A Era da cerâmica - espiraldotempo.com · como os diamantes, quanto com materiais mais...

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A cerâmica aterrou nos relógios Chanel depois de a marca ter explorado caminhos nunca antes desbrava- dos para apresentar o primeiro membro da coleção J12. Na altura, a aplicação de cerâmica em relojoaria não era propriamente uma novidade, mas o modelo apresentado causou grande impacto, muito graças aos hipnóticos efeitos de luz que a caixa proporcionava. Algo nunca visto, ainda para mais num relógio preto. Sem recurso a diamantes, a Chanel não só conseguiu fazer do J12 uma das estrelas mais brilhantes desse ano, como teve o mérito de elevar a cerâmica ao estatuto de material de luxo. O segredo estava no tipo de cerâmica utilizada, um material exclusivo com uma fórmula que permaneceu sigilosa durante muito tempo. No sugestivo ano 2000, a casa francesa abria assim as portas de uma nova era na relojoaria. Desde então, na linha do movimento ‘tecno’ que entretanto fez desenvolver o setor, a cerâmica passou a ser encarada como o material do futuro: brilhante, sofisticada e com excelentes propriedades físicas, parece ter tudo para garantir uma longa vida aos relógios mecânicos. Cerâmica técnica A Chanel contribuiu decisivamente para a atual febre da cerâmica, mas a Rado foi pioneira na utilização deste material em relojoaria. Em 1986, a marca lançou o Rado Integral, um relógio equipado com bracelete de cerâmica. O look futurista do novo modelo contrastava com a ideia tradicional que temos de objetos em cerâmica. De facto, a cerâmica é o material artificial mais antigo que se conhece produzido pelo homem. Com uma existência que remonta há cerca de 30 mil anos, resulta da modelagem e do aquecimento de minerais naturais não metálicos (como a argila) a temperaturas extremamente elevadas. Tijolos, azulejos, vasos e loiça de porcelana são alguns exemplos de artefactos associados a uma indústria de base tradi- cional. No entanto, a cerâmica utilizada em relojoaria não é uma cerâmica de base tradicional, mas sim a designada cerâmica técnica ou avançada. Segundo Jorge Lino, professor da Universidade do Porto, «os materiais cerâmicos têm elevadas poten- cialidades e um infindável número de aplicações, mas a sua fragilidade em situações de choque estimu- lou a busca de novos materiais com maior tenacidade» – basta pensarmos na facilidade com que uma chávena de café pode ser quebrada. «Muitos investigadores pensaram eliminar os defeitos na superfície dos cerâmicos para conseguirem um material com uma estrutura mais resistente ao choque e começaram a fabricar cerâmicos a partir de pó muito fino para evitar o mínimo defeito. No entanto, um defeito superfi- cial posterior rapidamente gerava uma fissura que se propagava conduzindo à fratura. Esta filosofia acabou por ser abandonada e, atualmente, procura-se utilizar materiais ‘tolerantes a fissuras’, ou seja, na presença de um defeito e gerando-se uma fenda, esta vai encontrar dificuldades de propagação.» A cerâmica téc- nica resulta, assim, deste contínuo processo de aperfeiçoamento, e o aumento da tenacidade deste grupo de materiais veio permitir a sua utilização em setores que até então lhes eram vedados. Hoje a cerâmica técnica «é utilizada em áreas como a aeronáutica (turbinas), a indústria automóvel (válvulas; travões de disco), a indústria química (válvulas, vedantes), a cutelaria (facas para sushi) ou a indústria biomédica (pró- teses, coroas dentárias). É, pois, com naturalidade que vemos os cerâmicos a serem utilizados também em relojoaria», conclui Jorge Lino. Desenvolvida a partir de compostos puros – como carboneto de silício (SiC), óxido de alumínio (alumina – Al2O3), nitreto de silício (Si3N4) e óxido de zircónio (zircónia – ZrO2), entre outros – a cerâmica técnica resulta de uma série de processos mecanizados e de um rigoroso controlo de cada uma das etapas de fa- brico. Em relojoaria, apenas algumas marcas se aventuraram pelos meandros do fabrico de uma cerâmica exclusiva para ser aplicada nos seus relógios, entre elas a Chanel e a Rolex. REPORTAGEM Utilizada com frequência como armadura nos relógios de pulso, a cerâmica técnica vai sendo também adaptada ao coração dos movimentos mecânicos. E não é preciso viajar no tempo para prever que este material tem lugar certo no futuro da relojoaria. Por Cesarina Sousa A Era da cerâmica REPORTAGEM

