A estratégia como prática e a teoria da estruturação: distâncias e aproximações

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A ESTRATÉGIA COMO PRÁTICA E A TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO: DISTÂNCIAS E APROXIMAÇÕES Autoria: Maria Luciana de Almeida, Rafael dos Santos Fernandes Sales RESUMO Os estudos na área de estratégia foram dominados por muito tempo por pesquisas que tinham por objetivo demonstrar que o sucesso das organizações estava diretamente ligado aos fatores econômicos, assim os autores deste campo enfatizavam a forma como as organizações deveriam agir para obter vantagens competitivas, e consequentemente retornos financeiros superiores. O foco de análise de tais estudos estava voltado para as influências do ambiente externo ou interno sobre o desempenho organizacional, entretanto não se analisava a influência dos indivíduos para os resultados das organizações, tendo em vista que são estes os responsáveis pelo desenvolvimento das estratégias. A partir da década de 1990 surge no campo da estratégia uma abordagem nova, conceituada como “estratégia como prática”, que percebe a elaboração da estratégia não apenas a partir de algo que as organizações possuem, mas como algo que as pessoas fazem. Tendo em vista que esta é uma abordagem emergente, não havendo arcabouço teórico suficiente para fundamentar seus pressupostos, muitos dos autores de tal tradição buscam subsídios nos trabalhos de autores da teoria social, sobretudo na teoria da estruturação, de Anthony Giddens. Assim, este ensaio teórico, objetiva analisar distanciamentos e aproximações entre o campo da estratégia como prática e a discussão específica da teoria da estruturação. Para tanto, apresentamos os pontos centrais de cada abordagem e, em seguida, procuramos evidenciar suas continuidades e descontinuidades teóricas, neste sentido nos utilizamos das contribuições de autores renomados da área, tais como Feldman, Pentland, Giddens, Jarzabkowski, Balogun, Seidl, Johnson, Langley, Melin, Whittington, Merton, Reckwitz, entre outros. A partir de uma abordagem metodológica de cunho teórico, foi possível concluir que estes dois campos teóricos autônomos (estratégia como prática e teoria da estruturação) possuem um diálogo íntimo, e que este pode contribuir para o debate em ambas. Apesar da estratégia como prática incorporar muitos conceitos e até a abordagem metodológica proposta pela teoria da estruturação, as investigações específicas desta área desenvolvidas pelos seus autores fortalecem, mesmo que com algumas distinções, a discussão de Giddens em sua teoria da estruturação. Ao passo que a abordagem da estratégia como prática, ao buscar apoio na teoria da estruturação para entender processos estratégicos, pode trazer uma contribuição para interpretações mais acuradas sobre a atuação dos indivíduos ao desenvolverem suas atividades, em sua vida cotidiana. Palavras-chave: Estratégia como Prática. Teoria da Estruturação. 1 INTRODUÇÃO A agenda de estudos em estratégia por muitos anos foi permeada por pesquisas que objetivavam evidenciar o sucesso organizacional a partir de uma abordagem de cunho econômico, onde o foco central estava baseado em como as organizações devem agir a fim de obter vantagens competitivas e, por conseguinte um desempenho superior. Neste sentido, os estudos na área de estratégia focavam suas análises, por um lado, na influência dos fatores externos a organização para o desempenho organizacional e, por outro, na análise dos recursos internos, como meio de estabelecer interações entre estes que propiciem a formação de capacidades organizacionais, que possam convergir para competências únicas, proporcionando um desempenho superior para a organização. Assim, o papel das pessoas no que diz respeito ao desenvolvimento de estratégias foi colocado em segundo plano. A emergência de uma nova abordagem na área, denominada

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Autores ML Almeida, Rafael dos Santos Fernandes Sales Anais do Encontro de Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho da ANPAD, João Pessoa, 2011, PB, Brasil.

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A ESTRATÉGIA COMO PRÁTICA E A TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO: DISTÂNCIAS E APROXIMAÇÕES

