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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO UNISAL CAMPUS MARIA AUXILIADORA Renata dos Anjos Melo A EDUCAÇÃO SUPERIOR E AS METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: uma análise a partir da educação sociocomunitária Americana 2017

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SALESIANO DE SÃO PAULO

UNISAL – CAMPUS MARIA AUXILIADORA

Renata dos Anjos Melo

A EDUCAÇÃO SUPERIOR E AS METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: uma análise a partir da educação

sociocomunitária

Americana

2017

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Renata dos Anjos Melo

A EDUCAÇÃO SUPERIOR E AS METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: uma análise a partir da educação

sociocomunitária

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Stricto Sensu do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Educação – área de concentração: Educação

Sociocomunitária. Linha de pesquisa:

A intervenção educativa sociocomunitária: linguagem, intersubjetividade e práxis.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Luisa Amorim Costa Bissoto

Americana

2017

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Melo, Renata dos Anjos.

M485e A educação superior e as metodologias ativas de ensino-

aprendizagem: uma análise a partir da educação sociocomunitária ./ Renata dos Anjos Melo – Americana: Centro Universitário

Salesiano de São Paulo, 2017.

176 p.

Mestrado em educação - UNISAL – SP.

Orientador: Profa. Dra. Maria Luisa Amorim Costa Bissoto. Inclui Bibliografia.

1. Metodologias ativas. 2. Ensino Superior. 3. Apredizagem. I. Título. II Autor

CDD 370.115

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RENATA DOS ANJOS MELO

A EDUCAÇÃO SUPERIOR E AS METODOLOGIAS ATIVAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM: uma análise a partir da educação sociocomunitária

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação Stricto Sensu do Centro Universitário Salesiano de São Paulo, como parte dos requisitos para a obtenção

do título de Mestre em Educação – área de concentração: Educação

Sociocomunitária. Linha de pesquisa:

A intervenção educativa sociocomunitária: linguagem, intersubjetividade e práxis.

Orientadora: Profa. Dra. Maria Luisa Amorim Costa Bissoto

Dissertação defendida e aprovada em 23/03/2017, pela comissão julgadora:

___________________________________________________________________

Prof. Dr. João Carlos Carvalho Queiroz – Membro Externo Universidade Federal de Sergipe - UFS

___________________________________________________________________ Prof. Dr. Renato Kraide Soffner – Membro Interno

Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

_______________________________________________ Profa. Dra. Maria Luisa Amorim Costa Bissoto – Orientadora Centro Universitário Salesiano de São Paulo – UNISAL

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Dedico este trabalho ao amor mais sincero e dedicado, meu esposo e companheiro,

Fernando Jeronimo Neto, que me incentivou e acreditou em minha capacidade, com muito carinho e compreensão; a minha filha querida que tanto amo, Fernanda dos

Anjos Melo Jeronimo, que soube esperar o tempo necessário para ter minha

atenção e carinho, e nas horas mais difíceis, era ela que cuidava de mim, como uma mãe cuida de um filho; aos meus pais, minha avó e minha sogra, por me

estimularem e compreenderem minha ausência em momentos festivos; a todos os professores que acreditaram no meu trabalho; a todos os que, direta ou

indiretamente, contribuíram para a conclusão de mais esta etapa.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a DEUS, que me possibilitou realizar este trabalho. A todos os

professores que contribuíram para o meu enriquecimento cultural ao longo desses

dois anos de mestrado, em especial à minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Maria Luisa

Amorim Costa Bissoto, o apoio, as conversas e discussões no processo de elaboração

desta dissertação, a paciência e desprendimento em compartilhar comigo sua

sabedoria, conduzindo o trabalho de maneira firme, porém amiga, deixando uma

contribuição extremamente importante e positiva nesta fase da minha vida acadêmica.

A Srª Vaníria Felippe, pelo carinho e profissionalismo dedicados a mim, nestes dois

anos de convivência. Aos colegas de sala e a todos que, direta ou indiretamente,

colaboraram para a conclusão deste trabalho.

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Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. (PAULO FREIRE, 1997).

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RESUMO

Numa sociedade denominada Sociedade do Conhecimento, na qual esse se torna um

instrumento de regulação das relações de poder, os sujeitos necessitam apropriar-se do conhecimento com autoria, produzir, divulgar, e usá-lo de modo a construir outros e novos conhecimentos, com proficiência e numa perspectiva ética e socialmente

responsável, de cuidado com a comunidade. Acreditamos que as metodologias ativas podem abrir caminho para que os docentes da Educação Superior entendam o

processo de apropriação, de produção e de divulgação do conhecimento de novas formas, que não aquela enciclopédica, ou aquela eminentemente técnica, que têm sido mais comumente associadas a esse nível de formação educacional. O que exige,

correlativamente, pensar o ensino-aprendizagem, no nível superior, também de outras formas. Este estudo tem a intenção de discutir as metodologias ativas de ensino na

Educação Superior por meio do levantamento da concepção dos docentes a respeito de tais metodologias, analisando como tais concepções se relacionam ao perfil de ensinagem dos docentes. Compreender como os docentes pensam sobre as

metodologias ativas e o seu perfil de ensinagem são relevantes para uma efetiva formação continuada do docente da educação superior, o que, acreditamos, interferirá

também naquela do aluno. E as metodologias ativas, pelas possibilidades que favorecem para que se interliguem os conhecimentos teóricos com a realidade, parecem um caminho promissor para tanto. Metodologicamente, trata-se de um

estudo quanti-qualitativo, de cunho exploratório, que foi constituído pelos seguintes instrumentos de coletas de dados: questionários aplicados aos coordenadores e

professores de uma Instituição de Educação Superior com duas vertentes – a primeira com questões objetivas, estruturadas, e a segunda com questões subjetivas, abertas. Como referenciais teóricos, e dada a relevância do ensinar-aprender como atividade

essencial ao desenvolvimento humano, propomos fundamentar as metodologias ativas na teoria da atividade como desenvolvida por Engeström. Essa dissertação está

assim organizada: na primeira parte tratamos sobre a Educação Superior no Brasil, com um breve histórico, passando pela legislação e culminando nas perspectivas atuais da/para a Educação Superior. Na segunda parte, abordamos os aspectos

metodológicos na Educação Superior, com ênfase na formação e na ação docente, as metodologias ativas como proposições de inovação da prática docente e a

correlação entre a Teoria da Atividade e as metodologias ativas. Na terceira parte, com o desenvolvimento da pesquisa, são analisados os perfis de ensinagem e suas relações com as metodologias ativas de ensino, analisando-se os dados dos

questionários. Como resultados, consideramos ser possível afirmar que, em relação à instituição pesquisada, ainda predominam concepções instrucionais de ensino-

aprendizagem, em especial naquelas disciplinas em que a propedêutica é vista como vinculada às especificidades dos conhecimentos profissionais, indicando que a abertura dos docentes às metodologias ativas requererá ações de formação

continuada docente que incentivem a reflexão e o conhecimento sobre outras formas de conceber os processos de ensino-aprendizagem, além do conhecimento sobre

métodos que direcionem a ação docente pautada nas metodologias ativas. Palavras-chave: Metodologias Ativas. Ensino Superior. Ensino-aprendizagem.

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ABSTRACT

In a society called Knowledge, where it becomes an instrument for regulating power relations, subjects need to appropriate knowledge with authorship, produce, disseminate, and use it in order to build other and new knowledge, with proficiency and

an ethically and socially responsible perspective of caring for the community. We believe that active methodologies can open the way for higher education teachers to

understand the process of appropriation, production and dissemination of knowledge in new ways, other than that encyclopedic, or eminently technical, that have been more commonly associated with this level of education. What, correlatively, requires

teaching-learning at the higher level, also in other ways. This study intends to discuss the active teaching methodologies in Higher Education through the survey of the

teachers' conception about such methodologies, analyzing how these conceptions are related to the teaching profile of the teachers. Understanding how teachers think about active methodologies and their teaching profile are relevant to an effective continuing

education of the higher education teacher, which we believe will also interfere with that of the student. And the active methodologies, by the possibilities that favor the

interlacement of the theoretical knowledge with the reality, seem a promising way for so much. Methodologically, this is a quantitative-qualitative study of an exploratory nature, which consisted of the following data collection instruments: questionnaires

applied to coordinators and teachers of a Higher Education Institution with two strands - the first with objective questions and the Second with subjective questions. As

theoretical references, we propose to base the active methodologies in the theory of the activity as developed by Engeström. This dissertation is organized as follows: in the first part we deal with Higher Education in Brazil, starting with a brief history about

Education, from antiquity to contemporaneity, passing through education legislation in the historical context, culminating in the current perspectives of Higher Education. In

the second part, we approach the methodological aspects in Higher Education, with emphasis on the formation and the teaching action in Higher Education, the active methodologies as propositions of innovation of the teaching practice and the

correlation between the Theory of Activity and the active methodologies. In the third part, with the development of the research, the profiles of teaching and their

relationships with the active teaching methodologies are analyzed, analyzing the data of the questionnaires. As results, we consider that it is possible to affirm that, in relation to the institution researched, teaching-learning conceptions still predominate,

especially in those disciplines where the propaedeutics is seen as linked to the specifics of professional knowledge, indicating that the openness of teachers to the

methodologies Will require continuous teacher training actions that encourage reflection and knowledge about other ways of conceiving the teaching-learning processes, as well as knowledge about methods that guide the teaching action based

on active methodologies.

Keywords: Active Methodologies. Higher education. Teaching-learning.

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LISTA DE QUADROS, TABELAS E FIGURAS

Figura 1. Mapa Conceitual sobre Metodologias Ativas .................................................. 62

Figura 2. Diversidade de estratégias de aprendizagem e de ensino ........................... 66

Quadro 1: Questionários TSI aplicados aos professores/coordenadores da instituição

pesquisada. ............................................................................................................................ 85

Quadro 2. Resultados de Objetivos de Ensino .............................................................. 132

Quadro 3. Resultados de Métodos de Ensino .............................................................. 132

Quadro 4 - Questionário de Complementação .............................................................. 136

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABE – Associação Brasileira de Educação

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior CFE – Conselho Federal de Educação CLT – Consolidação das Lei do Trabalho

CNE – Conselho Nacional de Educação CNPq – Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento

CONAES – Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior DCN – Diretrizes Curriculares Nacional EAD – Educação a Distância

ENADE – Exame Nacional de Avaliação do Desempenho de Estudante ENC – Exame Nacional de Cursos – 1995 (vulgo Provão)

EPT – Ensino Profissional e Tecnológico EUB – Estatuto das Universidades Brasileiras FHC – Fernando Henrique Cardoso

IES – Instituições de Ensino Superior IFES – Instituições Federais de Ensino Superior

INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEB - Movimento de Educação Popular

MEC - Ministério da Educação e Cultura MES – Ministério da Educação e Saúde do Governo Getúlio Vargas – 1930

MNESP – Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública – 1930 PBL – Problem based learning, ou aprendizagem baseada em problemas PIB - Produto Interno Bruto

PjBL – Project based learning, ou aprendizagem baseada em projetos PPC – Projeto Pedagógico de Curso

PUC/Rio Grande do Sul – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul RU – Reforma Universitária SINAES – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior – Lei 10.861/2004

TBL – Team based learning, ou aprendizagem baseada em equipe TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação

UDF – Universidade do Distrito Federal UnB – Universidade de Brasília UNE – União Nacional do Estudantes

UNESCO - Organização das Nações Unidas, para a Educação, Ciência e Cultura Usaid – Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional

USP – Universidade de São Paulo

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Questão – Quando eu vou ensinar algo, eu prefiro...................................... 80

Gráfico 2. Questão – Quando eu quero aprender algo, eu procuro............................. 81

Gráfico 3. Análise das respostas dos professores do Curso de Administração sobre

seus Objetivos de Ensino/Aprendizagem. ........................................................................ 89

Gráfico 4. Análise das respostas dos professores do Curso de Administração sobre

seus Métodos de Ensino/Aprendizagem........................................................................... 89

Gráfico 5. Análise das respostas dos professores do Curso de Ciências Contábeis

sobre seus Objetivos de Ensino/Aprendizagem .............................................................. 97

Gráfico 6. Análise das respostas dos professores do Curso de Ciências Contábeis

sobre seus Métodos de Ensino/Aprendizagem................................................................ 98

Gráfico 7. Análise das respostas dos professores do Curso de Direito sobre seus

Objetivos de Ensino/Aprendizagem ................................................................................. 101

Gráfico 8. Análise das respostas dos professores do Curso de Direito sobre seus

Métodos de Ensino/Aprendizagem .................................................................................. 102

Gráfico 9. Análise das respostas dos professores do Curso de Engenharia sobre seus

Objetivos de Ensino/Aprendizagem ................................................................................. 109

Gráfico 10. Análise das respostas dos professores do Curso de Engenharia sobre

seus Métodos de Ensino/Aprendizagem......................................................................... 109

Gráfico 11. Análise das respostas dos professores do Curso de Pedagogia sobre seus

Objetivos de Ensino/Aprendizagem ................................................................................. 117

Gráfico 12. Análise das respostas dos professores do Curso de Pedagogia sobre seus

Métodos de Ensino/Aprendizagem .................................................................................. 118

Gráfico 13. Análise das respostas dos professores do Curso de Psicologia sobre seus

Objetivos de Ensino/Aprendizagem ................................................................................. 123

Gráfico 14. Análise das respostas dos professores do Curso de Psicologia sobre seus

Métodos de Ensino/Aprendizagem .................................................................................. 123

Gráfico 15 – Comparação entre Cursos em relação aos Objetivos de Ensino ........ 133

Gráfico 16 - Comparação entre Cursos em relação aos Métodos de Ensino........... 135

Gráfico 17 – Vantagens do Uso das Metodologias Ativas ........................................... 137

Gráfico 18 –Desvantagens do Uso das Metodologias Ativas...................................... 138

Gráfico 19 –Dificuldades do Uso das Metodologias Ativas ......................................... 139

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 14

PARTE I. A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL......................................................... 19

1. 1. BREVE HISTÓRICO ................................................................................................ 19

1. 2. ESCOPO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR ........................................ 23

1. 2. 1. Sobre a Educação Superior na América-Latina e no Brasil ..................... 27

1. 3. A LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR ................................................... 40

PARTE II. ASPECTOS METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR ............... 58

2. 1. A FORMAÇÃO E A AÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR............. 58

2. 2. PROPOSIÇÕES DE INOVAÇÃO DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: AS

METODOLOGIAS ATIVAS .............................................................................................. 60

2. 2. 1. Definição, princípios e conceitos ................................................................... 60

2. 2. 2. Métodos e recursos das metodologias ativas.............................................. 63

2. 3. A TEORIA DA ATIVIDADE E AS METODOLOGIAS ATIVAS ......................... 69

2. 3. 1. Definição e conceitos....................................................................................... 69

2. 3. 2. Três fases na Teoria da Atividade ................................................................. 72

2. 3. 3. As Metodologias Ativas, a Teoria da Atividade e a Educação

Sociocomunitária . .................................................................................................75

PARTE III. DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA: PERFIS DE “ENSINAGEM” E

SUAS RELAÇÕES COM AS METODOLOGIAS ATIVAS.............................................. 78

3. 1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO E DOS PROCESSOS DE

COLETA DE DADOS........................................................................................................ 78

3. 1. 1. Análise dos Questionários TSI aplicados aos professores/coordenadores

da instituição pesquisada ............................................................................................. 85

CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 145

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 148

ANEXO. LEVANTAMENTO DOS ESTILOS DE ENSINO............................................ 157

APÊNDICE. COMPLEMENTAÇÃO (FONTE: A PESQUISADORA).......................... 168

APÊNDICE.MEMORIAL...........................................................................................174

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INTRODUÇÃO

Ter acesso à informação já não basta para que jovens e adultos consigam

participar da vida em sociedade. Numa sociedade que já foi denominada como da

informação, no início dos anos de 1980, e que após os anos de 1990 passou a ser

nomeada como Sociedade do Conhecimento, conhecimento é poder. A necessidade

de produzir, divulgar, possuir e saber usar a informação é incessante. Cria-se o

imperativo de produzir e consumir “saberes”, ficando num segundo plano questões

fundamentais como: quem está produzindo e validando o conhecimento? Para quem?

Como esse conhecimento vem sendo usado?

A grande mudança da sociedade global começa com a Sociedade da

Informação, que acontece e marca uma era profundamente, utilizando a informação

para o desenvolvimento como sustentação da sociedade contemporânea, que prioriza

a tecnologia, a liberdade individual e a comunicação aberta (CASTELLS; CARDOSO,

2006).

Porém, acesso à informação não realiza por si só a aprendizagem, que, por

sua vez, não atesta conhecimento. Assim dito por Castells e Cardoso (2006), é

necessário que, frente às informações apresentadas, as pessoas possam reelaborar

o seu conhecimento ou até mesmo desconstruí-lo, visando uma nova construção, e a

partir deste movimento reconfigurar a Sociedade da Informação em Sociedade do

Conhecimento.

Consideramos, nessa investigação, que o desenvolvimento das capacidades

humanas que envolvam o pensar, o agir e o sentir devem ser mais amplos do que o

conhecimento enciclopédico, que parece ainda tão valorizado atualmente. De modo a

que aprendamos a refletir que tais capacidades, todas incluídas na produção dos

saberes, precisam estar comprometidas para a melhoria da qualidade de vida do

entorno em que se vive.

A construção do conhecimento, pelo estudante, deve ser o foco de atuação do

professor e sua ação docente de ensino↔aprendizagem; compreendendo que ele,

professor, também constrói saberes nesse processo. Os esforços realizados pelo

professor serão, como entendidos nessa dissertação, no sentido de proporcionar

experiências de construção de conhecimentos, que favoreçam o alcance dos objetivos

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estabelecidos para os seus estudantes, e aqueles que os estudantes estabeleceram

para si próprios.

Alunos autônomos apresentam resultados positivos em relação à

aprendizagem, tendo melhor entendimento conceitual, processamento profundo das

informações e uso de estratégias autorreguladas (REEVE, 2009). Nesse sentido há a

necessidade de descobrir como desenvolver uma metodologia diferenciada,

respeitando as especificidades dos diferentes cursos, o perfil de ensinagem de cada

docente e o perfil de aprendizagem dos discentes.

Como já anunciado no título desse trabalho, ao se tratar das metodologias

ativas de ensino e aprendizagem, entendemos que a função do professor, ao adotar

tais metodologias, deixa de ter uma ação de “transmissão da informação” e passa a

ser aquela de mediador do processo de aprendizagem, modificando as suas próprias

formas de pensar e também aquela dos alunos, em função da experiência do

aprender, estimulando a autoaprendizagem e a co-aprendizagem, como forma de

aquisição de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes.

O professor deve adotar e abrir a perspectiva dos alunos, deve acolher seus

pensamentos, sentimentos e ações, sempre que manifestados, e apoiar o seu

desenvolvimento motivacional e capacidade para autorregular-se (BERBEL, 2011,

p.4). Estimula-se a educação continuada, despertando a curiosidade do aluno,

fazendo com que ele desenvolva a capacidade de analisar situações diversas,

enfatizando a solução de problemas ou o alcance de objetivos de aprendizagem, em

consonância com o perfil psicossocial da comunidade na qual está inserido.

Argumentamos que as metodologias ativas de ensino podem abrir caminho

para novas formas de se pensar a educação no nível superior, discutindo pontos

tensionais como o que significa conhecer, quem produz conhecimento e por que,

quem define quais conhecimentos são considerados mais válidos que outros, o que

uma sociedade faz com o conhecimento, quem o controla, dentre outros. Para Borges

e Alencar,

Podemos entender Metodologias Ativas como formas de desenvolver o processo do aprender que os professores utilizam na busca de conduzir a formação crítica de futuros profissionais nas mais diversas áreas. A utilização

dessas metodologias pode favorecer a autonomia do educando, despertando a curiosidade, estimulando tomadas de decisões individuais e coletivas,

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advindos das atividades essenciais da prática social e em contextos do

estudante (BORGES; ALENCAR, 2014, P.120).

A intenção em se trabalhar com metodologias ativas é equilibrar as interações

entre professor e alunos, colocando esses últimos no centro das atenções no

processo de ensino-aprendizagem. Oliveira (2013) sugere o uso de um modelo

baseado na aprendizagem, em que o estudante é o principal agente do processo:

A aprendizagem abrange um processo de crescimento e desenvolvimento da

pessoa em sua totalidade, abarcando minimamente quatro grandes áreas: a do conhecimento, a afetivo-emocional, a de habilidades e a de atitudes e valores. Este modelo de aprendizagem envolve o estudante, valorizando

suas ideias, sentimentos, valores, cultura, experiências e meio soc ial. [...] A aprendizagem de ciências humanas e sociais exige abertura para o debate, para a reflexão, para novas teorias e ideias (OLIVEIRA, 2013, p.19).

Este estudo tem, assim, a intenção de discutir as metodologias ativas de ensino

na Educação Superior a partir das concepções dos docentes, e do levantamento dos

seus perfis de ensinagem, entendendo que a compreensão resultante dessa análise

poderá guiar, de forma mais efetiva, a formação continuada do docente desse nível

de ensino. Entendemos também que por meio dessa discussão é possível refletir,

além dos processos de ensino-aprendizagem, sobre qual a missão da universidade

na sociedade contemporânea, dita do conhecimento, argumentando que essa missão

deve ter por foco, necessariamente, o compromisso da construção do conhecimento

com a transformação social, favorecendo a melhoria da qualidade de vida. Como

compreendido aqui, a concepção de qualidade de vida não se refere a um padrão pré-

existente aos grupos sociais, mas, contrariamente, emerge da escuta das diferentes

vozes que os compõem (NUSSBAUM, 2011). Para García e Mirón (2013, p. 147):

La teoria del enfoque de las capacidades proporciona un marco normativo

ideal para evaluar el alcance del bienestar individual y para desarrollar la

naturaleza humana. La expresion capacidades, “capabilities”, se re ere a potencialidades del ser humano, libertades sustantivas que disponen los individuos para desarrollar funcio namientos que les permitan realizarse y

alcanzar el bienestar (Nussbaum, 2012:40). No obstante Sen y Nussbaum, difieren en algun aspecto de la teoria, en el sentido de que Sen prefiere el termino funcionamiento al de capacidad. Define al funcionamento –o

funcionalidad- como las cosas que el individuo hace o la situacion en la que se encuentra, debido a sus recursos y al uso que hace de ellos (Sen, 1987: 36). El punto de partida es, por tanto, que el nivel o calidad de vida no se mide

solo por como Nussbaum (2002: 40) coinciden en que el nivel de vida y el bienestar alcanzado viene determinado por el grado de desarrollo de las capacidades, no por la cantidad de ingresos, ni por sus caracteristicas ni por

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la utilidad que puedan generar sino por la oportunidad de transformar estos ingresos y recursos en funcionamientos valiosos (SEN, 2004, p.15).

A metodologia desta pesquisa é quantiqualitativa, exploratória, e usou como

instrumentos de coleta de dados: três tipos de questionários, aplicados aos

coordenadores e professores de diversos cursos de graduação e de pós-graduação

de uma instituição confessional, que chamaremos de Instituição Z, sem fins lucrativos,

localizada na macrorregião de Campinas. Para Gil (2008), a pesquisa exploratória é

aquela que busca ampliar o conhecimento sobre determinado fenômeno, a fim de

explicitá-lo. Consideramos que o estudo do perfil de ensinagem dos docentes dessa

instituição se enquadra nesse tipo de pesquisa.

O primeiro questionário foi aplicado somente aos coordenadores da Instituição

Z, a título de levantar as concepções desses sobre o assunto ensinagem. Foram

elaboradas quatro questões subjetivas, que foram respondidas por 12 coordenadores,

de diversos cursos de graduação e pós-graduação, como Direito, Administração,

Serviço Social, Pedagogia, Engenharias, Sistemas de Informação, Mestrado em

Educação, dentre outros.

O segundo questionário aplicado, estruturado, foi desenvolvido pela

Coordenação do Conselho do Ensino Superior da Universidade do Texas/EUA, e se

direciona a sondar as percepções dos docentes em relação às suas formas de

ensinagem (Survey of Teaching Styles – Levantamento do Estilos de Ensino).

O terceiro, elaborado pela própria pesquisadora, de caráter semiestruturado,

destinou-se a sondar as percepções e conhecimentos dos docentes em relação às

metodologias ativas no ensino superior.

Como referencial teórico embasamo-nos na proposição da teoria da atividade,

de Engeström, entendendo que a prática de ensino-aprendizagem pelas metodologias

ativas se constitui como atividade docente dialógica, epistemológica, porque

discutindo as bases da construção do saber e axiológica, pois refletindo sobre os

limites ético-morais dessa construção e do ensinar e aprender.

Frade (2015, p. 27) assim se coloca sobre a teoria da atividade:

A atividade é apresentada como um sistema recíproco de transformação entre sujeitos e objetos. O processo de conhecimento do mundo como a recepção de estímulos é descartado, e ganha foco o conceito de atividade

que tem como principal característica sua orientação a um objeto, mediada

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pela linguagem, signos e ferramentas culturais, fatores estes transformados

historicamente (ENGESTRÖM; MIETTINEN, 1999; LEONT’EV, 1981). A relação sujeito-objeto mediada por artefatos culturais tornou-se um conceito símbolo dessas ideias.

Essa dissertação está assim organizada: na primeira parte tratamos sobre a

Educação Superior no Brasil, iniciando o tema com um breve histórico, passando pela

legislação da Educação Superior, culminando nas perspectivas atuais desse nível

educacional. Na segunda parte, abordamos os aspectos metodológicos na Educação

Superior, com ênfase sobre a formação e a ação docente na Educação Superior, as

metodologias ativas como proposições de inovação da prática docente e a correlação

entre a Teoria da Atividade e as metodologias ativas. Na terceira parte, com o

desenvolvimento da pesquisa, são analisados os perfis de “ensinagem” e suas

relações com as metodologias interativas (ativas) de ensino, tratando-se os dados dos

questionários. Consideramos, nessa pesquisa, que as metodologias ativas, de forma

geral, são aquelas nas quais os processos de conhecimento, análise, pesquisas,

estudos e decisões sobre o que e como aprender, bem como a forma em que

ocorrerão os processos de avaliação, são interativos, e transcorrem na dialogicidade

entre professores e estudantes. Juntos, esses possuem a finalidade de encontrar

soluções para que a aprendizagem ocorra da melhor maneira possível, para todos

(BASTOS, 2006, s/p).

Como resultados, esperamos colaborar para a construção de bases teóricas

para as metodologias ativas, que a signifiquem para além de meras técnicas didático-

pedagógicas, e traçar uma perspectiva de compreensão do perfil de ensinagem dos

docentes da instituição investigada, o que, esperamos contribua para a formação

continuada desses, no âmbito das metodologias ativas, como aqui pensado.

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PARTE I. A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL

1.1. BREVE HISTÓRICO

A história da educação se confunde com a história do ser humano: os povos

primitivos já se preocupavam em constituir um fundo de conhecimentos e de

ensinamentos necessários para a sobrevivência em sociedade (ELIAS, 1939). Esses

ensinamentos, vindos dos mais velhos aos mais jovens, eram sobre caça, pesca, arte

da guerra, rituais religiosos, entre outros. Mas também sobre astronomia, curas,

construção de templos e reservatórios de água, domínio do fogo, etc.

Com o passar do tempo, surgiu a necessidade de sistematização e

aprimoramento do conhecimento e do ensino, destacando-se, neste contexto, pelas

fontes históricas que nos chegaram, os povos egípcios, gregos e romanos.

Crescentemente, então, a educação se torna um instrumento de potencial

complexificação dos modos de vida, auxiliando a controlar as variáveis da natureza,

inclusive aquelas causadoras de doenças, a conquistar terras, a obter riquezas,

soberania e poder. O que Chauí afirma em relação à linguagem, de que somos nós,

que atribuímos valores e sentido a essa, pode ser afirmado, também, em relação à

educação:

somos nós, homens, que lhe atribuímos poder a partir do momento que lhe

atribuímos significações, símbolos e valores que determinam o modo como interpretamos as forças divinas, naturais, sociais e políticas e suas relações conosco (CHAUÍ, 2000, p.174-175).

O Egito é um dos mais reconhecidos dos berços da cultura e grande

responsável pela construção de parte do conhecimento que permitiu à Grécia e depois

à Roma alcançarem o desenvolvimento e o status que ainda as destacam na história

mundial. Documentos do Antigo Império egípcio, por volta do séc. XXVII a.C., apontam

o início do desenvolvimento de conhecimentos sobre matemática, medicina,

astronomia e política. Mas temos também, no continente americano, os exemplos das

civilizações maia e asteca, que desenvolveram um corpo de conhecimentos

avançado, em termos de astronomia, agricultura e outros.

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A Grécia antiga dá sinais de uma sistematização educacional por volta do séc.

VIII a.C. Com a democratização política, os gregos começaram a preocuparem-se

com a polis e a instrução de saberes como caçar e pescar precisou voltar-se para

outras habilidades, como o falar bem e o persuadir, pela arte da retórica. Contudo,

apesar da democratização da sociedade, e do acesso aos bens culturais por meio do

teatro, e outras formas de divulgação dos saberes, o direito à educação e à cultura

era prioridade das elites.

Manacorda (2006) explica que a educação formal era oferecida apenas aos

homens, desde os 6 anos de idade, aproximadamente, que eram acompanhados até

os 18 anos, ou em alguns casos, até os 30 anos de idade. Faziam parte do ensino a

lógica, a gramática, a retórica, as aulas de desporto e a arte da guerra. Às mulheres,

o ensino se restringia às normas de etiqueta:

O maior desenvolvimento da estrutura educacional grega levou à difusão e à

extensão das atividades olímpicas, guerreiras e intelectuais. As competições físicas, as Olimpíadas, foram abertas aos adolescentes por volta dos anos 600 a.C., e as artes da guerra deixaram de ser restritas aos aristocratas. Concomitantemente, as atividades artísticas também progrediram e

promoveram a mediação entre o físico e o intelectual por meio do canto, da dança, das competições poéticas e teatrais (MARIANO, 2006, p.65).

