A Face Oculta de Berlim (2013)

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Berlim A Face Oculta de Berlim GUIAS INSÓLITOS DO MUNDO Vítor Manuel Adrião 2014

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GUIAS INSÓLITOS NO MUNDO - Vitor Manuel Adrião

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  • Berlim A Face Oculta de Berlim

    GUIAS INSLITOS DO MUNDO Vtor Manuel Adrio

    2014

  • ____________________________________________________A Face Oculta de Berlim

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    A Face Oculta de Berlim Por Vitor

    Manuel Adrio

    Quarta-feira, Set 18 2013

    lusophia 03:03

    2014

  • Lusophia | 2013__________________________________________________________

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    Impresso e Edio:

    Etlides Edies

  • ____________________________________________________A Face Oculta de Berlim

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    INDICE

    SIMBOLISMO ESOTRICO DA PORTA DE BRANDEMBURGO .......................................... 4

    ESTTUA EQUESTRE DE FREDERICO II E A MAONARIA ............................................... 6

    SIMBOLOGIA ESOTRICA DO DOMO DE BERLIM .......................................................... 8

    O OBLISCO DA VITRIA E O GENIUS LOCI ................................................................ 10

    OS URSOS PROTECTORES DE BERLIM ......................................................................... 12

    SIMBOLOS TELRICOS NA ARNSWALDER PLATZ ........................................................ 14

    A ORDEM DO ESPRITO SANTO NO MUSEU HUGUENOTE ........................................... 16

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    SIMBOLISMO ESOTRICO DA PORTA DE BRANDEMBURGO

    No h quem no conhea a Porta de Brandemburgo (em alemo, Brandenburger Tor),

    em Berlim, sim, como monumento artstico, mas igualmente so poucos, raros os que

    conhecem o seu significado oculto, esotrico, que perpassa a politizao deste portal

    monumental pelas variadas tendncias que periodicamente surgiram no cenrio poltico-

    social germnico e norte-europeu, mas acabaram desaparecendo com a evoluo da

    sociedade acompanhando tempo. A mensagem ocultada, inicitica, desta Porta

    intemporal como quis que assim fosse o rei prussiano Frederico Guilherme II (Berlim, 25.8.1744 Potsdam, 16.11.1797), distinto iniciado nos altos graus da Maonaria Alem, que encomendou a sua execuo ao arquitecto Carl Gotthard Langhans

    (Landshut, Silsia, 15.12.1732 Grneiche, Wroclaw, 1.10.1808), possivelmente tambm maom.

    A Porta de Brandemburgo foi construda entre 1788 e 1791, aberta sobre outras portas

    nos muros medievais de Berlim, entretanto desaparecidos, e levava directamente ao

    palcio real pela actual Unter den Linden, uma das principais avenidas da cidade. Pela

    sua posio central destacada no ponto mais ocidental de Berlim, pela sua feio de

    portal grego inspirado no Propileu da Acrpole de Atenas, Grcia, a Brandenburger Tor

    expressa a passagem das trevas da ignorncia para a luz da sabedoria, esta mesma que

    pela sua universalidade representada nos doze signos do Zodaco gravados no friso superior do monumento assim expressando o Universo inteiro. Para reforar esse sentido

    cosmolgico, o prtico suportado por seis pares de colunas dricas perfazendo o valor

    total dos doze signos zodiacais, divididos por dois corpos laterais simtricos, porticados

    e sobrepujados por frontal triangular, em guisa de representar as Trs Pessoas da

    Santssima Trindade ou Deus Uno-Trino, o mesmo Grande Arquitecto do Universo. H

    cinco vos centrais por onde passam cinco estradas, aqui interpretadas simbolicamente

    como passagens das almas de um estado para outro, ou seja, do domnio profano assinalado extra-muros da cidade para o espao sagrado da prpria cidade, segundo a concepo manica do germanismo iluminado do sculo XVIII aplicada a Berlim. Mas

    as almas chegadas aqui, por aqui no ficavam muito tempo: aps receberem a luz da

    sabedoria, partiam a difundi-la pelo mundo, o que acabou extravasando na noo e

    consequente difuso do imperialismo germnico que, mesmo assim, tinha bases sagradas

    distantes dos acidentes temporais entretanto surgido no palco da Histria, donde o

    epteto sacro imprio. De maneira que essas cinco artrias passando sob a Porta de Brandemburgo vm a representar os cinco regatos vitais por onde escoa a energia vital dos cinco elementos da Natureza (Terra, gua, Fogo, Ar e ter) por onde transitam os berlinenses e outros levando o conhecimento vivo ao mundo. Tudo isto, ressalte-se,

    numa concepo iluminista estritamente estritamente local, mesmo assim extravasada no

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    pangermanismo que no sculo XIX

    defendia a unio dos povos germnicos

    da Europa Central.

    assim que esta Porta tambm possui o

    significado de Arco da Vitria ou do Triunfo, enquandrando-se no sentido da translatio imperii (transladao de imprios) que os maiores lteros germnicos encomiaram no seus

    escritos talvez inspirados no simbolismo

    deste monumento. Mas sonhando

    sobretudo um imprio onde a Paz fosse

    universalmente vitoriosa, impondo a razo e a concrdia discrdia belicista, a partir da

    prpria Porta de Berlim. Por isso colocou-se no topo deste monumento uma das deusas

