A Estrutura Da Escola SOCIOLOGIA

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Capítulo 11 Educação e escola Reservamos o último capítulo deste livro para o estudo da educação, uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas, que dependem, para sobreviver; da transmissão de sua herança cultural aos mais jovens. Toda sociedade, portanto, utiliza os meios que julga necessários para perpetuar sua herança cultural e treinar os mais jovens nas maneiras de ser e pensar do grupo. Objetivos da educação O que integra o indivíduo na sociedade e no grupo social em que vive é o patrimônio cultural que ele recebe pela educação. Assim, são objetivos da educação: a transmissão da cultura, a adaptação dos indivíduos à sociedade, o desenvolvimento de suas potencialidades e como conseqüência o desenvolvimento da própria sociedade. A criança, por exemplo, passa desde cedo pelo processo de socialização, na medida em que aprende as regras de comportamento do grupo em que nasceu. Formas de transmissão A educação pode ser informal ou formal. Educação informal, assistemática ou difusa. É a que acontece na vida diária pelo aprendizado das tarefas normais de cada grupo social, pela observação do comportamento dos mais velhos, pela convivência entre os membros de uma sociedade. É realizada sem qualquer plano, sem local ou hora determinada. Todas as pessoas, todos os grupos, toda a sociedade participam dessa forma de educação. A expressão popular “Quanto mais se vive, mais se aprende” exprime esse processo. Figura: A transmissão informal da cultura se dá na vida diária pelo aprendizado das tarefas normais de cada grupo social, pela observação do comportamento dos mais velhos, pela convivência entre os membros de uma sociedade. Na foto, artesanato de palha em Juazeiro do Norte (Ceará).

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ANÁLISE DE TEXTO

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Capítulo 11

Educação e escola

Reservamos o último capítulo deste livro para o estudo da educação, uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas, que dependem, para sobreviver; da transmissão de sua herança cultural aos mais jovens. Toda sociedade, portanto, utiliza os meios que julga necessários para perpetuar sua herança cultural e treinar os mais jovens nas maneiras de ser e pensar do grupo.

Objetivos da educação

O que integra o indivíduo na sociedade e no grupo social em que vive é o patrimônio cultural que ele recebe pela educação.Assim, são objetivos da educação: a transmissão da cultura, a adaptação dos indivíduos à sociedade, o desenvolvimento de suas potencialidades e como conseqüência o desenvolvimento da própria sociedade. A criança, por exemplo, passa desde cedo pelo processo de socialização, na medida em que aprende as regras de comportamento do grupo em que nasceu.

Formas de transmissão

A educação pode ser informal ou formal. Educação informal, assistemática ou difusa. É a que acontece na vida diária pelo aprendizado das tarefas normais de cada grupo social, pela observação do comportamento dos mais velhos, pela convivência entre os membros de uma sociedade. É realizada sem qualquer plano, sem local ou hora determinada. Todas as pessoas, todos os grupos, toda a sociedade participam dessa forma de educação. A expressão popular “Quanto mais se vive, mais se aprende” exprime esse processo.

Figura: A transmissão informal da cultura se dá na vida diária pelo aprendizado das tarefas normais de cada grupo social, pela observação do comportamento dos mais velhos, pela convivência entre os membros de uma sociedade. Na foto, artesanato de palha em Juazeiro do Norte (Ceará). Nas comunidades mais isoladas, onde ainda não há escolas, a educação assistemática é a única forma de educação existente. Nessas sociedades, crianças e jovens aprendem participando ativamente da vida familiar e comunitária. Assim, adaptam-se pouco a pouco ao estilo de vida do grupo. No caso de povos indígenas, por exemplo, as provas pelas quais os adolescentes passam antes de ingressar no mundo dos adultos representam apenas uma formalidade para consagrar uma adaptação já efetivada. (Leia, a seguir, “Aprender vivendo”.)Aprender vivendo Os meninos observam os homens quando fazem arcos e flechas; o homem os chama para perto de si e eles se vêem obrigados a observá-lo. As mulheres, por outro lado, levam as meninas para fora de casa, ensinando-as a conhecer as plantas boas para confeccionar cestos e a argila que serve para fazer potes. E, em casa, as mulheres tecem os cestos, costuram os mocassins e curtem a pele de cabrito diante das meninas, dizendo-lhes, enquanto estão trabalhando, que observem cuidadosamente, para que, quando forem grandes, ninguém as possa chamar de preguiçosas e