Autoria: Maria Luciana de Almeida, Rafael dos Santos Fernandes Sales

RESUMO

Os estudos na área de estratégia foram dominados por muito tempo por pesquisas que tinham por objetivo demonstrar que o sucesso das organizações estava diretamente ligado aos fatores econômicos, assim os autores deste campo enfatizavam a forma como as organizações deveriam agir para obter vantagens competitivas, e consequentemente retornos financeiros superiores. O foco de análise de tais estudos estava voltado para as influências do ambiente externo ou interno sobre o desempenho organizacional, entretanto não se analisava a influência dos indivíduos para os resultados das organizações, tendo em vista que são estes os responsáveis pelo desenvolvimento das estratégias. A partir da década de 1990 surge no campo da estratégia uma abordagem nova, conceituada como “estratégia como prática”, que percebe a elaboração da estratégia não apenas a partir de algo que as organizações possuem, mas como algo que as pessoas fazem. Tendo em vista que esta é uma abordagem emergente, não havendo arcabouço teórico suficiente para fundamentar seus pressupostos, muitos dos autores de tal tradição buscam subsídios nos trabalhos de autores da teoria social, sobretudo na teoria da estruturação, de Anthony Giddens. Assim, este ensaio teórico, objetiva analisar distanciamentos e aproximações entre o campo da estratégia como prática e a discussão específica da teoria da estruturação. Para tanto, apresentamos os pontos centrais de cada abordagem e, em seguida, procuramos evidenciar suas continuidades e descontinuidades teóricas, neste sentido nos utilizamos das contribuições de autores renomados da área, tais como Feldman, Pentland, Giddens, Jarzabkowski, Balogun, Seidl, Johnson, Langley, Melin, Whittington, Merton, Reckwitz, entre outros. A partir de uma abordagem metodológica de cunho teórico, foi possível concluir que estes dois campos teóricos autônomos (estratégia como prática e teoria da estruturação) possuem um diálogo íntimo, e que este pode contribuir para o debate em ambas. Apesar da estratégia como prática incorporar muitos conceitos e até a abordagem metodológica proposta pela teoria da estruturação, as investigações específicas desta área desenvolvidas pelos seus autores fortalecem, mesmo que com algumas distinções, a discussão de Giddens em sua teoria da estruturação. Ao passo que a abordagem da estratégia como prática, ao buscar apoio na teoria da estruturação para entender processos estratégicos, pode trazer uma contribuição para interpretações mais acuradas sobre a atuação dos indivíduos ao desenvolverem suas atividades, em sua vida cotidiana. Palavras-chave: Estratégia como Prática. Teoria da Estruturação. 1 INTRODUÇÃO

A agenda de estudos em estratégia por muitos anos foi permeada por pesquisas que objetivavam evidenciar o sucesso organizacional a partir de uma abordagem de cunho econômico, onde o foco central estava baseado em como as organizações devem agir a fim de obter vantagens competitivas e, por conseguinte um desempenho superior. Neste sentido, os estudos na área de estratégia focavam suas análises, por um lado, na influência dos fatores externos a organização para o desempenho organizacional e, por outro, na análise dos recursos internos, como meio de estabelecer interações entre estes que propiciem a formação de capacidades organizacionais, que possam convergir para competências únicas, proporcionando um desempenho superior para a organização.

Assim, o papel das pessoas no que diz respeito ao desenvolvimento de estratégias foi colocado em segundo plano. A emergência de uma nova abordagem na área, denominada

 

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“estratégia como prática”, na década de 1990, vem suprir esta lacuna, buscando entender como a estratégia é realizada pelas pessoas. Sob a ótica desta perspectiva prática, a estratégia não é algo que as organizações possuem ou fazem, mas algo que seus membros realizam (JOHNSON et. al., 2007). Parte dessa discussão encontra força teórica e conceitual na Teoria da Estruturação, conforme estabelecida por Anthony Giddens.

Nesse sentido, o objetivo central desse trabalho é analisar distanciamentos e aproximações entre o campo da estratégia como prática e a discussão específica da teoria da estruturação.

2 A ESTRATÉGIA COMO PRÁTICA

A abordagem da teoria como prática emerge como uma alternativa conceitual para os estudos de estratégia a partir de um diálogo com a teoria social, tornando-se atraente ao público insatisfeito com as abordagens estratégicas clássicas, por faltar a estas, muitas vezes, uma análise que considere o indivíduo como vetor de mudança. É possível encontrar elementos da teoria como prática social nas obras de muitos autores do final do século XX, tais como, Pierre Bourdieu, Anthony Giddens, Michel Foucault, Haroldo Garfinkel, Bruno Latour e Ted Schatzki. Esses autores têm contribuído para consolidação de uma teoria das práticas sociais, centrando o conteúdo de suas pesquisas na vida cotidiana das pessoas, levando em consideração a ação humana (RECKWITZ, 2002; SCHATZKI; CETINA; SAVIGNY, 2001).

A partir dos estudos da prática na teoria social surge no campo da estratégia a abordagem da estratégia como prática (SCHATZKI; CETINA; SAVIGNY, 2001), tendo sua primeira nota de pesquisa em um estudo realizado por Whittington, em 1996. Apesar do campo da estratégia ter uma diversidade muito ampla, as pesquisas na área geralmente supõem a estratégia como algo que as organizações possuem (WHITTINGTON, 1996; JOHNSON et. al., 2007). Neste sentido, a estratégia como prática surge em virtude do descontentamento dos pesquisadores em relação às pesquisas convencionais que atribuem pouca ou nenhuma relevância ao fazer da estratégia e ao papel das pessoas, enquanto estrategistas (JARZABKOWSKI e SPEE, 2009).

