparada para trabalhar com estes seres.

Realmente há necessidade de reavaliar nosso sistema educacional em prol de

uma construção de conhecimentos que não seja alienada das situações vivenciadas,

não se pode priorizar apenas informações e conteúdos enquanto não se prioriza a

verdade que está estampada ou ofuscada nos rostos de nossas crianças. Uma crise

familiar pode iniciar com a decisão de um homem e uma mulher que se ajuntam e

rapidamente se separam, talvez colocando em risco o surgimento de uma criança, e

esta já não sendo bem recebida ou encontrando condições desfavoráveis ao seu

crescimento.

Há uma enorme importância por parte dos pais de se conscientizarem que as

crises são inevitáveis numa família, mas precisa-se de uma maturidade suficiente

para assumirmos os filhos gerados de quaisquer relações, mesmo que eles sejam

conseqüência de decisões prematuras ou descuidos de prevenção. Somos capazes de

dar início a uma vida, então somos responsáveis em oferecer a esta vida um viver

digno, honroso e um lar acolhedor.

Muitas crianças vivem hoje a mercê de cuidados de pessoas estranhas, sem que

os verdadeiros pais biológicos responsabilizem pela existência das mesmas. Umas

convivem com os avós, outras apenas com a participação de um dos cônjuges e assim

vão levando a vida. A família enfrenta crises de pais separados, ausência de moradias

decentes, pais desempregados ou com empregos de grande carga horária, salários

baixos e de difícil acesso, gerando comportamentos exaustivos que afetam as

crianças.

28

Alguns pais com renda familiar baixa, não dispondo de quaisquer recursos

financeiros, com espaço insuficiente na residência, constroem suas famílias com

grande quantidade de filhos que não condiz com seus rendimentos e possibilidades;

apelam para o amparo dos governantes que é insuficiente. As crianças crescem numa

realidade de necessidades e buscam, na escola, suprir suas deficiências alimentares,

afetivas e sociais.

Para Piletti (1989, p.16-17), a família é o primeiro elemento social que influi

na educação. Sem a família a criança não tem condições de subsistir. Tal necessidade

não é apenas de sobrevivência física, mas também psicológica, intelectual, moral e

espiritual. A família, no entanto, encontra uma série de problemas na sua missão de

educar. A falta de preparo de muitos pais para exercer integralmente essa função é o

principal problema. Dessa falta de preparo surge uma série de outros problemas: falta

de amor, de carinho, de tratos adequados, frustração, separações, abandono de lar,

etc. Por isso, há necessidade da educação dos próprios pais para a paternidade e a

maternidade. Essa é uma das funções da escola. A escola só poderá preencher essa

função quando houver o entrosamento dos pais com a escola e a comunidade.

As crianças trazem para a escola a vivência de seu primeiro grupo social, “a

família”, uma vivência carente, doente, insatisfeita e que repercute num

desenvolvimento social desestruturado e comprometedor de sua conduta enquanto

indivíduo e ser. Pode-se dizer que esta crise educacional pela qual o mundo passa

está gerando filhos “malcriados”. “Chamar um filho de “malcriado” é negar o seu

trabalho de educador! Uma criança não tem culpa de ser malcriada; os que se

queixam da “má-criação” foram os que malcriaram”(WEIL, 2002, p.171). Na

realidade, usamos o termo malcriado para revelar as características de falta de

cortesia, uso de palavrões, desrespeitos, etc; culpa dos primeiros educadores, que não

acostumam os filhos, desde cedo, a demonstrarem boas maneiras. Muitos são os

professores que ao corrigirem certos alunos de determinados “palavrões”, eles têm

como resposta que seus pais dizem isto em casa; demonstra uma crise de caráter,

temperamento e personalidade.

29

O ser humano entra em crise consigo mesmo, quando desvaloriza a si próprio.

Não existe nenhum processo educacional “moderno” contra tal argumento, já que no

espelho dos pais reflete a imagem de seus filhos. Não podemos negar que existe uma

crise educacional familiar onde não se obedecem às regras de conduta nem se prezam

boas maneiras de procedências hierárquicas.

Os professores lamentam, os pais sofrem, a escola tenta fazer as emendas dos

fios que estão soltos e a sociedade é cenário desta tragédia. O planeta está em crise, o

mundo vive esta crise. Presencia-se, através da mídia, em início do ano de 2003, uma

guerra entre Estados Unidos e Iraque que comprova a agonia da Terra; e o menor

destes dois países consta de uma população onde a maioria são jovens e crianças.

Com certeza, na mente deste mundo infantil será difícil aceitar o conceito de

solidariedade e de amor, principalmente por aqueles que foram vítimas dos ataques e

tiveram que lutar pela sobrevivência com suas próprias forças.

Petraglia (2002, p.64-65) fala sobre a falta de solidariedade entre os homens,

que os torna cada vez mais infelizes nas relações interpessoais. A autora revela os

perigos que a humanidade sofre, a fome que mata silenciosamente, sem nenhum

alarde ou arma nuclear; afrontas à biosfera e maus tratos ao ecossistema. A crise é

generalizada por entre as civilizações do globo, e com todas as deficiências

apresentadas, os sentimentos são afetados, fases difíceis e graves estão causando

doenças físicas e mentais que surgem sinalizando o descontrole das emoções; as

crianças recebidas nas escolas estão dentro deste mundo mencionado.

A escola procura desempenhar seu papel de formar cidadãos críticos, preparar

para o trabalho e desenvolver o potencial individual. Mas, em sua missão de educar

para construção de valores, tem encontrado grande resistência diante de uma

sociedade machucada e sofrida pelos confrontos que atingem a família, também uma

sociedade onde os poderosos buscam mais poder e interesses próprios, e não são

sensíveis ao grito do povo.

30

CAPÍTULO II

EDUCAR É PARA A FAMÍLIA OU PARA A ESCOLA?

“Família e escola é uma via de mão dupla”.

Baseado no autor Pierre Weil que fala especificamente da criança, do lar e da

escola, verifica-se uma primeira responsabilidade de educação atribuída aos pais;

mas, que foi transferida aleatoriamente aos professores, que se sentem

sobrecarregados com tamanha tarefa.

O ato de aprender é algo extremamente complexo, que

começa desde o nascimento e, talvez mesmo, na vida intra-

uterina. Aprendizagem é, em geral, definida como sendo o

processo de interação e de adaptação do ser humano no seu

ambiente. No mundo inteiro está se passando fenômeno

muito sério e cujas conseqüências ainda não podem ser

avaliadas inteiramente: o da transmissão progressiva dos

poderes educacionais dos pais e da família para os mestres

e a escola. (WEIL, 2002, p.153)

2.1 A família em primeiro lugar!

Para os pais, observar a inteligência naturalista de seus

filhos é tão importante como acompanhar sua expansão.

Para as crianças é importante que os pais demonstrem

interesse por suas brincadeiras com elementos naturais. O

primeiro estímulo para o despertar da inteligência

naturalista se manifesta pelo olhar admirado, encantado e

atento dos pais. Comece a descobrir, pedacinho por

pedacinho, a beleza do mundo e compartilhe essa

descoberta com seu filho. (ANTUNES, 2003, p.80)

31

A presença do adulto na vida da criança é indispensável até mesmo no momento

do lúdico, dos jogos e das brincadeiras; criando assim um espaço importante que

garante a liberdade e o diálogo de ambos. Este adulto leva-nos a compreender a

pessoa de pai ou mãe, educadores de primeira linha no desenvolvimento infantil.

Diva Nereida (MARANHÃO, 2001, p.19-23) confirma que para Piaget, a criança

entre um e dois anos está num estágio sensório-motor, é através das suas ações e

reflexos que ela se relaciona com o mundo. O seu corpo é o primeiro brinquedo

utilizado pela criança, e a partir dele começa a conhecer estímulos externos,

provocando assim, a adaptação do seu corpo ao meio.

O desenvolvimento cognitivo dos bebês vai acontecendo a partir de suas

necessidades de conhecer e descobrir, nesta fase é fundamental a presença do adulto,

pois dele irá depender o crescimento do bebê e sua relação com o meio. Os laços de

afetividade presentes na relação do adulto com a criança estabelecem uma relação

desta com o mundo. De dois a sete anos, Piaget denomina um estágio pré-

operacional, onde a criança passa a entender o mundo que a cerca e vai se adaptando

a ele; o início da linguagem é marcante nesse momento, onde a presença do adulto

continuará sendo de mais importância ainda; pois a sua comunicação com a criança

fará com que ela desenvolva e estruture mais ainda a linguagem.

Quando a criança usa os brinquedos e se fantasia de papai ou mamãe em suas

relações no brincar, ela passa a demonstrar através de suas atitudes, falas e símbolos,

o tipo de convivência que existe em seu ambiente familiar. Algumas tipificam

agressividade com os objetos, outras são amáveis e carinhosas em suas cenas, enfim,

o que elas percebem no seu ambiente, elas irão reproduzir.

Os pais devem curtir o momento de brincar da criança, ao mesmo tempo irão

comprovar as atitudes educacionais que exercem sobre ela. O professor também não

pode deixar de assistir o momento lúdico da criança, ela irá se pronunciar de forma

simbólica e assim contribuir para o trabalho pedagógico.

32

Desde que nasce, a criança está em contato com os adultos e

estes irão mediar a relação dela com o mundo. Os adultos

abrirão as portas da cultura para a criança. O

comportamento da criança certamente será influenciado

pelos costumes da cultura daqueles que a cercam.

