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1 MARCELO MONTEIRO MENDES A ENFERMAGEM DIANTE DAS INCAPACIDADES FUNCIONAIS DA PET/MAH SEGUNDO MIF E A RELAÇÃO COM O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES ATENDIDOS EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM BELÉM-PA Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como requisito para a obtenção do grau de Doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários. Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos R. Vallinoto Belém-Pará 2013

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MARCELO MONTEIRO MENDES A ENFERMAGEM DIANTE DAS INCAPACIDADES FUNCIONAIS DA PET/MAH SEGUNDO MIF E A RELAÇÃO COM O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES ATENDIDOS EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM BELÉM-PA

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará como requisito para a obtenção do grau de Doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos R. Vallinoto

Belém-Pará 2013

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MARCELO MONTEIRO MENDES

A ENFERMAGEM DIANTE DAS INCAPACIDADES FUNCIONAIS DA PET/MAH SEGUNDO MIF E A RELAÇÃO COM O PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE PACIENTES ATENDIDOS EM UM SERVIÇO DE REFERÊNCIA EM BELÉM-PA Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Pará, como requisito para a obtenção do grau de Doutor em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários.

Orientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Rosário Vallinoto Instituto de Ciências Biológicas, UFPA.

Banca Examinadora: Profª. Dra. Rita Catarina Medeiros Sousa

Núcleo de Medicina Tropical, UFPA. Prof. Dr. Luiz Fernando Almeida Machado (suplente) Instituto de Ciências Biológicas, UFPA.

Profª. Dra. Maria Tereza S. Figueiredo Hospital Universitário João de Barros Barreto, UFPA.

Profª. Dra. Denise da Silva Pinto ICS – Faculdade de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, UFPA.

Profª. Dra. Ana Gracinda Ignácio da Silva Faculdade de Enfermagem, UEPA.

Belém, 30 de Setembro de 2013

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FICHA CATALOGRÁFICA

Mendes, Marcelo Monteiro A enfermagem diante das incapacidades funcionais da PET/MAH segundo MIF e a relação com o perfil epidemiológico de pacientes atendidos em um serviço de referência em Belém-PA, 2013, 148p, Tese de Doutorado em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários.

1. HTLV-1; PET/MAH; incapacidades funcionais em PET/MAH; assistência de enfermagem em PET/MAH.

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EPÍGRAFE

O mais importante é dar o primeiro

passo. O mais alvissareiro é chegar ao

topo.

(autor desconhecido)

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à Deus e a meus

pais, irmãos, sobrinhas e sobrinho,

amigos, familiares e alunos, que nunca

deixaram de acreditar e torcer por

mim.

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AGRADECIMENTOS

À Deus pela sabedoria, dom da vida, inteligência, discernimento, audácia,

ousadia e força de vontade a mim concedidas por Ele, e ainda por ter segurado

nas minhas mãos nas horas em que pensei em desistir.

Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Rosário Vallinoto que aceitou o desafio de me

orientar e de maneira muito serena e soberana conseguiu me repassar parte

de seu conhecimento adquirido ao longo de sua carreira acadêmica.

Aos meus pais, Otávio Roberto e Naracy Mendes, que nunca me

abandonaram, que sempre me tiveram como um ídolo e sempre expressaram

toda a admiração deles por mim, o que sempre me serviu de estímulo.

Às minhas sobrinhas Gabrielle, Roberta e Raynara e ao meu sobrinho Otávio

Neto, minhas eternas fontes de inspiração.

Aos meus irmãos Otávio e Ricardo, por acreditarem que eu sempre seria a

fonte de inspiração deles.

A todos os meus familiares, amigos e em especial aos meus queridos alunos e

alunas, motivadores incondicionais.

Não menos importante e em especial ao meu amor, que nas horas mais

sombrias e nos momentos de desespero, me acolheu, me deu colo, carinho,

atenção e em especial muito amor.

Obrigado de coração a todos e todas.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS OU SÍMBOLOS.................................. 09

RESUMO.................................................................................................................. 11

ABSTRACT.............................................................................................................. 12

1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 13

1.1 OS RETROVÍRUS...................................................................................... 13

1.2 VÍRUS LINFOTRÓPICO DE CÉLULAS T HUMANAS - HTLV........... 13

1.2.1 Aspectos Morfológicos do HTLV............................................................. 15

1.2.2 Replicação do HTLV................................................................................. 16

1.3 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA INFECÇÃO PELO HTLV......... 20

1.4 PREVENÇÃO, TRANSMISSÃO E DIAGNÓSTICO .............................. 23

1.5 DIAGNÓSTICO SOROLÓGICO DO HTLV-1 E CARGA PROVIRAL.. 25

1.5.1 Carga Proviral .......................................................................................... 27

1.6 PATOGENICIDADE DO HTLV .............................................................. 28

1.7 A ENFERMAGEM DIANTE DAS INCAPACIDADES FUNCIONAIS DA

PET/MAH...........................................................................................

36

1.8 OBJETIVOS............................................................................................... 51

1.8.1 Objetivo Geral........................................................................................... 51

1.8.2 Objetivos Específicos................................................................................. 51

2 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 52

2.1 TIPO DE ESTUDO..................................................................................... 52

2.2 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO..................................................................... 52

2.3 COLETA DE DADOS E CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA............ 52

2.4 LOCAL DA PESQUISA.............................................................................. 54

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2.5 CONSULTA DE ENFERMAGEM............................................................... 54

2.5.1 Análise Clínica dos Pacientes...................................................................... 55

2. 6 CARGA PROVIRAL..................................................................................... 55

2.7 QUANTIFICAÇÃO DAS CÉLULAS TCD4+ e TCD8+............................... 56

2.8 ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA...................................................... 56

2.9 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS E APRESENTAÇÃO

DOS RESULTADOS..................................................................................

57

3 RESULTADOS.......................................................................................... 59

3.1 BREVE CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA....................................... 59

3.2 PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL E SUAS RELAÇÕES COM AS

INCAPACIDADES FUNCIONAIS DOS PORTADORES DE

PET/MAH......................................................................................................

62

4 DISCUSSÃO................................................................................................. 73

5 CONCLUSÕES............................................................................................ 79

REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 81

APÊNDICES ............................................................................................................ 96

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema ilustrativo mostrando a estrutura do HTLV-1 ............14

Figura 2 - Esquema representativo da Replicação do HTLV-1 .................17

Figura 3 - Algoritmos de testes laboratoriais para o diagnóstico de infecção por

HTLV-1 e HTLV-2 ..................................................................................... 33

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LISTA DE SIGLAS

AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

AVDs – Atividades de Vida Diárias

AZT - Zidovudina

DHL – Desidrogenase Lática

DNA (ADN) – Ácido Desoxirribonucléico

ELISA – Ensaio imunoenzimático

Env – Gene codificador das proteínas do envelope

EUA – Estados Unidos da América

Gag – gene codificador das proteínas do capsídeo

Gp – Glicoproteína

HIV – Vírus da Imunodeficiência Humana

HTLV – Vírus linfotrópico de células T humanas

IFI - Imunofluorescência Indireta

LLcTA – Leucemia/Linfoma de células T do adulto

mRNA – Ácido Ribonucleico mensageiro

NANDA – Associação Norte Americana de Diagnósticos de Enfermagem

NIC – Classificação Internacional das Intervenções de Enfermagem

OMS – Organização Mundial de Saúde

PCR - Reação em Cadeia da Polimerase

PET/MAH – Paraparesia Espástica Tropical/Mielopatia Associada ao HTLV

RNA – Ácido Ribonucléico

TCD4+ - Linfócitos com receptor para anticorpo monoclonal anti - CD4+

TCD8+ - Linfócitos com receptor para anticorpo monoclonal anti-CD8+

WB – Western Blot

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RESUMO

Este trabalho teve como objetivo descrever o perfil epidemiológico as incapacidades funcionais de portadores de PET/MAH atendidos em um serviço especializado em Medicina Tropical em Belém-PA. Foram analisados 22 indivíduos sintomáticos para PET/MAH, dos quais 14 eram do sexo feminino (63,64%), 13 (59,09%) com idade superior a 50 anos. A média de idade dos pacientes foi de 50,89 anos (± 9,10). Através da análise laboratorial, evidenciou-se que a contagem de linfócitos TCD4+ dos pacientes variou de 448 a 2420 células/mm³ e a contagem de linfócitos TCD8+ de 357 a 1612 células/mm³. A contagem da carga proviral variou de 235 a 19.624 cópias/106 células PBMC. Ao relacionar o perfil da contagem de linfócitos TCD4+ e TCD8+ mostrou-se que a maioria dos pacientes necessita de alguma modalidade de assistência funcional para a realização de suas atividades de vida diária. Já para a carga proviral, os que apresentaram contagem superior a 10.000 cópias/106 células PBMC, são os que mais necessitam de assistência funcional. Foi possível, utilizando-se as teorias de enfermagem, relacionar as incapacidades funcionais com a atuação da enfermagem, a partir de um elenco de diagnósticos, segundo NANDA e intervenções de enfermagem de acordo com a NIC. O estudo conclui que os pacientes infectados com HTLV-1 sintomáticos para PET/MAH, apresentam incapacidades diagnosticada pela escala de MIF, em diferentes graus, de acordo com a contagem de linfócitos TCD4+ e TCD8+ e ainda carga proviral, e que as incapacidades variam de máxima assistência à independência total, e que de acordo com os sinais e sintomas por ele apresentados e as atividades de vida diária que estavam comprometidas, subsidiando-se nas teorias de enfermagem, é possível prestar uma assistência sistematizada, individualizada, adaptada e de caráter reabilitador a esses pacientes. Palavras-chaves: HTLV-1; PET/MAH; incapacidades funcionais em PET/MAH; assistência de enfermagem em PET/MAH.

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ABSTRACT

This study aimed to describe the epidemiology functional disability in patients with HAM / TSP in a department specializing in tropical medicine in Belém-PA. We analyzed 22 individuals symptomatic for HAM/TSP, of which 14 were female (63,64 %), 13 ( 59,09 % ) aged over 50 years. The average age of the patients was 50.89 years (± 9,10). Through laboratory analysis showed that the CD4 + T cell count ranged 448-2420 cells / mm ³ and CD8 + lymphocyte count 357-1612 cells / mm ³. The count of proviral load varied 235-19624 copies/106

PBMC cells. By relating the profile of CD4 + T lymphocyte count and CD8 + showed that most patients require some form of assistance to perform functional activities of daily living. As for the proviral load, the count showed that more than 10.000 copies/106 PBMC cells are the most in need of assistance functional. It was possible, using nursing theories, relate with functional disabilities nursing activities, from a cast of diagnosis, according to NANDA and nursing interventions according to NIC. The study concludes that patients infected with HTLV - 1 symptomatic for HAM / TSP , have disabilities diagnosed by the scale of MIF , in varying degrees , according to the count of CD4 + and CD8 + and still proviral load , and disabilities vary maximum assistance to full independence , and that according to the signs and symptoms presented by him and the activities of daily living that were committed by subsidizing up in nursing theories , can provide assistance systematic, individualized, tailored and character rehabilitation these patients. Keywords: HTLV - 1, HAM/TSP; functional disability in HAM/TSP; nursing care in HAM/TSP .

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1. INTRODUÇÃO 1.1– OS RETROVÍRUS Segundo Coffin (1996) a família Retroviridae é a mais extensa

família de vírus que infectam primariamente vertebrados (em especial aves e

mamíferos), e secundariamente outros animais (insetos, moluscos),

desencadeando doenças diversas, com destaque para as incapacidades

funcionais, as manifestações hematológicas bem como as imunodeficiências.

Os retrovírus têm seu genoma constituído de duas fitas simples

de ácido ribonucléico (RNA), com polaridade positiva, idênticas e que tem seu

RNA genômico transcrito em uma fita dupla de DNA, por ação de uma

trascriptase reversa, conhecida como DNA-polimerase RNA-dependente

(Coffin, 1996). A família Retroviridae está subdividia em duas subfamílias:

Spumaretrovirinae e Orthoretrovirinae (ICTV, 2012).

Entre os retrovírus que mais se destacam, por infectar o

homem, são descritos os Vírus linfotrópicos de células T humanas,

subdivididos em 04 tipos, que estão inseridos no gênero Deltaretrovirus.

Destaca-se ainda o Vírus da imunodeficiência humana, subdivido em 02

espécies (HIV-1e HIV-2), cuja infecção acarreta na Síndrome da

Imunodeficiência Adquirida – AIDS (ICTV, 2012).

1.2 VÍRUS LINFOTRÓPICO DE CÉLULAS T HUMANAS – HTLV

São conhecidos atualmente quatro tipos do HTLV (HTLV-1,

HTLV-2, HTLV-3 e HTLV-4), pertencentes ao gênero Deltaretrovirus, e são

raramente associados a doenças linfoproliferativas (Hall et al., 1994; White &

Fenner, 1994).

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Os Vírus linfotrópico de células T humanas 1 e 2 (HTLV-1 e

HTLV-2), foram os primeiros retrovírus humanos a serem descritos, ainda no

início da década de 1980, e que apresentam tropismo pelos linfócitos T

(Kalyanaraman et al.,1982).

Murphy et al. (1989 a) descreveram a associação do HTLV-1 à

leucemia/linfoma de células T do adulto (LLcTA) além de relatar que a maioria

dos infectados pelo HTLV são assintomáticos, com manifestações clínicas em

apenas 2 a 4 % dos portadores. Outra associação a ser feita à infecção pelo

HTLV-1, é uma doença neurodegenerativa denominada de paraparesia

espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1 - PET/MAH (Gessain et al.,

1992), além de outras afecções ou fenômenos imunológicos de cunho

inflamatório como uveíte e artrite (Nishioka, 1996) e a lesões dermatológicas

(Gonçalves et al., 2003).

Kalyanaraman et al. (1982) conseguiram isolar um segundo

tipo de HTLV (HTLV-2), com uma distribuição geográfica peculiar. Mais tarde o

HTLV-2 revelou-se endêmico em comunidades indígenas na Amazônia

Brasileira (Ishak et al., 1995). Murphy et al. (1991) evidenciaram também uma

maior frequência desse tipo viral, entre usuários de drogas injetáveis (UDI) da

América do Norte e da Europa. Para Martin et al. (1993) o HTLV-2 tem sua

patogenicidade ainda pouco descrita, mas já existem evidências mostrando sua

associação a distúrbios hematológicos e neurológicos, muito semelhantes a

PET/MAH.

Os HTLV-3 e HTLV-4 foram descritos em populações humanas

do sul da República Democrática de Camarões que têm contato com primatas

não humanos (Calattini et al., 2005; Wolfe et al., 2005). Para o HTLV-3, sugere-

se que sua origem seja bem recente e, provavelmente, proveniente do Vírus

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Linfotrópico de Células T de Símios - 3 (STLV-3). Wolfe et al. (2005), não

identificaram para HTLV-4 nenhum equivalente ao STLV, sendo portanto, o

HTLV-4 bem distinto dos demais tipos de HTLV conhecidos.

Até hoje não foi descrita a transmissão do HTLV-3 e HTLV-4

entre seres humanos, bem como não é conhecido se são capazes de

desencadear doenças em seus portadores, como ocorre com o HTLV-1 (Wolfe,

et al., 2005).