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ignorantes. Ensinam-nas a cozinhar e aconselham-nas sobre a busca de bagas e outros frutos, assim como sobre a colheita de alimentos.

(Brandão, Carlos Rodrigues. O que é educação, p.21)

Educação sistemática ou formal. Embora a educação informal esteja sempre presente na vida do indivíduo, em sociedades complexas ela não basta. A divisão do trabalho e a extrema especialização exigem das crianças a passagem pela escola, onde recebem educação sistemática ou formal. Seu objetivo básico é a transmissão de determinados legados culturais, isto é, de determinados conhecimentos, técnicas ou modos de vida. A educação formal é uma maneira seletiva de educação, já que, dentro da cultura, os elementos considerados essenciais para serem transmitidos são selecionados por pessoas especializadas.

Figura: A educação formal seleciona os elementos essenciais e sua transmissão se dá por pessoas especializadas.

A escola

A escola que tem recursos emprega atualmente vários meios para atingir seus objetivos educacionais. Destacamos alguns:· professores especializados;· local apropriado;· currículo planejado para cada etapa da educação;· métodos e materiais didáticos apropriados à transmissão dos vários conteúdos, incluindo laboratório.

Embora as instituições sociais — como a família, a Igreja e os meios de comunicação de massa — exerçam grande influencia na educação dos indivíduos, a escola é a instituição especificamente organizada para transmitir seletivamente às crianças a herança cultural da sociedade.Leia no texto abaixo como a escola pode também ser virtual, uma tendência da última década do século XX.

Escolas vão funcionar 24 horas pela Internet

Começa a formar-se no Brasil o primeiro grupo de escolas prestadoras de serviços on-line por meio da Internet. O projeto “Escol@24 horas”, lançado ontem em São Paulo pela empresa Trend Tecnologia Educacional, reproduz virtualmente as atividades diárias dos colégios associados, como lição de casa e resumo das aulas. Com isso, o dia-a-dia escolar pode ser revisto em casa pelos alunos e acompanhado pelos pais, que recebem, inclusive, uma senha secreta para acompanhar as notas do filho e sua presença em classe.É no ponto do acompanhamento da vida escolar do aluno que o projeto, embora ainda desconhecido da maioria dos educadores, começa a despertar polêmica. “Ë um hipercontrole questionável”, diz a