Assim, a estratégia deixa de ser apenas algo que as organizações têm e passa a ser entendida como algo que as pessoas fazem. Por esta perspectiva, a estratégia é concebida como uma prática social, cujo foco de análise está em como os praticantesi de estratégia realmente agem e interagem. A preocupação central se relaciona com o que as pessoas envolvidas na elaboração da estratégia realmente fazem e como isto influencia nos resultados institucionais. O objetivo é descobrir como as pessoas de fato seguem com seu trabalho dentro das organizações. Dessa forma, há uma preocupação com a eficácia dos estrategistas, e não apenas das organizações, na medida em que são eles que direcionam estrategicamente a organização (JOHNSON et. al., 2007; WHITTINGTON, 1996; WHITTINGTON, 2003).

O desempenho eficaz envolve, em termos gerais, o domínio de técnicas analíticas de planejamento, bem como a habilidade de adaptação a procedimentos, padrões e rotinas de trabalho. Destarte, os estrategistas tem um domínio de habilidades e conhecimentos que não são analisados na perspectiva anterior à estratégia como prática. As pessoas, ao desenvolverem suas atividades e funções, fazem uso de habilidades e informações próprias (que não precisam ser advindas de processos formalizados) podem contribuir de forma significativa no desempenho organizacional. Assim, o que se propõe é que se dispenda igual atenção ao desenho organizacional (organizing) e ao fazer da estratégia (strategizing), (WHITTINGTON, 1996; WHITTINGTON, 2003).

Nesse contexto, a habilidade artesanal, como sugere Mintzberg (1998), se torna tão crucial quanto a habilidade técnica. A luz desta abordagem, o trabalho gerencial envolve tanto

 

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inspiração, apreensão de ideias, visões e oportunidades, quanto transpiração(planejamento e orçamentos com base em dados e informações). Assim, enfatiza-se a necessidade de conhecimento, seja este, tácito ou formal, individual ou coletivo. A prática tem interesse no fazer da estratégia, em reuniões, conversas, formulários, anotações e todos os episódios que dão início a formulação e implementação da estratégia (WHITTINGTON, 1996; JOHNSON et. al., 2007).

Neste sentido, a estratégia como prática pode ser vista como parte de uma grande preocupação em considerar aspectos humanos e individuais na gestão organizacional, o que a localiza no interior da perspectiva de promoção de uma “virada para prática”, nos estudos organizacionais. Entretanto, para que se possa apreender a ação humana no processo de criação e disseminação da estratégia, se faz necessário empreender uma reorientação de investigação, o que propicia a busca de modelos conceituais que abordem as ações e interações das pessoas, enquanto praticantes da estratégia (PETTIGREW et. al.; JARZABKOWSKI; BALOGUN; SEIDL, 2007).

2.1 Alguns Modelos conceituais

A abordagem da estratégia como prática tem seu foco voltado para pesquisa em diferentes níveis de análise e, sobretudo, para as interações existentes entre estes níveis. Assim, busca-se enfatizar as ligações existentes entre as micro e macro perspectivas da estratégia, compreendida aqui como uma prática social. A “prática”, nesse contexto, se refere tanto à micro-ações, realizadas por pessoas de forma individualizada, quanto a modos de agir socialmente definidos, a partir das interações nas várias instituições das quais as pessoas fazem parte. Dessa forma, as análises do aspecto micro devem ser compreendidas a partir de seu contexto social mais amplo, pois os atores sociais não agem isoladamente, eles são condicionados (não determinados) pelas práticas socialmente definidas pela coletividade da qual participam (JOHNSON et. al., 2007; WHITTINGTON, 2006; JARZABKOWSKI; BALOGUN; SEIDL, 2007).

Sob a ótica de tais pressupostos, a estratégia pode ser definida como uma atividade socialmente realizada, que implica em resultados em termos de desempenho e possíveis vantagens competitivas, mesmo que não tenha sido formalmente articulada. Já o fazer da estratégia (strategizing) se constitui a partir de um fluxo de atividades (ações e interações) entre múltiplos atores e práticas organizacionais. Assim, o objetivo é considerar na elaboração das estratégias tanto os esforços individuais dos atores, quanto o funcionamento da estrutura social. Neste sentido, evidenciam-se três temas centrais para a abordagem da estratégia como prática: a) as práticas das organizações e seus ambientes sociais, b) as práxis, que envolvem as atividades reais das pessoas e c) os praticantes (JOHNSON et. al., 2007; WHITTINGTON, 2006; JARZABKOWSKI; BALOGUN; SEIDL, 2007). A fim de promover uma integração entre estes conceitos, dando mais sustentabilidade a estratégia como prática, Whittington (2006) e Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007) propõem modelos conceituais distintos. Os autores convergem para a necessidade de uma visão integrada em relação aos conceitos desta nova abordagem, como forma de fazer as investigações na área avançarem, evidenciando que, apesar dos progressos alcançados nos últimos anos, ainda há muito a ser feito para que esta se torne um campo de pesquisa consolidado. Para que tais modelos sejam, entendidos, faz-se necessário definir a priori os conceitos de praticantes, práticas e práxis, expondo uma distinção entre práticas e práxis que muitas vezes são confundidas em suas acepções.

