A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo |...

18
09/01/14 11:33 A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith Página 1 de 18 http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo "O Homem", escreveu Loren Eisley, "é o Órfão Cósmico". Ele é, no Universo, a única criatura que pergunta "Por quê?". Os outros animais têm instintos para guiá-los, mas o homem aprendeu a fazer questionamentos. "Quem sou eu?", ele pergunta. "Por que estou aqui? Para onde vou?" Desde o Iluminismo, quando o homem moderno livrou-se das algemas da religião, tem-se tentado responder a essas questões sem fazer referência a Deus. Contudo, as respostas que vieram não foram animadoras, mas tenebrosas e terríveis. "Você é um subproduto acidental da natureza, o resultado de matéria mais tempo mais acaso. Não existe qualquer razão para sua existência. Tudo que você encara é a morte. Sua vida é nada mais do que uma centelha na escuridão infinita, uma faísca que aparece, brilha por um instante, e morre para sempre". O homem moderno pensou que, ao despir-se de Deus, iria se libertar de tudo o que o sufocava e o reprimia. Em vez disso, descobriu que, matando Deus, matara a si mesmo. Ao contrário desse cenário da mensagem moderna, a tradicional esperança cristã da ressurreição assume brilho e significado bem maiores. Conta ao homem que, apesar de tudo, ele não é órfão, e sim a imagem pessoal do Deus Criador do Universo; a sua vida não está fadada à morte, pois através da ressurreição escatológica ele poderá viver na presença de Deus eternamente. Esta é uma esperança maravilhosa. Porém, é claro, esperança que não é baseada em fatos não é esperança, mas mera ilusão. Por que deveria a esperança cristã da ressurreição escatológica soar ao homem moderno como nada mais do que mera utopia? A resposta está na convicção cristã de que

Transcript of A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo |...

Page 1: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 1 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

A erudição contemporânea e as evidênciashistóricas para a ressurreição de Jesus Cristo

"O Homem", escreveu Loren Eisley, "é o Órfão Cósmico". Ele é, no Universo,a única criatura que pergunta "Por quê?". Os outros animais têm instintospara guiá-los, mas o homem aprendeu a fazer questionamentos. "Quem soueu?", ele pergunta. "Por que estou aqui? Para onde vou?"

Desde o Iluminismo, quando o homem moderno livrou-se das algemas dareligião, tem-se tentado responder a essas questões sem fazer referência aDeus. Contudo, as respostas que vieram não foram animadoras, mastenebrosas e terríveis. "Você é um subproduto acidental da natureza, oresultado de matéria mais tempo mais acaso. Não existe qualquer razão parasua existência. Tudo que você encara é a morte. Sua vida é nada mais do queuma centelha na escuridão infinita, uma faísca que aparece, brilha por uminstante, e morre para sempre".

O homem moderno pensou que, ao despir-se de Deus, iria se libertar de tudoo que o sufocava e o reprimia. Em vez disso, descobriu que, matando Deus,matara a si mesmo.

Ao contrário desse cenário da mensagem moderna, a tradicional esperançacristã da ressurreição assume brilho e significado bem maiores. Conta aohomem que, apesar de tudo, ele não é órfão, e sim a imagem pessoal do DeusCriador do Universo; a sua vida não está fadada à morte, pois através daressurreição escatológica ele poderá viver na presença de Deus eternamente.

Esta é uma esperança maravilhosa. Porém, é claro, esperança que não ébaseada em fatos não é esperança, mas mera ilusão. Por que deveria aesperança cristã da ressurreição escatológica soar ao homem moderno comonada mais do que mera utopia? A resposta está na convicção cristã de que

Page 2: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 2 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

um homem foi antecipadamente ressurreto, por Deus, de entre os mortoscomo o precursor e exemplo da nossa própria ressurreição escatológica. Essehomem foi Jesus de Nazaré, e Sua ressurreição histórica dentre os mortosconstitui o fundamento factual sobre o qual a esperança cristã é baseada.

Notadamente, durante o último século a teologia liberal fez pouco caso daressurreição histórica de Jesus. Uma vez que os teólogos liberais retiveram apressuposição – que herdaram dos deístas – contra a possibilidade demilagres, uma ressurreição histórica era, a priori, simplesmente fora decogitação. A explicação mitológica de D. F. Strauss capacitou-os a explicar asnarrativas da ressurreição no Novo Testamento como ficções lendárias. Acrença na ressurreição histórica foi uma ressaca vinda da antiguidade, e delajá é tempo de o homem se livrar. Assim, no principal estudo sobre ahistoricidade da ressurreição a partir de uma perspectiva liberal, o livro TheHistorical Evidence for the Resurrection of Jesus Christ (1907), de KirsoppLake, o autor cuidadosamente traça o desenvolvimento lendário dasnarrativas da ressurreição, partindo do evento histórico inicial da visita dasmulheres ao túmulo errado. Lake conclui que isso não é o fim, de qualquermaneira: o que é vital para a teologia cristã é a crença na imortalidade daalma, a crença em que os amigos e parentes que partiram ainda estão vivos, eque, em um tempo determinado, seremos reunidos a eles. Assim, o NT foisubstituído pelo Fédon*.