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psicopedagoga paulista Renata Simon. Ela diz que a possibilidade de os pais controlarem os passos dos filhos na escola poda criar conflito, especialmente com os adolescentes. Na sua opinião, o discurso dos filhos sobre a escola ainda é a melhor forma de acompanhamento escolar. “Os pais precisam confiar na fala dos filhos. Além disso, devem conversar com a equipe técnica da escola.”Até agora, a Internet vinha sendo usada pela maioria das escolas participam da montagem e atualização da home-page do colégio. A “Escol@24 horas” vai além. Oferece um plantão permanente de professores para tirar dúvidas de qualquer disciplina por meio de e-mail. “A função dessa equipe não será a de resolver os problemas, mas orientar o aluno para que ele encontre a solução”, explica Severino Felix da Silva, presidente da Trend.A orientação sobre pesquisa temática na rede estará a cargo de uma equipe de professores da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do rio. Esse grupo será encarregado de receber perguntas relativas à bibliografia e terá prazo de 24 horas para oferecer ao aluno sugestões de endereços (sites e home-pages) onde buscar informações. Por exemplo, se uma classe estiver fazendo trabalho sobre a Revolução Francesa, poderá recorrer a esse grupo. No entanto, esse e outros serviços só serão acessados mediante senha para confirmar se o usuário pertence às escolas associadas.Como o conteúdo das aulas é posto diariamente na rede, crianças que tenham faltado à escola, por exemplo, poderão recuperar o conteúdo das aulas perdidas sem sair de casa e sem precisar recorrer à ajuda do colega. Vilma Daffre Herlinger, diretora da Escola Aquarius, na Granja Viana, que está participando da fase experimental do projeto, diz que o programa está facilitando a vida dos pais que viajam: “Eles acompanham a vida escolar dos filhos pela Internet”.A psicopedagoga Renata diz que as escolas que aderirem ao programa devem ter a preocupação de reforçar a sociabilização dos alunos, estimulando-os a continuar a “pedir o caderno emprestado” ao colega, em caso de necessidade. “As relações humanas devem ser preservadas para evitar a individualização das crianças, que é uma das marcas deste fim de século”, diz ela.Felix da Silva, da Trend, compara os efeitos da virtualização da informação na sociedade à Revolução Industrial. “Ainda não estamos conseguindo dimensionar a extensão da mudança que estamos vivendo; essa realidade, que já está mudando as relações de trabalho, acabaria chegando às escolas”, diz.O custo mensal para as escolas que quiserem participar do programa é de R$ 7,00 mensais por aluno.(O Estado de S. Paulo, 14 set. 1999)Escola como grupo social e como instituição

Do ponto de vista sociológico, a escol pode ser vista como grupo social e instituições. Considerada uma reunião de indivíduos (alunos, professores e funcionários) com objetivos comuns e em continua interação, a escola é um grupo social que transmite cultura. A escola pode também ser vista como uma instituição, ou seja, um conjunto de normas e procedimentos padronizados, altamente valorizados pela sociedade, cujo objetivo principal é a socialização do indivíduo e a transmissão de determinados aspectos da cultura.

Educadores, educandos e outros grupos

No estudo da estrutura da escola, percebe-se a coexistência de dois grupos distintos mas interdependentes: os educadores e os educandos.Os educadores (diretor, professores, orientadores e auxiliares) representam um grupo maduro, geralmente de idade mais avançada que a dos alunos e integrado aos valores sociais vigentes. Sua

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tarefa principal é transmitir aos educandos esses valores sociais. O grupo dos educadores ocupa um status que lhe permite dirigir a aprendizagem, impor normas e exercer liderança sobre os alunos.A interdependência entre educadores educandos se estabelece desde o início do processo escolar: um existe em função do outro. As formas de relacionamento é que variam, indo das que se estabelecem sobre bases positivas – em que ambas as partes apresentam uma interdependência saudável e significativa dentro do processo – às que se estabelecem sobre bases negativas – como quando a indisciplina impede a evolução da aprendizagem da classe como um todo.Existem diversos métodos, princípios e formas de educação. Por exemplo, o construtivismo é considerado por muitos o pensamento mais adequado sobre a obtenção de conhecimento, pois se assemelha a uma aventura intelectual. (Leia em “Textos complementares” Por que o construtivismo).Além desses dois grupos básicos, é possível identificar na escola vários outros, como: grupos de idade e sexo (adultos, crianças e jovens; meninos e meninas, garotas e rapazes); grupos associativos (que se formam entre os alunos no dia-a-dia da escola); grupos de ensino (classe). Vamos estudar os dois últimos.