Utilizando da conceituação de Reckwitz (2002) as práticas são tipos de comportamento rotineiros constituídos por vários elementos interligados entre si, tais como: as formas de atividades corporais e mentais, as coisas e sua utilização, os conhecimentos e sua

 

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forma de compreensão e os estados emocionais e motivacionais. Desse modo, a prática refere-se a rotinas de comportamento, como, tradições, normas e procedimentos para pensar e agir. Tais práticas habilitam os atores a interagirem socialmente, realizando assim suas atividades de forma coletiva, pois são elas que fornecem os recursos comportamentais, cognitivos, de procedimentos e discurso necessários para tanto (WHITTINGTON, 2006; JARZABKOWSKI; BALOGUN; SEIDL, 2007). Já a práxis para Reckwitz (2002), seria a representação do todo da ação humana. Para Whittington (2006), a práxis refere-se ao que as pessoas realmente fazem. Uma parcela importante do trabalho dos praticantes acontece em uma sequência de episódios de práxis, tais como reuniões, intervenções de consultoria, apresentações, projetos e conversas. A práxis compreende atividades formais e informais, rotineiras e não rotineiras, que são realizadas no centro ou na periferia da organização. Neste sentido, todas as atividades envolvidas da formulação e implementação da estratégia estão compreendidas na práxis, esta constitui no elo entre o que os indivíduos fazem e o que acontece nas organizações, (JARZABKOWSKI; BALOGUN; SEIDL, 2007). Mesmo com estas definições de práticas e práxis, a diferença entre os dois conceitos não está tão clara. Neste sentido, recorre-se a classificação de Feldman e Pentland (2003) acerca dos aspectos ostensivo e performativo ao discorrerem sobre as rotinas organizacionais, por esta permitir uma melhor compreensão destes conceitos iniciais. Johnson et. al.(2007) utilizam esta classificação para distinguir os conceitos de prática e práxis, neste caso a noção de prática estaria vinculada a dimensão ostensiva, enquanto a práxis estaria mais relacionada a aspectos performativos. Conforme Feldman e Pentland (2003) o aspecto ostensivo incorpora o que se concebe normalmente como a estrutura em Giddens. Assim, o aspecto ostensivo incorpora as normas, regras e procedimentos concebidos pela organização, o que permite a realização de uma orientação de como os atores devem proceder em certas situações. Refere-se, portanto ao desempenho de uma rotina, onde o entendimento subjetivo dos agentes é incorporado. Este só se torna aparente quando em sua performance. Já o aspecto performativo é formado por ações específicas tomadas por pessoas específicas em momentos e lugares específicos. Este atua de forma a criar, modificar e recriar o aspecto ostensivo. Argumenta-se que esta dualidade entre os aspectos ostensivo e performativo permite uma variabilidade de padrões, permitindo a seleção e incorporação dos melhores padrões de ação. Existe uma dependência mútua entre os dois aspectos, tendo em vista que um depende do outro, em maior ou menor grau, para se legitimar. Por fim, os praticantes são os atores que agem ao reconhecer as práticas, eles inter-relacionam as práticas e práxis, utilizam-se das rotinas e seus recursos ao agir, e agindo coordenam e adaptam tais rotinas ao seu modo de agir, influenciando as práticas por meio da práxis, e sendo habilitado a exercer sua práxis por meio das práticas adotadas pela coletividade. Eles moldam a atividade estratégica através de quem são, como agem e quais práticas baseiam-se ao agir. Estes não são apenas os gerentes de alto escalão, mais também os gerentes de nível médio (RECKWITZ, 2002; WHITTINGTON, 2006; JARZABKOWSKI; BALOGUN; SEIDL, 2007).

A fim de evidenciar que estes conceitos de prática, práxis e praticantes são interligados e que existem pontos de interseção entre eles que propiciam questões para investigação dentro da área de estratégia como prática Jarzabkowski, Balogun e Seidl (2007) propuseram o seguinte modelo conceitual.

 

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Figura 1: Um modelo conceitual para análise da estratégia como prática Fonte: Jarzabkowski, Balogun e Seidl, 2007 (tradução livre). O strategizing (fazer da estratégia) compreende o nexo entre prática, práxis e praticantes. Tendo em vista que são os praticantes se utilizando de sua práxis através dos recursos e padrões das práticas que elaboram e implementam as estratégias. Outro modelo conceitual foi proposto por Whittington (2006), através deste modelo o autor propõe a integração entre os níveis intra e extra organizacional utilizando-se para tanto dos conceitos de prática, práxis e praticantes.

Figura 2: Integrando prática, práxis e praticantes Fonte: Whittinton (2006) No paralelogramo inferior as letras A, B, C e D representam os praticantes, sendo A, B e C, agentes internos e D um participante externo que age de modo a influenciar na organização em algum momento. E as práxis são simbolizadas pelos eventos de i a v, onde o praticante externo é um agente no episódio de práxis iv, estes episódios podem formais, como reuniões ou informais, como conversas. No paralelogramo superior estão simuladas as práticas por meio dos números 1, 2, 3 e 4, sendo a prática 4 externa a organização. Os praticantes compartilham estas práticas, podendo nos episódios de práxis alterar as práticas

Práxis: Fluxo de atividades

organizacional e socialmente

situado e realizado

Práticas: Administrativa, discursivas e episódicas.

