A Era Do Capital - Conflitos e Guerras

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Bruno Daniel de Santa Rita Gama - 2015490092 História das Relações Internacionais II Fábio Koifman Texto 9 - HOBSBAWM, Eric J. “Conflitos e Guerras”. In: A Era do Capital. SP: Paz e Terra, 2005

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Resumo do capitulo Conflitos e Guerras do livro A Era do Capital, de Eric J. Hobsbawm.

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Bruno Daniel de Santa Rita Gama - 2015490092

História das Relações Internacionais IIFábio KoifmanTexto 9 - HOBSBAWM, Eric J. “Conflitos e Guerras”. In: A Era do Capital. SP: Paz e Terra, 2005

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PARTE I

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O capítulo Conflitos e Guerras do livro A Era do Capital esta dividido em duas partes. Na primeira o autor começa relatando a respeito da grande expansão da década de 1850, que para ele é o marco da fundação de uma economia industrial global e uma história mundial única. Já na segunda parte seu debate está mais focado nas tensões e mudanças internas dentro do sistema das relações internacionais, abordando juntamente a troca entre as políticas doméstica e internacional. Em sua narrativa ele retorna um pouco a história das guerras europeias, sobre o período de 1850 e seus adventos tecnológicos junto a expansão capitalista que proporcionaram na Europa uma época de relativa paz. Afirma que mesmo os problemas sociais pareciam mais contornáveis em virtude da grande expansão, das adoções de políticas e instituições adequadas ao desenvolvimento capitalista irrestrito e, também, devido a abertura de válvulas de escape que reduziam as pressões da massa descontente – pleno emprego e migração.Contudo, os problemas políticos, principalmente os domésticos, não tinham sido totalmente superados, ainda era possível sentir uma tensão não mencionada. Havia um conflito entre liberalismo e democracia radical, ou a menos pela demanda por direitos e representação que, consequentemente, trazia a tona exigências por autonomia nacional, independência ou unificação. E, assim, haveria mais uma leva de conflitos internacionais, como houve no caso da Alemanha, Itália e do Império dos Habsburgos. Pois tanto a unificação da Itália (norte) como da Alemanha implicava perca da dominação territorial dos Habsburgos.Porém Eric Hobsbawm diz que essa junção de problemas internos e externos já não era mais explosiva como antes, ou seja, não era mais revolucionária. Entretanto, em 1850, “esses governos encontravam-se novamente sobre agitação política doméstica, provocada por uma classe média liberal e alguns democratas radicais, e mesmo, por alguma força recém-emergente do movimento operário”. Assim essa “foi uma época de reformas, liberalização política, e até mesmo de algumas concessões ao que era chamado ‘as forças da democracia’”. Na qual ele determina que essa tal força era apoiada em três considerações dada a seus dirigentes ou chefes de Estados: Primeiro, eles situavam-se em uma conjuntura política e econômica em transformação, então só restava adaptar-se ou usar de seus conhecimentos para articular a situação. Segundo, havia a necessidade de decidir o que poderia ser cedido a essas camadas sociais entusiasmadas sem que eles mesmos e as estruturas políticas saíssem prejudicados. E terceiro, sendo esses os detentores do poder, ainda tinham em mãos a ferramenta da autoridade para tomar a iniciativa e controlar ou manipular os acontecimentos a seus modos.

Hobsbawn fala que os chefes de estado que figuraram com maior destaque nas histórias tradicionais da Europa deste período eram aqueles que de forma mais sistemática combinavam controle político com diplomacia e controle da máquina do governo. Dentro disso, cita os exemplos de Camillo Cavour e Bismarck como os mais bem-sucedidos em suas pretensões por serem extremamente lúcidos. Ambos eram profundamente antirrevolucionários e sem nenhuma simpatia pela força política. Além de tudo, eles tiveram também cuidado em separar unidade nacional de influência popular, sendo suficientemente flexíveis para integrar a oposição em seus respectivos sistemas, garantindo porém a impossibilidade de que estas oposições viessem a ganhar controle. A conjuntura desse período histórico foi outro fator predominante, a saber, não havia-se um perigo revolucionário e a existência de rivalidades internacionais estava a um nível incontrolável.

