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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO ESCOLA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: UM ESTUDO COMPARATIVO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA, ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA CLÍNICA Edith Pires Martins Orientação: Prof. Doutor Francisco Cardoso Dissertação realizada no âmbito do projeto de investigação Contributos para uma teoria geral da afectividadeVILA REAL, 2011

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

ESCOLA DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM

ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: UM ESTUDO COMPARATIVO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA,

ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

Edith Pires Martins

Orientação: Prof. Doutor Francisco Cardoso

Dissertação realizada no âmbito do projeto de investigação

“Contributos para uma teoria geral da afectividade”

VILA REAL, 2011

MARIANA
Nota
Índice pag. 8 Modelos empatia pag. 16 Bibliogragia pag. 62
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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM

ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: UM ESTUDO COMPARATIVO

Edith Pires Martins

Orientação: Prof. Dr. Francisco Cardoso

VILA REAL, 2011

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ii

Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-

Montes e Alto Douro, elaborada de acordo com o

modelo aprovado pelo Conselho Pedagógico da Escola

de Ciências Humanas e Sociais da mesma Universidade,

para efeitos de conclusão do 2º ciclo de estudos em

Psicologia Clínica, ao abrigo do art.º 23 do Decreto-Lei

74 /2006 de 24 de Março.

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iii

Agradecimentos

Ao meu orientador, Prof. Dr. Francisco Cardoso, agradeço a disponibilidade, a

sabedoria, a ponderação e todos os ensinamentos transmitidos durante o processo de

orientação. Pelo incentivo e inspiração inicial, por “aguçar” a minha curiosidade

científica e pelas críticas construtivas.

À minha família, em especial aos meus pais e irmã, obrigada pelo vosso apoio

incondicional, por estarem sempre aqui e sobretudo por acreditarem em mim!

A todos os meus amigos que de algum modo contribuíram para o meu

crescimento pessoal e profissional.

À Lorrene, ao André e à Daniela que me apoiaram e acompanharam

nesta última etapa. Obrigada pelo vosso companheirismo!

Ao Marco Ferreira, à Rute Carvalho, à Sylvie Calçada, à Rita Pimenta R.,

à Ana Lourenço e à Olga Machado, agradeço a vossa amizade, apoio,

disponibilidade, confiança e paciência. Obrigada por fazerem parte da minha

vida.

Às minhas pequeninas, Rita Pacheco e Maria João Costa, e,

recentemente, à Diana Araújo e à Francisca Oliveira, agradeço por me fazerem

sentir em família, e por conseguirem tornar uma simples casa num lar.

À Susana e à Eugénia, as minhas amigas de sempre, um obrigado pela

vossa incansável amizade, pelo vosso encorajamento, dedicação e apoio.

Aos directores e professores dos cursos de Psicologia, Serviço Social,

Enfermagem, Medicina Veterinária, Engenharia Civil, Engenharia Agronómica,

Engenharia Electrotécnica e de Computadores e Engenharia das Energias, que se

mostraram disponíveis e colaboraram no processo de recolha de dados, um obrigada

muito especial.

Aos alunos participantes dos cursos acima referidos, obrigada pela vossa

preciosa e indispensável colaboração, por terem dispendido o vosso tempo nesta

investigação.

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iv

RESUMO

O presente estudo teve como objectivo analisar a empatia em estudantes universitários.

Procuramos perceber se existem diferenças na empatia entre os cursos de psicologia,

serviço social, enfermagem, medicina veterinária, engenharia civil, engenharia das

energias, engenharia agronómica e engenharia electrotécnica e de computadores. A

empatia é estudada numa perspectiva evolutiva procurando investigar se existem

diferenças entre os estudantes do primeiro e último ano de cada curso. Além das

variáveis sociodemográficas, que também fizeram parte deste estudo, analisamos ainda

a relação entre os padrões de vinculação e a empatia. A amostra é constituída por 533

estudantes na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro com idades entre os 17 e

os 53 anos. Os instrumentos utilizados são: o Inventário de Empatia (Falcone, Ferreira,

Da Luz, Fernandes, Faria, D´Augustin, Sardinha, & De Pinho, 2008), a Escala Básica

de Empatia (Jollife, & Farrington, 2006; versão portuguesa, Cardoso, & Simões, 2010)

e a Escala de Vinculação do Adulto (Collins, & Read, 1990) traduzida e validada para a

população portuguesa por Canavarro (1997; cit. por Canavarro, Dias, & Lima, 2006).

Os resultados indicam que existem diferenças significativas de empatia entre os cursos

de psicologia, serviço social, enfermagem, medicina veterinária vs engenharias,

constatando-se que os engenheiros apresentam valores inferiores comparativamente aos

restantes cursos. Quanto à evolução da empatia cognitiva, verificamos que todos os

cursos aumentam significativamente do primeiro para o último ano. Tal como a

literatura indica, as mulheres são mais empáticas do que os homens. O estudo da relação

dos padrões de vinculação e da empatia revela que o padrão de vinculação segura

apresenta valores médios de empatia cognitiva superiores ao padrão de vinculação

ansioso. Concluímos, assim, que existem diferenças de empatia entre os estudantes e os

anos de formação. Dado o seu aumento ao longo do curso, podemos afirmar que o seu

desenvolvimento por parte das instituições de ensino é algo que deve continuar a ser

praticado e, noutros casos, deve ser posto em prática.

Palavras-chave: empatia, estudantes, padrões de vinculação.

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ABSTRACT

The aim of the present research was to investigate empathy amongst university students.

We seek to understand whether there are differences in empathy between the courses in

psychology, social work, nursing, veterinary medicine, civil engineering, engineering of

energy, agricultural engineering and electrical engineering and computers. Empathy was

also analysed under evolutionary perspective in order to investigate whether there are

differences in it among the students of first and last years of each course. In addition to

the socio-demographic variables that were also object of this study, we also analyzed

the relationship between attachment styles and empathy. The sample consists of 533

students at the University of Trás-os-Montes and Alto Douro aged of 17 to 53 years old.

The instruments used were the Inventory of Empathy (Falcone, Ferreira da Luz

Fernandes, Faria, D'Augustin, Sardinha, & Pinho, 2008), the Basic Empathy Scale

(Jollife, & Farrington, 2006) and Adult Attachement Scale (Collins & Read, 1990,

translated and validated for the Portuguese population by Canavarro (1997; cit. by

Canavarro, Dias, & Lima, 2006). The results indicate that there are significant

differences in empathy between the courses in psychology, social work, nursing,

veterinary medicine versus engineering, with an emphasis in the fact that there are fewer

differences when engineers are compared with other courses. Regarding the evolution of

cognitive empathy, we noticed that all the courses significantly increase from the first

until the last year. As the literature indicates, women are more empathic than men. The

study of attachment styles and empathy revealed that the style of secure attachment

presents intermediate values of cognitive empathy superior than the default anxious

attachment. We conclude that there are differences in empathy between students and

years of training. Given their increasement throughout the course, we can say that their

development by educational institutions is something that should continue to be

practiced and, in other cases, should be put into practice.

Keywords: empathy, students, attachment style.

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“Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e

não ver o mundo reflectido nos olhos dele.”

(Carl Rogers)

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vii

Índice Geral

Agradecimentos ............................................................................................................................ iii

RESUMO ...................................................................................................................................... iv

ABSTRACT ...................................................................................................................................v

INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 1

PARTE I ........................................................................................................................................ 3

ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................................................................ 3

Empatia: conceito e definição ....................................................................................................... 4

Distinção entre empatia e simpatia ............................................................................................ 5

Modelos explicativos da empatia .................................................................................................. 6

Modelo integrativo da empatia de Vreeke e Mark (2003) ........................................................ 6

Modelo de Davis (1983) ............................................................................................................ 7

Modelo de Decety e Jackson (2004) ......................................................................................... 8

A Teoria da Mente .................................................................................................................... 8

Conceptualização da empatia para profissionais da área social ................................................ 9

Relação entre empatia e o género ................................................................................................ 14

Instrumentos de avaliação da empatia ......................................................................................... 15

Vinculação .................................................................................................................................. 17

Modelo do “eu” e dos outros da vinculação do adulto (Bartholomew, & Horowitz, 1991, p.

227/228). ................................................................................................................................. 18

Vinculação e empatia .................................................................................................................. 19

Formulação dos objectivos de investigação ................................................................................ 21

PARTE II .................................................................................................................................... 23

ESTUDO EMPÍRICO ................................................................................................................. 23

METODOLOGIA ....................................................................................................................... 24

Caracterização da amostra ....................................................................................................... 24

Metodologia de recolha dos dados .......................................................................................... 25

Operacionalização das hipóteses de investigação e procedimentos estatísticos subjacentes .. 26

Caracterização dos instrumentos de recolha de dados ............................................................ 29

RESULTADOS ........................................................................................................................... 34

Análise inferencial dos resultados ........................................................................................... 35

Os Padrões de vinculação e a Empatia ................................................................................ 41

DISCUSSÃO DE RESULTADOS ............................................................................................. 43

MARIANA
Realce
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viii

Conclusão .................................................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 51

ANEXOS ....................................................................................................................................... 57

ANEXO A.................................................................................................................................. 58

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ix

Índice de Tabelas

Tabela 1: Frequências dos alunos por cursos em cada ano ........................................................ 25

Tabela 2: Estatística descritiva para a variável idade .................................................................. 25

Tabela 3: Percentagem de estudantes para as variáveis sociodemográficas género, estado civil

dos pais, “com quem vive” e posição na fratria. ......................................................................... 25

Tabela 4: Valores do coeficente de α de Cronbach das escalas de empatia .............................. 31

Tabela 5: Valores dos Coeficente de α de Cronbach da Escala de Vinculação do Adulto .......... 33

Tabela 6: Testes da normalidade das dimensões e homogeneidade de variâncias (teste de

Levene) ........................................................................................................................................ 34

Tabela 7: Comparações entre os cursos relativamente à variável Inventário de Empatia, Factor

cognitivo e Afectivo (ANOVA). ..................................................................................................... 37

Tabela 8: Valores de significância (p-value) do Post Hoc- LSD entre os cursos para o Inventário

da empatia .................................................................................................................................. 38

Tabela 9: Valores de significância (p-value) do Post Hoc- Games-Howell entre os cursos para o

factor cognitivo e afectivo da empatia ....................................................................................... 38

Tabela10: Valores médios do Inventário de Empatia, factor Cognitivo e Afectivo da empatia

para cada curso em função do ano do curso. ............................................................................. 40

Tabela 11: Correlações r de Pearson entre a idade e a as diferentes escalas de empatia ......... 41

Tabela 12:Comparações do género para o Inventário de Empatia, Factor Cognitivo e Afectivo

da Empatia .................................................................................................................................. 41

Tabela 13: Valores médios das dimensões da Escala de Vinculação do Adulto obtidos através

de uma análise de clusters .......................................................................................................... 42

Tabela 14: Comparação dos padrões de vinculação para o Inventário de Empatia, Factor

Cognitivo e Afectivo da empatia – ANOVA one way ................................................................... 42

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x

Índice de Figuras

Figura 1: Modelo de Vinculação do Adulto ................................................................... 19

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1

INTRODUÇÃO

O conceito de empatia remonta ao século XIX (Falcone et al., 2008, p.321) e,

desde então, tem vindo a ser estudado em diversos contextos e com amostras distintas.

É entendido como uma habilidade mental de “calçar os sapatos do outro” de modo a

compreender os seus sentimentos e emoções (Goldman, 1993; cit. por Decety, &

Lamm, 2006, p.1147).

No presente estudo pretendemos conhecer, analisar e relacionar este conceito em

estudantes universitários de diversas áreas de formação, entre elas: psicologia, serviço

social, enfermagem, medicina veterinária, engenharia civil, engenharia das energias,

engenharia agronómica e engenharia electrotécnica e de computadores. Com o intuito

de perceber se a empatia é desenvolvida nos cursos que a constituem como critério

essencial à boa prática profissional, iremos estudar dois pontos fundamentais: existem

diferenças de empatia entre os cursos que têm por objecto de estudo o ser

humano/animais vs cursos que têm por objecto de estudo a matéria/objecto (cursos das

engenharias); analisamos ainda se a empatia aumenta do primeiro para o último ano do

curso, com a finalidade de perceber se esta é realmente desenvolvida pelas instituições

de ensino. A relação entre a empatia e as variáveis sociodemográficas idade e género

serão também alvo de análise.

Assim, na prática, procuraremos dar o ponto da situação acerca da empatia dos

estudantes universitários às instituições de ensino.

Os padrões de vinculação e a sua importância, protagonizados por John Bowlby

(1969/2002, p. 240) e Mary Ainsworth (1963/1967; cit. por Bowlby, 2002, p.247),

parecem ser preditores de diversos processos e fenómenos psicológicos experienciados

pelos seres humanos (Mikulincer, & Shaver, 2003; cit. por Gillath, Shaver, Mikulincer,

Nitzberg, Erez, & Ijzendoorn, 2005, p. 426). Neste sentido, parece existir uma relação

entre o padrão de vinculação previamente estabelecido e o desenvolvimento da empatia.

Esta relação constitui o último objectivo da investigação deste estudo.

Relativamente à estrutura do conteúdo do presente estudo, este divide-se em 2

momentos. Primeiramente, é contemplado todo o enquadramento teórico acerca da

empatia e dos padrões de vinculação, isto é, as conceptualizações e as multifacetadas

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2

abordagens teóricas, a análise de estudos que pretendem dar conhecimento do estado da

arte das variáveis em estudo.

Num segundo momento, são relatados todos os procedimentos técnicos e

metodológicos que tornaram viável este estudo, desde as características dos

participantes e os instrumentos utilizados, bem como todos os procedimentos inerentes

ao estudo, inclusive a operacionalização das hipóteses de investigação. Ainda nesta

parte, serão apresentados os resultados obtidos com o apoio de tabelas. Partindo das

hipóteses de estudo, seguidamente apresentamos a discussão dos resultados, onde são

apontados os principais resultados obtidos e a sua interpretação com recurso à literatura.

Concluímos a discussão com as implicações, limitações e sugestões futuras de

investigação nesta área. Encerramos a dissertação com uma breve conclusão,

destacando os resultados mais relevantes.