1.2.1 Aspectos morfológicos do HTLV

O HTLV é um vírus envelopado do tipo C, com aproximadamente 100

nm de diâmetro, esférico, tendo seu material genético e as enzimas virais

envoltas pelo nucleocapsídeo, composto de proteínas estruturais p19, p24 e

p15. Mais externamente evidencia-se o envelope glicoprotéico, formado pela

matriz de lipídios da membrana celular do hospedeiro, onde estão inseridas as

glicoproteínas virais gp21 e gp46 (Coffin, 1996; Figura 1).

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Figura 1 - Esquema ilustrativo mostrando a estrutura do HTLV-1 (Adaptado de

http://researchnews.osu.edu/archive/HTLV1%20cartoon.jpg.jpg)

1.2.2 Replicação do HTLV

Segundo Seiki et al. (1983) o HTLV-1 e o HTLV-2 têm seus ciclos de

replicação regulados por duas proteínas virais regulatórias (Tax e Rex), que

são codificadas por uma região localizada na extremidade 3´ do genoma,

conhecida por pX, que contém quatro Open Reading Frames (ORF), sendo Tax

e Rex localizadas nas ORF IV e III, respectivamente.

Para Fujisawa et al. (1986) Tax e Rex são fosfoproteínas nucleares. A

Tax é capaz de regular a transcrição do genoma proviral, interagindo com

fatores de transcrição celulares, enquanto Rex é requerida como reguladora

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pós-transcricional das proteínas estruturais Gag e Env, regulando o genoma do

HTLV ao controlar o processamento do RNA mensageiro viral, por meio de um

feed-back negativo. Ao atingir níveis de concentrações mais elevados, o

produto de rex, sendo sintetizado nas mesmas taxas que os demais produtos

da replicação viral, impede a transcrição de novos mRNA, regulando assim os

níveis de expressão dos genes que codificam os componentes do vírus, o que

determina a síntese de partículas infectantes (Cann & Chen,1996).

Ferreira et al. (1997) afirmam que Tax e Rex podem interferir

em funções da célula hospedeira, sendo capazes de alterar a transcrição e a

tradução de vários genes celulares, fazendo com que as mesmas ganhem

destaque na patogênese de doenças associadas aos HTLV.

Karpas (2004) descreve que a replicação do HTLV inicia-se com

a interação entre as glicoproteínas sintetizadas pelo gene env (a gp46 e a

gp21). A primeira atua no reconhecimento e ligação ao receptor transportador

de glicose 1 (GLUT-1) da superfície das células-alvo (linfócitos T CD4+ e

linfócitos T CD8+) enquanto que a segunda penetra na membrana da célula,

garantindo a fusão do envelope viral com a membrana celular do hospedeiro,

permitindo penetração do genoma viral no citoplasma da mesma.

Uma vez liberado no citoplasma celular, ocorre a transcrição da

fita simples de RNA viral em fita dupla de DNA, pela ação da transcriptase

reversa (Gallo et al., 1981). A partir daí ocorre a migração da dupla fita de DNA

para o núcleo onde se integrará ao material genético da célula hospedeira pela

ação da integrase viral, quando então o DNA proviral (provírus) passa a utilizar

toda a estrutura celular do hospedeiro para realizar a transcrição genômica

(Seiki et al., 1984).

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Durante a transcrição do DNA viral, são formados três tipos

diferentes de mRNA: um subgenômico processado tipo splicing (4,2 Kb) usado

para traduzir as proteínas do envelope; um com duplo evento de splicing (2,1

Kb) que traduz as proteínas reguladoras Tax e Rex e um terceiro mRNA

subgenômico longo (aproximadamente 8,5 Kb) sem processamento do tipo

splicing usados na tradução dos genes gag, pol e pro, além de servir como

RNA genômico (Seiki et al., 1983; Gelmann et al., 1984; Slamon et al., 1984).

Após ocorrer todos esses mecanismos, o core viral é montado.

Em seguida o vírus, por brotamento, libera-se da superfície celular, levando

consigo em seu envelope, uma parte da membrana celular de dupla camada de

lipídios (Cann & Chen,1996; Figura 2).

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Figura 2 - Esquema representativo da http://www.proteinlounge.org

Esquema representativo da Replicação do HTLVhttp://www.proteinlounge.org).

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eplicação do HTLV-1 (Adaptado de

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1.3 ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA INFECÇÃO PELO HTLV

O HTLV infecta cerca de 20 milhões de pessoas no mundo,

tendo suas maiores prevalências nas regiões tropicias, de populações

desfavorecidas economicamente e em pessoas que já apresentaram infecções

sexualmente transmissíveis (Proietti et al., 2005). Segundo De Thé & Kazanji

(1996) o HTLV-1 é endêmico no Japão, no Caribe, na América do Sul, nas

ilhas da Melanésia e na África.

Sani (2001) evidenciou uma prevalência de 1,16% da infecção

pelo HTLV em uma população do nordeste do Irã. Já Murphy et al. (1991)

mostram que entre doadores de sangue da América do Norte e Europa há uma

baixa soroprevalência, algo em torno de 0,01 a 0,03% nos EUA e Canadá. Na

Noruega há uma prevalência de 0, 002% (Stigum et al., 2000).

Em um estudo realizado no Zaire, na África, em pessoas

sadias e com hanseníase, utilizando-se o método Western Blot, Dube et al.

(1994) mostraram uma soroprevalência de 38% para o HTLV, e deste total

identificaram 53,3% de infecção pelo HTLV-1; 2,2% pelo HTLV-2; 16,3% com

padrão indeterminado e 28,2% para HTLV.

Sabe-se que a Europa não é uma área endêmica para o HTLV,

sendo a infecção comumente detectada entre imigrantes de áreas endêmicas.

Tais infecções acontecem por diversas vias de transmissão, tais como: via

sexual, transmissão vertical (principalmente aleitamento materno) e uso de

drogas injetáveis. (Proietti et al., 2005).

O continente asiático, mais especificamente no Japão, é

evidenciada uma alta taxa de endemicidade para o HTLV-1, sendo mais

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prevalente nas ilhas do sul do arquipélago, chegando a 16% em Kagoshima e

10% em Nagasaki (Montgomery, 1993).

Em um estudo de investigação para a infecção pelo HTLV-1,

entre usuários de drogas injetáveis em Taiwan, foi evidenciada uma

prevalência de 2,3%, com um aumento expressivo quando associados a outros

fatores de risco como promiscuidade nas relações sexuais (Chen et al., 1995).

Na América do Norte, Thiede et al. (1994) encontraram uma

prevalência de 10,6% para o HTLV-1/2, entre usuários de drogas injetáveis em

Washington, sendo a maioria das infecções por HTLV-2. Nos EUA, em estudos

realizados entre doadores de sangue, foram reveladas baixas incidências de

infecção pelo HTLV, cerca de 3 casos para cada 10.000 doadores, sendo 1

para cada 10.000 para HTLV-1 e 2 para cada 10.000 para o HTLV-2 (Carneiro-

Proietti et al., 2002).

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Tabela 1 - Prevalência da infecção pelo HTLV-1/2 no México/América Central e Caribe.

País População N amostr

al

Infecção Prev (%)

Referência

México Maya e Yucatán 440 HTLV-2 0,23 (Gongora-Biachi et al.,

1997) Costa Rica Frequentadoras da

clínica de DST

436 HTLV-1/2 1,6 (Khabbaz et al., 1990)

Honduras Residentes da cidade costeira

899 HTLV-1 0,3 (Segurado et al., 1997)

HTLV-2 1,1 (Segurado et al., 1997) Panamá Índios Guayamí 109 HTLV-2 8,3 (Feigenbaum et al.,

1994) Índios Guayamí 3686 HTLV-2 9,5 (Vitek et al., 1995) Barbados Inquérito populacional 1012 HTLV-1 4,0 (Rabkin et al., 1996) Cuba Doadores de Sangue,

frequentadores da clínica de DST e receptores de transfusão

3774 HTLV-1/2 0,05 (Silva Cabrera et al., 1997)

Dominica Pacientes com neoplasias hematológicas

80 HTLV-1 38,6 (Adedayo et al., 2004)

República Dominicana

Frequentadores da clínica de DST

494 HTLV-1 2,8 (Rodriguez et al., 1993)

Guadalupe Doadores de sangue 37724 HTLV-1 0,2 (Rouet et al., 2001) Doadores de sangue 28801 HTLV-2 0,4 (Massari et al., 1994) HTLV-1 0,45 Haiti Moradores rurais

saudáveis 340 HTLV-1 3,8 (Grant et al., 1992)

Jamaica Manipuladores de alimentos

13260 HTLV-1 5,4 (Murphy et al., 1991)

Doadores de sangue 23363 HTLV-1 2,0 (Hisada, 2005) Martinica Gestantes 467 HTLV-1 1,9 (Mansuy et al., 1999) Porto Rico Moradores da cidade 1279 HTLV-1 0,2 (Kaplan et al., 1989) Usuários de drogas

hospitalizados 21 HTLV-1 5,0 (Kaplan et al., 1989)

Trinidad Tobago Doadores de sangue 1089 HTLV-1/2 1,7 (Daisley et al., 1991) Amostra populacional 1578 HTLV-1 2,3 (Bartholomew et al.,

1989) Fonte: (Adaptado de Carneiro-Proietti et al. 2006).

Na América do Sul, Miura et al. (1994), ao realizarem estudos

moleculares em chilenos e colombianos, através de análise filogenética,

mostraram que os isolados do HTLV-1 faziam parte do Grupo Cosmopolita,

cuja transmissão pode ser associada ao fluxo migratório dos seres humanos há

cerca de milhares de décadas. Já os isolados do HTLV-2, pertenciam ao

subtipo HTLV-2b, endêmico entre os indígenas da América do Sul. No entanto,

entre os índios do Brasil, há evidências que o subtipo de HTLV-2 circulante é o

HTLV-2c (Ishak et al., 1995; Vallinoto et al., 2002).

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No Brasil, a doença começou a ser estudada no início da

década de 1990, e o Brasil por sua grande população, é um país com um dos

maiores números absolutos de infectados, sendo estimados aproximadamente

um milhão e meio de infectados por este vírus no país, o que torna o Brasil o

maior em número de casos absolutos (Catalan-Soares et al., 2006).

A prevalência da infecção pelo HTLV-1 aumenta com a idade e

é maior entre as mulheres, com aumento da prevalência após os 40 anos de

idade, enquanto que entre os homens a prevalência atinge um platô por volta

dos 40 anos, bem provavelmente em decorrência da transmissão por via

sexual, que é mais eficiente do homem para mulher e, também, pelas

transfusões sanguíneas, mais frequentes em mulheres (Kaplan et al.,1996).

Araújo (2012) ao estudar 42 portadores de HTLV1/2 em um

serviço de referência em Maceió-AL obteve como resultados que dos

portadores de HTLV participantes do estudo, 68% eram do gênero feminino,

com idade média de 42,9 anos. A maior parte desses indivíduos (73%)

estavam na faixa etária de 32 a 56 anos, com uma predominância de solteiros

59%.

1.4 PREVENÇÃO, TRANSMISSÃO E DIAGNÓSTICO

Segundo Romanelli et al. (2010), algumas medidas de

prevenção têm sido adotadas para diminuir a disseminação da infecção pelo

HTLV, entre elas: a triagem sorológica obrigatória para detecção de anticorpos

anti-HTLV-1/2 na doação de sangue; a orientação às mães infectadas para não

amamentarem seus filhos e o esclarecimento quanto à transmissão sexual para

a população em geral.

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Para Catalan-Soares et al. (2001), as medidas preventivas têm

sua ênfase na orientação aos soropositivos de não compartilhar agulhas ou

seringas, não doar sangue, órgãos e para os homens, não doar sêmen. Já as

mulheres infectadas não amamentar e para ambos o uso de preservativo em

todas as relações sexuais. Se um casal pretende ter filhos, não usar o

preservativo apenas no período fértil. As medidas preventivas devem permear

também a identificação de novos casos, como: (i) investigar parceiros sexuais e

filhos de pacientes soropositivos; (ii) indivíduos hemotransfundidos antes de

1994; (iii) portadores de HIV; (iv)usuários e ex-usuários de drogas e pessoas

de comportamento promíscuo; e a realização de medidas de saúde pública,

que visem o controle de bancos de leite assim como o teste de gestantes

durante o pré-natal.

A transmissão pode se dar de três maneiras: via sexual,

principalmente do homem para a mulher, via parenteral por meio da transfusão

de hemoderivados e compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas; e

pela transmissão vertical (de mãe para filho) principalmente durante a fase da

amamentação, sendo esta forma a principal via de transmissão em áreas

endêmicas. No Brasil outros fatores podem estar associados à transmissão do

HTLV-1, como por exemplo: condições sociais e demográficas da população,

expressas pelo aumento desordenado da urbanização (Catalan-Soares et al,

2006).

Catalan-Soares et al. (2006) destacam que a estratégia para o

diagnóstico, isto é, identificação (triagem), diferenciação e confirmação da

infecção pelo HTLV-1 têm evoluído com avanços das técnicas sorológicas e

moleculares. Alguns testes imunoenzimáticos, dentre eles o ELISA e os testes

de aglutinação de partículas de gelatina são utilizados para fazer a triagem da

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infecção sendo a confirmação feita através dos testes de Western blot (WB) e

Imunofluorescência indireta (IFI), que detectam a presença de anticorpos anti-

HTLV-1 e/ou anti-HTLV-2. Em determinados casos pode se lançar mão da

reação em cadeia da polimerase (PCR), também como teste confirmatório

(Castro-Costa et al., 2005).

1.5 – DIAGNÓSTICO SOROLÓRICO DO HTLV-1 E CARGA PROVIRAL

Segundo Bezerra et al. (1998) pode-se detectar a resposta

imune a determinantes antigênicos das proteínas do HTLV por vários sistemas

para detecção de anticorpos anti-HTLV, como: Imunofluorescência Indireta

(IFI); Ensaio imunoenzimático (ELISA); aglutinação de partículas de gelatina;

radioimunoprecipitação e Western Blot (WB). Baseado na detecção de

anticorpos específicos no sangue dos indivíduos é possível se fazer o

diagnóstico da infecção pelo HTLV-1 e HTLV-2, sendo que a investigação

diagnóstica deverá ocorrer em duas etapas: a primeira de triagem, que permite

identificar amostras reagentes, indeterminadas e não reagentes. Em seguida,

as amostras reagentes e as indeterminadas são submetidas a outros testes

confirmatórios.

O teste de ELISA é considerado um teste de triagem, que

normalmente usa produtos de lisado de células infectadas com HTLV-1

purificado, com a adição de proteínas recombinantes da região envelope, para

aumentar a sensibilidade do teste. Quando a amostra é positiva no primeiro

teste, repete-se o teste, e as amostras novamente reativas são submetidas aos

testes confirmatórios, tais como: imunofluorescência e WB. (Figura 3)

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Algoritmo A

Algoritmo B

Figura 3 Algoritmos de testes laboratoriais para o diagnóstico de infecção por HTLV2, adaptado de Costa et al. ensaio imunoenzimático; EIA 2ª: EIA de segunda geração; EIA 3ª: EIA de terceira geração; PBLs: células do sangue periférico; WB:

Algoritmos de testes laboratoriais para o diagnóstico de infecção por HTLVet al. (2009) e Costa (2010). +: soro reagente; -: soro não reagente; EIA:

ensaio imunoenzimático; EIA 2ª: EIA de segunda geração; EIA 3ª: EIA de terceira geração; PBLs: células do sangue periférico; WB: Western blot; PCR: reação em cadeia da polimerase.