(MARANHÂO, 2001, p.30)

O conhecimento está naturalmente ligado à vida, fazendo parte da existência

humana, e o aprender comporta a união do conhecido com o desconhecido, é a

junção daquilo que se vive em seu habitat natural com os conceitos que irão se

ajustar a esta vivência e assim construir novos conhecimentos. “A inteligência é

estimulável e a ação das pessoas e dos ambientes sobre as crianças pode ampliar de

forma absolutamente maravilhosa o não menos maravilhoso potencial biológico”.

(ANTUNES, 2003, p.4)

2.2 Quando a família desconhece seu papel

Convém salientar que a família é insubstituível, e há necessidade de orientar os

pais na sua tarefa educacional; coloca-se em evidência que, sem a colaboração ativa

da família, a escola fracassará na sua missão. A importância da família na educação

das crianças é maior do que muitos podem imaginar! A família se revela como fator

indispensável à educação da criança e sua estabilidade emocional, a maioria dos

adultos sem coração e afetividade foram separados da mãe nos primeiros meses de

sua vida.

Quando as crianças são órfãs de mãe, há necessidade de substituir o carinho e

a presença materna pelo afeto de uma outra mulher que pode ser uma mãe adotiva,

constituindo sua família. O número de pessoas que fracassaram na vida, porque os

pais não pensaram suficientemente nos problemas de sua educação, é muito grande.

A educação escolar deve ser complementada com a presença da família. Família e

escola precisam de apoio entre si em prol de uma educação mais significativa.

33

Segundo Weil (2002, p.45-47), recentes pesquisas de Psicanálise e de

Psicologia Social colocaram em destaque o fato de a conduta dos filhos na escola e

em casa ser, em grande parte, uma reação ao comportamento dos pais para com os

filhos. Isto é a tal ponto verdadeiro, que se constatou que a maioria dos problemas de

comportamento, tais como a ausência de atenção, brutalidade ou instabilidade, são

causados pela conduta e pelas atitudes dos pais. Já é lugar-comum a afirmação de

que há mais pais-problemas do que filhos-problemas. Professores perspicazes podem

adivinhar a atitude dos pais em casa pela simples observação do comportamento dos

filhos na escola.

Para Piletti (1989, p.16-18), educação não se confunde com escolarização,

pois a escola não é o único lugar onde a educação acontece. A educação também se

dá onde não há escolas. Em todo lugar existe a transferência de saber de uma geração

para outra, mesmo nos lugares onde não há sequer a sombra de algum modelo de

ensino formal e centralizado existe educação. Entre esses lugares podemos citar: a

família, a igreja, os sindicatos, as empresas, os meios de comunicação de massa, etc.

A escola deve ser o ambiente em que pais e professores promovam conjuntamente a

educação. Aliás, toda a comunidade deve participar, criando condições e buscando

recursos para que pais e educadores desempenhem sua missão. O maior problema

que observa Paulo Freire, não é o fracasso da escola, mas o fracasso da sociedade

inteira como comunidade educativa. Só é possível uma transformação profunda e

radical da educação quando também a sociedade tenha se transformado radicalmente.

A família que desempenha seu papel com seriedade, compromisso e

assumindo seu controle educacional sobre os filhos, cria uma “ponte” de fácil acesso

à educação escolar, os pais tornam-se integrados e envolvidos em todo o processo

educacional da criança. Com a iniciativa por parte dos pais de colaborarem com os

educadores, muitas deficiências são superadas como, dificuldades de aprendizagem e

a má conduta do aluno no ambiente escolar, onde a disciplina e o comportamento

seriam amparados pelos dois extremos, pais e professores.

34

Muitas crianças sentem-se jogadas ou depositadas nas escolas por um período

de 4 horas, aproximadamente, apenas preenchendo seu tempo ocioso; só percebem a

presença dos pais dentro do seu espaço escolar quando há necessidade de assinarem

boletins, comparecerem em alguns casos às reuniões ou quando são solicitados para

resolverem situações de indisciplina e desacato por parte de seus filhos. Mesmo

assim, existe muita alegria na criança quando sabe que seu pai ou mãe está na escola.

2.3 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA SEGUNDO FREUD

Millot (2001) aborda com clareza, numa visão Freudiana, a importância dos

pais e educadores que devem estar preocupados unicamente com o bem da criança.

Sendo que os desejos e fantasias desses dois grupos de pessoas podem afetar com

todo peso a prática educacional.

As exigências morais excessivas de que a criança se apropria e sob as quais

sucumbe no esforço de satisfazer os anseios parentais explicam-se e evidenciam na

teoria da sedução por parte dos pais, onde seduzem a criança em sua maneira de

pensar, de agir e de se comportar fazendo com que ela adquira os mesmos hábitos e

procedimentos que ora podem ser construtivos, ora destrutivos.

Há necessidade do adulto se interessar em compreender a criança que educa.

Adulto este que diz respeito tanto a pais quanto professores. “Aos quatro ou cinco

anos o pequeno sujeito já está completamente formado, e depois se limita a

manifestar o que até então se havia depositado nele”. (MILLOT, 2001, p.38)

Freud diz da importância dos primeiros anos de vida no desenvolvimento do

indivíduo bem como a causa de muitas neuroses e manifestações perversas. Ele

sempre procurou relacionar “pais e educadores” durante seus pronunciamentos a

favor da educação, demonstrando assim esta parceria como sendo indispensável e

indissociável para a infância, “o amor é um dos motores principais da educação.”

(MILLOT, 2001, p.84)

35

Muitos pais são revelados como de má consciência e até mesmo possuídos

por cegueira em relação a certas impressões vividas nos primeiros anos de vida, que

torna o adulto um estranho à sua própria infância. Os excessos de repressões, as

perguntas intimidadas, as proibições impostas, as curiosidades sufocadas, tudo isso

dá origem aos recalques e muitos conflitos psíquicos. A escola é aquela que no

momento conturbado como este, deve fornecer explicações e criar oportunidade de

discussões para que a criança revele suas curiosidades em todos os sentidos de sua

vida, até sexuais.

A falta de habilidade e de experiência de muitos pais compromete a formação

de muitas crianças, que são tolhidas e inibidas a qualquer diálogo ou conversa que

põe em jogo assuntos pessoais e de seus interesses. Existe grande perigo de

negligenciar esclarecimentos à criança seja de qualquer área ou questão, o que pode

implicar em conseqüências fatais para a sua vida adulta futuramente. A criança

merece ter uma educação voltada para a realidade, as verdades não podem ser

escondidas pelos seus pais e principalmente pela escola.

Muitos são os pais que pensam que é condenável responder

com a verdade quando a criança pergunta: “Como eu

nasci?”...”De onde eu vim?”...É incrível como a história da

cegonha está criando problemas para os pais e filhos; estes,

porque não lhes contou a verdade perderam a confiança nos

pais e são levados a imaginar coisas completamente

erradas; não podendo mais falar neste assunto com os pais,

passam a fazer disto um segredo, e, muitas vezes, são

levados por colegas a cercar coisa tão bela como o

nascimento, de idéias sujas e condenáveis. É muito melhor

dizer a verdade, fazendo comparação com os gatinhos ou

outros animais, o que a criança compreende muito

bem.(WEIL, 2002, p.179 e 180)

36

Freud compara a relação da mãe e de uma criança como o ovo, a criança se

protege de uma realidade exterior por um certo tempo, chega um determinado

momento em que a criança irá se deparar com esta realidade e talvez conflitar com

algumas de suas realidades interiores que conviviam até o momento. “As exigências

da realidade, as renúncias que ela exige, se encarnam para a criança,

principalmente nas exigências parentais, que constituem precisamente as medidas

educativas”(MILLOT, 2001, p.60). A realidade externa que o adulto enfrenta é

encarada de acordo com o modelo da relação de filho com seus pais, onde aprendeu a

se submeter e adequar-se à vontade dos pais.

A psicanálise elucida a questão de que a criança assimila traços das pessoas

que a cercam e se apropria de suas exigências. Durante um período da infância

(período de latência), os professores tomam para as crianças, o lugar dos pais,

particularmente do pai, e herdarão os sentimentos que tinham para com eles, o que

Freud relaciona-se à saída do Complexo de Édipo. Daí, os educadores, investidos

dessa relação afetiva primitivamente dirigida ao pai, podem se beneficiar e contribuir

mais ainda para a formação da criança. Por outro extremo, existem crianças que

construíram a imagem do pai como agressivo, autoritário e amedrontador; neste caso,

os educadores deverão não incorporar as mesmas posições do pai, mas levar a

criança a se desprender desse sentimento de medo e perceber que as atitudes do pai

não foram herdadas pelos educadores.

A aquisição de conhecimentos depende estreitamente da relação do aluno com

seus professores, que se reduz ao tipo de relação que tinha a criança com o pai.

Os sentimentos de admiração e de apego transferidos do pai ao professor são

benéficos como também essa herança pode ser negativa à medida que o papel

dirigido ao pai foi de desmancha-prazeres na vida da criança. Leva-se muito em

conta nossa vida infantil e familiar no processo educativo, quando a criança consegue

se desvincular de todos os substitutos que outrora fez do pai, então ela se tornará

adulta; aquilo que ela idealizava na realidade cairá na função do real, ou seja, a fase

adulta é a passagem do Ideal para o Real.