Grupos associativos

São de três tipos:· grupos intelectuais — para estudo e pesquisa, discussão de assuntos tratados em aula, etc.;· grupos recreativos — para brincadeiras, jogos em equipe, disputas e gincanas, etc.;· grupos cooperativos — de modo geral, quando os grupos acima relacionados não atendem a necessidades ou desejos dos indivíduos podem surgir os grupos cooperativos; por exemplo, os grupos de adolescentes que se reúnem para fumar, contar piadas, conversar sobre sexo, planejar uma aventura, etc.Grupos de ensino

O típico grupo de ensino é a classe. Em cada sala de aula se teime uma classe. Os alunos estão sujeitos a horários fixos e programas determinados, devendo freqüentar obrigatoriamente as aulas e submeter-se à verificação de aproveitamento.As classes são grupos artificialmente formados, uma vez que alunos e professores não participam deles por escolha própria, mas por designação da administração; além disso, seus membros, pelo menos no início, são desconhecidos uns dos outros. Com o tempo pode surgir um sentimento de solidariedade entre os alunos e entre estes e os professores, o que em geral facilita a transmissão dos conhecimentos e o desenvolvimento da sociabilidade. Mas podem também surgir conflitos entre alunos e professores, situação que no extremo pode levar à expulsão do aluno ou à substituição do professor.

Mecanismos de sustentação dos agrupamentos na escola

Vamos estudar os seguintes mecanismos: liderança, normas e sanções.Liderança. O professor exerce sobre os alunos uma liderança institucional, isto é, que decorre de sua própria posição na estrutura da escola. Mas o bom andamento das atividades escolares depende também da liderança positiva exercida por alunos que, por suas características pessoais, se colocam em posição de orientar o grupo. Quando há liderança negativa a orientação dada pelo líder pode

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colocar em xeque a liderança institucional do professor, ocorrendo conflitos e rupturas no grupo como um todo.Normas. Existem regras que orientam o comportamento de alunos e professores. Assim, espera-se que o professor esteja presente no horário da aula, que cumpra o programa estabelecido, que responda às dúvidas dos alunos, etc. Dos alunos também se espera que estejam na escola no horário certo, que realizem as atividades propostas pelos professores, que estudem a matéria ensinada, que usem os trajes estabelecidos, etc.As normas pedagógicas referem-se ao desempenho escolar: avaliação dos conhecimentos adquiridos, supervisão da participação e da postura em sala de aula, dos cuidados com o material escolar, etc.Sanções. Podem ser de dois tipos:· administrativas baseiam-se na legislação e nos regulamentos internos da escola; exemplos: suspensão e dispensa por faltas previstas como graves e reprovação por falta;· grupais — são aplicadas pelos vários grupos e atingem tanto alunos quanto professores; podem assumir a forma de zombaria, rejeição pelo grupo, indisciplina, falta de colaboração, desacato, avaliação negativa pelo mau comportamento em detrimento de boas notas, etc.

QUESTÃO PARA ESTUDO

1. Relembre a resposta do indígena norte-americano ao governo do Estado de Virgínia sobre a oferta de enviar jovens da tribo para serem educados nas escolas dos brancos (capítulo 7). Depois, escreva um texto comentando a contraposição entre educação formal e informal ali exposta.

2. Explique com suas palavras por que educação é básica para todas as socieda des humanas. Depois, dê um depoimento pessoal sobre um aspecto importante da educação que lhe foi transmitido em bancos escolares, independentemente da etapa em que você estava.

3. “O objetivo da educação é ajustar os indivíduos à sociedade, desenvolvendo

4. Dê exemplo concreto, tirado de sua vida, de educação assistemática

5. Quais os recursos que as escolas empregam para atingir seus objetivos nos dias atuais?

6. Sociologicamente, como pode ser considerada a escola?

7. Educadores e educandos. Escreva um pequeno texto sobre a interdependência desses dois grupos básicos da escola.

8. Cite três grupos associativos de que você participa. Explique-os.

9. Qual a base da formação dos grupos cooperativos?

10. “O professor exerce sobre seus alunos uma liderança institucional.” Explique essa afirmativa.

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11. Dê um exemplo de sanção grupal que lhe tenha sido aplicada em algum momento de sua vida.