    Horas da mitologia grega, que so que presidem s estaes do ano, portanto, aos ciclos

    do tempo, precisamente Irene (inspirada na ris grega e na sis egpcia), a deusa da Paz como a mesma Pax latina, filha de Zeus descrita como uma bela jovem que aparece com

    diversos atributos simblicos: uma cornucpia, um ceptro, uma tocha ou um rython,

    recipiente destinado a conter os lquidos usados nas libaes rituais dos antigos gregos

    (retratadas no friso frontal imediatamente abaixo). Aqui Irene carrega o ceptro, ou

    melhor, o basto com a Cruz Teutnica (da antiga Ordem de Santa Maria dos Alemes

    ou Ordem dos Cavaleiros Teutnicos de Santa Maria de Jerusalm, em latim, Ordo

    Domus Sanctae Mariae Theutonicorum) fechada no laurel sobrepujado pela guia

    imperial que tambm fazia parte das Armas do Gro-Mestre da Ordem Teutnica, fundada em S. Joo de Acre, na Palestina, no final do sculo XII e que desde 1809,

    quando Napoleo Bonaparte decretou a sua extino, s sobrevive como simples ordem

    honorfica.

    O facto da deusa Irene deslocar-se numa quadriga puxada por quatro possantes cavalos, aluso ao movimento, deslocao no sentido do eixo berlinense para outras partes

    geogrficas at onde a ideia anmica (donde nima e animal) de imprio chegasse e se

    impusesse, mas pela Paz incarnada nesta deusa que tambm era a Porteira do Olimpo ou

    o Paraso mitolgico. Por tudo isso, este conjunto escultrico leva o nome de Quadriga

    da Vitria.

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    ESTTUA EQUESTRE DE FREDERICO II E A MAONARIA

    Postada no Unter den Linden, a esttua equestre do imperador Frederico II, o Grande,

    est entre os projectos artstico-monumentais mais grandiosos de Berlim e conhecida

    vulgarmente entre os locais como Alte Fritz, sendo pomo de inmeras discusses

    intelectuais por suspeitas justificadas da mesma ocultar algum tipo de mensagem

    esotrica que passa desaspercebida maioria daqueles que a contemplam.

    Esta esttua de bronze com 13,5 metros de altura, por incrvel que parea demorou quase

    70 anos para ser determinada como deveria ficar, envolvendo 40 artistas e 100 projectos,

    at que por fim o escultor Christian Daniel Rauch iniciou a sua construo em 1839 e

    concluiu-a em 1851, dedicando quase 20

    anos da sua vida obra deste projecto nico. Por aqui deduz-se que poderia ser

    uma esttua qualquer a que figurasse

    Frederico, o Grande, rei da Prssia de 1740

    a 1786. Este monumento est

    maravilhosamente ornamentado com o

    monarca trajado com o uniforme oficial no

    topo montando o Conde, seu cavalo favorito. Mais abaixo, apresentam-se outras tantas esttuas em tamanho real a cavalo em

    cada ngulo, representando os quatro

    comandantes de cavalaria de Frederico II: o

    Prncipe Henrich da Prssia, o Duque

    Ferdinand de Brunswick, alis, muito

    famoso nos meios manicos germnicos, o

    General Friedrich Wilhelm von Seydlitz e o

    General Hans Joachim von Ziethen. No mesmo nvel destacam-se outras 21 esttuas de figuras notveis da poca deste grande

    rei da Prssia que se destacaram nas armas, na poltica, na cincia e na arte. Mais acima

    e prxima da esttua equestre do monarca, aparecem em relevos cenas da sua vida

    acompanhadas das virtudes e musas alusivas s mesmas que iluminaram e inspiraram a

    sua vida de que deixou provas sobejas, a principal, porventura, a de ter dado

    modernizado Berlim mudando-lhe a feio medievalista que ainda havia. Para isso,

    como se v neste monumento onde aparece um arquitecto em postura hiertica quase ou mesmo sinaltica secreta manica apresentando o esquisso da nova Berlim, alterou a estrutura urbana, ordenou a construo de monumentos que vieram a abrilhantar a

    cidade, respeitou a liberdade de culto, cultivou as arte e letras, tendo fundado um jornal

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    de lngua alem e francesa e ordenado a construo da Casa Real de pera, inaugurada

    em 1742. Alm disso, mandou reduzir os preos dos bens alimentares, sobretudo do

    milho, e ordenou a abolio da tortura. Independentemente das vicissitudes que

    acompanham sempre as vidas dos homens notveis, ele foi realmente Grande, e boa parte desse comportamento cvico deve-o sua formao moral e cultural no seio da

    Maonaria onde respeitado e at cultuado como a personagem principal dessa Ordem

    Inicitica por ele marcada at

    hoje. O aspecto marcial deste

    monumento acaso significar a

    fora avassaladora da

    Maonaria por que Frederico

    II agiu secretamente mudando os rumos poltico-econmicos

    e scio-culturais da Alemanha,

    particularmente de Berlim.