A educação romana era baseada nos mesmos moldes que haviam

caracterizado o ensino na Grécia, naquilo que se refere às artes da gramática, da

retórica, e da lógica. Situada entre o século VI a.C. até a adequação progressiva à

civilização helenística após a morte de Alexandre, o Grande, em 323 a.C., consolidou-

se como uma educação que incluía, além da nobreza, também os filhos dos

camponeses, baseada no paterfamilias:

A soberana autoridade do paterfamílias exalta a importância da figura dos pais, e aqui se subentende pai e mãe, visto que em Roma, ao contrário da Grécia, a mulher exercia um papel importante na educação familiar. Às mães

cabia ensinar aos filhos, meninos e meninas, as primeiras letras e incentivar seu desenvolvimento por meio de brincadeiras e jogos em casa. Após os sete anos, a responsabilidade do ensino dos meninos passava para o pai, que

devia oferecer aos filhos a possibilidade de acompanhá-lo em todas as suas atividades da vida pública e profissional. Enquanto isso, as filhas permaneciam ao lado da mãe aprendendo outras atividades, mais ligadas

aos cuidados da casa e da família. O paterfamilias romano adiou o aparecimento da educação pública (MARIANO, 2006, p.65).

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No período medieval, segundo Gadotti (2003), a educação se inicia desde a

pregação apostólica, no século I depois de Cristo. Entre os séculos I ao VII depois de

Cristo, a filosofia cristã, também chamada de patrística, permite que haja uma trégua

entre seus preceitos e a doutrina greco-romana, permitindo o surgimento de dois

novos tipos de educação: a educação para o povo e a educação para o clérico. A

educação para o povo consistia na educação catequética, dogmática. A educação

para o clérico era humanista e filosófico-teológica.

Os estudos medievais incluíam em seus conteúdos: o trivium (gramática,

dialética e retórica) e o quadrivium (aritmética, geometria, astronomia e música).

(GADOTTI, 2003).

O sistema de ensino compreendia três tipos, inspirados numa sistematização

proposta por Carlos Magno:

a) A educação elementar, ministrada em escolas paroquiais por sacerdotes.

A finalidade não era instruir, mas doutrinar as massas camponesas, mantendo-as ao mesmo tempo dóceis e conformadas; b) A educação secundária, ministrada em escolas monásticas, ou seja, nos conventos; c) A educação superior, ministrada nas escolas imperiais, onde eram preparados

os funcionários do Império (GADOTTI, 2003, P.52-53).

Para Cambi (1999), a Idade Medieval foi o berço da concepção do ser

humano moderno, a gestação dos pré-requisitos que formariam a consciência

individual. Foi, também, uma época marcada por uma etapa da evolução dos saberes

matemáticos e lógicos.

O modelo educacional, como conhecemos, com uma estrutura ligada à

presença de um professor, que ensina a muitos alunos de diversas procedências e

que deve responder pela atividade à uma autoridade, é produto da Idade Média, diz

Cambi (1999). Também no período medieval houve a criação das primeiras

universidades1:

1 Aquela reconhecida como primeira, ao menos na Europa, foi a de Bolonha, em 1088, a mais independente do poder eclesiástico, pois organizada por estudantes (ORLANDIN, 2016). Contudo, há

fontes que indicam que a primeira universidade teria surgido na região de Bharat, India, funcionando entre 600 A.C. a 500 D.C. Outras fontes apontam, ainda, a primeira universidade como aquela de Al-Qarawiyin, situada em na cidade de Fez, Marrocos, em 859 D.C. Assumimos aqui a primeira como

aquela de Bolonha devido a consistência das fontes que sustentam essa informação e também pela influência que o modelo europeu dessa primeira universidade exerceu em todo o sistema univeristário do mundo ocidental, subsequentemente.

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Tendo começado por bastar-se com a criação de escolas de catequese e de escolas de catequistas, o cristianismo acabaria, entretanto, por, em breve, estruturar novas instituições educativas − as escolas monásticas −

perseguindo também finalidades eclesiásticas em primeiro lugar, mas com um impacto decisivo mais vasto na história da cultura e da civilização do Ocidente. Depois, no período medieval caberá também à Igreja dar origem

às Universidades surgidas geralmente a partir das escolas episcopais ou catedrais, mas satisfazendo interesses novos e respirando já o espírito corporativo característico da burguesia emergente (AMADO, 2007, p. 91).

O mesmo autor, citando Luzuriaga (1963), comenta que as Universidades

medievais foram fundamentais como instrumentos de poder da Igreja Católica,

representando o ápice da produção de conhecimento à época, associando tal

produção ao ensino, promovendo as condições para o próximo grande movimento

intelectual europeu, o Renascimento.

O pensamento pedagógico renascentista parecia ter um cunho mais prático,

trouxe de volta a cultura greco-romana e caracterizou-se pela transição do feudalismo

para o capitalismo. Conforme Gadotti (2003) observa, a educação renascentista não

era voltada aos populares, às massas, e sim ao clero, à nobreza e aos burgueses que

ascendiam, às elites, enaltecendo a personalidade individual, ao contrário do

pensamento teocrático da Idade Média. Ocorre também a Reforma Protestante,

considerada a grande revolução burguesa, liderada por Martinho Lutero (1483-1546)

como continua nos informando Gadotti (2003), com o propósito de exaltar o livre

arbítrio do indivíduo.

Cambi (1999) retrata a Modernidade ressaltando seu caráter de transformação

quanto às estruturas econômicas, quanto à organização social e ao perfil cultural

vividos na Idade Média, predominantemente teocêntrico, com um sistema

socioeconômico feudal.

Já o Iluminismo, com tendência predominantemente lógica, caracterizou-se

pela busca de uma explicação científica para todo fenômeno percebido. Além disso,

seus pensadores atuaram nas mais diversas áreas científicas: economia, filosofia,

sociologia, física e outros. Luziriaga (1963 apud Amado, 2007, p.148) expressa que,

pedagogicamente, é o século de instrução sensorialista e racionalista, do naturalismo

e do idealismo na educação, assim como da educação individual e da concepção da

educação nacional.

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Da educação em sua forma inicial até o surgimento da Educação superior,

foram dados longos passos. A história do Ensino Superior no mundo passou e passa

por diversas origens; acontece de diferentes formas, mas a intenção identifica-se com

um conjunto de práticas similares: a. instruir os sujeitos para o Esclarecimento, dentro

do ideal iluminista de que o acesso ao conhecimento conduz a uma evolução para

melhor, dos indivíduos e das sociedades; b. para a fundamentação de uma cultura de

elite, c. para o exercício profissional altamente especializado; d. para a apropriação

das normas e regulações sociais, que caracterizariam a alta cultura, diferenciando-a

de formas culturais que lhe seriam “inferiores”, e e. para impulsionar a construção do

conhecimento.

Uma certeza da atualidade parece ser a de que as instituições de Ensino, tanto

superior quanto profissional, devem trabalhar com seus alunos muito mais do que as

disciplinas técnicas:

Pensar com autonomia, saber relacionar-se socialmente, de forma produt iva

para a tarefa em questão, ponderar sobre as múltiplas relações causa-efeito subjacentes a fenômenos e situações diversas, encontrar fontes de informação, saber analisá-las criticamente e empregá-las, adaptando-as conforme a necessidade, ser responsavelmente ético, ou seja, ser capaz de

compreender que não é qualquer solução que importa, mas como essa solução afetará a vida e as condições de existência dos envolvidos são, dentre outros, preocupações que as instituições formadoras têm premência

em incorporar às suas diretrizes e propostas educacionais. A necessidade de desenvolvimento da sociedade, de forma ampla, deu origem a um novo contexto de ensino, voltado não só para a formação profissional do indivídu o,

mas também para seu desenvolvimento pessoal, do caráter do cidadão e da sua participação na sociedade (BISSOTO, 2012, p.1).

1.2. ESCOPO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Embora as discussões em torno de quando as primeiras universidades teriam

sido fundadas, como acima já mencionado, para a maioria dos estudiosos sobre o

ensino superior, há um consenso de que as escolas de Ensino Superior, tal como as

conhecemos hoje, têm origem entre os séculos XII e XIV, durante a Idade Média, na

Europa, e eram ligadas à Igreja ou à corte, sendo uma exceção aquela de Bolonha,

como já mencionado, organizada pelos próprios estudantes.

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As Universidades Medievais surgiram com o propósito de produzir e organizar

o conhecimento sobre temas diversos e universais, como o próprio nome já diz,

desempenhando um papel essencial na preservação e difusão dos conhecimentos

produzidos. Acompanhando Trindade (2000), o primeiro período de desenvolvimento

das Universidades acontece no século XII até o Renascimento, caracterizado como

período da invenção da universidade europeia, em plena Idade Média, em que se

constituiu o modelo da universidade que ainda guarda algumas particularidades com

as instituições universitárias contemporâneas: “a publicidade, a criatividade, a

indissociabilidade entre ensino e pesquisa, a intencionalidade e a

interdisciplinaridade” (CASTANHO, 2000, p. 21), a partir das experiências precursoras

de Bolonha e de Paris, e, sua posterior implantação em todo território europeu, sob a

proteção da Igreja.

Bolonha, tida como a universidade europeia mais antiga, datada de 1088, como

já dito, e é caracterizada como a universidade dos estudantes, por sua organização

independente. A de Paris, criada no século XII, em 1170, serviu de modelo para outras

instituições, implantada dentro dos estabelecimentos religiosos, igrejas ou mosteiros,

sendo submetida aos regulamentos e disciplina da Igreja. Para Rossato,

A Universidade de Paris cresce estimulada pela localização geográfica e pela presença da administração real. A corporação, denominação que era outorgada à Universidade, se forma em 1150, no século XII, e adquire o título

de Estudos Gerais, onde a Teologia é a mais importante de todas. Já no século XIII está consolidada, formando a Corporação dos Mestres Parisienses (1262) ou Universitas Magistrorum et Scholarium, formada de

alunos e professores, mas os mestres predominavam. Este local de estudos recebe alunos de todas as nações tendo então o reconhecimento oficial da mais alta autoridade civil, o Papa, normalmente por meio de uma bula

(ROSSATO, 2005, apud BOHRER et. al., 2008, p.3).

O sistema de organização e de ensino dos Estudos Gerais em Bolonha seguia

outros parâmetros para atender às necessidades municipais, carente de juristas e de

administradores. Em sua estrutura eminentemente estudantil dominava a corporação

dos mestres, determinando o salário, os métodos de ensino e até as exigências para

a colação de título. Cobravam multas dos mestres faltosos ou que não tinham

suficiente competência e os reincidentes podiam ser até expulsos (ORLANDIN, 2016).

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Rossato (2005) lembra que, por volta de 1200, as instituições que possuíam

as faculdades de Artes, Teologia, Decretos e Medicina, que na época eram as

principais áreas do conhecimento, recebiam a denominação de studium generale. Na

mesma ocasião ressalta que a universidade era uma escola de fundação ou religiosa,

ou vinculada às cortes, cujos membros, organizados em corporações ou não,

gozavam de certos privilégios, de caráter universal, e/ou dos privilégios eclesiásticos.

Giles (1987) comenta que o profissional que era admitido para ser ensinante deveria

possuir mais de 21 anos, com no mínimo, 6 anos de estudos e possuir defesa de um

debate público, passando pelos 3 graus de escolaridade, como: bacharelado,

licenciatura e mestrado. Os estudantes agrupavam-se em bairros, onde residiam, e

encontravam-se nas salas de aula. O método de ensino era o da lição, ou seja, leitura

e comentários pelo mestre e discussão entre os estudantes do que o mestre

propunha. A etapa final dava-lhe a condição de ensinar em qualquer lugar do mundo,

com aprovação pontifícia. Os que, pela dificuldade do processo não conseguissem

chegar à etapa final, tornavam-se ensinantes nas escolas primárias ou elementares.

O segundo período remonta do século XV, época em que a universidade

renascentista recebe o impacto das transformações comerciais do capitalismo e do

humanismo literário e artístico, mas sofre também os efeitos da Reforma e da

Contrarreforma. De acordo com Woods (2008), nesse período 33 universidades

estavam vinculadas à Igreja, 15 às cortes europeias, 20 estavam associadas tanto à

Igreja como às Cortes e 13 eram independentes. Contudo, parece que o próprio

enrijecimento da Igreja nesse período, associado à oposição da Contrarreforma,

endureceu também as universidades, entrando essas, a partir do século XV, em uma

fase de declínio. Para Anísio Teixeira (1968, p.21):

A instituição universitária é realmente medieval. Foi na Idade Média que ela

de fato realizou a verdadeira unificação da cultura chamada ocidental. A cultura da Europa foi unificada por essa universidade medieval que surgiu nas alturas dos séculos XI e XII, e que elaborou realmente um trabalho

extraordinário de unificação intelectual do pensamento humano naquela época. Essa universidade, que chega a seu clímax, a seu ápice no século XIV, entra depois num período de consolidação tão rígida e tão uniforme que

verdadeiramente se torna uma das grandes forças conservadoras do mundo. Ela não aceitou completamente nem o Renascimento nem a Reforma e, durante os séculos XV, XVI, XVII e XVIII, prosseguiu num extraordinário

isolamento dentro da sociedade.

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O terceiro período, que vai do século XVII ao século XIX, foi marcado por

descobertas científicas em vários campos do saber, mas não necessariamente

desenvolvidas nas universidades, mas em academias e centros de pesquisa e de

estudos, que tinham um caráter mais independente, em termos de vinculação com a

Igreja ou com as Cortes europeias, que também lutavam com vários problemas para

conseguirem manter sua hegemonia. No entender de Simon Schwartzman e Antônio

Paim (1976, item 3):

É para a França que o eixo da ciência internacional se transfere, em meados

do século XVIII. Lá, a revolução social que acompanhou, na Inglaterra, a revolução industrial, não se faria sem sangue. Existe uma ciência oficial que se pretende neutra, técnica, e que é corporificada na Academia, paga,

protegida e controlada pelo Ancien Régime. E existe, ao mesmo tempo, um movimento intelectual e cultural ao redor da ciência, uma ideologia "cientística" em desenvolvimento, que será conhecida na historia como

Iluminismo. A Encyclopédie Francaise de Diderot e D'Alambert, publicada entre 1751 e 1777 , é a grande obra da ciência francesa de então. Comparada com obras similares da época, é eminentemente teórica e cultural, e não

técnica e aplicada, como suas congêneres britânicas. Lavoisier foi a figura central da ciência francesa da época, e a existência de pensadores sociais do nível de Saint-Simon, Proudhon e Rousseau, vinculados ao Iluminismo, confirma a orientação política e social do movimento intelectual e científico

francês (em contraposição, a Inglaterra da época se notabiliza pela presença de uma escola econômica de grande importância, na qual a figura central é Adam Smith). A Revolução Francesa leva Lavoisier à guilhotina, em parte por

obscurantismo (A a República não necessita de cientistas", teria afirmado o oficial que o deteve), em parte por suas ligações demasiado próximas com o sistema de coleta de impostos do antigo regime. Mas a ciência francesa não

tardaria em se recuperar, e ocupar lugar preeminente no mundo ocidental durante a restauração napoleônica, até ser superada, no decorrer do século XIX, pela ciência produzida na Alemanha.

Sob a influência do Iluminismo, então, mas também de todas as profundas

modificações no cenário econômico e social provocadas pelo avanço da Revolução

Industrial, e do crescente cientificismo do século XIX, implantou-se a universidade

estatal moderna, e essa etapa, que se desdobra até os nossos dias, introduz uma

nova relação entre Estado e a Universidade. Que se fundamenta numa maior

autonomia das instituições universitárias, mas, paradoxalmente, num fortalecimento

do Estado, que encontra na Universidade seu braço pensante. Para Anísio Teixeira

(1968, p. 22): “É na Alemanha, com efeito, que se opera a grande renovação da

universidade, voltando a ser o centro de busca da verdade, de investigação e

pesquisa; não o comentário sôbre a verdade existente, não o comentário sôbre o

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conhecimento existente, não a exegese, a interpretação e a consolidação dêsse

conhecimento, mas a criação de um conhecimento nôvo.”.

Observa-se a partir dessa periodização, que os respectivos contextos políticos,

econômicos, sociais e culturais, influenciaram, em maior ou menor grau, a trajetória

da instituição universidade. Isso ocorrerá também na história do ensino superior

brasileiro.

1.2.1. Sobre a Educação Superior na América-Latina e no Brasil

Foi por meio dos colonizadores espanhóis que as primeiras universidades

foram fundadas, em suas colônias na América, no século XVI, sob a sombra da Igreja

e da poderosa corte espanhola. Para Camacho (2005, p. 108):

A primeira universidade fundada no continente americano, segundo Cunha,

foi a de são Domingos, em 1538. Poucos anos depois, em 1553, foi criada, no México, a segunda universidade americana. A seguir viriam as

universidades de São Marcos (Peru), São Felipe (Chile) e, Córdoba (Argentina). Muitas outras se seguiram, totalizando, ao tempo da nossa independência, vinte e sete universidades na América Espanhola. Enquanto

se verificava essa verdadeira profusão de instituições universitárias na América Latina, o Brasil não contava com nenhuma escola superior.

De acordo com Cunha, o fato da Espanha contar, já à época, com 08

universidades, e com muitos alunos, e frente à necessidade de formar uma base de

pensamento intelectual nas colônias, como forma de mais bem governá-las, foram

fatores diferenciais para que o ensino superior avançasse nas colônias espanholas e

não no Brasil, colônia portuguesa. Nas palavras do autor:

Havia na Espanha, no século XVI, oito universidades famosas em toda a Europa, enquanto Portugal dispunha de apenas uma: a de Coimbra, e mais tarde a de Évora, esta de pequeno porte. Com mais habitantes e mais

universidades, a população letrada espanhola era muito maior que a portuguesa (CUNHA, 2000, p.152-153).

O Brasil inicia, então, a sua história com o Ensino Superior muito depois das

civilizações europeias e das colônias vizinhas. A criação das universidades brasileiras,

ao contrário das Américas Espanhola e Inglesa, que tiveram acesso ao ensino

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superior já no período colonial, só aconteceu três séculos mais tarde, no início do

século XIX, quando da vinda da Família Imperial ao país.

A Educação universitária da elite brasileira procedia da seguinte forma: os

estudantes brasileiros, filhos da elite, eram considerados portugueses nascidos no

Brasil. Isso lhes confiava o direito a estudar nas primeiras instituições de ensino

brasileiras: os colégios reais. Somente quem concluísse os estudos nos colégios

jesuítas poderia seguir seus estudos em Coimbra, Portugal.

A Universidade de Coimbra foi a primeira universidade cursada por brasileiros.

Nela se graduaram, em Teologia, Direito Canônico, Direito Civil, Medicina e Filosofia,

durante os primeiros três séculos de nossa história, mais de 2.500 jovens nascidos no

Brasil (OLIVEN, 2002, p.31).

Em princípio, a “Educação Superior” era restrita àquela ensinada pelos jesuítas,

no território brasileiro. Ao todo, eram 17 colégios jesuítas destinados aos estudantes

internos e externos, filhos da elite colonial. Portugal, resistiu a criação de

universidades, por várias razões: assolamento do país por guerras e pela ocupação

napoleônica, a intenção de impedir que, através dos estudos, se conhecesse e

difundissem as ideias dos movimentos independentes e das ideias revolucionárias, o

alto conceito da Universidade de Coimbra...Para Schwartzman e Paim (1976, item 9):

A razão mais profunda para a não existência de uma universidade brasileira é que faltava ao país setores sociais definidos que fossem portadores de uma

tradição cultural e uma ideologia modernizadora de tipo científico, tais como as que serviram de alento as novas universidades e sociedades científicas da Inglaterra, França ou Alemanha. Assim, ao empreender caminho

independente, a cultura brasileira o fazia incorporando apenas um dos aspectos da ideia moderna de ciência, aquele referido a suas aplicações; mas faltava o mais importante, a existência de amplos setores da sociedade que

vissem no desenvolvimento da ciência e na expansão da educação o caminho de seu próprio progresso. No Brasil, e ainda por muito tempo, esta seria uma visão exclusiva de alguns setores da administração do Estado.

Já no entender de Anísio Teixeira (1968, p. 25), a resistência à criação de

universidades no Brasil se deve a outros motivos:

À primeira vista, parece paradoxal essa resistência do Brasil à criação da universidade. Não houve no Brasil universidade no período colonial. Com a

transmigração da Família Real, criam-se as duas primeiras escolas de Medicina, vinte anos depois as faculdades de Direito, depois uma faculdade de Minas e Mineralogia; a de Engenharia veio com a Academia Militar.

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Durante todo o período monárquico nada menos que 42 projetos de

universidade são apresentados, desde o de José Bonifácio até o último, que é o de Rui Barbosa, em mil oitocentos e oitenta e tantos, e sempre o govêrno e parlamento os recusam. Vim a encontrar no Congresso de Educação que

se realizou no Brasil, em 1882, presidido pelo Conde D’Eu, ao qual o Imperador deu extraordinária importância, um discurso em que um dos Conselheiros - o Conselheiro Almeida - faz uma longa catilinária contra a

universidade. Tôda sua argumentação gira em tôrno da universidade medieval. Alega que "a universidade é uma coisa obsoleta e o Brasil, como País nôvo, não pode querer voltar atrás para constituir a universidade; deve

manter suas escolas especiais, porque o ensino tem de entrar em fase de especialização profunda; a velha universidade não pode ser restabelecida".

Ou seja, a não criação de universidades no Brasil, que foi substituída pela

criação de muitos cursos profissionais, e de boa qualidade, parece ter seguido muito

mais uma linha de raciocínio que privilegiava o ensino utilitário do que aquele

“enciclopédico”, frente à concepção de que a universidade tinha sido uma instituição

que “não teria vingado”, em termos da sua função social.

Acompanhando essa argumentação, após um longo período, que variou de

1822 a 1889, período imperial, nasceram instituições com ênfase no ensino

profissional, ainda voltadas para a elite, nas quais primavam as habilidades técnicas

necessárias à formação em engenharia, saúde, direito, artes e teologia, mais voltadas

ao ensino do que à pesquisa. Schwartzman (2006) aponta que os engenheiros

representavam a base da tecnocracia, servindo ao enfrentamento dos enormes

desafios estruturais de se construir um país, a formação de médicos se revestia tanto

da necessidade curativa como daquela preventiva, haja vista as condições de

insalubridade das cidades brasileiras, em especial o Rio de Janeiro, os bacharéis

deveriam servir à administração do Estado, e os profissionais das artes viriam a ser a

semente das ciências sociais no Brasil.

Após a Proclamação da República, em 1889, acompanhando os ideais

positivistas, a preferência continuou posta no ensino técnico profissionalizante, em

detrimento do ensino voltado para a pesquisa. Aproveitando a descentralização

política que caracterizou esse período, alguns estados, como o Paraná (1912), São

Paulo (1911) e Amazonas/Manaus (1909), criaram universidades no início do século

XX, que foram logo descontinuadas:

Em 1911, foi criada uma espécie de "Exame de Estado" com o objetivo de

selecionar aqueles que desejassem ingressar no ensino superior; em 1915, esse exame foi chamado de "vestibular". Durante a maior parte do século XX,

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o vestibular foi critério único de seleção e alocação dos estudantes, nos

cursos superiores (GUIMARÃES, 1984 apud OLIVEN, 2002, p. 31).

A primeira universidade brasileira, a Universidade do Brasil, que posteriormente

passou a se chamar Universidade do Rio de Janeiro, foi criada em 1920. De acordo

com Bernardo (2006), a Universidade do Brasil reunia, administrativamente,

faculdades profissionais pré-existentes sem, contudo, oferecer uma alternativa

diversa àquela do sistema vigente, que era mais voltado ao ensino, do que à pesquisa.

Era elitista, conservadora e voltada para a orientação profissional dos seus cursos,

com base na autonomia das faculdades.

Nas palavras de Anísio Teixeira (1968, p. 25):

Somente em 1920, a República dá o nome de universidade às quatro escolas superiores que havia no Rio de Janeiro. Mas essa Universidade somente em

1937 veio a ser realmente implantada. Em 1934, foi criada a primeira universidade em São Paulo e, em 1935, uma no Rio de Janeiro, antigo Distrito Federal, que logo depois veio a ser extinguida. O Brasil conservava a posição

de defender uma educação superior de tipo utilitário e restrito às profissões. Nestas ligeiras observações históricas já se patenteia a resistência à ideia de universidade. Quando afinal acaba por se constituir por ocasião do

centenário, não passa de uma federação de escolas profissionais superiores.

Em 1924 foi criada a ABE – Associação Brasileira de Educação – espaço em

que podia-se debater questões referente à educação e a pesquisa no Ensino Superior,

coisa que as próprias Universidades ainda não faziam.

Depois, foi a vez da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1927, com a

aglutinação de cinco faculdades – Engenharia, Medicina, Direito, Farmácia e

Odontologia. Entre tentativas de se reformar o sistema do ensino superior no Brasil,

Morosini (2005) esclarece que

pouca coisa foi realmente modificada. Conforme a autora, no período compreendido entre o final do século XIX até 1930 é possível perceber, ainda,

as influências jesuíticas sobre o sistema educacional, que continuava de conteúdos intelectualistas, alienada da realidade e sem vinculação com o mundo do trabalho.

Constatamos que as modificações foram apenas superficiais, embora nesse

largo período histórico tenham ocorrido modificações estruturais significativas

superiores, no regime político, na economia e nas relações sociais. Tais mudanças,

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no entanto, não alteraram as relações entre a elite e as massas: o modelo vigente de

subordinação das segundas à primeira, ainda perduraria por séculos.

Em 1930 acontece a tomada do poder por Getúlio Vargas, após comandar uma

revolução que derrubou o governo de Washington Luís. A Revolução de 1930, que

levou Getúlio Vargas ao poder, foi liderada por frações dissidentes das oligarquias e

atacou as bases de dominação dos cafeicultores. As reformas sociais e econômicas,

levadas a efeito a partir de 1930, criaram as pré-condições para a expansão do

capitalismo no Brasil. Acontece, também, a retomada do poder estatal sobre a

educação.

Durante seu primeiro mandato, Vargas institui o Ministério de Educação e

Saúde, o MES, que em 1931 aprova o Estatuto das Universidades Brasileiras:

a universidade poderia ser oficial, ou seja, pública (federal, estadual ou municipal) ou livre, isto é, particular; sendo obrigatória a inclusão dos cursos de Direito, Medicina, Engenharia, Educação, Ciências e Letras. Essas

faculdades seriam ligadas por meio de uma reitoria, por vínculos somente administrativos, mantendo, no entanto, a sua autonomia jurídica (OLIVEN, 2002, p.34).

Foi com ares de modernização, após a Revolução de 1930, que dois projetos

foram colocados em prática: a USP - Universidade do Estado de São Paulo e a UDF-

Universidade do Distrito Federal. Para Anísio Teixeira (1968), a criação dessas duas

instituições buscava integrar o ensino, rompendo com o modelo universitário de

aglutinamento de faculdades isoladas, e oferecer alternativas à concepção de ensino

profissional, pautando-se por uma cultura mais geral e humanista. Contudo, no

entender do autor, tais objetivos não foram alcançados:

Ambas as iniciativas ficaram de certo modo frustradas. A Universidade do

Distrito Federal foi, pouco depois, supressa, incorporando seus professores à Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, criada na Universidade do Rio de Janeiro, reorganizada em 1937, com a designação de Universidade do

Brasil. Vingaria, pois, a ideia da Universidade de São Paulo, da Faculdade Central de Filosofia, Ciências e Letras para integrar e dar unidade à ideia universitária. Isto, entretanto, não se verificou. O espírito de independência e

isolamento das escolas, conjugado com o molde resistente das escolas profissionais, levou ao insulamento da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Nenhuma das antigas escolas aceitou a sua colaboração na formação

básica propedêutica aos seus cursos profissionais. Não só não aceitou, como, de certo modo, passou a hostilizar a nova Faculdade, que teve, para se defender, que dar ênfase aos cursos de licenciatura para o magistério

secundário somente subsidiariamente se devotando à formação acadêmica

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dos especialistas em Letras, Ciências e Filosofia. Assim dividida nos seus

objetivos fundamentais, acabou por se multiplicar no País, mais, contudo, como escolas normais de professor secundário do que como Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, salvo o caso das duas maiores, as do Rio e de

São Paulo. Neste sentido é que digo que a experiência, em grande parte, se frustrou. Veremos adiante os aspectos atuais do processo de evolução ou transformação das faculdades de filosofia. Depois dessas duas tentativas de

implantação da universidade moderna, entre nós, voltamos à linha de menor resistência da simples criação de novas escolas, guardando o molde antigo de isolamento, auto-suficiência e independência de cada escola (TEIXEIRA,

1968, p. 27).

Em 25 de janeiro de 1934, sob o decreto n. 6283, do governador do Estado de

São Paulo, nascia a Universidade do Estado de São Paulo – USP, que nos dias atuais

é reconhecida como uma das maiores universidades do Brasil. Sua criação merece

destaque pois desenvolveu um grau de diferenciação das demais existente na época

(MOROSINI, 2005, p.310). A criação da USP assim foi justificada no decreto acima

citado:

considerando que a organização e o desenvolvimento da cultura filosófica, científica, literária e artística constituem as bases em que se assentam a liberdade e a grandeza de um povo; considerando que, somente por seus

institutos de investigação científica, de altos estudos, de cultura livre, desinteressada, pode uma nação moderna adquirir a consciência de si mesma, de seus recursos, de seus destinos; considerando que a formação

das classes dirigentes, mormente em países de populações heterogêneas e costumes diversos, está condicionada à organização de um aparelho cultural e universitário, que ofereça oportunidade a todos e processe a seleção dos

mais capazes; considerando que, em face do grau de cultura já atingido pelo Estado de São Paulo, com Escolas, Faculdades, Institutos, de formação profissional e de investigação científica, é necessário e oportuno elevar a um

nível universitário a preparação do homem, do profissional e do c idadão.