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3

PARTE I

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

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4

A resposta empática às necessidades de outra pessoa tem vindo a ser considerada

um aspecto fundamental no desenvolvimento psicossocial (Eisenberg, Fabes, &

Spinrad, 2006; Hoffman, 2000; cit. por Kanat-Maymon, & Assor, 2010, p.33). A

empatia torna-se essencial nos contactos sociais e fornece a base motivacional para

adoptar comportamentos prossociais específicos tais como: ajudar, reconfortar, cooperar

e partilhar. (Hoffman, 2001; Eisenberg, 2000; Zhou, Eisenberg, Losoya, Fabes, Reiser,

& Guthrie et al., 2002; cit. por Kim, & Rohner, 2003, p.723).

No decorrer da formação académica, são transmitidos inúmeros conhecimentos

aos estudantes e é-lhes exigido que adquiram várias competências para, futuramente, se

tornarem bons profissionais. Particularmente, em profissionais de saúde, espera-se que

após a formação teórica estes tenham adquirido um conjunto de competências, como

por exemplo a empatia ou a capacidade de serem empáticos profissionalmente.

Universalmente, a empatia é considerada central na prática terapêutica (Hart, 1999,

p.111).

Empatia: conceito e definição

De acordo com a literatura (Falcone, et al., 2008, p.321) a palavra “empatia”

data do século XIX na Alemanha, mais concretamente na teoria da estética –

“einfühlung”. Neste contexto, perante a percepção de um objecto estético, um

observador projectava a sua predisposição interna – este “fenómeno” foi designado de

empatia. Em 1903, Lipps (cit. por Falcone, et al., 2008, p.321) propõe outro significado

para a palavra “einfühlung”, isto é, sem estabelecer qualquer rotulação, relação ou

tomada de perspectiva, um observador percepciona uma emoção emitida por alguém e,

posteriormente, essa mesma emoção é activada no observador (Preston & de Waal,

2002; cit. por Falcone, et al., 2008, p.321). Também Titchener deu o seu contributo,

traduzindo o vocábulo alemão para inglês “empathy”; o autor reconhecia que por

imitação interior ou pelo próprio esforço da mente havia possibilidade de avaliar a

consciência de outra pessoa (Burns, & Auerbach, 1996: cit. por Falcone, et. al, 2008,

p.321). Actualmente não existe um consenso quanto à definição de empatia. Um dos

motivos para tal facto deve-se à complexidade deste constructo.

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5

Segundo Eisenberg, Fabes, & Spinrad (1998; cit. por Hutman & Dapretto, 2009,

p.368), a empatia é o resultado da compreensão e apreensão do estado emocional ou

condição do outro; trata-se de uma reacção emocional muito semelhante à sentida pelo

outro. Por outro lado, outros autores (Eisenberg, 1989; Hoffman, 1981; cit. por Hojat,

Vergare, Maxwell, Brainard, Herrine, & Isenberg, 2009, p.1182) descrevem a empatia

como um constructo com características afectivas envolvendo os sentimentos, dor e

sofrimento de outra pessoa. Existem ainda uns terceiros para os quais a empatia engloba

atributos afectivos e cognitivos (Davis, 1983; Hodges, &Wegner, 1997; cit. por

Hojat,et. al, 2009, p.1182).

Assim, a empatia é descrita, frequentemente, como uma habilidade mental de

“calçar os sapatos do outro” de modo a compreender os seus sentimentos e emoções

(Goldman, 1993; cit. por Decety, & Lamm, 2006, p.1147). Do mesmo modo, para

alguns índios americanos este conceito era entendido como a experiência de sentir o que

o outro sente, traduzindo-se pela expressão “caminhar nos mocassins do outro” (Ivey,

Ivey, & Simek-Morgan, 1993 Lopes, 2009, p.19). Também há quem afirme que se trata

de uma inferência psicológica complexa resultante da combinação da observação,

memória, conhecimento e raciocínio, para compreender os pensamentos e sentimentos

dos outros (Ickes, 1997; cit. por Decety, & Lamm, 2006, p.1147).

A empatia implica sentir o que o outro sente (componente afectiva) e

compreender a experiência do outro (componente cognitiva). É consensual a definição

de empatia em três aspectos: trata-se de uma resposta afectiva perante outra pessoa que

implica, frequentemente, a partilha do estado emocional da outra pessoa; é uma

capacidade cognitiva de tomar a perspectiva da outra pessoa; e é ainda processo de

regulação da origem dos próprios sentimentos e das outras pessoas (e.g. Decety, &

Hodges, 2004; Eisenberg, 2000; cit. por Decety, & Jackson, 2004, p. 73).

Distinção entre empatia e simpatia

Antes de apresentar alguns dos modelos explicativos da empatia convém, desde

já, enfatizar a diferença entre empatia e simpatia, de modo a prevenir possíveis

sinónimos entre os dois conceitos.

Segundo Mussen e Eisenberg (2001; cit. por Kim, & Rohner, 2003, p.724) a

empatia pode ser entendida como uma reacção emocional idêntica ou muito semelhante

MARIANA
Realce
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6

a de outra pessoa, originada pela compreensão apropriada do estado interno dessa outra

pessoa; por outras palavras, é a capacidade de ´ler´ as emoções e perspectivas de outra

pessoa e compreendê-las sem julgar. Por sua vez, a simpatia é uma resposta emocional

ao estado de outra pessoa, na qual não é sentida a mesma emoção que a outra pessoa. A

simpatia opõe-se à empatia porque se trata basicamente de um atributo emocional que

envolve sentir intensamente a dor e o sofrimento do outro (Hojat, et al., 2009, p.1183),

isto é, em geral são sentimentos de tristeza e de lamento (Cecconello, & Koller, 2000,

p.77).

Como foi possível ver até agora, a empatia é um conceito com diversas

definições e grandes ambiguidades, quanto à sua definição e, como tal, existem diversos

modelos explicativos que são apresentados de seguida, resumidamente.

Modelos explicativos da empatia

Modelo integrativo da empatia de Vreeke e Mark (2003)

O modelo integrativo de Vreeke e Mark (2003) da empatia pressupõe que a

empatia pode ser entendida segundo 2 assumpções: primeiramente, o indivíduo deve

encontrar uma forma de responder e perceber os sentimentos dos outros, a sua dor, as

suas necessidades e o seu desconforto; e por outro lado, deve procurar responder num

contexto comunicacional, isto é, deve ser possuidor de competências relacionais. Deste

modo, a empatia não é concebida apenas a partir de uma pessoa, mas resulta da

interacção e relacionamento que ambas têm – envolve os processos socioculturais

(Vreeke, & Mark, 2003,p.178/179). Convém no entanto salientar que não significa que

exista uma resposta empática adequada a cada situação, mas procura-se perceber o tipo

de ajuda que a outra pessoa necessita dentro do sistema de valores daquele contexto. Os

autores defendem uma concepção afectiva da empatia, sendo que esta se inicia com a

necessidade de afiliação. Neste contexto, a afiliação surge como uma necessidade

básica, no sentido que as próprias crianças reagem ao sofrimento dos outros, como por

exemplo choro ou expressões faciais de tristeza (Vreeke, & Mark, 2003, p.181). Assim,

estas reacções primárias de empatia são a base para o desenvolvimento da empatia de

acordo com as diferenças individuais e o contexto social envolvente. Segundo este

modelo, a empatia organiza-se em três componentes psicológicos de forma a responder

às necessidades e à dor. Primeiramente, o contágio emocional está presente em crianças

muito pequenas e trata-se da simples reacção ao choro ou às expressões faciais não

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7

envolvendo a compreensão cognitiva destas expressões (Vreeke, & Mark, 2003, p.181);

a segunda componente psicológica, denominada Congruência emocional ou

emocionalidade paralela, refere-se à capacidade empática de uma pessoa percepcionar

a necessidade ou dor no outro, olhando para a situação sob a perspectiva do outro e,

consequentemente, sentir o que a outra pessoa está a sentir (ibidem, p. 184); por último,

as emoções reactivas perfazem o conceito de empatia porque esta não se traduz apenas

pelo sentir o pedido de ajuda do outro mas também pela acção de fornecer conforto e

oferecer algum suporte (ibidem, p.185).

Modelo de Davis (1983)

Este modelo aborda a empatia numa perspectiva multidimensional, abrangendo

componentes cognitivos, afectivos e comportamentais (cit. por Britton, & Fuendeling,

2005, p.519). Assim, a empatia é formada por 4 componentes: a capacidade cognitiva

de tomar o ponto de vista da outra pessoa, isto é, a capacidade de inferir com precisão

os sentimentos e os pensamentos de outra pessoa, sem necessariamente experimentar os

mesmos sentimentos, constitui a primeira componente denominada tomada de

perspectiva (perspective taking). A segunda componente, apelidada de preocupação

empática (empathic concern), reflecte a tendência para sentir simpatia ou preocupação

por alguém. Trata-se de uma componente afectiva onde existe um interesse genuíno em

atender às necessidades do outro. A angústia pessoal (personal distress) representa a

tendência para sentir „angústia‟ frente ao sofrimento ou acontecimentos negativos

vivenciados por outra pessoa (3ª componente). Finalmente, a fantasia constitui a 4ª

componente do modelo e caracteriza a habilidade para se envolver emocionalmente na

“ficção” ou “fantasias”, e adquirir habilidade de troca de perspectiva e resposta

emocional (Britton, & Fuendeling, 2005, p. 521).

Mais tarde, Davis e colaboradores (Davis, & Kraus, 1991; Davis, & Oathout,

1987, 1992; cit. por Davis, 1994) elaboraram uma abordagem contemporânea da

empatia argumentando que os indivíduos adquirem tendências estáveis nas

componentes tomada de perspectiva, preocupação empática e contágio emocional ou

angústia pessoal. Deste modo, uma pessoa com uma forte disposição para a tomada de

perspectiva tenderá a agir de diferentes formas com os outros e este agir será preditor da

qualidade das relações sociais estabelecidas com os outros. Por outras palavras, as

acções de um indivíduo vão afectar a forma como este é percepcionado pelos outros e,

posteriormente, esta percepção irá influenciar o tipo de relação estabelecida (social

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8

outcomes). Nesta perspectiva, o nosso comportamento social e, consequentemente, a

percepção que o outro tem desse mesmo comportamento, serão susceptíveis de originar

várias reacções, sentimentos e julgamentos, isto é, por um lado, a outra pessoa poderá

sentir-se ansiosa, depressiva ou sentir-se “só”, caso percepcione no outro um

comportamento social negativo ou menos favorável à sua condição (Davis, 1994,

p.178); e, por outro, pode gerar sentimentos positivos em relação ao outro se o

indivíduo percepciona que o outro gosta dele. Esta percepção, caso seja constatada a

maior parte das vezes, irá ser determinante na formação da popularidade do indivíduo

(ibidem, p.178-179). Por fim, convém salientar que este modelo foca que a resposta

social surge da percepção do outro perante um comportamento e não do comportamento

propriamente dito (ibidem, p.179).

Modelo de Decety e Jackson (2004)

Decety e Jackson (2004, p.75) propõem que a empatia envolve 3 componentes

funcionais que interagem entre si, entre elas: a inter-relação entre o eu (auto-

consciência) e o outro (consciência do outro), ou seja, apenas após a representação dos

próprios estados mentais, o indivíduo será capaz de inferir acerca do estado mental dos

outros; a segunda componente refere-se a um certa independência existente entre a auto-

consciência e consciência do outro, pois mesmo havendo uma identificação temporária

não existe confusão entre o “eu” e o “outro”. E por último, a flexibilidade mental para

adoptar a perspectiva do outro e capacidade de regulação da emoção “envolvida” na

preocupação com o outro (Decety, & Jackson, 2004, p. 75). Segundo os autores, as três

componentes acima descritas interagem entre si e é desta interacção que resultará a

experiência subjectiva de empatia.

A Teoria da Mente

No que se refere à esfera cognitiva da empatia, foi proposta na psicologia do

desenvolvimento uma teoria “A Teoria da Mente” (ToM). A teoria da mente é, de forma

simplista, a “habilidade de atribuir estados mentais a si próprio ou a outras pessoas” e é

a principal forma pela qual compreendemos ou predizemos o comportamento do outro”

(Baron-Cohen, Wheelwright, Burtenshaw, & Hobson, 2001, p. 242). Esta habilidade de

perceber o que os outros sentem tem um carácter cognitivo (Morton, Frith, & Leslie,

1991; cit. por Baron-Cohen, et al., 2001, p. 242) mas também se trata de uma aptidão

social presente em qualquer interacção humana (Baron-Cohen, Jolliffe, Mortimore, &

Robertson, 1999; cit. Baron-Cohen, et al., 2001 , p. 242). É importante salientar que esta

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teoria não se baseia apenas na identificação do estado mental e inferência da

causalidade.

Seguindo a linha de pensamento da teoria da mente, a habilidade de atribuir

estados mentais aos outros é constituída por duas fases: a primeira, fase de atribuição,

trata de reconhecer o estado mental da outra pessoa, isto é, é a habilidade mais básica de

empatizar (por exemplo, reconhecer se a pessoa está triste/alegre); numa segunda fase, a

fase subsequente, o sujeito procura a causa do estado mental da outra pessoa, ou seja,

trata-se de um processo de inferência da causalidade do estado em que a pessoa se

encontra (por exemplo, a pessoa está triste porque a mãe está doente) (Baron-Cohen, et

al., 2001, p. 242).

Tendo por base a Teoria da Mente, alguns autores (Baron-Cohen, Knickmeyer,

& Belmonte, 2005; Nettle, 2007) enunciaram uma formulação teórica denominada

“teoria de empatização-sistematização” 1 para perceber as possíveis causas do autismo.

De acordo com a teoria da empatização-sistematização as diferenças individuais são

expressas em dois estilos cognitivos. Especificando, cada pessoa posiciona-se ao longo

de um continuum onde os extremos seriam a empatização2 e a sistematização. A

empatização é entendida como a capacidade de “identificar as emoções e pensamentos

de outra pessoa e responder com a emoção apropriada” (Baron-Cohen, Richler, Bisarya,

Gurunathan, Wheelwright, 2003 , p.361). Por outro lado, a sistematização engloba a

capacidade de “analisar as variáveis de um sistema e formular as regras subjacentes que

regem o mesmo sistema” (Baron-Cohen, et al., 2003, p.361).

Conceptualização da empatia para profissionais da área social

Gerdes e Segal (2009) propuseram uma conceptualização da empatia conjugando

investigações das neurociências e da psicologia social e do desenvolvimento. De acordo

com este modelo, a empatia organiza-se em três componentes:

1 Tradução adoptada por Lopes (2009) do inglês “empathizing-systemizing theory” (Baron-Cohen,

Knickmeyer, & Belmonte, 2005; Nettle, 2007).