A teologia liberal não pôde sobreviver à I Guerra Mundial, mas sua mortenão trouxe qualquer interesse renovado na historicidade da ressurreição deJesus, pois as duas escolas que a sucederam estavam unidas em suadesvalorização do que é histórico em relação a Jesus. Dessa forma, a teologiadialética, proposta por Karl Barth, defendia a doutrina da ressurreição;porém, não teria nada a ver com a ressurreição considerada como um eventona história. Em seu comentário ao livro de Romanos (1919), o jovem Barthdeclarou: "A ressurreição toca a história como uma tangente toca um círculo

Page 3: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 3 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

– isto é, sem realmente tocá-lo". A teologia existencial, exemplificada porRudolf Bultmann, era ainda mais antitética à historicidade da ressurreição deJesus. Embora Bultmann reconhecesse que os primeiros discípulosacreditavam na ressurreição literal e que Paulo, em I Coríntios 15, tenta atémesmo provar a ressurreição, ele apesar de tudo pronuncia tal procedimentocomo "fatal". Isso reduz a ressurreição de Cristo a um milagre na naturezaanálogo à ressurreição de um defunto. E não se pode racionalmente pedir aohomem moderno que ele acredite em milagre na natureza antes de se tornarum cristão. Portanto, os elementos miraculosos do Evangelho devem serdemitologizados, a fim de revelar a verdadeira mensagem cristã: o chamadoà existência autêntica, em face da morte, simbolizado pela cruz. Aressurreição é meramente uma redeclaração simbólica da mensagem da cruze, essencialmente, nada acrescenta. Apelar à ressurreição como evidênciahistórica, em semelhança ao que Paulo fez, é duplamente errado, pois é daprópria natureza da fé existencial ser um salto sem evidências. Assim,argumentar historicamente em favor da ressurreição é contrário à fé.Claramente, então, a antipatia da teologia liberal à historicidade daressurreição de Jesus não foi substituída nem pela teologia dialética, nempela existencial.

No entanto, uma mudança notável aconteceu durante a segunda metade doséculo XX. Os primeiros vislumbres de mudança começaram a aparecer em1953. Naquele ano, Ernst Käsemann, um aluno de Bultmann, arguiu em umColóquio na Universidade de Marburgo que o ceticismo histórico deBultmann com relação a Jesus era injustificado e contraproducente, esugeriu uma reabertura da questão de onde o que é histórico acerca de Jesusdeveria ser encontrado. Uma nova busca pelo Jesus histórico se iniciara. Trêsanos mais tarde, em 1956, o teólogo de Marburgo Hans Grass sujeitou aprópria ressurreição à investigação histórica, concluindo que as aparições daressurreição não podem ser dispensadas como meras visões subjetivas da

Page 4: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 4 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

parte dos discípulos, mas foram eventos visionários objetivos.

Enquanto isso, o historiador eclesiástico Hans Freiherr von Campenhausen,em ensaio daquela mesma época, defendeu a credibilidade histórica dotúmulo vazio de Jesus. Durante os anos subseqüentes, uma onda detrabalhos sobre a historicidade da ressurreição de Jesus fluiu das imprensasde língua alemã, francesa e inglesa. Em 1968, o velho ceticismo já era umaforça desgastada e começou a recuar dramaticamente. Durante a segundametade deste século, tão completa foi a transformação concernente àressurreição de Jesus que não é exagero falar de uma reversão da erudiçãoneste assunto, de tal maneira que aqueles que negam a historicidade daressurreição agora parecem ser os que ficam na defensiva. Talvez, um dosdesenvolvimentos teológicos mais significativos nesta área é o sistemateológico de Wolfhart Pannenberg, que baseia toda sua Cristologia nasevidências históricas em favor do ministério de Jesus e, especialmente, naressurreição. Esse é um progresso impensável na teologia alemã anterior a1950. Igualmente assustadora é a declaração de um dos principais teólogosjudeus no mundo, Pinchas Lapide, que está convencido, com base nasevidências, de que Jesus de Nazaré ressurgiu dentre os mortos. Lapiderepreende críticos do Novo Testamento como Bultmann ou Marxsen peloceticismo injustificado deles, e conclui que ele acredita, baseando-se nasevidências, que o Deus de Israel ressuscitou Jesus dentre os mortos.