26

Algoritmos de testes laboratoriais para o diagnóstico de infecção por HTLV-1 e HTLV-: soro não reagente; EIA:

ensaio imunoenzimático; EIA 2ª: EIA de segunda geração; EIA 3ª: EIA de terceira geração; ; PCR: reação em cadeia da polimerase.

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Sabe-se que existe uma elevada sororreatividade homóloga

entre o HTLV-1 e o HTLV-2, portanto os testes de triagem sorológica indicam

apenas a infecção, não permitindo a identificação do tipo viral, se fazendo

necessário o uso de técnicas sorológicas de confirmação, tais como WB com

peptídeos recombinantes (Sabino et al., 1999), ou métodos baseados na

amplificação de ácido nucleico viral (PCR, nested PCR e PCR em tempo real).

1.5.1 Carga Proviral

Para Manns et al. (1999) a carga proviral representa uma

medida da integração viral nas células do hospedeiro e um marcador da

replicação viral. Portanto a descrição da relação dos marcadores virais é de

extrema importância para a compreensão da patogênese do HTLV-1, bem

como das outras doenças associadas, como a LLcTA, uveítes e a própria

PET/MAH.

A quantificação da carga proviral do HTLV-1 auxilia de maneira

considerável, na avaliação e evolução clínica dos pacientes, pois os

soropositivos para o HTLV-1 são os mais acometidos pelas doenças

associadas ao vírus (Arruda, 2008).

Em função da sua acurácia, rapidez e precisão, a técnica da

PCR em tempo real tem sido empregada para a determinação da carga proviral

do HTLV-1. São usados corantes fluorescentes na técnica de PCR em tempo

real, como o SYBR Green, que ao se ligar ao DNA (fita dupla), aumenta a sua

emissão fluorescente, sendo a intensidade da fluorescência proporcional à

carga proviral do paciente (Lee et al., 2004).

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A determinação de uma carga proviral alta de HTLV-1 em

células sanguíneas periféricas aumenta o risco para o desenvolvimento de

doenças neurológicas (Manns et al., 1999; Murphy et al., 1997; Montanheiro et

al., 2005).

1.6 PATOGENICIDADE DO HTLV

Uchiyama et al. (1977) descreveram, pela primeira vez, a

Leucemia/linfoma de células T do adulto (LLcTA), no Japão, ao observarem

que um tipo particular de leucemia de células T estava associada com a

presença de linfócitos multilobulados, que ocasionavam lesões ósseas, com

hipercalcemia, sendo rapidamente fatal.

A maioria ou todos os casos de LLcTA têm sua infecção

adquirida na infância e o tempo entre a infecção e o aparecimento da doença

está estimado entre 30 e 50 anos de idade, com as primeiras manifestações

clínicas surgindo na fase adulta, quase sempre após os 40 anos de idade

(Tajima et al., 1985; Murphy et al., 1989b).

Yamaguchi (1994) conseguiu confirmar que a LLcTA surgiu

mediante uma transformação maligna de uma célula previamente infectada

pelo HTLV-1, quando evidenciou em todos os pacientes com LLcTA estudados,

anticorpos anti-HTLV-1 e a integração monoclonal do DNA proviral nas células

leucêmicas.

A LLcTA pode manifestar-se na forma de leucemia ou como

linfoma (com pouco ou nenhum envolvimento do sangue periférico), podem ser

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evidenciadas três formas clínicas distintas da LLcTA: agudo, linfoma e crônico

(Shimoyama et al., 1991; Ferreira Júnior et al., 1997).

Segundo Yamamoto et al. (2008) a leucemia-linfoma de células

T do adulto (LLcTA) e a paraparesia espática tropical/mielopatia associada ao

HTLV (PET/MAH), são doenças relacionadas a infecção pelo HTLV-1,

enquanto casos raros de leucemia de células pilosas ou doenças neurológicas,

tem sido correlacionadas à infecção pelo HTLV-2.

A maioria dos infectados pelo HTLV são assintomáticos, cerca

de 95% (Banghan, 2000). Apenas 1 a 5% podem desenvolver alguma doença

durante a vida, quase sempre pela dependência de cofatores, tais como: virais,

genéticos do hospedeiro, ambientais, demográficos e imunológicos, no entanto

ainda desconhecidos (Kaplan et al., 1990). O HTLV-1 infecta

preferencialmente linfócitos T CD4+, enquanto o HTLV-2 tem tropismo para

linfócitos T CD8+ (Murphy, 1996).

A LLcTA pode ser definida como uma neoplasia de linfócitos T

maduros, que está relacionada à infecção pelo vírus linfotrópico de células T

humanas do tipo 1 (HTLV-1). As formas clínicas do LLcTA subdividem-se em

quatro subtipos: (a) leucêmico agudo, (b) linfoma, (c) crônico e (d) smoldering

ou forma oligo-sintomática (Tabela 2). Existe ainda um estado limítrofe entre

indivíduos assintomáticos e LLcTA, conhecido como fase pré- LLcTA, onde

evidencia-se a presença de linfócitos atípicos circulantes que normalmente

desaparecem, sendo a patologia definida pela monoclonalidade da inserção

proviral do HTLV-1 no linfócito T CD4+ (Silva et al., 2002).

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Tabela 2 – Características clínicas e laboratoriais que definem os critérios para

classificação dos subtipos clínicos de LLcTA.

Smoldering Crônico Linfoma Agudo

Sorologia HTLV-1 + + + + +

Leucócitos x 109 /l < 4 = 4 (l) < 4 *

Linfócitos Anormais < 5% + (l) = 1% + (l)

Flower cells Ocasional ~10% Não +

DHL = 1.5N = 2.0 N * *

Cálcio Sérico < 10.7 < 10.7 * *

Histologia Linfoma T Não * + *

Pele ** * * *

Pulmão ** * * *

Linfoadenopatia Não * Sim *

Fígado Não * * *

Baço Não * * *

Sistema Nervoso Central Não Não * *

Osso Não Não * *

Ascite Não Não * *

Efusão Pleural Não Não * *

Abreviações: * Não é essencial; ** não é essencial se outros itens forem preenchidos, mas a prova histológica de lesão

maligna é requerida; (l) acompanhada por linfocitose T (3,5x109 /l ou mais).

FONTE: Silva et al. (2002).

Nos pacientes acometidas com as formas mais graves da

doença (aguda e linfoma) de LLcTA, podemos destacar o performance status

(PS) comprometido, desenvolvendo uma síndrome tumoral caracterizada por

linfoadenomegalias, lesões viscerais múltiplas (hepatoesplenomegalia e

infiltrado pulmonar), lesões de pele e lesões ósseas. Evidencia-se, também,

hipercalcemia (elevação dos níveis séricos de cálcio), causada pelo aumento

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da reabsorção óssea pelos osteoclastos. Os imunodeficientes são os mais

acometidos pela LLcTA, por estarem o tempo todo predispostos às infecções

oportunísticas (Levine et al. 1994; Manns et al., 1999; Silva et al., 2002).

Pacientes acometidos com LLcTA tem sobrevida considerada

baixa, aproximadamente 12 a 14 meses, quando submetidos a quimioterapia

agressiva. Quando na forma linfomatosa, torna-se mais difícil de se caracterizar

como LLcTA, por ser bem semelhante aos linfomas de um modo geral.

Normalmente é diagnosticada após sorologia reativa para HTLV-1, mas só

quando o paciente cursa com lesões extranodais ou evolui com hipercalcemia.

Nas formas smoldering ou crônica (não existe massa tumoral), logo os

sintomas são mais inconsistentes com o tipo da doença maligna, o que dificulta

o diagnóstico da LLcTA, só sendo possível então na fase aguda da doença.

(Silva et al., 2002).

Segundo Levine et al. (1994) os tipos agudo e linfoma são as

formas mais graves da LLcTA, com prognóstico sombrio e tempo de vida médio

variando de 5-13 meses. Dentre os fatores prognósticos para a LLcTA,

destacam-se como os mais graves: o PS inicial do paciente, idade, o número

total de lesões envolvidas, os níveis de cálcio e de DHL séricos (Silva et al,

2002).

A imunodeficiência dos pacientes, aumenta o risco para as

complicações secundárias da LLcTA, tais como: infecção fúngica de pele,

pneumonia por P. carinii, meningite por Criptococcus, herpes zoster,

pneumonia intersticial, e estrongiloidíase (Levine et al.,1994). Outros são os

agravos desenvolvidos pelos pacientes infectados pelo HTLV-1, como a

PET/MAH.

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Vernan et al. (1987) definem a Paraparesia espástica

tropical/Mielopatia associada ao HTLV (PET/MAH) como uma doença

desmielinizante crônica e progressiva, que afeta preferencialmente a medula

espinhal, e que está associada à infecção pelo HTLV-1. Os sintomas mais

frequentes são diminuição da força e aumento do tônus dos membros

inferiores. Ocorrem distúrbios na marcha, enrijecimento e fraqueza dos

membros inferiores, em consequência à diminuição gradativa da força

muscular e da espasticidade nos miótomos acometidos (Domingues et al.,

1995; Moxoto et al., 2007).

A mielopatia associada à infecção pelo HTLV-1 (PET/MAH),

normalmente acontece de forma insidiosa e tem entre as principais

manifestações clínicas: (i) a presença de paraparesia espástica; (ii) alterações

sensitivo-motoras dos membros inferiores, podendo haver formigamento e

queimação; (iii) alterações no funcionamento da bexiga e intestino, conhecidos

como bexiga e intestino neurogênicos; (iv) impotência e diminuição da libido;

(v) lombalgia baixa com irradiação para membros inferiores, (vi) além da

hiperreflexia de membros superiores e inferiores (Ferreira Júnior et al., 1997).

Tais sintomas são mais evidenciados entre a quarta e quinta décadas de vida,

podendo se manifestar mais precocemente, sendo as mulheres as mais

acometidas, em proporção de 2:1 a 3:1(Champs et al., 2010; Costa & Santos,

2000).

Segundo Coral et al. (1998) a PET/MAH manifesta-se

clinicamente através de uma paraparesia espástica com sinais piramidais, é de

evolução lenta e progressiva, que geralmente compromete a função

esfincteriana e provoca distúrbios sensitivos, além de sorologia positiva para o

HTLV-1.

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Ocorre um processo inflamatório de desmielinização na mielopatia

associada ao HTLV-1, que envolve a medula espinhal, gerando disfunções

motoras (fraqueza e espasticidade em membros inferiores), sensitivas

(parestesias e dores neuropáticas), alterações vésico-esfinterianas e

intestinais, e ainda em alguns homens, pode provocar disfunção erétil (Ribas &

Melo, 2002).

Os principais sinais e sintomas são distúrbios de marcha,

fraqueza, enrijecimento dos membros inferiores e comprometimento do

equilíbrio dinâmico. Entre cinco e dez anos, após o início da sintomatologia, a

doença progride de forma rápida e tende a se estabilizar com grau severo de

inabilidade motora dos membros inferiores (Lannes et al., 2006).

Em casos de alterações da sensibilidade e motricidade, o

paciente pode ficar restrito ao leito por um período prolongado, o que aumenta

o risco de lesões de pele, tais como as úlceras por pressão, bem como as

dermatites de contato, em função da incontinência, e em alguns casos

podemos evidenciar a secura da pele, também conhecida como xerodermia

(Costa & Santos, 2000).

A doença frequentemente progride mais rapidamente após um

período de 5-10 anos e então tende a se estabilizar com níveis graves de

desabilidade crônica (Kira et al., 1991). Com o passar do tempo, o paciente

perde gradativamente a capacidade de deambular, passando a locomover-se

com o auxílio de órteses (bengalas e andadores) até evoluir para o uso da

cadeira de rodas (Champs et al., 2010).

Em 1989, foi montado um comitê específico junto à Organização

Mundial da Saúde (OMS), por vários pesquisadores, com o intuito de elaborar

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critérios diagnósticos (Quadro 1) para serem utilizados na definição de

PET/MAH, levando-se em consideração um sintoma ou sinal isolado como

única evidência para a PET/MAH (Takayanagui & Castro-Costa, 2006).

Quadro 1 – Critérios de diagnóstico de PET/MAH, segundo a OMS (1989).

Critérios Idade e Sexo: - Frequentemente esporádica e em adultos, mas às vezes familiar, ocasionalmente visto em crianças; predomínio nas mulheres. Instalação: - Geralmente insidiosa, mas pode ser súbita. Principais Manifestações Neurológicas: - Paraparesia espástica crônica que progride geralmente de forma lenta, às vezes permanece inalterada após progressão inicial. - Fraqueza dos membros inferiores, de predomínio proximal. - Distúrbio vesical é uma característica precoce; constipação intestinal ocorre mais tardiamente; impotência e diminuição da libido são frequentes. - Sintomas sensitivos como formigamento, agulhadas e queimação, são mais proeminentes do que sinais físicos objetivos. - Dor lombar baixa com irradiação para os membros inferiores é comum. - Sensibilidade vibratória é mais frequentemente comprometida que a proprioceptiva. - Hiperreflexia dos membros inferiores, frequentemente com clônus e sinal de Babinski. - Hiperreflexia dos membros superiores e os sinais de Hoffmann e de Trömner são frequentes; a fraqueza pode estar ausente. - Reflexo mandibular exaltado em alguns pacientes. Achados Neurológicos menos frequentes: - Sinais cerebelares; atrofia óptica; surdez; nistagmo; déficit de outros nervos cranianos; tremor de mãos; ausência ou diminuição do reflexo aquiliano. - Crises convulsivas; déficit cognitivo; demência ou comprometimento da consciência são raros. Outras Manifestações Neurológicas: - Atrofia muscular; fasciculação (rara); polimiosite; neuropatia periférica; polirradiculopatia; neuropatia de nervos cranianos; meningite; encefalopatia. Manifestações Sistêmicas Não Neurológicas que Podem Estar Associadas com PET/MAH: - Alveolite pulmonar; uveíte; síndrome de Sjögren; artropatia; vasculite; ictiose; crioglobulinemia; gamopatia monoclonal; leucemia / linfoma de células T do adulto. Fonte: Adaptado de Takayanagui & Castro-Costa, 2006.

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Para Goldman & Ausiello (2005) o tratamento inicialmente pode

ser feito usando-se corticoterapia, Interferon, Danazol, Vitamina C, e outros, no

entanto seus efeitos são temporários. As drogas antiretrovirais não mostraram

eficiência no tratamento. Outra etapa do tratamento deve ser direcionada às

complicações tardias e sequelas que a mielite pode deixar no paciente, e neste

caso a intervenção deverá ser multiprofissional, com a participação de médico,

terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, enfermeiro, nutricionista, psicólogo entre

outros; visto que muitas vezes as infecções de trato urinário são frequentes,

bem como o aparecimento de úlceras por pressão nos pacientes acamados.

Por ter uma patogenia mediada imunologicamente, o complexo

neurológico associado ao HTLV, tem sido tratado como outras imunopatologias

do sistema nervoso, utilizando-se como a prednisona, o alfa-interferon e o

danazol, as gamaglobulinas, a azatioprina, a plasmaferese, a pentoxifilina, a

vitamina C e em alguns casos a heparina. Recentemente surgiram novos

interesses na utilização de antiretrovirais, como a azidotimidina e a lamivudina

(Carneiro-Proietti, 2002).