Praticantes: atores que

fazem a prática por

meio de suas ações.

 

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adotadas, como exposto no modelo na passagem do episódio ii para o iii (WHITTINGTON, 2006). Algumas acepções são feitas em relação ao modelo, neste as setas descendentes enfatizam que as práticas exercem grande influencia sobre as práxis, entretanto, isto não quer dizer que os praticantes sejam submissos ás práticas, pelo contrário sugere-se que as práticas são adaptáveis na práxis. As setas ascendentes são a representação de que as práticas geralmente emergem da práxis, todavia algumas conseguem ser difundidas além da organização. Assim, os estrategistas se tornam pontos centrais na transferência e inovação de práticas estratégicas, pois são eles que mantem o contato entre a organização e o campo no qual ela esta inserida. E os praticantes são mediadores cruciais entre práticas e práxis (WHITTINGTON, 2006).

3 ANTHONY GIDDENS E A TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO

Um tema central na história da teoria sociológica, se podemos assim nomear, são as

categorias conceituais sobre as quais se fundamentam as explicações sobre os fenômenos sociais, ou sobre os fatos sociais, para usar o termo durkhemiano. Em outras palavras, trata-se de como podemos explicar/compreender a vida social em suas várias configurações e instâncias, e que termos utilizamos para realizar tal tarefa.

Nesse contexto, a discussão sobre agência e estrutura é central e dissonante. Em termos genéricos, esse debate se desenvolve acerca da influência (dependência de um pelo outro, e vice versa) de contextos sociais mais amplos na vida dos indivíduos, e sobre como a ação individual pode ou não influenciar tais contextos. De maneira transversal, esse debate perpassa toda a história das ideias sociológicas, durante muito tempo constituindo uma dicotomia bastante tensa. A importância desse debate se localiza exatamente na forma como vemos e compreendemos o mundo e na margem de possibilidades que as diferentes perspectivas nos oferecemii. A discussão mais ampla proposta por Giddens, nesse contexto, está inserida no campo metateórico da teoria social. Em outros termos, ele considera as principais teorizações das ciências sociais no último século como ponto de partida de sua discussão geral.

Inicialmente, ele propõe a mudança do dualismo (no sentido de disputa dos conceitos em um mesmo espaço) entre subjetivismo e objetivismo (e questões correlatas) para uma dualidade (mais próximo da noção de ambivalência, talvez), eliminando a noção de concorrência entre eles. Ao que ele nomeia de dualidade da estrutura. Em termos amplos, ele reconhece a importância dos constrangimentos estruturais em relação ao indivíduo, o que não significa sucumbir às atrações da sociologia estrutural (determinação da estrutura sobre a ação individual). Por outro lado, ele não acredita que as proposições do individualismo metodológico sejam a solução (explicação de fenômenos sociais a partir da ação dos indivíduos).

Giddens considera os indivíduos como seres cognoscentes e suas ações como declaradamente intencionais (mesmo as omissões ou abstenções). O autor procura articular (ou integrar, para considerar a terminologia de Parsonsiii) em sua teorização os conceitos de a) ação, significado e subjetividade, por um lado, com as noções b) de estrutura e coerção, por outro. Trata-se, portanto, de eliminar a primazia de uma perspectiva sobre a outra.

Agência, nos termos de Giddens, não se refere às intenções que as pessoas tem ou não ao fazer determinada coisaiv (ação intencional ou não), mas à capacidade delas para realizar essas coisas. Nesse sentido, agência compreende necessariamente a noção de poder. A ligação entre ação e poder, portanto, se estabelece na capacidade (ou no poder) que os indivíduos tem de “atuar de outro modo” (Giddens, 2009. p.17), de intervir ou de se abster em relação a determinado processo ou estado específico de coisasv. A noção de ação, no sentido que

 

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Giddens emprega, compreende uma capacidade transformadora: “Isso pressupõe que ser um agente é ser capaz de exibir (cronicamente, no fluxo da vida cotidiana) uma gama de poderes causais, incluindo o de influenciar os manifestados por outros” (GIDDENS, 2009. p.17).

A noção de estrutura em Giddens refere-se ao conjunto de regras e recursos implicados, de modo recursivo, na reprodução social. Segundo ele, as características institucionalizadas de sistemas sociais têm propriedades estruturais, no sentido de que as relações estabelecidas em seu interior são estáveis no tempo e no espaço. De outra forma, para Giddens, a estrutura é o a dimensão social (muito próximo do conceito de campus, em Bourdieu), formada por aspectos normativos (formais e informais) e códigos de significação, que fornece sentido a ação dos indivíduos, ordenando-a no tempo e no espaço.