Quais são os fatos que subjazem a essa notável reversão de opinião no queconcerne à credibilidade das narrativas neotestamentárias da ressurreição deJesus? Parece-me que eles podem ser convenientemente agrupados sob trêstópicos: as aparições da ressurreição, o túmulo vazio, e a origem da fé cristã.Observemos brevemente cada um.

Primeiramente, as aparições da ressurreição. Indubitavelmente, o principalímpeto para a reavaliação da tradição da aparição foi a demonstração, por

Page 5: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 5 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

Joachim Jeremias, de que em I Coríntios 15:3-5 Paulo está citando umaantiga fórmula cristã que ele recebeu e, por sua vez, passou adiante aos seusconversos. De acordo com Gálatas 1:18, três anos após sua conversão Pauloesteve em Jerusalém numa missão investigadora de fatos, durante a qual eledeliberou com Pedro e Tiago, por um período de duas semanas; se não antes,ele provavelmente recebeu a fórmula nesse tempo. Visto que Paulo seconverteu em 33 A.D., isso significa que a lista de testemunhas remonta aosprimeiros cinco anos após a morte de Jesus. Assim, não é idôneo dispensaressas aparições como lendárias. Se quisermos, podemos explicá-las comoalucinações, entretanto não podemos negar que aquelas ocorreram. Ainformação de Paulo torna certo que, em ocasiões distintas, vários indivíduose grupos viram Jesus vivo dentre os mortos. Conforme Norman Perrin, ofalecido crítico neotestamentário da Universidade de Chicago: "Quanto maisestudamos a tradição com respeito às aparições, mais firme a rocha em cimada qual elas se baseiam começa a aparecer". Esta conclusão é virtualmenteindiscutível.

Contudo, ao mesmo tempo em que a erudição bíblica chegou a uma novaapreciação da credibilidade histórica da informação paulina, deve-se admitirque persiste o ceticismo relacionado às tradições da aparição nosEvangelhos. Esse ceticismo subsistente parece-me inteiramente injustificado.É baseado na pressuposicional antipatia para com o fisicalismo das históriasde aparição no Evangelho. Mas as tradições subjacentes àquelas apariçõespodem ser tão confiáveis quanto a de Paulo. Porque, a fim de que o principaldessas histórias seja lendário, um considerável período de tempo deveriaestar disponível para a evolução e desenvolvimento das tradições até que oselementos históricos fossem suplantados pelo anistórico. Esse fator étipicamente negligenciado na erudição do Novo Testamento, conformeaponta A. N. Sherwin-White em Roman Law and Roman Society in the NewTestament. O doutor Sherwin-White não é teólogo; ele é um eminente

Page 6: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 6 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

historiador dos tempos romanos e gregos, rudimentarmentecontemporâneos ao NT. De acordo com o professor Sherwin-White, as fontespara a história romana são geralmente tendenciosas e deslocadas pelo menosuma ou duas gerações, ou mesmo séculos, dos eventos que registram. Apesardisso, diz ele, os historiadores reconstroem com confiança o que realmenteaconteceu. Ele critica os críticos do NT por não perceberem quãoinestimáveis são as fontes que eles têm nos Evangelhos. Os escritos deHeródoto fornecem um procedimento para avaliar a velocidade de acúmulolendário, e o exame mostra que mesmo duas gerações é duração de tempomuito curta para permitir que tendências lendárias destruam o núcleo defatos históricos. Quando Sherwin-White volta-se para os Evangelhos, declaraque, a fim de serem lendários, a velocidade de acúmulo lendário teria de ser"inacreditável"; mais gerações são necessárias. Todos os estudiosos de NTconcordam que os Evangelhos foram escritos e circularam na primeirageração, durante a vida das testemunhas oculares. Realmente, umsignificativo novo movimento de erudição bíblica argumentapersuasivamente que alguns dos Evangelhos foram escritos até 50 A.D. Issoos localiza tão cedo quanto a Carta de Paulo aos Coríntios e, dada sua igualdependência à tradição anterior, deve-se outorgar a eles o mesmo peso decredibilidade histórica outorgado a Paulo. É instrutivo notar, nessa relação,que nenhum evangelho apócrifo apareceu durante o primeiro século. Estessomente surgiram após a morte da geração de testemunhas oculares. Sãomelhores candidatos ao ofício de "ficção lendária" do que os Evangelhoscanônicos. Dessa forma, acho que o atual ceticismo dos críticos ligado àstradições da aparição nos Evangelhos é injustificado. A nova apreciação dovalor histórico da informação paulina precisa ser acompanhada, também,pela reavaliação das tradições do Evangelho.