    Frederico II (Berlim, 24.1.1712 Potsdam, 17.8.1786), segundo As

    Constituies da Maonaria

    ou Ahiman Rezon, publicada

    pela Grande Loja da Irlanda

    em 1858, foi iniciado nessa

    Ordem em 1738 e depois, em

    1744, fundado e sido Gro-Mestre da Grande Loja Trs Globos, a qual aparentemente finalizou a actividade em

    1747, e no o monarca ao

    contrrio do que se diz. Em

    1761 pediu ao seu

    representante que convocasse

    um Grande Consistrio de Prncipes do Segredo Real em Paris, a fim de dar uma patente ao maom francs Stephen

    Morin para que apresentasse ao mundo as virtudes e luzes do sistema manico. Esse

    acto levou a que Frederico II fosse interpretado como um dos principais instigadores da

    Revoluo Francesa, talvez por sua intimidade com dois personagens controversos do

    mundo esotrico at hoje mas que andavam prximos dos monarcas franceses: o Conde

    de Saint-Germain e o Conde de Cagliostro. Por fim, em 1762, Frederico, rei da Prssia,

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    foi proclamado Grande Inspector-Geral Soberano do 33. Grau para a Europa e Amrica

    do Norte.

    O nome de Frederico II encontrado com frequncia nos rituais dos Rito Escocs Antigo

    e Aceite, atribuindo-se-lhe a autoria dessa Ordem com os seus 33 Graus por as suas

    Grandes Constituies de 1. Maio de 1786 terem sido redigidas pelo prprio monarca,

    j acamado no leito de morte como derradeira tentativa de valorizar a Maonaria na

    Amrica e estancar a quebra de credibilidade que a venda dos seus Graus provocara na

    Europa. Poder ser, mas quanto a ter sido fundador da Maonaria Escocesa no passa de mito para nobilitar mais ainda a sua pessoa e aco no seio dessa Ordem. Os altos Graus

    do Rito Escocs tiveram incio em Paris, em 1758, com a criao do Conselho dos

    Imperadores do Oriente e do Ocidente que instituiu o Rito de Perfeio ou de Heredom,

    com 25 Graus, influenciado pela aristocracia culta e pelo clero atravs de alguns

    membros distintos da Companhia de Jesus, portanto, jesutas.

    Independentemente de todos esses elementos histricos desconhecidos da maioria das

    pessoas, fica o monumental desta esttua de Frederico II a cavalo na feio marcial de

    quem esmaga as trevas do passado social e conduz o povo s luzes do progresso e da

    cultura hoje reconhecidas universalmente em Berlim. Esta ser a derradeira mensagem

    maior da Alte Fritz.

    SIMBOLOGIA ESOTRICA DO DOMO DE BERLIM

    O Berliner Dom ou Domo de Berlim, construdo entre 1894 e 27 de Fevereiro de 1905,

    encontra-se na Ilha dos Museus e vizinho do Lustgarten e do Berliner Stadtschloss

    (sede do governo municipal de Belim), sendo a maior igreja evanglica da Alemanha comparada e considerada como contrapeso protestante baslica de So Pedro de Latro

    no Vaticano, Roma, isto pelas suas dimenses monumentais de 114 metros de

    comprimento, 73 metros de largura e 116 metros de altura. Por ser igualmente

    igualmente a principal referncia monumental do luteranismo que por sua leitura e

    interpretao livre e reformista das escrituras sagradas, figuram neste templo as esttuas

    dos principais telogos protestantes alemes e, sobretudo, alguma simbologia manica

    na sua estaturia e arquitectura que se explica por muitos dos maons cristos dos sculos XVIII e XIX igualmente postularem o evangelismo mais aberto s suas ideias

    particulares que o catolicismo exegtico que no permite leituras nem interpretaes

    heterodoxas estranhas aos cnones ortodoxos, oficiais, da sua teologia.

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    Tanto assim que alguns maons do Rito

    de Heredom chegam a associar esse nome

    ao significado de Domo como Casa de Santidade, ou seja, Hiero, Santo, e Domo, Casa, donde Heredom. Poder ser, mesmo com essa interpretao

    filolgica trescalando a tendenciosismo

    que, aqui e ali, repara-se neste templo

    berlinense. O certo que o domo representa

    universalmente a abbada celeste. O

    conjunto deste edifcio com a sua cpula

    torna-se assim a imagem do Mundo manifestado. A cpula repousa sobre

    quatro pilares de construo de base

    quadrangular, o que transfere para o

    simbolismo tradicional segundo o qual o

    Cu cobre e a Terra sustenta, porque na

    concepo dos antigos o Cu era redondo e

    a Terra era quadrada, o que transfere para

    o sentido geomtrico da quadratura do crculo, ou seja, um crculo dentro de um quadrado e cuja mensagem derradeira a

    de que a Terra (quadrado) contm o Cu

    (crculo) que a anima como Esprito

    interior da mesma que assim expressa o Corpo, a Matria.