Para Giddens, os atores sociaisvi executam a todo o momento o que ele chama de ‘monitoramento reflexivo da atividade’. Ou seja, os indivíduos, em sua concepção, tem como aspecto inerente do que fazem (ação social), a capacidade de entender o que fazem enquanto fazem, tendo em mente (direta ou indiretamente) o sentido e a intenção do que fazem. Eles avaliam e controlam continuamente o fluxo de suas atividades, assim como monitoram rotineiramente aspectos sociais e físicos dos contextos em que se movem, e esperam isso dos outros indivíduosvii. Essa reflexividade da ação exige a racionalização, operando em dois níveis diferentes. O primeiro seria um nível discursivo, no qual as pessoas conseguem conscientemente evidenciar o sentido de sua ação. E o segundo, seria a consciência prática, que é aquela na qual os indivíduos conhecem tacitamente sua continuidade na vida social, mas não conseguem descrevê-la discursivamente.

Para ele, ação humana está compreendida em três níveis diferentes, que não se opõem, tampouco possuem limites nítidos. Para ele, ação humana é desenvolvida ora a partir de uma consciência discursiva (ações explicáveis pelo próprio indivíduo), ora a partir de uma consciência prática (na qual o ator apenas faz), ora a partir de motivos inconscientes ou relacionados a cognição. Em outros termos, em alguns momentos o indivíduo age de maneira consciente e intencionada, em outros ele apenas reproduz aspectos da estrutura (executando direta ou indiretamente determinadas atividades) e, em outras, os motivos se localizam em elementos inconscientes (como na concepção Freudiana) ou relacionados a cognição (saber ou não determinado fato, ou aspecto da realidade – noção de racionalidade limitada).

Nesse sentido, se por um lado a estrutura possibilita e dá sentido as ações dos indivíduos, a ação dos indivíduos é estruturada e estruturante, ao mesmo tempo. Ou seja, a ação dos indivíduos é orientada a partir de aspectos localizados na estrutura, mas tais aspectos são (re) significados a partir da prática cotidiana vivida pelos indivíduos. Dessa maneira, Giddens compreende coque o processo de estruturação social é realizado por todos cotidianamente, embora seus efeitos só sejam visíveis na medida em que produzam efeitos sociais mais amplos.

A noção de ‘durante’ (dureé) é particularmente importante em Giddens, porque ele considera que a ação humana deve ser entendida ao longo de sua execução, de maneira contextualizada. Ele considera necessária a incorporação das categorias tempo e espaço na teoria social, aproximando-a da história e da geografia (mas sem assumir as limitações específicas de ambas)viii. Isso remete a sua noção de historicidade dos fatos sociais. Para ele,

[...] a história é construída pelas atividades intencionais dos indivíduos. Não acontece de forma premeditada, mas resulta do desejo de buscar uma direção consciente para as ações, ainda que as conseqüências de uma determinada ação possam não ser àquilo que se intencionou originalmente (RODRIGUES, 2009).

Dessa maneira, Giddens considera que as práticas sociais, ao penetrarem no tempo e no

espaço, estão na raiz da constituição do sujeito e da sociedade (e, obviamente das organizações sociais e instituições). Tais práticas sociais, embora não sejam muito bem

 

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definidas por Giddens, podem ser entendidas como procedimentos, métodos e técnicas executados apropriadamente pelos agentes sociais, mas não necessariamente vinculadas a motivos claros para o agente (Cohen, 1999).

Ao mesmo tempo, e talvez uma reminiscência de Simmel, Giddens também observa como as práticas são continuadas ou duradouras, e como elas são reproduzidas. Como resultado, a ação social e a interação como "práticas tacitamente estabelecidas" tornam-se "instituições ou rotinas" e "reproduzem formas familiares da vida social" (Cohen, 1999)

Este argumento permite a Giddens integrar a ação social humana com os sistemas maiores, as estruturas e instituições das quais fazemos parte. É a repetição contínua da ação social e da interação em formas bastante regulares e habituais que constituem o que podem ser as formas sociais mais amplas. Em resumo, a abordagem de Giddens para a ação social é o da praxis, padrões regulares de comportamento promulgada por atores ativos que interagem uns com os outros em situações habituais, sob formas reflexivas e conscientes.

No decorrer das práticas, os indivíduos dispõem de recursos diferenciados e distribuídos de maneira desigual. Para Giddens, recursos são as facilidades ou bases de poder a que o agente tem acesso e que ele manipula para influenciar o curso da interação com os outros. “São propriedades estruturadas de sistemas sociais, definidos e reproduzidos por agentes dotados de capacidade cognoscitiva no decorrer da interação”. Mas a manipulação dos recursos não ocorre em práticas distintas; sua mobilização sempre envolve aspectos semânticos e normativos do conhecimento mútuo. Ele compreende dois tipos de recursos: a) os alocativos e b) os de autoridade. Recursos de autoridade são capacidades que geram o comando sobre as pessoas (oportunidades na vida, posicionamento espaço-temporal, organização e relação entre os seres humanos. Os recursos alocativos são capacidades que geram o comando sobre os objetos materiais (matérias-primas, meios de produção). Os recursos são veículos através dos quais o poder é exercido, como um elemento rotineiro da exemplificação da conduta na reprodução social.