Em segundo lugar, o túmulo vazio. Outrora considerado como uma ofensapara a inteligência moderna e um embaraço à teologia cristã, o túmulo vazio

Page 7: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 7 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

de Jesus veio a assumir seu lugar entre os fatos geralmente aceitosconcernentes ao Jesus histórico. Permita-me passar em revista brevementealgumas das evidências que envolvem essa questão.

(1) A confiabilidade histórica da história do sepultamento apóia o túmulovazio. Se a narrativa do sepultamento é precisa, então o local da cova deJesus era conhecido por judeus e cristãos, indistintamente. Neste caso,chega-se muito brevemente à inferência da historicidade do túmulo vazio.Pois se Jesus não tivesse ressuscitado e o local do sepultamento fosseconhecido:

(a) os discípulos nunca poderiam ter acreditado na ressurreição. Para umjudeu do século I, a idéia de que um homem pudesse ser levantado dentre osmortos enquanto seu corpo permanecesse no túmulo era, por definição, umacontradição. Nas palavras de E. E. Ellis, "é muito improvável que os cristãospalestinos primitivos pudessem conceber alguma distinção entreressurreição e ressurreição física 'esvaziadora de sepultura'. Para eles, umaanastasis sem uma sepultura vazia teria sido quase tão significativa quantoum círculo quadrado".

(b) Mesmo se os discípulos tivessem crido na ressurreição, é duvidoso queeles teriam gerado qualquer seguidor. Tão logo o corpo fosse enterrado notúmulo, um movimento cristão fundado na crença na ressurreição do homemmorto teria sido uma tolice impossível.

(c) As autoridades judaicas teriam exposto a trama inteira. A resposta maisrápida e clara à proclamação da ressurreição de Jesus teria sidosimplesmente apontar para Sua sepultura na encosta da rocha.

Por essas três razões, a exatidão da história do sepultamento apóia ahistoricidade do túmulo vazio. Infelizmente àqueles que desejam, contudo,negar o túmulo vazio, a história do sepultamento é uma das tradições

Page 8: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 8 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

históricas mais certas que temos a respeito de Jesus. Vários fatores envolvemesse julgamento. Mencionando apenas alguns:

(i) O sepultamento é mencionado na terceira linha da antiga fórmula cristãcitada por Paulo em I Co. 15.4.

(ii) É parte da antiga e pré-marcana história da Paixão usada por Marcoscomo fonte de seu Evangelho.

(iii) Falta à própria história qualquer traço de desenvolvimento lendário.

(iv) A história adequa-se às evidências arqueológicas que dizem respeito aostipos e à localização de túmulos existentes nos dias de Jesus.

(v) Não existem outras tradições de sepultamento concorrentes.

Por essas e outras razões, a maioria dos estudiosos está unida no julgamentode que a história do sepultamento é fundamentalmente histórica. Mas, seeste é o caso, então, como expliquei, a inferência de que o túmulo foi achadovazio não fica muito longe de ser alcançada.

(2) O testemunho de Paulo apóia o fato do túmulo vazio. Aqui, dois aspectosdas evidências de Paulo podem ser mencionados.

(a) Na fórmula citada por Paulo, a expressão "ressurgiu", seguinte à frase "foisepultado", implica o túmulo vazio. Um judeu do século I não poderia pensaro contrário. Como E. L. Bode observa, a noção da ocorrência de umaressurreição espiritual enquanto o corpo permaneceu no túmulo é umapeculiaridade da teologia moderna. Para os judeus, eram os restos do homemno túmulo que ressuscitavam; portanto, eles cuidadosamente preservavamos ossos dos mortos em ossuários até a ressurreição escatológica. Não podehaver dúvida de que tanto Paulo quanto a fórmula cristã primitiva que elecita pressupõem a existência do túmulo vazio.

Page 9: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 9 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

(b) A frase "ao terceiro dia" provavelmente aponta para a descoberta dotúmulo vazio. Resumindo muito brevemente, a questão é: uma vez queninguém realmente testemunhou a ressurreição de Jesus, como os cristãosvieram a datá-la no "terceiro dia"? A resposta mais provável é que eles assimfizeram porque esse foi o dia do descobrimento do túmulo vazio pelasseguidoras de Jesus. Portanto, a própria ressurreição veio a ser datadanaquele dia. Assim, na antiga formula cristã citada por Paulo, temosevidência extremamente primitiva para a existência do túmulo vazio deJesus.

