A Evolução Histórica Da Gestão Da Produção
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A evolução histórica da Gestão da Produção e Operações
A GPO pode ser entendida como o conjunto de atividades que
levam à transformação de um bem tangível em um outro com maior
utilidade1. A função produção existe desde a origem do homem,
dado que este produzia as ferramentas e os utensílios necessários
para prover suas necessidades de sobrevivência.
Com o passar do tempo, as pessoas passam a produzir bens
mais elaborados, até mesmo para revender a terceiros, dando
origem aos artesãos e a forma de produção organizada, dado que
estes estabeleciam prazos de entrega, precificação etc.
Com a evolução da produção artesanal, os artesãos
começaram a contratar ajudantes denominados aprendizes. Após
dominar a técnica de produção artesanal, os aprendizes se
tornavam novos artesãos, dando início a uma geração de
profissionais liberais de produção artesanal.
A Gestão de Produção e Operações evoluiu até sua
forma atual através da combinação de práticas consagradas do
passado, adaptando-se aos desafios de cada era, a fim de buscar
novas formas de gerenciar o sistema de produção. Principais
acontecimentos que contribuíram para seu desenvolvimento.
Revolução Industrial
Sempre existiram sistemas de produção: as pirâmides
egípcias, a Grande Muralha da China e os aquedutos e estradas do
Império Romano atestam a indústria dos povos da Antiguidade.
1 Martins e Laugeni. Administração da Produção, 2005.
Os sistemas de produção anteriores a 1700 são chamados de
sistemas caseiros, dado que a produção era realizada em casa ou
em cabanas, onde os artesãos orientavam aprendizes a
executarem o trabalho manual dos produtos.
O sistema caseiro foi substituído com o advento da Revolução
Industrial na Inglaterra a partir de 1700. O principal elemento
revolucionador foi a descoberta da máquina a vapor por James Watt
(1764). Essa descoberta trouxe dois avanços importantes:
a força mecanizada substituía a força humana e da água;
o sistema fabril começou a ser estabelecido.
O motor a vapor forneceu a força motriz às fábricas e
estimulou outras invenções; com as novas máquinas de produção
foi possível reunir os trabalhadores em fábricas distantes dos rios;
surge então a necessidade de organizar de maneira lógica os
trabalhadores para a produção.
Com o uso das máquinas, houve uma grande mudança na
forma como os produtos eram fabricados, tais como:
padronização dos produtos e seus processos de fabricação;
treinamento e habilitação da mão de obra direta;
criação e desenvolvimento dos quadros de gerentes e de supervisão;
desenvolvimento de técnicas de planejamento e controle financeiro e de
produção;
desenvolvimento de técnicas de vendas.
A padronização dos produtos (Eli Whitney, 1790) contribuiu
para a criação de desenhos e croquis de produtos e processos
fabris, dando início a função de projeto de produto, de processos,
de instalações, de equipamentos etc.
A Revolução Industrial avançou ainda mais com o
desenvolvimento do motor a gasolina e da eletricidade nos anos
1800; fornecendo a base para a substituição do sistema caseiro
pelo sistema fabril.
O Período Pós- Guerra Civil
O período pós-guerra civil nos EUA (1812) montou o cenário
para a grande expansão da capacidade de produção no século XX.
A abolição do trabalho escravo, o êxodo de trabalhadores do
campo para as cidades e a maciça influência de imigrantes no
período de 1866-1900 forneceram uma grande força de trabalho
para os centros urbanos industriais em franco desenvolvimento.
Surgiram modernas formas de capital por meio de
companhias com ações em comum: o capitalista separou-se do
empregador; os administradores tornaram-se assalariados dos
financistas que possuíam o capital.
A rápida exploração e colonização do Oeste Americano
criaram a necessidade de numerosos produtos e de um meio de
levá-los aos colonos, ávidos por estes produtos.
Surgem as ferrovias, novos territórios são criados, dando
início ao desenvolvimento dos transportes e da comunicação.