4 A ESTRATÉGIA COMO PRÁTICA E A TEORIA DA ESTRUTURAÇÃO: DISTÂNCIAS E APROXIMAÇÕES

A discussão teórica que Giddens propõe não tem foco específico em como estratégias surgem ou em como os estrategistas agem. Sua preocupação está focada em uma discussão mais ampla sobre como podemos pensar, de maneira diferenciada do que vinha sendo proposto na teoria social, a respeito dos fenômenos sociais e da própria constituição da sociedade. Para tanto, a partir da percepção de que agência individual e estrutura constituem uma dualidade e não um dualismo, ele engendra uma densa argumentação sobre como o nível macro e micro social se influenciam mutuamente. Não se trata mais, portanto, de argumentar que aspectos da estrutura ou do sistema social “constrangem” os indivíduos a realizarem ações específicas. Ou mesmo, em sentido oposto, tentar compreender grandes fenômenos sociais (como economia, por exemplo) a partir da análise de práticas individuais. Assim como outros autores (Bourdieu, Marshal Shalins), mas de forma distinta, Giddens parte de uma discussão acerca da agência humana e sua relação com a estrutura para compor um amplo e dinâmico argumento sobre como as coisas acontecem cotidianamente.

Logo, em resumo, para ele, os atores sociais (e aqui ele considera todos os atores) são essencialmente cognoscentes (ou seja, procuram agir sempre de maneira lógica e racional). Ao longo de sua ação cotidiana (práticas sociais) reproduzem aspectos da estrutura social (normas formais e informais, interpretações simbólicas), mas também são capazes de, ao longo de sua atuação – que tende a ser duradoura, repetida no tempo e no espaço, constituindo o que ele chama de práxis -, modificar os aspectos da estruturaix.

 

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Figura 3: O Sentido da estruturação Fonte: Autores

Talvez uma metáfora útil seja a do direito. O direito, nas sociedades modernas, informa aos indivíduos uma série de normas que devem ser seguidas. Em casos de litígio, são essas normas que orientam a resolução dos conflitos. Sucessivas decisões convergentes em relação a determinado tópico constituem o que o direito chama de jurisprudência. Logo, a jurisprudência é um conjunto de decisões judiciais num mesmo sentido, indicando uma tendência a ser seguida por outras decisões futuras. Ou seja, práticas sociais (decisõesx judiciais), constituídas de maneira duradoura (constituindo uma práxis), podem modificar aspectos da estrutura (corpo normativo, nesse caso).

Em vários momentos o campo da estratégia como prática dialoga com a teoria da estruturação. Por ser esta, uma área em emergência na qual não se tem muitos estudos desenvolvidos, seus autores buscam subsídios teóricos para fundamentar seus pressupostos em campos teóricos mais sólidos. Assim, os conceitos de práticas e práxis desta área se assemelham em suas concepções aos conceitos de estrutura e agência, respectivamente, da teoria da estruturação. É válido elucidar que há uma divergência de definições entre os mesmos conceitos em Giddens e nos autores de estratégia como prática. Neste sentido, o que é prática em Giddens se assemelha em grande medida a definição de práxis adotada nos modelos conceituais de estratégia como prática, onde a mesma esta atrelada as atividades cotidianas dos praticantes ou agentes cognoscentes. E o que é práxis em Giddens converge com a definição de práticas nos moldes da estratégia como prática, sendo esta constituída por aspectos rotineiros, normas de conduta, padrões de ação.

Talvez por isso haja uma tendência em recorrer ao uso da definição proposta por Feldman e Pentland em relação aos aspectos ostensivo e performativo, a fim de elucidar qual o sentido de práticas e práxis, tornando estes conceitos mais claros. Tais autores ao proporem esta nomenclatura mencionam a similitude da mesma como os conceitos de estrutura e agencia propostos por Giddens na teoria da estruturação. Dessa forma, o aspecto ostensivo incorpora as normas, regras e procedimentos que servem de guia e, ao mesmo tempo de instrumento de controle das atividades desenvolvidas pelos agentes. Já o aspecto performativo se consubstancia nas ações desempenhadas pelas pessoas em situações especificas, de forma que estas podem alterar, criar e recriar o aspecto ostensivo.