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A cerâmica aterrou nos relógios Chanel depois de a marca ter explorado caminhos nunca antes desbrava-dos para apresentar o primeiro membro da coleção J12. Na altura, a aplicação de cerâmica em relojoaria não era propriamente uma novidade, mas o modelo apresentado causou grande impacto, muito graças aos hipnóticos efeitos de luz que a caixa proporcionava. Algo nunca visto, ainda para mais num relógio preto. Sem recurso a diamantes, a Chanel não só conseguiu fazer do J12 uma das estrelas mais brilhantes desse ano, como teve o mérito de elevar a cerâmica ao estatuto de material de luxo. O segredo estava no tipo de cerâmica utilizada, um material exclusivo com uma fórmula que permaneceu sigilosa durante muito tempo. No sugestivo ano 2000, a casa francesa abria assim as portas de uma nova era na relojoaria. Desde então, na linha do movimento ‘tecno’ que entretanto fez desenvolver o setor, a cerâmica passou a ser encarada como o material do futuro: brilhante, sofisticada e com excelentes propriedades físicas, parece ter tudo para garantir uma longa vida aos relógios mecânicos.

Cerâmica técnicaA Chanel contribuiu decisivamente para a atual febre da cerâmica, mas a Rado foi pioneira na utilização deste material em relojoaria. Em 1986, a marca lançou o Rado Integral, um relógio equipado com bracelete de cerâmica. O look futurista do novo modelo contrastava com a ideia tradicional que temos de objetos em cerâmica. De facto, a cerâmica é o material artificial mais antigo que se conhece produzido pelo homem. Com uma existência que remonta há cerca de 30 mil anos, resulta da modelagem e do aquecimento de minerais naturais não metálicos (como a argila) a temperaturas extremamente elevadas. Tijolos, azulejos, vasos e loiça de porcelana são alguns exemplos de artefactos associados a uma indústria de base tradi-cional. No entanto, a cerâmica utilizada em relojoaria não é uma cerâmica de base tradicional, mas sim a designada cerâmica técnica ou avançada.

Segundo Jorge Lino, professor da Universidade do Porto, «os materiais cerâmicos têm elevadas poten-cialidades e um infindável número de aplicações, mas a sua fragilidade em situações de choque estimu-lou a busca de novos materiais com maior tenacidade» – basta pensarmos na facilidade com que uma chávena de café pode ser quebrada. «Muitos investigadores pensaram eliminar os defeitos na superfície dos cerâmicos para conseguirem um material com uma estrutura mais resistente ao choque e começaram a fabricar cerâmicos a partir de pó muito fino para evitar o mínimo defeito. No entanto, um defeito superfi-cial posterior rapidamente gerava uma fissura que se propagava conduzindo à fratura. Esta filosofia acabou por ser abandonada e, atualmente, procura-se utilizar materiais ‘tolerantes a fissuras’, ou seja, na presença de um defeito e gerando-se uma fenda, esta vai encontrar dificuldades de propagação.» A cerâmica téc-nica resulta, assim, deste contínuo processo de aperfeiçoamento, e o aumento da tenacidade deste grupo de materiais veio permitir a sua utilização em setores que até então lhes eram vedados. Hoje a cerâmica técnica «é utilizada em áreas como a aeronáutica (turbinas), a indústria automóvel (válvulas; travões de disco), a indústria química (válvulas, vedantes), a cutelaria (facas para sushi) ou a indústria biomédica (pró-teses, coroas dentárias). É, pois, com naturalidade que vemos os cerâmicos a serem utilizados também em relojoaria», conclui Jorge Lino.