    Tal como na Maonaria a abbada do Templo o seu domo expressando o Cu e as suas

    Potncias Espirituais reflectidas no estrelado dourado sobre fundo azul onde aparecem os

    planetas e os signos do Zodaco, donde o seu nome abbada celeste, tambm na abbada

    do Domo de Berlim a Luz do Sol ou do Logos como Esprito Santo projecta-se do alto

    pelo seu culo central e os oito janeles laterais cada um dividido em trs partes (38 =

    24), cujo valor numrico evoca os 24 Ancios do Apocalipse centrados mesa do

    Cordeiro de Deus, aqui representado pelo vitral central com a Pomba do Esprito Santo expressiva de Deus manifestado, isto , do Cu iluminando a Terra que contm em si o

    Esprito de Deus, presente neste templo, e tudo em dourado sobre fundo azul, cores dos

    raios solares espargindo-se pelo espao cerleo.

    Tal como os maons reconhecem e cultuam sete Espritos Planetrios ou Arcanjos (Mikael, Gabriel, Samael, Rafael, Sakiel, Anael, Kassiel) e mais um oitavo sntese de

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    todos a quem chamam IHVE, Adonay ou Senhor, em hebraico, observa-se neste Domo,

    nos frisos da cpula cimeira do altar-mor, oito anjos com os seus atributos por certo

    figurando os mesmos Arcanjos tradicionais, rodeando vitrais apologticos da Vitria do

    Cristianismo (protestante, j se v) mas sujeitos a interpretao mais esotrica: o vitral central retrata o Arcanjo de Deus elevando a Taa Sagrada que na Idade Mdia

    associava-se ao simbolismo do Santo Graal, assim dispondo este templo sob a sua

    evocao e proteco, e logo ao lado num outro vitral o Anjo de Deus carrega

    desfraldada e triunfante a Bandeira de Cristo. O tema da Taa Sagrada suportada por

    dois Anjos Custdios repete-se ainda em baixo, em talha dourada no altar-mor.

    Sabendo-se que a Maonaria crist afinal o Grau de Rosacruz que o rei Frederico

    Guilherme II, descendente de Frederico II, o Grande, desejou e quis como exclusivo na

    Alemanha, particularmente em Berlim, sabendo-se que este Domo nasceu no lugar da

    primitiva capela quinhentista de Santo Erasmo, e que Erasmo de Roterdo (1466-1536)

    apesar da sua formao catlico ter se distinguido como filsofo humanista e grande

    crtico das vicissitudes da Igreja Romana, fcil aperceber porque o Protestantismo e a

    Maonaria andaram juntos em parceria anti-catlica e deixaram as suas marcas neste edifcio religioso cuja grandeza, afinal, foi feita para ofuscar a de Roma. Nele, todas as

    decoraes que ilustram episdios do Novo Testamento recorrem sobretudo ao

    Evangelho de S. Joo, alis, o predilecto do esoterismo cristo da Maonaria por ser

    aquele que melhor reflecte o esprito que vivifica sob a letra que mata. As principais figuras importantes da Reforma Protestante substituem aqui os tradicionais doutores da

    Igreja, como no podia deixar de ser atendendo confisso professada neste lugar de

    culto.

    O Berliner Dom contm ainda o maior rgo de tubos da Alemanha, mais de 7.200

    tubos, que uma belssima obra de arte construda por Wilhelm Sauer (1831-1916).

    Abriga tambm a cripta da famlia Hohenzollern contendo mais de noventa tumbas e

    sarcfagos, incluindo as do rei Friedrich I e da rainha Sophie Charlotte, ricamente

    trabalhadas.

    O OBLISCO DA VITRIA E O GENIUS LOCI

    A Coluna que o Obelisco da Vitria (Siegessule) oculta um significa mais profundo

    alm daquele aparente de monumento comemorativo da vitria militar da Prssia sobre a

    ustria, Dinamarca e Frana entre 1864 e 1871. Com efeito, o simbolismo deste

    conjunto arquitectnico dispe-se no plano dos conhecimentos esotricos relacionados

    chamada geografia sagrada, na qual Berlim ocupa lugar cimeiro como centro difusor do

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    pan-germanismo que mais de proezas

    militares era sobretudo cultural e espiritual

    por via dos seus mais consignados autores,

    com destaque para o filsofo Johann

    Wolfgang Goethe.

    Este Obelisco da Vitria foi construdo de

    1864 a 1873 com 66,89 metros de altura e no

    seu topo o escultor Friedrich Drake disps a esttua de bronze, pintada em dourado, da

    deusa Vitria, evocativa dos triunfos

    militares, que tem cinco metros de altura e

    pesa 35 toneladas. Erigido originalmente no

    Reichstag, em 1937 o obelisco veio a ser

    transportado para o seu local actual, na

    Strasse 17 Juni, no centro do Grosser

    Tiergarten, um grande parque pblico.