E seus fins explicitados dessa forma, no mesmo documento:

a) promover, pela pesquisa, o progresso da ciência;

b) transmitir pelo ensino, conhecimentos que enriqueçam ou desenvolvam o espírito, ou sejam úteis à vida; c) formar especialistas em todos os ramos de cultura, e técnicos e

profissionais em todas as profissões de base científica ou artística; d) realizar a obra social de vulgarização das ciências, das letras e das artes, por meio de cursos sintéticos, conferências palestras, difusão pelo rádio

filmes científicos e congêneres.

Já a UDF, fundada em 1935, sucumbiu ao elitismo conservador. Nesta, a

perspectiva de uma universidade autônoma, produtora de saber desinteressado,

formadora de indivíduos teórica e politicamente críticos, cultores da liberdade, foi vista

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como ameaça à ordem e às boas relações entre a Universidade e o Estado. Para

Melo, Santos e Andrade (2009) a reforma do ensino superior desse contexto é

pautada numa justaposição de faculdades que apenas usam o termo universidade de

forma aparente, pois mantinha em sua essência o isolamento das instituições de

ensino superior. Tal separação, agora era uma diretriz legalmente instituída, mas

historicamente estabelecida.

Ainda sobre a resistência encontrada por essas universidades,

Pouco tempo depois, a USP, apesar de representada pelo espírito inovador

de seus cursos de Filosofia, Ciências e Letras, viria sofrer a reação conservadora das escolas profissionalizante. Mesmo assim, este período é marcado pelo aumento de acesso ao Ensino Superior, aumentando também

o número de estudante vindos da classe média. É nesse contexto, que nasce a União Nacional dos Estudantes – UNE, criada em 1937 (MOROSINI, 2005, p.311).

Na continuidade desse levantamento histórico das instituições universitárias no

Brasil, em Oliven (2002, p. 35), encontramos que em

1946, satisfeitos os pré-requisitos legais, com o Decreto n° 8.681. de 15 de Março, surgiu a primeira universidade católica do Brasil. No ano seguinte, foi-

lhe outorgado, pela Santa Sé, o título de Pontifícia. Similar a outras congêneres no mundo, ela introduziu, em seus currículos, a frequência ao curso de cultura religiosa e tornou-se referência para a criação de outras

universidades católicas no país.

De acordo com Helena Sampaio, pesquisadora do Núcleo de Pesquisa sobre

Ensino Superior da USP, a expansão do sistema de ensino superior, nas primeiras

três décadas do século XX, fez o número de estabelecimentos de ensino passar de

24 para 133, sendo que 86 deles foram criados ao longo da década de 20. As

mudanças que ocorreram não foram somente de ordem quantitativa.

Segundo Anísio Teixeira (1986), o ensino superior

passou a dar mais ênfase à formação tecnológica que, por sua vez, exigia uma base científica melhor. Exemplos disso são a criação das escolas politécnicas, da escola de minas, das escolas superiores de agricultura e de

farmácia, que se multiplicaram nesse período. Escolas desse tipo, mesmo que seja para utilizar uma tecnologia importada, precisam se apoiar em uma formação científica mais desenvolvida, e despertam o interesse pela

pesquisa. Assim, em muitas delas, a pesquisa começou a se desenvolver nos interstícios da formação profissional.

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Segundo Ghiraldelli (2008) o período de democracia que se seguiu ao “Estado

Novo” conviveu com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e com certa

organização do ensino, deixadas pelo regime ditatorial de Vargas, promovendo

poucas alterações; ou seja, a ditadura terminou, mas sua influência em relação ao

trabalho e ao ensino marcou o período posterior a ela.

Apesar disto, após 1945, as legislações universitárias refletem a

democratização política e econômica vigente na nação brasileira, que também

abrangeu um período de ascensão dos movimentos pelas liberdades democráticas:

Tal conjuntura, em nível educacional, propiciou uma mudança nos canais de ascensão social. Até a década de 1950, a ascensão ocorria através da reprodução do pequeno capital e/ou abertura de um negócio. Após esta data,

abrem-se canais no topo das burocracias públicas e privadas, onde diplomas escolares passam a constituir critério para a posse do cargo. Assim, os cursos superiores passam a ser buscados como estratégia de ascensão social (MELO, SANTOS e ANDRADE, 2009, p.17).

O controle do Estado sobre a Universidade é mantido através de legislação

sobre temas específicos. É nesse contexto, que Morosini (2005) comenta sobre a

criação da Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1948), que após dois anos

passa a chamar-se Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC Rio

Grande do Sul, a primeira universidade marista no mundo. Na década de 1950, ocorre

a federalização de muitas universidades estaduais, com exceção da USP, que

permanece estadual. Nas palavras do autor,

Em 1961, a Universidade de Brasília (UnB) concretiza o projeto de

universidade como instituição de pesquisa e centro cultural, concebido por Darcy Ribeiro e sintetizado em seu livro “Universidade necessária”. Seria uma universidade que objetivava manter junto ao humanismo e a livre criação

cultural a ciência e a tecnologia modernas e manter junto ao governo uma reserva de especialistas altamente qualificados (MOROSINI, 2005, p.312).

O controle do Estado sobre as universidades é reduzido pelo estabelecimento

da autonomia didática, administrativa, financeira e disciplinar, que é mantida pela Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, promulgada em 1961. (MELO,

SANTOS e ANDRADE, 2009). Todavia, segundo Morosini (2005, p. 300),

a LDBEN de 1961 não alterou as disposições relativas às questões do ensino

vigentes. Em grandes linhas, sobre o assunto, restringiu-se a determinar que

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a fixação dos currículos mínimos e a duração dos cursos caberiam ao

Conselho Federal de Educação – CFE, mantendo a hierarquia docente com a figura do catedrático.

A autonomia obtida pelas universidades foi limitada pelas atribuições do CFE,

cujos membros eram nomeados pelo Presidente da República:

O CFE tinha um poder controlador muito grande, pois, decidia sobre o funcionamento das instituições de ensino superior, públicas ou privadas e sobre o reconhecimento das universidades, podendo, inclusive, nestas

intervir, além de ser responsável pela indicação das disciplinas obrigatórias do ensino médio, a duração e o currículo mínimo dos cursos superiores que visassem a obtenção de diploma capaz de assegurar privilégios para o

exercício da profissão liberal (JACOB, 1997, p. 57).

Com a LDBEN de 1961, o poder controlador do CFE sobre as universidades

continuou a existir, porém dando mais liberdade e autonomia às universidades em

relação à normalização sobre concursos, distribuição dos docentes segundo o tipo de

disciplinas e cursos a serem atendidos, pois entendia que aos estatutos destas

universidades é que caberia desenvolver o assunto, atendendo às peculiaridades de

cada órgão e com a necessária fidelidade aos padrões internacionais e nacionais.

(MOROSINI, 2005).

Nessa fase, a sociedade brasileira já aguardava mudanças no ensino superior.

Com a redemocratização, o processo modernizador do ensino superior começa a ser

processado em busca da formação da força de trabalho de nível universitário com

vistas a, de um lado, atender o capital monopolista e, por outro lado, aplacar os

anseios de uma mobilidade social das camadas médias (MELO, SANTOS e

ANDRADE, 2009, p.18).

Em 1964 os militares tomaram o poder com um golpe que depôs João Goulart.

Para Oliven (2002), a ditadura militar delimitou os termos educacionais pela

repressão, pela privatização do ensino, pela exclusão de grande parcela dos setores

mais pobres do ensino básico de qualidade. Ghiraldelli (2008) cita, ainda, a

institucionalização do ensino profissionalizante na rede pública regular sem qualquer

arranjo prévio para tal, divulgação de uma pedagogia calcada mais em técnicas do

que em propósitos como fins abertos e discutíveis e, tentativas variadas de

desmobilização do magistério através de abundante e confusa legislação educacional.

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Ainda na ditadura, Morosini (2005) nos lembra que as discussões universitárias

de cunho político cederam lugar às de cunho técnico: Plano Atcon, acordos MEC-

Usaid e relatório Meira Mattos. A Lei da Reforma Universitária, de 1968, foi baseada

nos estudos do Relatório Atcon (Rudolph Atcon, teórico norte-americano) e no

Relatório Meira Matos (coronel da escola superior de Guerra) e aprovada de cima

para baixo. De acordo com Oliven (2002, p. 33), a reforma universitária

acaba com a cátedra, unifica o vestibular passando a ser classificatório, aglutina as faculdades em universidade, visando uma maior produtividade com a concentração de recursos, cria o sistema de créditos, permitindo a

matrícula por disciplina, além da nomeação dos reitores e diretores de unidade, esta agora dividida em departamentos, dispensa a necessidade de ser do corpo docente da universidade, podendo ser qualquer pessoa de

prestígio da vida pública ou empresarial.

Sendo um documento muito mais técnico do que político, a reforma

universitária, que procurava equilibrar um movimento em direção à modernização da

universidade brasileira, no sentido de sua eficiência produtiva e em como essa poderia

alavancar o Brasil que se desenhava à época, com o controle estatal autoritário das

instituições universitárias. A reforma instituiu a ampliação do ensino universitário para

abarcar também a pesquisa e a extensão, formando o tripé que até atualmente

caracteriza a Educação Superior.

Nesse cenário, nas universidades públicas começou a surgir uma maior

mobilização política, porém, as críticas que animavam essa mobilização foram

reprimidas pelo Decreto-lei nº 477 de 26 de Fevereiro de 1969, que determinava

Art. 1º Comete infração disciplinar o professor, aluno, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino público ou particular que: I - Alicie ou incite à deflagração de movimento que tenha por finalidade a

paralisação de atividade escolar ou participe nesse movimento; II - Atente contra pessoas ou bens tanto em prédio ou instalações, de qualquer natureza, dentro de estabelecimentos de ensino, como fora dêle;

III - Pratique atos destinados à organização de movimentos subversivos, passeatas, desfiles ou comícios não autorizados, ou dêle participe; IV - Conduza ou realize, confeccione, imprima, tenha em depósito, distribua

material subversivo de qualquer natureza; V - Seqüestre ou mantenha em cárcere privado diretor, membro de corpo docente, funcionário ou empregado de estabelecimento de ensino, agente de

autoridade ou aluno; VI - Use dependência ou recinto escolar para fins de subversão ou para

praticar ato contrário à moral ou à ordem pública Morosini (2005 apud

MELO, SANTOS e ANDRADE, 2009, p. 21).

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Assim, a Reforma Universitária de 1968 desfilava, ora pela popularidade da

modernização do ensino superior e pela democratização da clientela escolar, ora pela

expansão quantitativa sem qualidade, repressora, restritiva, coercitiva, caracterizada

pela criação e utilização permanente de mecanismos legais de pressão. Entre estes

mecanismos legais de repressão, podemos citar:

O Decreto n. 4.464/64, que extinguiu a União Nacional dos Estudantes (UNE); o Decreto n. 228/67, que limitou a existência de organizações estudantis ao âmbito estrito de cada universidade; o Decreto n. 477/69, que impôs severas

punições aos estudantes, professores ou funcionários que desenvolvessem atividades consideradas hostis ao regime militar, com a criação, no interior do MEC, de uma divisão de segurança e informação para fiscalizar as atividades

políticas de professores e estudantes nas instituições (MARTINS, 2009, p.4-5).

O aumento da criação de vagas nas universidades ocorrida no período, que se

por um lado democratizou o acesso da clientela escolar à Educação Superior, por

outro lado afetou a qualidade que a universidade brasileira deveria ter. Dessa forma,

as políticas educacionais do período, em relação à Educação Superior, se

ensinou ao povo o caminho da escola, porém não lhe deu uma verdadeira escola. A política educacional dos governos militares permitiu a criação dos Departamentos Universitários e, sobretudo, a criação de uma Universidade

Aberta que preservava fechadas as poucas e boas Universidades Públicas e escancarava outras instituições de categoria inferior para a massa estudantil. Assim, universalizou os diplomas de ensino superior – via faculdades com

baixa qualidade – apenas para amenizar os problemas de uma sociedade desigual, que para uns oferece escola, para outros finge que oferece (MELO, SANTOS e ANDRADE, 2009, p. 21).

Para Oliven (2002), a Reforma Universitária era voltada para as IFES

(Instituições Federais de Ensino Superior). Porém, alcançou também o sistema

privado, que necessitava de patrocínio de verba pública. Portanto, neste momento, os

subsídios governamentais ultrapassaram as fronteiras do sistema público federal,

atingindo as instituições privadas, que procuraram adaptar-se a algumas de suas

orientações. O setor privado expandiu-se, logo após a RU de 1968, atendendo ao

aumento de demanda por vagas. Em regiões onde havia a necessidade de novas

vagas, como nas periferias das grandes metrópoles, o setor privado aumentou o

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número de vagas com a criação de inúmeras faculdades isoladas. Nas palavras do

autor:

Essa expansão do sistema ocorreu com a aquiescência do governo e, no ano

de 1980, mais da metade dos alunos de terceiro grau estava matriculada em estabelecimentos isolados de ensino superior, sendo 86% em faculdades privadas. No ano de 1981, o Brasil contava com 65 universidades, sete delas

com mais de 20.000 alunos. Nesse mesmo ano, o número de estabelecimentos isolados de ensino superior excedia a oitocentos, duzentos e cinquenta dos quais com menos de 300 alunos. As novas faculdades

isoladas não eram locus de atividades de pesquisa, dedicando-se, exclusivamente, ao ensino. O setor público foi o responsável pelo desenvolvimento da pós-graduação e das atividades de pesquisa e

modernizou um segmento importante do sistema universitário brasileiro (OLIVEN, 2002, p.34).

As condições postas para a educação em geral, mas, mais particularmente

para a universidade brasileira, dificultaram profundamente que essa pudesse ser um

caminho para a autonomia nacional, em termos do cenário internacional. Ao invés,

acentuou-se a subordinação aos interesses do Capital. Situação que não foi exclusiva

do Brasil, mas de toda a América Latina, lembrando que houve governos militares

nessa região entre as décadas de 1960 e 1970. Afirma Guazzelli (2004 apud MELO

MELO, SANTOS e ANDRADE, 2009, p. 24):

Como havia muito interesse pelo capital internacional, as classes dominantes

da América Latina se viram obrigadas a renunciarem a projetos próprios de capitalismo e acabara se sujeitando ao posto de sócios minoritários do imperialismo norte-americano. As novas condições ditadas pelo capitalismo

internacional não admitiam concessões e atos de rebeldia. Os compromissos básicos dos regimes militares que se instalaram foram: desnacionalização da economia; desmantelamento do capitalismo de Estado; acentuada redução

das obrigações do Estado quanto ao bem-estar social; promoção da concentração de capital; orientação pró-monopólica do setor agrário; e a pauperização da classe operária.

O capitalismo latino americano foi marcado por esses compromissos básicos,

que os países subordinados a ele, inclusive o Brasil, tiveram que seguir. Essas

medidas fizeram com que os gastos públicos destes países fossem restringidos, o que

prejudicou não só a educação, mas também a saúde, a previdência, e outras áreas

que beneficiavam a coletividade. Para Melo, Santos e Andrade (2009, p. 22):

o golpe significou uma ruptura para a continuidade socioeconômica. Esse triste evento impôs drásticas e profundas modificações nas estruturas sociais por meio de processos coercitivos, com o objetivo de colocar em movimento

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transformações superestruturais. Na verdade, o Brasil acompanhava os

demais países latino-americanos nessa série de ajustes estruturais promovidos pelas ditaduras com vistas a garantir os interesses da burguesia nacional e a subordinação de nossas economias aos ditames do capital

internacional.

Tais ajustes produziram crises econômicas, inchaço nas cidades, êxodo rural,

violência urbana, pobreza, dentre outros fenômenos sociais. Em relação à educação,

paralelamente à expansão da rede escolar pública, buscou-se aumentar a

produtividade das escolas dessa rede, com a adoção de princípios administrativos

empresariais, além de anunciar uma tendência privatizante da educação. A reforma

universitária de 1968 e a reforma do ensino de primeiro e segundo graus de 1971

foram impostas por decretos-lei, como forma de demonstrar para a Usaid (Agência

dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), que relativamente

financiou a economia brasileira nos primeiros anos de ditadura militar, que o Brasil se

empenhava em justificar o apoio financeiro com resultados de produtividade no ensino

público (MELO, SANTOS e ANDRADE, 2009, p. 22).

No período entre 1980 a 1985 inicia-se o processo de redemocratização do

país ocorrendo uma pequena abertura no ensino superior, gradual e lenta, que se

prolonga, entre 1985 e 1989, fase que Saviani (2007) nomeia como transição

conservadora da Nova República, culminando, em 1989, na primeira eleição

presidencial depois do golpe de 1964, pavimentando, dentro do contexto social e

político então vigente, o processo da redemocratização no Brasil.

O período que se seguiu, de 1990 a 1994, face aos acontecimentos políticos,

apesar de um período importante em relação à experiência democrática recente, foi

marcado por grande indefinição do ponto de vista das políticas públicas,

principalmente quando se trata da educação superior no Brasil, que entrou em

estagnação. Para Ferreira:

A partir de 1995, sucedem-se períodos de governos eleitos pelo sistema de

democracia representativa: o governo de Fernando Henrique Cardoso (Governo FHC, 1995 - 2002), formado por uma aliança liberal-conservadora, com políticas claramente de corte privatista para a Educação Superior;

sucedido pelo governo de Luis Inácio Lula da Silva (Governo Lula, 2003 -2010), formado por uma aliança liberal-popular, também com políticas claramente definidas para a Educação Superior; sucedido por Dilma Vana

Rousseff (Governo Dilma, 2011-2016). Os resultados de tais políticas, independentemente das especificidades e dos fundamentos político-

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discursivos, irão repercutir consistentemente na expansão da Educação

Superior (FERREIRA, 2012, p.455).

As alterações legais a respeito da Educação Superior serão tratadas na

sequência, da criação da primeira Universidade Brasileira à organização desse nível

de ensino na primeira década dos anos 2000.

1.3. A LEGISLAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR

A primeira Universidade brasileira data, então, como já dito, de 07 de Setembro

de 1920 e foi criada a partir da unificação de três Faculdades profissionais pré-

existentes, como se vê no Decreto nº 14.343:

Art. 1º. Ficam reunidas, em Universidade do Rio de Janeiro, a Escola Polytechica do Rio de Janeiro, a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e

a Faculdade de Direito do Rio de Janeiro, dispensada esta da fiscalização (BRASIL, 1920).

O intuito da reunião dessas três Faculdades, não era a pesquisa, nem tão

pouco o ensino técnico. De acordo com Soares, uma das razões da criação dessa

Universidade, localizada na capital do país, devia-se à visita que o Rei da Bélgica

empreenderia ao país, por ocasião dos festejos do Centenário da Independência,

havendo interesse político em outorgar-lhe o título de Doutor Honoris Causa. O Brasil,

no entanto, carecia de uma instituição apropriada, ou seja, uma universidade

(SOARES, 2002).

Dentre as três Faculdades que passaram a constituir a Universidade do Rio de

Janeiro, a que possuía maior ideal antipositivista, a base epistemológica sob a qual

tinha se assentado o ensino profissional no Brasil, após a República, e que continuou

a influenciar os sistemas de ensino, inclusive as universidades, e com interesses mais

voltados para a pesquisa, era a Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Seu cunho

exploratório tomou corpo com a fundação da Academia Brasileira de Ciências, em 03

de Maio de 1916, como instituição privada. Posteriormente, a criação da Associação

Brasileira de Educação (ABE), instituição sem fins lucrativos, em 15 de Outubro de

1924, igualmente deu continuidade a tais discussões.

A ABE tinha como uma de suas bandeiras a criação do Ministério da Educação,

o que só aconteceu anos mais tarde, em 14 de Novembro de 1930, no governo Getúlio

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Vargas, pelo Decreto nº 19.402 com o nome inicial de Ministério dos Negócios da

Educação e Saúde Pública:

O Chefe do Governo Provisório da República dos Estados Unidos do Brasil,

DECRETA: Art. 1º. Fica criada uma Secretaria de Estado com a denominação de Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública, sem aumento de

despeza. Art. 2º. Este Ministério terá a seu cargo o estudo e despacho de todos os assuntos relativos ao ensino, saúde pública e assistência hospitalar (BRASIL, 1930).

O primeiro ministro a ocupar a cadeira do Ministério da Educação foi Francisco

Campos que, em seu mandato, aprovou o Estatuto das Universidades Brasileiras, em

11 de Abril de 1931:

O Chefe do Governo Provisorio da Republica dos Estados Unidos do Brasil,

decreta: TÍTULO I FINS DO ENSINO UNIVERSITARIO

Art. 1º. O ensino universitario tem como finalidade: elevar o nivel da cultura geral, estimular a investigação scientifica em quaesquer dominios dos conhecimentos humanos; habilitar ao exercicio de actividades que requerem

preparo technico e scientifico superior; concorrer, emfim, pela educação do individuo e da collectividade, pela harmonia de objectivos entre professores e estudantes e pelo aproveitamento de todas as actividades universitarias ,

para a grandeza na Nação e para o aperfeiçoamento da Humanidade (BRASIL, 1931).

Em abril em 1935, pelo Decreto Municipal nº 5.513, Anísio Teixeira, grande

jurista e educador baiano, cria a Universidade do Distrito Federal. Teixeira pretendia,

com a criação da UDF, não apenas produzir profissionais, mas formar os quadros

intelectuais do país, preparados, especialmente, à renovação e à ampliação da cultura

e aos estudos desinteressados, ou seja, não necessariamente vinculados à educação

para as habilidades profissionais. Nas palavras de Teixeira (1968, p. 62), explica-se o

intuito da reforma por ele proposta:

Voltando ao nosso tema da reforma universitária, temos, pois, que a

universidade possuía um modêlo em que se inspirar. A reforma consistiria em dar aos cursos profissionais no mínimo o que já vinha conseguindo a escola de medicina, a escola superior de enfermagem, a escola de saúde pública e,

em menor grau, a escola de engenharia; e quanto ao que se vem chamando de ensino básico, mas que prefiro chamar de ensino acadêmico das letras e das ciências, assim compreendo o ensino desinteressado do saber para

formar os seus cultores ou pesquisadores, que se farão ou produtores de letras e ciências, ou seus professôres, o problema era o de organizar os

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cursos nesses setores com o sentido de profundidade e proficiência que

requer o seu estudo em nível universitário. O exemplo também aí da escola de medicina não seria de desprezar. A organização de certos institutos criados em tôrno de cadeiras do ensino médio fornece modelos

absolutamente respeitáveis, sendo que alguns se fizeram centros de pesquisa do saber pelo saber, que deve marcar as escolas acadêmicas (como oposto a profissional) de letras e ciências.

Anísio Teixeira, discípulo de John Dewey e grande defensor da escola pública,

laica, gratuita e para todos, possuía um posicionamento apaixonadamente liberal. Por

esta razão, não contou com apoio que desse sustentabilidade a seu projeto

universitário. Infelizmente, pois esse importante pensador já mostrava preocupação

com os métodos de ensino na Educação Superior (TEIXEIRA, 1968, p. 29):

todo o saber foi transformado e se está transformando, e a necessidade de estar em dia com a cultura fez-se absorvente e, de certo modo, angustiosa. Por outro lado, a aplicação do saber à vida de tal modo se ampliou que em

todos os setores do trabalho humano e necessidade de estar, continuamente, a aprender veio retirar qualquer sossego ao saber estabelecido. A extrema ampliação do saber existente e a ampliação de sua aplicação à vida fizeram

da profissão de ensinar a menos isolada, a menos tranquila, e a mais dinâmica das profissões. E como ensinar hoje é um eterno aprender, isto aproximou enormemente o mestre do aluno ou aprendiz, irmanando-os num

labor, curiosidade e ofício comuns e idênticos, a ponto de, modernamente, em diversas escolas mais altamente avançadas, aluno e professor quase não se distinguirem e, às vezes, quem faz a pergunta é mais o aluno do que o

professor.

Durante o primeiro mandato de Getúlio Vargas (1930 a 1945), o autoritarismo

em relação à esfera educacional universitária ficou latente, dentre outras ações, como

a “caça aos comunistas”, com a transformação da Universidade do Rio de Janeiro em

Universidade do Brasil, que foi criada por lei oriunda do Poder Legislativo em 5 de

julho de 1937, ainda antes do Estado Novo. O então ministro Gustavo Capanema

afirmou que a ideia era a de criar uma “verdadeira universidade”, que servisse de

padrão para as demais, principalmente na salvaguarda da tradição nacionalista,

assumindo “o caráter ideológico e a importância estratégica” da universidade federal

(CAMACHO, 2005, p. 114).

Ainda de acordo com esse autor (2005, p. 115), os princípios a regerem a

Universidade do Brasil – e, assim, todas as demais – seriam: a. indissociabilidade

ensino e pesquisa, b. caráter multidisciplinar e publicações, c. fomentar o espírito

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universitário por meio do intercâmbio, d. centralização do esporte e e.controle da

reitoria sobre as unidades.

Os educadores da ABE desapontaram-se com as políticas do novo Ministério.

A ênfase dada à criação de uma Faculdade de Educação, nas universidades, para

formar professores do ensino secundário, respondia muito mais aos planos de

Francisco Campos (que priorizava o ensino médio), do que aos anseios dos

educadores, preocupados com a criação de uma universidade voltada às atividades

de pesquisa.

Os principais pontos de discórdia entre educadores e governo estavam na

influência direta do governo federal na criação de normas regulamentadoras no ensino

superior, e na livre atuação da igreja católica na formação da elite brasileira, permitida

pelo Estado. Presenciava-se, então, a dependência impositiva do Estado e da Igreja

sobre a pesquisa e o ensino na Educação Superior.

Em 1934, a Igreja Católica manifestara, no primeiro congresso católico de

educação, interesse na criação de uma universidade subordinada à hierarquia

eclesiástica e independente do Estado. Tanto que já havia criado cursos nas áreas

humanas e sociais, com o objetivo de ressocializar as elites brasileiras com base nos

princípios ético-religiosos da moral católica. Em 1946, a criação dessa universidade

se concretizou.

A Universidade de São Paulo, criada em 1934, representou um divisor de águas

na história do sistema brasileiro de educação superior. Para concretizar esse plano

político, foram reunidas faculdades tradicionais e independentes, dando origem à

nova Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, que contou com professores

pesquisadores estrangeiros, principalmente da Europa. A USP tornou-se o maior

centro de pesquisa do Brasil, concretizando o ideal de seus fundadores, mas não sem

percalços, pois o modelo adotado privilegiou um ensino que continuava a ser elitizado

(SCHWARTZMAN, 2006, cap. 02):

A USP fora uma criação da elite do estado em uma época de intensa competição com o governo federal; o objetivo era dotar São Paulo de um

lugar aonde seus filhos diletos pudessem estudar, e que os tornasse capazes de assumir, a longo prazo, a liderança nacional a que o estado estava destinado, graças seus recursos econômicos e empresariais. Considerado a

uma distância de meio século, este projeto parece ter alcançado uma dose considerável de sucesso.

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Voltados ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia, foram criados, em

1951, as agências de fomento ao desenvolvimento científico: a CAPES (Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior), voltada à formação do

magistério de nível superior, e o CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e

Desenvolvimento).

A CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior,

fundada pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC, desempenha papel

fundamental na expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado

e doutorado) em todos os estados da Federação. Em 2007, passou também a atuar

na formação de professores da educação básica ampliando o alcance de suas ações

na formação de pessoal qualificado no Brasil e no exterior (CAPES, 2016).

As atividades da Capes podem ser agrupadas nas seguintes linhas de ação, cada qual desenvolvida por um conjunto estruturado de programas:

◾avaliação da pós-graduação stricto sensu;

◾acesso e divulgação da produção científica;

◾investimentos na formação de recursos de alto nível no país e exterior;

◾promoção da cooperação científica internacional.

◾indução e fomento da formação inicial e continuada de professores para a educação básica nos formatos presencial e a distância (CAPES, 2016).

O CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,

agência do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação – MCTI, tem como principais

atribuições fomentar a pesquisa científica e tecnológica e incentivar a formação de

pesquisadores brasileiros. Compete ao CNPq participar na formulação, execução,

acompanhamento, avaliação e difusão da Política Nacional de Ciência e Tecnologia,

especialmente:

•promover e fomentar o desenvolvimento e a manutenção da pesquisa científica e tecnológica e a formação de recursos humanos qualificados para

a pesquisa, em todas as áreas do conhecimento; •promover e fomentar a pesquisa científica e tecnológica e capacitação de recursos humanos voltadas às questões de relevância econômica e social

relacionadas às necessidades específicas de setores de importância nacional ou regional; •promover e fomentar a inovação tecnológica;

•promover, implantar e manter mecanismos de coleta, análise, armazenamento, difusão e intercâmbio de dados e informações sobre o desenvolvimento da ciência e tecnologia;

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•propor e aplicar normas e instrumentos de apoio e incentivo à realização de

atividades de pesquisa e desenvolvimento, de difusão e absorção de conhecimentos científicos e tecnológicos; •promover a realização de acordos, protocolos, convênios, programas e

projetos de intercâmbio e transferência de tecnologia entre entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais; •apoiar e promover reuniões de natureza científica e tecnológica ou delas

participar; •promover e realizar estudos sobre o desenvolvimento científico e tecnológico;

•prestar serviços e assistência técnica em sua área de competência; •prestar assistência na compra e importação de equipamentos e insumos para uso em atividades de pesquisa científica e tecnológica, em consonância

com a legislação em vigor; e •credenciar instituições para, nos termos da legislação pertinente, importar bens com benefícios fiscais destinados a atividades diretamente relacionadas

com pesquisa científica e tecnológica (CNPq, 2016).