O autor termina a primeira parte do capítulo afirmando que não se pode diminuir os méritos dos grandes dirigentes políticos da década de 1860, mesmo que suas tarefas tenham sido enormemente facilidades por dois fatores. Primeiro, eles podiam introduzir mudanças constitucionais de maior magnitude sem drásticas consequências políticas e, segundo, porque podiam iniciar e terminar guerras quase que pela livre vontade. Hobsbawn conclui que, nesta época, tanto a ordem doméstica quanto a internacional podiam ser modificadas em sua maioria configurando, comparativamente, apenas um pequeno risco político.

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PARTE II

A segunda parte do texto de E. J. Hobsbawm mostra as incríveis transformações das relações

internacionais no período pós revolucionário de 1848, apresentando um período marcado pela

guerra, mas não necessariamente grandes guerras. O autor tem como foco as tensões e mudanças

internas do sistema de relações internacionais, sem esquecer o curioso intercâmbio entre as políticas

internacional e doméstica.

Antes de 1848 a política externa não tinha tanta importância, somente importava questões

referente a relação entre as cinco grandes potências europeias (Inglaterra, Rússia, França, Áustria e

Prússia), cujo conflito pudessem resultar em guerras de grande magnitude. O Estado em que era

dado algum tipo de atenção era os Estados Unidos, porém, ainda assim, sua participação nas

relações internacionais era desprezível, uma vez que o mesmo se concentrava no continente

americano.

Por mais de 30 anos, desde a queda do primeiro império napoleônico em 1815, as relações

entre estas grandes potencias se baseavam na base da desconfiança, porém facilmente contornadas

por atos diplomáticos. Apesar das guerras serem facilmente travadas, neste raro momento de “paz”

na Europa, teve como principal alicerce o medo dos governantes perante os riscos das revoluções,

uma vez que havia sido comprovado que guerra e revolução caminhavam juntas.

Apesar deste momento de problemas sendo resolvidos de forma diplomática, havia um certo

atrito entre estas grandes potências, principalmente Inglaterra, França e Rússia. Muito pela

“Questão do Leste”, onde pela lenta desintegração do Império Otomano e das ambições conflitantes

entre o Rússia e Inglaterra, levava a um nível grande tensão, fazendo com que ministros não se

sintam ameaçados por esta questão, mas até que o risco de grandes mudanças no sistema

internacional através das revoluções. As revoluções de 1848 mostravam que estavam certos, pois

apesar de três das cinco grandes potências tivessem sido convulsionadas por elas, o sistema

internacional emergiu quase que intacto. E o mesmo ocorreu, com exceção parcial da França, com

todos os sistemas políticos internos de todos.

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As décadas posteriores a 1848 se tornariam bem diferente do período anterior. Hobsbawm

lista motivos para isto. O primeiro motivo era que o poder com potencial mais instável, a França,

havia ressurgido da revolução com um império populista sob o domínio de outro Napoleão, que

apesar de ocasionalmente divulgar que o “império significa paz”, realizou e especializou-se em

intervenções militares internacionais sobre a China, Síria e até mesmo uma aventura pelo Império

Mexicano. “Não havia nada particularmente francês nestes exercícios de banditismo, exceto talvez

pelo reconhecimento por parte de Napoleão do valor eleitoral da glória eleitoral” (pág. 90). Apesar

das ambições da França neste momento estarem no mundo não-europeu, quando ela tomava lugar

onde as potências europeias estivessem exercitando sua rivalidade, vinha a trazer perturbação a um

equilíbrio bastante delicado.

A guerra da Criméia talvez tenha sido o mais próximo que a Europa chegou de um conflito

global naquele período. Sob o peso de mais de 600 mil mortes, sendo mais da metade pelas tropas

russas. Há poucas dúvidas que alguém quisesse tal guerra, mas a verdade é que o mecanismo de

diplomacia para solucionar questões da “Questão do Leste” ruiu temporariamente, a peso de

milhares de vidas. Os resultados diplomáticos desta guerra foram insignificantes, porém os

resultados políticos a longo prazo tenham sido mais pertinentes. Na Rússia temos a emersão de um

movimento revolucionário russo, o mapa político da Europa estava em transformação graças,

também, a guerra da Criméia. O surgimento de uma Itália unificada, de uma Alemanha Unida e o

colapso causado pela guerra da Criméia no Segundo Império de Napoleão. Em verdade toda a

Europa teve transformações política e até territoriais, com exceção da Inglaterra, entre 1856 e 1871,

sendo a principal desta transformação seria o surgimento de um grande estado: a Itália.