Castro-Costa et al. ( 2005) propõem para os pacientes com

manifestações neurológicas comprovadamente associadas ao HTLV, um

tratamento acompanhado por um neurologista clínico, e ainda sugerem as

seguintes condutas: para o tratamento geral e sintomático da paresia, visando

a melhora da força muscular e evitar a atrofia e contraturas, sugere-se:

a) Fisioterapia: o fortalecimento dos membros superiores e do tronco;

treinamento de equilíbrio estático e dinâmico; manobras de relaxamento

muscular; melhora da amplitude articular; treinamento de marcha e uso de

órteses.

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b) Tratamento sintomático da espasticidade: sugere-se o uso de:

Baclofeno via oral 10-80 mg/dia e/ou Tizanidina via oral 4-16 mg/dia e/ou

Diazepam via oral 5-40 mg/dia e/ou toxina botulínica intramuscular na

musculatura dos membros inferiores (particularmente nos músculos adutores).

c) No tratamento sintomático da bexiga neurogênica inclui-se:

cateterização vesical intermitente de 4/4 ou de 6/6 horas, Oxibutinina 5-15 mg

via oral/dia ou Imipramina 10-75mg via oral/dia; estudo urodinâmico e avaliação

urológica; Profilaxia de infecções urinárias com Nitrofurantoína 100 mg via

oral/dia ou Norfloxacina 400 mg via oral/dia.

d) O tratamento para os sintomas decorrentes da constipação intestinal

crônica inclui: dieta anticonstipante, rica em fibras e com elevado teor hídrico;

mucilóide psyllium ou óleo mineral via oral 1-3 vezes ao dia, dentre outros.

e) Para as dores neuropáticas: Amitriptilina, Nortriptilina ou Imipramina

25-150 mg via oral/dia; Gabapentina 900- 1800 mg via oral/dia; Carbamazepina

via oral 400-1200 m g /- dia; Hidantoína via oral 200-300 mg/dia.

f) Tratamento específico: ainda não existe consenso na literatura acerca

da existência de um tratamento específico para as manifestações neurológicas

do HTLV.

1.7 – A ENFERMAGEM DIANTE DAS INCAPACIDADES FUNCIONAIS DA

PET/MAH

Segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS (WHO,

2003) deficiência é qualquer perda ou anormalidade na estrutura ou função

psicológica ou anatômica; incapacidade como sendo qualquer restrição ou

perda resultante de uma deficiência de habilidade para desenvolver uma

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atividade, da forma ou dentro dos parâmetros normais para um ser humano e

desvantagem como uma dificuldade imposta a um indivíduo que resulta de uma

deficiência ou incapacidade, que gere limitação ou impeça o desempenho de

um papel que é normal (dependendo de fatores culturais e sociais, idade e

sexo) para aquele indivíduo.

Para Delisa (2002), a especificidade necessária para um

diagnóstico funcional está nos níveis das tarefas significativas para a pessoa

como um todo, geralmente referida como Atividades de Vida Diária (AVD). As

autoras ressaltam ainda para qualquer que seja a limitação funcional

específica, é possível quantificar a gravidade a partir da mensuração da tarefa

e/ou expressando-se numericamente o grau de assistência necessária.

(Quadro 2).

Quadro 2 – Escala ordinal para quantificar habilidade funcional

GRAU DEFINIÇÂO EXPLANAÇÂO

2 Independente Completa a tarefa sem assistência, com segurança e em um período de tempo funcional. Ajuda permitida.

1 Assistido Requer assistência física ou supervisionada de uma ou mais pessoas para executar a tarefa com segurança e em um período de tempo funcional. Entretanto, a pessoa participa ativamente, fisicamente ou de outra forma.

0 Dependente A pessoa é incapaz de participar, física ou verbalmente, da execução da tarefa.

Fonte: Adaptado de Delisa, 2002.

Na década de 1980, foi desenvolvida na América do Norte a

Escala de Medida de Independência Funcional - MIF (Quadro 3), que consiste

num instrumento de avaliação da incapacidade de pacientes com restrições

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funcionais de origem variada, capaz de avaliar quantitativamente a carga de

cuidados demandada por uma pessoa para a realização de uma série de

tarefas motoras e cognitivas de vida diária (AVD), tais como: os autocuidados,

a locomoção e as transferências, o controle dos esfíncteres, a comunicação e a

cognição social (memória, interação social e resolução de problemas). No

Brasil, tal instrumento teve sua tradução para a língua portuguesa em 2000.

Por tratar-se de um instrumento não autoaplicável, exige treinamento, além de

adaptação na sua tradução pelos profissionais para sua aplicação (Riberto et

al., 2004).

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Quadro 3 – Escala MIF – Medida de Independência Funcional

ESCORE

1 2 3 4 5 6 7

CUIDADOS PESSOAIS

1.Alimentação

2.Autocuidado

3. Banhar-se

4. Vestir Tronco Superior

5. Vestir Tronco Inferior

6. Higiene Íntima

CONTROLE ESFINCTERIANO

7. Controle vesical

8. Controle intestinal

MOBILIDADE/TRANSFERÊNCIAS

9. Cama/ Cadeira/Cadeira de rodas

10. Banheiro

11. Banho chuveiro/banheira

LOCOMOÇÃO

12. Andar/Cadeira de rodas

13. Escadas

COMUNICAÇÃO

14. Compreensão

15. Expressão

COGNITIVO SOCIAL

16. Interação Social

17. Resolver Problemas

18. Memória

ESCORE TOTAL

Fonte: Borges, 2006.

A escala MIF está representada no Quadro 3, dividida em

dimensões motora e cognitiva e subdividida em 18 subcategorias, que servem

de parâmetros para avaliar a independência de uma pessoa em realizar suas

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atividades de vida diária de forma satisfatória. Tais atividades contemplam o

conjunto mínimo de habilidade para as categorias: a) Dimensão motora:

cuidados pessoais, controle esfincteriano, transferência e locomoção; b)

Dimensão cognitiva: comunicação e cognitivo social. (Borges, 2006).

A escala MIF foi organizada pela classificação do paciente em

sua habilidade para executar uma atividade independente, comparando-se com

sua necessidade por assistência (de terceiros ou recurso de adaptação.

Quando a ajuda é necessária, a escala permitir quantificar tal necessidade. A

necessidade por assistência (carga de cuidado) é traduzida pelo tempo ou

energia gasta por outra pessoa para atender a necessidade e manter a

qualidade de vida. O escore total na escala MIF é calculado a partir da soma de

pontos atribuídos a cada item dentro das categorias. Essa pontuação é

estipulada pela escala, através de seu equivalente em funcionalidade (Quadro

4) (Borges, 2006).

Quadro 4 – Nível de funcionalidade para cada item da escala MIF NÍVEL EQUIVALENTE EM FUNCIONALIDADE 7(S.A.) Independência completa: toda tarefa que envolve uma atividade, é realizada de

forma segura, sem modificações ou recursos auxiliares, dentro de um tempo razoável

6(S.A.) Independência modificada: capaz de realizar tarefas com recursos auxiliares, necessitando de mais tempo, porém realiza de forma segura e totalmente independente

5(N.A.)

Supervisão: sujeito necessita somente supervisão ou comandos verbais ou modelos para realizar a tarefa sem a necessidade de contato ou a ajuda é somente para preparo da tarefa quando necessário.

4 (N.A.)

Mínima assistência: necessita uma mínima quantidade de assistência, um simples tocar, possibilitando a execução da atividade (realiza 75% do esforço necessário na tarefa).

3 (N.A.)

Moderada assistência: necessita uma moderada quantidade de assistência, mais do que simplesmente tocar, (realiza 50% do esforço necessário na tarefa).

2 (D.C)

Máxima assistência: utiliza menos que 50% do esforço necessário para completar a tarefa, mas não necessita auxílio total.

1(D.C.)

Total assistência: assistência total é necessária ou a tarefa não é realizada.

Fonte: Borges, 2006.

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Para Alves (1997) as disfunções neurológicas podem levar a

alterações das funções vésico-uretrais, o que caracteriza a bexiga neurogênica,

isto é disfunções véscio-esfincteriana por causa neurológica. Tais disfunções

neurológicas alteram o comportamento dos esfíncteres e da musculatura da

bexiga alterando o padrão de esvaziamento e continência vesical (controle

voluntário). Tais alterações podem apresentar-se de várias maneiras e formas,

como: hesitação urinária; urge-incontinência, urgência miccinoal, perda e

retenção de urina (resíduos urinários), e em casos mais extremos, insuficiência

renal (Nettina, 2007).

O comportamento da bexiga dependerá de vários fatores: tipo

de bexiga neurogênica (arreflexa ou espástica), nível da lesão medular,

presença de infecção do trato urinário, entre outros. Os sintomas podem estar

associados à disfunção anorretal, perineais e de membros inferiores, e no sexo

masculino a distúrbios da ereção (Alves, 1997).

Nas mielites cerca de 60% dos casos, apresentam como

principais sintomas urinários a hesitação, a urgência e a incontinência urinária.

Em achados urodinâmicos, evidencia-se com uma frequência de 90% a

hiperatividade do detrusor, com ou sem dissinergia vésico-esfincteriana (Delisa,

2002).

Define-se intestino neurogênico a alteração no funcionamento

normal do intestino por causa neurológica, como acontece na PET/MAH, que

afeta a medula espinhal (Sistema Nervoso Central – SNC), que devido a

alterações em sua inervação, interfere sobremaneira no funcionamento

fisiológico intestinal (Delisa, 2002).

Semelhante ao funcionamento vesical, o intestino pode

comportar-se de duas maneiras: espástico, quando a lesão medular ocorre

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acima do nível sacral, preservando o centro da defecação; e flácido quando as

conexões neurais entre o cone medular e o cólon sigmóide e o reto ficam

interrompidas, levando ao quadro de incontinência fecal, ou acúmulo de fezes

na ampola retal, que endurecem caso não seja realizada manobra de

esvaziamento (Nettina, 2007).

Nos portadores de lesões medulares, como no caso da

mielopatia associada ao HTLV-1, há comprometimento da sensibilidade e

motricidade, levando muitas das vezes a quadros de paraparesia ou

paraplegia, obrigando o paciente a períodos prolongados em um leito ou em

uma cadeira de rodas (Champs et al., 2010)

As lesões medulares também levam a alterações do

funcionamento da bexiga e intestino, causando incontinência vésico-intestinal,

aumentando a umidade da pele e, conseqüentemente, riscos para as lesões de

pele (Nettina, 2007).

Geovanini et al. (2007) afirmam que a lesão de pele ou lesão

tecidual, é normalmente conhecido pelo termos ferida, solução de continuidade

e deformidade, que pode atingir várias camadas da pele, da mais superficial

(epiderme) até estruturas mais profundas (fáscias, músculos, aponeurose,

tendões e ossos). Essas lesões desenvolvem-se pela ação de vários fatores,

podendo ser físicos, químicos, biológicos e térmicos.

Nos portadores de Mielite por HTLV-1, as lesões de pele mais

comuns são as úlceras por pressão e as dermatites (Carneiro-Proietti, 2002).

As úlceras por pressão constituem um grande problema social e de saúde,

tendo sido apresentados ultimamente como um dos maiores desafios para a

enfermagem, exigindo dos profissionais muito conhecimento científico e

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sensibilidade, além do sentido de atenção no que diz respeito à manutenção de

uma pele íntegra (Geovanini et al., 2007).

Irion (2005) define úlcera por pressão como qualquer lesão

ocasionada por pressão mantida sobre a pele causada por uma superfície,

lesando, então, o tecido. É mais frequente nas áreas de grandes

proeminências ósseas, como: região sacra, maléolos, calcâneos, cotovelos,

região occipital e trocânteres. São dividias em estágios de acordo com a

profundidade e comprometimento tissular. Os estágios não implicam

necessariamente em involução da ferida. Os estágios variam de I a IV,

dependendo da extensão do tecido envolvido.

Segundo Almeida & Rocha (1986) a enfermagem foi definida

por Florence Nightingale, no século IXX, como a arte de cuidar, e ao longo da

Modernidade a enfermagem avançou na sistematização das suas práticas

transformando-as, gradativamente, em conhecimento, de tal sorte que as

técnicas são a primeira expressão do saber em enfermagem, as quais

evoluíram para os princípios científicos e para sua expressão mais

contemporânea, as teorias de enfermagem.

Define-se enfermagem como uma ação ou atividade realizada

predominantemente por mulheres, que precisam dela para reproduzir a sua

própria existência, utilizando saberes advindos de outras ciências e de uma

síntese produzida por ela própria, tendo como objeto da saúde, o seu campo

específico (cuidado de enfermagem), visualizando o produto final, que é

atender às necessidades sociais, ou seja, a promoção da saúde, prevenção de

doenças e a recuperação do indivíduo, família ou comunidade (Almeida &

Rocha, 1997; Leoparadi; Gelbecke & Ramos, 2001).

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George (1993) afirma que o autocuidado é a prática de

atividades, iniciadas e executadas pelos indivíduos, em seu próprio benefício,

visando a manutenção da vida/saúde/bem-estar. Geralmente os adultos

cuidam voluntariamente de si mesmo. No entanto, bebês, crianças, idosos,

pessoas doentes/enfermos e pessoas incapacitadas, requerem total

assistência ou prestação de cuidados (assistência parcial), com atividades de

autocuidado.

Orem (1991) ao descrever a Teoria do Déficit de Autocuidado,

afirma que o engajamento dos indivíduos nas práticas de autocuidado depende

de diversos aspectos, como: culturais, educacionais, os relativos às habilidades

e limitações pessoais, experiência de vida, estado de saúde e recursos

disponíveis. Portanto, a teoria estabelece a relação que há entre a

capacidade/incapacidade de ação do indivíduo e a sua demanda para o

autocuidado. Dessa forma, o termo déficit/incapacidade se refere a uma

relação entre as ações de autocuidado que os indivíduos deveriam desenvolver

e àquelas que têm a capacidade de realizara, no sentido de manter a vida, a

saúde e o bem estar.

A Teoria do Déficit de Autocuidado ressalta ainda, três

conceitos fundamentais: o de agente de autocuidado, de demanda de

autocuidado terapêutico e de déficit de autocuidado (Orem, 1991).

Agente de autocuidado: é a capacidade dos indivíduos em

desenvolver ação no sentido de regular o seu desenvolvimento e

funcionamento; definir o que pode e o que deve ser feito e desenvolver as

atividades selecionadas no sentido de atender as demandas de autocuidado.

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Demanda de autocuidado terapêutico: são as medidas de

autocuidado necessárias para atender os requisitos de autocuidado do tipo

universal, de desenvolvimento ou de desvios de saúde, ou seja, são as ações

válidas e confiáveis capazes de controlar fatores que afetam o

desenvolvimento e regulação do corpo humano.

Déficit de autocuidado: o termo déficit de autocuidado não significa

uma "desordem humana", podendo, no entanto estar relacionado "com a figura

de uma desordem funcional ou estrutural do homem". O Déficit de Autocuidado

é identificado a partir da relação entre as demandas de autocuidado e a

incapacidade dos indivíduos para atendê-las (Orem, 1991).

A partir da teoria da motivação humana, de Maslow (1943), foi

desenvolvida a teoria de Wanda Horta, fundamentada nas Necessidades

Humanas Básicas (NHB). Toda ela está sustentada nas leis que regem os

fenômenos universais: Lei do equilíbrio; Lei da adaptação e Lei do holismo

(Leopardi, 1999).