Em 12 de Março de 1953, devido a pressões internas do sistema educacional

ocasionadas pela expansão do ensino médio, nasceu a Lei da Equivalência, que

equiparou os cursos médios técnicos aos acadêmicos, possibilitando aos alunos

desses cursos os mesmos direitos de prestarem vestibular para qualquer curso

universitário, um privilégio, que antes, era exclusivo dos portadores de diplomas dos

cursos médios acadêmicos.

Em 20 de Dezembro de 1961, após um período de 14 anos de tramitação no

Congresso Nacional, foi promulgada a Lei n° 4.024, a primeira Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional - LDBEN, que dizia:

Art. 1º A educação nacional, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais

de solidariedade humana, tem por fim: a) a compreensão dos direitos e deveres da pessoa humana, do cidadão, do Estado, da família e dos demais grupos que compõem a comunidade;

b) o respeito à dignidade e às liberdades fundamentais do homem; c) o fortalecimento da unidade nacional e da solidariedade internacional; d) o desenvolvimento integral da personalidade humana e a sua participação

na obra do bem comum; e) o preparo do indivíduo e da sociedade para o domínio dos recursos científicos e tecnológicos que lhes permitam utilizar as possibilidades e

vencer as dificuldades do meio; f) a preservação e expansão do patrimônio cultural; g) a condenação a qualquer tratamento desigual por motivo de convicção

filosófica, política ou religiosa, bem como a quaisquer preconceitos de classe ou de raça.

Para Oliven (2002), apesar de a LDBEN aumentar ligeiramente a flexibilidade

para a implementação de instituições de ensino superior, não alterou o modelo

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tradicional praticado até então. Esta lei durou até 1996, quando, pela lei nº 9.394 de

20 de Dezembro do mesmo ano, foi revogada, passando a ter novos dizeres:

Conceito de Educação para Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na

vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.

§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática social. (BRASIL, 1996)

Em 15 de Dezembro de 1961 foi criada a UnB – Universidade de Brasília, que

passara a ser a capital do Brasil. A UnB nasceu com o objetivo de promover o

desenvolvimento de uma cultura e de uma tecnologia nacionais ligadas ao projeto

desenvolvimentista, então em curso no Brasil. Em Oliven,

Essa foi a primeira universidade brasileira que não foi criada a partir da aglutinação de faculdades pré-existentes; sua estrutura era integrada, flexível e moderna e contrapunha-se à universidade segmentada em cursos

profissionalizantes. Seguindo o modelo norte-americano, organizou-se na forma de fundação e os departamentos substituíram as cátedras (OLIVEN, 2002, p.33).

Internacionalmente, também ocorrem manifestações sobre o ensino

superior. Em 1950 acontece a Convenção Europeia dos Direitos Humanos, que em

seu artigo 2º obriga todos os países signatários a garantir a todos o direito à educação.

E o Brasil, como um dos signatários, desde então precisou seguir tais orientações.

Também no Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e

Culturais de 1966, das Nações Unidas, garante-se aos cidadãos dos países

signatários o direito à Educação Superior, no seu artigo 13º, nº 2, alínea c:

2. Os Estados Partes do presente Pacto reconhecem que, com o objetivo de

assegurar o pleno exercício desse direito: c) O ensino superior deve ser tornado acessível a todos em plena igualdade, em função das capacidades de cada um, por todos os meios apropriados e

nomeadamente pela instauração progressiva da educação gratuita.

Seguindo a cronologia de Oliven (2002), em 1964 os militares tomaram o poder.

Com isso as universidades sofreram a intervenção direta do governo federal, que

tomou as seguintes providências: foi afastado um grande número de professores,

principalmente na UnB; foram criadas as Assessorias de Informação nas instituições

federais de ensino superior, com o intuito de reprimir qualquer atividade de cunho

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insurreto, tanto de professores quanto de alunos, invasão de tropas militares nas

universidades, demissão e prisão de professores e estudantes, apreensão de livros,

destituição de reitores e nomeação de reitores interventores.

De acordo com Sguissardi (2004), o poder controlador do CFE fortaleceu a

política educacional autoritária e a ditadura militar acabou abortando a promissora

experiência da UnB, deixando o espaço vazio para a implantação da Reforma

Universitária de 1968.

As críticas à reforma eram muitas. Com a instauração do regime militar, as

medidas repressivas desencadeadas pelos novos governantes, com relação ao

movimento estudantil, e a estrita vigilância dos docentes se combinaram com

propostas de modernização e de expansão do ensino superior. A racionalidade e a

eficiência defendidas ao final do regime anterior e, então, por diversas consultorias,

comissões e grupos de trabalho, além dos Decretos nº 53/1966 (que fixa princípios e

normas de organização para as universidades federais e dá outras providências) e

252/1967 (que estabelece normas complementares ao Decreto-Lei nº 53, de 18 de

novembro de 1966, e dá outras providências), iriam conceber o cerne essencial da Lei

nº 5.540/1968 (Reforma Universitária), que deveriam ajudar a prover as bases do novo

modelo de crescimento idealizado para o país.

Após dois anos de luta contra a burocracia estatal iniciada pelo governo mi litar,

em 28 de Novembro de 1968, o Congresso Nacional aprovou a Lei da Reforma

Universitária, Lei n° 5.540, que fixou normas de organização e funcionamento do

ensino superior e sua articulação com a escola média, e dava outras providências:

Art. 1º. O ensino superior tem por objetivo a pesquisa, o desenvolvimento das ciências, letras e artes e a formação de profissionais de nível universitário.

Art. 2º. O ensino superior, indissociável da pesquisa, será ministrado em universidades e, excepcionalmente, em estabelecimentos isolados, organizados como instituições de direito público ou privado.

Art. 3º As universidades gozarão de autonomia didático-científica, disciplinar, administrativa e financeira, que será exercida na forma da lei e dos seus estatutos (BRASIL, 1968).

De acordo com Camacho (2005), a referida reforma resultou da insatisfação de

intelectuais brasileiros com os rumos assumidos pelo ensino superior no Brasil,

representados pela não efetivação de uma universidade plural, visto o relativo

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insucesso da USP, da UDF e da UnB, e a perpetuação do modelo universitário

profissionalizante. Agora também encampado e disseminado pelo aceleramento de

instituições universitárias particulares.

A Reforma Universitária dirigia-se às IFES (Instituições Federais de Ensino

Superior). Entretanto, como grande parte do setor privado dependia de subsídios

governamentais, seu alcance ultrapassou as fronteiras do sistema público federal,

atingindo as instituições privadas, que procuraram adaptar-se a algumas de suas

orientações. Como já foi dito no tópico anterior, os governos militares aprovavam a

expansão das instituições privadas de ensino superior. Isso porque, dentre outras

razões, assim pulverizava-se e isolavam-se as instituições universitárias, reduzindo a

possibilidade de mobilização dos estudantes contra esse regime de governo. Os

militares brasileiros incentivaram a formação de recursos humanos de altos níveis,

isso para ressaltar o desenvolvimento econômico e o avanço do processo de

modernização da sociedade sob seu comando. Para tal modernização, as

universidades públicas foram os canais escolhidos. Nas mais tradicionais e maiores

universidades foram criados cursos de mestrado e doutorado, estimulando as

atividades de pesquisa (OLIVEN, 2002).

Ainda acompanhando o pensamento desse autor, o desenvolvimento da pós-

graduação no Brasil foi o resultado dos seguintes fatores:

a) a valorização de recursos humanos de alto nível, principalmente nas áreas

técnicas, visando à implantação do projeto de modernização conservadora sustentado pelos governos militares; b) liberação de verbas para o desenvolvimento de programas de

pósgraduação strictu senso no Brasil. Num primeiro momento, as bolsas de mestrado e doutorado destinavam-se a formar docentes pesquisadores no exterior e, mais tarde, para estudantes de pós-graduação em programas

nacionais; c) a atuação de agências de fomento ao desenvolvimento científico: a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior), voltada

à formação do magistério de nível superior, e o CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento), voltado ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia, ambos criados em 1951;

d) a escolha das universidades públicas, como o locus principal das atividades de pesquisa, até então incipientes no país. A carreira docente, no setor público, passou a estimular a titulação e a produção científica dos

professores universitários, sendo, a sua profissionalização, assegurada pela possibilidade de virem a obter o Regime de Tempo Integral e Dedicação Exclusiva. Essas medidas tornaram a carreira do magistério universitário

público suficientemente compensadora para atrair jovens mestres e doutores para as atividades acadêmicas;

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e) a autonomia administrativa dos programas de mestrado e doutorado. A

flexibilidade ou “desinstitucionalização” foi uma característica dos programas e facilitou o seu desenvolvimento; f) o processo de avaliação sistemático dos cursos de mestrado e doutorado,

iniciado pela CAPES, em 1972, que serviu de orientação às suas políticas; g) Criação de inúmeras associações nacionais de pesquisa e pós-graduação em vários ramos do conhecimento. Os Encontros Anuais dessas

associações, apoiados financeiramente por agências governamentais de fomento à pesquisa, propiciaram a integração da comunidade científica de áreas afins, oriundas de diferentes regiões e universidades do país. (OLIVEN,

2002, p.35-36).

No ano de 1980, mais da metade dos alunos de terceiro grau estava

matriculada em estabelecimentos isolados de ensino superior, sendo 86% em

faculdades privadas. Nos anos 1980, no decorrer da expansão das instituições

privadas, ao contrário do que se poderia esperar, não ocorreu o desenvolvimento das

atividades de pesquisa, e sim, a prática exclusiva do ensino. Essa indissociabilidade

das atividades de ensino, pesquisa e extensão, que deveria ser praticada em nível

universitário, bem como a autonomia das universidades, está também resguardada

na Constituição Federal (1988), em seu artigo 207:

Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 1988).

A sociedade civil também se fez presente em vários debates sobre a educação

pública e vários outros assuntos pertinentes a nova Constituição Federal que seria

promulgada em 1988. Segundo Avritzer (2012), houve a mobilização da sociedade

civil para assegurar verbas públicas para as instituições públicas de ensino, inclusive

na Educação Superior. Vários grupos, pertencentes a vários setores da sociedade

brasileira, posicionaram-se a favor do ensino público laico e gratuito, em todos os

níveis. De outro lado, os grupos ligados ao setor privado, interessados em obter

acesso às verbas públicas e diminuir a interferência do Estado nos negócios

educacionais.

Ao ser promulgada, a Constituição Federal estabeleceu um mínimo de 18% da

receita anual, resultante de impostos da União, para a manutenção e o

desenvolvimento do ensino (Artigo 212 da C.F.); assegurou, também, a gratuidade do

ensino público nos estabelecimentos oficiais em todos os níveis (Artigo 206, IV, da

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C.F.) e criou o Regime Jurídico Único, estabelecendo pagamento igual para as

mesmas funções e aposentadoria integral para funcionários federais (BRASIL, 1988).

As Instituições de Ensino Superior, também conhecidas como IES, são

redefinidas a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996,

criando duas novas nomenclaturas: a universidade especializada e os centros

universitários. No plano horizontal, criaram-se novos tipos de cursos e programas, tais

como os cursos sequenciais em relação à graduação, os mestrados profissionais em

relação à pós-graduacão e a regulamentação da educação a distância. Sobre a nova

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, após muitos debates, foi aprovada

em 1996 sob o nº 9.394/96. Oliven (2002, p.37) nos explica que esta nova versão da

LDBEN

prevê variados graus de abrangência ou especialização nos estabelecimentos de ensino superior, públicos ou privados. Essa nova Lei introduziu o processo regular e sistemático de avaliação dos cursos de

graduação e das próprias instituições de ensino superior, condicionando seus respectivos credenciamentos e recredenciamentos ao desempenho mensurado por essa avaliação. Em caso de serem apontadas deficiências,

ela estabelece um prazo para saná-las; caso isso não ocorra, poderá haver descredenciamento das IES. As atividades de ensino, pesquisa e extensão, indissociáveis nas universidades, em instituições de ensino superior não

universitárias não são consideradas indissociáveis. Também na nova LDBEN foi estabelecido que, para que uma instituição possa ser considerada universidade e, portanto, gozar de autonomia para abrir ou fechar cursos,

estabelecer número de vagas, planejar atividades etc., ela deve ter, no mínimo, um terço do seu corpo docente com titulação de mestre ou doutor e um terço, contratado em tempo integral. Assim, a melhoria da qualificação do

corpo docente e de suas condições de trabalho, aliada a avaliações periódicas e ao credenciamento condicional das instituições, por tempo determinado, foram fatores que levaram à institucionalização da pesquisa.

O Ministério da Educação e Cultura (MEC) deu início ao processo de avaliação

a partir dos cursos de graduação detentores do maior número de matrículas.

Juntamente com a LDBEN, em 1996, nasceu o Exame Nacional de Cursos

(ENC), vulgo provão. De acordo com o site do INEP, acessado em outubro de 2016,

o “Provão” foi um exame aplicado aos formandos, no período de 1996 a 2003, com o

objetivo de avaliar os cursos de graduação da Educação Superior, no que tange aos

resultados do processo de ensino-aprendizagem. No texto dos documentos base

encontramos que

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Na última edição, realizada em 2003, participaram do Exame mais de 470 mil

formandos de 6,5 mil cursos de 26 áreas: Administração, Agronomia, Arquitetura e Urbanismo, Biologia, Ciências Contábeis, Direito, Economia, Enfermagem, Engenharia Civil, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica,

Engenharia Química, Farmácia, Física, Fonoaudiologia, Geografia, História, Jornalismo, Letras, Matemática, Medicina, Medicina Veterinária, Odontologia, Pedagogia, Psicologia e Química (INEP, 2016).

No embalo, então, dessa “onda modernizadora” das instituições universitárias,

no bojo da qual os sistemas de avaliação e a ênfase na produtividade surgiram, é que

se pode buscar compreender a configuração dessas instituições no governo do

presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com Ferreira (2012, p. 457),

O governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) levou avante o

processo de “modernização” conservadora (racionalidade administrativa e eficácia quantitativa) iniciado pelo governo de Collor de Mello (1990-1992) e de Itamar Franco (1992-1994). No governo de FHC, ocorreram medidas de

ajustes estruturais e fiscais, bem como reformas orientadas para o mercado, visando à integração do Brasil à economia mundial, ao mesmo tempo em que se enfatizava o novo papel atribuído ao mercado para alocação dos recursos

e se diminuíam as funções do Estado como provedor dos serviços.

Para cumprir as exigências do ENC, as instituições universitárias se voltaram

mais para os aspectos “materiais”, como a melhoria das instalações e a preocupação

em atestar a titulação do quadro docente. Contudo, embora isso seja importante,

houve uma ênfase menor em relação à discussão da missão da universidade, frente

`a sociedade, e mesmo quanto aos aspectos metodológicos e didáticos.

Com o início do governo Lula (2003-2011) houve modificações na educação

superior, que se direcionaram principalmente a uma maior oferta de vagas na rede

privada, com o PROUNI (que não deixa de ser um mecanismo de financiamento

público ao ensino superior2) e com a expansão da rede de universidades federais e

com a criação dos Institutos Federais de Educação Tecnológica. Nesse período, o

ENC foi extinto.

Após a extinção do ENC, foi criado, em 2004, o Exame Nacional de

Desempenho de Estudantes – ENADE – que está vigente atualmente e avalia o

rendimento dos concluintes dos cursos de graduação, em relação aos conteúdos

2 A esse respeito ver o artigo de R. Leher (2013), disponível em:

http://portal.andes.org.br/imprensa/noticias/imp-ult-711278299.pdf

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programáticos, habilidades e competências adquiridas em sua formação. Segundo o

site do INEP, acessado em Outubro de 2016, o ENADE é obrigatório e a situação de

regularidade do estudante no exame deve constar em seu histórico escolar. A primeira

aplicação do ENADE ocorreu em 2004 e a periodicidade máxima da avaliação é trienal

para cada área do conhecimento. De acordo com o teor dos documentos norteadores:

O objetivo do ENADE é avaliar o desempenho dos estudantes com relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos

de graduação, o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao aprofundamento da formação geral e profissional, e o nível de atualização dos estudantes com relação à realidade brasileira e mundial,

integrando o SINAES (INEP, 2016).

Segundo o site do INEP, o SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da

Educação Superior), criado pela Lei nº 10.861 de 14 de Abril 2004, é composto

também pelos processos de Avaliação de Cursos de Graduação e de Avaliação

Institucional que, junto com o ENADE, formam um tripé avaliativo, que permite

conhecer a qualidade dos cursos e instituições de educação superior – IES de todo o

Brasil. E continua,

Os resultados do ENADE, aliados às respostas do Questionário do

Estudante, constituem-se insumos fundamentais para o cálculo dos indicadores de qualidade da educação superior: Conceito ENADE, Conceito Preliminar de Curso (CPC) e Índice Geral de Cursos Avaliados da Instituição

(IGC), normatizados pela Portaria nº 40 de 2007, republicada em 2010. Esses indicadores mensuram a qualidade dos cursos e das instituições do país, sendo utilizados tanto para o desenvolvimento de políticas públicas da

educação superior quanto como fonte de consultas pela sociedade (INEP, 2016).

O SINAES dispõe de um órgão colegiado de coordenação e supervisão

chamado CONAES – Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior as

seguintes atribuições:

I - propor e avaliar as dinâmicas, procedimentos e mecanismos da avaliação

institucional, de cursos e de desempenho dos estudantes; II - estabelecer diretrizes para organização e designação de comissões de avaliação, analisar relatórios, elaborar pareceres e encaminhar

recomendações às instâncias competentes; III - formular propostas para o desenvolvimento das instituições de educação superior, com base nas análises e recomendações produzidas nos processos

de avaliação; IV - articular-se com os sistemas estaduais de ensino, visando a estabelecer ações e critérios comuns de avaliação e supervisão da educação superior;

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V - submeter anualmente à aprovação do Ministro de Estado da Educação a

relação dos cursos a cujos estudantes será aplicado o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes ENADE; VI - elaborar o seu regimento, a ser aprovado em ato do Ministro de Estado

da Educação; VII - realizar reuniões ordinárias mensais e extraordinárias, sempre que convocadas pelo Ministro de Estado da Educação (MEC, 2016).

Guedes, Muranaka e Aragão (2016, p. 118), numa síntese das políticas de

educação superior dos governos FHC, Lula e Dilma Roussef, afirmam que, na análise

por eles desenvolvida, evidenciou-se que as:

políticas públicas para a educação superior brasileira, dentre as quais, as políticas de avaliação, instituem um modelo de formação que tem como eixo

o “currículo por competências” ou “pedagogia das competências”, cujo objetivo é atender às demandas do capital diante de um novo paradigma de reestruturação produtiva baseado no padrão exível de produção.

O que, em nosso entender, acompanha a configuração que o ensino superior

vem assumindo, internacionalmente, embora com contornos diferenciados, que

influenciam na qualidade do ensino ofertado, bem como na inserção social da

universidade.

Como colaboração internacional para a discussão do ensino superior praticado

no mundo, buscando estabelecer alguns princípios unificadores para uma educação

universitária compatível com a solidariedade e os direitos humanos, e até como forma

de fazer um contraponto à mercantilização das instituições universitárias, vários

movimentos vem acontecendo, desde finais da década de 1990. Houve a declaração

da Sorbonne, de 25 de Maio de 1998, que realçou o papel fulcral das universidades

no desenvolvimento das dimensões culturais na Europa. Deu grande importância à

criação de uma área dedicada ao ensino superior como sendo o caminho crucial para

promover a circulação dos cidadãos, as oportunidades de emprego e o

desenvolvimento global do Continente.

E em outubro de 1998, durante a Conferência Mundial sobre Educação

Superior, realizada em Paris, foi criada a Declaração Mundial sobre Educação

Superior no Século XXI: visão e ação. Nesse importante documento são colocadas as

missões e funções da educação superior:

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Artigo1º - Missão de educar, formar e realizar pesquisas;

Artigo 2º - Função ética, autonomia, responsabilidade e função preventiva; Artigo 3º - Igualdade de acesso; Artigo 4º - Fortalecimento da participação e promoção do acesso das

mulheres; Artigo 5º - Promoção do saber mediante a pesquisa na ciência, na arte e nas ciências humanas e a divulgação de seus resultados;

Artigo 6º - Orientação de longo prazo baseada na relevância da educação superior; Artigo 7º - Reforçar a cooperação com o mundo do trabalho, analisar e

prevenir as necessidades da sociedade; Artigo 8º - Diversificação como forma de ampliar a igualdade de oportunidades;

Artigo 9º - Aproximações educacionais inovadoras: pensamento crítico e criatividade; Artigo 10º - Pessoal de educação superior e estudantes como agentes

principais; Artigo 11º - Avaliação da qualidade; Artigo 12º - O potencial e o desafio de tecnologia;

Artigo 13º - Reforçar a gestão e o financiamento da educação superior; Artigo 14º - O financiamento da educação superior como serviço público; Artigo 15º - Compartilhar conhecimentos teóricos e práticos entre países e

continentes; Artigo 16º - Da “perda de quadros” ao “ganho de talentos” científicos Da “perda de quadros” ao “ganho de talentos” científicos, e

Artigo 17º - Parcerias e alianças.

Em Paris, a Declaração de Bolonha de 19 de Junho de 1999, uniu ministros da

educação da Alemanha, França, Itália e Reino Unido assinaram uma declaração

conjunta, na qual perspectivam a construção de um "espaço europeu de educação

superior". No ano seguinte, os ministros de vinte e nove estados europeus,

subscreveram a chamada Declaração de Bolonha (1999), na qual assumem como

objetivos o estabelecimento, até 2010, de um espaço europeu de educação superior

coerente, compatível, competitivo e atrativo para estudantes europeus e de países

terceiros.

Está escrito em seu bojo que a construção do referido sistema europeu de

educação superior é considerada a chave para promover a mobilidade e a

empregabilidade dos cidadãos e para a obtenção de maior compatibilidade e de maior

comparabilidade. Nos documentos do Tratado de Bolonha

Embora se recuse a idéia de simples homogeneização ou padronização, eventualmente menos aceitável face à grande diversidade da educação superior dos países aderentes, insiste-se na harmonização e na necessidade

da coordenação de políticas, na promoção da dimensão européia dos currículos, na cooperação internacional, na mobilidade e no intercâmbio, bem como na cooperação no "setor da avaliação da qualidade, tendo em vista vir

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a desenvolver critérios e metodologias que sejam passíveis de comparação

(BOLONHA, 1999).

O Ministério da Educação e Cultura (2003) em seu relatório sobre o “Ensino

Superior no Mundo e no Brasil – Condicionantes, Tendências e Cenários para o

Horizonte 2003-2025”, contudo, expôs o que parece ser uma posição de defesa do

ensino utilitarista, argumentando a favor de um crescente e contínuo acesso da

população aos graus mais elevados de ensino, como política desenvolvimentista.

Identifica a Educação Superior como

uma solução para os problemas do Brasil, tanto do potencial econômico (pela

possibilidade de diferenciação competitiva) quanto de valoração/mensuração da meritocracia e da democracia praticada por uma nação. A educação agrega valor aos sistemas produtivos ao mesmo tempo em que se torna um

valor superlativo de humanidade e do grau de civilidade e de desenvolvim ento de um país.

Frente a essa proposição, que parece colocar a educação superior numa

posição “salvadora” do país, e inatingível, se outras medidas não forem tomadas,

sugere-se que a criação de uma instituição de ensino superior é um projeto não

somente técnico, científico e cultural, mas resulta de uma resposta à realidade, por

sua vez imbricada em questões de ordem econômica, política e cultural. Realidade

que é complexa e desafiadora, e que necessita de novas ações. Segundo Barbosa e

Moura,

A universidade só poderia legitimar-se, satisfazendo às necessidades dos

novos alunos que passaram a procurá-la. Porém, a universidade incorporou, de modo limitado, grupos sociais até então excluídos (filhos da classe operária, da pequena burguesia, de imigrantes, de mulheres, minorias

étnicas) falindo em seus objetivos de ordem coletiva e social. No Brasil, os contextos educacionais são tão diversificados que vão desde escolas onde os alunos ocupam grande parte de seu tempo copiando textos passados no

quadro negro, até escolas que disponibilizam para alunos e professores os recursos mais modernos de tecnologias de informação e de comunicação. Entre esses extremos de diversidade encontramos escolas que estão no

século XIX, com professores do século XX, formando alunos para o mundo do século XXI (BARBOSA; MOURA, 2013).

A escola ainda é considerada e aceita socialmente como uma agência

educacional que deverá adotar uma forma peculiar de controle, de acordo com os

comportamentos que se pretende instalar e manter. Cabe a ela, portanto, manter,

conservar e, em parte, modificar os padrões de comportamentos aceitos como úteis

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e desejáveis para uma sociedade, considerando-se um determinado contexto cultural

(MIZUKAMI, 1986).

No modelo tradicional de ensino o professor é visto como o agente emissor e

controlador do saber, e em seu papel de dominador, daquele que detém o poder,

muitas vezes se coloca em condições de subjugar o receptor dos ensinamentos, o

aluno, que acaba constituindo-se sob a égide do dominado, daquele que, assim, não

será capaz de constituir-se como agente e autor de suas circunstancialidades. Para

Lage:

A crise hegemônica tem profunda relação com os conhecimentos que

circulam no meio acadêmico. Se desde a Idade Média a universidade se ocupou em produzir conhecimentos exemplares necessários à formação de elites, hoje ela tem que se ocupar com a produção de padrões culturais

médios e de conhecimentos úteis para as tarefas de transformação social e para a formação da força de trabalho qualificada exigida pelo desenvolvimento industrial (LAGE, 2007, p.3).

A realidade dos sujeitos aprendentes na perspectiva do mercado capitalista

neoliberal é extremamente imediatista, isto é, estuda-se aquilo que o mercado de

trabalho impõe como necessário para se conseguir um emprego. A formação desses

sujeitos acaba, dessa forma, por tornar-se rasa, descontínua e impotente como forma

de empoderamento dos sujeitos. O discurso das competências pode acentuar essa

perspectiva, como se a função do ensino na Educação Superior fosse apenas a de

afiar instrumentos de trabalho, no caso, os alunos, futuros profissionais. Uma forma

de enfrentamento dessa tendência está no uso das metodologias ativas, mas firmadas

sobre bases epistemológicas que recoloquem o ser como centro da atividade

formativa.

A educação superior no Brasil abarca, hoje, um sistema complexo e

diversificado de instituições públicas e privadas com diferentes tipos de cursos e

programas, incluindo vários níveis de ensino, desde a graduação até a pós-graduacão

lato e stricto sensu. Nas palavras de Soares:

A Educação Superior - ministrada em instituições de ensino superior (públicas

ou privadas), com variados graus de abrangência ou especialização, abertas a candidatos que tenham concluído o ensino médio ou equivalente e aprovados em respectivo processo seletivo. As modalidades de educação e

ensino complementam o processo de educação formal por meio de: Educação de jovens e adultos, Educação profissional, Educação especial,

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Ensino presencial, Ensino semipresencial, Educação a distância e Educação

continuada (SOARES, 2003, p.43).

A Reforma Universitária de 1968, apesar de introduzida em época histórica não

propensa à flexibilidade de métodos e critérios, propôs uma variação desses com

vistas às diferenças individuais dos alunos, às peculiaridades regionais e às

possibilidades de combinação dos conhecimentos para novos cursos e programas de

pesquisa (SOARES, 2003). Porém, o que se viu em anos seguintes à reforma, na

década de 1970, e, pode-se dizer, até atualmente, foi a expansão do sistema de

ensino superior em função do aumento do número de instituições privadas, públicas

e de estabelecimentos isolados. Pouca ênfase parece ter sido dada a profundidade

das discussões em relação à missão da Universidade na sociedade contemporânea,

ou à pesquisa de ponta, ou mesmo à qualidade da formação universitária. Embora os

mecanismos de avaliação existentes, observamos a dificuldade que é posta por aferir-

se a qualidade do trabalho educacional, e os esforços que devem ser feitos nesse

sentido. Ainda, essa expansão das vagas não parece ter mostrado preocupação com

propostas e métodos de ensino, que, no mais das vezes, se mantiveram afastados

dos princípios humanistas e direcionados à defesa dos direitos humanos, postos na

Declaração Mundial sobre Educação Superior. Voltando-se para um ensino tecnicista,

mais apropriado para as salas com grande número de alunos, com pouco espaço para

a pesquisa e com a extensão efetivando-se como prestação assistencial à

comunidade.

Temas que continuarão a serem discutidos na próxima parte dessa

dissertação.

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PARTE II. ASPECTOS METODOLÓGICOS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

2.1. A FORMAÇÃO E A AÇÃO DOCENTE NA EDUCAÇÃO SUPERIOR

Vários determinantes vêm desafiando as instituições de educação superior na

revisão das metodologias de ensino-aprendizagem tradicionais: o movimento próprio

da realidade, as questões sociais, as mudanças na organização do Estado, o pensar

e o agir decorrentes de uma visão moderna e fragmentada de ciência, entre outros.

Aliados a estes, pontuamos que a questão legal, associada às autorizações e

reconhecimentos dos cursos de graduação, e os próprios itens de avaliação do

SINAES (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior), podem ser também

uma saída para a construção de um processo de avanço do coletivo institucional

docente.

Por outro lado, as instituições de ensino superior precisam apoiar-se mais na

cooperação dos docentes, enquanto agentes colaborativos do conhecimento, que

será desenvolvido com e pelos alunos-aprendentes. Já não basta saber para ensinar:

a visão de quem sabe, automaticamente sabe ensinar, tem sofrido várias críticas nas

últimas décadas. A profissão docente, assim como as demais profissões, exige

capacitação própria e específica, pois, a atividade de educador vai muito além das

funções de produzir e socializar o conhecimento. Para o exercício adequado da

atividade de professor universitário exige-se muito mais do que um diploma, ou

mesmo as titulações de mestrado ou doutorado.