(3) A história do túmulo vazio é parte da história pré-marcana da Paixão e,portanto, é muito antiga. A história do túmulo vazio foi provavelmente o fimda fonte da Paixão de Marcos. Como Marcos é o mais primitivo dos nossosEvangelhos, essa fonte é, pois, por si só bastante velha. Na verdade, ocomentador R. Pesch afirma que é uma fonte incrivelmente primitiva. Eleproduz duas linhas de evidência para essa conclusão:

(a) A narrativa paulina da Última Ceia em I Co. 11.23-25 pressupõe anarrativa marcana. Visto que as próprias tradições de Paulo são por si sómuito antigas, a fonte marcana deve ser mais antiga ainda.

(b) A história pré-marcana da Paixão nunca se refere por nome ao sumosacerdote. É como quando digo que "o Presidente está recepcionando umjantar na Casa Branca", e todos sabem de quem estou falando, porque é apessoa atualmente no cargo. Similarmente, a história pré-marcana da Paixãorefere-se ao "sumo sacerdote" como se ele ainda estivesse no poder. Uma vezque Caifás exerceu seu cargo de 18 a 37 A.D., quer dizer, na última dashipóteses, que a fonte pré-marcana deve advir de dentro do período de seteanos após a morte de Jesus. Logo, essa fonte remonta aos primeiros poucosanos da comunidade de Jerusalém e é, assim, uma antiga e confiável fonte deinformação histórica.

Page 10: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 10 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

(4) A história é simples e falta-lhe desenvolvimento lendário. A história dotúmulo vazio não é colorida por motivos teológicos e apologéticos que seriamcaracterísticos de narrativas lendárias tardias. Talvez, o jeito mais vigorosode apreciar este ponto é compará8 la com as narrativas sobre o túmulo vazioachadas nos evangelhos apócrifos do século II. Por exemplo, no Evangelho dePedro, uma voz ressoa do céu durante a noite, a pedra rola sozinha da portado túmulo, no qual entram dois homens que descem do céu. Depois, vêem-setrês homens saindo do túmulo, dois apoiando o terceiro. As cabeças dos doishomens esticam-se até as nuvens, mas a cabeça do terceiro ultrapassa asnuvens. Então, uma cruz sai do túmulo e uma voz pergunta: "Pregaste aosque dormem?". E a cruz responde: "Sim". Na Ascensão de Isaías, Jesus sai dotúmulo sentado sobre os ombros dos anjos Miguel e Gabriel. É com isso queas lendas autênticas se parecem: diferentemente dos relatos do Evangelho,são coloridas por adornos teológicos.

(5) Provavelmente, foram mulheres que descobriram que o túmulo estavavazio. A fim de entender este ponto, deve-se recordar dois fatos acerca dopapel das mulheres na sociedade judaica.

(a) A mulher ocupava um degrau baixo na escada social judaica. Isso éevidente em tais expressões rabínicas: "Melhor é que as palavras da Leisejam queimadas do que entregues a mulheres" e "Bem-aventurado aquelecujos filhos são homens, mas ai daquele cujos filhos são mulheres".

(b) O testemunho de mulheres era considerado tão indigno que não lhes erasequer permitido servir como testemunhas legais numa corte legal. À luzdesses fatos, quão notável parece as mulheres terem sido as descobridoras dotúmulo vazio de Jesus. O fato de que mulheres – cujo testemunho era semvalor –, em vez de homens, são as principais testemunhas ao túmulo vazio émais plausivelmente explicado porque, goste ou não, elas foram asdescobridoras do túmulo vazio, e os Evangelhos registram isso com precisão.

Page 11: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 11 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

(6) A polêmica judaica inicial pressupõe o túmulo vazio. Em Mateus 28,encontramos a tentativa cristã de refutar a polêmica judaica inicial contra aressurreição. Aquela polêmica asseverava que os discípulos roubaram ocorpo. Os cristãos responderam a isso recontando a história dos guardas dotúmulo, e a polêmica, por sua vez, sustentava que os guardas adormeceram.Nessas circunstâncias, a característica digna de nota em toda essa disputanão é a historicidade dos guardas; porém, em vez disso, a pressuposição deambos os partidos segundo a qual o corpo estava desaparecido. A respostajudaica inicial à proclamação da ressurreição foi uma tentativa de justificar otúmulo vazio. Assim, a evidência dos adversários dos discípulos providenciaevidência em apoio ao túmulo vazio.

Poder-se-ia prosseguir, mas talvez já foi dito o bastante para indicar por queo julgamento da erudição reverteu-se quanto à historicidade do túmulo vazio.De acordo com Jakob Kremer, "de longe, a maioria dos exegetas apegam-sefirmemente à confiabilidade das declarações bíblicas relacionadas ao túmulovazio", e fornece uma lista – à qual seu próprio nome pode ser acrescentado– de vinte e oito estudiosos proeminentes que apóiam o que disse. Possopensar em pelo menos mais dezesseis nomes que ele falhou em mencionar.Dessa maneira, hoje se reconhece amplamente que o túmulo vazio de Jesus éum simples fato histórico. Conforme D. H. van Daalen apontou, "éextremamente difícil objetar, com bases históricas, ao túmulo vazio; aquelesque o negam, assim o fazem baseando-se em suposições teológicas oufilosóficas". Mas suposições podem simplesmente ter de mudar à luz de fatoshistóricos.