12. Distinga normas de sanções. Dê exemplos de cada um desses mecanismos de sustentação dos agrupamentos escolares.

Textos complementares

Por que o construtivismo

A palavra construtivismo é uma metáfora (como a grande maioria das palavras que utilizamos) empregada em psicologia e pedagogia, que nos remete a uma teoria psicológica (originalmente devida a Jean Piaget). Segundo essa teoria, o verdadeiro conhecimento — aquele que é utilizável — é fruto de uma elaboração (construção) pessoal, resultado de um processo interno de pensamento durante o qual o sujeito coordena diferentes noções entre si, atribuindo-lhes um significado, organizando-as e relacionando-as com outras anteriores. Esse processo é inalienável e intransferível: ninguém pode realizá-lo por outra pessoa.Além de proporcionar novos conhecimentos, uma aprendizagem desse tipo mobiliza o funcionamento intelectual do individuo, facilitando-lhe o acesso a novas aprendizagens, pois, além do conhecimento em si, ele aprendeu determinadas estratégias intelectuais para ter acesso a ele, que lhe serão muito úteis não só em aprendizagens futuras, mas também tia compreensão de situações novas e na proposta e invenção de soluções para problemas que possa ter na vida, graças à sua capacidade de generalização.No entanto, nem todas as aprendizagens são deste tipo, nem todas desencadeiam processos com a mesma intensidade. (...)A aprendizagem também é um caminho. Podemos abreviá-lo nas páginas de um livro, transformá-lo em uma aventura ou em uma viagem organizada. Os resultados serão muito diferentes, conforme o método escolhido, assim como o nível de prazer ou tédio que experimentamos através dele.A aprendizagem construtivista é a que mais se parece com uma aventura intelectual. Mas necessita — pelo menos a princípio — da presença de um guia que não sela impaciente e que permita que o pensamento de quem aprende siga o curso Imprescindível para converter os conhecimentos em algo próprio, precisa de um guia que respeite os processos, que não se empenhe em substituir a pessoa que está aprendendo, antecipando-lhe resultados e respostas já conhecidos por ela, como esses amigos bem-intencionados que sempre insistem em contar o final do filme.Uma das falsas ilusões do ensino (...) é que os estudantes podem passar de um estado de ignorância para um estado de conhecimento, sobre um tema concreto, no curto intervalo de tempo de uma sessão de aula. Esta crença, que simplifica a existência de processos inerentes a toda aprendizagem, é uma fonte de mal-estar e frustração tanto para o professor quanto para alunos e alunas, funda-mentalmente porque não coincide com a realidade. A negação da realidade leva facilmente ao fracasso e provoca um sentimento pessimista de impossibilidade. (...)Na aprendizagem, como em toda viagem, deve-se conhecer o local de partida e saber para onde se quer ir; o processo são os passos do caminho, cada um dos marcos que se atravessa conduz a uma mudança paulatina na qual o tempo representa um papel importantíssimo. (...) O pensamento transforma-se com a aprendizagem, e toda transformação pressupõe um processo que requer determinado tempo. Se prescindirmos dele, a transformação não ocorre, e, se o sujeito for obrigado, memoriza sem compreender; assim, a aprendizagem não resulta operativa, pois ele não

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pode utilizá-la fora do contexto em que a adquiriu, nem se beneficia das mudanças intelectuais que ocorrem nos processos construtivos de novos conhecimentos.

(SASTRE, G. et alli. Temas transversais em educação — bases para urna formação integral. Trad. Cláudia Schilling. São Paulo, Ática, 1997. p. 39.42.)

Pense e interprete

Interprete esta frase: “O construtivismo é o pensamento que mais aproxima a aprendizagem de uma aventura intelectual”.