Tem-se constatado, porém, que a insuficiência na formação da área

pedagógica conduz os docentes que assumem a carreira na universidade a repetir

com seus alunos o que viveram com seus professores. Mantendo um ensino

repetitivo, no mais das vezes descontextualizado e fragmentado, focado na exposição

de conteúdos pelo docente, de forma enciclopédica, reforçando a memorização dos

mesmos pelos estudantes, visando o sucesso nos exames.

Perpetua-se, assim, uma ação reprodutiva do saber e do poder do docente

sobre o aluno e sobre o conhecimento, distanciando ainda mais a universidade das

perspectivas didáticas contemporaneamente postas. E enfatizando a característica

individual dos saberes, o que se contrapõe à natureza da Universidade como

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instituição social construída coletivamente, a partir de um projeto institucional coletivo,

e vinculada às questões regionais, nacionais e internacionais. Perpetua-se também a

formatação de uma grade curricular fragmentada e compartimentalizada, dificultando

uma formação integradora, baseada nos princípios da complexidade e da

interdisciplinaridade. Distancia-se, desta forma, da proposta da LDB/96 e das próprias

diretrizes curriculares para o ensino superior (MEC, 2016), reduzindo as

possibilidades para o ensino e a aprendizagem que efetive, de fato, o tripé ensino-

pesquisa e extensão, comprometendo as possibilidades de avanços pessoais

daqueles que ensinam, dos que cursam a graduação na educação superior, bem

como das próprias instituições universitárias e do compromisso que essas têm para

com a sociedade.

A partir da proposta da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996)

e das normatizações para a Educação Superior (INEP, 2016), e a realidade das

instituições universitárias, as próprias instituições têm organizado processos de

formação inicial ou continuada de seus docentes. Desde a década final do século

passado, estas iniciativas já existem, centradas em palestras, semanas pedagógicas

e similares, e têm evoluído para processos institucionais, envolvendo professores e

pesquisadores da área da pedagogia universitária, nos chamados processos de

profissionalização do docente. De acordo com Quadros (2011), contudo, o que fica

evidenciado, no mais das vezes, nesses processos de capacitação, ainda é uma

didática pautada no domínio que o professor tem da sua área de formação e

especialização. Os próprios concursos de ingresso à carreira universitária exigem este

domínio, embora tal proficiência no conhecimento científico não garanta a tradução

adequada do mesmo em saber acadêmico, por parte do aluno e da comunidade. E,

sem negar a importância desse conhecimento, consideramos que a didática

universitária precisa ir além disso.

Nosso estudo permite a oportunidade de propormos um avanço no

conhecimento didático na Educação Superior, analisando as possibilidades das

metodologias ativas em dialogar com a questão da formação e do desenvolvimento

do docente e de sua metodologia na prática cotidiana. Verificando se há a

possibilidade dessas metodologias favorecerem uma experiência de ensino-

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aprendizagem mais enriquecedora para o desenvolvimento do ser humano, tanto do

docente como do aprendente, do que aquelas metodologias que, como percebemos,

têm vigorado no ensino universitário atualmente, pautadas no enciclopedismo e nas

especificidades técnicas dos saberes. Isso porque, no conceito das metodologias

ativas, estão embutidos processos interativos de conhecimento, análise de situações

problema do cotidiano, estudos vinculados aos interesses dos discentes, pesquisas e

o tomar de decisões individuais ou coletivas, com a finalidade de fazer avançar a

construção dos saberes (MARCH, 2006).

2. 2. PROPOSIÇÕES DE INOVAÇÃO DIDÁTICA NA EDUCAÇÃO SUPERIOR: AS

METODOLOGIAS ATIVAS

2. 2. 1. Definição, princípios e conceitos

Para os professores que atuam no campo da Educação Profissional e

Tecnológica, as metodologias ativas ainda se assemelham a novidades, que podem

acrescentar dificuldades para a preparação e/ou a condução das aulas, para o

processo de avaliação, ou até mesmo para desenvolver atividades diferenciadas com

os alunos. Muitos professores, porém, não têm a consciência de que já praticam

alguma forma de metodologias ativas, embora desenvolvam disciplinas onde são

trabalhados projetos ou atividades de soluções de problemas envolvendo casos do

cotidiano profissional, entre outros métodos didáticos.

Para a compreensão sobre o que se entende pelo caráter ativo das

metodologias ativas, utilizaremos Silberman (1996), que utilizou um provérbio chinês,

dito pelo filósofo Confúcio (551 a.C. – 479 a.C.) “O que eu ouço, eu esqueço; o que

eu vejo, eu lembro; o que eu faço, eu compreendo”, e o modificou com a intenção de

facilitar o entendimento das metodologias ativas:

O que eu ouço, eu esqueço; O que eu ouço e vejo, eu me lembro;

O que eu ouço, vejo e pergunto ou discuto, eu começo a compreender; O que eu ouço, vejo, discuto e faço, eu aprendo, desenvolvendo conhecimento e habilidade (SILBERMAN, 1996, s.p.).

Barbosa e Moura (2013) reconhecem que o que difere a aprendizagem comum,

tradicional professor/aluno, para uma aprendizagem ativa é a atitude eminentemente

participativa por parte do aluno, que deixa de se colocar em posição passiva em

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relação à sua consciência quanto ao que está sendo ensinado e ao seu envolvimento

nisso:

Assim, aprendizagem ativa ocorre quando o aluno interage com o assunto em estudo – ouvindo, falando, perguntando, discutindo, fazendo e ensinando – sendo estimulado a construir o conhecimento ao invés de recebê-lo de

forma passiva do professor. Em um ambiente de aprendizagem ativa, o professor atua como orientador, supervisor, facilitador do processo de aprendizagem, e não apenas como fonte única de informação e

conhecimento (BARBOSA; MOURA, 2013, p.5).

De acordo com Gemignani (2012), para as Diretrizes Curriculares Nacionais

(DCN), não há como dissociar mudanças no setor de produção sem pensar nas

mudanças ocorridas no mercado de trabalho e no processo de formação do

profissional que nesse mercado irá atuar:

Para tanto, será preciso concatenar perfil do aluno, perfil do egresso, perfil de habilidades e competências profissionais, em consonância com o desenvolvimento científico e tecnológico aliado a uma formação humanista e,

também, ao desenvolvimento da cidadania. Esta nova perspectiva solicita uma formação que capacite esse profissional a modificar sua postura e seus procedimentos, além de flexibilizar seus equipamentos e tecnologias para atender às necessidades do desenvolvimento de uma sociedade sustentável

(GEMIGNANI, 2012, p.2).

Atualmente, do cenário acadêmico, espera-se que ocorram muitas mudanças,

devido a alterações dos perfis dos alunos contemporâneos. Mudaram não somente

os alunos, mas também as escolas, que impõem expectativas de desempenho cada

vez mais elevadas. Blikstein (2012) chama a atenção para

[...] o grande potencial de aprendizagem que é desperdiçado em nossas escolas, diária e sistematicamente, em nome de ideias educacionais

obsoletas. [...] É uma tragédia ver, a cada dia, milhares de alunos sendo convencidos de que são incapazes e pouco inteligentes simplesmente porque não conseguem se adaptar a um sistema equivocado (BLIKSTEIN, 2012, p.

3).

Para Oliveira (2013), os professores se queixam de alunos que chegam nas

universidades sem os preparos básicos que se espera de um aluno universitário.

Porém, sabe-se que os tempos são outros: estes alunos possuem novas habilidades

diferenciadas daquelas exigidas há 20 anos atrás. Dito isso, surge uma pergunta: O

aluno deve adaptar-se ao objetivo e aos métodos de ensino dos professores, sem

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criar um diferencial, ou são os professores que deverão se adaptar e adaptar seus

conhecimentos ao mundo dos novos alunos? Ainda em Oliveira:

As ferramentas ativas de ensino podem ser usadas em qualquer disciplina e com estudantes de todas as idades, do ensino básico ao superior. Em algumas áreas do conhecimento como nas áreas de saúde, engenharia e

arquitetura, em economia e administração esses conceitos já são mundialmente mais difundidos e implementados (OLIVEIRA, 2013, p. 17).

Podemos ver abaixo, no mapa conceitual sobre metodologias ativas,

habilidades que podem ser trabalhadas nessa concepção de ensino-aprendizagem.

Figura 1. Mapa Conceitual sobre Metodologias Ativas

Fonte: BERBEL (2011), elaborado pela pesquisadora (2016).

Alguns termos são comuns à ideia das metodologias ativas: a aprendizagem

ativa se refere ao engajamento dos estudantes com as tarefas de aprendizagem, de

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forma a continuamente refletir sobre o que está sendo aprendido, questionar os

resultados alcançados e os seus próprios caminhos de aprendizagem. Outro termo, a

aprendizagem centrada no estudante, entende que esse deve poder influenciar/opinar

do conteúdo a ser aprendido aos métodos de avaliação, equilibrando a relação de

poder sobre o que será aprendido e como, com o professor.

2. 2. 2. Métodos e recursos das metodologias ativas

De acordo com o acima exposto, as metodologias ativas trazem a abertura para

questionar e fazer avançar as teorias e práticas pedagógicas adotadas em sala de

aula. Como é possível promover a atenção dos alunos/aprendentes, para os temas

específicos das disciplinas acadêmicas universitárias, motivá-los a pensar para além

do enciclopedismo dos saberes, para filtrar, de forma crítica e analítica, as

informações, na profusão de produção de informações atualmente existente? Como

tornar as mídias e as possibilidades tecnológicas de forma a favorecer a

aprendizagem, em especial aquela humanista? As metodologias ativas vêm sendo

estudadas também para a compreensão e adequação de métodos e práticas de

ensino que, se décadas atrás pareciam ser eficientes- observando-se todas as

dúvidas que podem ser postas a essa presumida eficiência -, hoje já não parecem

atender às necessidades educacionais dos estudantes e nem às demandas da

sociedade, que precisa de novas respostas para os desafios que lhe são

contemporaneamente colocados.

De acordo com Valente (2014), diversas estratégias têm sido utilizadas para

promover a aprendizagem ativa, como a aprendizagem baseada na pesquisa, o uso

de jogos ou a aprendizagem baseada em problemas.

Para Oliveira e Araújo (2014), citados por Valente (2014), existem seis tipos

específicos de métodos ativos de aprendizagem:

1. flipped classroom, ou sala de aula invertida, é o método de ensino

através do qual a lógica da organização de uma sala de aula é invertida por completo, ou seja, primeiro os alunos estudam o conteúdo curricular em casa, depois vão ao encontro de professores e colegas para sanar

as dúvidas e praticar os conhecimentos com exercícios e estudos de casos.

2. peer instruction, ou instrução pelos pares, criado em 1991 pelo Professor Eric Mazur da Universidade de Harvard, nos EUA;

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3. problem based learning - PBL, ou aprendizagem baseada em problema,

criado no final da década de 60 na Faculdade de Medicina da Universidade McMaster, na cidade de Hamilton, Canadá, e é

amplamente utilizado nas escolas de medicina e/ou de profissionais da saúde, do Brasil;

4. project based learning - PjBL, ou aprendizagem baseada em projeto, que

vem de uma tradição pedagógica inspirada pelo filósofo americano John Dewey, segundo a qual os alunos aprendem melhor a partir da

experiência e da resolução de problemas do mundo real;

5. team based learning - TBL, ou aprendizagem baseada em equipe, criado por Larry Michaelson, em 1970 na Universidade de Oklahoma, EUA.

6. case study, ou estudo de caso, surgiu em 1880, no curso de Direito da universidade de Harvard, onde os estudantes passaram a aprender

melhor, estudando as decisões dos tribunais e não somente os textos doutrinários.

No entender de Valente, em relação à sala de aula invertida:

MIT e Harvard adotaram a estratégia da “sala de aula invertida”, implantada em algumas disciplinas. Estas universidades têm inovado seus métodos de ensino, procurando adequá-los para que possam explorar os avanços das

tecnologias educacionais, bem como minimizar a evasão e o nível de reprovação (VALENTE, 2014, p.1).

E, em relação ao Peer Instruction:

Harvard introduziu o método Peer Instruction (PI), desenvolvido pelo Prof. Eric Mazur. O PI consiste em prover material de apoio de modo que o aluno

possa estudar o conteúdo antes de freqüentar a sala de aula. Com base no material estudado, o aluno responde um conjunto de questões, via um Learning Management System (LMS). O professor antes de ministrar a aula,

verifica as questões mais problemáticas, e que devem ser trabalhadas em sala de aula. Durante a aula, as discussões são intercaladas com Concept Tests, destinados a expor as dificuldades que os alunos encontram. Estes

testes são respondidos via sistema de resposta interativo, tipo clicker, de modo que a classe e o professor possam acompanhar o nível de compreensão sobre os conceitos em discussão. Antes de responder o teste,

os alunos têm um ou dois minutos para pensar sobre a questão e formular suas próprias respostas. Dependendo da resposta, eles passam dois ou três minutos discutindo suas respostas em grupos de 3-4 alunos, na tentativa de

chegar a um consenso sobre a resposta correta. Este processo obriga os alunos a pensarem sobre os argumentos a serem desenvolvidos, e permite que eles (assim como o professor) possam avaliar o nível de compreensão

sobre os conceitos antes mesmo de deixar a sala de aula. Utilizando esta estratégia, foi verificado que os estudantes apresentam ganhos significativos na compreensão conceitual, avaliados com testes padronizados, bem como

ganham habilidades para resolver problemas comparáveis aos adquiridos nas aulas tradicionais (Crouch; Mazur, 2001). Esta metodologia foi utilizada inicialmente na disciplina introdutória de Física Aplicada e atualmente está

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sendo introduzida em outros cursos e disciplinas, inclusive sendo usada para

atrair alunos para as áreas de ciências, tecnologia, engenharia e matemática (Watkins; Mazur, 2013). O MIT desenvolveu o Projeto TEAL/Studio Physics, cujo responsável é o Prof. John Belcher (2001). Classes de aulas tradicionais

foram transformadas em Estúdio de Física e a metodologia de ensino é baseada no Technology Enabled Active Learning (TEAL). Esta abordagem está sendo utilizada nas disciplinas introdutórias de Física: Introductory

Mechanics (8.01) e Electricity and Magnetism (8.02), ministradas para todos os alunos em ingressam no MIT (cerca de 1.000 por ano) (VALENTE, 2014, p.2).

Em Anastasiou e Alves (2005), encontramos a seguinte síntese de métodos3

ou estratégias que incorporam os princípios das metodologias ativas: aula expositiva

dialogada; estudo de texto, dentro da sequência contexto - análise textual - análise

das ideias - análise interpretativa - problematização e síntese; portfólio; tempestade

de ideias; mapa conceitual; estudo dirigido; lista de discussão via tecnologias de

informação; solução de problemas; Phillips 66 (atividade grupal, por meio da qual se

propõe uma análise de problematizações do contexto trazido pelos estudantes); grupo

de verbalização e de observação; dramatização/role playing; seminários; estudos de

caso; júri simulado; simpósio; apresentação de painel (com abordagem de uma

mesma temática, discutida pelos estudantes sob perspectivas teóricas/conceituais

diversas); fórum; estudo do meio/visitas técnicas e ensino com pesquisa.

Gálvez (2013) destaca alguns teóricos, que, em seu entender, desenvolveram

proposições teóricas fundamentadas nas metodologias ativas: Vigotski (1896-1934);

Bruner (1915-2016); Gagne (1916-2002); Ausubel (1918-2008); Novak (1932...);

Gardner (1943...); Rosseau (1712-1778); Pestalozzi (1746-1827); Dewey (1859-

1952); Montessori (1870-1952); Freinet (1891-1966) e Piaget (1896-1980). Explicita

também elementos fundamentais para que as metodologias ativas sejam efetivadas:

3 Métodos são meios para alcançar os objetivos traçados para a aprendizagem, constando dos

seguintes elementos: planejamento de etapas/estratégias para se alcançar determinado objetivo de ensino, que estão fundados em meios/recursos para que isso ocorra (LIBÂNEO, 1994).

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a) desenvolvimento de um entorno educativo que favoreça ao estudante

“transferir, aplicar, aportar, desenvolver, incorporar e questionar os

conhecimentos, de maneira autônoma” (2013, p. 16);

b) organização cuidadosa das atividades;

c) o vínculo interpessoal entre professores/alunos/alunos, bem como a qualidade

da mediação pedagógica.

Castillo (2016), assim resume estratégias de aprendizagem que fundamentam

as metodologias ativas:

Figura 2. Diversidade de estratégias de aprendizagem e de ensino

Fonte: Castillo (2016).

Estudos recentes realizados por Henriques, Prado e Vieira (2014), Farrell

(2014), Horizon Report (2014), Weimer (2012), comprovam a validade das

metodologias ativas de ensino praticadas nas universidades contemporâneas. Na

pesquisa proposta por Henriques, Prado e Vieira (2014), métodos de aprendizagem

ativa foram comparados aos métodos das aulas expositivas, em uma análise

envolvendo mais de 200 estudos distintos, em disciplinas de ciências, tecnologia,

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engenharias e matemática. De acordo com os resultados alcançados por esses

autores, os usos sistemáticos de métodos de aprendizagem ativa foram essenciais

para a diminuição de um terço nos índices de repetência nesses cursos, e por uma

melhoria considerável na compreensão conceitual dos estudantes. Além da melhora

do desempenho acadêmico, diversos estudos anteriores indicavam também que

esses métodos são eficientes em infundir nos alunos atitudes mais adequadas ao

aprendizado, ensinando-os a estudar, aumentando a frequência às aulas e a

permanência dos alunos nos cursos e diminuindo a evasão. Nas palavras dos autores:

Estatísticas acumuladas por cerca de 15 anos na Universidade Estadual da Carolina do Norte, EUA, mostram que o SCALE-UP (aumento da escala) foi ainda efetivo na direção da inclusão social, melhorando o desempenho e a

permanência no curso tanto das chamadas minorias étnicas quanto das mulheres. No Brasil, há algumas experiências de aprendizagem ativa em andamento ou em gestação. No Instituto de Física da USP, em particular,

uma sala foi especialmente projetada para essa finalidade e um projeto iniciado neste ano de 2014 introduziu a metodologia em todas as turmas dos cursos iniciais de mecânica para alunos do bacharelado e da licenciatura em

física, com resultados promissores. Em um quadro de crescimento do número de estudantes no nível superior, que torna ainda mais necessário o aumento na eficiência do aprendizado, é importante que experiências como essa

sejam replicadas pelo País. Como demonstra o estudo registrado no texto What Matters in College (Jossey-Bass, San Francisco, 1997), as interações mútuas entre os estudantes, e entre estes e os professores, são cruciais para

uma boa formação universitária, o que indica que iniciativas de ensino à distância, embora possam cumprir um papel relevante na massificação da educação, têm efeito limitado sobre a qualidade da formação, se restritas ao

formato expositivo. (HENRIQUES; PRADO; VIEIRA, 2014, p. 02).

Para Michael (2006), as metodologias ativas têm a vantagem de favorecer o

aprendizado por meio das relações interpessoais e colaborativas que se estabelecem,

partindo do princípio de que aprendemos melhor quando o fazemos de forma

cooperativa; e que uma aprendizagem com significado, ou seja, que faça sentido e se

mostre, assim, mais provável de promover mudanças na vida dos sujeitos, é mais

provável de ocorrer quando articulamos explicações sobre o conteúdo a ser aprendido

para outros sujeitos, como professores, pessoas da comunidade e colegas de

trabalho/estudo.

Em Prince (2004) encontramos algumas considerações sobre as dificuldades

para o desenvolvimento das metodologias ativas: a. se os estudantes não tiverem

habilidades interpessoais bem desenvolvidas para trabalhar colaborativamente; b. há

necessidade de que o tempo e o espaço pedagógico possam ser flexíveis; c. o aluno

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deve ser capaz de trabalhar com autonomia; d. as formas de avaliação devem ser

apropriadas, o que muitas vezes é difícil, se as avaliações são uniformemente

institucionalizadas e e. requerem que o professor se prepare didaticamente para tanto.

Entendemos que as metodologias ativas na Educação Superior se relacionam

aos princípios de uma Educação Sociocomunitária porque, por meio dessas

metodologias, se torna mais possível se pensar em um currículo voltado para o

cuidado com a comunidade, ou seja, socialmente responsável. Para Bevis e Watson

(2000), um currículo do cuidado acompanha os princípios de uma educação

emancipatória, pois estudantes e professores trabalham juntos para explorar,

conhecer, criar conhecimento, olhando retrospectivamente para aonde os

conhecimentos já construídos nos têm levado, problematizando o presente e

prospectando um futuro melhor. Significa desenvolver o pensamento ético, crítico e

criativo. Um currículo do cuidar deve guiar-se por ser centrado no estudante, com base

humanista, e voltar-se para a reflexão sobre como o conhecimento construído na

Educação Superior pode colaborar para a melhoria da qualidade de vida das

comunidades interna e externa à instituição de ensino.

Contudo, uma crítica que é feita às metodologias ativas é a de que, embora

possam fundamentar-se em diversas bases epistemológicas, dentre elas, o

construtivismo na prática docente cotidiana, muitas vezes são empregadas como

métodos ou técnicas isoladas para o ensino, e não como metodologias, o que

significaria levar em conta suas perspectivas epistemológicas. A redução das

metodologias ativas a práticas, métodos ou técnicas de ensino fragmenta o processo

de aprendizagem, pode deformar a formação profissional, fragilizando-a, enquanto

pode fortalecer uma educação voltada para a transformação social. Nessa dissertação

argumentamos que as metodologias ativas podem ser compreendidas no âmbito

epistemológico da Teoria da Atividade. E acreditamos que tal compreensão colabore

para ampliar a fundamentação epistemológica das metodologias ativas, fortalecendo

o imperativo de que essas não devem ser empregadas sem contextos de referência

epistemológicos, como técnicas ou recursos didáticos esporádicos, sob pena de

fragilizarmos a Educação Superior.

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2. 3. A TEORIA DA ATIVIDADE E AS METODOLOGIAS ATIVAS

2.3.1. Definição e conceitos

A teoria da atividade pode ser considerada como a concepção de que as

atividades humanas constituem “sistemas de trabalho”, praticados por indivíduos ou

grupos, com a intenção de mediar a relação entre o sujeito(s) e a sua realidade social,

visando transformá-la, quer material, quer cultural, econômica ou ideologicamente.

Para tanto, considera-se que a atividade planejada e desempenhada pelos sujeitos

reconhece o ambiente, a história da pessoa, a cultura, o papel dos artefatos, as

motivações e a complexidade da vida real. Para Engeström:

A unidade de análise na teoria da atividade é o conceito de atividade humana

culturalmente mediada, coletiva e orientada a objetos, ou sistema de atividade. Esse sistema inclui o objeto (ou objetivo), assunto, artefatos mediadores (sinais e ferramentas), regras, comunidade e divisão do trabalho.

O motivo para a atividade na teoria da atividade é criado através das tensões e contradições dentro dos elementos do sistema (ENGESTRÖM, 1999).

De acordo com o etnógrafo Bonnie Nardi (1995), um teórico especialista na

teoria da atividade, esta

centra-se na prática, o que elimina a necessidade de distinguir ciência 'aplicada' de 'pura' - entender a prática quotidiana no mundo real é o principal

objetivo da prática científica. (...) O objeto da teoria da atividade é compreender a unidade da consciência e da atividade.

A teoria da atividade é particularmente útil como uma lente em metodologias

de pesquisa qualitativa (por exemplo, etnografia, estudo de caso), pois fornece um

método de compreensão e análise de um fenômeno, encontrando padrões e fazendo

inferências por meio de interações e descrições das relações entre os sujeitos, sua

realidade e as intencionalidades presentes ao agir sobre essa:

Uma atividade em particular é uma interação propositada ou dirigida a objetivos de um sujeito com um objeto através do uso de ferramentas. Essas ferramentas são formas exteriorizadas de processos mentais que se

manifestam em construções, sejam elas físicas ou psicológicas. A teoria da atividade reconhece a internalização e a externalização de processos cognitivos envolvidos na utilização de ferramentas, bem como a

transformação ou desenvolvimento que resulta da interação (FJELD et. al., 2002, s/p).

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Dessa forma pode-se compreender que a ida dos alunos à escola pode ser

compreendida como atividade, pois os alunos vão à escola para aprender a cultura

letrada, científica, construída ao longo da historicidade humana, e a internalizarem os

modos de pensar, embutidos nos conhecimentos escolares, para compreendê-los,

discuti-los, e transformá-los, modificando a realidade. Para isso, é necessário pensar

– estimular a capacidade de raciocínio e julgamento, melhorar a capacidade reflexiva

e desenvolver as competências cognitivas. A didática tem o compromisso com a

busca da qualidade cognitiva das aprendizagens, associada à aprendizagem do

pensar. Cabe ao mediador investigar como ajudar os alunos a se constituírem como

sujeitos pensantes e críticos, capazes de pensar e lidar com conceitos, argumentar,

resolver problemas, diante de dilemas e problemas da vida prática. (LIBÂNEO, 2004).

A atividade, nesse sentido, se relaciona ao conceito de trabalho, pois a aprendizagem,

conforme Piccolo (2012) afirma, também é atividade a um só tempo reprodutora,

criadora e transformadora, seja de ideias, da natureza ou do próprio ser humano.

A Teoria da Atividade começou a ser estudada por Lev Semenovitch Vygotsky,

professor de literatura bielorrusso bastante interessado em psicologia. Vygotsky

particularizou o processo de ensino e aprendizagem na expressão obuchenie, uma

expressão própria da língua russa que coloca aquele que aprende e aquele que

ensina numa relação interligada. Mas de uma forma particular: é preciso que o ensino

seja planejado para promover o desenvolvimento, por meio da aprendizagem. E

entender que, dessa forma, tanto aquele que ensina como aquele que aprendem

desenvolvem-se mutuamente. Essa dinâmica se aplica, em nosso entender, às

metodologias ativas (BISSOTO, 2013).

A ênfase em situar quem aprende e, aquele que ensina como partícipes de um

mesmo processo corrobora com outro conceito chave na teoria de Vygotsky, a

mediação, como um pressuposto da relação eu-outro social. A relação mediatizada

não se dá necessariamente pelo outro corpóreo, mas pela possibilidade de interação

com signos, símbolos culturais e objetos. Um dos pressupostos básicos desse autor

é que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relação com o outro. Para

Vygotsky, a aprendizagem relaciona-se, embora não numa relação direta e unívoca,

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ao desenvolvimento desde o nascimento, sendo a principal causa para o desabrochar

do ser:

Vygotsky utiliza o conceito de atividade já em seus primeiros escritos e sugere que a atividade socialmente significativa é o princípio explicativo da consciência, ou seja, a consciência é construída de fora para dentro por meio

das relações sociais. Consciência e atividade são, assim, dois elementos fundamentais à psicologia histórico-cultural e devem ser entendidos como unidade dialética (ASBAHR, 2005, p.108, apud Kozulin, 2002).

Uma necessidade só pode ser satisfeita quando encontra um objeto; a isso

chamamos de motivo. O motivo é o que impulsiona uma atividade, pois articula uma

necessidade a um objeto. Objetos e necessidades isolados não produzem atividades,

a atividade só existe se há um motivo:

Necessidade, objeto e motivo são componentes estruturais da atividade.

Além desses, a atividade não pode existir senão pelas ações, constituindo-se pelo conjunto de ações subordinadas a objetivos parciais advindos do objetivo geral. Assim como a atividade relaciona-se com o motivo, as ações

relacionam-se com os objetivos (ASBAHR, 2005, p. 110).

De acordo com a mesma autora, a consciência, por sua vez, “é um novo tipo

de reflexo psíquico da realidade, é a forma especificamente humana do reflexo da

realidade objetiva, pois abre ao homem um quadro do mundo em que ele mesmo está

inserido” (ASBAHR, 2005, p.111). Constitui-se, desse modo, uma maneira para a

compreensão analítica e a configuração da realidade. E, em sendo o desenvolvimento

dos seres humanos amarrados à cultura, a própria consciência se desenvolve – e

promove o desenvolvimento – enquanto os seres humanos se engajam em suas

atividades. Entendidas como aquelas que, dotadas de intencionalidade

transformadora, permitem que os seres humanos ajam e modifiquem sua

realidade/entorno.

De acordo com Castro e Alves (2012, p. 01):

o conceito de consciência no pensamento vygotskiano: 1. como sinônimo de

psiquismo humano, matriz do pensamento (Soznanie, consciência) e; 2. como tomada de consciência - função psiquica superior, consciencia e

controle (Osoznanie, discernimento e controle consciente do ato de pensar). Fica fortemente evidenciado, tambem, que, para Vygotsky, e por meio da palavra, na sociabilidade humana, que desenvolvemos nossa consciencia, com base em dois tipos de experiencias humanas: a historica e a social.

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As significações que os sujeitos constroem do mundo são, assim, advindas das

atividades que realizam, pois originam-se como fenômenos da consciência social, e

são apropriadas pelos indivíduos, passam a fazer parte da consciência individual. Ao

nascer, o homem encontra um sistema de significações pronto; apropriar-se ou não

dessas significações depende do sentido pessoal que tenham para o sujeito, o que

está amarrado às suas atividades, dentre elas aquelas da aprendizagem formal,

escolar. Mas que podem perder seu caráter de atividade e, desse modo, sua

significação, quando são reduzidas a informações fragmentadas, quando os métodos

de ensino não favorecem as trocas interpessoais ou a atribuição social e individual de

sentidos àquilo que está sendo ensinado:

Não é necessário grande esforço para perceber que pouco do conteúdo

estudado na escola contribui para uma melhor interação do sujeito com o mundo. Interação, no caso, não tem o sentido de adaptação ao meio, mas de diálogo, de participação consciente, de possibilidade de intervenção. As

ciências, tão presentes na vida, quando apresentadas na escola acabam perdendo o seu potencial como modo teórico de relação com o mundo, reduzindo o sentido da sua aprendizagem apenas ao universo escolar.