2 Empatização foi a tradução que Lopes (2009) empregou para o termo inglês “empathizing” sendo que

neste trabalho iremos, à semelhança do autor, adoptar este termo sempre que nos referimos ao conceito

“empathizing”.

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10

1. A resposta afectiva perante as acções e emoções do outro: representa a resposta

afectiva que é accionada perante a exposição a eventos externos incluindo a

resposta física involuntária e reacções emocionais;

2. O processamento cognitivo das respostas afectivas e perspectivas da outra

pessoa: trata-se do pensamento voluntário que procura interpretar as sensações

fisiológicas e os pensamentos “mirrors triggers”. Nesta componente inclui-se a

consciência de si e dos outros, flexibilidade mental e regulação emocional

permitindo entender as experiências de vida dos outros;

3. Acção empática com base numa decisão consciente (Gerdes, & Segal, 2009,

p.120/121): esta componente é entendida como o “dever” social em agir, isto é,

adopção de comportamentos de ajuda e não de simpatia ou piedade.

Assim, se entendermos a empatia como um fenómeno, torna-se possível enfatizá-la

como uma experiência que envolve componentes cognitivos, afectivos e elementos de

tomada de decisão (Gerdes, Jackson, Segal, & Mullins, 2011, p.116). Uma das

consequências mais básicas desta conceptualização da empatia para os aprendizes das

ciências sociais é oferecer oportunidades para os estudantes aumentarem as suas

repostas afectivas e tomada de perspectiva perante os clientes. É necessário fornecer aos

alunos “ferramentas”, bem como ensiná-los a usá-las, de modo a aumentar a

sensibilidade às emoções dos outros e para se orientarem na prática interventiva

(Gerdes, et al., 2011, p.118).

Existem profissionais, como por exemplo psicólogos, médicos, assistentes sociais

e/ou enfermeiros que necessitam ter níveis de empatia mais desenvolvidas, pois como já

referi anteriormente, em particular na psicologia trata-se de uma condição essencial no

processo terapêutico. Já em 1957, Rogers (1957; cit. por Lopes, 2009, p. 37), o grande

impulsionador da importância da empatia na psicologia clínica, reconheceu a

necessidade de determinadas condições na psicoterapia para a mudança, entre elas a

aceitação incondicional, a empatia e a genuinidade. Algumas abordagens, como a

Teoria Cognitivo-Comportamental (TCC), afirmam que o terapeuta empático é uma

condição fundamental para aplicação das técnicas cognitivas (Beck et al., 1997; Beck,

& Freeman, 1983: Beck, & Norcross, 2000; cit. por Lopes, 2009, p. 72) e nas teorias

humanistas a empatia é encarada como essencial ao processo de mudança terapêutica

(Rogers, 1957: cit. por Lopes, 2009, p. 72). Já em 1983, Gladstein (cit. por Trusty, Ng,

& Watts, 2005, p. 67) conclui que numa fase inicial de aconselhamento e para ajudar os

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11

pacientes a aumentar a auto-consciência a empatia emocional era essencial.

Posteriormente, outros estudos revelaram também uma associação positiva entre a

empatia emocional e os comportamentos de ajuda (Baston, Fultz, & Schoenrade, 1987;

cit. por Trusty, et al., 2005, p.67) no estabelecimento da aliança terapêutica entre

terapeuta e cliente (Grace, Kivlighan, & Knuce, 1995; cit. por Trusty, et al., 2005, p.

67). Baron-Cohen (2006) afirma que um bom psicoterapeuta deveria ter um equilíbrio

de sistematização e empatização. Isto porque a sistematização permitiria ordenar os

dados e fazer uma análise funcional elaborada dos mesmos e a empatização, por sua

vez, encarregar-se-ia de fazer com que o psicoterapeuta conseguisse perceber o mundo

do outro e o que sente, de certo modo “sintonizar na mesma frequência”.

Por conseguinte, significa que os profissionais de saúde têm necessidade de

desenvolver um pensamento mais empático ao longo da sua formação? E por outro

lado, segundo a teoria da mente, os engenheiros e matemáticos deverão desenvolver o

pensamento sistemático para se tornarem profissionais qualificados? À partida, os

psicólogos e outros profissionais de saúde deverão ao longo da sua formação ser

incentivados a desenvolver esta empatia que lhes é essencial à relação com o outro. Em

contrapartida, os engenheiros não têm necessidade de desenvolver esta empatia ao longo

da sua formação porque, futuramente, irão lidar com objectos e não com pessoas

(objecto de trabalho) como acontece com os profissionais de saúde. E quanto aos

médicos veterinários? O objecto de trabalho é o animal e a pessoa. Será que ao longo do

curso a empatia é estimulada? Alguns autores (e.g., Hojat et al., 2009, p.1186) têm

vindo a mostrar que nos cursos de medicina humana existe uma tendência para a

empatia diminuir devido a factores como a competição, elevada exigência para com os

alunos e o cumprimento de objectivos laborais no contexto profissional. Será que o

mesmo se verifica no curso de medicina veterinária?

Efectivamente, Myyry e Helkama (2001, p.35) realizaram um estudo com 138

estudantes onde investigaram diferenças na empatia (emocional) entre diferentes

estudantes universitários. Como seria de esperar, os estudantes das ciências sociais

apresentaram valores mais elevados na escala de empatia seguindo os de economia, e,

por último os alunos do curso de engenharia. Os estudos recentes, baseados na Teoria

da Mente, apontam para diferenças entre os profissionais de várias áreas quanto à

localização ao longo do espectro empatização-sistematização. Baron-Cohen e

colaboradores (2007, p. 128) verificaram com uma amostra de estudantes universitários

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12

que existe maior incidência de quadros autistas em matemáticos e familiares do que em

estudantes de medicina, direito e ciências sociais. Estes dados parecem ir ao encontro da

tendência de um estilo cognitivo sistemático nos profissionais da matemática. Um

estudo que reuniu 256 estudantes de artes, dança e engenharia verificou que os

estudantes de dança apresentavam maiores níveis de empatia, seguindo-se os

estudantes de engenharia e artes. Os autores afirmam que os baixos níveis de empatia

revelados pelo curso das engenharias poderá dever-se ao desequilíbrio do sexo com

predominância do sexo masculino. Foi feita uma análise aos poucos elementos do sexo

feminino deste curso e estas apresentaram valores de empatia quase tão elevados como

os estudantes de dança (Preti, et al., 2010, p.60).

Uma investigação na qual foram analisados os níveis de empatia no início e no

final do 1ºano dos cursos de farmácia, medicina dentária, medicina veterinária,

enfermagem e medicina humana concluíram que em todos eles houve um decréscimo da

empatia (Nunes, et al., 2011, p. 15). No entanto, Çinar e colaboradores (2007, p. 592)

apuraram também que a empatia diminui ao longo do 2º e 3º ano quando comparados

com o 1º ano, possivelmente, devido ao facto das aulas de comunicação terem um

carácter mais intensivo durante o primeiro ano (Çinar, et. al, 2007, p. 594). Os autores

contaram com uma amostra de 104 estudantes e concluíram ainda que, os valores

médios de empatia aumentaram no último ano do curso, apesar do decréscimo durante

o segundo e terceiro ano (Çinar, et al., 2007, p. 592). Mais recentemente, foram

investigados 6 cursos de saúde (equipas de emergência médica, enfermeiros, técnicos de

terapia ocupacional, fisioterapia, obstetrícia e ciências da saúde), sendo que os alunos de

enfermagem foram os que obtiveram valores superiores na escala de empatia. Foi

também avaliada a empatia no início e final do 1º ano denotando-se que houve, em geral

(em todos os cursos), um decréscimo da empatia no findar do primeiro ano de formação

(Boyle, et. al, 2010, p. 14).

A investigação nos cursos de psicologia parece apontar para o aumento da

empatia ao longo da formação académica. Carvalho (2010, p.8) investigou 20

estudantes de psicologia do 1º e último ano, concluindo que os estudantes do último ano

apresentavam valores médios superiores de empatia quando comparados com os do 1º

ano (Carvalho, 2010, p.8).

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13

Outros autores (Kuntze, van der Molen, & Born, 2009, p.181) procuraram

analisar diferenças em diferentes grupos de estudantes e aspirantes de psicologia, com e

sem treino de competências comunicacionais no sentido de perceber se o ensino da

empatia é uma solução viável para os estudantes das ciências sociais. A amostra era

constituída por três grupos: grupo dos estudantes na “universidade preparatória” para o

curso de psicologia (sem treino de competências comunicacionais de aconselhamento),

grupo de estudantes do 1º ano de psicologia com treino básico de competências e o

grupo de estudantes do 2º ano com treino avançado em competências de comunicação

de aconselhamento. O treino básico de competências era constituído pelos

encorajamentos mínimos, colocar questões, paráfrases, reprodução dos sentimentos em

espelho, a concretização que representa o conjunto de várias competências, súmula do

que o cliente disse e esclarecimento de situações ambíguas. Quanto ao treino avançado

de competências comunicativas era constituído pela empatia, confrontação,

directividade, visão positiva dos problemas, exemplos de vivências próprias de modo a

facilitar a interacção com os clientes (Kuntze, et al., 2009, p.176/177). Como seria de

esperar os estudantes com treino avançado em competências comunicacionais possuem

valores superiores em todas as competências de comunicação e especificamente na

empatia (Kuntze, et al., 2009, p.181). Em conformidade com o que foi dito, Lyons e

Hazler (2002; cit. por Courtright, Mackey, & Packand, 2009, p. 7) verificaram que

desde que a empatia seja desenvolvida e aprendida em turmas de “counseling” os alunos

do 2º ano apresentam valores superiores na escala de empatia quando comparados com

os alunos do 1º ano. O estudo longitudinal de Barr e Higgins-D´Alessandro (2009,

p.765) traz evidências de que, já no ensino secundário, é possível aumentar a empatia

em contexto escolar.

Sendo a empatia uma competência estritamente fundamental à formação de

profissionais de saúde, há por parte da entidade formadora uma preocupação em ensiná-

la aos seus alunos?

Em geral, a investigação (Hojat et al., 2009) nos estudantes de medicina tem

vindo a mostrar que os valores médios de empatia tendem a decrescer ao longo da

formação dos futuros médicos. Mesmo após um curso de treino de competências sociais

os estudantes de medicina parecem não apresentar diferenças significativas nos valores

de empatia entre o início e final do 5ºano (Tiuramieni, Läärä, Kyrö, & Lindeman, 2011,

p.154/155). No mesmo estudo foram ainda observadas as manifestações da empatia em

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14

estudantes que receberam, igualmente, treino de competências, constatando-se que

houve um aumento da empatia no final do 3º e 4º anos de psicologia em relação ao

início de cada ano.

Relação entre empatia e o género

A investigação tem vindo a mostrar que as mulheres são mais empáticas do que

os homens. A aplicação de vários instrumentos de avaliação da empatia revela

resultados idênticos. Há cerca de 30 anos atrás, Davis (1980; cit. por Lopes, 2009, p.

68), através do Interpersonal Reactivity Index (IRI), observou que as mulheres

apresentavam resultados mais elevados em todas as subescalas da empatia comparadas

com os homens.

Recentemente, vários estudos da empatia revelam que as mulheres, em geral, são

mais empáticas e apresentam mais comportamentos prossociais do que os homens

(Eisenberg, Fabes, & Spinrad, 2006; cit. por Kanat-Maymon, & Assor, 2010, p. 35). Já

em crianças, as meninas são tendencialmente mais empáticas do que os meninos. Este

facto parece ser explicado pelo papel da socialização na família, isto é, as meninas são

expostas a comportamentos maternos, tais como cuidar e dar conforto e, deste modo,

estas absorvem mais esta tendência para se preocuparem com os outros do que os

meninos (Zahn-Waxler, Cole, & Barrett, 1991; cit. por Cecconello e Koller, 2000,

p.87). Um estudo com jovens adultos, aos quais foi aplicado parcialmente o

Interpersonal Reactivity Index de Davis (1983; cit. Kanat-Maymon, & Assor, 2010,

p.36), indicou que as mulheres apresentam elevadas respostas empáticas para com os

outros perante situações de angústia em comparação com os homens (Kanat-Maymon,

& Assor, 2010, p.37/38).

Quanto aos estudos com estudantes universitários os resultados apontam na

mesma direcção, atribuindo às mulheres valores superiores de empatia. Um estudo

realizado com 459 estudantes das equipas de emergência médica, enfermeiros, técnicos

de terapia ocupacional, fisioterapia, obstetrícia e ciências da saúde dos 1º, 2º e terceiros

anos confirmou , mais uma vez, diferenças relativamente à variável sexo, isto é, as

mulheres apresentaram médias na escala de empatia significativamente superiores aos

homens (Boyle, et al., 2010, p. 14).

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15

Os estudos baseados na Teoria da Mente apoiam as diferenças entre os sexos

argumentando que, em média, as mulheres são mais empáticas e os homens mais

sistemáticos; no entanto, existem grandes variações em ambas as dimensões. Estes

estudos foram realizados com o Empathizing Quotient Test (EQ) (Baron-Cohen, &

Wheelwright, 2004) e pelo Systemizing Quotient Test (SQ) (Baron-Cohen, et al., 2003).

Quanto à escala de empatia médica de Jefferson, um estudo que avaliou a

empatia em estudantes dos cursos de farmácia, medicina dentária, medicina veterinária,

enfermagem, e medicina humana revelou, identicamente, que as mulheres obtiveram

valores de empatia mais elevados. Neste estudo foi ainda estudada a variável idade e foi

possível apurar que os estudantes com mais de 27 anos obtiveram valores de empatia

superiores quando comparados com os alunos com idade inferior aos 21 anos (Nunes,et

al., 2011, p. 15).

Seguidamente, é apresentada uma breve descrição de alguns instrumentos de

avaliação da empatia para aprofundar o conhecimento acerca da apreciação deste

conceito.

Instrumentos de avaliação da empatia

Hogan (1969; cit. por Davis, 1994, p. 54) desenvolveu uma escala de avaliação

da empatia baseado na perspectiva cognitiva da empatia. A Hogan´s Empathy Scale

(EM) é constituída por 64 itens. Parece apresentar um índice de consistência interna

aceitável mas existe contudo alguma ambiguidade quanto ao que a escala avalia

realmente principalmente quando são originados factores como “auto-confiança”,

“temperamento”, “sensibilidade” e “inconformismo”.