A escola é uma peça de uma engrenagem maior

A maneira como a escola está organizada é o resultado da organização da seu conjunto. (..)Vale a pena tentar mudar a escola? Há quem pense que, enquanto as relações de poder na sociedade não mudarem, a escola continuará funcionando do mesmo jeito. Essas pessoas acham que não adianta tentar mudar a escola.Ora, os que pensam assim esquecem que, justamente porque a escola está dentro da sociedade, quando mexemos na escola estamos mexendo na sociedade. E a sociedade, por sua vez, também não é uma coisa fixa, parada, que não muda. A sociedade não são só os donos do poder. A sociedade são também todosaqueles que, até agora, não tiveram vez nem voz.A sociedade somos todos nós.A sociedade pode e deve mudar mas somos nós que temos de procurar essas mudanças. Nós. que achamos, por exemplo, que a escola é uma coisa muito importante e que ela está funcionando muito mal.Muita coisa pode ser feita para melhorar a escola. (...) Ë urgente e prioritário adotar medidas que assegurem a todas as crianças o ingresso na escola e sua permanência no ensino pelo maior tempo possível. Algumas dessas medidas práticas, com efeito positivo imediato, são as seguintes: prolongamento do tempo de duração da jornada escolar; adaptação do horário e do calendário escolar às necessidades das crianças que trabalham; distribuição gratuita de todo o material escolar. Incentivar de alguma forma as famílias para que encaminhem seus filhos para a escola é fundamental.

(Ceccon, Claudius; Oliveira, Miguel Darcy, Rosiska Darcy de. A vida na escola e a escola da vida. p. 80.85.)

Pense, comente e explique

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1. Comente as medidas sugeridas no texto para melhorar a escola. (Comentar analisar.) Você concorda com as medidas?

2. Faça uma pesquisa sobre os índices de repetência no sistema escolar brasileiro. Cite algumas causas desse grave problema da educação nacional.

Porta de colégio

Passando pela porta de um colégio, me veio uma sensação nítida de que aquilo era a porta da própria vida. Banal, direis. Mas a sensação era tocante. Por isso, parei, como se precisasse ver melhor o que via e previa.Primeiro há uma diferença de clima entre aquele bando de adolescentes espalhado3 pela calçada, sentados sobre carros, em torno de carrocinhas de doces e refrigerantes, e aqueles que transitam pela rua. Não é só o uniforme. Não é só a idade É toda uma atmosfera, como se estivessem ainda dentro de uma redoma ou aquário numa bolha, resguardados do mundo. Talvez não estejam. Vários já sofreram a Pancada da separação dos pais. Aprenderam que a vida é também um exercício de separação. Um ou outro já transou droga, e com isto deve ter se sentido (equivocadamente) muito adulto. Mas há uma sensação de pureza angelical palpitação sexual, que se exibe nos gestos sedutores dos adolescentes. Ouvem-se gritos e risos cruzando a rua. Aqui e ali um casal de colegiais, abraçados completamente dedicados ao beijo.Beijar em público: um dos ritos de quem assume o corpo e a idade.Treino para beijar o namorado na frente dos pais e da vida, como quem diz: também tenho desejos onde , veia como sei deslizar carícias.Onde estarão esses meninos e meninas dentro de dez ou vinte anos?Aquele ali, moreno, de cabelos longos corridos, que parece gostar de esportes, vai se interessar pela informática ou economia; aquela de cabelos loiros e crespos vai ser dona de butique; aquela morena de cabelos lisos quer ser médica; a gorduchinha vai acabar casando com um gerente de multinacional; aquela esguia, meio bailarina, achará um diplomata. Algumas estudarão letras, se casarão, largarão tudo e passarão parte do dia levando filhos à praia e à praça e pegando-os de novo à tardinha no colégio. Sim, aquela quer ser professora de ginástica. Mas nem todos têm certeza sobre o que serão. Na hora do vestibular resolvem. Têm tempo. É isso. Têm tempo. Estão na porta da vida e podem brincar. Aquela menina morena magrinha, com aparelho nos dentes, ainda vai engordar e ouvir muito elogio às suas pernas. Aquela de rabo-de-cavalo, dentro de dez anos se apaixonará por um homem casado. Não saberá exatamente como tudo começou. De repente, percebeu que o estava esperando no lugar onde passava na praia. E o dia em que foi com ele no motel pela primeira vez ficará vivo na memória.É desagradável, mas aquele ali dará um desfalque na empresa em que será gerente. O outro irá fazer doutorado no exterior, se casará com estrangeira, descasará, deixará lá um filho — remorso constante. Às vezes lhe mandará passagens para passar o Natal com a família brasileira.A turma já perdeu um colega num desastre de carro. É terrível, mas provavelmente um outro ficará pelas rodovias.Aquele que vai tocar rock vários anos até arranjar um emprego em repartição pública. O homossexualismo despontará mais tarde naquele outro. Espantosamente, logo nele, que é Já um