A Administração Científica
O ambiente sócio econômico do novo século (XIX) contribuiu
para o surgimento da administração científica. A busca de
desenvolver meios de utilizar a capacidade de produção para
satisfazer os maciços mercados de então, levou engenheiros,
executivos, consultores, educadores e pesquisadores a desenvolver
o método e a filosofia denominada Administração Científica.
Administração Científica: os atores e seus papéis
Contribuinte Tempo de duração Contribuições
Frederick Taylor 1856 - 1915 Princípios de administração
científica, princípio da
exceção, estudo do tempo,
análise de métodos, padrões,
planejamento e controle
Frank B. Gilbreth 1868 - 1934 Estudo dos movimentos,
métodos, contratos de
construção e consultoria
Lílian M. Gilbreth 1878 - 1973 Estudos da fatiga, ergonomia,
seleção e treinamento de
empregados
Henry L. Gantt 1861 - 1919 Gráficos de Gantt, sistemas
de pagamento por incentivo,
abordagem humanística ao
trabalho, treinamento
Carl G. Barth 1860 - 1939 Análise matemática, régua de
cálculo, estudos de
suprimentos e velocidade,
consultoria para a indústria
automobilística
Harrington Emerson 1885 - 1931 Princípios da eficiência,
economia de milhões de
dólares em ferrovias, método
de controle
Morris L. Cooke 1872 - 1960 Aplicação da administração
científica à educação e ao
governo
Outro grande colaborador da administração científica foi
Henry Ford (1863-1947), um empreender que montou uma empresa
denominada Ford Motor Company.
Ford desenvolveu um modelo de carro para a classe popular
da época (modelo T), construído em linhas de montagem.
O uso de linhas de montagem contribuiu para os seguintes
elementos:
desenhos de produção;
produção em massa;
baixos custos de manufatura;
linha de montagem mecanizada.
As Relações Humanas e o Behaviorismo
Os trabalhadores das fábricas da Revolução Industrial, recém-
saídos do campo, eram despreparados, inábeis e indisciplinados;
nos anos de 1800 e início dos anos 1900 vigoraram controles
rígidos sobre os trabalhadores.
Entretanto, entre as duas grandes guerras, começou a surgir
nos EUA uma filosofia entre os gerentes segundo o qual os
trabalhadores eram seres humanos, e deveriam ser tratados com
dignidade no trabalho.
Os estudos de Hawthorne foram iniciados a princípio por
engenheiros de produção, que tinham como meta determinar o nível
ótimo de iluminação para obter o máximo de produção dos
trabalhadores; como estes estudos produziram resultados confusos
sobre a relação entre o ambiente físico e a eficiência dos
trabalhadores, os pesquisadores deram-se conta de que fatores
humanos deviam estar afetando a produção; esta foi a primeira vez
que tanto pesquisadores como administradores reconheceram que
fatores humanos afetavam não somente a motivação e a atitude
das pessoas como também a produção.
Surgiram os behavioristas (comportamento) e foi disseminado
entre os gerentes industriais um entendimento básico dos
trabalhadores e suas atitudes em relação ao seu trabalho; os
administradores mudavam a forma de pensar e tratar os
trabalhadores.
A Pesquisa Operacional
Na Segunda Guerra Mundial, foi usada uma enorme
quantidade de força de trabalho, suprimentos, aviões, navios,
materiais e outros recursos, que tiveram que ser desdobrados num
ambiente agitado; tendo que tomar decisões administrativas
complexas.
Por causa dessa complexidade, equipes de pesquisa
operacional (PO), eram formadas em todos os ramos dos serviços
militares; os conceitos de abordagem por sistemas totais e de
equipes interdisciplinares e a utilização de técnicas matemáticas
complexas evoluíram em consequência das condições caóticas
existentes nas imensas organizações militares envolvidas.