Quanto à dimensão afectiva, o QMEE (Questionnaire Measures of Emotional

Empathy) é o instrumento mais utilizado para avaliar esta dimensão da empatia. Foi

criado por Mehrabian e Epstein (1972; cit. por Davis, 1994, p.55) e foi desenhado para

avaliar a tendência para reagir emocionalmente às experiências observados nas outras

pessoas. Esta escala contém sete subescalas: a susceptibilidade para o contágio

emocional, tendência em agir pelas experiências positivas e negativas dos outros (2

subescalas), tendência para simpatizar, disponibilidade para o contacto com pessoas

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16

com problemas, apreciação dos sentimentos de estranhos e extrema responsividade

emocional (Davis, 1994, p.55).

Como foi referido anteriormente, alguns autores entendem o conceito de empatia

numa perspectiva multidimensional, o que significa que este conceito deve ser

entendido tendo em conta a componente afectiva e cognitiva. A Escala

Multidimensional de Reactividade Interpessoal de Davis (EMRI; originalmente, The

Interpersonal Reactivity Index (IRI), Davis 1980; cit. por Davis 1994, p.55) é uma das

escalas elaboradas tendo por base mais do que uma dimensão. É constituída por 4

subescalas com 7 itens cada. A Tomada de perspectiva é uma das subescalas que indica

a tendência para adoptar o ponto de vista psicológico dos outros; a preocupação

empática, reflecte a tendência para experienciar sentimentos de compaixão e simpatia

pela “desgraça” dos outros; a 3ª subescala é a angústia pessoal e representa a tendência

para sentir desconforto ou angústia em resposta à angústia dos outros. Por último, a

fantasia pode ser entendida como a tendência para imaginar os próprios sentimentos em

situações fictícias. Esta escala parece apresentar um bom índice de consistência interna,

α de Cronbach entre 0,70 e 0,78 (Davis, 1994, p.57).

A Jefferson Scale of Physician Empathy ou Escala de Empatia médica de

Jefferson (Aguiar, Salgueira, Frada, & Costa, 2009) é uma escala de auto-relato

formada por 20 itens que foi desenvolvida para avaliar a empatia médica. As respostas

são dados numa escala do tipo Likert em que 1 representa discordo fortemente e 7

representa concordo fortemente. Este instrumento envolve maioritariamente a

componente cognitiva da empatia. É constituído por três factores: a tomada de

perspectiva, com 10 itens; o segundo factor, a compaixão, formada por 7 itens e o

terceiro factor, designado “capacidade de se colocar no lugar do paciente” com apenas 2

itens. Quanto maior for o resultado da escala maior será a empatia médica. Esta escala

foi validada por Aguiar e colaboradores, em 2009, para a população portuguesa.

Na segunda parte deste trabalho serão descritos mais dois instrumentos de

avaliação da empatia, o Inventário da Empatia (Falcone, et al., 2008) e a Escala Básica

de Empatia (Jolliffe, & Farrigton, 2006), dado que são parte constituinte do estudo

empírico do presente trabalho.

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17

Vinculação

A vinculação é caracterizada pela procura e manutenção da proximidade de um

outro indivíduo (Bowlby, 1969/2002, p. 240). Segundo Bowlby (2002, p.222), a

vinculação deve ser assumida como um comportamento social da mesma relevância que

o comportamento de acasalamento e do parental, isto é, a vinculação tem uma função

biológica. John Bowlby, o grande impulsionador da teoria da vinculação, explica que

existem quatro padrões do comportamento que contribuem para a vinculação, entre eles,

o sugar (sucção), o seguir, o chorar e o sorrir. Entre os 9 e 18 meses, estes quatro

sistemas comportamentais que implicam a proximidade da criança com a mãe vão ser

determinantes para orientar o tipo de vinculação adquirida pela criança (Bowlby, 2002,

p. 223). Assim, a criança organiza uma série de expectativas acerca de si, dos outros e

do mundo, e a curto prazo consegue prever e interpretar o comportamento da figura de

vinculação. Este processo denomina-se modelo de representação interno. Mais tarde,

estes modelos de representação do eu e dos outros servirão como guias orientadores das

relações interpessoais (Canavarro, Dias, & Lima, 2006, p. 6).

Mary Ainsworth deu também um grande contributo com os seus estudos sobre a

vinculação. Em 1963 e 1967 (cit. por Bowlby, 2002, p.247), em Uganda, realizou um

estudo com bebés africanos denominado de Situação Estranha (Bowlby, 2002,pp.417).

Ainsworth dá especial relevo à segurança da vinculação numa criança. Se a criança

considera a sua mãe uma base segura, então, esta consegue tornar-se exploradora do

meio que a envolve, sem se preocupar com a ausência da mãe, com a chegada de um

estranho e após o regresso da mãe acolhe-a calorosamente. Por outro lado, existem

crianças que são extremamente apegadas às mães e, consequentemente, não exploram o

meio, ficando perturbadas com a presença de estranhos mesmo quando a mãe está

presente; chegam mesmo a sentir-se desorientadas e desamparadas quando a mãe está

ausente e aquando do seu regresso tornam-se relutantes à sua presença (Bowlby, 2002,

p.418). Este tipo de vinculação é comummente designado de vinculação insegura.

Como referido anteriormente, após a ausência e posterior regresso da mãe a criança com

padrão de vinculação “segura” manifesta um comportamento acolhedor à mãe. No

entanto, as crianças com vinculação insegura distinguem-se das primeiras porque

adoptam dois destes possíveis comportamentos: podem apresentar um aparente

desinteresse e/ou evitamento da mãe, ou podem ainda apresentar um “comportamento

ambivalente”, isto é, querem estar com a mãe mas também resistem à sua presença

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18

(Bowlby, 2002, p.418). Daí resultam, respectivamente, dois padrões de vinculação

insegura, os ansiosos-evitantes e os ansioso- ambivalentes (ibidem, p.419).

O apego de uma criança aos pais vai sofrendo alterações durante a adolescência,

ou seja, outros adultos podem passar a ter a mesma relevância que os pais enquanto

figuras de vinculação. Bowlby afirma que existem três tipos de adolescentes: aqueles

que se desligam inteiramente dos pais; os que permanecem extremamente apegados e

são incapazes de dirigir os vínculos para outras pessoas; e, por último, que representa a

grande maioria, a vinculação aos pais permanece e os vínculos com outras pessoas

tornam-se também extremamente importantes (ibidem, p. 256). Em suma, para uma

grande parte dos indivíduos o vínculo aos pais mantêm-se na vida adulta, tem

implicações no comportamento de vários modos (ibidem, p.256) e serve de guia para as

experiências relacionais (ibidem, p.257). Segundo Shaver e Mikunlincer (2000; cit. por

Canavarro, et al., 2006, p. 6), a vinculação no adulto surge conceptualizada de três

formas: emerge de situações de stress à procura do contacto com a figura de vinculação;

como uma propensão para estabelecer relações de vinculação semelhantes ao longo da

vida e a vinculação nas relações como forma de interagir com os outros.

Neste trabalho será estudada como uma tendência para estabelecer relações de

vinculação semelhantes ao longo da vida.

Modelo do “eu” e dos outros da vinculação do adulto (Bartholomew, &

Horowitz, 1991, p. 227/228).

O Modelo do “eu” e dos outros da vinculação do adulto é considerado uma

referência e baseia-se na interacção da “ansiedade” e do “evitamento” de forma

dicotómica, resultando dessa interacção quatro tipos de padrões de vinculação. Os

modelos negativos do “eu” estão relacionados com a ansiedade, dependência e

preocupação com as relações, enquanto que os modelos negativos do “outro” indicam

evitamento da ruptura das relações. Deste modo, o padrão de vinculação “preocupado”

resulta de elevados níveis de ansiedade e baixos níveis de evitamento. Por sua vez, o

padrão “desligado” ou “desinvestido” caracteriza os indivíduos que apresentam baixos

níveis de ansiedade mas altos níveis de evitamento. Quanto ao padrão de vinculação

“amedrontado” é característico de indivíduos com altos níveis de evitamento e de

ansiedade e antagonicamente o padrão de vinculação seguro representa os indivíduos

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19

com baixos níveis de ansiedade e de evitamento. Relativamente aos modelos, os

padrões “preocupado” e “amedrontado” incluem-se nos modelos negativos do “eu” e os

padrões “desligado” e “amedrontado” pertencem aos modelos negativos do outro. O

padrão “seguro” insere-se quer no modelo positivo do “eu” quer no modelo positivo dos

outros.

MO

DE

LO

DO

OU

TR

O

(EV

ITA

ME

NT

O)

MODELO DO “EU”

(DEPENDÊNCIA)

Positivo

(baixo)

Positivo

(baixo)

Negativo

(alto)

SEGURO

Confortável com

intimidade e autonomia

PREOCUPADO

Preocupado com as

relações

Negativo

(alto)

DESLIGADO

Desligado da intimidade e

contra dependências

AMEDRONTADO

Amedrontado para a

intimidade e evitamento

social

Figura 1: Modelo de Vinculação do Adulto (Bartholomew, & Horowitz, 1991, p. 227).

Na Turquia, uma investigação realizada com estudantes da faculdade de

educação, verificou que os homens quando comparados com as mulheres apresentam,

em média, valores superiores na vinculação segura mas, em contrapartida, as mulheres

apresentam valores superiores no padrão de vinculação “Amedrontado” (Karairmak, &

Duran, 2008, p. 226). Bartholomew e Horowitz (1991, p.237) constataram que

estudantes psicologia que eram classificados na categoria de preocupado quanto ao

padrão de vinculação eram altamente sociáveis e ainda que, apesar de apresentarem

mais angústia interpessoal (interpersonal distress) conseguem obter bons

relacionamentos interpessoais íntimos. Assim, a ansiedade não deve ser encarada como

algo totalmente negativo em relação à empatia emocional.

De acordo com alguns autores, as relações de vinculação contribuem para o

desenvolvimento da empatia e para o funcionamento interpessoal (Fonagy, Gergely,

Jurist, & Target, 2002; cit. por Woods, & Riggs, 2008, p. 262). Seguidamente, será

apresentada uma breve reflexão acerca da investigação da relação entre os padrões de

vinculação e a empatia.

Vinculação e empatia

Segundo Mikulincer e Shaver (2003; cit. por Gillath, et al., 2005, p. 426) os

padrões de vinculação podem ser entendidos como preditores de inúmeros processos e

Page 31: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

20

fenómenos psicológicos entre eles, esquemas sociais e do “eu”, auto-regulação do stress

e das emoções, a qualidade das relações com os parceiros, motivação sexual bem como

as reacções à ruptura de uma relação ou perda de alguém. Os indivíduos com padrão de

vinculação segura apresentam uma concepção positiva de si e dos outros, curiosidade e

interesse na exploração, maior capacidade receptiva e flexibilidade cognitiva, saúde

mental e satisfação nas relações (Mikulincer e Shaver ,2003; cit. por Gillath, et al.,

2005, p.426). Alguns autores (Weinfield, Sroufe, Egeland, & Carlson, 1999; cit. por

Woods, & Riggs, 2008, p. 262) afirmam que o padrão de vinculação segura é essencial

para o desenvolvimento da empatia tendo em conta que a criança age em sintonia com

as respostas dos seus cuidadores. Quer a vinculação segura quer a empatia implicam a

vontade de aproximação do outro e ambos servem para facilitar os relacionamentos

interpessoais (Joireman, Needham, & Cummings, 2001; cit. por Woods, & Riggs, 2008,

p. 261).

Um estudo realizado com 143 estudantes que participavam de um programa de

counseling, constatou que a vinculação segura parece estar associada com elevados

valores de empatia. É curioso que os autores analisaram que indivíduos com baixos

níveis de evitamento mas altos níveis de ansiedade na vinculação apresentavam altos

níveis de empatia (Trusty, Ng, & Watts, 2005,p. 74). No modelo de representação do

“eu” e dos outros, estes indivíduos correspondem ao padrão de vinculação preocupado

e, como tal, este padrão de vinculação insere-se no modelo negativo do eu. Os altos

níveis de empatia observados nestes estudantes poderá estar relacionado com o facto de

estes estudantes não apresentarem um modelo representacional negativo dos outros.

Estudos mostram que vinculação segura aos pais, mas não às mães, está

associada a comportamentos prossociais (Kerns, & Barth, 1995 cit. por Nickerson,

Mele, & Princiotta, 2008, p.690) e com a diminuição dos conflitos entre pares

(Ducharme, Doyle, & Markiewicz, 2002; cit. por Nickerson, et al., 2008, p.690). A

teoria da vinculação sugere que a vinculação insegura é impeditiva do altruísmo e por

outro lado, a vinculação segura promove a empatia e o altruísmo (Gillath, et al., 2005, p.

427). Os estudos revelam que elevados valores de vinculação de evitamento estão

negativamente associados com reacções empáticas de sofrimento para com o outro

(Mikulincer, Gillath, Halevy, Avihou, Avidan, & Eshkoli, 2001; cit. por Gillath, et al.,

2005, p.427). Porém, elevados valores na dimensão ansiedade da vinculação parecem

estar associados com angústia pessoal em resposta ao sofrimento dos outros mas não

Page 32: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

21

com a acção de ajudar no momento (Mikulincer, Gillath, Sapir-Lavid, Yaakobi, Arias,

Tal-Aloni et al., 2003; cit. por Gillath, et al., 2005, p. 427).

Os cuidados parentais parecem ter também uma influência indirecta na empatia,

isto é, os fracos cuidados parentais parecem ser geradores de angústia pessoal no

homem e pensa-se que poderá ter efeitos na empatia (Also, Chambers, Power, Loucks,

& Swanson, 2001; cit. por Britton, & Fuendeling, 2005, p. 522). No entanto, a

superprotecção maternal está também associada com comportamentos anti-sociais quer

no homem quer na mulher sendo que a superprotecção pode ser encarada negativamente

no que diz respeito à tomada de perspectiva e à preocupação empática (Reti, Samuels,

Eaton, Bienvu, Costa, & Nestadt, 2002; cit. por Britton, & Fuendeling, 2005, p.522).

As crianças com padrões de vinculação seguros apresentam mais respostas

empáticas do que crianças com vinculação insegura em resposta a uma experiência de

angústia pessoal simulada (Van Der Mark, Ijzendoorn, Bakermans-Kranenburg, 2002

cit. por Hutman, & Dapretto, 2009, p. 371). Outro aspecto que parece ser preditor das

tendências empáticas e de comportamentos prossociais (com por exemplo, sentir

compaixão pelo outro) é o suporte maternal, especificamente, a resposta materna

perante angústia “distress” da criança (Davidov, &Grusec, 2006; cit. por Kanat-

Maymon, & Assor, 2010, p.33) ou seja, a mãe deve ser capaz de responder de forma a

reduzir a angústia da criança, ser tolerante e sensível.