Observa-se assim a dualidade existente entre ambos, pois o aspecto ostensivo necessita da performance dos atores para se tornar aparente e o aspecto ostensivo limita, mas também, habilita os agentes. Assim, apregoa-se que as práticas (aspecto ostensivo) exercem uma influencia substancial sobre a práxis (aspecto performativo), todavia tal fato não torna os agentes incapazes, apesar das práticas limitarem suas ações em grande medida, estas também,

Ação Social e Interação

EstruturaAção 

Social e Interação

Práticas Sociais

Práxis

Estruturação

 

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os capacita a exercerem suas atividades de modo adaptativo, modificando-as e reestruturando-as, assim muitas práticas são advindas de episódios de práxis, sejam estes formais ou informais. Alega-se ainda que o desempenho dos participantes é variável em função de seu entendimento em relação as práticas, o que remete a congnoscitividade dos agentes abordada por Giddens.

Figura 4: Diferenças de nomenclaturas entre os autores. Fonte: Autores.

Apesar destas convergências serem nítidas, é válido ressaltar que os teóricos da estratégia como prática se utilizam em seus estudos de conceitos que remetem apenas ao âmbito organizacional. Neste sentido, Feldman e Pentland ao se remeterem aos aspectos ostensivos e performativos, tem seu foco de análise restrita das rotinas organizacionais. Enquanto que Giddens em sua teoria se propõe a estudar a sociedade, tendo assim, um foco bem mais amplo.

A noção de recursos em Giddens também é fundamental nesse contexto. Alguns atores têm maior possibilidade de “alterar” a estrutura a partir dos recursos que dispõem. No caso do direito, os recursos de autoridade provenientes do cargo que os juízes exercem os possibilita que suas ações tenham maior capacidade de transformação da estrutura. O mesmo pode ser pensado em relação aos estrategistas. Embora possa se considerar a existência de estratégias emergentes (provenientes de todos os indivíduos, em diversos níveis hierárquicos) em uma organização, alguns atores (os estrategistas) tem maior capacidade de implementar estratégias devido aos recursos (alocativos e de autoridade) que estão à sua disposição. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme visto, dois campos teóricos autônomos (a estratégia como prática e a teoria

social, representada pela teoria da estruturação de Giddens) possuem um diálogo íntimo. A estratégia como prática incorpora e utiliza, em grande medida, os conceitos e a abordagem metodológica proposta na teoria da estruturação. Por outro lado, seu esforço teórico específico fortalece, mesmo que com algumas distinções, a discussão proposta por Giddens. Certamente a abordagem da estratégia como prática, ao apoiar-se na teoria social para entender processos estratégicos, pode contribuir para a consolidação de ambos os campos em outros espaços que não os de suas origens. Podendo ainda trazer uma contribuição para interpretações mais acuradas sobre os indivíduos em sua vida cotidiana, seja na empresa, seja em órgãos governamentais, ou em qualquer outro espaço social.

Tais abordagens dão margem a uma amplitude de possibilidades para ação das pessoas, reconduzindo o foco investigativo e interpretativo para a relação que agentes (ou estrategistas) estabelecem (ou podem estabelecer) com os contextos sociais em que estão inseridos (organizações), com capacidade de influência mútua entre essas instâncias. REFERÊNCIAS

Whittinton / Jarzabkowisk

• Práticas

• Práxis

Feldman & Pentland

• Asp. Ostensivos

• Asp. Performativos

Giddens

• Estrutura

• Agência

 

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WHITTINGTON, R. Completing the practice turn in strategy research. Organization Studies, 27, n. 5, p. 613-634, 2006.                                                             i Esse termo, inclusive, torna-se mais nítido a partir dessa mudança de perspectiva. ii Se entendermos que a forma como entendemos o mundo orienta nossa ação nele. Vide, por exemplo, as concepções de filosofia da história conforme expostas em Kumar. iii Ele faz uma crítica à teoria parsoniana dos sistemas, por apresentar a noção de integração social e integração do sistema de maneira estritamente abstrata. Giddens tem uma preocupação especial na operacionalização empírica de seu corpo teórico. iv Como em Merton (1970), nas noções de consequências explícitas e latentes da ação. v Esse argumento se opõe nitidamente à concepção estruturalista de que os constrangimentos da estrutura eliminam a escolha dos indivíduos. vi O autor usa o termo atores sociais (ou humanos) e agentes de maneira indistinta. Trata-se, da noção de que os indivíduos agem de maneira consciente, avaliando suas possibilidades e executando conscientemente suas escolhas (embora de maneira parcialmente clara em alguns níveis). Esse conceito é particularmente importante nas ciências sociais por refutar a compreensão de que os indivíduos são determinados a agir, a depender das situações. Ou mesmo na argumentação central da teoria da contingência, no campo da Administração. vii É possível observar um claro diálogo com a noção de representações cotidianas dos indivíduos, conforme proposta por Erving Goffman (1995). viii Como expõe David Harvey, com base na geografia temporal de Hagerntand. ix Bourdieu, por exemplo diz que a estrutura social é ao mesmo tempo estruturada pelo indivíduos (e seu habitus – o que é próximo do conceito de práxis, em Giddens) e estruturante das práticas sociais. x Perceba o aspecto dual disso. Os atores (os juízes) têm que tomar decisões, com base em sua cognoscitividade, mas orientadas pelas normas estabelecidas.