Desenvolvida a partir de compostos puros – como carboneto de silício (SiC), óxido de alumínio (alumina – Al2O3), nitreto de silício (Si3N4) e óxido de zircónio (zircónia – ZrO2), entre outros – a cerâmica técnica resulta de uma série de processos mecanizados e de um rigoroso controlo de cada uma das etapas de fa- brico. Em relojoaria, apenas algumas marcas se aventuraram pelos meandros do fabrico de uma cerâmica exclusiva para ser aplicada nos seus relógios, entre elas a Chanel e a Rolex.

REPORTAGEM

Utilizada com frequência como armadura nos relógios de

pulso, a cerâmica técnica vai sendo também adaptada ao

coração dos movimentos mecânicos. E não é preciso viajar

no tempo para prever que este material tem lugar certo no

futuro da relojoaria.

Por Cesarina Sousa

A Era da cerâmica

REPORTAGEM

REPORTAGEM

Chanel: High-Tech CeramicOs segredos da cerâmica da Chanel estiveram guardados a sete chaves, ao mesmo tempo que a marca continuava a lançar os resultados das suas experiências em relógios sempre bem-suce-didos. Mas 2009 representou mais um momento de viragem, face ao burburinho provocado pelo elevado preço do J12 Noir Intense que foi lançado nesse ano, um relógio totalmente cravejado de pequenas baguetes de cerâmica. A dúvida era compreensível: como é que um relógio de cerâmica poderia chegar aos 250.000 euros? Perante esta situação, a Chanel resolveu revelar detalhes do fabrico da cerâmica que é produzida para os modelos J12. Sophie Furley, pela revista Europa Star, teve o privilégio de tes-temunhar o processo, e descreveu-o em detalhe num artigo que recomendamos – «Chanel e a Câmara dos Segredos.»

Mas o que levou realmente Sophie Furley a encarar com outros olhos o preço do J12 Noir Intense foi a dificuldade que está por trás da cravação de cada uma das minúsculas baguetes de cerâmica na caixa: «as baguetes de cerâmica são mais difíceis de cravar do que os diamantes. São extremamente duras, como o vidro, mas não tão duras como o diamante, por isso, um movi-mento em falso e a cerâmica parte-se em pedaços.»

Segundo a jornalista, para a Chanel a cerâmica é produzida em moldes específicos individuais para cada um dos componentes. A zircónia e um ligante não revelado, solúvel em água, estão na base do processo que de seguida descrevemos.1 - A mistura de zircónia (óxido de zircónio) com ligante é injetada nos moldes. 2 - Após a secagem, os moldes são colocados numa solução para remover o ligante.3 - Depois de secas, as peças estão particularmente frágeis, podendo quebrar-se facilmente.4 - Segue-se uma passagem pelo forno a uma temperatura de 1000 graus que fará com que a cerâmica endureça. Nesta fase, as peças tendem a contrair consideravelmente, pelo que os moldes são sobredimensionados tendo em conta esta alteração, para que cada peça fabricada tenha o tamanho exato.5 - Uma máquina com duas mós inicia o processo de polimento e, por fim, as peças de cerâmica são submetidas a diferentes mate- riais abrasivos que concluem o processo.