Formulação dos objectivos de investigação

Decorrente do exposto, formulámos os seguintes objectivos:

a) Estudar o grau de empatia nos sujeitos segundo o tipo de formação académica em

curso: psicologia, serviço social, enfermagem, medicina veterinária, engenharia civil,

engenharia das energias, engenharia agronómica e engenharia electrotécnica e de

computadores;

b) Averiguar se a formação académica em curso discrimina os sujeitos nos valores de

empatia entre os diferentes cursos em análise;

Page 33: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

22

c) Analisar a existência de diferenças nos valores de empatia entre o primeiro

ano e último de cada curso; este objectivo tem por finalidade verificar se existe ou não

evolução da empatia durante a formação académica adquirida ao longo do curso;

d) Analisar o efeito da variável género na empatia;

e) Analisar se a diferentes padrões de vinculação caraterísticos dos sujeitos

correspondem diferentes facetas e diferentes graus de empatia.

Page 34: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

23

PARTE II

ESTUDO EMPÍRICO

Page 35: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

24

METODOLOGIA

Caracterização da amostra

A amostra do presente estudo é constituído por 533 estudantes universitários,

dos quais 166 (31.1%) são do género masculino e 367 (68.9%) são do género feminino.

Quanto à idade, a amostra está compreendida entre os 17 e 53 anos e a média é de 21.24

anos. No que se refere à distribuição por cursos verifica-se que 301 estudantes

frequentam o 1º ano universitário e 232 o último ano (138 do 3º ano, 54 do 4ºano e 40

do 5ºano). Especificamente, do curso de psicologia foram inquiridos 58 alunos do 1º

ano e 34 alunos do 3º ano; do curso de serviço social, 35 alunos e 42 alunos constituem

o 1º e 3º ano, respectivamente; dos cursos de enfermagem e medicina veterinária foram

estudados 70 e 24 alunos do 1º ano (respectivamente) e 54 e 40 estudantes do 4º

(enfermagem) e 5º ano (medicina veterinária). Quantos aos cursos das Engenharias,

foram recrutados 44 do 1ºano e 23 do 3ºano de Civil, 27 (1º) e 10 (3º) de agronómica,

29 do 1ºano e 16 do 3º ano de Energias e por fim, 14 alunos do 1ºano e 13 do 3º de

Engenharia electrotécnica e computadores.

Os alunos foram também inquiridos acerca do local de residência (com quem vive?)

verificando-se que 79.4 % vivem com os pais, 6.2 % com familiares, 8.4% com amigos

e apenas 6.0 % vivem sozinhos ou de outro modo que não se inserem nas categorias

acima referidas. Foi também alvo desta investigação, o estado civil dos pais

averiguando-se que a grande maioria são casados (87.2 %), 7.7% são divorciados, 3.6%

são viúvos (as) e igualmente com 0.8 % estão em união de facto e encontra-se noutra

situação civil que não abrange as categorias definidas. Por fim, 88 dos inquiridos são

filhos únicos, 187 e 197 são, respectivamente, o 1º e 2º filho, os 3ºfilhos representa 46

estudantes da amostra e apenas 11, 3, 2 e 1, respectivamente, representam o 4º,5º, 6º e

7º filho da fratria.

Page 36: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

25

Tabela 1: Frequências dos alunos por cursos em cada ano

Tabela 2: Estatística descritiva para a variável idade

Tabela 3: Percentagem de estudantes para as variáveis sociodemográficas género, estado civil dos pais,

“com quem vive” e posição na fratria.

N= 533 %

Género Masculino 31.1

Feminino 68.9

Estado civil dos pais Casados 87.2

Divorciados 7.7

Viúvo 3.6

União de facto 0.8

Outro 0.8

Com quem vive Pais 79.4

Familiares 6.2

Amigos 8.4

Outros 6.0

Posição na fratria Filho único 16.5

1º filho 35.1

2º filho 36.6

3ºfilho 8.6

4ºfilho 2.1

5ºfilho 0.6

6ºfilho 0.4

7ºfilho 0.2

Metodologia de recolha dos dados

Este estudo é do tipo transversal, uma vez que os seus dados foram recolhidos

num único momento. Está assente numa perspectiva ética e modelo nomotético,

procurando a compreensão de padrões gerais de comportamento e a generalização dos

resultados. A recolha dos dados decorreu durante o mês de Dezembro, Fevereiro e

Março tendo em conta que no mês de Janeiro decorreu o período de exames dos

estudantes e não foi possível aplicar questionários durante este período de tempo.

Cursos 1ºano 3º/4º/5ºano Total

Psicologia 58 34 92

Serviço Social 35 42 77

Enfermagem 70 54 124

Medicina Veterinária 24 40 64

Engenharia civil 44 23 67

Engenharia Agronómica 27 10 37

Engenharia das energias 29 16 45

Engenharia electrotécnica e de computadores 14 13 27

N 301 232 533

Mínimo Máximo Média Desvio padrão

Idade 17 53 21.24 4.43

Page 37: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

26

Inicialmente, foram contactados os directores de cada curso sendo-lhes solicitada

formalmente através de pedido a autorização para recolha de dados nos cursos.

Posteriormente, foram contactados alguns professores (já sensibilizados pelos directores

para a investigação em decurso) que se disponibilizaram a ceder 15 minutos das suas

aulas para aplicação do protocolo de investigação aos estudantes. Foi salientado nas

várias turmas que se tratava de um estudo confidencial, anónimo e de carácter

voluntário.

Foram excluídos alguns questionários dado que o seu preenchimento encontrava-se

incompleto ou cujo preenchimento parecia ter sido feita de forma aleatória.

Operacionalização das hipóteses de investigação e procedimentos estatísticos

subjacentes

Seguidamente são formuladas as hipóteses de investigação descrevendo para

cada hipótese o procedimento estatístico aplicado.

Antes da análise inferencial foi testada a assimetria (skewness) e a curtose, para

perceber se a distribuição dos resultados para cada variável dependente se a amostra em

análise segue uma distribuição normal ou não. Posteriormente esta informação foi útil

para tomar a decisão de aplicação de testes paramétricos ou não paramétricos.

H01: Os estudantes dos cursos de psicologia, medicina veterinária, serviço

social, enfermagem, engenharia agronómica, engenharia civil, engenharia das energias e

engenharia electrotécnica de computadores apresentam valores médios de empatia

idênticos, sem diferenças estatisticamente significativas (no Inventário de Empatia,

Factor Cognitivo e Factor Afectivo da Empatia).

H11: A formação académica dos estudantes dos diversos cursos em estudo

discrimina a empatia dos estudantes universitários.

Variáveis preditoras (independentes):

-variável curso (psicologia, serviço social, enfermagem, medicina veterinária,

engenharia civil, engenharia das energias, engenharia agronómica e engenharia

electrotécnica e de computadores)

Variáveis dependentes:

Page 38: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

27

- variável inventário de empatia, factor cognitivo da empatia, factor afectivo da

empatia.

A primeira hipótese tem por intuito perceber se a empatia difere em cada curso.

Especificamente, os cursos de psicologia, serviço social, enfermagem e medicina

veterinária devem ser promotores da empatia para o bom desenvolvimento profissional

dos seus estudantes. Esta hipótese será testada através da análise da variância (ANOVA)

e, posteriormente, será feita uma análise Post Hoc quer para o Inventário de Empatia

quer para a Escala Básica de Empatia (factor cognitivo e factor afectivo da empatia).

H02: Ao longo da formação académica a empatia mantém-se constante, sem

qualquer evolução significativa do primeiro para o último ano.

H12: Os estudantes dos cursos em análise apresentam aumentos estatisticamente

significativos da empatia, entre o 1º e último ano de formação.

Variáveis preditoras (independentes):

-variável curso (psicologia, serviço social, enfermagem, medicina veterinária,

engenharia civil, engenharia das energias, engenharia agronómica e engenharia

electrotécnica e de computadores)

-variável Ano do Curso (primeiro e último ano de cada curso em estudo)

Variáveis dependentes:

-variável inventário de empatia, factor cognitivo da empatia, factor afectivo da

empatia.

Na segunda hipótese pretende-se perceber se existe aumento da empatia entre o

1º e último ano de cada curso. Para tal, utilizar-se-á uma Análise de Variância

Multivariada (MANOVA).

H03: A idade não é discriminatória dos valores da empatia apresentados pelos

estudantes universitários.

Page 39: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

28

H13: A idade e a empatia correlacionam-se positivamente, isto é, à medida que a

idade aumenta verifica-se que a empatia aumenta igualmente.

Variáveis preditoras (independentes):

-variável idade (idade dos estudantes)

Variáveis dependentes:

- variável inventário de empatia, factor cognitivo da empatia, factor afectivo da

empatia.

A terceira hipótese de investigação vai ser estudada pela análise correlacional,

coeficente de correlação de Pearson (R de Pearson,) entre a idade e a empatia para os

dois instrumentos de avaliação da mesma, Inventário de Empatia e Escala Básica de

Empatia (factor Cognitivo e factor Afectivo da empatia).

H04: A variável empatia apresenta valores idênticos para os homens e mulheres.

H14: As mulheres obtêm valores médios superiores de empatia em relação aos

homens.

Variáveis preditoras (independentes):

-variável género (masculino e feminino)

Variáveis dependentes:

- variável inventário de empatia, factor cognitivo da empatia, factor afectivo da

empatia.

A relação entre a empatia e o género vai ser analisada com recurso a análise de

variância (ANOVA).

H05: Os estudantes universitários com padrões de vinculação “seguro”,

“inseguro evitante” e “inseguro ansioso” apresentam valores médios de empatia

idênticos.

Page 40: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

29

H15: Os estudantes com padrão de vinculação “seguro” apresentam, em média,

valores superiores de empatia quando comparados com os padrões de vinculação

inseguros.

Variáveis preditoras (independentes):

-variável padrão de vinculação (“seguro” e “inseguro”)

Variáveis dependentes:

- variável inventário de empatia, factor cognitivo da empatia, factor afectivo da

empatia.

Os padrões de vinculação (seguro e inseguro) que os estudantes estabelecem e os

valores médios de empatia (Inventário de Empatia e Escala Básica de Empatia)

apresentados em cada padrão serão estudados, igualmente, através da Análise da

Variância (ANOVA) dado que é o procedimento adequado aquando da análise

comparativa de médias entre dois ou mais grupos.

Caracterização dos instrumentos de recolha de dados

Inventário de Empatia (I.E). O Inventário de Empatia da autoria de Falcone,

Ferreira e colaboradores (2008; Autorização de utilização foi dada pela autora a F.

Cardoso e M. Simões no âmbito do projeto “Contributos para uma teoria da

afectividade”), foi construído com base em vários estudos (Bedell, & Lennox, 1997;

Bellack, 1997; Caballo, 1993; Davis, 1980; Del Prette, & Del Prette, 1998; Hogan,

1969; Ickes, 1997; Levenson, & Gottman, 1978; Mehrabian, & Epstein, 1972;

Thompson, 1992; cit. por Falcone, et al., 2008). A partir dessa revisão foram

identificadas 16 situações sociais e habilidades empáticas em determinadas situações.

Dessas 16 situações foram elaborados 74 itens tendo por base uma perspectiva

multidimensional da empatia. As 16 situações sociais bem como o respectivo número de

itens atribuídos são:

1. Iniciar uma conversa, 2 itens;

2. Manter uma conversa, 5 itens;

3. Encerrar uma Conversa, 2 itens;

Page 41: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

30

4. Fazer um pedido sem conflito de interesse, 4 itens;

5. Fazer um pedido com conflito de interesse, 6 itens;

6. Pedir mudanças de comportamento, 7 itens;

7. Recusar pedido, 4 itens;

8. Responder às críticas, 9 itens;

9. Expressar opiniões pessoais, 7 itens;

10. Conversar com alguém que está revelando um problema, 6 item;

11. Fazer perguntas, 4 itens;

12. Fazer cumprimento, 3 itens;

13. Cobrar dívida, 5 itens;

14. Terminar relacionamentos, 4 itens;

15. Expressar sentimentos negativos, 3 itens;

16. Expressar sentimentos positivos, 3 itens;

O I.E. é inventário de auto-relato na qual as respostas são dadas numa escala do tipo

Likert onde 1- representa nunca e 5- representa sempre. Quanto maior for a pontuação

mais elevados serão os valores de empatia. Após a análise das características

psicométricas do I.E., os autores constataram que a versão final seria composta por 40

itens agrupados em 4 factores. O primeiro factor intitula-se “tomada de perspectiva” e é

constituído por 12 itens directos; o 2º factor contém 10 itens invertidos apelidado de

“flexibilidade Interpessoal”. O 3º factor denomina-se “Altruísmo” e é constituído por 9

itens em que dois deles são directos e os restantes são inversos. Quanto ao último e 4º

factor, a Sensibilidade Afectiva é constituída por 9 itens directos. A escala apresenta

uma boa consistência interna sendo que apresenta os seguintes α de Cronbach: 1º factor

=0.85, 2º factor = 0.78, 3º factor= 0.75 e 4º factor= 0.72. os itens invertidos são: 3, 4,5,

8, 9, 13,16,19,22,24,26, 30,32,35,38,40.

Pela impossibilidade de se realizar uma análise factorial confirmatória, optámos

por estudar a fidedignidade das escalas, dado pelo alfa de Cronbach e adoptando a

mesma estrutura factorial dos autores.

A análise do Inventário de Empatia apresenta um índice de consistência interna

geral bom (α=0.84). Na subescala “Altruísmo” o índice de consistência interna é fraco

(α=0.67) e a subescala “sensibilidade afectiva”apresenta um valor considerado razoável

(α=0.78). No entanto, nas duas restantes subescalas o índice de precisão é já

Page 42: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

31

considerado bom (“Tomada de perspectiva”, α=0.86; “Flexibilidade Interpessoal”,

α=0.80). Neste trabalho vamos considerar o Inventário de Empatia como uma escala

unidimensional. Os valores obtidos aproximam-se dos obtidos por Falcone e

colaboradores (2008) na validação do instrumento para a população brasileira.