37

CAPÍTULO III

DIFERENTES FAMÍLIAS E FAMÍLIAS DIFERENTES

“O maior desafio do bom profissional de educação é trabalhar

com as famílias que temos em função das famílias que

queremos, conseqüentemente a escola que temos será a escola

que queremos”.

Quando o educador entra numa sala de aula e olha em cada rosto que está a sua

espera, percebe uma mensagem ou história de vida vinda de cada um, ora aplausível,

ora intimidada e problemática.

Chegamos todos os dias às escolas e somos esperados por

educandos de mãos estendidas, nem que seja, apenas, em

suas consciências, à espera de um gesto semelhante de

nossa parte que reflita o mesmo desejo diante da ânsia de

amparo que estas mãos refletem. Mãos urbanas e mãos

rurais, mãos calejadas, apesar da idade cronológica, mãos

de jangadeiros, de canavieiros, mãos que lidam com o sal,

mãos que tocam tamborins e mãos que mendigam pelas

cidades, mãos acolhedoras e mãos da violência, todas

esperando nossa reação. É nesse clima que ingressamos nas

salas de aula todos os dias.(WERNECK, 2002, p.99)

Existem crianças que realmente vivem e aproveitam sua infância; elas criam,

interpretam papéis de pessoas mais ligadas a seu convívio, liberam a imaginação e

suas fantasias através das brincadeiras, curtem a infância. Outras crianças participam

muito cedo da vida adulta, do trabalho cotidiano e das responsabilidades em ajudar

seus próprios pais; os brinquedos não são necessários, mesmo que desejáveis, à

medida que são obrigados a se adequar em modelos humanos adultos. É na escola

que as crianças transferem os modelos humanos de seus pais aos mestres.

38

Os pais sociológicos, que podem coincidir ou não com os

pais biológicos, são os primeiros modelos imitados pela

criança. Consideram-se pais sociológicos as pessoas que

desempenham o papel de pai ou mãe, sejam ou não

verdadeiros genitores. Se a avó ou a tia cuida da criança e

orienta sua conduta, representa a mãe social, embora a

verdadeira mãe exista e até com ela conviva. Quando a

criança não recebe suficiente atenção e orientação dos

adultos que a cercam, pode eleger como modelo pessoas

estranhas à constelação familiar, como, por exemplo, o

chofer da família, ou o filho do jardineiro, passando a

pautar sua conduta pela dessas pessoas. Outras vezes, o

isolamento da criança de lares muito ricos ou de famílias

paupérrimas - em que os pais, absorvidos pelas atividades

sociais, ou premidos pelas necessidades econômicas,

deixam-na abandonada a si própria por muitas horas –

leva-a a identificar-se com animais e até com objetos

inanimados. (CARVALHO,1969, p.39)

3.1 As diversas realidades familiares

A criança proveniente de famílias cultas possui uma linguagem muito mais

rica e expressiva do que as crianças que vêm de lares humildes. Nestes dois

ambientes ilustrados, o primeiro apresenta recursos em relação aos materiais de

leitura e jogos, um convívio com outras crianças de mesma riqueza cultural, falas e

palavras trocadas com mais freqüência no ambiente familiar e um acompanhamento

de alguém nas tarefas escolares; tudo isso contribui para um bom desenvolvimento

escolar bem mais além ao compararmos com as crianças do segundo ambiente;

crianças que ouvem pouco diálogo entre seus pais fazem uso de poucas palavras,

geralmente são tímidas, e revelam a falta de comunicação e expressão com as

pessoas que as cercam no dia-a-dia.

39

Outras crianças ao conviverem em ambientes agressivos, de brigas e

comunidades violentas, levam para a escola as palavras agressivas que lhe são

dirigidas e usam termos indevidos para esbanjar suas indignações. É óbvio que não

se pode generalizar as situações, muitas crianças de famílias simples têm um

linguajar não culto, mas sadio; enquanto as de camada social mais elevada gostam de

experimentar palavras imorais como forma de liberar suas tensões que são proibidas

e coercivas nos seus ambientes de luxo.

O autor Cotrin (1989, p.59-60) reforça com muita propriedade que o ambiente

natural e social vivido pelo aluno exerce significativa influência no desempenho

educacional. O aluno de família rica está bem mais habituado à cultura ensinada na

escola, pois desenvolve em casa uma linguagem mais elaborada e tem contato com

livros, revistas, jornais e outras fontes de informação (viagens, cinema, teatro,

videocassete,etc.). O mesmo não ocorre com o aluno de família pobre; fora da escola,

não tem contato com a linguagem, normas e valores desenvolvidos pelo currículo

escolar. Por isso, as crianças das camadas populares, ao ingressarem na escola,

sentem-se jogadas num mundo completamente estranho, muito diferente daquele em

que efetivamente vivem.

Os alunos de família rica possuem pais que, geralmente, tiveram uma boa

escolaridade, pais que conhecem o mundo da escola e transferem suas experiências e

expectativas aos filhos; e diante de eventuais problemas educacionais, estes pais

tomam rápidas providências para evitar o fracasso escolar dos filhos, ajudam em

casa, contratam professores particulares ou prometem belas recompensas aos filhos

para que eles se empenhem na superação da dificuldade. Semelhante processo de

acompanhamento e assistência escolar, os pais de famílias pobres não estão em

condições de oferecer a seus filhos que ficam, geralmente, jogados ao “Deus dará”.

A escola não pode reproduzir estas desigualdades sociais nem também alimentar

estas indiferenças, porém ela não pode se mascarar a tal ponto de não enxergar a

existência desta problemática.

40

Diante dos educadores está um grande desafio, trabalhar com todas estas

crianças sem discriminá-las ou rotulá-las, mas abrindo espaço, margem e caminhos

para um ambiente educacional de interação onde a aprendizagem desenvolva em

conjunto e mutuamente. Proporcionar um clima de relacionamento sem o preconceito

que a própria sociedade transfere para seus indivíduos.

Muitas crianças têm tarefa muito difícil em aprender ler e escrever, mesmo

com grande esforço dispensado. Estas crianças consideradas com distúrbios de

aprendizagem necessitam de um grande apoio psicopedagógico além da intervenção

mais precisa da família e a escola neste processo. A família necessita de orientações

para lidar com as dificuldades que ocorrem. Não basta a escola se empenhar de

forma isolada para superar esses distúrbios, mas a família aparece como

comprometedora de auxiliar suas crianças. No entanto, estes dois processos, leitura e

escrita, fazem parte da evolução da linguagem que se inicia logo nos primeiros dias

de vida da criança, onde os pais, mais do que nunca, estão presentes nesta etapa

inicial.

Morais (2002, p.10-18 e 183) revela que as crianças que provêm de ambientes

letrados têm mais facilidade em aprender a ler e a escrever do que crianças

provenientes de ambientes não-letrados. Esta relação está correlacionada ao modelo e

à motivação para ler que os pais conseguem transmitir a seus filhos. Se, no ambiente

familiar existem revistas e livros, adultos que os lêem e discutem o conteúdo com as

crianças lêem para elas ouvirem, então há mais probabilidade que estas crianças

desenvolvam de forma precoce o interesse pela leitura. Por outro lado, num ambiente

onde não existem revistas nem livros e, as crianças não têm modelos de leitura, o

interesse e a motivação por esta atividade não é despertado. Neste caso, é mais

provável que surjam dificuldades de aprendizagem no último grupo de crianças do

que no primeiro grupo.

41

3.2 O Trabalho do professor diante das diferentes realidades

Daí a importância de selecionar professores não só por sua riqueza e

profundidade de conhecimentos que possuem, mas por suas qualidades morais que

serão espelhos para muitos de seus educandos; professores sensíveis e de olhares

amplos para enxergarem as diferentes famílias em que seus alunos estão inseridos,

valorizando-os como pessoas. O Art.58 do capítulo IV do “Estatuto da Criança e do

Adolescente” diz: “No processo educacional respeitar-se-ão os valores culturais,

artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do

adolescente,...”(1996, p.10)

A família é base de todos os procedimentos e comportamentos que venham

fluir futuramente na vida adulta do indivíduo; é nela que está apoiado o alicerce de

uma construção de saberes que estará sendo aprimorado e recebendo retoques num

centro de engenharias, a escola. O engenheiro-professor recebe as bases em suas

mãos, algumas devidamente arquitetadas e outras apresentando rachaduras e

problemas; surge o grande desafio para o trabalho, conseguir melhorar, lapidar,

suprir elementos que faltam a estes inúmeros projetos de vida e levá-los adiante.

Estes mestres podem colaborar para que existam obras gigantescas e históricas

à medida que trabalham com ferramentas adequadas para cada situação e não deixam

material algum ser esquecido por quaisquer que sejam as bases apresentadas. São

pessoas que devem estar preparadas para oferecerem apoio, sustentação, incentivos,

sugestões, preparo, conhecimentos e informações importantes e necessários à

construção de uma vida desde suas fases iniciais. Não se trata de modelar tais

construções, a modelagem estará por conta da liberdade que cada pessoa tem em

pensar, agir e decidir seu próprio caminho. Não se pode temer os projetos de vida

que são apresentados; a prática, as experiências e a dedicação serão os andaimes que

irão dar o apoio necessário. Os aplausos, elogios ou críticas ficam a critério de uma

sociedade que passa, admira, avalia, mas não oferece meios para que estas

construções vivas sejam aproveitadas para o mercado de trabalho.