    Por sua altura elevada e imponente este

    obelisco berlinense situado em zona central

    da cidade associa-se ao simbolismo do axis

    mundi expressivo do Centro o Mundo no qual o Cu e a Terra encontram-se cerceados pelos quatro pontos cardeais do Universo, a partir do qual o Mundo Humano pode

    ascender ao Divino (e isto que representa a escaria que leva ao topo da coluna) e o

    Divino descender as suas Bnos dirigidas a todos, facto representado pela esttua

    dourada da deusa. Assim sendo, este monumento plantado estrategicamente aqui

    expressa o omphalo ou umbigo, que no simbolismo tradicional o ponto de incio da Criao, pois para ele confluem todas energias celestes e dele espargem-se todas as

    foras terrestres tal qual acontece com o plexo solar situado na zona gstrica do corpo

    humano, mais ainda por na geografia sagrada da Europa os antigos cartgrafos medievais e renascentistas desenharem o continente como um corpo humano e disporem

    a Alemanha como o plexo solar, gstrico, do mesmo.

    Pelo motivo solar que o supremo do conjunto monumental que a deusa aparece dourada, como se fosse a projeco defica do Astro-Rei vindo abenoar Berlim com o

    laurel da vitria na destra, mas carregando na sinistra a lana que lhe d foros de Genius

    Loci, isto , Anjo Tutelar protector da cidade. Nas antigas tradies, acreditava-se que tal

    como cada homem igualmente cada colectividade possua o seu Daimon ou Gnio

    Tutelar, espcie de anjo da guarda protector e conselheiro, representando o Ser

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    Espiritual cuja Conscincia anima e norteia a cada um

    e todos nos mais slidos e rectos princpios sociais.

    Por isso os Genius Loci eram considerados os

    arqutipos da ordem social estabelecida por Deus, geralmente representados por uma divindade feminina

    expressiva da Me Criadora do Universo visvel e

    invisvel representado na urbe sagrada pela sua

    presena. Neste Obelisco da Vitria a divindade

    feminina a Elsa de Ouro, como conhecida localmente, e carrega a lana mgica que cura todas

    as enfermidades, objecto inscrito no enredo

    germnico do libreto e pera Parsifal de Richard Wagner, no qual descreve as aventuras fantsticas dos

    cavaleiros da Tvola Redonda do rei Artur, chefe

    breto, que partiram demanda do Santo Graal, a

    Taa Sagrada onde foi vertido o Sangue de Cristo no

    Glgota, neste onde o centurio romano Longuino

    trespassou o corpo do Senhor com uma lana que veio

    a mesma de Elsa, que a adquiriu depois por artes mgicas ou outras que a Histria no

    conta e s contam as razes inexplicveis da lenda, contudo, mantendo-se as virtudes miraculosas da lana sagrada cujo simples toque sarava de imediato as doenas corporais

    e espirituais.

    Tal como aqui, exercendo o papel de deusa tutelar, tambm no mito graalstico Elsa (de

    Brabante) era virgem e pura, que para comprovar esses predicados exigia a submisso ao julgamento de Deus atravs do combate, da guerra justa, como diria S. Bernardo de Claraval no sculo XII, ou seja, o de uma aco dinmica de combate do Homem

    Superior sobre si mesmo, sua condio mortal inferior de modo a transform-la e

    imortaliz-la espiritualmente, o que na Idade Mdia era apodado de Iniciao Mariana,

    Senhorial ou Cavaleiresca, e afinal esse vem a ser o sentido ltimo e supremo do

    aparente encmio s vitrias blicas germano-prussianas neste Obelisco da Vitria.

    OS URSOS PROTECTORES DE BERLIM

    Em Brenbrunnen, num jardim entre a faculdade de Arquitectura e a igreja

    Friedrichsweder no mercado Werderscher da capital berlinense, encontra-se uma fonte

    singela obra do escultor Hugo Lederer (Znaim, 16.11.1871 Berlim, 1.8.1940) em 1928. Retrata quatro pares de pequenos ursos brincando sob o olhar atento da me ursa ao

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    centro. Aparentemente, o conjunto o mais inocente possvel, e no entanto dos mais

    significativos de Berlim, posto que esta cidade tem como smbolo totmico o prprio urso que remonta s suas origens mticas.

    Com efeito, Berlim formou-se da reunio de dois lugares, um existente na margem

    direita do Rio Spree, ento chamado Berolino, e outro situado numa ilhota no meio do

    rio, conhecido por Kolin. Com base nesses elementos geogrficos, a maioria dos

    etimologistas alemes explicam o locativo Berlim como significativo de dique, em alemo vehr, ou lugar do aude. Mas o significado bem outro que esse de aparelho fluvial, e remonta directamente povoao na margem direita do Spree que era ento

    domnio de um prncipe polaco exilado do seu pas que ali tinha uma residncia

    acastelada. O prncipe chamava-se Albers e tinha por alcunha o Urso, isto porque andava sempre acompanhado de um pardacento urso domesticado, segundo a tradio

    berlinense que mais significativa apesar de lendria. Por via dessa circunstncia, o

    braso de Berlim tem como chefe um urso em

    posio erecta.