Escala Básica de Empatia (BES). A Basic Empathy Scale foi desenvolvida numa

amostra da população inglesa por Jollife e Farrington (2006; autorização de utilização

foi dada pelo autor a F. Cardoso e M. Simões no âmbito do projecto “Contributos para

uma teoria da afectividade”. Esta escala é baseada na definição de empatia de Cohen e

Strayer (1996; cit. por Jolliffe, & Farrington, 2006); que define a empatia como “a

compreensão e partilha do estado emocional ou contexto do outro” (p.523). Os autores

utilizaram 4 emoções básicas para desenvolver a escala: o medo, a tristeza, a raiva e a

alegria. Após a análise psicométrica originaram-se 20 itens. A amostra de validação da

escala foi constituída por 363 adolescentes, 194 do sexo masculino e 169 do sexo

feminino. Pontuações elevadas na escala representam valores elevados de empatia. A

resposta à escala é dada numa escala de tipo Likert onde o 1- representa extremamente

em desacordo e 5 representa extremamente em acordo. Na aplicação da BES na amostra

do presente estudo, a escala foi invertida representando o 1- extremamente de acordo e

5- extremamente em desacordo.

Através da análise factorial confirmatória, os autores verificaram que a BES

mede a empatia através de 2 factores: o afectivo (11 itens), com α = 0.85 e o cognitivo

(9 itens), α = 0.79. Os itens 1, 6, 7, 8, 13, 18, 19, 20 são itens invertidos. Há evidências

de que as mulheres alcançam pontuações superiores aos homens na BES.

Á semelhança de Jolliffe e Farrington (2006), o factor cognitivo (α = 0.82) e

afectivo (α = 0.74) apresentam índices de consistência interna dentro do intervalo

considerado aceitável.

Tabela 4: Valores do coeficente de α de Cronbach das escalas de empatia

α de Cronbach Estudo actual Falcone e cols (2008)

Inventário de Empatia 0.84

Tomada de Perspectiva 0.86 0.85

Flexibilidade Interpessoal 0.80 0.78

Altruísmo 0.67 0.75

Sensibilidade Afectiva 0.78 0.72

Escala Básica de Empatia Estudo actual Jolliffe e Farrington (2006)

Factor cognitivo 0.82 0.79

Factor afectivo 0.74 0.85

Page 43: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

32

Escala de vinculação do Adulto (EVA). A EVA foi traduzida e validada para a

população portuguesa por Canavarro (1997 cit. por Canavarro, et al., 2006) sendo que a

escala original Adult Attachement Scale é da autoria de Collins e Read (1990). As

dimensões que compõem a EVA são:

1. Conforto com a proximidade, que avalia o nível de conforto do indivíduo ao

estabelecer relações próximas e íntimas;

2. Confiança em depender, que avalia se o indivíduo sente e pode depender dos

outros em situações que necessitam deles;

3. Ansiedade de abandono, que avalia o grau em que o indivíduo se sente

preocupado com a possibilidade ser abandonado ou rejeitado. Este questionário

é formado por 18 itens com uma escala do tipo Likert de 5 pontos onde 1

representa nada característico em mim e 5 representa extremamente

característico em mim. Os índices de consistência interna apresentados são:

Factor 1 = 0.80, Factor 2 = 0.54 e Factor 3 = 0.70.

Os itens 2, 7, 8, 13, 16, 17 e 18 são itens invertidos.

A análise da consistência interna da Escala de Vinculação do Adulto revelou que

a subescala “Ansiedade de abandono” apresenta um bom alfa de Cronbach (α=0,83)

similarmente aos estudos de Collins e Read (1990) e Canavarro e colaboradores (2006).

A subescala “Conforto com a proximidade” apresenta um índice de consistência interna

razoável (α= 0,67), estando igualmente em conformidade com estudos anteriores.

Relativamente à subescala denominada “Confiança em depender” foi obtido um índice

de precisão dentro do limiar aceitável após reanálise e retirada de 2 itens (item2, item5).

Este procedimento foi necessário porque com 6 itens a subescala atingia um índice de

precisão inaceitável. Como é possível observar, através da tabela 5, é recorrente a fraca

consistência interna desta subescala, sendo que, no estudo de Canavarro e colaboradores

(2006) o valor encontra-se abaixo do aceitável.

Page 44: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

33

Tabela 5: Valores dos Coeficente de α de Cronbach da Escala de Vinculação do Adulto

*Este valor foi obtido a partir de 4 itens, enquanto os autores obtiveram os valores da tabela através de 6

itens.

Em suma, a análise da consistência interna das escalas de empatia e da Escala de

Vinculação do Adulto permitiu constatar que para a nossa amostra este instrumentos são

fiáveis e, portanto, podemos prosseguir com a análise inferencial dos resultados que

constitui o cerne deste trabalho.

α de Cronbach Estudo actual Collins e Read

(1990)

Canavarro e

colaboradores

(2006)

Escala de vinculação do adulto 0.49 0.81

Factor Ansiedade de abandono 0.83 0.72 0.84

Factor confiança em depender 0.61* 0.75 0.54

Factor conforto com a proximidade 0.67 0.69 0.67

Page 45: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

34

Seguidamente, apresentamos a análise de resultados. Procuramos estudar as

hipóteses e objectivos da investigação através da estatística inferencial paramétrica para

o Inventário de Empatia, o Factor cognitivo e Afectivo da Empatia. Procedeu-se ainda

ao estudo de correlações para a variável idade e análise de clusters para a Escala de

Vinculação do adulto.

RESULTADOS

Análise dos pressupostos da normalidade dos instrumentos

Tabela 6: Testes da normalidade das dimensões e homogeneidade de variâncias (teste de Levene)

Para testar se a distribuição amostral é normal foram analisados os valores de

skewness e kurtosis para cada uma das dimensões e realizou-se o teste de Levene afim

de testar a homogeneidade de variâncias. Atendendo ao intervalo ]-3;3[ para o

Skewness (coeficiente de assimetria) e ]-1;1[ para o Kurtosis (coeficiente de

achatamento), referidos por Kline (1998; cit. por Palma, & Maroco, 2009, p.270) e

tomando esse intervalo como referência, podemos afirmar que, caso os valores de

Skewness e Kurtosis se situam dentro do intervalo a distribuição amostral não apresenta

desvios significativos à normalidade. No presente estudo, os valores encontram-se todos

dentro do intervalo de referência dos autores pelo que analisaremos os dados à luz da

estatística paramétrica.

Procedeu-se à análise do Teste de Levene visto este ser um dos testes mais

potentes e bastante robusto para avaliar a homogeneidade de variâncias (Maroco, 2010,

p.136). Verificou-se que existe homogeneidade de variâncias para quase todas as

dimensões, à excepção do factor cognitivo e Afectivo da Escala Básica de Empatia (p<

0.05). Quanto às dimensões factor Afectivo e factor Cognitivo da empatia serão tratadas

com testes de Welch e de Brown-Forsythe (Maroco, 2010,p. 139) dado que a

homogeneidade de variâncias não se verifica.

Dimensões Mínimo Média Máximo SKEWNESS KURTOSIS Teste de Levene

F p

Inventário de Empatia 81.00 136.18 186.00 0.018 0.861 0.006 0.936

Factor cognitivo de Empatia 17.00 35.75 45.00 -0.682 0.834 17.477 0.000

Factor afectivo de Empatia 21.00 40.61 53.00 -0.408 -0.095 13.356 0.000

Conforto com a proximidade 10.00 21.76 30.00 -0.339 0.458 2.998 0.084

Confiança em depender 4.00 14.14 20.00 0.252 -0.329 0.440 0.507

Ansiedade de abandono 6.00 16.27 30.00 -0.380 0.148 0.552 0.458

Page 46: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

35

Análise inferencial dos resultados

No primeiro objectivo procuramos perceber se existem diferenças na empatia

nos diversos cursos em estudo. Assim, de acordo com a Tabela 7 é possível constatar

que no Inventário de Empatia os alunos dos cursos de Serviço Social (139.30±12.96),

Medicina Veterinária (139.22±14.61), Psicologia (139.15±14.14) e Enfermagem

(137.60±11.91) apresentam valores médios de empatia superiores quando comparados

com os cursos de Engenharia Agronómica (133.70±15.34), Engenharia Electrotécnica e

de computadores (132.70±12.65), Engenharia das Energias (130.55±13.69) e

Engenharia Civil (129.75±13.71). De salientar que estas diferenças são altamente

significativas, isto é, p < 0.001(F (7,525)= 5.75).

Quanto ao factor Cognitivo da Empatia destaca-se o curso de Psicologia (37.40±

4.12) com valores médios de empatia cognitiva superiores, seguindo-se os cursos de

Serviço Social (36.69±3.92), Medicina Veterinária (36.48±4.07) e Enfermagem

(36.27±4.69) igualmente com valores médios superiores aos cursos das Engenharias.

Nos cursos das Engenharias, a Engenharia Agronómica (34.86±4.56) apresenta valores

médios superiores, seguindo-se Engenharia das energias (34.22±5.72), Engenharia

Electrotécnica e de Computadores (33.37±5.28) e por último Engenharia Civil

(33.30±5.08). Á semelhança do que aconteceu com os valores do Inventário de Empatia,

estes resultados (ver tabela 7) são igualmente significativos (F (7, 525) = 7.28), p<

0.001).

Relativamente ao factor Afectivo da Empatia, o curso de Medicina Veterinária

(42.67±5.31) apresenta valores médios de empatia afectiva superiores sucedendo-se

Serviço Social (42.53±4.53), Psicologia (42.50±5.21), e Enfermagem (41.37±4.77). Em

conformidade com as duas escalas apresentadas anteriormente, os cursos de Engenharia

Agronómica (38.27±7.21), Engenharia das Energias (37.80±6.23), Engenharia Civil

(37.59±5.58) e Engenharia Electrotécnica e de Computadores (35.81±6.28) apresentam

valores médios inferiores aos restantes cursos referidos anteriormente e estatisticamente

significativos (F (7,525) =13.47, p< 0.001). Como através deste teste apenas temos

conhecimento de que existem diferenças mas não sabemos entre que cursos, iremos

posteriormente procurar saber entre que cursos existem tais diferenças. Para tal,

Page 47: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

36

seguidamente procedeu-se a uma comparação múltipla das médias para o Inventário de

Empatia pelo método LSD de Fisher e para o factor Cognitivo e Afectivo da empatia

procedeu-se ao método Games-Howell. Nas tabelas 8 e 9são apenas apresentados os

valores de significância (p-value) porque dada a extensão de grupos (cursos) e variáveis

dependentes a apresentação das diferenças médias torna-se exaustiva. Através da análise

da tabela 8 com os valores de significância da análise Post Hoc para a variável

Inventário de Empatia verificamos que as diferenças anteriormente detectadas se

registam apenas entre os cursos de psicologia, serviço social, enfermagem e medicina

veterinária vs cursos das engenharias (p≤ 0.05). Isto é dizer que, a grande diferença de

valores na empatia, nesta escala, existe entre os cursos das engenharias e os cursos de

carácter social, humano e médico-veterinário nos quais se procura desenvolver e

adquirir a capacidade empática.

Relativamente ao factor Cognitivo da empatia (ver tabela 9), verifica-se que não

existem diferenças significativas entre os cursos de psicologia, serviço social,

enfermagem e medicina veterinária. Similarmente, entre os cursos das engenharias não

são detectadas diferenças significativas de empatia. No entanto, a análise Post Hoc

Games-Howell permitiu constatar, tal como podemos ver, através da tabela 7 ANOVA

com a médias descritivas dos cursos, que os estudantes de psicologia apresenta valores

médios de empatia superiores quando comparados com os estudantes engenharias civil,

energias e electrotécnica e de computadores. Os cursos de serviço social, enfermagem e

medicina veterinária apresentam igualmente valores médios superiores quando

comparados com estudantes de engenharia civil.

Quanto ao factor Afectivo da empatia (ver tabela 9), à semelhança do que

acontece com o factor Cognitivo, as diferenças médias de empatia anteriormente

verificadas confirmam-se entre os estudantes dos cursos de psicologia, serviço social,

enfermagem, medicina veterinária vs engenharia civil, engenharia das energias e

engenharia electrotécnica e de computadores.

Page 48: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

37

Tabela 7: Comparações entre os cursos relativamente à variável Inventário de Empatia, Factor cognitivo e Afectivo (ANOVA).

*p < 0.05

Psicologia

M±DP

N=533

Serviço Social

M±DP

Enfermagem

M±DP

Medicina

Veterinária

M±DP

Engenharia

Civil

M±DP

Engenharia

Agronómica

M±DP

Engenharia

das Energias

M±DP

Engenharia

Electrotécnica

e de

computadores

M±DP

F (7,

525)

p

Inventário

de

empatia

139.15±14.14 139.30±12.96 137.60±11.91 139.22±14.61 129.75±13.71 133.70±15.34 130.55±13.69 132.70±12.65 5.75 0.00*

Factor

cognitivo

da

empatia

37.40± 4.12

36.69±3.92 36.27±4.69 36.48±4.07 33.30±5.08 34.86±4.56 34.22±5.72 33.37±5.28 7.28 0.00*

Factor

afectivo

da

empatia

42.50±5.21

42.53±4.53 41.37±4.77 42.67±5.31 37.59±5.58 38.27±7.21 37.80±6.23 35.81±6.28 13.47 0.00*

Page 49: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

38

Tabela 8: Valores de significância (p-value) do Post Hoc- LSD entre os cursos para o Inventário da empatia

*p ≤0.05

Tabela 9: Valores de significância (p-value) do Post Hoc- Games-Howell entre os cursos para o factor cognitivo e afectivo da empatia

*p < 0.05

Inventário de Empatia

Psicologia Serviço

Social

Enfermagem Medicina

Veterinária

Engenharia

Civil

Engenharia

Agronómica

Engenharia das

Energias

Engenharia Electrotécnica e de

computadores

Psicologia ---- 0.944 0.402 0.976 0.00* 0.04* 0.00* 0.03*

Serviço Social ---- 0.38 0.97 0.00* 0.04* 0.00* 0.03*

Enfermagem ---- 0.43 0.00* 0.12 0.00* 0.09

Medicina Veterinária ---- 0.00* 0.05* 0.00* 0.04*

Engenharia Civil ---- 0.14 0.29 0.77

Engenharia Agronómica ---- 0.71 0.29

Engenharia das Energias ---- 0.51

Engenharia Electrotécnica e de

computadores

----

FACTOR COGNITIVO

FACTOR AFECTIVO

Psicologia Serviço Social Enfermagem Medicina Veterinária

Engenharia Civil

Engenharia Agronómica

Engenharia das Energias

Engenharia Electrotécnica e de computadores

Psicologia ---- 0.94 0.56 0.86 0.00* 0.08 0.03* 0.02*

Serviço Social 1.00 ---- 0.99 1.00 0.00* 0.43 0.19 0.08

Enfermagem 0.73 0.67 ---- 1.00 0.00* 0.73 0.40 0.18

Medicina Veterinária 1.00 1.00 0.72 ---- 0.00* 0.63 0.32 0.14

Engenharia Civil 0.00* 0.00* 0.00* 0.00* ---- 0.74 0.99 1.00

Engenharia Agronómica 0.04* 0.04* 0.24 0.04* 1.00 ---- 0.99 0.93

Engenharia das Energias 0.01* 0.00* 0.02* 0.00* 1.00 1.00 ---- 0.99

Engenharia Electrotécnica e de computadores

0.00* 0.00* 0.00* 0.00* 0.90 0.83 0.89 ----

Page 50: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

39

No segundo objectivo procuramos investigar se existe evolução da empatia

durante a formação académica, isto é, comparamos a empatia nos alunos dos diferentes

cursos no primeiro e último ano.