Finalmente, podemos voltar-nos para um terceiro conjunto de evidências emapoio à ressurreição: a própria origem do Caminho cristão. Mesmo osestudiosos mais céticos admitem que os primeiros discípulos pelos menosacreditavam que Jesus ressuscitara dentre os mortos. Deveras, elesdepositavam nisso praticamente tudo. Sem a crença na ressurreição de

Page 12: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 12 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

Jesus, o Cristianismo poderia nunca ter vindo à existência. A crucificaçãoteria permanecido como a tragédia final na desafortunada vida de Jesus. Aorigem do Cristianismo depende da crença desses primeiros discípulos emque Jesus ressuscitara dentre os mortos. Sendo assim, a perguntainevitavelmente surge: como se explica a origem dessa crença? Conforme R.H. Fuller insiste, mesmo os críticos mais céticos postulam algum Xmisterioso que fez o movimento andar. Permanece a questão: o que eraaquele X?

Se alguém nega que Jesus realmente ressuscitou dentre os mortos, entãodeve explicar, seja em termos de influências judaicas ou em termos deinfluências cristãs, a crença dos discípulos em que ele ressuscitou de fato.Obviamente, não pode ser o resultado de influências cristãs, pois naqueletempo ainda não existia Cristianismo algum. Uma vez que a crença naressurreição de Jesus foi o fundamento da origem da fé cristã, não pode serum resultado daquela fé.

No entanto, não se pode também explicar a crença na ressurreição como umresultado de influências judaicas. No Antigo Testamento, a crença judaica naressurreição dos mortos no dia do julgamento é mencionada em três lugares(Ezequiel 37; Isaías 26.19; Daniel 12.2). Durante o tempo entre o Antigo e oNovo Testamento, a crença na ressurreição floresceu e é freqüentementemencionada na literatura judaica daquele período. Nos dias de Jesus, opartido judaico dos fariseus apegava-se à crença na ressurreição, e Jesuscolocou-se ao lado deles nesse aspecto, em oposição ao partido dos saduceus.Assim, a idéia de ressurreição não era, por si só, nada nova.

A concepção judaica de ressurreição, porém, diferia da ressurreição de Jesusem dois aspectos importantes e fundamentais. No pensamento judaico, aressurreição sempre (1) ocorreria após o fim do mundo, não dentro dahistória, e (2) diria respeito a todas as pessoas, não apenas um indivíduo,

Page 13: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 13 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

isoladamente. Em contradistinção a isso, a ressurreição de Jesus foi tantodentro da história quanto de uma pessoa individualmente.

No que diz respeito ao primeiro ponto, a crença judaica era sempre que, nofim da história, Deus ressuscitaria os justos mortos e os receberia em SeuReino. Para ficar claro, há no Antigo Testamento exemplos de ressuscitações[resuscitations] dos mortos; mas essas pessoas morreriam novamente. Aressurreição [resurrection] à vida e glória eterna ocorreria após o fim domundo. Encontramos essa visão judaica nos próprios Evangelhos. Dessaforma, quando Jesus assegurou a Marta que Lázaro, irmão dela, serialevantado de novo, ela respondeu: "Eu sei que ressurgirá na ressurreição, noúltimo dia" (João 11.24). Ela não fazia idéia de que Jesus estava prestes atrazê-lo de volta à vida. Similarmente, quando Jesus contou a Seus discípulosque ressurgiria dentre os mortos, eles pensaram que Ele quis dizer no fim domundo (Marcos 9.9-13). A idéia de que uma verdadeira ressurreição poderiaocorrer antes de Deus trazer o Reino do Céu no fim do mundo lhes eratotalmente estranha. O grandemente renomado estudioso alemão JoachimJeremias escreve:

O Judaísmo antigo não conhecia uma ressurreição antecipada como umevento da história. Em lugar algum, encontra-se na literatura qualquer coisacomparável à ressurreição de Jesus. Certamente, ressurreições dos mortoseram conhecidas, mas estas sempre diziam respeito a ressuscitações[resuscitations], o retorno à vida terrena. Em nenhum lugar, na literaturajudaica tardia, isso diz respeito a uma ressurreição [resurrection] à doxa(glória) como um evento da história.