Rolex: CERACHROM®Também a Rolex se dedicou ao fabrico de uma cerâmica exclusiva que utiliza nos seus instrumentos do tempo desde 2005: a CER-ACHROM. Apresentada primeiro nos GMT-Master II, tem vindo a ser adotada numa grande diversidade de modelos da marca, no entanto, nestes modelos, trata-se de um disco de reduzida espes-sura que é depois colocado sobre a superfície da luneta. Mas o Cosmograph Daytona, lançado este ano, já integra uma luneta monobloco de cerâmica negra.A Rolex revelou pormenores do fabrico da luneta CERACHROM e explica que também o óxido de zircónio, composto por partículas inferiores a um mícron, está na base da sua cerâmica. Mas de forma diferente da Chanel, a cerâmica é aqui produzida em blocos que são depois trabalhados até adquirirem a sua forma final. 1 - De cor branca, o óxido de zircónio é misturado com ligante permitindo a sua conformação, bem como dos pigmentos que determinam a cor final desejada. Estes elementos são assim injetados num molde.2 - A matéria-prima é moldada a altas pressões, apresentando, nesta altura, um baixo nível de resistência, pelo que terá de ser tratada termicamente.3 - No forno, os blocos de cerâmica são sujeitos a um primeiro aquecimento que permite eliminar o ligante.4 - Na etapa seguinte, as peças são sinterizadas a 1500 graus (para a cerâmica tradicional usa-se o termo ‘cozedura’, para cerâmicos técnicos usa-se o termo ‘sinterização’. Na sinterização, as partículas estabelecem ligações físicas entre si e é eliminada a porosidade). Desta forma, a cerâmica adquire a dureza e resistên-cia mecânica que lhe são caraterísticas. No entanto, cada uma das peças reduz o seu tamanho em 25% e a cor adquire a sua tonalidade final.5 - Os blocos de cerâmica são chanfrados em função da sua forma final. Tendo em conta a dureza do material, nesta fase são utilizadas ferramentas de diamante.6 - Já na sua forma final, cada disco ou monobloco é revestido por uma fina camada de ouro amarelo, ouro rosa ou platina, con-soante o modelo, através de um processo de deposição física em fase de vapor (PVD). Esta fina camada é depositada apenas nos números e nas escalas.7 - Por fim, todas as peças são submetidas a um último polimento para dar brilho à luneta e destacar o metal depositado nos núme-ros e nas escalas.

Imagem gentilmente cedida pela Rolex.

Chanel Noir Intense

Rolex Daytona

REPORTAGEM

Look cerâmicoComo material versátil que combina tanto com detalhes luxuosos, como os diamantes, quanto com materiais mais desportivos, como o aço ou até o cauchu, a cerâmica resulta particularmente na caixa, na luneta e na bracelete. No seu conjunto, as linhas são enalteci-das por um coerente misto de sofisticação e de elegância muito ao gosto dos nossos tempos, por outro lado, os mais recentes DV One da Versace com caixa de cerâmica negra baça ou os Formula 1 Ceramic lançados no ano passado em preto e branco pela TAG Heuer e recuperados este ano numa versão cronográfica são a prova de que o look cerâmico funciona tanto em modelos femini-nos, como em modelos masculinos. Simultaneamente, a cerâmica tem a vantagem de ser um material duro e muito resistente aos riscos, perfeito para ser aplicado nos componentes externos que estão sempre mais vulneráveis. Não é por acaso que os mostra-dores em alta-relojoaria tendem a ser precisamente protegidos por vidro de safira, um material cerâmico à base de alumina. Esta polivalência de sucesso tem levado à crescente adesão das marcas e ao necessário desenvolvimento de novas variantes e potencialidades. Numa fase inicial, a paleta de cores disponíveis