Relativamente às comparações dos cursos no primeiro e último ano, o teste de

Box à homogeneidade de variância-covariância (Sig. = 0.01 < 0.05) permitiu concluir

que rejeitamos a hipótese da homogeneidade de variância, tal como seria de esperar.

Dado que não se verificam as condições de aplicação da MANOVA pelo valor obtido

no teste M de Box, iremos analisar o teste “traço de Pillai” porque é o mais potente para

grupos diferentes e covariâncias heterogéneas (Tabacknick, Fidel, 1996 cit. por Maroco,

2010, p.199). A tabela 10 abaixo apresentada mostra as diferentes médias e o respectivo

desvio padrão de cada curso no 1º e último ano do curso para as diferentes escalas de

empatia. A análise da tabela dos testes multivariados no SPSS, permitiu verificar que o

valor de prova para o teste e traço de Pillai é para ambos os factores (Ano do curso e

Curso) inferior a 0.05 (p = 0.01 e p= 0.00, respectivamente) o que nos leva a pensar que

existe um efeito significativo dos factores nos valores de empatia. Porém, dado que a

amostra do presente estudo é consideravelmente grande iremos analisar o valor de eta

squared parcial de modo a entender se as diferenças detectadas são realmente

significativas ou se são apenas resultado do tamanho da amostra.O eta squared parcial

mede a dimensão do efeito das variáveis. Para a variável Ano do curso, η2

p= 0.02,

constatamos que o efeito é considerado pequeno, segundo Cohen (1988: cit. por

Maroco, 2010, p. 184) e o poder do teste (potência =0.84) é considerado bom.

Relativamente, à variável Curso, η2

p=0.06, apresenta um efeito médio e o poder do teste

(potência =1) apresenta um valor confiável, sendo que podemos concluir que a variável

Curso é explicativa da variabilidade já identificada entre cursos anteriormente.

Assim, para a variável Ano do Curso apenas existem diferenças significativas

entre o primeiro e o último ano no Factor Cognitivo da Empatia (F (15, 517) = 12.02,

p=0.00). Pela análise dos valores médios dos cursos constatamos que em todos eles

houve um aumento do primeiro para o último ano.

Page 51: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

40

Tabela10: Valores médios do Inventário de Empatia, factor Cognitivo e Afectivo da empatia para cada curso em função do ano do curso.

*p < 0.05

Psicologia

M±DP

Serviço

Social

M±DP

Enfermagem

M±DP

Medicina

Veterinária

M±DP

Engenharia

Civil

M±DP

Engenharia

Agronómica

M±DP

Engenharia

das Energias

M±DP

Engenharia

Electrotécnica

e de

computadores

M±DP

F(15,517) p

Inv

entá

rio

de

emp

ati

a

Primeiro

ano

138.45±12.70 139.00±11.67 137.08±12.69 139.92±17.64 127.95±13.66 136.37±11.74 130.24±14.55 128.71±12.71

0.37

0.54 Último

ano

140.35±16.45 139.54±14.09

138.25±10.89 138.80±12.67 133.36±13.42 126.50±21.56 131.12±12.41 137.00±11.53

Fa

cto

r co

gn

itiv

o

da

em

pa

tia

Primeiro

ano 37.31±4.40 36.14±4.38 35.75±5.16 35.95±4.82 32.43±5.27 34.18±4.80 34,13±6,16 31.35±5.90

12.02

0.00* Último

ano

37.56±3.65 37.14±3.48 36.92±3.96 36.80±3.56 34.96±4.34 36.70±3.43 34,37±5.02 35.54±3.57

Fa

cto

r a

fecti

vo

da

em

pa

tia

Primeiro

ano 42.21±5.51 41.94±4.61 40.95±5.41 43.12±6.40 37.22±5.78 38.25±6.94 38.59±6.52 33.57±4.64

1.71

0.19 Último

ano

43.00±4.67 43.02±4.46 41.90±3.75 42.40±4.61 38.30±5.23 38.30±8.30 36.37±5.61 38.23±7.07

Page 52: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

41

No que se refere à relação entre a idade e a empatia, a análise das correlações

entre a variável idade e as escalas de empatia indica que não existe relação entre as

variáveis com significância estatística (p> 0.05).

Tabela 11: Correlações r de Pearson entre a idade e a as diferentes escalas de empatia

No quarto objectivo deste estudo procuramos estudar a relação entre a empatia e

o género. Os resultados indicam que, em média, as mulheres apresentam valores médios

superiores de empatia nas três escalas (Inventário de Empatia, Factor Cognitivo de

Empatia e Factor Afectivo de Empatia) quando comparadas com os homens.

Tabela 12:Comparações do género para o Inventário de Empatia, Factor Cognitivo e Afectivo da

Empatia

Masculino

M±DP

Feminino

M±DP

F(1,531) p

Inventário Empatia 131.31±14.03 138.39±13.25 31.43 0.00*

Factor cognitivo da empatia 33.30±5.16 36.87±4.15 61.72** 0.00*

Factor afectivo da empatia 36.02±5.03 42.69±4.89 208.78 0.00* *P<0.05** teste de Welch

Os Padrões de vinculação e a Empatia

A Escala de Vinculação do Adulto (EVA) foi analisada e operacionalizada de

modo a obter os padrões de vinculação através dos factores “Confiança em depender”,

“Conforto com a proximidade” e “Ansiedade de abandono”. Para tal, foi necessário

recorrer à Análise de Clusters, já anteriormente efectuado por alguns autores (Collins, &

Read, 1990; Collins,1996; Collins, & Feeney, 2000: Eng et al., 2001). Especificando,

foi utilizado o método não hierárquico K-means obtendo uma solução final de 3 perfis.

Porém, após análise dos valores de dois dos três clusters, percebeu-se que era

inconclusivo classificá-los dado os seus elevados valores de ansiedade. Procedeu-se

novamente à análise de clusters, seleccionando uma solução final de 2 clusters tendo em

conta que essa era a solução final mais adequada. Através da tabela 13 podemos

observar que o cluster 2 poderá de certa forma corresponder à descrição feita por Hazan

Idade

r p

Inventário de empatia 0.04 0.33

Factor cognitivo da empatia 0.03 0,43

Factor afectivo da empatia -0,07 0,10

Page 53: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

42

e Shaver (1987;cit. por Canavarro, Dias, & Lima, 2006) relativamente ao padrão padrão

seguro, isto é, não apresenta elevados valores de ansiedade de abandono, sente-se

confortável com a proximidade e revela confiança em situações que deva depender dos

outros. Neste estudo iremos, portanto, denominar o padrão de vinculação 2 de “seguro”.

O Cluster 1 parece apresentar características semelhantes ao padrão de vinculação

ansioso, pelo que também iremos adoptar esta denominação. No padrão ansioso, os

estudantes apresentam níveis moderados de confiança nos outros e de conforto com a

proximidade, porém, ao contrário do padrão descrito anteriormente, estes são bastantes

receosos quanto ao abandono. A amostra do presente estudo é constituída por 53.7%

(286) de indivíduos com padrão de vinculação seguro e os restantes 46.3% (247)

reúnem os parâmetros do padrão de vinculação inseguro-ansioso.

Tabela 13: Valores médios das dimensões da Escala de Vinculação do Adulto obtidos através de uma

análise de clusters

Factor cluster

1 2 F P

n (247) (286)

Confiança em depender 12.65 15.44 163.12 0.00*

Conforto na proximidade 20.40 22.95 75.45 0.00*

Ansiedade 20.36 12.74 800.95 0.00*

* p < 0.05

O último objectivo deste estudo pretende investigar a relação entre os padrões

de vinculação dos estudantes universitários e a empatia. Após análise de clusters

procedeu-se à ANOVA one way com a finalidade de perceber quais os valores de

empatia que os indivíduos de cada padrão de vinculação apresentavam. Verificamos que

apenas existem diferenças significativas para o factor cognitivo da empatia (W=16.54, p

< 0.001). Podemos concluir que o padrão de vinculação inseguro intitulado de “padrão

ansioso” (média e desvio padrão, 34.85 ± 5.18) apresenta níveis médios de empatia

inferiores quando comparado o “padrão seguro” (36.54 ± 4.26).

Tabela 14: Comparação dos padrões de vinculação para o Inventário de Empatia, Factor Cognitivo e

Afectivo da empatia – ANOVA one way

Padrão “seguro” M±DP

Padrão “ansioso” M±DP

F (1,531) p

Inventário de empatia 135.77±13.96 136.67±13.79 0.56 0.46

Factor cognitivo da

empatia

36.54±4.26 34.85±5.18 16.54* 0.00**

Factor afectivo da empatia 40.44±5,42 40.82±6.25 0.56* 0.46

*teste de Welch**p< 0.001

Page 54: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

43

DISCUSSÃO DE RESULTADOS

Tendo por base os resultados previamente descritos, proceder-se-á à sua

discussão, no intuito de salientar os mais significativos e procurando confrontá-los à luz

da literatura já existente. A discussão é apresentada da seguinte forma: hipótese de

investigação, a sua aceitação ou não e posterior discussão com base no estado da arte,

de modo a tornar mais objectiva a leitura.

- H11: A formação académica dos estudantes dos diversos cursos em estudo discrimina a

empatia dos estudantes universitários - a hipótese sob investigação confirma-se.

Analisando a primeira hipótese de estudo, de que os estudantes dos vários cursos

inquiridos apresentam valores de empatia distintos concluímos que existem diferenças

significativas entre os valores de empatia apresentados pelos cursos de Psicologia,

Serviço Social, Enfermagem, Medicina Veterinária vs Engenharia Civil, Engenharia

Agronómica, Engenharia das Energias e Engenharia Electrotécnica e de Computadores.

Os nossos resultados vão ao encontro do estudo levado a cabo por Myyry e Helkama

(2001) no qual os estudantes das ciências sociais apresentaram valores de empatia mais

elevados do que os aspirantes a economistas e engenheiros. Efectivamente, a teoria da

mente enfatiza que cada indivíduo situa-se ao longo de um continuum delimitado pela

empatização e sistematização (Baron-Cohen et al., 2003, p.361) e que os profissionais

de diferentes áreas se encontravam distribuídos igualmente consoante a sua função

(Baron-Cohen, 2007, p. 128). De acordo com a Teoria da Mente, se os profissionais das

ciências sociais tendem a distribuir-se predominantemente ao longo do espectro da

empatização e os engenheiros tendem adoptar um pensamento sistemático, então,

podemos inferir que os estudantes destas áreas, à semelhança dos profissionais, devem

já posicionar-se ao longo do espectro de empatização-sistematização que lhes é mais

proveitoso ao exercício futuro da profissão. Assim, os resultados do presente estudo são

de certo modo apoiados pela Teoria da Mente na medida que a empatia é maior nos

estudantes das ciências sociais, humanas e médico-veterinárias quando comparados com

os estudantes dos cursos das engenharias.

- H12:Os estudantes dos cursos em análise apresentam aumentos estatisticamente

significativos da empatia, entre o 1º e último ano de formação – a hipótese sob

investigação confirma-se.

Page 55: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

44

Ao longo da nossa investigação, especificamente na recolha de dados, foram

inquiridos estudantes no primeiro e último ano de cada curso com a finalidade de

estudar a segunda hipótese de estudo. Tal como afirma Gerdes e colaboradores (2011,

p.118), cabe às instituições de ensino dotar os seus alunos de “ferramentas” que os

capacitem a melhor entender e sensibilizá-los para as emoções dos outros de modo a

torná-los mais competentes e eficazes. Na prática, pressupomos que os alunos do

primeiro ano apresentarão valores de empatia mais baixos quando comparados com os

do último ano, porque estes últimos, à partida, foram motivados a desenvolvê-la. Os

resultados obtidos indicam que poderá realmente existir alguma diferença entre os

estudantes do primeiro e último ano, no entanto, após uma análise mais detalhada

verificamos que essas diferenças apenas se revelaram significativas para o factor

cognitivo da empatia. Assim, analisando detalhadamente os valores médios de cada

curso, é geral o aumento da empatia cognitiva ao longo do curso. Apesar do aumento se

verificar ao longo de todos os cursos iremos, seguidamente, discutir particularmente

estes resultados para os cursos.

O aumento dos valores de empatia ao longo da formação académica, no curso de

psicologia, corrobora os resultados encontrados por Carvalho (2010, p.8) na análise de

uma amostra de dimensões bastante reduzida. Tal como seria de esperar, e também

porque a necessidade o exige, os valores de empatia aumentam durante o curso se os

estudantes forem estimulados a desenvolvê-la. Mesmo antes de ingressarem no ensino

superior, já no ensino secundário os estudantes têm capacidade de desenvolver empatia

como mostra o estudo longitudinal de Barr e Higgins-D´Alessandro (2009, p.765). Em

2002, investigadores (Lyons, & Hazler; cit. por Courtright, Mackey, & Packand, 2009,

p. 7) procuraram avaliar a empatia em turmas de aconselhamento no 1º e 2º ano

concluindo que desde que seja desenvolvida, existe uma evolução da empatia de um ano

para o outro. Na mesma linha de pensamento, Kuntze, van der Molen e Born (2009,

p.181) procuraram investigar a empatia em estudantes da universidade preparatória para

psicologia, do 1º ano de psicologia com treino básico de competências e do 2º ano de

psicologia com treino avançado em competências de comunicação. À semelhança do

nosso estudo verificaram que os estudantes com treino avançado em competências

comunicacionais possuem valores superiores de empatia bem como nas restantes

competências quando comparados com os restantes grupos. Deste modo, a evolução da

Page 56: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

45

empatia nos estudantes é praticável desde que haja por parte das instituições formadores

uma preocupação em promovê-la e enquadrá-la nos planos curriculares dos cursos.