Os discípulos, portanto, confrontados com a crucificação e morte de Jesus,teriam apenas esperado ansiosamente pela ressurreição no último dia eprovavelmente mantido cuidadosamente o túmulo de seu mestre como umrelicário, onde seus ossos poderiam residir até a ressurreição. Não lhes viria à

Page 14: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 14 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

tona a idéia de que ele já ressurgira.

Quanto ao segundo ponto, a idéia judaica de ressurreição sempre era de umaressurreição geral dos mortos, não de um indivíduo, isoladamente. Era opovo, ou a humanidade como um todo, que Deus levantaria na ressurreição.Mas na ressurreição de Jesus, Deus levantou um único homem. Além domais, não havia qualquer concepção de ressurreição de pessoas de algumamaneira dependente da ressurreição do Messias. Isso era totalmentedesconhecido. Apesar de tudo, diz-se que foi precisamente o que ocorreu nocaso de Jesus. Ulrich Wilckens, outro proeminente crítico do NovoTestamento, explica:

Pois em lugar algum os textos judaicos falam da ressurreição de umindivíduo já ocorrida antes da ressurreição dos justos no fim dos tempos ediferenciada e separada desta; em lugar algum a participação dos justos nasalvação ao findar do tempo depende que eles pertençam ao Messias, queressurgira adiantadamente como as primícias dos que Deus ressurgirá (ICoríntios 15.20).

É, pois, evidente que não viria à mente dos discípulos, como resultado dasinfluências ou cenário judaicos, a idéia de que somente Jesus ressurgiradentre os mortos. Eles com ansiedade esperariam por aquele dia, quando Elee todos os justos de Israel seriam por Deus ressurretos à glória.

A crença dos discípulos na ressurreição, portanto, não pode ser explanadacomo o resultado de influências cristãs ou judaicas. Abandonados a simesmos, os discípulos jamais pensariam numa idéia tal qual a ressurreiçãode Jesus. E lembre-se: eles eram pescadores e cobradores de impostos, nãoteólogos. O X misterioso ainda está faltando. De acordo com C. F. D. Moule,da Universidade de Cambridge, aqui está uma crença que em nada pode serdevida a influências históricas prévias. Ele aponta que temos uma situação

Page 15: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 15 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

em que um grande número de pessoas apegou-se firmemente a essa crença,que não pode ser explicada em termos do Antigo Testamento ou dos fariseus,e tais pessoas sustentaram sua crença até que os judeus finalmente osrejeitaram da sinagoga. Segundo o professor Moule, a origem dessa crençadeve ter sido o fato de que Jesus realmente ressurgiu dentre os mortos:

Se o surgimento dos nazarenos, um fenômeno inegavelmente atestado peloNovo Testamento, cria um grande buraco na história, um buraco do tamanhoe forma da Ressurreição, o que o historiador secular propõe para pôr um fima isso? ... o nascimento e rápido auge da Igreja Cristã... permanecem umenigma insolúvel para qualquer historiador que se recusa a tomarseriamente a única explicação oferecida pela própria igreja.

A ressurreição de Jesus é, assim, a melhor explicação para a origem da fécristã. Tomados em conjunto, esses três grandes fatos históricos – asaparições da ressurreição, o túmulo vazio, a origem da fé cristã – parecemapontar para a ressurreição de Jesus como a explicação mais plausível.

Entretanto, é claro, têm existido outras explanações proferidas para daremconta das aparições da ressurreição, do túmulo vazio e da origem da fé cristã.No julgamento da erudição moderna, contudo, elas têm falhado em proveruma exposição dos fatos do caso. Isso se pode ver por uma rápida análise àsprincipais explicações que se têm oferecido.

A. Os discípulos roubaram o cadáver de Jesus e mentiram sobre as apariçõesda ressurreição. Esta explicação caracterizou a polêmica judaica anticristãinicial e foi reavivada na forma da teoria da conspiração no deísmo do séculoXVIII. A teoria tem sido universalmente rejeitada por estudiosos críticos esobrevive apenas na imprensa popular. Designando duas consideraçõesdecisivas contra isso: (i) é moralmente impossível indiciar os discípulos deJesus por tal crime. Quaisquer que fossem as imperfeições deles, eles eram

Page 16: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 16 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

certamente homem e mulheres bons e sérios, não impostores. Ninguém quesem preconceitos lê o Novo Testamento pode duvidar da sinceridadeevidente daqueles primeiros crentes. (ii) É psicologicamente impossívelatribuir aos discípulos o astucioso [artifício] requisitado para esse ardil. Nomomento da crucificação, os discípulos estavam confusos, desorganizados,temerosos, duvidosos e sobrecarregados com pranto – e não mentalmentemotivados ou equipados para engendrar tamanha brincadeira. Portanto,explicar o túmulo vazio e as aparições da ressurreição através de uma teoriada conspiração parece fora de cogitação.