42

CAPÍTULO IV

AUTO-AVALIAÇÃO FAMILIAR

“Hoje, alguns pais não têm mais poder de voz sobre seus

filhos; se a liderança está falhando no próprio lar, então a

escola sofrerá danos com as atitudes, ações e indisciplinas

dessas mesmas crianças”.

“Os que não acreditam em Deus, por favor, cedam este espaço de

consideração na liberdade que possuem à minha crença. Pode haver quem acredite

e quem não acredite. A crença é dom gratuito”(WERNECK, 1995, p.129). A Bíblia

apresenta no livro de Gênesis, em seu primeiro capítulo, a criação de todas as coisas

feitas por Deus. Neste princípio de construção do mundo e universo, Deus constituiu

o primeiro casal que daria origem a primeira instituição, a família. Muitas famílias

tiveram graves problemas de separações, brigas e até mesmo morte, a começar pela

própria família recentemente iniciada. Com todas desavenças, Deus sempre se

preocupou com a família e seu primeiro milagre aconteceu num casamento, que

sucederia uma família.

Respeitando o lado religioso de cada leitor, conclui-se que a família é

importante e vale lutar para a continuidade desta unidade, já que muitos ataques e

bombardeios a ela têm causado um desmoronamento psicológico muito grande nos

frutos desses relacionamentos. É imprescindível que pais e educadores realizem uma

auto-avaliação de suas posturas enquanto integrantes de uma família. Avaliar atos,

atitudes e valores consiste em valorizar a si próprio e ao conceito de família.

Verificar o grau de atenção que têm dispensado e oferecido carinhosamente à sua

família, inclusive a seus filhos na vida cotidiana e escolar.

43

4.1 O silêncio na educação dos filhos

A família precisa de plena consciência com seus deveres no lar, na escola e na

comunidade. “É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo

pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais”

[Estatuto da Criança e do Adolescente-1996; cap.IV, p.9]. A omissão de muitos pais

na vida da criança gera um relacionamento raquítico, sempre exposto a sintomas de

que algo foi deficiente e precário. Não basta cumprir com a tarefa de matricular os

filhos em alguma rede regular de ensino, faz-se necessário algo muito mais

importante que é o acompanhamento da freqüência do aluno e de seu aproveitamento

escolar.

Quando uma família escolhe uma escola, ela deverá ter

motivos fortes para tomar tal atitude. A matrícula, se de um

lado implica participação, de outro, implica aceitação da

competência do conjunto de pessoas que ali trabalham. Nos

hospitais, quando uma pessoa é internada, assina-se uma

declaração de estar de acordo com o tratamento a ser feito.

Exige o hospital uma declaração de confiança no

estabelecimento e nos médicos. Na escola, a mesma coisa

acontece. Quando se assina o pedido de matrícula, está

implícita a aceitação do regimento e normas internas da

escola. (WERNECK, 2002, p.82-83)

Observa-se que hoje acontece uma ruptura entre o lar e a escola, onde a criança

é de responsabilidade dos pais até o momento em que ela chega à escola, voltando a

mesma responsabilidade apenas no momento em que ela é dispensada do período de

aulas. Na realidade, a escola tem responsabilidade com a criança no momento em

que ela permanece no espaço escolar; mas não exclui a responsabilidade dos pais em

saber o que se passa com a criança na sala de aula e o que ela apreende ou não.

44

“Se a importância da escola é tão grande na educação dos nossos filhos, convém

aos pais cercar de todo carinho e atenção não somente a escolha do colégio, mas as

relações entre família, diretor e professores” (WEIL, 2002, p.61). Não é tão simples

conhecer esse trabalho e nem será possível se os pais não ultrapassarem os portões

das escolas e procurarem descobrir os acontecimentos. Entregar os filhos às

instituições de ensino não é virar as costas para aquilo que se passa lá dentro. Deve-

se quebrar este silêncio à medida que os pais procurarem conhecer o tipo de

formação e informação que está sendo transmitido às crianças que lá permanecem 5

dias semanais, num mínimo de 4 horas diárias. É procurar identificar o

comportamento do filho no lar e na escola.

O silêncio dos pais, responsáveis ou familiares tem incomodado muitos

professores, principalmente àqueles dispostos a conhecer seus alunos como um todo

e não apenas fazer deles depósitos de conteúdos e conhecimentos curriculares; são os

que desenvolvem sua pedagogia de ensino fundamentada nos aspectos psicológicos

do desenvolvimento infantil, que querem aprofundar seus conhecimentos acerca da

aprendizagem humana, que participam no diagnóstico e no tratamento dos distúrbios

e dificuldades de aprendizagem que encontram. Por isso, é fundamental que os pais

abram linhas de comunicação com a escola e mostrem para os filhos que a escola é

lugar precioso em nosso processo de formação. A escola não pode ser símbolo de

internato ou de alívio a um convívio doente na relação pais e filhos.

4.2 As variadas relações pais e filhos

A criança necessita de carinho, proteção e atenção, existem pais que se

recusam a dar qualquer um destes alimentos psicológicos indispensáveis ao

crescimento harmonioso dos filhos. As crianças rejeitadas, frutos desse

relacionamento, procuram carinho fora do lar. São, em geral, angustiadas e ávidas

em atrair a atenção dos professores e dos colegas sobre elas, são eternos insatisfeitos

e instáveis; quando adultos, podem passar a exigir demasiado carinho por parte do

cônjuge e provocar desajustamentos conjugais bem sérios.

45

O autor Weil (2002, p.45-52) exemplifica vários tipos de relacionamentos

entre pais e filhos, cabe a cada pai ou mãe analisar o modelo de educação que está

sendo transmitido a seus descendentes. Existe momento em que a criança reclama e

solicita alguma atenção, conversa ou carinho por parte dos pais, daí a mãe ou o pai

procuram fugir na justificativa de algum trabalho ou ocupação mais necessária no

momento.

Existe também atitude oposta; em vez de não dar atenção e carinho, os pais

superprotegem os filhos, não lhes deixando um minuto de sossego. Quando estas

crianças entram para a escola, em contato com colegas e com um regime de

igualdade de tratamento entre todos, elas constituem verdadeiros problemas, pois não

conseguem adaptar-se, ficam tímidas, retraídas e muitas vezes não conseguem

aprender. Sentem-se completamente perdidas quando não existe a presença e os

mimos dos pais.

Outra situação pode acontecer em qualquer classe social, mesmo em pleno

século XXI; muitos pais ainda espancam os filhos e agridem com chinelo, correia e

bofetadas. Conforme o temperamento do filho, tal maneira de educar provoca três

reações diferentes: ou a criança passa a imitar os pais e bater também nos colegas,

amigos e nas crianças menores; ou a criança parece não dar importância a nenhum

tipo de exortação ou correção, já que está acostumada constantemente com as

bofetadas; ou a criança toma atitude de “cão abatido”, caindo numa timidez extrema,

numa inibição tal que fica com medo de qualquer adulto, seja amigo dos pais,

parentes ou professores.

Um exemplo bem claro desta última reação apresentada está na transferência

que a criança faz desse tipo de educação; o simples ato de colocar as mãos nas

orelhas quando o professor chega perto dela para adverti-la de alguma atitude, para

corrigi-la ou até mesmo elogiá-la, faz esta criança pensar nos puxões de orelha que

ela sofre dentro de casa. Além de danos físicos, o trauma é bem visível nesta criança

que automaticamente protege a região que passa a ser mais castigada.

46

Outros pais fazem questão de serem obedecidos ao pé da letra, não admitem o

erro e logo dão o castigo imediato quando a criança comete qualquer falha;

suspendem os brinquedos, o cinema, o passeio, ou até a sobremesa. Porém, quando a

criança faz alguma coisa bem feita, estes mesmos pais rígidos e autoritários não

oferecem nenhuma recompensa nem simples elogio, porque acham natural e mais do

que uma obrigação a cumprir. Crianças tratadas assim tornam-se vítimas de

complexo de inferioridade em relação a colegas que têm a felicidade de possuir pais

mais compreensíveis. Também se desenvolve nelas complexo de culpa, medo de

serem castigadas e atitude permanente de expectativa de fracasso; a rebeldia contra

tal regime aparece principalmente na idade da adolescência.

Os fracassos na vida social e na vida íntima do adulto têm

muitas vezes origem em erros de educação; pais

excessivamente rígidos podem levar os filhos à timidez e à

eterna rebeldia; pais que brigam entre si, em presença da

criança, podem gerar instabilidade e incapacidade para um

matrimônio feliz; pais sem firmeza podem ter filhos

descontrolados, etc. Crianças com problemas na vida

escolar serão futuros desajustados, se os pais não tomarem

cedo medidas a respeito. (WEIL, 2002, p.158)

Para Weil (2002, p.51) dar carinho quando é necessário, louvar o esforço e

recompensar a criança ao agir certo é atitude de muitos pais que conseguem, com

isso, que os seus filhos cresçam num ambiente feito de compreensão, calma, diálogo

e respeito humano. A educação dada por estes pais democráticos procura

desenvolver na criança o senso de responsabilidade. Aí está uma inteligente forma de

atribuir limites aos filhos e já conhecer seus direitos e deveres a cumprir dentro de

uma família.