    O antigo dialecto alto-alemo dispunha da

    palavra bero para nomear o urso. Bero foi

    encurtado no mdio alto-alemo ber, a que se

    juntou o locativo lin para indicar o lugar ou

    castelo, donde Berlin ou Berlim ser traduzido como Castelo do Urso, alcunha do supradito prncipe polaco. A variante bero do nome do uso

    deriva da palavra germnica bar, donde brunne,

    que por sua vez procede do tenimo vdico

    Baruna, isto , Varuna. Este deus soberano do

    panteo brahmnico incorpora em si dois

    aspectos cosmolgicos: o cu crepuscular e o cu nocturno. O deus Varuna tinha o seu

    domiclio privilegiado nas guas representadas nesta fonte dos ursos em Brenbrunnen e por isso os doentes de hidropisia consideravam-no seu protector. Da simbiose cromtica entre o alaranjado (do crepsculo) e o negro (da noite) resulta a cor a que se d

    o nome de parda ou pardacenta, tal qual a do urso de Berlim possudo dos atributos do

    dito deus vdico.

    Com efeito, Varuna ou Baruna a gua Primordial a que se refere o livro sagrado hindu Rig-Veda (10.129), elemento matriz de todas as formas de vida. Cromaticamente

    acinzentada por se situar entre o crepsculo e a noite, o tema var ou bar passou a

    denominar o urso, animal que envolto numa alta e cabeluda pele representa bem o

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    primitivo bpede que sado das guas primordiais haveria de transformar-se no deus que

    assiste vida na Terra.

    Por esse sentido de aco dinmica, vivificadora e protectora, o urso, com os seus

    atributos de coragem e ferocidade, tornou-se smbolo da fora guerreira sustentando o

    poder temporal dos reis e demais governantes entre os antigos povos do Norte e Centro

    da Europa. Esse atributo de proteco o que ilustra esta fonte dos ursos de Berlim: a

    me ursa, representativa da Fora e Poder Divino, protegendo atentamente os seus

    filhotes que brincam despreocupados, simbolizando a prpria populao berlinense posta sob o cuidado da Grande Ursa, que no cu, como constelao, tambm smbolo sideral

    das foras anmicas da Natureza em evoluo progressiva quando domadas, ou seja, quando a Humanidade age em conformidade com a evoluo natural, tornando-se ento

    susceptveis de impor a ordem e o progresso, mas tambm em contraste, quando

    contrariadas, capazes de terrveis regresses psicossociais tal qual as de um urso

    indomado e feroz, mas para ambos os casos, protegendo sempre as suas crias.

    SIMBOLOS TELRICOS NA ARNSWALDER PLATZ

    A Fonte da Fertilidade o monumento mais marcante da Arnswalder Platz e dos mais

    inslitos de Berlim. Obra do escultor alemo Hugo Lederer (1871-1940) inaugurada em

    1934, este conjunto monumental composto de dois pujantes touros de costas um para outro, em posio de domnio, um dos cornpetos tem aos ps uma ceifeira com com um

    feixe de trigo e um pescador com uma rede (lado nordeste), enquanto o outro domina

    protector sobre um pastor com um cordeiro e uma me com a sua criana no colo (lado

    noroeste). Antes das remodelaes desta fonte em 2008, o acesso sua bacia central em

    forma de cogumelo fazia-se por um patamar de escadaria de 14 degraus, sendo hoje

    apenas 9.

    Atendendo a que Hugo Lederer inspirou-se nos

    smbolos tradicionais do chamado Ocultismo Germnico para a composio dos seus trabalhos artsticos, possivelmente tendo

    bebidos nas fontes do movimento antroposfico do esoterista e pedagogo austro-

    hngaro Rudolph Steiner (1861-1925), nos

    smbolos da Tradio que se pode encontrar a

    explicao para o significado oculto desta

    Fonte da Fertilidade que est muito alm das

  • ____________________________________________________A Face Oculta de Berlim

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    explicaes vulgares dadas mesma, que por serem pobres deixam o enigma intacto.

    Mantendo a fidelidade aos arqutipos da alma colectiva berlinense, distinguida por

    smbolos prprios afins sua idiossincrassia caracterstica, onde se destaca o urso

    herldico ou totmico, Lederer associa-o aqui ao touro no sentido que os antigos egpcios davam constelao da Ursa Maior: situaram-na prxima do Plo Norte celeste

    e configuraram-na como um touro guiado por um homem, motivo para ser considerado

    na mitologia nrdica como o Carro do deus Odin, motivo que na Europa medieval se manteve sob o apodo Carro ou Carruagem, mas que os primitivos britnicos chamavam Arado. Assim sendo, tem-se no touro a expresso cosmolgica da prpria Ursa Maior, assim encapotada por um artifcio muito inteligente. Como touro o animal

    que evoca a ideia de fora e arrebatamento irresistveis, cuja energia vital ou telrica, que

    ele corporiza simbolicamente, fertiliza a Terra, motivo para ser considerado o animal divino expressivo da Fora Criadora, chegando os antigos hebreus a representarem o

    Deus Supremo El sob a forma do touro alado, provvel herana da religio egpcia que

    lhe chamavam pis. Mas na tradio grega que este animal aparece inteiramente

    associado gua, por ao deus dos oceanos, rios, lagos e fontes Poseidon, motivo para

    esse bovino figurar nesta Fonte da Fertilidade como motivo principal, em par para

    reforar o sentido de fora viril. Animal altivo, tambm sob a sua forma que Zeus, Deus