Muitas dessas transformações, e unificações, derivaram direta ou indiretamente da

unificação da Alemanha e da Itália. Independente do motivo pela unificação, o processo viria a ser

levado a cabo por governos constituídos através da força militar. Em 12 anos a Europa passou por

quatro guerras importantes: França, Savoia e os Italianos contra a Áustria; Prússia e Áustria contra

Dinamarca; Prússia e Itália contra Áustria; Prússia e estados germânicos contra França. Todas

foram breves e pouco custosas, em comparação a carnificina da Guerra da Criméia e dos Estados

Unidos. No mesmo período outras guerras sangrentas tomaram conta do globo, como: Paraguai

contra seus vizinhos; guerra civil americana e as guerras de Taiping. Porém, mesmo com todas estas

guerras, o medo de uma guerra global era pouco real para o cidadão Europeu naquele período.

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Um dos grandes motivos por este período tão sangrento foi em primeiro lugar, a expansão

capitalista global que multiplicava as tensões no mundo não-europeu, as ambições do mundo

industrial e os conflitos diretos e indiretos dali surgidos. A Guerra Americana, independente dos

motivos políticos, representou bem isto, onde o norte industrializado guerreava com o sul agrícola.

Em segundo lugar, especialmente na Europa, o medo das guerras por consequência das revoluções,

não se fazia mais necessários uma vez que se tinham certeza dos mecanismos de controle para isto,

mesmo com a expansão capitalista daquele momento, está não trazia nada além de atritos entre as

potências, uma vez que havia a impressão de um lugar ao sol para todos. Em terceiro lugar, as

guerras poderiam utilizar das descobertas tecnológicas em seu favor, como o telegrafo e a câmera,

esta última que teve importância para as potências, pois trazia a possibilidade de passar os fatos da

guerra a seus cidadãos. O boom da guerra tecnológica teve início real após 1860, depois da guerra

da Criméia, onde se teve início da utilização das estradas de ferro e outras invenções para fins

militares.

As grandes transformações internacionais deste período, ainda não foram suficientes para

mudar a supremacia de países desenvolvidos sobre países subdesenvolvidos. A tecnologia moderna

colocava qualquer governo que não a dispusesse a mercê de qualquer outro que a possuísse.

Por outro lado, as relações entre potências foram drasticamente modificadas depois de 1848,

principalmente na década de 1860, onde três fatos ocorreram. O primeiro é que a expansão da

industrialização produziu outras potências comerciais além da Inglaterra: Estados Unidos, a Prússia

(Alemanha) e, muito antes disso, a França, tendo o Japão se somado somente mais tarde. Segundo é

que com o progresso da industrialização fez com que riquezas e a capacidade industrial viessem a

ser fatores decisivos no poderio internacional, diminuindo a importância militar como parâmetro de

poderio. O terceiro foi a emergência de dois Estados não europeus, os Estados Unidos e o Japão,

criavam pela primeira vez a possibilidade de um conflito global entre potências.

Após 1848, as mudanças nas estruturas internacionais foram estrondosas. O mundo não seria

mais o mesmo, e a política internacional passaria a ser política mundial, onde a política formal

europeia adotada durante longos períodos divergia da política real. Grandes potencias foram

afetadas por isto como a Rússia, França e até mesmo a Áustria, em sua nova roupagem de Império

Duo Austro-húngaro, que permanecerá o que havia sempre sido, uma grande potência apenas no

tamanho e na conveniência internacional, apesar de mais forte que a recém-unificada Itália, que as

ambições diplomáticas e a grande população davam direito a participar do jogo de poder. Jogo este

que continuará o mesmo, porém agora com novas regras (o capital como forma de poderio), um

novo tabuleiro e novos, junto com antigos, jogadores.