47

A natureza das relações entre pais e filhos se transmite de geração a geração;

existem tradições de brutalidade, autoritarismo, superproteção, que os filhos

transmitem quando adultos às suas próprias crianças. Onde há brutalidade,

incompreensão e hiperautoritarismo não é possível construir verdadeira democracia,

pois tais atitudes se propagam fora do lar, no trabalho, nos negócios, na escola e no

destino da nação. A liberdade dentro do respeito pelo próximo tem de começar a ser

cultivada nas relações entre pais e filhos, isto é, na própria célula familiar. Sem isto,

os alicerces de qualquer nação não oferecem garantia para manutenção daquilo que

queremos que seja uma verdadeira democracia.

O educador moderno é aquele que procura trabalhar e desenvolver as

qualidades positivas de cada educando; ele procura valorizar o diálogo entre as

crianças, o que realmente encontra-se perdido no elo familiar. Quando o ser humano

passar a valorizar a si mesmo, ter empatia pelo próximo e saber aproveitar suas

qualidades, então ele será num futuro bem próximo um ótimo profissional, bom

cônjuge e excelente pai quando for adulto. É momento de avaliar nossa relação

enquanto educadores e pais, para que não sejamos cúmplices de um trabalho

educativo equivocado.

4.3 A necessidade do planejamento familiar

Há uma realidade totalmente precária em relação à estrutura familiar; casas

com poucos cômodos abrigam muitas pessoas, pais estão desempregados, crianças

chegam à escola sem alimentação regular, ou seja, com fome; muitas casas ocupam

lugares de riscos, violentos, sem saneamento, enfim, pais e crianças sofridas. Porém,

toda esta dificuldade não pode comprometer o compromisso de ser pai ou ser mãe, já

que houve a responsabilidade de gerar. Cuidar da educação dos filhos e incentivá-los

às boas maneiras de convivência é uma forma dos pais não entregá-los ao mundo da

miséria e marginalidade, mas valorizar ainda mais a escola.

48

A importância psicológica da personalidade da mãe na

formação de suas filhas é primordial. As futuras mães

deveriam preparar-se para ter filhos, e antes de os terem,

deveriam examinar melhor porque querem ser mães. Para

fazer como as outras mulheres casadas? Para fazer a

vontade do marido? Para não ficarem sozinhas em casa?

Para ter alguém que as sustente na velhice? Para cumprir o

seu instinto maternal? Cada uma destas razões de ser mãe

existe, realmente, quando não estamos diante do fato

consumado: torna-se mãe porque já está gerando uma

criança. Quem quer ou vai ser mãe deveria ser consciente

da sua grande responsabilidade: a de preparar as gerações

de amanhã. Se todas as mães do mundo fossem orientadas

para extirpar em cada indivíduo os germes da guerra, talvez

tivéssemos um mundo de amanhã feito de paz e

compreensão, entre os homens de todos os países do

universo. (WEIL, 2002, p.158)

Através de reuniões pedagógicas com pais, nota-se grande dificuldade que eles

enfrentam enquanto desempregados e com uma quantidade excessiva de filhos para

sustentarem. O professor, como orientador, deve aproveitar o ensejo e conscientizar

os pais de suas situações econômicas e sociais, da crise que enfrenta nosso País e a

necessidade do planejamento familiar para que haja um controle adequado da

natalidade. Ser pai é ser preparado para criar um filho, sustentar e oferecer uma vida

digna na sociedade.

Muitas crianças têm constrangimento e vergonha de apresentar seus pais a

sociedade ou o lugar de suas moradias, outras crianças das séries iniciais do ensino

fundamental chegam à escola sem o café da manhã e sem o almoço, esperam na

escola a refeição que para muitos é a única, nos olhares refletem: desnutrição, fome,

falta de carinho e afeto, e o medo.

49

A preocupação em levantar a auto-estima de muitas crianças está além de

querer trabalhar as informações e conhecimentos que elas também precisam. A

necessidade de matar a fome está em primeiro lugar para que depois envolva esta

criança nas atividades educacionais. Muitos pais por não possuírem o alimento em

casa mandam seus filhos para as escolas para que recebam o mínimo para aquele dia.

Quando acontece qualquer imprevisto ou incidente em que as crianças são obrigadas

a retornarem ao lar, os pais se desesperam, não por causa da perda dos conteúdos

escolares, mas pela ausência da merenda escolar, comidas que para muitos podem ser

ruins, mas são elas que muitas crianças degustam saborosamente e com alegria.

As autoridades governamentais têm contribuído com estas famílias que fazem

da merenda escolar não uma alimentação complementar, mas do dia-a-dia. Sabe-se

que a verba reservada à educação é o retorno de nossas contribuições para o sistema

público, e uma boa administração do governo faz com que a merenda escolar nunca

seja extinta da escola. O governo ainda cria projetos com o objetivo de ajudar um

mínimo de famílias carentes, mas a responsabilidade de se ter milhares de crianças

nas ruas está sobre os ombros de muitos pais que não tiveram consciência de colocar

vários filhos no mundo sem sequer ter o sustento para si próprio. É importante que se

faça planejamento quando a meta é constituir família. Os postos de saúde oferecem

gratuitamente preservativos de concepção, é óbvio que há necessidade de uma

política preventiva maior; pílulas anticoncepcionais e cirurgias devem também ser

oferecidas gratuitamente com mais frequência.

A família tem perdido a noção de seriedade com os seus atos, há crianças de

uma mesma mãe e de pais diferentes; o filho que surge destas relações aventureiras

nasce como obra do acaso. Muitas adolescentes vivem períodos precoces de

gestação, por vergonha algumas desaparecem da escola; outras constrangidas

assumem a gravidez. Com as mães destas adolescentes talvez aconteceu o mesmo.

50

Ao passar pelas ruas da cidade, crianças estão a pedir algo para sua

sobrevivência e sustento. Algumas mandadas pelos próprios pais e são obrigadas a

levar para casa suas arrecadações do dia, temendo aos espancamentos; outras

crianças encontram-se nas ruas porque realmente foram percebendo que o seu

ambiente familiar já não poderia suportá-las, por falta de mantimentos, espaço

insuficiente, brigas, espancamentos e xingamentos.

O relacionamento dos pais é importante para a vida da criança. Cabe a escola

levantar reflexões com crianças e adolescentes, que serão futuros pais, das

conseqüências que se pode ter de um relacionamento imaturo, despreparado e sem

condições de manter a paternidade.

O relacionamento pai-mãe influi profundamente no

psiquismo infantil. Geralmente, a insegurança, a

agressividade, a timidez, o baixo rendimento escolar estão

em correlação direta com o mal relacionamento dos pais.

cabe ao professor suprir esta falta, incentivando a criança e

procurando compreender seus problemas, sem pretender

resolvê-los, pois estão fora do seu alcance.(PILETTI, 1989,

p.225)

Vale discutir com os alunos o momento certo e oportuno de se assumir uma

família. É pelo despreparo de muitos pais que se observa a dificuldade que eles têm

de impor ou passar limites para seus filhos. Desde criança, o indivíduo precisa

reconhecer que sobre ele atuam leis que devem ser respeitadas. Não é fazer apologia

a determinados tipos de autoritarismos, mas deve-se desenvolver no próprio lar a

noção de um ambiente harmonioso, de paz, diálogo, afetividade, formação de valores

e respeito aos limites. Quando a família cumpre seu papel, ela envolve a escola com

esse gancho, independente da classe social que pertença.

51

4.4 A atuação da família na sociedade moderna

Em pleno século XXI, vive-se uma realidade onde a própria sociedade que

inova, muda e transforma oferece a seus seres sociais invenções e tecnologias que

vêm comprovar a necessidade de comodidade, conforto e praticidade no dia-a-dia

das pessoas; apesar destas facilidades serem apenas adquiridas por um número

reduzido de famílias que possuem poder econômico mais equilibrado.

O trabalho é necessário para todos; em função disso, os pais devem incentivar

em seus filhos a responsabilidade por consideráveis tarefas a cumprirem desde cedo.

Não significa trabalho “pesado”, ausentando até mesmo a criança da Unidade

Escolar, mas pequenos compromissos e funções dentro de casa, na finalidade de

incentivar o cooperativismo e para efeito de educação.

Werneck (2002, p.21-24) afirma que muitos pais têm produzido adeptos da

malandragem, na medida que desembolsam grandes mesadas semanais para seus

filhos pensando estarem educando. Para o autor, impõe-se uma adaptação à vida

moderna; as exigências de hoje, em termos de aplicação de trabalho, são pequenas,

mas a família deve pensar na responsabilidade de educar os filhos para aplicação de

toda a força latente e potencial. O que deseduca é não saber e não querer trabalhar

dentro dos recursos da vida moderna, geralmente à disposição da classe média. Para

o autor, é importante que os pais comecem desde cedo atribuir pequenos “trabalhos”

a seus filhos. Futuramente eles já estarão apropriados na função de se tornarem

cidadãos responsáveis por suas atitudes.

A função educativa dos pais torna-se falha à medida que a necessidade pelo

trabalho é primordial para o sustento da família, mesmo sendo trabalho assalariado e

quem sabe explorador! Os pais não dispõem de tempo suficiente para conciliar

trabalho, tarefas domésticas e ainda acompanhamento escolar ao filho. O tempo para

o diálogo com o filho talvez nem exista, o momento de relacionamento e convivência

juntos resta apenas para os fins de semana, quando acontece.