Em sua teoria Wanda Horta (1979) descreve ainda as

necessidades humanas básicas do ser humano, essenciais à sua

sobrevivência no mundo, e ainda afirma que as necessidades humanas

básicas são estados de tensões, conscientes ou inconscientes, que resultam

de desequilíbrios hemodinâmicos vitais (Santos, 1985).

As necessidades tendem a estar em estado de equilíbrio

dinâmico, podendo surgir sempre que se aparecer um desequilíbrio,

independente da intensidade. Logo as necessidades, são

àquelas condições ou situações nas quais o indivíduo, a família, ou a

comunidade, manifestam em decorrência do desequilíbrio, as necessidades

básicas que exijam uma resolução, podendo ser aparentes, conscientes,

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verbalizadas ou não, como por exemplo: oxigenação, nutrição, sono e repouso,

abrigo, integridade física, sexualidade, locomoção, eliminação, segurança,

amor, liberdade, lazer, autoestima, comunicação, independência e outras

(Kletemberg, 2002; Horta, 1979).

Em relação à aplicação da teoria de Wanda Horta na prática de

reabilitação, Vall et al. (2005) afirmam que a teoria se adéqua principalmente à

fase aguda das lesões medulares, onde normalmente os indivíduos são muito

dependentes de terceiros e quando chegam para o programa de reabilitação

também dependem da equipe de saúde (profissionais de saúde).

Callista Roy entende o homem como um ser biopsicossocial

que interage constantemente com as mudanças ambientais, afim de que sejam

desenvolvidas ações que promovam respostas adaptativas em situações de

saúde e de doença, afetando positivamente a saúde (Santos,1985; Leitão,

Linard & Rodrigues, 2000; Roy, 1984).

Vall et al. (2005) afirmam que esta teoria, ao objetivar promover

a adaptação do homem em situações de saúde/doença (oportunizar as pessoa

as respostas adaptativas), também se adéqua à prática reabilitadora, estando,

portanto, em consonância com o propósito dos Centros de Reabilitação.

Os quatro elementos essenciais do modelo de adaptação de

Roy são: a pessoa (indivíduo, família ou comunidade); ambiente; saúde e meta

de enfermagem (Roy, 1984).

A Teoria da Adaptação de Callista Roy é aplicável aos

cuidados/assistência de enfermagem prestada aos portadores de lesão

medular, considerando que, após a fase aguda da doença, os pacientes

experimentam sentimentos de raiva, culpa e/ou barganha, no entanto, tendem

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a adaptar-se à situação, visto que a adaptação é uma característica inerente ao

ser humano (Vall et al., 2005.)

Timby (2007) relata várias habilidades peculiares à

enfermagem, e as divide em habilidades para a investigação; habilidades para

o cuidado; habilidades para o aconselhamento e habilidades para a promoção

do conforto. Segundo a autora, o enfermeiro para determinar os cuidados que

os pacientes precisam, deve sempre apontar as necessidades e os problemas

do paciente e para isso, utiliza-se as habilidades de investigação, que são as

que envolvem a coleta de dados: entrevista, observação e exame do paciente

e em certos casos da família do cliente. Esta habilidade subsidiará a habilidade

para o cuidado.

A resolução n. 272 do COFEN (2002) diz que a Sistematização

da Assistência de Enfermagem (SAE) é uma atividade privativa do enfermeiro,

que busca a identificação das situações de saúde/doença dos indivíduos,

através de um método e de uma estratégia de trabalho científico (Processo de

Enfermagem), que irão subsidiar ações de enfermagem contribuindo para a

promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde dos indivíduos.

Backes et al. (2005) afirmam que a SAE é necessária e

fundamental para que o enfermeiro (a) possa gerenciar, bem como desenvolver

ações de enfermagem de maneira organizada, dinâmica, segura,

individualizada e competente.

O Processo de Enfermagem (PE) é um conjunto de ações que

levam a um determinado resultado. Constitui-se de uma sequencia organizada

de etapas, e é utilizado pelos enfermeiros para identificar e controlar as

necessidades e problemas de saúde dos clientes (Timby, 2007).

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Suas características são: estar no âmbito legal da

enfermagem; estar baseado no conhecimento científico, ser planejado, estar

centrado no paciente/cliente; ser voltado para metas; ter prioridades e ser

dinâmico. É composto de várias etapas: investigação, diagnóstico,

planejamento, implementação e avaliação. Na investigação são coletados

dados, que podem ser objetivos e subjetivos; no diagnóstico são avaliados os

dados para a determinação destes; no planejamento o enfermeiro elabora um

plano de cuidados, isto é, prescreve as ações e cuidados a serem prestados ao

paciente, visando o alcance dos resultados esperados; na implementação o

enfermeiro programa as ações e na avaliação avalia-se o progresso do

paciente na direção da obtenção dos resultados (Timby, 2007).

Portanto, o processo de enfermagem é uma metodologia

utilizada para sistematizar, humanizar e individualizar a assistência de

enfermagem, buscando solucionar problemas para atender às necessidades do

cliente (pessoa, família, comunidade) e da enfermagem (Alfaro-Lefevre, 2000).

Leite & Faro (2005) afirmam que:

A reabilitação faz parte dos cuidados de Enfermagem

enquanto um modelo assistencial, bem como uma

especialidade. Os esforços da reabilitação devem começar no

contato inicial com o paciente. Os princípios de reabilitação

são básicos para o cuidado, mesmo na ausência da deficiência

física e suas incapacidades, mas considerando o modelo

assistencial da reabilitação, essencialmente preventivo,

educativo e que aborda o binômio paciente/cuidador familiar

(p. 93).

Segundo Thomas & Flannery (1990), o enfermeiro reabilitador

tem competência técnica e atitudinal, adquiridas a partir de sua prática

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assistencial e acadêmica, para prestar assistência de qualidade às pessoas

com deficiência física.

Os enfermeiros, como membros das equipes de saúde, estão

capacitados para atender aos pacientes com grandes e múltiplas

incapacidades decorrentes de lesões medulares, hemiplegias por AVC ou TCE,

amputações, pessoas com doenças crônicas e degenerativas (Guerra, 2000).

Hoje todas as ações de reabilitação estão respaldadas pela

Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), em

português desde 2003 e, em inglês, 2001 (OMS, 2003).

Segundo Faro (2006) em reabilitação, usualmente são

adotadas as definições propostas na CIF para direcionar as condutas dos

profissionais, bem como as intervenções, além de ser utilizada para avaliar

constantemente os resultados obtidos com as intervenções, pois a referida

classificação organiza as consequências de traumas, disfunções orgânicas e

mentais.

A CIF ainda destaca dois termos importantes para a

reabilitação, a saber:

Funcionalidade: é um termo genérico para doenças agudas ou crônicas,

distúrbios, lesões ou traumatismos. Ele indica os aspectos positivos da

interação entre um indivíduo (condição de saúde) e seus fatores contextuais

(ambientais e pessoais) (OMS, 2003).

Incapacidade: se refere a um termo genérico para deficiências, limitações de

atividades e restrições de participação. Ele indica os aspectos negativos da

interação entre um indivíduo (com uma condição de saúde) e seus fatores

contextuais (ambientais e pessoais) (OMS, 2003).

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Portanto, ao nos reportamos ao processo de enfermagem, uma

das etapas que ganha destaque é a elaboração do diagnóstico de

enfermagem, por ser um dos principais desafios das enfermeiras (os), pois dele

dependem os resultados de suas ações. Para a elaboração desses

diagnósticos de enfermagem em indivíduos com lesão medular, pode-se adotar

a North American Nursing Diagnosis Association (NANDA) e,

consequentemente, apresentar propostas de intervenções de enfermagem,

com base na Nursing Interventions Classification (NIC) (Nanda, 2011;

MCCloskey & Bulechek, 2004).

Diante de todas as dificuldades já explanadas em abordar os

pacientes portadores de lesão medular não traumática causada pela infecção

pelo HTLV-1, denominada PET/MAH, procura-se buscar subsídios que possam

ajudar na elaboração de um protocolo assistencial de enfermagem associado

ao perfil epidemiológico de pacientes atendidos em um centro de referência em

medicina tropical em Belém-PA.

O presente estudo traz o perfil epidemiológico do portador de

mielite por HTLV-1 sintomático para PET/MAH, como subsídio para a

sistematização da assistência de enfermagem, que deve ser individualizada,

integral e de qualidade; logo se torna importante estudar melhor as

incapacidades funcionais da PET/MAH, bem como relacioná-las com os

achados laboratoriais na contagem dos linfócitos TCD4+ e TCD8+, além da

carga proviral da infecção pelo HTLV-1 nesses pacientes, para descrever a

atuação da enfermagem, onde estarão descritos os diagnósticos de

enfermagem, bem como as intervenções de enfermagem a serem realizadas

durante o atendimento a estes pacientes, contemplando toda a sistematização

da assistência de enfermagem - SAE.

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1.8 – OBJETIVOS

1.8.1 – GERAL

Este trabalho teve como objetivo descrever o perfil epidemiológico dos

pacientes de PET/MAH atendidos em um serviço especializado em Medicina

Tropical em Belém-PA e suas relações com as incapacidades funcionais

segundo a escala de MIF.

1.8.2 – ESPECÍFICOS

• Identificar as incapacidades funcionais apresentadas pelos portadores

de PET/MAH, segundo a escala de MIF;

• Apresentar a contagem de linfócitos TCD4+ e TCD8+ dos portadores de

PET/MAH e sua relação com as incapacidades funcionais segundo a MIF;

• Apresentar a carga proviral para o HTLV-1 dos portadores de PET/MAH

e sua relação com as incapacidades funcionais segundo a escala de MIF;

• Descrever a atuação da enfermagem diante das incapacidades

funcionais da PET/MAH segundo a escala de MIF, através dos diagnósticos e

intervenções de enfermagem segundo a NANDA e a NIC, respectivamente.

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2 . MATERIAL E MÉTODOS

2.1 – TIPO DE ESTUDO

Foi desenvolvido um estudo do tipo transversal, de natureza

descritiva, exploratória, com abordagem quantitativa, com pacientes

soropositivos para HTLV-1 com PET/MAH, matriculados no ambulatório do

Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará.

2.2 - CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Os critérios de inclusão adotados foram indivíduos com idade

igual ou superior a 18 anos, de ambos os sexos, com infecção confirmada pelo

HTLV-1 por WB, que apresentarem PET/MAH. Os indivíduos que concordaram

participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido-

TCLE (Apêndice A). Foram excluídos da pesquisa indivíduos que não

preencheram aos requisitos estipulados acima.

2.3 – COLETA DE DADOS E CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

De um total de 506 pacientes infectados pelo HTLV-1

matriculados no ambulatório do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade

Federal do Pará – UFPA, todos com diagnóstico confirmado por WB,

identificou-se através dos prontuários que 34 eram portadores de PET/MAH,

que foram convidados a participar do estudo, no entanto apenas 22

concordaram em participar do estudo, por livre iniciativa, após a leitura do

TCLE.

Os dados foram coletados após a seleção da amostra acima

descrita e com o aceite dos pacientes, no período de maio a julho de 2013,

através de exame físico e anamnese, além da colheita de sangue dos

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indivíduos infectados para HTLV-1 e com PET/MAH, durante a consulta de

enfermagem.

As amostras de sangue foram obtidas em um sistema de

colheita a vácuo, em tubos de 5 mL, contendo EDTA como anticoagulante,

para a obtenção de plasma e células e, posteriormente, foram enviadas ao

Laboratório de Análises Clínicas Hermes Pardini, na cidade de Belo Horizonte-

MG, segundo protocolo institucional para armazenagem e transporte das

amostras, para a realização de testes de quantificação da carga proviral e da

contagem de linfócitos T CD4+ e CD8+.

2.3.1 – Obtenção e contagem de leucócitos

Após serem coletadas as amostras individuais de sangue, em

tubos contendo EDTA, o sangue foi centrifugado a 3.000 rpm por 7 minutos, e

o plasma desprezado. O restante foi diluído com PBS (solução salina

tamponada com fosfato) 0,01 M, pH 7.2, em proporção de 1:1. Em um tubo

Falcon de 15 mL, foram acrescidos 2 mL de Ficoll ao sangue diluído em PBS,

tendo sido depositado bem lentamente ao Ficoll.

Em sequencia, o tubo Falcon foi centrifugado a 800rpm por 30

minutos, até a formação do anel leucocitário, que foi coletado e transferido para

outro tudo de 15 mL, passando agora por duas lavagens com PBS, e mais uma

vez submetido à centrifugação a 3.000 rpm por 5 minutos, entre uma lavagem

e outra.

Com isso formou-se o pellet que foi suspendido com a 1 a 3 mL

de PBS. Em seguida essa suspensão foi colocada em câmara de Newbauer

para a contagem das células. Alíquotas contendo 106 células foram separadas

e centrifugadas.

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2.4 – LOCAL DA PESQUISA

A pesquisa foi realizada no ambulatório do Núcleo de Medicina

Tropical da Universidade Federal do Pará, situado na Av. Generalíssimo

Deodoro, sem número, bairro do Umarizal, na cidade de Belém do Pará. O

ambulatório dispõe de salas climatizadas, equipadas adequadamente para que

as colheitas das amostras de sangue dos pacientes sejam realizadas sem

oferecer riscos aos pacientes, além de conforto e privacidade. A coleta de

dados aconteceu no ambulatório e na residência de alguns pacientes e a

análise das amostras aconteceu no Laboratório Hermes Pardini.

2.5 – CONSULTA DE ENFERMAGEM

Durante a consulta de enfermagem foi utilizado um roteiro para

a coleta de dados, que contemplava entre outros dados a escala MIF

(Apêndice B), para a identificação das manifestações clínicas e das

incapacidades funcionais instaladas em decorrência da PET/MAH, bem como

tempo de evolução do quadro sintomático e tratamentos já realizados. Foram

investigadas ainda estratégias de reabilitação já em desenvolvimento junto a

estes pacientes.

A avaliação das incapacidades funcionais foi possível, pois

previamente à consulta de enfermagem, houve um treinamento por um

profissional habilitado (fisioterapeuta), para que o pesquisador não fizesse

interpretações equivocadas da escala de MIF. Tal necessidade se deu ao fato

de que, uma vez que a escala foi traduzida para o português em 2000, além,

da mesma não ser autoaplicável, exige treinamento prévio, respeitando o que

foi discutido no estudo de Riberto et al. (2004).

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Houve uma sistematização das informações coletadas, para

melhor identificação das complicações apresentadas pelos pacientes, o que

facilitou a relação destas com o perfil laboratorial, bem como na apresentação

dos resultados. Tal sistematização das informações, incapacidades e aspectos

laboratoriais, auxiliou na descrição da atuação de enfermagem, onde

constaram os diagnósticos de enfermagem mais comumente encontrados

nesses pacientes e as intervenções de enfermagem possíveis de serem

desenvolvidas aos de PET/MAH, a partir da sistematização da assistência de

enfermagem, com ênfase na reabilitação e resgate do autocuidado.

2.5.1 – Análise Clínica dos Pacientes

O prontuário de cada um dos 22 pacientes pertence ao acervo do

ambulatório do Núcleo de Medicina Tropical da UFPA, foi utilizado para

confirmar sobre a confirmação diagnóstica, além dos dados para a localização

destes pacientes, para que pudesse ser realizado o convite para participar do

estudo, como endereço, telefone fixo e telefone celular.

Os pacientes foram avaliados segundo o status clínico, onde

considerou-se os critérios diagnósticos propostos pela OMS (1989) para

PET/MAH, descritos na revisão sobre o tema.