(SFORNI, 2003, p.1).

Tomar a atividade humana como uma unidade de análise possibilita

problematizar a forma com que essa atividade se torna institucionalizada. No entanto,

se analisados mais de perto, considerando as diferentes mediações da relação

sujeito-objeto, esses sistemas de atividade revelam que transições e mudanças

ocorrem continuamente (COLE and ENGESTRÖM, 1997; LEONTIEV, 1981).

2.3.2. Três fases na Teoria da Atividade

A Teoria da Atividade é um conceito encontrado tanto na obra Vygotsky, como

naquelas de Leontiev, Rubinstein e outros estudiosos da chamada escola da

psicologia soviética. Em suas bases, contudo, está a procura por compreender as

atividades humanas como fenômenos complexos e socialmente situados e ir além dos

paradigmas da reflexologia, da psicanálise ou do behaviorismo.

Acompanhando aquilo já escrito acima, sobre a concepção de atividade, Sforni

assim aponta para um entendimento da perspectiva vigotskiana da Teoria da

Atividade, que caracterizou a primeira fase dessa Teoria:

Na perspectiva Vygotskiana, forma e conteúdo estão atrelados e, por isso, apesar da ênfase no desenvolvimento das funções mentais superiores, não

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se propõe a criação de situações artificiais para o desenvolvimento de

estruturas intelectuais. Acredita-se que este desenvolvimento ocorra em conjunto e por meio da aprendizagem dos próprios conteúdos escolares. Com base nessa compreensão, não se justifica a oposição, comum nos

meios escolares, entre ensinar conteúdos e ensinar a pensar. O desenvolvimento das capacidades cognitivas que possibilitam o pensamento ocorre justamente na aprendizagem dos conteúdos. A apropriação de

conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades psíquicas não ocorrem como dois processos independentes; forma e conteúdo correlacionam-se enquanto processo único de desenvolvimento do psiquismo humano

(SFORNI, 2003, p.3).

Esse pensamento é aprofundado por Engeströn, Miettinem e Punamäki (1999,

p. 66), quando afirmam que na primeira fase da Teoria da Atividade, foi marcada pela

compreensão de Vigotski sobre a atividade humana como um processo de contínuo

ir-e-vir entre internalização e externalização: “os seres humanos configuram-

se/determinam-se a si mesmos por meio dos objetos que criam”. Isso é, pelas

atividades criativas que realizam, que decorrem do contato com a realidade,

internalizada pelos sujeitos, de acordo com suas histórias de vida, e pela

externalização dessa internalização por meio de símbolos, ferramentas culturais e

pela linguagem.

Após a morte precoce de Vygotsky, Leontiev assumiu a liderança da escola

soviética de psicologia, e, a partir dos seus estudos sobre a psicologia do

comportamento dos primatas inaugurou a segunda fase da Teoria da Atividade.

Criticando a teoria de Pavlov, sobre o reflexo condicionado, Leontiev afirmou que os

animais têm uma relação ativa com a realidade, que ele considerou como atividade,

principalmente em relação ao comportamento dos primatas superiores. Para Leontiev,

os comportamentos desses primatas também eram marcados por certa forma de

consciência, o que podia ser observado pela forma como fazem uso de utensílios

diversos para satisfazer suas necessidades, o que se coaduna com a concepção de

ferramentas, e como planejam ações, inclusive de forma coletiva.

Leontiev, levando avante seus estudos, apontou que as pessoas se envolvem

em ações que não satisfazem em si uma necessidade, mas contribuem para a

eventual satisfação de uma necessidade. No entender do autor, a atividade, assim

concebida, poderia ser uma porta para a compreensão da psique/consciência

humana, pois as atividades nas quais uma pessoa está envolvida refletiria e se

refletiria, em sua atividade mental. Leontiev criou um exemplo prático para ilustrar o

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processo pelo qual a atividade coletiva humana passou a ser constituída por um

conjunto de ações:

exemplo de uma hipotética atividade de caça realizada por um grupo primitivo de seres humanos. Nesse exemplo, um dos membros do grupo desempenha a função de batedor, isto é, deve espantar a caça numa direção previamente

estabelecida, de maneira a que o restante do grupo possa fazer uma emboscada em local mais propício ao abate do animal caçado. O batedor então corre em direção ao animal caçado, gritando e espantando o animal. A

ação do batedor parece ser irracional pois não há qualquer condição objetiva do batedor conseguir efetivamente alcançar o animal perseguido, menos ainda de abatê-lo sozinho. O que, entretanto, dá sentido à sua ação, o que a

torna uma ação racional, são as relações coletivas existentes entre o batedor e o restante do grupo. Dessa maneira, por meio das transformações que foram ocorrendo na dinâmica da atividade coletiva humana, a mesma passou

a se constituir, na maioria das vezes, em uma estrutura complexa e mediatizada, na qual as ações individuais articulam-se como unidades constitutivas da atividade como um todo. Surge assim a relação entre o

objetivo de cada ação e o motivo que justifica a atividade em seu conjunto, da mesma forma que surge a relação entre o significado da ação realizada pelo indivíduo e o sentido da mesma. O significado de uma ação diz respeito

ao conteúdo da ação. O sentido da mesma diz respeito às razões, aos motivos pelos quais o indivíduo age. No caso da ação do batedor, o que dá sentido para sua ação, isto é, a relação que existe entre estar com fome e

espantar o animal para longe de si não são, certamente, as possibilidades biológicas individuais do batedor, mas sim as relações sociais que existem entre ele e o restante do grupo. Note-se que a consciência do indivíduo passa

agora a trabalhar com relações indiretas, mediatizadas. Não há uma relação direta entre a fome e o ato de espantar a presa. Essa relação é mediatizada pelas demais ações que serão realizadas pelos outros integrantes do grupo.

Dado esse passo inicial na gênese histórica da estrutura mediatizada da atividade social humana e do seu reflexo no psiquismo, isto é, a estrutura mediatizada da consciência, desdobrou-se todo um processo social de

desenvolvimento da consciência em meio às contradições que marcaram a história das sociedades de classes, a história da divisão social do trabalho e a história da propriedade privada. Leontiev mostra então que na sociedade

capitalista opera-se uma ruptura alienada e alienante entre o significado da ação do operário e o sentido que essa ação tem para ele, ou seja, uma ruptura entre o conteúdo da ação do operário e o motivo pelo qual o operário age. Se

ele trabalha, por exemplo, na indústria de tecelagem, seu trabalho tem o significado de produzir o tecido do qual necessita a sociedade, mas, em razão da venda da força de trabalho para o capital, o sentido que tem para o

trabalhador a sua própria atividade é dado pelo salário que recebe, isto é, pelo valor de troca de sua força de trabalho. Daí ser possível que esse sentido adquira total independência em relação ao conteúdo da atividade de trabalho.

(DUARTE, 2002, p. 285-287).

A ênfase da segunda fase da Teoria da Atividade esteve, dessa forma, posta

sobre a questão da atividade, compreendida como espelhamento da consciência.

Contudo, Engeström, Miettinem e Punamäki (1999) observam que o foco sobre a

subjetividade, base da proposição de Leontiev, fez com que a questão da

intersubjetividade ficasse em segundo plano.

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Atualmente, a teoria da atividade, em sua terceira fase, possui um caráter

multidisciplinar nas ciências humanas, abordando questões relacionadas à psicologia,

à filosofia, à linguista, à pedagogia, à política e a diversos outros campos de pesquisa

e atuação. E tem em Engeström seu principal nome. Para esse pesquisador, a teoria

da atividade deve tomar como sua unidade de análise o sistema da atividade coletiva

orientada para o objeto e mediada por artefatos, fazendo a ponte entre o sujeito

individual e a estrutura social.

Ratner (1999, p.13), seguindo essa linha de pensamento, menciona

criticamente um estudo realizado por Silvia Scribner no qual essa pesquisadora

analisou processos cognitivos presentes em atividades de trabalho:

Ela comparou trabalhadores de um laticínio em diferentes ocupações no

tocante aos tipos de produtos e características dos quais eles se lembravam. Os aspectos do trabalho que ela identificou como influentes sobre a cognição eram aspectos técnicos e físicos, por exemplo, embalar os produtos,

armazená-los, checar os produtos de uma listagem, dirigir caminhões para entregar produtos. Scribner nunca considerou o quanto características sociais das ocupações tais como as diferenças em criatividade, autonomia,

tempo livre, status ou salário podem afetar a cognição. Também ela não mencionou a organização hierárquica das ocupações, a alienação dos trabalhadores em relação ao controle da atividade, a exploração, a

intimidação, o processo de maximização dos lucros às custas das necessidades humanas dos trabalhadores ou ainda a competição.

Duarte (2002) pesquisador contemporâneo e crítico dos estudos realizados

sobre as teorias da atividade, questiona o conhecimento como objeto utilizado pelo

sujeito com objetivo ou propósito de interação com a atividade Ensino-Aprendizagem:

os estudos contemporâneos no campo da teoria da atividade forneceriam elementos

para uma pedagogia crítica?

2.3.3. As Metodologias Ativas, a Teoria da Atividade e a Educação Sociocomunitária

A teoria da atividade está relacionada com as metodologias ativas aplicadas ao

Ensino Superior sempre que as metodologias ativas sejam praticadas com elementos

da teoria da atividade: o sujeito aprendente considerado como ativo, co-partícipe da

elaboração dos seus objetivos para a aprendizagem, utilizando das ferramentas

necessárias para alcançá-los, e o aprimoramento de um entorno educativo que

favoreça ao estudante apropriar-se não somente dos conhecimentos acadêmicos,

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mas também das habilidades e competências necessárias para uma cidadania ética

e participativa.

No entender de Engeström, a terceira geração da Teoria da Atividade se

caracteriza por ser: 1. profundamente contextual e orientada para a compreensão de

práticas locais historicamente específicas; 2. por estar baseada numa teoria dialética

do conhecimento e do pensamento, focada no potencial criativo da cognição humana

e 3. é uma teoria desenvolvimental, que procura explicar a influência das mudanças

qualitativas nas práticas humanas, ao longo do tempo (ENGESTRÖM, MIETTINEM,

PUNAMÄKI, 1999, p. 378). E, ainda, diferencia-se das demais gerações da Teoria da

Atividade por ter por objeto de análise múltiplos sistemas de atividades,

interconectados, isso é, busca analisar, de uma vez, a atividade em contextos

diversos, ocorrendo simultaneamente. Como exemplo, se uma criança tem uma

determinada patologia, que se cronifica devido às situações dos seus contextos de

vida e das atividades aí transcorridas (escola, horário e tipo de profissão dos pais,

base cultural familiar, etc), não será nunca suficiente tratar a patologia em si. O olhar

deve estar posto no conjunto dos sistemas de atividade nos quais ela participa, para,

a partir daí, serem propostos metas e objetivos para o tratamento. O que envolve

considerar a voz de todos aqueles envolvidos no processo, e não somente a dos

profissionais da saúde, como geralmente é feito.

Entendemos que essa visão dos múltiplos sistemas interconectados de

atividade se relaciona com uma concepção de Educação Sociocomunitária, pois tem

no centro a autonomia dos sujeitos, e a compreensão da atividade humana como

central para a sua realização. A formação do aluno do Ensino Superior deve ser

pautada nas práticas sociais e educativas desenvolvidas com o docente, e ao se

conceber o processo de ensino e aprendizagem como atividade, potencializa-se a

compreensão e a atribuição de sentidos ao conteúdo e as demais habilidades e

competências4 trabalhadas, para que elas sejam empregadas pelo aprendente de

forma reflexiva e com mais comprometimento social.

4 Segundo o professor Vasco Moretto (2016), doutor em didática, habilidades estão associadas ao

saber fazer: ação física ou mental que indica a capacidade adquirida. Competências são um conjunto

de habilidades harmonicamente desenvolvidas e que caracterizam por exemplo uma função/profissão específica: ser arquiteto, médico ou professor de química. As habilidades devem ser desenvolvidas na busca das competências.

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Para Ribeiro e Magalhães (2014, p. 135):

Fazer parte de uma universidade, seja como docente seja como gestor/a ou como estudante, é algo que desperta o interesse por melhor compreender a

dinâmica desta instituição no desempenho de suas funções básicas e o seu papel capital na produção e difusão do conhecimento para o desenvolvim ento de uma determinada sociedade. O papel da universidade, tratando-se da

dimensão da responsabilidade social universitária e como complemento das suas funções básicas de ensino, pesquisa e extensão, é também o de desenvolver mentes humanas proativas para o pleno exercício da cidadania,

através de ações criativas capazes de construir sociedades socialmente responsáveis e economicamente sustentáveis.

Isso nos remete a discussão sobre a relevância da educação superior na

formação de novas mentalidades em prol de uma cultura socialmente responsável,

tendo em vista transformações no modelo de desenvolvimento econômico, político,

social e ambiental, formando currículos com responsabilidade social.

O conceito de Educação Sociocomunitária, de acordo com Gomes (2009), é o

estudo das formas pelas quais a comunidade intencionalmente busca mudar algo na

sociedade, por meio de processos educativos. Sendo assim, nada mais relevante do

que mudar a comunidade em que se vive pela perspectiva de responsabilidade social,

do que considerarmos a educação no Ensino Superior pautada pelas metodologias

ativas aplicadas com atividades capazes de desenvolver, com os alunos, formados

em universidades do século XXI, a capacidade e a habilidade de contribuir para que

o entorno em que se vivem sejam comunidades, no sentido de priorizarem um viver

comum baseado no cuidado que temos que ter uns com os outros.

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PARTE III. DO DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA: PERFIS DE “ENSINAGEM”

E SUAS RELAÇÕES COM AS METODOLOGIAS ATIVAS

3.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO E DOS PROCESSOS DE COLETA DE DADOS

A Instituição Z, contexto da pesquisa, está situada na macrorregião de

Campinas/SP. É uma instituição multicampi, que tem mais de 60 anos de atividades

na Educação Superior. Conforme relatório social de 2015, consta a informação de que

a instituição possui 18.581 alunos, distribuídos nos cursos de graduação, pós

graduação (lato e stricto sensu) e extensão. A graduação conta com 45 cursos nas

áreas de: administração, ciência da computação, ciências contábeis, comunicação,

direito, educação física, engenharias, filosofia, fisioterapia, história, letras,

matemática, moda, pedagogia, psicologia, serviço social, sistemas de informação,

teologia e diversos cursos de tecnologia.

A pesquisa quantiqualitativa, como a aqui realizada, acompanha uma

perspectiva de construção do conhecimento de que métodos mistos de coleta dos

dados contribuem para que a complexidade do fenômeno investigado seja mais

completa. Entendidos em separado, tanto os métodos quantitativos como os

qualitativos partem de pressupostos diferentes de compreensão do conhecimento,

cada um com limitações próprias. Contudo, os métodos mistos não devem ser

entendidos como um suprindo as limitações do outro, pois isso acarretaria em forçar

uma deformação dos pressupostos básicos de cada um. Como exposto em Tréz

(2012), os métodos mistos são melhor compreendidos como um continuum

investigativo, em que, guardando-se as especificidades de cada método e

instrumentos de coleta de dados, consegue-se uma compreensão mais clara do

fenômeno estudado.

Em Dal-Farra (2014), que acompanha a sistematização proposta por Creswell

(2007), a tipologia da nossa investigação segue o modelo da estratégia aninhada

concomitante, na qual dados qualitativos e quantitativos são coletados

concomitantemente e são depois comparados e interpretados, havendo, contudo, um

método predominante, que em nosso caso é aquele quantitativo. Nas palavras do

autor:

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Reconhecendo as particularidades de cada abordagem, assim como as suas

limitacoes, torna-se possivel, na medida da pertinência a cada caso, elaborar metodos mistos de pesquisa que possam atender as expectativas dos pesquisadores. Ao utilizar múltiplas abordagens, torna-se possivel produzir

trabalhos nos quais haja uma contribuicao mutua das potencialidades de cada uma delas, gerando respostas mais abrangentes em relacao aos problemas de pesquisa formulados, desde que sejam consideradas as

particularidades inerentes aos principios subjacentes a cada uma delas, objetivando obter beneficios significativos (DAL-FARRA, 2014, p. 77).

Começamos a abordagem da pesquisa fazendo uso de instrumento de coleta

de dados que favoreciam tanto a análise quantitativa como a qualitativa, um

questionário com perguntas semiestruturadas. O objetivo desse questionário foi

sondar a percepção de ensino-aprendizagem dos coordenadores dos cursos de

graduação, de dois campi da instituição Z. A escolha desses dois campi seguiu razões

logísticas, pois situam-se próximos do contexto onde vive a pesquisadora. Dessa

forma, em outubro de 2015, após explicar a natureza da pesquisa ao gestor dos dois

campi, e obter autorização para realizá-la, foi elaborado e entregue a 12

coordenadores de cursos, que também são professores, um questionário, composto

por 04 questões abertas. Tais questões destinavam-se a levantar dados quanto aos

métodos de ensino empregados por eles, em suas aulas, e verificar se havia

convergência dos métodos de ensino empregados, concepções sobre metodologias

ativas e com os pressupostos dessas. Esse questionário foi um primeiro ensaio para

a escolha subsequente do questionário a ser aplicado aos demais professores, que

acabou recaindo sobre a análise do perfil de ensinagem, e também para a elaboração

das questões por nós redigidas sobre a percepção dos docentes quanto às

metodologias ativas. Importante para isso foi que nesse primeiro questionário

solicitamos sugestões de perguntas que, no entender dos coordenadores, pudessem

colaborar para a compreensão de como os docentes da instituição concebem as

metodologias ativas.

Em relação às respostas por nós obtidas:

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Gráfico 1. Questão – Quando eu vou ensinar algo, eu prefiro...

Fonte: arquivo própria autora (2015).

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Gráfico 2. Questão – Quando eu quero aprender algo, eu procuro...

Fonte: arquivo própria autora (2015).

As outras duas questões trabalhadas foram:

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Questão 35 – Que metodologias você prioriza ao ensinar? As respostas

foram:

C1. Utilizo de uma abordagem humanística.

C2. Gosto muito do EPB com o P tanto para “Problema” quanto para “Projeto”.

C3. Disponibilização de exercícios, apresentação/indicação de filmes/vídeos.

C4. Além da metodologia de multimídias, uso aplicação de jogos, dinâmica de

grupo usando textos científicos.

C5. Exposição do conteúdo (lousa, multimídia) seguida da fixação baseada em

exercícios em classe, e posteriormente exercícios fora do horário de aula. Procuro

incentivar a aprendizagem colaborativa usando recursos de internet (online):

MOODLE e seus recursos: lista de discussão, testes online, pesquisas.

C6. Aulas expositivas dialogadas, seminários, debate e visitas técnicas

previamente orientadas, vídeos, e áudios, estudo de caso.

C7. Trabalho em equipe, debates.

C8. Atividades práticas como levantamento de informações ou solução de

problemas.

C9. Multimídia e lousa, aulas expositivas com resolução de exemplos e

exercícios propostos, trabalhos em grupo (em sala de aula com minha supervisão).

C10. Aula expositiva com resolução de exercícios; atividades de oratória e de

teatro, seminários; trabalho em grupos.

C11. Metodologia: dialética que considera a totalidade do ser / dialógica, pois

prioriza a participação do outro no processo.

C12. Taxinomia de BLOOM vinculado às habilidades e competências previstas

no perfil do egresso.

5 Para melhor compreensão, os 12 coordenadores pesquisados serão identificados com a letra C e, numericamente, em sequência. Ex: C1, C2, C3, etc.

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Questão 4 - Que outra pergunta você faria para o seu professor sobre o

processo de ensino-aprendizagem? As respostas foram:

C1. O processo avaliativo está coerente como a sua forma de ensinar?

C2. Qual seria o empenho do professor para adotar uma metodologia que ele

não esteja utilizando?

C3. Como manter a turma estimulada durante todo o semestre?

C4. Você professor consegue ter um feedback da aprendizagem dos alunos

durante sua aula?

C5. Perguntaria se ele entende que epistemologias baseiam a atuação do

professor nas práticas docentes, porque este assunto pode melhorar em muito sua

reflexão sobre a profissão.

C6. Procuraria saber onde o professor disponibilizaria o seu conteúdo

lecionado.

C7. Eu faria isso com uso de questões de múltipla escolha para garantir maior

homogeneidade de entendimento e para ampliar os elementos de reflexão (evita o

“branco”).

C8. Dependeria da dúvida que teria...

C9. Qual a sua consciência do processo de ensino-aprendizagem (por

exemplo: didática, avaliações, processo de aprendizagem, etc).

C10. Como você melhora a sua prática de ensino-aprendizagem em função dos

resultados de seus alunos? Como você avaliação os seus alunos? Qual o feedback

que os alunos recebem das avaliações aplicadas?

C11. Sobre o feedback do que for assimilado pelos alunos: Quais as facilidades

e ou dificuldades sentidas no processo ensino-aprendizagem?

C12. O que te impede de estudar e adotar novas metodologias de ensino-

aprendizagem?

As análises das quatro questões aqui apresentadas, nos leva a inferir que em

relação aos métodos de ensino, a maioria dos professores/coordenadores faz uso de

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aulas expositivas, sobretudo se considerarmos que o uso do projetor multimídia,

embora possa ser usado para a exibição de filmes, dentre outros usos, também é um

dos principais recursos empregados atualmente para as aulas expositivas. Em relação

à segunda questão, Quando o professore pesquisado quer aprender algo, ele procura

com mais frequência textos de autores conhecidos, isso significa 40% dos

pesquisados. Já 14% buscam informações na internet, enquanto para 13% o melhor

meio são palestras, revistas, vídeos, e retorno às atividades feitas anteriormente para

fixação do conteúdo. Já para 10% dos professores o melhor é trocar ideias com seus

colegas. 7% dos professores procuram entidades especializadas ou cursos EAD. E

por último, 3% dos professores preferem trabalhar com exercícios resolvidos.

Para a terceira questão, que mensura as metodologias que o professor prioriza

ao ensinar, as respostas mais frequentes foram: utilização de uma abordagem

humanística; disponibilização de exercícios, apresentação/indicação de filmes/vídeos,

além da metodologia de multimídias, uso aplicação de jogos, dinâmica de grupo

usando textos científicos, exposição do conteúdo (lousa, multimídia) seguida da

fixação baseada em exercícios em classe, e posteriormente exercícios fora do horário

de aula, procurando incentivar a aprendizagem colaborativa usando recursos de

internet (online) - MOODLE e seus recursos - lista de discussão, testes online,

pesquisas, aulas expositivas dialogadas, seminários, debate e visitas técnicas

previamente orientadas, vídeos, e áudios, estudo de caso, trabalho em equipe.

A análise desses dados nos possibilitaram escolher o tipo de questionário a ser

aplicado com os professores da instituição, pois auxiliaram a que tivéssemos um

conhecimento mais aproximado dos processos e concepções de ensino-

aprendizagem vigente nos dois campi pesquisados. Apesar do número de

respondentes desse primeiro questionário ter sido restrito, frente ao número de

professores, consideramos que como desempenham o papel de coordenadores

(responsáveis, assim, por acompanhar as ações de ensino e aprendizagem dos

docentes) e também de professores, as respostas seriam significativas para nos

apontar como deveríamos prosseguir com a investigação. E nesse prosseguimento

optamos por trabalhar com o questionário Teaching Style Inventory, que veremos a

seguir.

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3.1.1. Análise dos Questionários TSI aplicados aos professores/coordenadores

da instituição pesquisada

O questionário Teaching Style Inventory, como será explicitado a seguir, é uma

avaliação auto-descritiva, destinada a levantar dados sobre as concepções e

comportamentos de ensino dos professores e como se associam às decisões que

tomam em relação ao ensinar.

Foram entregues cerca de 60 questionários a professores dos dois campi da

instituição Z, impressos e on-line, nos meses de dezembro de 2015, janeiro e junho

de 2016, nas reuniões de planejamento docente, e foram recebidos respondidos

entres os meses de janeiro a agosto de 2016, 43 questionários. Sendo que destes: 9

são da área de Administração; 3 da área Contábil; 8 da área de Direito; 6 da área de

Engenharia; 1 da área de Moda; 1 da área de Logística; 5 da área de Pedagogia; 9 da

área de Psicologia e 1 de Serviço Social.

A média de experiência docente entre os pesquisados é de 14 anos, variando

entre 1 a 36 anos.

A diplomação informada varia de Pós-doutores (5 pesquisados) a Especialistas

(4 pesquisados), passando por Mestres (26 pesquisados) e Doutores (8 pesquisados).

Conforme consta no quadro 1, abaixo:

Quadro 1: Questionários TSI aplicados aos professores/coordenadores da instituição pesquisada.

Questionário Área Experiência Diplomação

1 Administração 3 anos Mestrado

2 Administração 10 anos Mestrado 3 Administração 11 anos Mestrado

4 Administração 16 anos Mestrado

5 Administração 30 anos Especialização

6 Administração 31 anos Especialização

7 Administração 30 anos Mestrado

8 Administração 31 anos Mestrado

9 Administração 36 anos Mestrado

10 Ciências Contábeis 9 anos Mestrado

11 Ciências Contábeis 13 anos Mestrado 12 Ciências Contábeis 21 anos Mestrado

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13 Direito não informado Doutorado

14 Direito 2 anos e meio Mestrado

15 Direito 10 anos Doutorado

16 Direito 10 anos Mestrado

17 Direito 10 anos Mestrado 18 Direito 13 anos Especialização

19 Direito 13 anos Mestrado

20 Direito 14 anos Mestrado

21 Engenharia Civil e Ambiental 7 anos Mestrado

22 Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica 10 anos Mestrado

23 Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica 12 anos Mestrado

24 Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica 18 anos Doutorado

25 Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica 19 anos Doutorado

26 Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica 20 anos Doutorado 27 Logística 5 anos Especialização

28 Moda 29 anos Mestrado

29 Pedagogia 7 anos Mestrado

30 Pedagogia 10 anos Mestrado

31 Pedagogia 20 anos Pós-Doutorado

32 Pedagogia 21 anos Pós-Douturado

33 Pedagogia 23 anos Pós-Doutorado

34 Psicologia 1 ano Mestrado

35 Psicologia 2 anos Mestrado 36 Psicologia 2 anos Mestrado

37 Psicologia 5 anos Doutorado

38 Psicologia 7 anos Mestrado

39 Psicologia 10 anos Doutorado

40 Psicologia 14 anos Mestrado

41 Psicologia 15 anos Pós-Doutorado

42 Psicologia 25 anos Pós-Doutorado

43 Serviço Social 13 anos Doutorado Fonte: arquivo pessoal da autora (2016).

A pesquisa utilizou o questionário disponibilizado no endereço eletrônico

www.texascollaborative.org/tools/TSI.pdf, um recurso de desenvolvimento

profissional, produzido pelo Conselho de Coordenação de Ensino Superior do Texas

(2002-2007). O “Texas Collaborative for Teaching Excellence” foi criado para apoiar

professores universitários em todo o Texas/US, por meio de uma abordagem

cooperativa para o desenvolvimento profissional. O objetivo do questionário é permitir

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que seu utilizadores possam verificar seus estilos de ensino por intermédio de

questões voltadas aos Objetivos de Ensino e Métodos de Ensino.

I. Quanto aos Objetivos (Metas) de Ensino/Aprendizagem, existem quatro

estilos que podem ser observados como resultados:

Quadrante A = Docente prefere a aprendizagem mecânica 6 à análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados (exemplo: os alunos

memorizam fatos abstratos, como a tabuada, leis, diretrizes legais, e pesos atômicos,

através da repetição).

Quadrante B = Docente prefere a aprendizagem mecânica e concentra-se em

aplicações práticas (exemplo: os alunos aprendem fatos práticos sobre o mundo real,

tais como diagnósticos clínicos, procedimentos educacionais, as aberturas numéricas

disponíveis na fibra óptica e a resistência à tração de diferentes tamanhos de pregos).

Quadrante C = Docente prefere a análise problematizadora dos conhecimentos

a serem ensinados à aprendizagem mecânica, mas não se concentra em aplicações

práticas (exemplo: os alunos aprendem processos abstratos, como os princípios da

educação inclusiva, mas sem a possibilidade de aplicá-los em contextos ou situações

de práticas).

Quadrante D = Docente prefere a análise problematizadora dos conhecimentos

a serem ensinados à aprendizagem mecânica e concentra-se em aplicações

familiares (exemplo: os alunos são apresentados aos problemas do mundo real, em

que eles usam fórmulas e processos, como plotagem e desenhos para as peças do

carro usando AutoCAD).

II. Quanto aos Métodos de Ensino/Aprendizagem, existem quatro estilos que

podem ser observados como resultados das respostas aos questionários:

6 Entende-se, no contexto do instrumento empregado, a aprendizagem mecânica como aquela de

caráter verticalizado, linear, seguindo o modelo de um “emissor” (professor) que “transmite” um conteúdo para um “receptor” (aluno), que precisa memorizá-lo, no mais das vezes, de forma descontextualizada e fragmentada.

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Quadrante A = Docente prefere ter alunos que processam informações por

meio de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de forma generalizada

(exemplo: estudantes em aula expositiva não dialogada).

Quadrante B = Docente prefere ter alunos que processam informações por

meio de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em grupos (exemplo:

estudantes discutindo os problemas em grupos).

Quadrante C = Docente prefere ter alunos que aprendem por meio de

ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente (exemplo: estudantes trabalham

individualmente em computadores, explorando os princípios da física através da

manipulação de variáveis em aplicativos da internet).

Quadrante D = Docente prefere ter alunos que aprendem por meio de

atividades práticas, realizadas e concluídas de forma colaborativa (exemplo: projetos

de equipe em laboratório).

Analisando os dados levantados na pesquisa TSI, apresentaremos abaixo as

respostas tanto em forma descritiva como organizando os dados por gráficos.

Observamos que podemos realizar o cruzamento desses dados por diferentes

variáveis (anos de atuação, formação, etc).