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dom-juan. Tio desinibido aquele, acabará líder comunitário e talvez político. Daqui a dez anos os outros dirão: ele sempre teve jeito, não lembra aquela mania de reunião e diretório?Aquelas duas ali se escolherão madrinhas de seus filhos e morarão no mesmo bairro, uma casada com engenheiro da Petrobras e outra com um físico nuclear. Um dia, uma dirá à outra no telefone: tenho urna coisa para lhe contar arranjei um amante. Aconteceu. Assim, de repente. E o mais curioso é que continuo a gostar do meu piando.Se fosse haver alguma ditadura no futuro, aquele ali seria guerrilheiro. Mas esta hipótese deve ser descartada.Quem estará naquele avião acidentado? Quem construirá urna linda mansão e um dia convidará a todos da turma para uma grande festa comemorativa? Ah, o primeiro aborto! Aquela ali descobrirá os textos de Clarice Lispector e isto será uma iluminação para toda a vida. Quantos aparecerão na primeira página do jornal? Qual será o tranqüilo comerciante e quem representará o pais na ONU?Estou olhando aquele bando de adolescentes com evidente ternura. Pudesse passava a mão nos seus cabelos e contava-lhes as últimas estórias da carochinha antes que o lobo feroz os assaltasse na esquina. Pudesse lhes diria daqui: aprovei-tem enquanto estio no aquário e na redoma, enquanto estio na porta da vida e de colégio. O destino também passa por aí. E a gente pode às vezes modificá-lo.(SANTANNA, Affonso Romano de. Porta de colégio. São Paulo, Mica, 1999. Série Para Gostar de Lar.)

Pense e descrevaDescreva um sentimento que a porta de colégio na entrada ou na saída de aula desperta em você. Caso a situação não lhe desperte sentimento algum escreva isso e substitua a porta de colégio por outra situação relacionada ao espaço físico escolar que lhe traga sentimento ou lembrança.Postado por |Reno| às 16:12 6 comentários:

Anônimoterça-feira, 02 novembro, 2010isso eh msm 1 saco pq os professores de sociologia mandam a gente fazer esses exercicios tão bestas e chatos .. fala sério né ñ tem outra coisa pra vcs colocarem aqui ñ?? agora já sei da onde meu professor tira os textos tão itediantes!!

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Anônimodomingo, 07 novembro, 2010fala sério pra que tenq passa isso coisa mais chata,além de termos que fazer tudo isso ainda temos que apresenta pra toda turma ui que coisa mais insuportavel vão cria vergonha na cara e faze uma coisa mais legal não tão intediante como isso.

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Anônimoterça-feira, 23 novembro, 2010ah!é muito bom! isso testa os nossos conhecimentos,e nus faz lembrar dos nossas velhos momentos em sala de aula.

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Anônimodomingo, 25 setembro, 2011merdaaaaaa

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Anônimosegunda-feira, 07 novembro, 2011testar nossos conhecimentos? ah, por favor, há uma grande diversidade para que possamos usar nossos conhecimentos de forma espontânea, opcional, não por uma matéria inútil que não vai acrescentar fundamentos em nossa vida, só banalidade e mais banalidade. Vivemos nossos momentos em sala de aula, forma bons? Foram, mas que fique para o passado, tire o máximo de proveito possível enquanto estiver vivenciando a experiência; depois construa sua vida e faça disso apenas detalhe, degraus que você optou para subir na vida.

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Anônimodomingo, 04 novembro, 2012esse conteudo nao tem nada a ver. fala serio pow