2.6 – CARGA PROVIRAL

A análise da carga proviral foi realizada por meio de PCR em

Tempo Real utilizando-se o sistema TaqMan de três sequencias alvo

desenvolvido pela Applied Biosystems (PE Applied Biosystems, Foster City,

USA) conforme descrito por Tamegão-Lopes et al. (2006).

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2.7 - QUANTIFICAÇÃO DAS LINFÓCITOS T CD4+ E T CD8+

Na coleta de sangue dos pacientes soropositivos para o HTLV,

para a quantificação de linfócitos T (CD4+ e CCD8+), utilizou-se tubos de vácuo

com EDTA como anticoagulante. As amostras foram processadas 04 (quatro)

horas após a coleta e a contagem de células T foi determinada por Citometria

de Fluxo (FacsCount, Becton & Dickison, USA) usando-se o kit de

imunomonitoramento da FacsCountTM Reagents de acordo com o protocolo

padrão recomendado pelo fabricante (Becton & Dickison, USA).

2.8 – ASPECTOS ÉTICOS DA PESQUISA

O estudo obedeceu todos os aspectos éticos de pesquisa

desenvolvida com seres humanos, exigidos pela Comissão Nacional de

Pesquisa – CONEP, contidos nas Resoluções 196/96, 246/97 e 466/2012 deste

órgão. O projeto de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética de Pesquisa

do Núcleo de Medicina Tropical, através da Plataforma Brasil, tendo sido

aprovado sob o número de parecer nº. 103.567, no dia 21/09/2012. Foram

respeitados os princípios da beneficência, não maleficência, justiça e equidade

e autonomia aos sujeitos da pesquisa. Os sujeitos da pesquisa não receberam

incentivo algum para participar da pesquisa e tiveram sua autonomia

preservada, quando estiveram livres para deixar a pesquisa a qualquer

momento, sem implicar em prejuízo a eles.

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2.9 TRATAMENTO ESTATÍSTICO DOS DADOS E APRESENTAÇÃO

DOS RESULTADOS

Os resultados foram organizados em planilha única, elaborada

no software Microsoft Office Excel 2010, junto aos dados demográficos, sócio-

epidemiológicos e laboratoriais, contendo todas as informações necessárias

para a análise estatística e, em seguida, foram armazenados em um banco de

dados no mesmo software. A identificação das incapacidades funcionais dos

pacientes portadores de PET/MAH teve como finalidade relacioná-las ao perfil

laboratorial e clínico, para verificar se as diferenças encontradas a partir dos

resultados laboratoriais e das informações referentes às manifestações clínicas

individuais, obtidas através do questionário, possuem associações

significativas.

As variáveis sócio demográficas e clínicas investigadas foram:

idade, sexo, estado civil, cor da pele, início dos sintomas da PET/MAH,

tratamentos já realizados após a confirmação diagnóstica, contagem de

linfócitos TCD4+TCD8+, e carga proviral do HTLV-1.

Foram investigadas ainda as variáveis de independência

funcional, segundo a escala de MIF: Cuidados pessoais (alimentação,

autocuidado, banhar-se, vestir tronco superior, vestir tronco inferior, higiene

íntima); Controle esfincteriano (controle vesical, controle intestinal);

Mobilidade/Transferências (cama/cadeira/cadeira de rodas, banheiro, banho

chuveiro/banheira); Locomoção (andar/cadeira de rodas, escadas);

Comunicação (Compreensão e expressão); Cognitivo Social (interação

social, resolver problemas e memória).

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Para confecção das tabelas e figuras dispostas nos resultados,

foram utilizados o software Microsoft Office Excel 2010 e Bioestat 5.0 para

aplicação do “teste exato de Fisher” quando evidenciado nas tabelas 5 e 7,

para o subgrupo da escala MIF intitulado locomoção, com o intuito de confirmar

a existência ou não de diferenças significativas.

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3. RESULTADOS

3.1 - BREVE CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

A amostra foi composta por um total de 22 pacientes

portadores da infecção pelo HTLV-1 sintomáticos para PET/MAH. A idade

média da população estudada foi de 50,91 anos e desvios-padrão de ±6,44

anos, com idade mínima de 37 anos e máxima de 62 anos, com predominância

na faixa etária acima de 50 anos, com um total de 13 indivíduos (59,09%). Em

relação ao estado civil, houve uma predominância dos casados com um total

de 14 (63,64%) e apenas 02 solteiros (9,09%).

No que diz respeito à cor da pele, predominou os que se

declararam pardos, com um total de 12 indivíduos (54,60%).

Ao serem questionados sobre os tipos de tratamentos já

realizados, alguns indivíduos declararam ter feito tratamento clínico

medicamentoso associado com fisioterapia motora e outros que apenas

realizaram apenas fisioterapia motora como modalidade terapêutica, havendo

uma igualdade entre essas duas classes, com um total de 08 indivíduos

(36,06%) em cada uma das situações acima descritas. Apenas 01 (4,55%)

indivíduo afirmou não ter realizado nenhum tipo de tratamento após a

confirmação do diagnóstico de PET/MAH.

Em relação ao tempo do início dos sintomas, 15 pacientes

responderam que o início ocorreu em um tempo menor que 08 anos. A Tabela

3 evidencia os aspectos sócios demográficos e os indicativos clínicos da

amostra estudada.

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Tabela 3 - Distribuição de 22 pacientes portadores de HTLV-1 atendidos em um serviço de referência em doenças tropicais, em Belém-Pa, segundo características sócio demográficas e clínicas.

Estado Civil n = 22 %Total Casado 14 63,64% Divorciado 6 27,27% Solteiro 2 9,09%

Cor da pele n = 22 %Total Branca 5 22,70% Negra 5 22,70% Parda 12 54,60%

Tratamento n = 22 %Total Medicamentoso apenas 5 22,73% Medicamentoso + Fisioterapia Motora 8 36,36% Fisioterapia Motora apenas 8 36,36% Nenhum 1 4,55%

Sexo n = 22 %Total Feminino 14 63,64% Masculino 8 36,36%

Faixa etária (Anos) n = 22 %Total Menor ou igual 50 9 40,91% Maior que 50 13 59,09% Início dos sintomas (Anos) n = 22 %Total

Menor ou igual 8 15 68,18% Maior que 8 7 31,82%

Fonte: NMT/UFPA/2013

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Analisando a Tabela 4 abaixo notamos que para a amostra de

22 pacientes portadores de HTLV-1 a contagem média dos linfócitos TCD4+ foi

de 1227,91 células/mm3 com ± 570,69 células/mm3, já a contagem média para

linfócitos TCD8+ foi de 714,14 células/mm3 com ±352,78 células/mm3. A carga

proviral (CPV) apresentou média de 7853,86 cópias/106 células PBMC com ±

5192,30 cópias/106 células PBMC.

Ainda no que se refere à Tabela 4, para as variáveis, início dos

sintomas e idade, temos evidência de que em média os pacientes

apresentaram os sintomas com 6,7 anos e ± 3,72 anos. Já para a idade, a

pesquisa constatou que, em média, os pacientes portadores de HTLV-1 têm

50,9 anos com ± 6,44 anos.

Tabela 4 - Descrição da amostra de 22 pacientes portadores de HTLV-1 atendidos em um serviço de referência em doenças tropicais, em Belém-Pa, segundo variáveis quantitativas.

ESTATÍSTICAS CD4+

(Células/mm3) CD8+

(Células/mm3)

CPV (cópias/106

células PBMC)

Idade (Anos)

Início Sintomas

(Anos)

Média 1227,91 714,14 7853,86 50,91 6,73 Mediana 1235,00 651,50 8845,50 51,00 7,00 Desvio padrão ±570,69 ±352,78 ±5192,30 ±6,44 ±3,71 C.V. 46,5% 49,4% 66,1% 12,6% 55,1% Mínimo 448 357 235 37 2 Máximo 2420 1612 19624 62 14 Tamanho amostral 22 22 22 22 22 Fonte: NMT/UFPA/2013

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3.2 - PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL E SUAS RELAÇÕES COM AS

INCAPACIDADES FUNCIONAIS DOS PORTADORES DE HTLV-1 COM

PET/MAH

Respeitando a organização da escala MIF, que classifica o

paciente pela sua habilidade de executar uma atividade independente, bem

como observando a sua real necessidade por assistência, foi proposto nesse

estudo, para melhor apresentação dos resultados, agrupar os pacientes em

duas categorias: os que necessitam de assistência funcional (independente do

grau) e os pacientes com independência funcional (independente do grau).

Portanto estão contemplados na primeira categoria àqueles que necessitam de

assistência, variando de total assistência (1); máxima assistência (2);

moderada assistência (3) e mínima assistência (4); e na segunda categoria

àqueles considerados independentes funcionais, variando de supervisão (5);

independência modificada (6) e independência completa (7), sendo a

pontuação atribuída pela escala MIF, através de seu equivalente de

funcionalidade.

Em se tratando do perfil laboratorial foram realizadas as

seguintes análises: contagem de linfócitos TCD4+; linfócitos TCD8+ e carga

proviral. Optou-se por criar categorias para cada uma das análises laboratoriais

realizadas, para melhor apresentação dos resultados, ficando, portanto

estabelecidas as seguintes categorias: para a contagem de linfócitos TCD4+, de

maneira aleatória, a amostra foi dividida em: os que apresentaram contagem

de células inferior a 1000 células/mm³ e de 1000 a 10.000 células/mm³; idem

para a contagem de células TCD8+. Já para a carga proviral, foram adotadas

03 categorias, sendo a primeira para contagem com um número absoluto

inferior a 1000 cópias/106 células PBMC; a segunda para contagem com um

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total de 1000 a 10.000 cópias/106 células PBMC e a terceira categoria para

contagem com um total superior a 10.000 cópias/106 células PBMC.

A Tabela 5 evidencia as 18 variáveis de funcionalidade da

escala de MIF, correlacionando-as com o perfil laboratorial dos pacientes em

relação à contagem das células TCD4+, respeitando-se a classificação

categórica acima descrita. No subgrupo da escala de MIF intitulado cuidados

pessoais, para a categoria de pacientes que necessitam de assistência, para

todas as variáveis predominou indivíduos com contagem entre 1000 a 10.000

células/mm³, assim distribuídos: alimentação 09 indivíduos (69,23%);

autocuidado 11 indivíduos (75,57%); banhar-se 12 indivíduos (80,00%); vestir

tronco superior 09 pacientes (81,82%); vestir tronco inferior 12 indivíduos

(66,67%) e higiene íntima 12 pacientes (70,59%). Na categoria de pacientes

com independência, em todas as variáveis predominou pacientes com

contagem inferior a 1000 células/mm³, assim distribuídos: alimentação 06

indivíduos (66,67%); autocuidado 07 indivíduos (87,50%); banhar-se 07

indivíduos (100%); vestir tronco superior 08 indivíduos (72,73%); vestir tronco

inferior 04 pacientes (100%) e higiene íntima 05 pacientes (100,00%).

Ainda em relação à Tabela 5, para o subgrupo da escala MIF

intitulado controle esfincteriano, para a categoria de pacientes que necessitam

de assistência, para a variável controle vesical, predominou indivíduos com

contagem de 1000 a 10.000 células/mm³, com um total de 12 pacientes

(60,00%), assim como para a variável controle intestinal, com um total de 11

pacientes (57,89%). Na categoria de indivíduos com independência funcional,

na variável controle vesical 100,00% (02 indivíduos) apresentaram contagem

de células inferior a 1000/mm³, e para controle intestinal também predominou

indivíduos com contagem inferior a 1000 células/mm³, 02 pacientes (66,67%).

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Para o subgrupo da escala MIF intitulado

mobilidade/transferências, para a categoria de pacientes que necessitam de

algum tipo de assistência funcional, para as variáveis cama/cadeira/cadeira de

rodas, banheiro e banho chuveiro/banheira, predominou indivíduos com

contagem entre 1000 e 10.000 células/mm³, com um total de 10 pacientes

(66,67%); 10 pacientes (71,43%) e 12 pacientes (70,59%), respectivamente.

Entre os indivíduos da categoria independência, a maioria dos indivíduos

apresentou contagem inferior a 1000 células/mm³, assim distribuídos entre as

variáveis: cama/cadeira/cadeira de rodas com um total de 05 pacientes

(71,43%); banheiro 06 pacientes (75,00%) e banho chuveiro/banheira com um

total de 05 indivíduos (100,00%).

A Tabela 5 destaca ainda para o subgrupo da escala MIF

intitulado locomoção, para a categoria de pacientes que necessitam de algum

tipo de assistência funcional, para as variáveis, andar/cadeira de rodas e

escadas, a maior parte dos indivíduos apresentou contagem de TCD4+ entre

1000 e 10.000 células/mm³, com 12 pacientes (70,59%) para a primeira

variável e 10 pacientes (71,43%) para a segunda variável que não houve

diferença significativa do ponto de vista estatístico conforme teste exato de

Fisher [p-valor (unilateral)=0,6366 e p-valor (bilateral)=1]. Já entre os indivíduos

independentes funcionais, para a variável andar/cadeira de rodas, 05 pacientes

(100,00%) apresentaram contagem inferior a 1000 células/mm³, e para

escadas 06 pacientes (75,00%) tiveram contagem de TCD4+ inferior a 1000

células/mm³.

No que diz respeito ao domínio cognitivo da escala MIF, que

compreende os subgrupos comunicação e cognitivo social, a maior parte da

amostra esteve distribuída na categoria de pacientes independentes funcionais,

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para todas as variáveis do domínio, a saber: compreensão; expressão;

interação social; resolver problemas e memória. No que diz respeito ao perfil

laboratorial da amostra estudada, a Tabela 5 evidencia também que houve

predominância dos indivíduos com contagem de TCD4+ entre 1000 e 10.000

células/mm³ para as variáveis, compreensão, expressão e memória, com 12

indivíduos (54,55%) para cada uma dessas variáveis. Os resultados são

visualizados na Tabela 5 a seguir.

Tabela 5 - Variáveis de funcionalidade da escala MIF versus contagem de linfócitos TCD4+/mm³, para uma amostra de 22 pacientes portadores de HTLV-1 com PET/MAH.

VARIÁVEIS DE FUNCIONALIDADE

NÍVEL DE FUNCIONALIDADE

ASSISTÊNCIA MIF (1, 2, 3 e 4) INDEPENDÊNCIA MIF (5, 6 e 7)

Cuidados Pessoais <1000 CD4+

(Células/mm3)

1000 a 10000 CD4+

(Células/mm3)

<1000 CD4+ (Células/mm3)

1000 a 10000 CD4+

(Células/mm3)

Alimentação 4 (30,77%) 9 (69,23%) 6 (66,67%) 3 (33,33%)

Autocuidado 3 (21,43%) 11 (78,57%) 7 (87,50%) 1(12,50%)

Banhar-se 3 (20,00%) 12 (80,00%) 7 (100,00%) 0 (0,00%)

Vestir tronco superior 2 (18,18%) 9 (81,82%) 8 (72,73%) 3 (27,27%)

Vestir tronco inferior 6 (33,33%) 12 (66,67%) 4 (100,00%) 0 (0,00%)

Higiene íntima 7 (29,41%) 12 (70,59%) 3 (100,00%) 0 (0,00%) Controle Esfincteriano <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Controle vesical 8 (40,00%) 12 (60,00%) 2 (100,00%) 0 (0,00%)

Controle intestinal 8 (42,11%) 11 (57,89%) 2 (66,67%) 1 (33,33%) Mobilidade/Transferências <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Cama/Cadeira/Cadeira de rodas 5 (33,33%) 10 (66,67%) 5 (71,43%) 2 (28,57%)

Banheiro 4 (28,57%) 10 (71,43%) 6 (75,00%) 2 (25,00%)

Banho chuveiro/Banheira 5 (29,41%) 12 (70,59%) 5 (100,00%) 0 (0,00%) Locomoção <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Andar/Cadeira de rodas 5 (29,41%) 12 (70,59%) 5 (100,00%) 0 (0,00%)

Escadas 4 (28,57%) 10 (71,43%) 6 (75,00%) 2 (25,00%) Comunicação <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Compreensão 0 (0,00%) 0 (0,00%) 10 (45,45%) 12 (54,55%)

Expressão 0 (0,00%) 0 (0,00%) 10 (45,45%) 12 (54,55%) Cognitivo Social <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Interação social 1 (16,67%) 5 (83,33%) 9 (56,25%) 7 (43,75%)

Resolver problemas 2 (22,22%) 7 (77,78%) 8 (61,54%) 5 (38,46%)

Memória 0 (0,00%) 0 (0,00%) 10 (45,45%) 12 (54,55%) Fonte: NMT/UFPA/2013.