Na tentativa de analisar os dados quantitativos e qualitativos de forma

concomitante, abaixo apresentaremos, além da análise dos dados em relação ao

questionário TSI, também aqueles levantados no questionário de complementação

com questões semiestruturadas, cujo teor é mais específico sobre as metodologias

ativas, conforme apêndice. Temos, então, as seguintes respostas:

Os Professores do Curso de Administração possuem, em média, 22 anos de

experiência em docência e, dos 9 pesquisados, 7 são Mestres e 2 são Especialistas.

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Gráfico 3. Análise das respostas dos professores do Curso de Administração

sobre seus Objetivos de Ensino/Aprendizagem.

Fonte: arquivo própria autora (2016).

Gráfico 4. Análise das respostas dos professores do Curso de Administração sobre seus Métodos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

A = Docente prefere a aprendizagem

mecânica à análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados

B = Docente prefere a aprendizagem

mecânica e

concentra-se em aplicações práticas

C = Docente prefere a análise

problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica, mas não

se concentra em aplicações práticas

D = Docente prefere a análise

problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações familiares

ADMINISTRAÇÃOOBJETIVOS DE ENSINO

D=67%

A=0%

B=33%

C=0%

A = Docente prefere ter alunos que

processam

informações por meio de símbolos e

linguagem profissional

específica e ensina de forma

generalizada

B = Docente prefere ter alunos que

processam

informações por meio de símbolos e

linguagem profissional

específica e ensina em grupos

C = Docente prefere ter alunos que

aprendem por meio

de ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente

D = Docente prefere ter alunos que

aprendem por meio

de atividades práticas, realizadas

e concluídas de forma colaborativa

ADMINISTRAÇÃOMÉTODOS DE ENSINO

B=60%

A=20%D=10%

C=10%

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Na forma descritiva:

1. Administração, 3 anos de experiência, Mestre:

1.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante A - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de

forma generalizada.

1.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Estou aprendendo cada dia mais a respeito. Gosto muito e acredito que

ajude.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Dinamismo, despertando a atenção do aluno. Desvantagens –

para classes com grande número de alunos é mais difícil de aplicá-las.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de referencial teórico e falta de modelos ou aprofundamentos sobre

como desenvolver metodologias ativas.

2. Administração, 10 anos de experiência, Mestrado:

2.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

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e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

2.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: No cenário atual, elas são extremamente relevantes para propiciar o

aprendizado dos alunos.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Possibilidade de o professor expandir seu universo de atuação

no propósito de ser um facilitador do processo de aprendizagem. Desvantagens – Ter

as ementas moldadas de forma diferenciada dos conceitos de metodologias ativas.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não vejo como dificuldade, mas sim como enigmas as ementas utilizadas,

que não têm aderência com as metodologias ativas.

3. Administração, 11 anos de experiência, Mestre:

3.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

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3.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Elas são imprescindíveis para o desenvolvimento do pensamento e

entendimento dos alunos sobre os temas propostos.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Propicia novos horizontes e perspectivas para resolver

problemas e entender o conteúdo das situações em questão na aula e no cotidiano

do aluno. Desvantagens – Não vejo desvantagens.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

4. Administração, 16 anos de experiência, Mestre:

4.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

4.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: É um método operacional de aprendizagem; deveríamos ter um método

uniforme em toda entidade; trabalhar com projeções.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

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R: Vantagens – Exercer na prática o que foi aprendido na faculdade, não

importando o treinamento da execução; execução de conceitos na prática.

Desvantagens – Não vejo desvantagens.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

5. Administração, 30 anos de experiência, Especialista:

5.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante A - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de

forma generalizada.

5.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Importante para desenvolver a compreensão do aluno. Contudo, imprópria

para cursos cujos conteúdos das disciplinas são extensos.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – O aluno aprende a aprender. Os conceitos são aprendidos de

forma sustentável. Desvantagens – Reduz o conteúdo que precisa ser aprendido ao

longo do período letivo.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Tempo suficiente para o estudo e compreensão do conteúdo da disciplina.

Obs: Para cursos noturnos, o sistema deveria ser modular e com duração maior de

tempo.

6. Administração, 30 anos de experiência, Mestre:

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6.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por alunos que aprendem através de

ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente.

6.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Difícil de aplicar numa classe de 60 a 70 alunos.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Não respondeu

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

7. Administração, 31 anos de experiência, Especialista:

7.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

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informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

7.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Entendo que se trata de metodologia adequada ao aprendizado do aluno,

com melhor aproveitamento do tempo em sala de aula. Na minha disciplina eu adoto

livro guia que contém toda a matéria e deve ser lido com antecedência à aula.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Não comentou. Desvantagens – É a dificuldade na aplicação

da metodologia ativa para os alunos dos cursos noturnos que, invariavelmente,

trabalham durante o dia e não conseguem cumprir o requisito da leitura prévia da

matéria objeto da aula.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não considero que seja uma metodologia adequada para a Educação

Superior Noturna pois, os alunos dos cursos noturnos não conseguem cumprir com

os requisitos necessários e que antecedem às aulas. Sem que tais requisitos sejam

cumpridos, a leitura em sala de aula impede o cumprimento do programa da disciplina.

8. Administração, 31 anos de experiência, Mestre:

8.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B e D - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem e trabalham em grupos; Quadrante D

= tem preferência por alunos que aprendem através de atividades práticas concluída

de forma colaborativa.

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8.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Metodologias ativas são formas de desenvolver o processo de aprender do

aluno, que os educadores utilizam para conduzir a formação crítica dos futuros

profissionais nas áreas por eles escolhidas.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Formação crítica do sujeito e autonomia do educando.

Desvantagens – Não compreensão do conteúdo pelos alunos e não compreensão do

conceito e mudança de postura do professor.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

9. Administração, 36 anos de experiência, Mestrado:

9.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

9.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Creio que trará para os alunos uma compreensão da transformação que

vivemos hoje na política, economia e na parte social, na qual a exigência tecnológica

é o meio para terem informação da atualidade.

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97

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Que se ensine e que os alunos aprendam a correlacionarem

teoria e prática para o entendimento da atual situação. Desvantagens – Falta apoio

tecnológico para o desenvolvimento.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta apoio tecnológico para o desenvolvimento como laboratórios de

informática e literatura especializada.

Os Professores do Curso de Ciências Contábeis possuem, em média, 14 anos

de experiência em docência e, dos 3 pesquisados, todos são Mestres.

Gráfico 5. Análise das respostas dos professores do Curso de Ciências Contábeis sobre seus Objetivos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

A = Docente prefere a aprendizagem

mecânica à análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados

B = Docente prefere a aprendizagem

mecânica e

concentra-se em aplicações práticas

C = Docente prefere a análise

problematizadora dos

conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica, mas não se

concentra em aplicações práticas

D = Docente prefere a análise

problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações familiares

CIÊNCIAS CONTÁBEISOBJETIVOS DE ENSINO

D=67%

A=0%

B=33%

C=0%

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98

Gráfico 6. Análise das respostas dos professores do Curso de Ciências

Contábeis sobre seus Métodos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

Na forma descritiva:

10. Ciências Contábeis, 9 anos de experiência, Mestre:

10.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

10.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Proporciona mais dinâmica para as aulas; conduz os alunos às reflexões

para a solução de problemas envolvendo sua participação como agente ativo nesse

A = Docente prefere ter alunos que

processam

informações por meio de símbolos e

linguagem profissional

específica e ensina de forma

generalizada

B = Docente prefere ter alunos que

processam

informações por meio de símbolos e

linguagem profissional

específica e ensina em grupos

C = Docente prefere ter alunos que

aprendem por meio

de ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente

D = Docente prefere ter alunos que

aprendem por meio

de atividades práticas, realizadas

e concluídas de forma colaborativa

CIÊNCIAS CONTÁBEISMÉTODOS DE ENSINO

B=33,33%

A=33,33%D=33,33%

C=0%

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99

processo; possibilita um ensino centrado no aluno, com o professor atuando como

intermediador desse processo; requer uma maior preparação do docente para a

formulação de casos que serão aplicados em sala de aula.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Considero o uso de metodologias ativas apropriado para

aplicação no ambiente universitário independente do tipo que seja elegido pelo

docente. Desvantagens – Falta de alinhamento das metodologias ativas aos projetos

pedagógicos dos cursos (PPCs), especialmente em relação aos principais

fundamentos que integram os cursos nos anos iniciais, sendo portanto, importante um

bom trabalho a ser realizado pelas disciplinas dos primeiros anos de curso.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: As metodologias ativas eleitas precisam estar muito bem alinhadas com o

PPC, pois depender unicamente do conhecimento prévio do aluno não proporciona

bons resultados. Aquelas disciplinas inseridas especialmente nos primeiros anos

precisam se certificar da absorção dos fundamentos essenciais para cada curso, a fim

de que as disciplinas dos anos posteriores possam obter sucesso com a introdução

de novos conteúdos com base nas metodologias ativas.

11. Ciências Contábeis, 13 anos de experiência, Mestre:

11.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes C - Quadrante C = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica,

mas não se concentra na prática.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

11.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

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100

R: Não respondeu.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Não respondeu

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

12. Ciências Contábeis, 21 anos de experiência, Mestre:

12.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante A - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensinam de

forma generalizada.

12.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: É positiva, pois quando o aluno consegue aplicar em situações cotidianas

os conhecimentos adquiridos em sala de aula a aprendizagem se faz através da

reflexão e percepção da solução dos problemas.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Maior participação dos alunos; melhor compreensão dos

problemas e consequente solução; vivencia o processo ensino-aprendizagem; o aluno

passa a ser protagonista do processo e não um ser passivo.

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101

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

Os Professores do Curso de Direito possuem, em média, 9 anos de experiência

em docência e, dos 8 pesquisados, 5 são Mestres, 2 são Doutores e 1 é Especialista.

Gráfico 7. Análise das respostas dos professores do Curso de Direito sobre

seus Objetivos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

A = Docente prefere a aprendizagem

mecânica à análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados

B = Docente prefere a aprendizagem

mecânica e

concentra-se em aplicações práticas

C = Docente prefere a análise

problematizadora dos

conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica, mas não se

concentra em aplicações práticas

D = Docente prefere a análise

problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações familiares

DIREITOOBJETIVOS DE ENSINO

D=50%

A=0%

B=37,5%

C=12,5%

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102

Gráfico 8. Análise das respostas dos professores do Curso de Direito sobre

seus Métodos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

Na forma descritiva:

13. Direito, experiência não especificada, Doutor:

13.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

13.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Excelente.

A = Docente prefere ter alunos que

processam

informações por meio de símbolos e

linguagem profissional

específica e ensina de forma

generalizada

B = Docente prefere ter alunos que processam

informações por meio de

símbolos e linguagem profissional específica e

ensina em grupos

C = Docente prefere ter alunos que

aprendem por meio

de ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente

D = Docente prefere ter alunos que

aprendem por meio

de atividades práticas, realizadas

e concluídas de forma colaborativa

DIREITOMÉTODOS DE ENSINO

A=36,37%

B=27,27%

D=18,18%

C=18,18%

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b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – independência intelectual do aluno. Desvantagens – Não é

aceita nos exames de ordem e há resistência dos alunos.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

14. Direito, 2 anos e meio de experiência, Mestre:

14.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes A e B - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de

forma generalizada; Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

14.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Sou favorável ao desenvolvimento de metodologias ativas em sala. Penso

que desperta no aluno o interesse, podendo assimilar o conceito a vida real.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – A inclusão do aluno no processo de aprendizagem de forma

que ele valorize seu aprendizado. Desvantagens – Não conseguir abordar todos os

conceitos necessários a depender do método aplicado.

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c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

15. Direito, 10 anos de experiência, Doutor:

15.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante A - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensinam de

forma generalizada.

15.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Não respondeu.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – O fato de engajarem mais os alunos no processo de

aprendizagem, bem como despertar a atenção do estudante durante as aulas.

Desvantagens – Um fator dificultador é o fato dos alunos não possuírem tempo para

se preparar para as atividades, pois a maioria trabalha.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

16. Direito, 10 anos de experiência, Mestre:

16.1. Respostas do TSI:

Page 105: A EDUCAÇÃO SUPERIOR E AS METODOLOGIAS ATIVAS DE …§ão_Renata... · MES – Ministério da Educação e Saúde do Governo Getúlio Vargas – 1930 MNESP – Ministério dos Negócios

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a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

16.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: A implementação das metodologias ativas é fundamental para que

tenhamos a construção democrática dos processos de aprendizagem, promovendo a

autonomia do aluno que passa a entender e se comprometer com seu processo de

aprendizagem.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Promove a autonomia do aluno; promove a formação completa

do aluno; promove relação consistente entre o mundo de vida do aluno e o conteúdo

da sala de aula, tornando o espaço da sala de aula muito mais agradável.

Desvantagens – Pode gerar um certo desconforto nos alunos que não gostam de

participar mais ativamente da sala de aula.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

17. Direito, 10 anos de experiência, Mestre:

17.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

Page 106: A EDUCAÇÃO SUPERIOR E AS METODOLOGIAS ATIVAS DE …§ão_Renata... · MES – Ministério da Educação e Saúde do Governo Getúlio Vargas – 1930 MNESP – Ministério dos Negócios

106

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes A e B - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de

forma generalizada; Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

17.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: São extremamente relevantes e, se bem conduzidas, podem efetivamente

proporcionar construção do conhecimento mais sólida e efetiva.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Podem proporcionar aprendizagem mais efetiva e sólida.

Desvantagens – São mais complexas na elaboração de seus objetivos e aplicação;

demandam mais tempo de preparação, aplicação e correção ou avaliação de

conteúdos; mais complicado de esclarece aos alunos.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

18. Direito, 13 anos de experiência, Especialista:

18.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica,

mas não se concentra em aplicações práticas.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por alunos que aprendem através de

ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente.

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18.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Não respondeu.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Não respondeu.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não respondeu.

19. Direito, 13 anos de experiência, Mestre:

19.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

19.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: São importantes para o desenvolvimento do ensino.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Participação ativa do aluno na construção do conhecimento.

Desvantagens – Necessidade de um controle mais notável do professor em sala para

que os alunos não venham a perder o objetivo da atividade desenvolvida.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

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108

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

20. Direito, 14 anos de experiência, Mestre:

20.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

a) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes A e C - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de

forma generalizada; Quadrante C = tem preferência por alunos que aprendem através

de ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente.

20.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: São importantes para a construção do conhecimento de forma ativa pelo

aluno.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Envolvimento do aluno no processo de ensino-aprendizagem

é mais efetivo. Desvantagens – Ficar apenas com as metodologias ativas, sem

mesclá-las com aulas teóricas, que também são necessárias.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Número de alunos por sala.

Os Professores do Curso de Engenharia possuem, em média, 14 anos de

experiência em docência e, dos 6 pesquisados, 3 são Mestres e 3 são Doutores.

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Gráfico 9. Análise das respostas dos professores do Curso de Engenharia

sobre seus Objetivos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

Gráfico 10. Análise das respostas dos professores do Curso de Engenharia sobre seus Métodos de Ensino/Aprendizagem.

Fonte: arquivo própria autora (2016).

A = Docente prefere a aprendizagem

mecânica à análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados

B = Docente prefere a aprendizagem

mecânica e

concentra-se em aplicações práticas

C = Docente prefere a análise

problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica, mas não

se concentra em aplicações práticas

D = Docente prefere a análise

problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações familiares

ENGENHARIAOBJETIVOS DE ENSINO

D=57,2%

A=0%

C=14,3%

B=28,5%

A = Docente prefere ter alunos que

processam

informações por meio de símbolos e

linguagem profissional

específica e ensina de forma

generalizada

B = Docente prefere ter alunos que

processam

informações por meio de símbolos e

linguagem profissional

específica e ensina em grupos

C = Docente prefere ter alunos que aprendem

por meio de

ferramentas …

D = Docente prefere ter alunos que

aprendem por meio

de atividades práticas, realizadas

e concluídas de forma colaborativa

ENGENHARIAMÉTODOS DE ENSINO

C=50%

B=16,67%

D=16,66% A=16,67%

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Na forma descritiva:

21. Engenharia Civil e Ambiental, 7 anos de experiência, Mestre:

21.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

21.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Não respondeu.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Não respondeu.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não respondeu.

22. Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica, 10 anos de experiência, Mestre:

22.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B e D - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem

mecânica e concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos

práticos sobre o mundo real; Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por

análise problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem

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111

mecânica e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real,

usando fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

22.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: É importante porque estimula o aluno a crítica e reflexão no processo de

ensino-aprendizagem. Porém, acredito que ainda existem muitas barreiras para que

possamos aplicar nas disciplinas de matemática.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Seria uma maior produtividade e rendimento com a resolução

de problemas, utilizando um pensamento criativo, além do trabalho em grupo.

Desvantagens – Nossos alunos ainda não estão com uma boa bagagem para

desenvolver esse pensamento prático e criativo, sendo assim, só atrapalharia o

desempenho geral.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta base para os alunos na área de exatas.

23. Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica, 12 anos de experiência, Mestre:

23.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica,

mas não se concentra em aplicações práticas.

Page 112: A EDUCAÇÃO SUPERIOR E AS METODOLOGIAS ATIVAS DE …§ão_Renata... · MES – Ministério da Educação e Saúde do Governo Getúlio Vargas – 1930 MNESP – Ministério dos Negócios

112

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por alunos que aprendem através de

ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente.

23.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: São armas poderosas para incentivar que os alunos tomem a rédeas de seu

crescimento, mas são frontalmente contrárias à predisposição que os alunos têm de

engajamento neste processo. Além disso, a estrutura curricular é engessada e o

próprio sistema avaliativo das instituições (ENADE, SINAES) não permitem que se

crie de fato uma cultura de aprendizagem ativa.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Motiva o aluno que compra a ideia; propicia a construção do

conhecimento em bases mais duradouras. Desvantagens – Não permite trabalhar em

um contexto onde o que conta é a ementa, pois toma mais tempo para que o processo

de ensino seja concluído.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

24. Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica, 18 anos de experiência, Doutor:

24.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante A - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de

forma generalizada.

24.2. Respostas do questionário de complementação:

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113

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Lentamente transito para acha-las interessantes, porém, penso que a crise

brasileira (histórica) impossibilita a etapa anterior a esta, que deveria ter sido “oferecer

educação tradicional de qualidade a todos nós brasileiros”. É um pouco como ter

transitado de uma economia rural latifundiária para a economia industrial (e, pior,

agora pós-industrial) sem ter passado pela reforma agrária. O resultado, aqui, é o

agronegócio. Lá, é a geração do diploma numa educação de escala. As metodologias

ativas farão a “Ponte Rio-Niterói” que devemos atravessar?

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Não me sinto tão seguro para poder ir além dos clichês sobre as

metodologias ativas.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Turmas grandes; alunos sem alicerces pré-universitários bons; tempo

reduzido para ambas as demandas acima; falta de convencimento pessoal de que

elas realmente podem formar pessoas com senso crítico embasado na ética, além de

pessoas meramente espertas; honestamente, também é verdade que deveria estuda-

las mais para testar minhas opiniões contra os resultados alcançados por elas.

25. Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica, 19 anos de experiência, Doutor:

25.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por alunos que aprendem através de

ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente.

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114

25.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: É uma sistemática que visa desenvolver as habilidades do alunado e que

proporciona maior desenvoltura.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Proporciona maior desenvoltura; estimula o interesse por

pesquisa; desenvolve autoconfiança; proporciona a convivência por meio de trabalhos

em grupo (multifuncionalidade). Desvantagem – falta de maturidade do alunado para

aplicação de certos tipos de atividade.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

26. Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica, 20 anos de experiência, Doutor:

26.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por alunos que aprendem através de

ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente.

26.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Podem ser eficientes em algumas áreas do conhecimento, não em todas.

Determinados conteúdos não podem ser ensinados/transmitidos com estas

metodologias. Considero que não estão maduras o suficiente e nem se mostram a

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115

melhor opção para substituir outras formas de trabalho, mas seu uso racional pode

contribuir para melhorar o aprendizado dos alunos.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Obriga o aluno ir atrás, buscar o conhecimento necessário para

resolver os problemas, tendo mais contato com livros, artigos e conteúdo relacionados

aos problemas colocados. Desvantagem – O aluno não necessariamente adquire as

bases teóricas necessárias em determinadas áreas do conhecimento. Não ajuda na

abstração do pensamento e raciocínio lógico que determinados conceitos exigem.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não considero que sejam aplicáveis a qualquer disciplina e nem a todos os

conteúdos de uma disciplina.

O curso de Logística obteve somente um professor participante da pesquisa.

Abaixo seguem seus estilos de Objetivo de Ensino e Métodos de Ensino:

27. Logística, 5 anos de experiência, Especialista:

27.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica,

mas não se concentra em aplicações práticas.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

27.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: São relevantes para provocar uma postura mais ativa e participativa nos

aprendentes.

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116

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Alunos mais dinâmicos; aluno passa a assumir um certo

protagonismo. Desvantagem – Escassez de tempo.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

O curso de Moda obteve somente um professor participante da pesquisa.

Abaixo seguem seus estilos de Objetivo de Ensino e Métodos de Ensino:

28. Moda, 29 anos de experiência, Mestre:

28.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por alunos que aprendem através de

ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente.

28.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: A oportunidade de aproveitar as competências dos alunos, valorizando seu

background (fundo).

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Dinâmica; participação; torna a aula mais interessante .

Desvantagem – O aluno não sentir o planejamento prévio da aula.

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117

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Vencer a barreira da timidez do aluno em participar de modo ativo, pois ele

tem algo a ensinar e a aprender.

Os Professores do Curso de Pedagogia possuem, em média, 16 anos de

experiência em docência e, dos 5 pesquisados, 2 são Mestres e 3 são Pós Doutores.

Gráfico 11. Análise das respostas dos professores do Curso de Pedagogia sobre seus Objetivos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

A = Docente prefere a aprendizagem

mecânica à análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados

B = Docente prefere a aprendizagem

mecânica e

concentra-se em aplicações práticas

C = Docente prefere a análise

problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica, mas não

se concentra em aplicações práticas

D = Docente prefere a análise

problematizadora dos

conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica e concentra-

se em aplicações familiares

PEDAGOGIAOBJETIVOS DE ENSINO

D=60%

A=0%

C=0%

B=40%

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Gráfico 12. Análise das respostas dos professores do Curso de Pedagogia

sobre seus Métodos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

Na forma descritiva:

29. Pedagogia, 7 anos de experiência, Mestre:

29.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

29.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

A = Docente prefere ter alunos que processam informações

por meio de símbolos e

linguagem profissional específica e ensina de forma

generalizada

B = Docente prefere ter alunos que processam

informações por meio de

símbolos e linguagem profissional específica e

ensina em grupos

C = Docente prefere ter alunos que

aprendem por meio

de ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente

D = Docente prefere ter alunos que

aprendem por meio

de atividades práticas, realizadas

e concluídas de forma colaborativa

PEDAGOGIAMÉTODOS DE ENSINO

C=16,66%

B=16,66%D=50%

A=16,67%

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119

R: Necessária para a evolução da educação. Considero que as dinâmicas das

relações interpessoais modificam-se diferentemente do processo de educação em

sala de aula. É importante com critérios bem estabelecidos.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Envolver o aluno no processo de aprendizagem. Desvantagem

– A dificuldade de não associar as metodologias aos referenciais teóricos. Os riscos

de não contemplar leituras e conceitos para o desenvolvimento das atividades.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Nem sempre os alunos compreendem a importância das propostas por não

estarem acostumados com estas metodologias.

30. Pedagogia, 10 anos de experiência, Mestre:

30.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

a) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C e D - Quadrante C = tem preferência por alunos que aprendem através

de ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente; Quadrante D = tem

preferência por alunos que aprendem através de atividades práticas concluídas de

forma colaborativa.

30.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Fundamental, principalmente para trabalhar com alunos da geração Z, que

são multiatarefados.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

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120

R: Vantagens – Proatividade dos alunos; interação; trabalhos em grupo;

resultados. Desvantagem – Não há.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

31. Pedagogia, 20 anos de experiência, Pós-Doutor:

31.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

31.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Desde que aprendi no magistério o que era o escolanovismo e a metodologia

ativa, bem como o construtivismo, tento seguir esses princípios no meu fazer

diferente, para não repetir a experiência escolar de quase uma vida como aluna sob

o tradicionalismo em uma escola católica.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Estimula o pensamento e reflexões e ajuda os alunos a

construírem conceitos, fundamentais para sair do senso comum. Desvantagem – Não

há.

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c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

32. Pedagogia, 21 anos de experiência, Pós-Doutor:

32.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

32.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Não respondeu.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Não respondeu.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não respondeu.

33. Pedagogia, 23 anos de experiência, Pós-Doutor:

33.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante A - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

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122

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de

forma generalizada.

33.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Fundamentais para uma nova visão de educação e de processos de ensino-

aprendizagem. Fundamental considerar o papel ativo que o aluno deve apresentar no

processo pedagógico.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Maior participação do aluno; quebra da ênfase do papel do

professor como conteudista; melhor entendimento como ocorre a aprendizagem.

Desvantagem – Não há.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas e falta de prática efetiva a partir de um portfólio de metodologias

propostas.

Os Professores do Curso de Psicologia possuem, em média, 9 anos de

experiência em docência e, dos 9 pesquisados, 5 são Mestres, 2 são Doutores e 2

são Pós Doutores.

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Gráfico 13. Análise das respostas dos professores do Curso de Psicologia

sobre seus Objetivos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

Gráfico 14. Análise das respostas dos professores do Curso de Psicologia

sobre seus Métodos de Ensino/Aprendizagem

Fonte: arquivo própria autora (2016).

A = Docente prefere a

aprendizagem

mecânica à análise problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados

B = Docente prefere a

aprendizagem

mecânica e concentra-se em

aplicações práticas

C = Docente prefere a análise

problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados

à aprendizagem mecânica, mas não

se concentra em aplicações práticas

D = Docente prefere a análise

problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados

à aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações familiares

PSICOLOGIAOBJETIVOS DE ENSINO

D=63,63%

A=0%

C=9,10%

B=27,27%

A = Docente prefere ter alunos que processam informações por meio

de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de

forma generalizada

B = Docente prefere ter alunos

que processam

informações por meio de símbolos e

linguagem profissional

específica e ensina em grupos

C = Docente prefere ter alunos que aprendem

por meio de

ferramentas manipuladas/utilizadas

individualmente

D = Docente prefere ter alunos que aprendem por

meio de atividades

práticas, realizadas e concluídas de forma

colaborativa

PSICOLOGIAMÉTODOS DE ENSINO

D=63,63%

A=0%

C=9,10%

B=27,27%

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Na forma descritiva:

34. Psicologia, 1 ano de experiência, Mestre:

34.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes C e D - Quadrante C = tem preferência por aprendizagem por

análise problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem

mecânica, mas não se concentra em aplicações práticas; Quadrante D = tem

preferência por aprendizagem por análise problematizadora dos conhecimentos a

serem ensinados à aprendizagem mecânica e concentra-se em aplicações familiares,

com problemas do mundo real, usando fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B e D - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos; Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

34.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Gostaria de conhecer mais sobre a prática, para incluí-las no cotidiano

docente.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Integrar o aluno no processo ensino-aprendizagem de maneira

efetiva. Desvantagem – Inserir o aluno que vem de uma cultura de ensino-

aprendizagem diferente nesse contexto.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

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125

35. Psicologia, 2 anos de experiência, Mestre:

35.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

35.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Considero um forte aliado em relação ao processo de ensino-aprendizagem.

Porém, o comprometimento do aluno é primordial para que esse processo ocorra com

sucesso.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Aprendizagem mais significativa. Desvantagem – Imaturidade

do aluno diante do seu comprometimento com sua formação.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

36. Psicologia, 2 anos de experiência, Mestre:

36.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

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126

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

36.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Gosto, porém não é possível aplicá-la em todos os momentos e com todas

as disciplinas.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Proporciona ao aluno uma liberdade para buscar conhecimento

por si próprio e a raciocinar segundo um outro olhar, mais voltado para a prática.

Desvantagem – O tempo utilizado para esse aprendizado e essa metodologia ainda

está em desacordo com as grades curriculares.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Utilizar metodologias ativas com disciplinas com muito conteúdo básico.

37. Psicologia, 5 anos de experiência, Doutor:

37.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

37.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

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127

R: Já utilizo o fomento da aprendizagem significativa por meio da reflexão e de

uma aula dialógica. Percebo o movimento pedagógico das metodologias ativas de

grande importância, necessitando de melhor capacitação do professor, mudança

estrutural das salas de aula bem como do sistema avaliativo.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Fomento de uma aprendizagem significativa para o estudante .

Desvantagem – Refere-se ao sistema educacional avaliativo, e até punitivo, no qual

estamos inseridos.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver

metodologias ativas.

38. Psicologia, 7 anos de experiência, Mestre:

38.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante B - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem mecânica e

concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos práticos sobre

o mundo real.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos.

38.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Gosto muito deste tipo de metodologia, inclusive incorporo, pelo menos, uma

atividade desse tipo nas minhas disciplinas, mesmo sendo elas extremamente

conceituais. E sempre tenho feedback positivo quando realizo atividades como as

metodologias ativas.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

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128

R: Vantagens – O aluno aprende a buscar o próprio conhecimento, desperta

novas habilidades pessoais e grupais, colabora para a reflexão e solução de

problemas cotidianos e reais, os momentos avaliativos são menos traumáticos e

ocorrem de modo a preparar o aluno. Desvantagem – Gasto de tempo maior para

preparar as atividades, assim como para os alunos desenvolverem as atividades.

Métodos avaliativos, geralmente grupais, o que permite que alguns alunos não se

empenhem aos estudos.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Tempo em executar e preparar as metodologias e concluir o plano de ensino

e aprendizagem.