52

Alguns pais não apóiam seus filhos na educação escolar por serem

desprovidos de tais instruções que a escola transmite, mas existem muitos fatores que

contribuem para apoio no desenvolvimento escolar: acompanhamento de

freqüências, vistoria dos materiais escolares em bons estados de conservação,

conversa com os professores, diálogo com o filho e outros meios de ajuda ao

incentivo escolar.

Hoje, ao contrário de épocas remotas, o pai e a mãe têm saído ao campo de

trabalho buscando melhores condições de vida ou até mesmo sobrevivência. Não se

pode considerar exclusivamente a figura masculina como “chefe da casa”, a mulher é

aquela que não é apenas dona de casa, mulher e mãe, mas torna-se figura feminina

polivalente, ela também é profissional e estudante; é aquela que acorda cedo e

funciona como máquina, em grande velocidade, cuida dos afazeres domésticos,

encaminha os filhos para a escola e segue para seu trabalho fora do lar.

O homem e a mulher fazem parte de um jogo corriqueiro da vida e visa ao

crescimento salarial dos planos familiares, a política econômica do país exige este

trabalho ostensivo para que se tenha um mínimo remuneratório para a sobrevivência.

“A vida urbana dispersa a família, a ponto de não se enxergar os excessos de

exigência e esforço na competição pelos postos, por vezes impostos pelo status

exigido na sociedade”.(WERNECK, 2002, p.63)

Esta corrida do ser humano numa rotina de concorrências e ameaças gera um

cansaço físico e mental aumentando o índice de doenças mentais encadeando outras.

A escola assiste crianças agitadas, carentes de laços pessoais de amizade e

companheirismo, outras crianças vêm em ritmo acelerado de tarefas extra-escolares;

enfim, as crianças absorvem dos lares toda esta movimentação progressiva e agitada

de trabalhos e ações programadas.

53

A família isenta uma convivência maior e melhor entre seus componentes, a

escola recebe esta criança solitária dos aconchegos paternais, independente de classe

social que pertença. É uma criança que necessita desde cedo apresentar sua

independência e encarar a vida com seriedade. A criança percebe esta ausência dos

pais, uma ruptura prejudicial ao desenvolvimento infantil; a falta de tempo para se

dedicar ao filho ou estar com ele tem contribuído para que a escola esteja cada vez

mais sobrecarregada em sua missão de educar.

No início do século, ainda, a escola tinha unicamente a

função de “ensinar”, quer dizer, transmitir conhecimentos,

função que antigamente pertencia à família. Hoje a escola

pretende também “educar”, quer dizer, formar a

Personalidade total. A explicação deste fenômeno pode ser

encontrada na tremenda vida movimentada à qual todos os

pais estão submetidos na cidade moderna.(WEIL, 2002,

p.153)

Não só os pais convivem com esta vida agitada na cidade, mas também os

professores. Não é por causa de uma vivência agitada e difícil para sobrevivência,

que vou justificar a passagem das responsabilidades enquanto pais ou mestres para as

mãos de outras pessoas, eventuais substitutos.

Os pais têm preservado em primeiro lugar a luta pela sobrevivência,

consequência de uma política-econômica instável e cada vez mais difícil para uma

manutenção familiar. Esta primeira educação recebida no lar tende-se a reduzir à

medida que os membros familiares estão se desencontrando, o cerco familiar está

sendo quebrado. A criança precisa receber o apoio de seus pais nesta primeira escola,

o seu lar; não se diz de uma educação sistemática, mas uma educação que envolve

formação de valores, criação de bons hábitos, preservação do respeito mútuo e uma

vivência baseada em solidariedade, amor, paz, companheirismo e união familiar; os

pais são os primeiros professores na vida de seus filhos.

54

A escola deve buscar amenizar os desencontros e distanciamentos dos pais na

educação escolar. A escola é aquela que deverá por em prática alguns princípios

familiares como boas maneiras de conduta, bons cumprimentos, regras

comportamentais adequadas, respeito aos superiores, obediência aos limites impostos

no lar e na escola, diálogo, compreensão, solidariedade, paz e amor pelo próximo.

Quando se fala destas modernas famílias, não há separação de pobres e ricas;

a vida moderna exige de todos, com este grau de exigência oscilando entre os mais

ou menos favorecidos. Todas as famílias têm ido à luta, com clareza de que algumas

enfrentam mais obstáculos e problemáticas do que outras, isto se deve ao número de

filhos, à herança econômica, aos variados empregos e remunerações

correspondentes, todos vivem uma realidade de dificuldades diante de uma moderna

sociedade marcada pela má distribuição de renda ou pela audácia, injustiça e falta de

humanidade dos próprios homens do poder público que enriquecem as custas do

homem humilde, sofredor e trabalhador.

55

CAPÍTULO V

PROJETO: CLUBE DE PAIS

PROBLEMÁTICA:

Os pais estão omissos, ausentes do ambiente escolar, poucos freqüentam às

reuniões periódicas marcadas pela escola, não há preocupação se as crianças estão

aprendendo ou não, desconhecem a metodologia e o planejamento pedagógico do

professor, os cadernos dos alunos não são vistoriados ao chegarem em casa, as

freqüências não são solicitadas pelo diário de classe do professor.Os alunos estão

agressivos, sem limites, autoritários, com comportamentos inadequados ao ambiente

escolar, são faltosos de forma alternada (vem hoje, falta amanhã e sucessivamente),

desafiam professores, tomam posse de material dos colegas (alunos carregam suas

mochilas para irem ao banheiro ou deixam com alguém de mais confiança e amizade,

temendo ficarem sem lápis, borracha, fichários, etc.). O vocabulário dos alunos é

repleto de palavras agressivas e “palavrões”.

METODOLOGIA:

De acordo com as reuniões de pais que são realizadas pela escola, análise de

dados e entrevistas com pais e alunos, mediante questionário com perguntas básicas,

verifica-se que: pais trabalham o dia todo, a maioria dos pais são separados (a mãe é

em geral a controladora de tudo); as moradias são precárias em comunidades

carentes, com poucos cômodos; as famílias possuem em média mais de 04 filhos e

menores (os filhos ficam em creches ou estudam na mesma escola e horário dos

outros irmãos), prova-se isto quando falta algum professor de jardim de infância; os

maiores levam os irmãos menores para suas salas de aula.

56

OBJETIVOS:

- Estabelecer meios de entrosamento dos pais com a escola;

- Amenizar a indisciplina de muitos alunos que dificultam o trabalho do

professor em sala de aula;

- Comprometer o professor com sua atividade e planejamento diante da série

que atua, demonstrando trabalho e ação pedagógica;

- Avaliar o trabalho dos alunos, do professor, a atuação da escola e o

compromisso dos pais na educação;

CRONOGRAMA: Todo sábado das 14:00h às 18:00h

CLIENTELA: Pais de alunos abrangendo todas as séries em qualquer

segmento do 1ºgrau e até mesmo 2ºgrau, de escolas públicas ou particulares.

Público alvo do projeto: Pais de alunos da 5ª série de uma escola municipal

(01.07.012) E. M. Gonzaga da Gama Filho.

AMBIENTE: Refeitório de aproximadamente 100 m2

DESENVOLVIMENTO:

1) Estabelecer um meio de comunicar com os pais e professores sobre a data

que funcionará o clube de pais, através de carta-convite cada responsável pelo aluno

e cada professor estará tomando ciência de seu compromisso aos sábados à tarde.

Serão comunicados em primeiro momento 80 pais que serão escolhidos previamente

em conselho de classe com os professores para fazerem parte deste clube sem que

sejam taxados como pais de alunos problemáticos em disciplina ou que têm mau

comportamento em sala de aula. Cada pai participante do clube terá uma carteirinha

rubricada pela coordenadora do projeto que estará registrando sua freqüência ao

clube.

57

2) No momento da chegada de cada responsável, será recolhida a carteirinha

do clube confeccionada em folha de ofício xerocada, e a mesma apresentará um

número fixo de identificação; facilitando assim possíveis e posteriores sorteios de

brindes.

3) A coordenadora do projeto ou a coordenadora pedagógica da escola dará

abertura ao evento apresentando professores, pais, convidados especiais, as

atividades do dia e os horários a serem cumpridos. ( 10min)

4) Apresentação de algum grupo musical da comunidade convidado sem fins

lucrativos, ou apresentação de grupo de alunos juntamente com o professor de

música da escola.(20min)

5) Mesa redonda com professores, orientadores educacionais, psicólogos,

médicos, psicopedagogos e outros voluntários discutindo temas mais gerais como

planejamento familiar, a importância da interação dos pais na vida escolar da criança

e a necessidade da preservação dos valores sociais e boas regras de conduta.(30 min)

6) Aproveitar o momento para expor painéis com os grupos de sala de aula

que são atuantes e interessados, e apresentar filmes com atividades ou jogos que

foram desenvolvidos em sala de aula. Apresentar filmes educativos curtos que

estimulem os pais a continuarem num mesmo nível de comprometimento escolar ou

com maior intensidade.(20min)

7) Organização de oito mesas debatedoras onde professores de cada disciplina

estarão diante de uma das mesas com 10 pais, para que sejam discutidos os

problemas e situações de destaques e elogios de forma mais detalhada;

proporcionando momento de entrosamento maior entre pais e professores. Os

professores envolvidos em cada mesa serão de matemática, português, geografia,

história, ciências, música, espanhol e educação física.