Evidencia-se na Tabela 6 as 18 variáveis de funcionalidade da

escala de MIF, correlacionando-as com o perfil laboratorial dos pacientes em

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relação à contagem dos linfócitos TCD8+, respeitando-se a classificação

categórica já descrita. No subgrupo da escala de MIF intitulado cuidados

pessoais, para a categoria de pacientes que necessitam de assistência, para

todas as variáveis predominou indivíduos com contagem inferior a 1000

células/mm³, assim distribuídos: alimentação 10 indivíduos (76,92%);

autocuidado 10 indivíduos (71,43%); banhar-se 11 indivíduos (73,33%); vestir

tronco superior 08 pacientes (72,73%); vestir tronco inferior 13 indivíduos

(72,32%) e higiene íntima 13 pacientes (76,47%). Na categoria de pacientes

com independência, em todas as variáveis também predominou pacientes com

contagem de linfócitos TCD8+ inferior a 1000 células/mm³, assim distribuídos:

alimentação 07 indivíduos (77,78%); autocuidado 07 indivíduos (87,50%);

banhar-se 06 indivíduos (85,71%); vestir tronco superior 09 indivíduos

(81,82%); vestir tronco inferior 04 pacientes (100%) e higiene íntima 04

pacientes (80,00%).

Ainda em relação à Tabela 6, para o subgrupo da escala MIF

intitulado controle esfincteriano, para a categoria de pacientes que necessitam

de assistência, para a variável controle vesical, predominou indivíduos com

contagem de inferior a 1000 células/mm³, com um total de 15 pacientes

(75,00%), assim como para a variável controle intestinal, também com 15

pacientes (78,95%). Na categoria de indivíduos com independência funcional,

na variável controle vesical 100,00% (02 indivíduos) apresentaram contagem

de TCD8+ inferior a 1000 células/mm³, e para controle intestinal também

predominou indivíduos com contagem inferior a 1000 células/mm³, com 02

pacientes (66,67%).

Para o subgrupo da escala MIF intitulado

mobilidade/transferências, para a categoria de pacientes que necessitam de

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algum tipo de assistência funcional, para as variáveis cama/cadeira/cadeira de

rodas, banheiro e banho chuveiro/banheira, predominou indivíduos com

contagem de TCD8+ inferior a 1000 células/mm³, com um total de 13 pacientes

(86,67%); 12 pacientes (85,71%) e 13 pacientes (76,47%), respectivamente.

Entre os indivíduos da categoria independência, a maioria dos pacientes

apresentou contagem inferior a 1000 células/mm³, assim distribuídos entre as

variáveis: cama/cadeira/cadeira de rodas com um total de 04 pacientes

(57,14%); banheiro 05 pacientes (62,50%) e banho chuveiro/banheira com um

total de 04 indivíduos (80,00%).

A Tabela 6 destaca ainda para o subgrupo da escala MIF

intitulado locomoção, para a categoria de pacientes que necessitam de algum

tipo de assistência funcional, para as variáveis andar/cadeira de rodas e

escadas, a maior parte dos indivíduos apresentou contagem de TCD8+ inferior

a 1000 células/mm³, com 13 pacientes (76,47%) para a primeira variável e 14

pacientes (77,78%) para a segunda variável. Já entre os indivíduos

independentes funcionais, para a variável andar/cadeira de rodas, 04 pacientes

(75,00%) apresentou contagem inferior a 1000 células/mm³, e para escadas 03

pacientes (75,00%) tiveram contagem de TCD8+ inferior a 1000 células/mm³.

No que diz respeito ao domínio cognitivo da escala MIF, que

compreende os subgrupos comunicação e cognitivo social, a maior parte da

amostra esteve distribuída na categoria de pacientes independentes funcionais,

para todas as variáveis do domínio, a saber: compreensão; expressão;

interação social; resolver problemas e memória. O perfil laboratorial da amostra

estudada, a Tabela 6 evidencia que predominou indivíduos com contagem de

linfócitos TCD8+ inferior a 1000 células/mm³ para as variáveis, compreensão,

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expressão e memória, com 17 indivíduos (77,27%) para cada uma dessas

variáveis. Os resultados são visualizados na Tabela 6 a seguir.

Tabela 6 - Variáveis de funcionalidade da escala MIF versus contagem de linfócitos TCD8+/mm³, para uma amostra de 22 pacientes portadores de HTLV-1 com PET/MAH.

VARIÁVEIS DE FUNCIONALIDADE

NÍVEL DE FUNCIONALIDADE

ASSISTÊNCIA MIF (1, 2, 3 e 4) INDEPENDÊNCIA MIF (5, 6 e 7)

Cuidados Pessoais <1000

TCD8+/mm³ 1000 a 10000 TCD8+/mm³

<1000 TCD8+/mm³

1000 a 10000 TCD8+/mm³

Alimentação 10 (76,92%) 3 (23,08%) 7 (77,78%) 2 (22,22%) Autocuidado 10 (71,43%) 4 (28,57%) 7 (87,50%) 1 (12,50%) Banhar-se 11 (73,33%) 4 (26,67%) 6 (85,71%) 1 (14,29%) Vestir tronco superior 8 (72,73%) 3 (27,27%) 9 (81,82%) 2 (18,18%) Vestir tronco inferior 13 (72,22%) 5 (27,78%) 4 (100,00%) 0 (0,00%) Higiene íntima 13 (76,47%) 4 (23,53%) 4 (80,00%) 1 (20,00%)

Controle Esfincteriano <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Controle vesical 15 (75,00%) 5 (25,00%) 2 (100,00%) 0 (0,00%) Controle intestinal 15 (78,95%) 4 (21,05%) 2 (66,67%) 1 (33,33%)

Mobilidade/Transferências <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Cama/Cadeira/Cadeira de rodas 13 (86,67%) 2 (13,33%) 4 (57,14%) 3 (42,86%) Banheiro 12 (85,71%) 2 (14,29%) 5 (62,50%) 3 (37,50%) Banho chuveiro/Banheira 13 (76,47%) 4 (23,53%) 4 (80,00%) 1 (20,00%)

Locomoção <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Andar/Cadeira de rodas 13 (76,47%) 4 (23,53%) 4 (80,00%) 1 (20,00%) Escadas 14 (77,78%) 4 (22,22%) 3 (75,00%) 1 (25,00%)

Comunicação <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Compreensão 0 (0,00%) 0 (0,00%) 17 (77,27%) 5 (22,73%) Expressão 0 (0,00%) 0 (0,00%) 17 (77,27%) 5 (22,73%)

Cognitivo Social <1000 1000 a 10000 <1000 1000 a 10000

Interação social 3 (50,00%) 3 (50,00%) 14 (87,50%) 2 (12,50%) Resolver problemas 6 (66,67%) 3 (33,33%) 11 (84,62%) 2 (15,38%)

Memória 0 (0,00%) 0 (0,00%) 17 (77,27%) 5 (22,73%) Fonte: NMT/UFPA/2013

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Ainda para apresentar a relação do perfil laboratorial com as

incapacidades funcionais apresentadas pelos pacientes de HTLV-1

sintomáticos para PET/MAH da amostra estudada, pode-se evidenciar através

na Tabela 7 as 18 variáveis de funcionalidade da escala de MIF, relacionando-

as com a carga proviral (CPV) do HTLV-1, respeitando-se a seguinte

classificação, onde foram adotadas 03 categorias: CPV inferior a 1000

cópias/106 células PBMC; CPV de 1000 a 10.000 cópias/106 células PBMC e

CPV superior a 10.000 cópias/106 células PBMC.

No subgrupo da escala de MIF intitulado cuidados pessoais,

para a categoria de pacientes que necessitam de assistência, predominou

indivíduos com CPV entre 1000 e 10.000 cópias/106 células PBMC, assim

distribuídos: alimentação 06 indivíduos (46,15%); autocuidado 07 indivíduos

(50,00%); banhar-se 08 indivíduos (53,33%); vestir tronco superior 06

pacientes (54,55%); vestir tronco inferior 09 indivíduos (50,00%) e higiene

íntima 09 pacientes (52,94%). Na categoria de pacientes com independência,

para as variáveis alimentação com 05 pacientes (55,56%), autocuidado com 04

pacientes (50,00%), vestir tronco superior com 05 pacientes (45,45%) e vestir

tronco inferior com 02 pacientes (50,00%), os indivíduos apresentaram CPV

entre 1000 e 10.000 cópias/106 células PBMC. Já para a variável banhar-se ,

pode evidenciar um distribuição igualitária de indivíduos com CPV inferior a

1000 cópias/106 células PBMC, com 03 pacientes (42,86%) e indivíduos com

CV entre 1000 e 10.000 cópias/106 células PBMC, também com 03 pacientes

(42,86%). Na variável higiene íntima, 03 pacientes (60,00%) apresentaram

CPV inferior a 1000 cópias/106 células PBMC.

Ainda em relação à Tabela 7, para o subgrupo da escala MIF

intitulado controle esfincteriano, para a categoria de pacientes que necessitam

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de assistência, para a variável controle vesical, predominou indivíduos com

CPV entre 1000 e 10.000 cópias/106 células PBMC, com um total de 10

pacientes (50,00%), assim como para a variável controle intestinal, também

com 10 pacientes (52,63%). Na categoria de indivíduos com independência

funcional, não houve diferenças percentuais significativas, ficando a

distribuição quase homogênea.

Para o subgrupo da escala MIF intitulado

mobilidade/transferências, para a categoria de pacientes que necessitam de

assistência, para todas as variáveis predominou indivíduos com CPV entre

1000 e 10.000 cópias/106 células PBMC, sendo 09 indivíduos (60,00%) para

cama/cadeira/cadeira de rodas, 08 indivíduos (57,4%) para banheiro e 09

pacientes (52,94%) para a variável banho chuveiro/banheira. Entre os

indivíduos da categoria independência, a maioria dos pacientes apresentaram

CPV inferior a 1000 cópias/106 células PBMC, assim distribuídos entre as

variáveis: cama/cadeira/cadeira de rodas 03 pacientes (42,86%); banheiro 03

pacientes (37,50%) e banho chuveiro/banheira com um total de 03 indivíduos

(60,00%).

Já para o subgrupo da escala MIF intitulado locomoção, a

Tabela 7 demonstra que para a categoria de pacientes que necessitam

assistência, para as variáveis andar/cadeira de rodas e escadas, a maior parte

dos indivíduos apresentou CPV entre 1000 e 10.000 cópias/106 células PBMC,

sendo 09 pacientes (52,94%) para a primeira variável e 09 pacientes (50,00%)

para a segunda variável, que não houve diferença significativa do ponto de

vista estatístico conforme teste exato de Fisher [p-valor (unilateral)=0,5376 e p-

valor (bilateral)=1]. Para os indivíduos classificados como independentes

funcionais, para ambas as variáveis, predominou CPV inferior a 1000

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cópias/106 células PBMC, sendo 03 pacientes (60,00%) para andar/cadeira de

rodas e 02 pacientes (50,00%) para escadas.

Ao consideramos domínio cognitivo da escala MIF, que

compreende os subgrupos comunicação e cognitivo social, também para a

correlação com a carga proviral, a maior parte da amostra esteve distribuída na

categoria de pacientes independentes funcionais, para todas as variáveis do

domínio, a saber: compreensão com 11 pacientes (50,00%); expressão com 11

pacientes (50,00%); interação social com 08 pacientes (50,00%); resolver

problemas com 06 pacientes (46,15%) e memória com 11 pacientes (50,00%).

Os demais resultados podem ser visualizados na Tabela 7, abaixo.

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Tabela 7 - Variáveis de funcionalidade da escala MIF versus carga proviral em cópias/106 células PBMC, para uma amostra de 22 pacientes portadores de HTLV-1 com PET/MAH.

VARIÁVEIS DE

FUNCIONALIDADE

NÍVEL DE FUNCIONALIDADE

ASSISTÊNCIA MIF (1, 2, 3 e 4) INDEPENDÊNCIA MIF (5, 6 e 7)

Cuidados Pessoais

<1000 cópias/106

células PBMC

1000 a 10000 cópias/106

células PBMC

>10000 cópias/106

células PBMC

<1000 cópias/106

células PBMC

1000 a 10000 cópias/106

células PBMC

>10000 cópias/106

células PBMC

Alimentação 0 (0,00%) 6 (46,15%) 7 (53,85%) 4 (44,44%) 5 (55,56%) 0 (0,00%)

Autocuidado 1 (7,14%) 7 (50,00%) 6 (42,86%) 3 (37,5%) 4 (50,00%) 1 (12,50%)

Banhar-se 1 (6,67%) 8 (53,33%) 6 (40,00%) 3 (42,86%) 3 (42,86%) 1 (14,29%)

Vestir tronco superior 1 (9,09%) 6 (54,55%) 4 (36,36%) 3 (27,27%) 5 (45,45%) 3 (27,27%)

Vestir tronco inferior 3 (16,67%) 9 (50,00%) 6 (33,33%) 1 (25,00%) 2 (50,00%) 1 (25,00%)

Higiene íntima 1 (5,88%) 9 (52,94%) 7 (41,18%) 3 (60,00%) 0 (0,00%) 2 (40,00%)

Controle Esfincteriano <1000 1000 a 10000 >10000 <1000 1000 a 10000 >10000

Controle vesical 3 (15,00%) 10 (50,00%) 7 (35,00%) 1 (50,00%) 0 (0,00%) 1 (50,00%)

Controle intestinal 3 (15,79%) 10 (52,63%) 6 (31,58%) 1 (33,33%) 1 (33,33%) 1 (33,33%)

Mobilidade/Transferências <1000 1000 a 10000 >10000 <1000 1000 a 10000 >10000

Cama/Cadeira/Cadeira de rodas 1 (6,67%) 9 (60,00%) 5 (33,33%) 3 (42,86%) 2 (28,57%) 2 (28,57%)

Banheiro 1 (7,14%) 8 (57,14%) 5 (35,71%) 3 (37,50%) 3 (37,50%) 2 (25,00%)

Banho chuveiro/Banheira 1 (5,88%) 9 (52,94%) 7 (41,18%) 3 (60,00%) 2 (40,00%) 0 (0,00%)

Locomoção <1000 1000 a 10000 >10000 <1000 1000 a 10000 >10000

Andar/Cadeira de rodas 1 (5,88%) 9 (52,94%) 7 (41,18%) 3 (60,00%) 2 (40,00%) 0 (0,00%)

Escadas 2 (11,11%) 9 (50,00%) 7 (38,89%) 2 (50,00%) 2 (50,00%) 0 (0,00%)

Comunicação <1000 1000 a 10000 >10000 <1000 1000 a 10000 >10000

Compreensão 0 (0,00%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) 4 (18,18%) 11 (50,00%) 7 (31,82%)

Expressão 0 (0,00%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) 4 (18,18%) 11 (50,00%) 7 (31,82%)

Cognitivo Social <1000 1000 a 10000 >10000 <1000 1000 a 10000 >10000

Interação social 0 (0,00%) 3 (50,00%) 3 (50,00%) 4 (25,00%) 8 (50,00%) 4 (25,00%)

Resolver problemas 0 (0,00%) 5 (55,56%) 4 (44,44%) 4 (30,77%) 6 (46,15%) 3 (23,08%)

Memória 0 (0,00%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) 4 (18,18%) 11 (50,00%) 7 (31,82%) Fonte: NMT/UFPA/2013

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4 DISCUSSÃO

O presente trabalho analisou uma amostra com 22 pacientes

portadores de infecção pelo HTLV-1 sintomáticos para PET/MAH, atendidos

em um centro de referência em doenças tropicais em Belém-Pa.