Após este período, a PO voltou-se para as universidades,
indústrias, agências governamentais e firmas de consultoria;
currículos de faculdades e universidades foram alterados e firmas
se especializaram e formaram sociedades.
Durante o período pós-guerra e ainda hoje, a PO é conhecida
principalmente por suas técnicas quantitativas, como a
programação linear, a PERT/CPM e os modelos de previsão.
A PO ajuda os gerentes de operações a tomarem decisões
quando os problemas são complexos e quando o custo de uma
decisão errada é elevado e duradouro; decisões intuitivas são
substituídas pela análise da alternativa ótima.
A Revolução dos Serviços
Um dos importantes desenvolvimentos de nosso tempo é a
disseminação dos serviço na economia, acelerada após a Segunda
Guerra Mundial.
Nos EUA mais de 2/3 da força de trabalho está empregada
em serviços, com mais da metade destes em empregos de
escritório; em torno de 2/3 do PIB são produzidos pelos serviços,
com enorme superávit comercial.
Um suplemento de 1997 da escola da Harwad B. Review
relacionou os avanços que exerceram impacto sobre a APO nos
anos de 1980 a 1990, quais sejam:
robótica e controle numérico;
projeto auxiliado por computador;
administração da qualidade total;
just-in-time;
padrões ISO;
competição baseada no tempo;
reengenharia do processo;
administração da cadeia de suprimentos;
organização virtual.
Estes e outros fatores continuam a combinar-se com
desenvolvimentos históricos para modelar as maneiras pelas quais
administramos os sistemas de produção.
Gestão da Produção e Operações no contexto atual
A Gestão da Produção e Operações (GPO) administra o
sistema de produção, de modo a transformar os insumos em
produtos ou serviços da organização.
Insumos são matérias-primas, pessoal, máquinas, prédios,
tecnologia, dinheiro, informações e outros recursos.
Esse processo de transformação chamado de produção é a
atividade predominante de um sistema de produção.
A principal preocupação dos gerentes de produção que
coordenam o sistema de produção é o processo de transformação
ou produção.
A função produção é interligada com outras áreas funcionais da
empresa, tais como marketing e finanças.
Gerentes da função marketing criam demandas, a função
financeira busca lucratividade.
As principais atividades da função de produção que oferecem
carreira são:
supervisor de produção: supervisiona os empregados à medida que os
produtos ou serviços são produzidos; é responsável pelo desempenho de
custo, qualidade e programação.
planejador de compras/comprador: compra produtos ou serviços para
manter a produção; é responsável pelo desempenho do fornecedor;
Analista de estoques: supervisiona todos os aspectos dos estoques; é
responsável pelos níveis de estoques, auditoria, precisão de registros,
pedidos e expedição.
controlador da produção: autoriza a produção de pedidos, desenvolve
programas e planos de produção e faz a expedição de pedidos; é
responsável por cumprir datas de vencimentos dos clientes e
abastecimento eficiente da linha de produção;
analista de produção: analisa problemas de produção, desenvolve
previsões, planeja novos produtos e executa outros projetos especiais.
especialista em qualidade: supervisiona a aceitação por amostragem,
controle de processos e administração da qualidade; é responsável pela
qualidade do produto dos fornecedores e da produção.
1.5 Fatores que afetam a GPO atualmente
Os fatores que proporcionaram maior impacto na GPO são:
realidade da competição global;
qualidade, serviço ao cliente e desafios de custos;
rápida expansão da tecnologia de produção avançada;
contínuo crescimento do setor de serviços;
escassez de recursos de produção;
questões de responsabilidade social.
Com a globalização, as barreiras locais, temporais e de acesso
caíram drasticamente, a competição tornou-se mais intensa e
exigem métodos de competição avançados e criativos, que dê conta
da dinâmica do avanço produtivo.
Neste contexto, o grande desafio dos gerentes de produção é
buscar novas formas para o sistema de produção organizacional, de
modo a obter vantagem competitiva na empresa e torná-la lucrativa
e duradoura.