    Supremo do panteo grego, seduziu e raptou a virgem Europa, levando-a nos ares at

    Creta onde a fecundou e deu origem prognie que habitaria o continente que herdou o nome da progenitora, Europa, significando este mito grego que a civilizao europeia

    tem origem na Grcia mas desenvolvida, por uma agricultura cultura, na Alemanha puxada pelo pujante touro, ou melhor, pela poderosa Ursa Maior, isto na interpretao

    exclusivamente germnica, motivo para o escultor Hugo Lederer tem imposto cinco

    bidas dagua sob cada touro, em guisa de cinco pontos dispostos em forma de tringulo

    invertido que assim representam a Fora Criadora Feminina assinalada nas guas que

    nutrem no s a Berlim mas tambm, num exclusivo amplexo ideolgico, a toda a

    Europa a partir desta cidade.

    Sendo aqui o touro a forma encapotada da constelao da Ursa Maior, ento os

    personagens postados aos ps do par de cornpetos sero igualmente expresses veladas

    de constelaes subalternas daquela a quem expressam por suas qualidades ou atributos.

    Assim, ter-se-: a ceifeira com o feixe de trigo, alm de representar a classe campesina ou rural igualmente representa, pelos seus atributos iconogrficos, a constelao da

    Virgem, esta que na mitologia grega viveu na Idade de Ouro, a mesma perseguida e

    idealizada pelo idealismo metafsico germnico nem sempre com os resultados mais

    felizes, pois a mesma ser a de um perodo feliz da Humanidade e no uma s raa, no

    mau entendimento da Utopia. O pescador com uma rede, indicador das fainas martimas

    e fluviais, tambm expressivo da constelao de Peixes, representativa da potncia

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    procriadora e da gerao to bem assinaladas nas guas abundantes desta Fonte da

    Fertilidade. O pastor com um cordeiro, smbolo imediato da pastorcia, representa a

    constelao do Carneiro, cujos predicados psquicos de impetuosidade mas igualmente

    de bondade so os mesmos da Alemanha e particularmente de Berlim, onde o povo empreendedor mas tambm solidrio e amigo da paz. Por fim, a me com o menino no

    colo, alm de aludir fora prpria da Humanidade gerando-se entre si, indicativa da

    constelao da Balana em afinidade com Vnus, o planeta do amor e da gerao por

    excelncia.

    Finalmente, o prato central da fonte tem o formato de um cogumelo. Entre os povos

    antigos do Norte e Centro da Europa o cogumelo simbolizava a longevidade e a

    imortalidade, e pelo formato abobadado do seu chapu era tido como uma imagem do

    Cu primordial donde caram as primeiras guas que fertilizaram a Terra fazendo com

    que nela houvesse continuamente vida. Por tudo o dito, fica bem nesta Arnswalder Platz

    o nome Fonte da Fertilidade.

    A ORDEM DO ESPRITO SANTO NO

    MUSEU HUGUENOTE

    A Franzsischer Dom, isto , a catedral francesa de Berlim situa-se na

    Gendarmenmarkt e foi construda pela

    comunidade huguenote entre 1701 e 1705

    destinada a acolher os huguenotes

    franceses refugiados nesta capital alem

    depois da revogao do dito de Nantes

    por Lus XIV em 1685. Huguenote a

    denominao dada aos calvinistas franceses pelos seus inimigos catlicos

    nos sculos XVI e XVII, cujo

    antoganismo resultou em guerras

    dilacerantes que levaram os protestantes

    de Frana a procurar refgio noutros

    pases, nomeadamente na Alemanha.

    Para conhecer melhor a vida e saga dos

    huguenotes refugiados em Berlim, torna-

    se obrigatrio visitar o Museu Huguenote

  • ____________________________________________________A Face Oculta de Berlim

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    instalado na torre da igreja dos franceses nesta cidade alem, o qual extremamente

    interessante pelo seu esplio contando a vida dos huguenotes em Berlim e os horrores

    que passaram antes de aqui chegarem, havendo quadros raros, peas imobilirias,

    estaturia, documentos rarssimos, emblemas e smbolos em metais preciosos e, sobretudo, a Cruz Huguenote que se repete exaustivamente como se fosse o elemento

    mais importante de todo esse esplio museolgico, em guisa de conter algum segredo s

    conhecido alguns raros, talvez de carcter paracltico ou messinico.