58

As mesas receberão em momentos intercalados e planejados um professor de

cada disciplina e cada professor estará mostrando seu planejamento semanal, as

atividades, avaliações e trabalhos que foram desenvolvidos em sala de aula, faltas e

presenças dos alunos, problemas que aconteceram com determinados alunos, elogios

merecedores de destaques.

O responsável pelo aluno terá oportunidade de se pronunciar mediante as

situações apresentadas. Os professores permutarão seus lugares nas mesas mediante

20min de conversa e demonstração no grupo de 10 pais. (8 mesas, 2h40min).

Entrevistas podem ser marcadas com as famílias em horários adequados às suas

disponibilidades, a fim de conhecer mais os pais, parte de suas histórias de vida e

visitar alguns lares de crianças mais problemáticas em comportamento e dificuldades

de aprendizagem.

8) Eleger e convidar pais representantes, semanalmente, para assistirem um

horário de aula juntamente com os filhos, na medida que haja disponibilidade; estas

visitas comprometerão todo o espaço escolar, não somente os filhos, mas também os

colegas de sala de aula envolvidos com os filhos, inclusive filhos de vizinhos ou

parentes. Sorteio de 8 (oito) brindes entre os pais do clube de acordo com a

numeração das carteirinhas.

9) Criar oficinas de maquiagem, corte de cabelo, manicure e outras atividades

que possam abrilhantar o encontro, estes profissionais podem constituir-se de pais,

professores ou outras pessoas voluntárias da própria comunidade, sem fins

lucrativos. Este trabalho pode ser desenvolvido ao longo do evento; à medida que

haja intervalos, os pais podem se beneficiar com uma das oficinas oferecidas.

10) Distribuição do lanche aos convidados e participantes. Cachorro-quente

com guaraná para aproximadamente 100 pessoas. O cafezinho estará sendo servido

ao longo do evento em espaço reservado à parte.

59

AVALIAÇÃO:

Já no fim da tarde, cada pai responderá um pequeno questionário distribuído

em folhas de ofício xerocadas.

a) Nome:

b) Endereço e Telefone:

c) Identificar o dia e horário disponível para estar como visitante e ouvinte

na sala de aula juntamente com aluno e professor.

d) De que maneira você pode contribuir com o professor e a escola para

sanar toda a problemática apresentada?

Os alunos despertarão interesse em apresentar semanalmente seus trabalhos

nos clubes da escola em fins de semana; os professores trabalharão suas propostas e

conteúdos já que estão comprometidos em participar suas atuações; a indisciplina dos

alunos e os comportamentos indesejáveis estarão sob olhares de alguns pais ou mães

representantes dentro da própria sala de aula, que estarão ali como convidados; o

entrosamento dos professores com os pais dos alunos estabelecerá um grau de

convivência melhor entre eles, estabelecendo assim relacionamentos de amizade e

contatos mais próximos e contínuos.

Os pais terão compromisso com o clube de final de semana abrindo margem

para uma família maior constituída também da escola. Valores sociais serão

compartilhados, estruturados ou apreendidos durante a troca de convívio entre pais ,

alunos e professores. Os professores aproveitarão o ensejo para verificar o tipo de

relacionamento de seus alunos com seus pais biológicos ou não, observando também

o comportamento e a disciplina que apresentam diante deles. A escola estará mais

próxima de todos e todos farão parte da escola, comprometendo-se com ela os pais e

a comunidade em geral. Este projeto estará fazendo parte do planejamento semanal

de cada responsável.

60

PLANILHA DE CUSTO

Valor em Reais

Aluguel de fita de vídeo 3,00

300 folhas de ofício 6,00

xerox 10,00

100 copos descartáveis para cafezinho 2,00

200 copos descartáveis (médio) 4,00

1kg de pó de café 3,00

2kg de açúcar 2,40

refrigerante (15 litros de guaraná) 15,00

80 canetas 8,00

água (garrafão) 4,00

gás de cozinha (%) 3,00

energia elétrica (%) 5,00

pão careca (20 pacotes de 12 pães) 30,00

salsicha 30,00

cebola 2,40

61

pimentão 1,00

polpa de tomate 3,00

óleo 2,00

sal 0,50

200 guardanapos 3,00

8 brindes (2,00 cada) 16,00

biscoitos salgados 5,00

TOTAL R$158,00

Os 08 professores envolvidos (matemática, português, geografia,

história, música, ciências, espanhol e educação física), a coordenadora pedagógica,

01 merendeira e 01 servente terão uma folga na semana de acordo com escala da

direção da escola sem que haja prejuízo no horário escolar. O dia de sábado será

compensado por outro dia, já que não há pagamento extra do dia trabalhado, ou seja,

o trabalho deste dia de sábado não será remunerado.

62

PLANTA BAIXA

63

CONCLUSÃO

A dedicação dos pais na educação de seus filhos é algo muito precioso, a

criança percebe quando pais e educadores preocupam-se com seu aprendizado e

trabalhos que desenvolve em sala de aula. Segundo Celso Antunes (2003, p.VIII), o

desenvolvimento do potencial humano precisa da solidariedade e da empatia de uma

mão amiga, de um olhar afetuoso, de uma mensagem de esperança; é indispensável

que nossos filhos e netos encontrem companhia em seu crescimento e que o carinho

e o estímulo sejam os alimentos que abram as janelas do futuro; não existe missão

mais linda, desafio mais admirável do que fazer uma criança crescer. Por isso, a

construção do afeto não pode esperar.

Existe um enorme peso atribuído à educação escolar e conseqüentemente aos

educadores; a escola arca com toda obrigação de educar a criança tanto na educação

formal quanto informal. O reforço dos conteúdos trabalhados em sala de aula pode

até vir dos pais, mas também é analisada a questão de que muitos pais não tiveram a

oportunidade dessa educação escolar; porém, os pais muito contribuem quando

estimulam a realização das tarefas escolares, passam valores de respeito ao ambiente

escolar, preservação e cuidado com o material escolar, dialogam com os filhos sobre

as experiências vividas no seu dia-a-dia criando assim uma relação de preocupação

pelo aprendizado e conduta do filho.

Torna-se construtivo e inovador para o aluno a realização das tarefas

escolares que contam com a participação dos pais. Os recortes de jornais com

notícias mais relevantes da semana, listas de compras que fizeram em supermercados

ou lojas, os passeios de feriados ou fins de semana, receitas de bolos, doces,

salgados, etc. são simples tarefas do dia-a-dia que auxiliam o trabalho do professor e

demonstram a responsabilidade dos pais enquanto educadores. Um acompanhamento

não necessariamente obrigatório e de todos os dias, mas aproveitar o momento que

acontecer e fazê-lo de forma prazerosa.

64

Não se propõe policiamento dos pais em relação à escola, mas uma forma de

interagir com o processo escolar de seu filho com a finalidade de ajudar num bom

desempenho; a escola receberá com prazer todas sugestões, ajudas, soluções, idéias,

opiniões e insatisfações. É demonstração de significância para a vida escolar.

Os alunos existem em grande quantidade, as salas de aula não suportam a

demanda, a escola talvez ocupe um lugar na comunidade onde a violência é viva; a

escola deve ser vista mais de perto pelos pais e por nossas autoridades políticas. As

crianças passam 4 horas de seu tempo diário numa sala de aula de ensino regular e a

maior parte do tempo está comprometida com informações, ações ou situações que

são gerados a partir do meio social.

Quando acontece “O Dia dos Pais na Escola”, a freqüência dos pais é maior

na expectativa de visita, observação e cumprimento do dever. Vale então criar “As

Semanas dos Pais na Escola”, onde pais combinarão com os educadores de seus

filhos um horário que eles tenham disponível para realizar os encontros, debatendo as

situações-problema e procurando solução. Os horários de palestras e reuniões com

pais e educadores devem ser anotados de acordo com a possibilidade de cada pai ou

responsável, inclusive sábados ou domingos; depois da coleta de sugestões, a escola

estuda a possibilidade de encaixe para cada responsável sem danificar o trabalho

profissional, sem perdas para os pais que vivem em rotinas de trabalho, e

possibilitando a interferência de todos na escola. Os pais colocariam suas

dificuldades e procurariam meios de entrosamento; por outro lado, os educadores

demonstrariam as dificuldades de relacionamento ou de aprendizagem que estavam

acontecendo com as crianças e juntos discutiriam e planejariam soluções para

amenizar o problema ou solucioná-lo. Para melhor conhecer a realidade dos pais

pode-se coletar dados a partir de entrevistas com questionário misto (Anexo I, p.70)

ou com simples conversa informal.

65

Durante a entrevista o professor deve estabelecer uma

relação amigável e simpática com o entrevistado...O contato

com os pais da criança – na escola ou na casa da criança –

é muito importante. Se o professor visitar a família da

criança, poderá conhecer mais de perto as condições físico-

sociais em que esta vive e, assim, poderá compreendê-la

melhor. Comece a entrevista enumerando qualidades do

aluno. Isto é importante para não passar aos pais apenas

uma imagem negativa de seu filho. Deve-se, também ter o

cuidado de não rotular o aluno. É importante saber ouvir.

Estimule os pais a falarem e escute com atenção o que eles

têm a dizer. Procure saber o que os pais pensam e sentem

em relação à criança. Verifique se os pais concordam ou

discordam da educação dada ao seu filho na escola.