B. Jesus não morreu na cruz, mas foi dela retirado e colocado vivo no túmulo,onde reviveu e de onde escapou para convencer os discípulos que Eleressurgira dentre os mortos. Essa teoria da morte aparente foi defendidapelos racionalistas alemães dos fins do século XVIII e começo do século XIX,sendo adotada até mesmo pelo pai da teologia moderna, F. D. E.Schleiermacher. Hoje, contudo, a teoria foi inteiramente abandonada: (i)seria virtualmente impossível, medicamente, Jesus sobreviver aos rigores datortura e crucificação, muito menos não ter morrido exposto no túmulo. (ii)A teoria é religiosamente inadequada, visto que um Jesus quase morto,precisando desesperadamente de cuidados médicos, não teria provocado nosdiscípulos adoração a Ele como o exaltado Senhor Ressurreto e Conquistadorda Morte. Além do mais, uma vez que Jesus, nessa hipótese, sabia querealmente não triunfara sobre a morte, a teoria o reduz à vida de umcharlatão que trapaceou os discípulos ao fazê-los acreditar que Ele ressurgira– o que é um absurdo. Com apenas essas razões torna-se indefensável ateoria da morte aparente.

C. Os discípulos projetaram alucinações de Jesus após Sua morte, das quaiseles enganosamente inferiram Sua ressurreição. A teoria da alucinaçãotornou-se popular durante o século XIX e prosseguiu até a primeira metadedo século XX, também. Novamente, porém, existem bons fundamentos para

Page 17: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 17 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

rejeitar essa hipótese: (i) é psicologicamente implausível postular tal cadeiade alucinações. Alucinações são geralmente associadas a doenças mentais oudrogas; mas no caso dos discípulos, parece faltar a preparação psicobiológicaprévia. Os discípulos não anteciparam a visão de Jesus novamente vivo; tudoque eles poderiam fazer era esperar para serem reunidos com Ele no Reinode Deus. Não havia fundamentos que os conduzissem a aluciná-lo como vivodentre os mortos. Além disso, a freqüência e variedade de circunstânciasdesmentem a teoria da alucinação: Jesus não foi visto uma, mas várias vezes;não por uma pessoa, mas por diversas; não apenas por crentes, mas porcéticos e incrédulos também. A teoria da alucinação não pode plausivelmenteser estendida a fim de acomodar tal diversidade. (ii) Alucinações não teriam,em caso algum, levado à crença na ressurreição de Jesus. Como projeções damente de alguém, alucinações não podem conter qualquer coisa que não estána mente ainda. Mas vimos que a ressurreição de Jesus diferia da concepçãojudaica de duas maneiras fundamentais. Dada sua estrutura judaica depensamento, os discípulos, se fossem ficar alucinados, teriam projetadovisões de Jesus glorificado no seio de Abraão, local em que os justos mortosde Israel habitam até a ressurreição escatológica. Assim, alucinações nãoteriam causado crença na ressurreição de Jesus, uma idéia que solidamentebatia de frente com o modo judaico de pensamento. (iii) Alucinações tambémnão podem abranger todo o escopo das evidências. São oferecidas como umaexplicação às aparições da ressurreição, mas deixam inexplicado o túmulovazio, falhando assim como uma resposta completa e satisfatória. Portanto,parece que a hipótese da alucinação não é mais bem-sucedida do que seusdefuntos ancestrais em prover uma plausível contraexplicação àsinformações que cercam a ressurreição de Cristo.

Logo, nenhuma das contraexplicações anteriores pode dar conta dasevidências assim como o faz a própria ressurreição. Alguém pode perguntar:"Bem, então como os céticos explicam os fatos das aparições da ressurreição,

Page 18: A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

09/01/14 11:33A erudição contemporânea e as evidências históricas para a ressurreição de Jesus Cristo | Reasonable Faith

Página 18 de 18http://www.reasonablefaith.org/portuguese/a-erudicaeo-contemporanea-e-as-evidencias-historicas-para-a-ressurreicaeo

o túmulo vazio e a origem da fé cristã?". O fato da questão é: eles nãoexplicam. A erudição moderna não reconhece qualquer alternativaexplicativa à ressurreição. Aqueles que se recusam a aceitar a ressurreiçãocomo um fato da história são simples e conscientemente deixados sem umaexplanação.

Estes três fatos – as aparições da ressurreição, o túmulo vazio e a origem dafé cristã – todos inevitavelmente apontam para uma conclusão: aressurreição de Jesus. Hoje, o homem racional pode dificilmente sercensurado se acreditar que naquela manhã da primeira Páscoa um milagredivino aconteceu.

* Diálogo platônico que trata da imortalidade da alma. (N. do T.)

© William Lane Craig