    O facto que Joo Calvino, fundador do Calvinismo, acreditava na vinda prxima do Reinado do Esprito Santo que haveria de derrubar os muros da morada da besta apocalptica (Roma) e faz-la desaparecer da face da Terra, em parceria com ideias idnticas de Erasmo de Roterdo, numa violenta campanha anti-papal. Mas tambm

    havia quem entendesse o Reinado do Esprito Santo num sentido mais amplo e profundo,

    como um perodo de paz e concrdia universal dos povos e religies. neste sentido que

    se increve o espiritualismo evanglico que se afasta do chamado radicalismo protestante,

    entendendo a Cruz Huguenote num sentido esotrico muito particular afim ideia

    universalista de Advento. Isso ter sucedido aqui em Berlim, onde os huguenotes eram chamados Eid Genossen, companheiros de juramento (in jure aeternum), indicando esses religiosos ligados entre si por juramento secreto

    e inclusive chegando a reunir-se em segredo, factores

    que a Maonaria aproveitaria no sculo XVIII para a

    sua estruturao original, tanto mais que muitos dos

    maons originais germnicos eram ou haviam sido

    huguenotes.

    Os Eid Genossen saberiam muito bem que a Cruz

    Huguenote ou de So Joo derivava directamente

    daquela insgnia da Ordem dos Cavaleiros do

    Esprito Santo, fundada em Frana em 1578 por

    Henrique III, por sua vez derivada da anterior Ordem de So Miguel fundada cem anos antes defendendo-se

    que essa ltima tivera por inspirao directa a Ordem

    de So Miguel da Ala em Portugal, dizendo-se at em murmrio que esse Milcia

    medieval portuguesa serviria de cobertura a uma outra muito mais secreta de que a

    Histria pouco ou nada diz: a Soberana Ordem de Mariz, possuda, diz-se, de cruz

    idntica a esta huguenote e com igual finalidade messinica de natureza universal.

    A adopo da Gr-Cruz da Ordem do Esprito Santo pelo movimento huguenote

    aconteceu cerca de 1688 por um certo Mystre de Nmes que lhe deu o formato que hoje

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    apresenta. Os diversos elementos dessa jia expressavam um significado tanto poltico

    como espiritual, permitindo ao seu portador afirmar ao mesmo tempo uma verdadeira

    lealdade ao rei (mal aconselhado) e ao Estado, e uma verdadeira f evanglica. Sendo esta cruz ptea um smbolo eminentemente cristo por remeter para a morte propiciatria de Jesus Cristo, refere-se tambm sua vitria sobre a morte e a impiedade. Os oito

    boleados nos extremos dos seus palos fazem referncia s oito Bem-Aventuranas do

    Sermo da Montanha por Cristo (Mateus, 5:3-10), adoptadas como regra de vida pelo

    cristo sincero, igualmente associadas aos Dons do Esprito Santo latentes na alma do

    crente que busca sinceramente a Iluminao Interior de maneira a revelar em si e de si ao

    exterior o Reino de Concrdia da Terceira Pessoa da Santssima Trindade. Isso

    patenteia-se entre os braos da cruz nas flores-de-lises (que nos escudos franceses

    representavam a Santssima Trindade) como simblicas da Conscincia Universal. Evocam tambm, pela sua disposio concntrica, a coroa de espinhos de Cristo como

    Rei dos Judeus ou da Realeza de David, delimitando junto aos braos da cruz quatro coraes, que a morada mstica de Deus no Homem. Esses quatro coraes

    concntricos so igualmente a evocao do Amor de Deus Pai, o Criador, cujos raios

    irradiam do centro aos braos da cruz. Os trs elementos da Santssima Trindade ficaro

    assim representados: o Pai (raios, coraes), o Filho (a cruz, as flores-de-lises) e o

    Esprito Santo (a pomba), este que desceu como Lngua de Fogo sobre os Apstolos no dia de Pentecostes, conferindo-lhes a Sabedoria do Amor com que deveriam construir uma Era Nova para o Mundo, e foi isto mesmo que os huguenotes espiritualistas

    tentaram realizar no Norte e Centro da Europa, particularmente em Berlim, fazendo da

    sua cruz o mais belo sinal de que eram obreiros do Templo do Esprito Santo que a

    Terra inteira, portanto e em desfecho, sendo essa to-somente a Cruz Parsica ou do

    Advento Final que j outros muitos mais antigos esquecidos na poeira dos Tempos

    haviam usado com fim igual.

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    Contactos: Por correio: ao cuidado de Dr. Vitor Manuel Adrio. Rua Carvalho Arajo, n. 36, 2. esq.

    2720 Damaia Amadora Portugal

    Endereo electrnico: [email protected]

    Stio internet: Lusophia

  • Vtor Manuel Adrio, renomado escritor esotrico portugus, consultor de

    investigao filosfica e histrica, formado em Histria e Filosofia pela

    Faculdade de Letras de Lisboa, tendo feito especializao na rea medieval

    pela Universidade de Coimbra. Presidente-Fundador da Comunidade Ter-

    gica Portuguesa e Director da Revista de Estudos Tergicos Pax, Adrio

    profundo conhecedor da Histria Medieval do Sagrado, sendo conferencista

    de diversos temas relacionados ao esoterismo, s religies oficiais, aos

    mitos e tradies portuguesas, s Ordens de Kurat (em Sintra) e do Santo

    Graal, das quais tambm faz parte.

    CAPA FRONTAL A4 - GUIAS INSLITOS DO MUNDO-BERLIM.pdfA Face Oculta de Berlim (2013)CONTRA-CAPA A4 - GUIAS INSLITOS DO MUNDO