Os resultados evidenciam uma maior prevalência entre as

mulheres, com 14 (63,64%) pacientes. No que diz respeito à faixa etária, a

maior parte da amostra esteve distribuída na faixa etária acima dos 50 anos

(59,09%). Portanto os resultados estão de acordo com os relatos de Kaplan et

al. (1996), ao afirmarem que a infecção pelo HTLV-1 é mais prevalente em

mulheres acima da quarta década de vida, enquanto que para os homens a

prevalência atinge um platô por volta dos 40 anos, bem como de Araújo (2012),

que encontrou uma prevalência de 68% entre o sexo feminino, com média de

idade de 42,9 anos, estando a maior parte da população estudada na faixa

acima dos 32 a 56 anos, e ainda com os resultados de Champs et al. (2010) e

Costa & Santos (2000) que afirmam que a maioria dos sintomas são

evidenciados entre as mulheres, entre 40 e 50 anos.

No que diz respeito ao estado civil, a maior parte dos pacientes

deste estudo, ou seja, 14 pacientes (63,64%) eram casados, o que não condiz

com o estudo de Araújo (2012), que evidenciou que maior parte da sua

população estudada, era composta de solteiros (59%).

Quanto ao tempo do início dos sintomas da PET/MAH, o

presente estudo revelou que a maior parte dos pacientes, 15 (68,18%), relatou

início dos sintomas com um tempo inferior a 08 anos. Esse dado pode ser

corroborado pelo estudo de Kira et al. (1991), afirmam que frequentemente os

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sintomas da PET/MAH surgem entre um período de cinco a dez anos, com um

progressão mais rápida.

Em relação à abordagem terapêutica já realizada aos pacientes

de PET/MAH, a maior parte dos pacientes da amostra relataram já terem se

submetido a fisioterapia motora (como única forma terapêutica), ou ainda a

fisioterapia motora associada a abordagem clínica (tratamento médico

ambulatorial com uso de medicamentos), perfazendo um total de 16 pacientes

(72,72%). Isso nos mostra que a abordagem terapêutica que vem sendo

aplicada a esses pacientes, está de acordo com o proposto por Castro-Costa et

al.(2005), que sugerem para os portadores de PET/MAH, acompanhamento

clínico, além de tratamento geral e sintomático para a paraparesia com:

fisioterapia; tratamento sintomático para a espasticidade; além de tratamento

para bexiga e intestino neurogênicos. No entanto ainda não há relatos na

literatura sobre um tratamento específico para as manifestações neurológicas

ocasionadas pela infecção pelo HTLV.

Necessário ainda ressaltar que a maior parte dos pacientes

classificados como dependentes de algum tipo de assistência funcional pelo

pesquisador, está entre os que tiveram uma contagem de linfócitos TCD4+

baixa, também está em consonância com o estudo de Murphy (1996) citado

acima, em função da predileção do HLTV-1, causador da PET/MAH, ser pelos

linfócitos TCD4+.

Ao analisar a contagem da carga proviral dos 22 pacientes da

amostra, o estudo evidenciou uma importante infectividade, quando apresenta

uma média de 7853,86 cópias/106 células PBMC e com uma máxima de 19.624

cópias/106 células PBMC, o que pode estar relacionado com as

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alterações/manifestações neurológicas (PET/MAH) apresentadas pelos

pacientes infectados pelo HTLV-1, corroborando com os estudos de Manns et

al. (1999); Murphy et al. (1997) e Montanheiro et al. (2005), que atribuíram a

elevada carga proviral a um aumento do risco de doenças neurológicas nos

portadores de HTLV-1.

No que diz respeito às incapacidades funcionais avaliadas pelo

pesquisador, através da escala de MIF (Borges, 2006), os pacientes do estudo,

todos portadores de mielite associada ao HTLV-1, apresentaram alterações

nas funções de eliminação (vesical e intestinal), alterações motoras (marcha e

dificuldade para transferências), bem como risco de lesões de pele, em função

das incontinências e da paraparesia instalada, o que vem reforçar os achados

nos estudos de Costa & Santos (2000).

Vale ainda destacar que a aplicabilidade da Medida da

Independência Funcional (MIF), foi pertinente, pois segundo Faro (2006) na

prática clínica é utilizada por médicos fisiatras e enfermeiros de reabilitação,

dentre outros profissionais da área, como forma de avaliação e subsídio para a

intervenção na busca da melhor independência funcional possível e pertinente

ao estilo de vida do indivíduo.

Portanto, a coleta de dados através da escala de MIF ocorreu

de maneira prudente, coerente e ética, pois segundo Faro (2006), o enfermeiro

reabilitador tem competência técnica e atitudinal, para assistir com qualidade

pessoas com deficiência física, seja em unidades de internação, ambulatórios e

ainda em domicílios, além de ter como compromisso garantir às pessoas com

deficiências e incapacidades, assistência nos vários níveis de complexidade,

utilizando métodos e terapêuticas específicos.

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O estudo ainda evidenciou que uma das variáveis avaliadas na

escala de MIF é o autocuidado, que esteve prejudicado em diversos graus, o

que levou os pacientes a serem classificados em dependentes de assistência

funcional ou independentes funcionais parciais (necessitam de mínima

assistência). Portanto, pôde-se identificar as demandas de autocuidado

terapêutico, na perspectiva de OREM (1991), uma vez que foi identificado,

através da consulta de enfermagem, déficits quando as ações do paciente são

consideradas insuficientes ou inadequadas para atender as suas demandas de

autocuidado terapêutico ou se existir uma incapacidade potencial para

satisfazê-las. Segundo Nanda (2011), foi possível identificar diagnósticos de

enfermagem como déficit no autocuidado para banho/higiene; déficit no

autocuidado para vestir-se/arrumar-se, mobilidade física prejudicada,

integridade da pele prejudicada, constipação, retenção urinária, déficit no

autocuidado para alimentar-se, risco para infecção, incontinência urinária total.

A partir desses diagnósticos é possível sugerir algumas

intervenções de enfermagem, segundo a NIC como: Controle de infecção;

Proteção contra infecção; Controle de pressão sobre áreas do corpo;

Prevenção de úlcera por pressão; Cuidados na incontinência urinária; Controle

da constipação/impactação fecal; Redução da ansiedade; Supervisão da pele;

Cuidados com lesões; Alimentação; Assistência no autocuidado: alimentação;

Cateterização vesical e Cuidados na retenção urinária (MCCloskey & Bulechek,

2004).

O enfermeiro, segundo a Teoria do Déficit de Autocuidado, é

um indivíduo que possui habilidades e conhecimentos para identificar

incapacidades às quais os seres humanos estão sujeitos. Essas incapacidades

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podem ser decorrentes do estado de saúde do indivíduo, impedindo-o de

cuidar de si por certo período de tempo (Orem, 1991).

Segundo Vall et al. (2005) o paciente portador de lesão

medular, depois de atingido o processo de adaptação, está pronto para adquirir

maior independência em seu cotidiano. Nesta fase, o enfermeiro e toda a

equipe interdisciplinar de saúde já podem incentivá-lo para o autocuidado

através, principalmente, das atividades educativas e treino de AVD (Atividades

de Vida Diária). É preciso que a equipe de saúde priorize ações educativas,

ministrando aulas sobre cuidados com a pele, reeducação vesical, intestinal e

sexual, entre outras. Além disso, é importante promover treinos de higiene,

transferência, vestuário, marcha em terrenos regulares e acidentados, entre

outras. Todas estas atividades levam o paciente a exercer o autocuidado.

Faro (2006) destaca ainda que no portador de lesão medular

(de natureza traumática ou não), geralmente evidencia-se alterações

significativas de motricidade e sensibilidade (paresias e/ou plegias) entre

outras, gerando nesse paciente, dependência de terceiros para as AVD, como

a higiene após eliminações. Logo, esse tipo de paciente é tido como altamente

dependente dos cuidados de enfermagem ou de terceiros para atividades

básicas da vida diária, como alimentar-se, vestir-se, despir-se, posicionar- se

na cama ou na cadeira e higienizar-se. Isso foi bem evidenciado nesse estudo,

ao revelar que em sua totalidade, os pacientes da amostra se mostram

dependentes funcionais, em diversos graus segundo MIF (Borges, 2006), para

desenvolver as atividades antes tidas como de vida diária.

Logo, cabe à enfermagem utilizar recursos que possam

aprimorar a assistência prestada a esses pacientes. A

implementação/implantação dos diagnósticos e intervenções de enfermagem,

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aqui propostos a partir de Nanda (2001) e MCCloskey & Bulechek (2004),

respectivamente, de maneira precisa, constituem uma alternativa a ser utilizada

pelos enfermeiros (as), possibilitando a melhoria da qualidade dos resultados

esperados.

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5 CONCLUSÕES

1. Os resultados deste estudo revelaram que a maioria dos pacientes

portadores de infecção por HTLV-1 sintomáticos para PET/MAH, são do

sexo feminino, casados, pardos; a maioria realizou somente fisioterapia

motora ou esta associada com tratamento clínico medicamentoso

associado, como abordagens terapêuticas; estão na faixa etária acima

de 50 anos e tiveram os primeiros sintomas com tempo médio acima de

08 anos.

2. Ao relacionar o perfil da contagem das células TCD4+ e TCD8+ com as

variáveis de capacidade funcional segundo a escala de MIF, mostra-se

que a maioria dos pacientes necessita de alguma modalidade de

assistência funcional para a realização de suas AVD, em especial nos

subgrupos da escala de MIF: cuidados pessoais, controle esfincteriano,

mobilidade/transferência e locomoção. No que diz respeito a CPV, os

indivíduos com contagem superior a 10.000 cópias/ 106 células, eram

os que mais necessitavam de assistência funcional, em especial nos

subgrupos da escala de MIF: cuidados pessoais, controle esfincteriano,

mobilidade/transferência, locomoção e cognição.

3. A partir das teorias de enfermagem do Déficit do Autocuidado, das

Necessidades Humanas Básicas e da Adaptação, ao se utilizar etapas

do Processo de Enfermagem, como o proposto por NANDA para a

formulação dos diagnósticos de enfermagem e a partir da NIC as

intervenções de enfermagem, foi possível elucidar a atuação da

enfermagem, uma vez que se permitiu sistematizar a assistência de

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enfermagem para as incapacidades funcionais evidenciadas nos

pacientes de PET/MAH.

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Apêndice A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE

A pesquisa intitulada “A ENFERMAGEM DIANTE DAS INCAPCIDADES DA

PET/MAH E A RELACAO COM O PERFIL CLÍNICO E LABORATORIAL DE

PORTADORES DE MILEITE POR HTLV-1ATENDIDOS EM UM SERVIÇO DE

REFERÊNCIA EM BELÉM-PA” tem como pesquisador responsável o enfermeiro

Marcelo Monteiro Mendes, do Programa de Pós-Graduação em Biologia de Agentes

Infecciosos e Parasitários. A pesquisa será realizada no ambulatório do Núcleo de

Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará – NMT/UFPA e terá como objetivo

geral Descrever o comportamento clínico e laboratorial dos portadores de mielite por

HTLV-1atendidos em um serviço especializado em Medicina Tropical em Belém-PA,

com ênfase nas capacidades funcionais afetadas. O estudo será desenvolvido em

pacientes portadores de HTLV-1 sintomáticos para a PET/MAH, visando melhorar a

assistência de enfermagem prestada a estes pacientes, através da elaboração de um

documento contendo normas para os cuidados destes pacientes; além de enriquecer

os estudos nesta área. Os riscos oferecidos aos sujeitos da pesquisa são mínimos

uma vez que o pesquisador assumirá o compromisso ético de preservar a identidade

dos sujeitos envolvidos, bem como a sua privacidade; realizará a coleta das amostras

de sangue dos pacientes respeitando as técnicas assépticas. Os benefícios da

pesquisa são evidentes, uma vez que os resultados apresentarão conclusões sobre as

incapacidades funcionais apresentadas. Caso você aceite participar desta pesquisa,

será garantida a sua vontade, no sentido de que você poderá sair da pesquisa a

qualquer momento, sem prejuízo algum para o seu tratamento. Em caso de

dúvidas e para maiores informações, você poderá entrar em contato com o

pesquisador responsável pela pesquisa.

Marcelo Monteiro Mendes. Trav: 14 de março, n° 236, fundos.Bairro:

Umarizal.CEP: 66113-300.Cidade: Belém-Pará. Telefones: (91) 3212-1673-3230-3575.

E-mail: [email protected]

Fui informado e estou totalmente esclarecido sobre a pesquisa, portanto

concordo participar livremente do estudo, para isso dato e assino.

Data: ___/___/___. CPF:________________________________

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Apêndice B – ROTEIRO PARA COLETA DE DADOS

DATA DA COLETA

1 – DADOS PESSOAIS

1.1 - Idade 1.2 - Sexo 1.3 - Estado Civil 1.4 - Etnia

1 – HISTORIA DA DOENCA ATUAL

2.1 – Inicio dos sintomas

2.2 – Padrão Molecular (após analise sorológica)

2.3 – Tratamentos já realizados (clinico e/ou de reabilitação)

3 – HABITOS ALIMENTARES

4 – HABITOS DIARIOS

5 – MEDIDA DE INDEPENDENCIA FUNCIONAL x NIVEL DE FUNCIONALIDADE

ESCORE

1 2 3 4 5 6 7

CUIDADOS PESSOAIS

1.Alimentação

2.Autocuidado

3. Banhar-se

4. Vestir Tronco Superior

5. Vestir Tronco Inferior

6. Higiene Íntima

CONTROLE ESFINCTERIANO

7. Controle vesical

8. Controle intestinal

MOBILIDADE/TRANSFERÊNCIAS

9. Cama/ Cadeira/Cadeira de rodas

10. Banheiro

11. Banho chuveiro/banheira

LOCOMOÇÃO

12. Andar/Cadeira de rodas

13. Escadas

COMUNICAÇÃO

14. Compreensão

15. Expressão

COGNITIVO SOCIAL

16. Interação Social

17. Resolver Problemas

18. Memória

ESCORE TOTAL

Fonte: Borges, 2006.