Relativamente ao curso de enfermagem, à semelhança dos restantes, vimos que a

empatia se desenvolveu ao longo do curso. Alguns autores (Çinar, et al., 2007, p. 594),

além de estudarem o primeiro e último ano como o presente estudo, analisaram ainda os

valores de empatia dos estudantes no segundo e terceiro ano. Concluíram,

analogamente, que houve um aumento do primeiro para o último ano, no entanto,

constataram que a empatia sofreu um decréscimo do primeiro para o segundo e terceiro

ano. Existe a possibilidade deste decréscimo se dever ao facto das aulas de comunicação

estarem curricularmente mais distribuídas pelo primeiro ano. Paralelamente, ao

sucedido no estudo anterior, recentemente, a investigação (por exemplo, Nunes, et al.,

2011, p. 15; Boyle, et al., 2010, p. 14) tem apontado um decréscimo na empatia dos

cursos de enfermagem e medicina veterinária que deve ter uma interpretação cautelosa

pois como vimos poderemos estar a inferir que, se verifica um decréscimo ao longo da

formação mas, após análise detalhada dos vários anos apuramos que existe uma

evolução.

O curso de medicina veterinária, ao contrário do que acontece com medicina

humana (Hojat et al., 2009), apresenta um aumento de empatia ao longo do curso para o

Factor Cognitivo da Empatia. A diminuição da empatia na medicina humana é

explicada por Hojat e colaboradores (2009, p. 1186) como sendo consequente da alta

competitividade entre alunos, exigência do curso e posteriormente o cumprimento de

objectivos laborais. É do conhecimento geral que, o curso de medicina humana exige

desde a sua entrada, elevadas classificações levando os alunos a competir diariamente e

adoptar uma postura individualista. Esta postura centrada no “eu” em nada ajudará à

compreensão do outro e, futuramente, corremos o risco de encontrar no mercado de

trabalho profissionais que são excelentes técnicos e que cumprem objectivos laborais

com distinção mas que não satisfazem as necessidades dos seus utentes/pacientes.

Analogamente, ao curso de medicina humana, o curso de medicina veterinária é

exigente mas esse factor não impede que os futuros médicos veterinários sejam cada vez

mais empáticos ao longo da sua formação académica. Curioso ou controverso? Os

estudantes de medicina humana, (futuros médicos) lidarão no seu dia-a-dia com

pessoas, em contrapartida, os estudantes de medicina veterinária (futuros médicos

veterinários) lidarão com os animais e os seus donos; mas se os estudantes da medicina

Page 57: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

46

animal conseguem desenvolver a sua empatia porque é que o mesmo não se verifica

para a medicina humana tal como se verifica nos estudos de Hojat e colaboradores

(2009, p.1186)?

Sob a nossa perspectiva, poderá ser relevante rever os planos curriculares da

medicina humana bem como as metodologias de aprendizagens e desenvolvimento da

empatia. Por outro lado, deverá haver também uma preocupação em sensibilizar o aluno

para a importância da empatia. Tal como sugere Baron-Cohen (2006; cit. por Lopes,

2009) um bom psicoterapeuta poderá ser aquele que adquire um equilíbrio entre a

empatização e a sistematização. A nosso ver, em analogia, o mesmo equilíbrio deverá

existir para se ser um bom médico.

Nos estudantes das engenharias verifica-se um aumento da empatia ao longo dos

cursos de Engenharia Civil, Engenharia Agronómica, Engenharia das Energias e

Engenharia Electrotécnica e de Computadores para o Factor Cognitivo. Apesar da

relevância dada à empatia nestes cursos não estar em pé de igualdade com os cursos

anteriormente referidos, recentemente, existe alguma preocupação em vir a desenvolvê-

la. Em 2025, a American Society of Civil Engineers (ASCE, 2006, p. 11) espera que um

engenheiro civil consiga liderar e articular as infra-estruturas, o ambiente circundante

entre outras condições de forma a construir projectos viáveis, com recurso à persuasão,

compaixão, empatia, paciência e pensamento crítico. Num estudo realizado por Vallero

e Vesilind (2006; cit. por Strobel, Morris, Klingler, Pan, Dyehouse, & Weber, 2011,

p.5), os autores afirmam que a empatia constitui parte das etapas dos projectos e

processos de construção dos engenheiros, ou seja, se os engenheiros forem empáticos

irão compreender as necessidades do cliente e de certo modo irá ter algum impacto no

projecto. No corpo teórico da presente dissertação, realçamos a importância da empatia

em profissionais como psicólogos, enfermeiros, médicos porque o seu “objecto de

trabalho” é a pessoa propriamente dita, comparativamente, com os engenheiros que

trabalha com objectos. Contudo, a importância atribuída à empatia nas engenharias

direcciona-se exclusivamente no lidar com o cliente e no trabalho ou liderança em

equipa. Entretanto, não poderíamos deixar de realçar que, ultimamente, há autores (por

exemplo, Morales, 2007, p.3) que salientam que construtos como a abertura para a

experiência, congruência e empatia podem ser muitos úteis e ajudar os estudantes das

engenharias. Tal como Wright (2001, p. 26) afirma, habilidades como ouvir, observar e

Page 58: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

47

ser empático de modo a compreender as necessidades e expectativas dos clientes devem

ser características dos engenheiros.

- H13: A idade e a empatia correlacionam-se positivamente, isto é, à medida que a idade

aumenta verifica-se que a empatia aumenta igualmente – a hipótese sob investigação

refuta-se.

Na terceira hipótese procuramos estudar a relação entre a idade e a empatia.

Através da análise correlacional, podemos afirmar que, no presente estudo, não existe

relação significativa entre a idade e a empatia (inventário de empatia, factor cognitivo e

factor afectivo). Um estudo recente (Nunes, et al., 2011, p.15) comparou estudantes com

idade superior a 27 anos e inferior a 21 anos e constatou que os estudantes com mais

idade apresentavam valores de empatia superiores aos mais novos.

- H14: Na variável género, as mulheres obtêm valores médios superiores de empatia em

relação aos homens – a hipótese sob investigação confirma-se.

Quando analisamos as diferenças de género relativamente à empatia, apuramos

que existem diferenças significativas nos valores de empatia entre os homens e

mulheres para o Inventário de Empatia, Factor Cognitivo e Afectivo da empatia. Tal

como a investigação (Davis, 1980; cit. por Lopes, 2009, p.68; Eisenberg, Fabes, &

Spinrad, 2006; cit. por Kanat-Maymon, & Assor, 2010, p.35; Davis, 1983; cit. por

Kanat-Maymon, & Assor, 2010, pp.36; Boyle et al., 2010, p.14) tem vindo a mostrar, é

consenso geral, que as mulheres são mais empáticas do que os homens talvez devido ao

papel de socialização na família que lhes é atribuído logo desde pequenas; a nossa

cultura dá especial relevo à exposição das mulheres a comportamentos maternais como

cuidar e reconfortar ajudando-as a desenvolver competências que lhes permitem mais

facilmente preocupar-se, reconhecer as necessidades dos outros e dar resposta a essas

necessidades (Zahn-Waxler, Cole, & Barrett, 1991; cit. por Cecconello, & Koller, 2000,

p.87).

- H15: Os estudantes com padrão de vinculação “seguro” apresentam, em média, valores

superiores de empatia quando comparado com os padrões de vinculação inseguros – a

hipótese sob investigação confirma-se.

A última hipótese de estudo desta investigação prende-se com o estudo da

relação entre a empatia e os padrões de vinculação. A vontade de aproximação do outro

Page 59: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

48

é algo que está subjacente a empatia e ao padrão de vinculação seguro de modo a

facilitar os relacionamentos interpessoais (Joireman, Needham, & Cummings, 2001; cit.

por Woods, & Riggs, 2008, p. 261). Constatamos que, para a nossa amostra apenas

obtivemos resultados significativos para o Factor Cognitivo da empatia. Os estudantes

com padrão de vinculação “seguro” apresentam valores médios de empatia superiores

aos dos estudantes com padrão de vinculação “ansioso”. Efectivamente, de acordo com

a literatura, o padrão de vinculação “seguro” parece estar associado a elevados níveis de

empatia quando comparado com padrões de vinculação inseguro (Trusty, Ng, & Watts,

2005,p. 74; Van Der Mark, Ijzendoorn, Bakermans-Kranenburg, 2002 cit. por Hutman,

& Dapretto, 2009, p. 371). Existe consenso sobre a relação entre os padrões de

vinculação e a empatia. O facto dos estudantes com o padrão de vinculação ”seguro”

apresentarem valores mais elevados de empatia pode ser explicado pelo facto de terem

uma concepção positiva de si e dos outros, curiosidade e interesse em explorar, maior

flexibilidade cognitiva e saúde mental, maior capacidade receptiva e satisfação nas

relações com os outros (Mikulincer e Shaver ,2003; cit. por Gillath, et al., 2005, p.426).

Atendendo ao Modelo do eu e dos outros da vinculação do adulto de Bartholomew e

Horowitz (1991, p.227) é observável que o padrão intitulado de seguro apresenta baixos

níveis de evitamento e de dependência e, consequentemente, sente-se confortável com a

intimidade e autonomia. A título de curiosidade, no que respeita aos padrões de

vinculação insegura, a literatura (Trusty, Ng, & Watts, 2005,p. 74; Bartholomew e

Horowitz,1991, p.237) têm vindo a mostrar que o padrão de vinculação inseguro

ansioso apesar de apresentarem elevada angústia interpessoal são altamente sociáveis,

conseguem ter bons relacionamentos interpessoais e para indivíduos com baixos níveis

de evitamento e altos de ansiedade verificam-se altos níveis de empatia. Estes valores de

empatia são explicados, por recurso ao modelo de representação do eu e dos outros,

porque os indivíduos com padrão de vinculação “ansioso” (padrão preocupado no

modelo) não apresentam um modelo representacional negativo dos outros, apenas de si.

Apesar da conotação positiva que é dada ao padrão de vinculação inseguro-ansioso, a

investigação mostra que o padrão de vinculação seguro é essencial ao desenvolvimento

da empatia (por exemplo, Weinfield, Sroufe, Egeland, & Carlson, 1999; cit. por Woods,

& Riggs, 2008, p. 262).

Após discutir os resultados, é chegado o momento de descrever algumas das

implicações, limitações e sugestões futuras deste estudo. Relativamente às implicações,

Page 60: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

49

é essencialmente uma que merece especial destaque. Ao incluirmos a variável Ano do

curso no nosso estudo permitiu avaliar a empatia ao longo da formação académica o que

enriqueceu a nossa investigação. Na prática, esperamos com este estudo alertar as

instituições de ensino no intuito que, futuramente, irão contribuir para o enriquecimento

curricular dos estudantes, através de programas ou unidades curriculares de

desenvolvimento e promoção da empatia.

Entre as limitações registam-se as de carácter temporal que infligiram um estudo

transversal. A ausência de valores normalizados para a população portuguesa levou à

necessidade de validar para a nossa amostra as escalas de empatia. Contudo,

apresentaram bons índices de consistência interna.

Seria enriquecedor em investigações futuras, explorar esta temática num estudo

longitudinal, preferencialmente, ao longo de todos os anos de formação e não apenas no

primeiro e último ano. Além disso de modo a enriquecer o estudo, seria pertinente

recolher uma amostra de estudantes de medicina humana com a finalidade de testar se a

amostra universitária portuguesa corrobora a literatura actualmente existente. Trata-se

de uma limitação deste estudo que fazia parte do desenho inicial de investigação mas,

devido algumas questões burocráticas não foi possível recolher amostra com estudantes

da medicina humana.

De um modo geral, a empatia é um conceito complexo e, em Portugal, a sua

investigação é ainda muito limitada daí que seja relevante explorar este conceito bem

como as questões de investigação que lhes estão subjacentes.

Page 61: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

50

Conclusão

Após a discussão dos resultados apresentamos uma síntese com os principais

resultados obtidos. Do ponto de vista prático, das cinco hipóteses de investigação

formuladas no presente estudo, quatro delas viram os seus pressupostos confirmados

enquanto a hipótese referente à relação entre a empatia e a idade não se verificou.

Verificamos que existem diferenças significativas de empatia cognitiva, empatia

afectiva e no inventário de Empatia entre os cursos de psicologia, serviço social,

enfermagem e medicina veterinária vs engenharia civil, engenharia das energias,

engenharia agronómica e engenharia electrotécnica e de computadores. Efectivamente,

os cursos referidos de psicologia, serviço social, enfermagem e medicina veterinária

apresentam valores médios de empatia cognitiva superiores aos cursos das engenharias.

Relativamente à evolução da empatia do primeiro para o último ano do curso,

constatamos que apenas para a empatia cognitiva os estudantes apresentam um aumento

significativo. Como já referimos, no nosso estudo não se verificou qualquer relação

entre a variável idade e as medidas da empatia utilizadas. O estudo da variável género

mostrou-se coerente com a literatura, as mulheres são em média mais empáticas do que

os homens quer para o Inventário de Empatia, quer para o Factor Cognitivo e Afectivo

da Empatia.

Por último, o estudo das relações da empatia e dos padrões de vinculação

revelou que o padrão de vinculação “seguro” obteve valores médios de empatia

cognitiva superiores ao padrão de vinculação “ansioso”.

Page 62: A EMPATIA E OS PADRÕES DE VINCULAÇÃO EM.pdf

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57

ANEXOS

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ANEXO A

Vila Real, 3 de Dezembro de 2010

Exmo. Senhor Director de curso ____________________________________________

A lic. Edith Pires Martins, no âmbito da realização da sua tese de mestrado, em

psicologia clínica, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, encontra-se a

realizar uma investigação que tem por finalidade analisar a relação existente entre

padrões de vinculação e empatia, em estudantes universitários. Nessa sequência, e para

que a investigação seja possível, vimos solicitar toda colaboração que o Exmo. Senhor

Director de curso possa dar, nomeadamente, na autorização para a recolha de dados, em

sala de aula, bem como na sensibilização de colaboração que V. Exa. entenda estar ao

seu alcance, junto dos respectivos senhores Professores e alunos.

Atendendo aos propósitos de estudo, pretende-se recolher uma amostra de estudantes

que frequentem o 1º ano e último ano de licenciatura ou do mestrado integrado.

O responsável pela investigação

Prof. Doutor Francisco Cardoso

Escola de Ciências Humanas e Sociais,

Departamento de Educação e Psicologia