Procure verificar, também, os seguintes aspectos: o

interesse dos pais pelo filho, se a criança é filho único ou

tem irmãos, se os pais são muito tolerantes ou muito

exigentes, a situação sócio-econômica, o nível cultural dos

pais, etc.(PILETTI,1989, p.209)

A escola e a família trabalhando unidas, todos os setores escolares estarão

envolvidos e comprometidos em apresentar seus trabalhos: professores e alunos,

serventes, merendeiras e direção. Pais que estejam interessados em conhecer melhor

a escola e conhecer seus filhos dentro dela. Não se pode rotular o tipo de escola para

implementar tal projeto, pública ou particular. Todas enfrentam problemas, mesmo

que sejam diferentes em sua natureza.“Há ótimas e péssimas escolas particulares, o

mesmo acontecendo com as escolas públicas”(WEIL, 2002, p.63).

66

Os colégios modernos procuram resolver o problema da

aproximação da família e da escola criando clubes de pais e

mestres, ou, pelo menos, reuniões periódicas, à noite, ou

sábado, à tarde. Nesses clubes, pais e professores discutem

assuntos de educação ou assistem às palestras ou filmes

sobre como criar ou instruir os filhos. Tais iniciativas

encontram grande receptividade por parte dos pais e

constituem ótimo terreno de maior compreensão entre pais e

professores. Além disso, as repercussões sobre os alunos são

as melhores possíveis”(WEIL, 2002, p.68).

O professor assume hoje um conceito de “polivalente”; instrui os conteúdos

programáticos, cuida de hábitos de higiene, introduz valores familiares e sociais,

transmite princípios de relacionamento pessoal, ouve e analisa desabafos, enfim, o

educador recebe toda esta clientela problemática do presente século. Toda

problemática que envolve a família contribui ainda mais para desestruturar a mente

de nossas crianças e jovens que convivem com a separação dos pais, tutelas de avós,

trabalho X estudo, vivem numa comunidade que apela pela lei da sobrevivência.

Cabe à escola, aos educadores juntamente com os pais, levarem esta reflexão

aos alunos de que são seres livres e criadores da própria identidade, capazes de

ampliar seus saberes, independente das dificuldades de suas origens e de um sistema

de concorrências e pouca oferta de trabalho.

Vive-se num mundo onde o “eu” e o “próximo” precisam viver em harmonia,

todo o ser humano depende um do outro. A família e a escola precisam dar as mãos e

lutarem em conjunto para um bom desenvolvimento das crianças que são o futuro do

País. Os professores não podem continuar “sozinhos” diante do complexo ato de

ensinar, e que recebem críticas e conceitos de uma educação precária e péssima ao

longo dos tempos.

67

Existe “escola” e “escola” onde se deve respeitar as particularidades de cada

uma e as individualidades de cada criança que embarca neste veículo que deverá

sempre acomodar a todos. É exatamente com estes governantes de hoje, com a escola

que se trabalha atualmente, com estas mesmas crianças do dia-a-dia e com o presente

sistema educacional e político que se deve enfrentar os problemas, desafiar os

obstáculos e caminhar sem medo para a mudança.

Não vale apenas o belo discurso educacional ou esperar alguém mudar ou

tomar atitude, a mudança não é para um futuro com outras pessoas agindo e outro

sistema em andamento; a atuação deve começar com a realidade de hoje. Não se

pode mudar o mundo, mas a mudança começa a partir de nós mesmos! É começar a

mudar pela sua própria sala de aula e pelo convívio com os próprios colegas de

trabalho.

Não adianta esperar por super-homem ou mulher-maravilha que irão iniciar

esta mudança na educação. Mude com o trabalho de suas próprias mãos, contagie as

crianças e os pais com esta mudança! Ao término deste trabalho e obra, todos os

educadores (pais e professores) estejam determinados e convencidos de que melhoras

poderão acontecer no sistema educacional desde o momento em que as mãos são

unidas e busca-se sair do discurso para a ação.

68

BIBLIOGRAFIA

ANTUNES, Celso. A construção do afeto. 5ªed. São Paulo: Augustus, 2003.

CARVALHO, Irene Mello. Introdução à psicologia das relações humanas. Fundação

Getúlio Vargas. RJ, 1969.

COTRIN, Gilberto. Educação para uma escola democrática: história e filosofia da

educação. 3ª ed. São Paulo: Saraiva, 1989.

[Estatuto da Criança e do Adolescente (1996)]. Lei nº 8069, 13 de julho de 1990. RJ

FADIMAN, James. Teorias da Personalidade. James Fadiman e Robert Frager. São

Paulo: Harbra, 2002.

JORNAL, O DIA, 15-05-2003; 2ª edição

LAROSA, Marco Antônio. Como produzir uma monografia passo a passo...siga o

mapa da mina / Marco Antônio Larosa, Fernando Arduini Ayres. RJ: WAK, 2002.

LAROUSSE, Cultural. Dicionário da Língua Portuguesa. SP: Nova Cultural Ltda,

1992

MARANHÃO, Diva Nereida Marques Machado. Ensinar brincando: a aprendizagem

pode ser uma grande brincadeira. RJ: Wak, 2001.

MILLOT, Catherine. Freud Antipedagogo. Tradução, Ari Roitman. RJ: Jorge Zahar,

2001.

MORAIS, António Manuel Pamplona. Distúrbios de Aprendizagem: uma abordagem

psicopedagógica. 9ª ed. São Paulo: EDICON, 2002.

PETRAGLIA, Izabel Cristina. Edgar Morin: A educação e a complexidade do ser e

do saber. 7ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002.

PILETTI, Claudino. Didática Geral. 10ª ed. RJ: Ática, 1989.

69

REVISTA, Escola e Família; A prefeitura do Rio, Secretaria Municipal de Educação,

Ano I, nº 1, Inverno 2003

WEIL, Pierre. A criança, o lar e a escola. 23ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes,2002.

WERNECK, Hamilton. Prova, provão, camisa de força da educação. Petrópolis, RJ:

Vozes, 1995.

WERNECK, Hamilton. Se a boa escola é a que reprova, o bom hospital é o que

mata. 8ª ed. RJ: DP&A, 2002.

WERNECK, Hamilton. Se você finge que ensina, eu finjo que aprendo.

Petrópolis,RJ: Vozes, 21ª ed. 2002

70

ANEXO I

Entrevista aos pais:

1) Quantos filhos possui? Pai e mãe vivem juntos?

2) Quantos cômodos tem a casa em que vive?

3) Os filhos estudam em Escola: estadual municipal particular

4) Os responsáveis trabalham fora? Caso trabalhem fora, com quem ficam os

filhos e qual é o trabalho realizado?

5) Qual é a série que seus filhos cursam?

6) Você tem o hábito de olhar o material escolar de seu filho? Em que momento

você vê seu filho estudando?

7) Quando você conversa com seu filho? Sobre quais assuntos?

8) Onde passeia com os filhos? Em qual lugar vocês vão juntos sempre e com

que freqüência? Todos os dias, Fins de semana, Feriados, Férias

9) Como você avalia o trabalho do professor de seu filho?

10) Que outra atividade seu filho possui além da escola?

11) Participa das reuniões de pais? Por quê?

12) Você acha que seu filho tem dificuldade de aprendizagem? Por quê?

13) Qual é o comportamento de seu filho em casa?

14) Até que série você estudou?

15) Qual é o tempo disponível que você tem para ir à escola conversar com os

professores? Coloque dia e horário; incluindo, se houver necessidade, sábado ou até

domingo.

71

ANEXO II

72

ANEXO III

73

74

75

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 14

CAPÍTULO I 18

A CRISE FAMILIAR E EDUCACIONAL

1.1 O RETRATO DA CRISE EM DEPOIMENTOS 19

1.2 A VIOLÊNCIA QUE ATINGE TODOS 22

1.3 A FAMÍLIA ESTÁ MORRENDO! 24

1.4 AGONIA PLANETÁRIA 26

CAPÍTULO II 30

EDUCAR É PARA A FAMÍLIA OU PARA A ESCOLA?

2.1 A FAMÍLIA EM PRIMEIRO LUGAR 30

2..2 QUANDO A FAMÍLIA DESCONHECE SEU PAPEL 32

2.3 A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA SEGUNDO FREUD 34

CAPÍTULO III 37

DIFERENTES FAMÍLIAS E FAMÍLIAS DIFERENTES

3.1 AS DIFERENTES REALIDADES FAMILIARES 38

3.2 O TRABALHO DO PROFESSOR DIANTE DAS DIFERENTES REALIDADES 41

76

CAPÍTULO IV 42

AUTO-AVALIAÇÃO FAMILIAR

4.1 O SILÊNCIO NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS 43

4.2 AS VARIADAS RELAÇÕES PAIS E FILHOS 44

4.3 A NECESSIDADE DO PLANEJAMENTO FAMILIAR 47

4.4 A ATUAÇÃO DA FAMÍLIA NA SOCIEDADE MODERNA 51

CAPÍTULO V 55

PROJETO: CLUBE DE PAIS

CONCLUSÃO 63

BIBLIOGRAFIA 68

ANEXO I 70

ANEXO II 71

ANEXO III 72

ÍNDICE 75

FOLHA DE AVALIAÇÃO 77

77

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “Lato Sensu”

Título do livro: A família na escola

Data da entrega: ____________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

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____________________________________________________________________

AVALIADO POR:

____________________________,______de_____________________de______.