limitava-se ao branco e ao preto. Com a evolução das tecnologias de fabrico, hoje é possível criar cerâmica de múltiplas cores. A Rolex fabrica a CERACHROM® em verde, azul, branco e preto; já a Chanel, depois de brilhar com o preto e de ter inaugurado a utilização da cerâmica branca, apresentou recentemente a linha Chromatic, outra variante da coleção J12. A inovação está na associação da cerâmica ao titânio que resulta num tom cinza extraordinário e variável. No caso do novo Royal Oak Offshore The Legacy, da Audemars Piguet com caixa e luneta integralmente concebidas em cerâmica, o destaque vai para o minucioso traba-lho de polimento que resulta numa textura fina inédita semelhante ao aço, com reflexos high-tech muito originais. O facto de poder ser reinventada e adaptada à medida de cada marca faz da cerâmica técnica o material certo para transformar os instrumentos do tempo em peças com muita personalidade. Por isso, mais do que uma tendência passageira, a cerâmica enquanto elemento estético central afirma-se como um estilo que, tal como o aço, o titânio ou o ouro, dificilmente soará a last season, pelos menos nos próximos tempos.

VersaceDV One

TAG Heuer Formula 1 Ceramic Chronograph

Audemars Piguet The Legacy

Jaeger-LeCoultre Master Home Time

Para o infinito«Dureza, rigidez, resistência a solicitações de choque, ao des-gaste, à corrosão e a altas temperaturas, comportamento piezoeléctrico, supercondutividade e isolamento térmico» cara-terizam, segundo Jorge Lino, a cerâmica técnica. Se os materiais cerâmicos eram já utilizados em movimentos de quartzo como solução de iluminação, aos poucos, algumas marcas começam a apostar nas suas potencialidades mecânicas. A Tudor, por exem-plo, descobriu nas esferas de cerâmica a solução ideal para um fecho de báscula mais fluido e eficiente, mas a Jaeger-LeCoultre utiliza este material como elemento fundamental no coração do relógio. Após aturados estudos prévios, em 2004 já o Master Home Time surgia com um rotor assente em rolamentos de es-feras de cerâmica e, em 2007, o Master Compressor Extreme Lab marcou mais uma etapa na história da manufatura por combinar materiais de alta tecnologia e rolamentos de esferas de cerâmica nas várias partes de atrito do mecanismo. Desta forma, reduziu ao mínimo a utilização de óleos lubrificantes. Com efeito, o aço e o latão constituem os dois pilares da relojoaria mecânica fina porque permitem um atrito reduzido nos pontos de contato entre as rodas e os carretos de qualquer movimento relojoeiro. No entanto, a sua eficiência depende da utilização de óleos lubrificantes, o que obriga a frequentes revisões técnicas. Mas sem recurso a qualquer tipo de óleo, a cerâmica técnica distingue-se por uma durabilidade entre cinco a 10 vezes superior ao aço e por um coeficiente de

atrito praticamente irrisório. Isto significa que «no interior do reló-gio, os materiais cerâmicos podem ser aplicados em peças que estejam sujeitas a contacto móvel e que exigem elevada resistên-cia ao desgaste.» Ao optar pela cerâmica, a Jaeger-LeCoultre deu, assim, mais um passo na busca de um movimento que funcione ad aeternum, sem necessidade de óleos de lubrificação e sem comprometimento da sua eficiência. Esta solução tem vindo a ganhar adeptos e foi mesmo adotada até por modelos icono-clastas como o HM3 ReBel. A mais recente máquina da MB&F surgiu equipada com um movimento do qual saltam à vista dois grandes rolamentos de esferas de cerâmica em azul metálico que transmitem a energia aos cones de indicação do tempo e à roda da data. Quanto à Chanel, permanece incontornável também neste domínio: da platina do J12 Tourbillon aos braços do rotor do J12 Calibre 3125 que (por acaso) está assente em rolamentos de esferas de cerâmica, há muito para citar. Para já, as potencialidades mecânicas da cerâmica técnica con-tinuam a ser exploradas de forma reservada por apenas algumas marcas, mas Jorge Lino considera que «em termos futuros, prevê-se que, com os avanços significativos na área do fabrico de microcomponentes, possamos ver relógios com um ainda maior número de componentes cerâmicos.» É uma questão de tempo: afinal, a cerâmica técnica faz da eternidade uma realidade possível em relojoaria.