39. Psicologia, 10 anos de experiência, Doutor:

39.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B e D - Quadrante B = tem preferência por aprendizagem

mecânica e concentra-se em aplicações práticas, trabalhando com os alunos fatos

práticos sobre o mundo real; Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por

análise problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem

mecânica e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real,

usando fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por alunos que aprendem através de

ferramentas manipuladas/utilizadas individualmente.

39.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Creio que as metodologias ativas possam ser extremamente úteis para a

aprendizagem, especialmente no ensino superior. No entanto, não temos uma

estrutura física, conceitual e grade de horários, necessidade de presença em aulas,

que motive ou permita a aplicação dessas metodologias em larga escala no curso.

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129

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Vantagens – Maior adesão à aprendizagem por parte do aluno;

conhecimento absorvido a partir do material humano do próprio aluno; descentralizar

o papel do professor no ensino. Desvantagem – Demanda mais tempo para

preparação das atividades; necessidade de treino do aluno para nova forma de

aprendizagem. Parte dos alunos se mostra resistentes ao modelo.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de referencial teórico e falta de modelos ou aprofundamentos sobre

como desenvolver metodologias ativas.

40. Psicologia, 14 anos de experiência, Mestre:

40.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

40.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Não respondeu.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Não respondeu.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Falta de referencial teórico.

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130

41. Psicologia, 15 anos de experiência, Pós-Doutor:

41.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

entre os quadrantes B e D - Quadrante B = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em

grupos; Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluída de forma colaborativa.

41.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Sou favorável. Quem sabe o que é relevante sobretudo na graduação é o

professor que conhece a realidade mais que o estudante.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Para alunos independentes e autônomos elas são menos necessárias. São

vantajosas quando se tem pouco do conteúdo trabalhado como na graduação.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não encontro dificuldades.

42. Psicologia, 25 anos de experiência, Pós-Doutor:

42.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

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131

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante D - Quadrante D = tem preferência por alunos que aprendem através de

atividades práticas concluídas de forma colaborativa.

42.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Não respondeu.

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Não respondeu.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não respondeu.

O curso de Serviço Social obteve somente um professor participante da

pesquisa. Abaixo seguem seus estilos de Objetivo de Ensino e Métodos de Ensino:

43. Serviço Social, 13 anos de experiência, Pós-Doutor:

43.1. Respostas do TSI:

a) Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante C - Quadrante C = tem preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica,

mas não se concentra em aplicações práticas.

b) Em relação ao estilo Métodos de Ensino, este professor obteve respostas

no quadrante A - Quadrante A = tem preferência por alunos que processam

informações através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina de

forma generalizada.

43.2. Respostas do questionário de complementação:

a) Qual sua opinião sobre as metodologias ativas?

R: Não respondeu.

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132

b) Quais você considera sejam as vantagens e desvantagens dessas

metodologias, em seu entender?

R: Não respondeu.

c) Qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

uso das metodologias ativas?

R: Não respondeu.

A tabulação geral dos dados mostrou que, em relação aos Objetivos de Ensino,

a maioria, representada por 56,5% dos pesquisados, se mostra mais adepta à análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares. E, em relação aos Métodos de Ensino,

percebemos um equilíbrio entre duas respostas, sendo que a maioria, representada

por 32% dos pesquisados, tem preferência por alunos que processam informações

através de símbolos e linguagem profissional específica e ensina em grupos, e 30%

dos pesquisados se mostra tendendo ao ensino por meio de atividades práticas,

realizadas de forma colaborativa.

Quadros 2 e 3 de apresentação dos resultados gerais:

Quadro 2. Resultados de Objetivos de Ensino

Quadrantes Porcentagens

A=0 0,0%

B=14 30,4%

C=6 13,1%

D=26 56,5%

Total 100%

Quadro 3. Resultados de Métodos de Ensino

Quadrantes Porcentagens

A=10 20,0%

B=16 32,0%

C=9 18,0%

D=15 30,0%

Total 100%

Fonte: arquivo pessoal da própria autora (2016).

Em ambos os termos, Objetivos e Métodos de ensino, os professores parecem

propensos a aceitar que os estudantes aprendam com atividades feitas

colaborativamente, em grupos ou equipes.

Observamos que tal propensão acompanha uma tendência na Educação

Superior, principalmente a partir da última década, referente ao uso de estratégias ou

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técnicas de ensino socializantes. Essas incluem trabalhos em grupo, simpósios,

discussão em pequenos grupos, dentre outras. E são percebidas, na literatura, como

acompanhando as necessidades dos docentes, dos discentes e das instituições para

desenvolver a cooperação, a aprendizagem em grupo, facilitadoras do trabalho com

classes com grande número de alunos, o desenvolvimento do aprender a trabalhar

colaborativamente, favorecendo a tutoria e a aprendizagem entre pares, a motivação

dos alunos, atendendo concepções de ensino de caráter construtivista, etc.

(OLISKOVICZ; DAL PIVA, 2012).

Essa análise pode ser vista com mais clareza quando comparamos,

graficamente, todos os cursos pesquisados. Isolando-os em relação ao quesito

Objetivos de Ensino, percebemos que a maioria obteve respostas no quadrante D,

mostrando que os professores pesquisados têm preferência por aprendizagem

baseada na análise problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do

mundo real, usando fórmulas e processos, conforme consta no gráfico abaixo:

Gráfico 15 – Comparação entre Cursos em relação aos Objetivos de Ensino

Fonte: arquivo pessoal da própria autora (2016).

Como podemos ver no gráfico acima, a análise feita sobre todos os dados

colhidos nos mostra que a maioria dos respondentes prefere a resposta do quadrante

D (56,5% dos professores), em relação aos outros quadrantes, ou seja, em 9 cursos

Administração

CiênciasContábeis

Direito Engenharias Logística Moda Pedagogia PsicologiaServiçoSocial

A 0 0 0 0 0 0 0 0 0

B 3 0 3 2 0 1 2 3 0

C 0 1 1 1 1 0 0 1 1

D 6 2 4 4 0 0 3 7 0

0 0 0 0 0 0 0 0 0

3

0

3

2

0

1

2

3

00

1 1 1 1

0 0

1 1

6

2

4 4

0 0

3

7

00

1

2

3

4

5

6

7

8

Qu

anti

dad

e d

e r

esp

ost

as p

or

curs

o

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134

6 optam por ministrar aulas com objetivos próximos ao que identificamos, nessa

pesquisa, como mais próprios das metodologias ativas; prevalecendo uma concepção

problematizadora de ensino. Lembrando que, as respostas dadas pelos professores

respondentes que sejam condizentes com os quadrantes A, B e C, se afasta da

aplicação das concepções de metodologias ativas defendidas nessa pesquisa, e ao

contrário: quanto mais respostas no quadrante D obtemos, mais próximos das

metodologias ativas estamos.

Cabe, todavia, aqui, uma observação. Abordagens problematizadoras de

educação não necessariamente significam que o docente está empregando

metodologias ativas de ensino. Como já afirmado anteriormente, não é o uso de uma

técnica, uma estratégia ou um método de ensino que caracterizam, isoladamente, um

perfil de ensino voltado para as metodologias ativas. Essas abordagens podem estar

presentes em perfis de ensino centrados no professor, significando que tudo aquilo

que está envolvido no processo de ensino-aprendizagem - definição de objetivos, de

conteúdos, formas de avaliação, atividades didático-pedagógicas, etc - é decidido

exclusivamente, ou, ao menos, em sua maior parte, pelo professor. Isso

descaracteriza as metodologias ativas, pois o ensinar e aprender deixa de ser

atividade, como anteriormente argumentado. Um exemplo está na resposta do

professor 07 às questões envolvendo as metodologias ativas: apoia as metodologias

ativas e faz uso de um “livro didático, que contém toda a matéria e deve ser lido com

antecedência” pelos alunos. Qual o espaço que seguir “toda a matéria” por meio de

um livro didático deixa para que a aprendizagem seja ativa, ou uma atividade, no

sentido aqui considerado?

Mas a preferência pelas abordagens problematizadoras pode indicar que há

perfis de ensino com sensibilidade para que se caminhe no sentido das metodologias

ativas.

Continuando a análise de todos os cursos pesquisados, só que agora em

relação aos Métodos de Ensino, podemos perceber que a maioria obteve respostas

nos quadrantes B, mostrando que 32% dos professores pesquisados têm preferência

por alunos que processam informações através de símbolos e linguagem profissional

específica e ensina em grupos e D, mostrando que 30% dos professores pesquisados

têm preferência por alunos que aprendem através de atividades práticas concluídas

de forma colaborativa, conforme consta no gráfico abaixo:

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Gráfico 16 - Comparação entre Cursos em relação aos Métodos de Ensino

Fonte: arquivo pessoal da própria autora (2016).

Esses resultados parecem indicar que há uma tendência a centrar-se a

atividade no estudante, pois ao preocupar-se com o uso de estratégias colaborativas

e socializantes de ensino, com atividades práticas e com a interpretação do material

a ser aprendido, antes do que com a memorização, caminha-se nessa direção. Porém,

conforme Bissoto (2014, p. 02), centrar a atividade no estudante, uma característica

essencial às metodologias ativas, e à Teoria da Atividade, pois se parte do princípio

da atribuição de sentidos pelo sujeito, significa um conjunto de práticas mais amplo:

1. Ampliar a crença do estudante na sua capacidade de aprender; 2. Capacitar os

estudantes para trabalharem autonomamente, apreciar as relações pessoais

estabelecidas no processo de aprendizagem e a perceber que são capazes de atingir

seus próprios objetivos relacionados à escolha professional; 3. Reconhecer que o

ensino e os professores são centrais para o engajamento do estudante com a

aprendizagem; 4. Criar um ambiente de aprendizagem que é ativo, colaborativo e

fomenta o desenvolvimento de habilidades sociais; 5. Criar experiências educacionais

que desafiem as habilidades dos estudantes; 6. Empregar uma variedade de suportes

para a organização e o tratamento dos temas a serem trabalhados: vídeos, recursos

digitais, estratégias de problematizar a realidade profissional, etc.; 7. Capacitar os

estudantes a desenvolverem seu capital social e cultural, tornando-se conscientes do

seu papel como cidadãos socialmente responsáveis.

Administração

CiênciasContábeis

DireitoEngenharia

sLogística Moda Pedagogia Psicologia

ServiçoSocial

A 2 1 4 1 0 0 1 0 1

B 6 1 3 1 1 0 1 3 0

C 1 0 2 3 0 1 1 1 0

D 1 1 2 1 0 0 3 7 0

2

1

4

1

0 0

1

0

1

6

1

3

1 1

0

1

3

0

1

0

2

3

0

1 1 1

0

1 1

2

1

0 0

3

7

00

1

2

3

4

5

6

7

8

Qu

anti

dad

e d

e r

esp

ost

as p

or

curs

o

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Embora essas práticas não tenham sido sondadas no questionário, em nosso

entender quanto mais as atividades de ensino-aprendizagem adotadas como

colaborativas, as atividades práticas e interpretação das informações se basearem no

conjunto acima, mais se estará próximo de um perfil de metodologias ativas.

De acordo com os dados levantados no questionário de complementação,

elaborado pela pesquisadora, com questões semiestruturadas que versavam sobre

as concepções dos docentes sobre as metodologias ativas, cujas respostas eram de

natureza subjetiva, obtivemos a seguinte análise quantitativa:

Quadro 4 - Questionário de Complementação7

11,63% Não deu opinião sobre o assunto nas questões complementares

13,95% Opinião positiva em relação às metodologias ativas

65,12% Opinião crítica em relação às metodologias ativas, com pontos a favor e pontos contrários

9,30% Opinião negativa em relação às metodologias ativas

Fonte: arquivo pessoal da própria autora (2016).

7 Os dados completos contidos neste quadro estão nos apêndices.

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Uma análise mais detalhada dessas respostas revela o seguinte cenário, em

relação às concepções dos docentes sobre as metodologias ativas:

Gráfico 17 – Vantagens do Uso das Metodologias Ativas

Fonte: arquivo pessoal da própria autora (2017).

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Gráfico 18 –Desvantagens do Uso das Metodologias Ativas

Fonte: arquivo pessoal da própria autora (2017).

9%

11%

16%

7%2%

5%2%

7%2%

7%

2%

14%

2%

14%

Desvantagens do Uso das Metodologias Ativas

TURMAS NUMEROSAS

CURRÍCULO/EMENTAS/AVALIAÇÃO

RESTRINGIRCONTEÚDO/APRENDIZAGEM

ALUNOS DOS CURSOSNOTURNOS/FALTA TEMPO

SISTEMA EDUCACIONAL FRÁGIL

NÃO SERVE PARA TODAS ASÁREAS

DEPENDE DOCOMPROMETIMENTO ALUNO

ESTRUTURA DA INSTITUIÇÃO(ESPAÇO, RECURSOSTECNOLÓGICOS)MUDANÇAS DOS PROFESSORESDAS TURMAS

RESISTÊNCIAS DOS ALUNOS

DESCONFORTO ALUNOS QUENÃO PARTICIPAM

FALTAEXPERIÊNCIA/MATURIDADE/BASE ALUNOSPROFESSOR TEM QUEEXERCER MAIS CONTROLE

Não vê desvantagens

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139

Gráfico 19 –Dificuldades do Uso das Metodologias Ativas

Fonte: arquivo pessoal da própria autora (2017).

Triangulando os dados colhidos nas duas pesquisas, o TSI, elaborado pelo

Texas Collaborative, conforme anexo, e o questionário elaborado pela pesquisadora,

conforme apêndice, traçamos a seguinte análise.

Em relação às vantagens das metodologias ativas, as concepções de

“dinamismo”, “professor como facilitador” e “aplicação dos conceitos na prática/no

cotidiano” parecem indicar uma tendência a bases construtivistas de educação. E,

segundo relatório da OECD (2009), sobre as crenças dos professores e suas práticas

de ensino, no Brasil, como na Malásia e no México, os professores mostram-se

adeptos de práticas construtivistas de ensino. Embora aceitem, na mesma proporção,

práticas consideradas como de “transmissão do conhecimento”. Ou seja, parece ainda

haver uma dubiedade referente à natureza epistemológica das práticas educativas, o

que pode dificultar a adesão às metodologias ativas.

De acordo com o mesmo relatório, quanto mais os alunos apresentam um

background de condições adversas de escolaridade – dificuldades de aprendizagem,

contextos culturais diferentes daquele esperado pela escola (famílias migrantes, por

exemplo), escolas de periferias, etc.- mais as atividades de ensino tendem a ser

estruturadas, afastando-se de metodologias mais ativas. Nas respostas dos

professores isso foi percebido nas respostas “n ão é própria para alunos da Educação

39%

7%25%

19%

5%5%

Dificuldades do Uso das Metodologias Ativas

FALTA DE REFERENCIALTEÓRICO, MODELOS

CURRÍCULO/EMENTAS NÃOCONDIZENTES

NÃO ENCONTRODIFICULDADES

FALTA TEMPO

INSEGURANÇA/NÃO ESTÁCONVENCIDO

NÃO SERVEM PARA TODAS ASDISCIPLINAS

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Superior noturna”, ou na alegação que os alunos vêm de um sistema educacional

frágil, ou que os alunos não têm tempo, pois trabalham. Contudo, não é exatamente

nesses casos que alternativas educacionais deveriam ser buscadas?

Já os estudos de Pundak et. al. (2009), realizados com 153 docentes de 03

universidades israelenses, mostraram que para esses professores as metodologias

ativas seriam mais indicadas para alunos com baixo rendimento escolar, prejudicando

aqueles com melhor performance. Contudo, citando estudos de Hake (1998), os

autores apontam que todos os estudantes que fizeram uso de metodologias ativas,

quer aqueles com mais dificuldades, quer os demais, incluindo aqueles de melhor

performance, aprimoraram sua aprendizagem conceitual. Esses dados são

corroborados por algumas respostas dos professores respondentes, no sentido de

que o uso das metodologias ativas favorece a “melhor compreensão dos problemas e

consequente solução (professor 14),

E, também, algumas das respostas dadas se contrapõem a esses dados, pois,

para alguns docentes, as metodologias ativas “restringem” ou fragilizam a

aprendizagem, ou que não permitiriam atender abordar todos os conceitos

necessários” (professor 16), ou que não seriam adequadas para “disciplinas básicas”,

ou que o aluno “nem sempre adquire as bases teóricas necessárias em determinadas

áreas do conhecimento” (professor 28).

No entender de Topping (2005), conforme citado no relatório da OECD (2009,

p. 121):

para trabalhar na direção da equanimidade das oportunidades de aprendizagem, a educação e o desenvolvimento dos professores precisamos

encontrar novos modos de expandir o uso de atividades aprimoradas para todos os estudantes, independente de suas habilidades. Por exemplo, a aprendizagem entre pares e a tutoria, que podem melhorar a aprendizagem,

especialmente para aqueles com dificuldades de aprendizagem.

Isso parece estar de acordo com o pregado pelas metodologias ativas, pois

essas se apoiam no uso de estratégias socializantes de ensino.

Quanto ao pensamento crítico, mencionado por 06 professores como um dos

pontos vantajosos das metodologias ativas, o estudo de Pundak et. al. (2009)

encontrou que o ensino baseado em projetos, com equipes trabalhando em conjunto,

tiveram um impacto positivo na passagem de pensamentos mais simples, como “como

calcular isso?”, “o que devo fazer agora?”, para formas mais elaboradas: “Como isso

funciona?”, “Por que é assim?”, “Qual a razão para tal procedimento?”.

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141

Quanto às desvantagens apontadas pelos professores por nós pesquisados,

como falta de tempo, inadequação do currículo e das ementas, ou “não ser possível

trabalhar todo o conteúdo curricular”, resistência dos alunos, turmas muito grandes,

ou falta de material teórico e modelos para as metodologias ativas, também são

críticas feitas pelos professores participantes do estudo de Pundak et. al. (2009). Os

autores referem que a falta de tempo para cumprir toda a carga curricular, classes

numerosas, escassez de material para as metodologias ativas, resistência dos

estudantes, e também das famílias (relatado por professores que também atuam no

Ensino Médio) foram expressos pelos professores da Educação Superior por eles

investigados.

Os autores explicam esses dados por aspectos da própria carreira docente: a

cada vez que os professores recebem propostas de modificar suas práticas, há uma

resistência e, mesmo insegurança, como relatado por um dos professores da nossa

pesquisa, pois é todo um conjunto de concepções sobre o ensino-aprendizagem,

sobre o desenvolvimento do aluno e do profissional que ele deve formar, que precisam

ser modificados.

Consideramos que, em relação às ementas e ao currículo, e mesmo ao projeto

de curso, como indicado pelo professor 12, de fato se faz necessário que haja um

alinhamento desses com as metodologias ativas. Tudo deve ser um mesmo “pacote”,

ou filosofia de ensino. De outra forma entendemos que há, de fato, o risco de

fragilizarmos a formação profissional, não por causa das metodologias ativas, mas

porque qualquer prática didática, para ser bem sucedida, deve ser condizente com a

filosofia institucional e com as bases curriculares, incluindo como a avaliação será

feita. Não seria o caso de repensarmos as ementas e os currículos, trocando, por

exemplo, o “enciclopedismo” pela compreensão e sabedoria no uso do

conhecimento? E verificar se os projetos de curso contemplam as metodologias

didáticas mais apropriadas, pensando nos recursos que temos hoje, nas demandas

profissionais e no perfil de aluno?

Por outro lado, as ressalvas levantadas à estrutura da instituição, que

dificultaria a prática das metodologias ativas, também é relevante. Sem dúvida, há

mais demanda por espaços diversificados, que não a sala de aula, e também por

recursos tecnológicos e material de pesquisa/laboratório. O tempo das aulas

necessita, inclusive, de uma outra gestão, bem como os mecanismos burocráticos, de

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assinalar presenças/ausência dos alunos, que, muitas vezes, podem fazer as

atividades fora da instituição.

Observamos, ainda, que foi possível perceber que nem todo professor que

respondeu ao questionário TSI, e que teria um perfil de ensinagem mais próximo das

metodologias ativas, confirma esta preferência ao responder o questionário de

complementação, com questões subjetivas, e vice-versa. Vejamos dois exemplos,

dentre outros que poderiam ser feitos, identificados pelo número recebido quando da

exposição das suas respostas no TSI:

1. Professor 26, da Engenharia Elétrica Mod. Eletrônica, que obteve as seguintes

respostas no questionário TSI: Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este

professor obteve respostas no quadrante D, no que diz ter preferência por

aprendizagem por análise problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à

aprendizagem mecânica e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do

mundo real, usando fórmulas e processos. Resposta, esta, que mais se aproxima das

metodologias ativas, quando tratamos de Objetivos de Ensino. Em relação ao estilo

Métodos de Ensino, este professor obteve respostas no quadrante C, no que diz ter

preferência por alunos que aprendem através de ferramentas manipuladas/utilizadas

individualmente, afastando-o um pouco das metodologias ativas, cuja preferência é a

aprendizagem em grupo/coletiva. Já no questionário de complementação, o mesmo

professor deu sua opinião sobre as metodologias ativas, dizendo que “podem ser

eficientes em algumas áreas do conhecimento, não em todas. Determinados

conteúdos não podem ser ensinados/transmitidos com estas metodologias. Considero

que não estão maduras o suficiente e nem se mostram a melhor opção para substituir

outras formas de trabalho, mas seu uso racional pode contribuir para melhorar o

aprendizado dos alunos.”

Quando perguntado sobre o que considera sejam as vantagens e

desvantagens dessas metodologias, sua resposta foi “Vantagens – Obriga o aluno ir

atrás, buscar o conhecimento necessário para resolver os problemas, tendo mais

contato com livros, artigos e conteúdo relacionados aos problemas colocados –

Desvantagem – O aluno não necessariamente adquire as bases teóricas necessárias

em determinadas áreas do conhecimento. Não ajuda na abstração do pensamento e

raciocínio lógico que determinados conceitos exigem.” E sobre a última questão, que

pergunta qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer

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uso das metodologias ativas, ele responde “não considero que sejam aplicáveis a

qualquer disciplina e nem a todos os conteúdos de uma disciplina.” E também afirmou

“não encontrar nenhuma dificuldade” no uso das metodologias ativas.

Entendemos, contrapondo as respostas, e pelo já anteriormente exposto, que

o uso de abordagens problematizadoras por esse docente não parece se relacionar a

uma opção por uma prática docente pautada nas metodologias ativas, evidenciando-

se também uma lacuna na base de conhecimentos teóricos, referente às metodologias

ativas. Estudos realizados por Andreu-Andrés e Labrador-Piquer (2011), indicam que

os professores da Educação Superior mostram uma tendência a considerar a

problematização como metodologia ativa, quando, de fato, continuam presos à

concepção de transmissão verticalizada do conhecimento (professor aluno). E, a

análise das respostas desse docente revela também uma não confiança de que as

metodologias ativas possam ser, de fato, efetivas na Educação Superior.

2. Professor 36, do curso de Psicologia, que obteve as seguintes respostas no

questionário TSI: Em relação ao estilo Objetivos de Ensino, este professor obteve

respostas no quadrante D, no que diz ter preferência por aprendizagem por análise

problematizadora dos conhecimentos a serem ensinados à aprendizagem mecânica

e concentra-se em aplicações familiares, com problemas do mundo real, usando

fórmulas e processos. Resposta, esta, que mais se aproxima das metodologias ativas,

quando tratamos de Objetivos de Ensino. Em relação ao estilo Métodos de Ensino,

este professor obteve respostas também no quadrante D, cuja preferência é por

alunos que aprendem através de atividades práticas concluídas de forma colaborativa,

ou seja, tanto no Objetivos, quanto nos Métodos de Ensino, este professor se mostrou

tendendo às metodologias ativas. Já no questionário de complementação, cujas

respostas são subjetivas, o mesmo professor deu sua opinião sobre as metodologias

ativas, dizendo “considero um forte aliado em relação ao processo de ensino-

aprendizagem. Porém, o comprometimento do aluno é primordial para que esse

processo ocorra com sucesso.” Ao ser questionado sobre quais considera sejam as

vantagens e desvantagens dessas metodologias, respondeu “Vantagens –

Aprendizagem mais significativa. Desvantagem – Imaturidade do aluno diante do seu

comprometimento com sua formação.” E sobre a última questão que pergunta

qual/quais você considera que seriam suas maiores dificuldades em fazer uso das

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metodologias ativas, sua resposta foi “falta de modelos ou aprofundamentos sobre

como desenvolver metodologias ativas.”

Entendemos que, embora as preocupações desse docente sejam pertinentes,

lembramos também o como o papel do professor no planejamento das atividades

didáticas, de motivador e de conscientizador de que o aluno pode ter um protagonismo

mais forte em seu próprio processo de aprendizagem é essencial. Se não, caímos

novamente na exaltação das metodologias didáticas e no insucesso dessa por

responsabilidade do aluno. O papel ativo que o professor também desempenha nas

metodologias ativas, especialmente se forem entendidas no âmbito da Teoria da

Atividade, como aqui proposto, parece ter ficado em segundo plano.

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145

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesse estudo pudemos perceber que há uma intenção, ou uma tendência, por

parte dos professores pesquisados, no sentido de adoção das metodologias ativas no

ambiente universitário. Contudo, inúmeras resistências estão postas, que vão desde

fatores físicos, como a estrutura da instituição, até atitudinais, como a falta de

segurança e o não convencimento da efetividade das metodologias ativas, passando

pela insuficiente formação e discussão sobre as metodologias ativas, como expresso

por quase 40% dos professores pesquisados. A pesquisa nos mostra que é, muitas

vezes, por falta de conhecimento sobre o assunto, por falta de tempo hábil para

praticá-las, por falta de instrumentos necessários à sua conduta coerente, para não

descumprir as orientações curriculares, e até mesmo por falta de interesse em aplicá-

las, que as metodologias ativas ainda são exceções na prática docente no Ensino

Superior. De acordo com Nogueira e Oliveira:

O fato que ocorre é que grande parte dos professores universitários ainda vê o ensino principalmente como transmissão de conhecimento através das

aulas expositivas. Muitos estão certamente atentos às inovações pedagógicas, sobretudo no referente à tecnologia material de ensino, mas muitos outros mantêm uma atitude conservadora. Claro que isto não significa

que em geral os professores negligenciem a qualidade do ensino a que são devotados, mas que, de certo modo, não tem incentivos para desenvolver a sua capacidade pedagógica e que, muitas vezes, nem dispõe de informação

complementar necessária para a solução de problemas concretos, estruturando racionalmente os conhecimentos que vai adquirindo, entrelaçando o que lhe é transmitido com o que ele próprio procura. Sendo

assim, o ensino passa a ser mais do que a transmissão de conhecimento. Passa a exigir a utilização de métodos e de ferramentas para o desempenho desse papel ativo. Dessa forma, a atenção principal na ação educativa

transfere-se, em grande parte, do ensino para a aprendizagem. Assim, o docente, mais do que transmissor de conhecimento, é um facilitador da aprendizagem (NOGUEIRA E OLIVEIRA, 2011, p.10).

É possível perceber que as metodologias ativas, quando praticadas, trazem

equilíbrio para as relações ensinante-aprendente, diminuindo o poder exclusivo do

docente sobre os processos de ensino-aprendizagem, abrindo possibilidades para

que o aluno direcione sua capacidade cognitiva, como forma de criar um currículo

voltado para o cuidado para com a comunidade. Isso nos traz de volta aos objetivos

desse trabalho: analisar as concepções dos docentes da Educação Superior em

referência às metodologias ativas, propor a compreensão dessas pela Teoria da

Atividade, e construir correlações com a Educação Sociocomunitária.

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Consideramos que procurar compreender, junto aos docentes da Educação

Superior, suas concepções sobre as metodologias ativas é, de fato, essencial se

pretende-se que essas sejam encampadas e aplicadas em determinada instituição.

Sem a escuta e a interpretação da posição dos professores, conforme entendemos,

uma mudança nas práticas pedagógicas na Educação Superior não será possível, ou,

ao menos, não será efetiva. E, como vimos, embora poucos professores tenham

respondido aos questionários – cerca de 10%, tomando-se por base o número de

docentes dos dois campi analisados – os professores que responderam têm muito a

dizer sobre o assunto.

A análise do perfil de ensinagem aponta que, mesmo que pareça uma

tendência, ou ao menos uma sensibilidade, para modificações na didática da

Educação Superior, revelada pela predileção por estratégias de ensino socializantes

e práticas baseadas na problematização, ainda há um longo caminho a percorrer para

que as metodologias ativas sejam mais verdadeiramente assumidas. A força da

tradição das aulas expositivas, da aprendizagem centrada no professor, no ensino

propedêutico (envolvendo mesmo a aprendizagem mecânica, baseada na

memorização de conhecimentos, muitas vezes sem passar pela significação) para a

formação profissional, está bastante presente. E, conforme consideramos, essas

características não condizem com a ideia de aprendizagem como atividade, de acordo

com o que expusemos quando da discussão da Teoria da Atividade.

Pensamos que se a aprendizagem for concebida como atividade, se priorizará

uma visão dialética das interações entre o/s aluno/s e professor/es, numa dinâmica

que se aproxima do conceito de obuchenie 8 , ou seja, a situação aprendizagem

planejada para promover o desenvolvimento. E, dessa forma, também há a expansão

do ensino na Educação Superior para além das paredes institucionais, pois se

trabalha a subjetividade do aluno, sua experiência, sua identidade e seu compromisso

moral com as outras pessoas, sua comunidade. O que pode favorecer a organização

social, alavancando a transformação da realidade, conforme proposto por Gomes

(2009), quando se refere à Educação Sociocomunitária. E as metodologias ativas,

pelo seu potencial de envolvimento de alunos, docentes e instituição com as

problemáticas científicas e sociais, nos parecem o melhor caminho para isso.

8 Expressão criada pela psicologia desenvolvimental soviética e significa ensino-aprendizagem.

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Como limitações desse estudo podemos apontar o número reduzido de

professores, a amostra poderia ter sido maior, com mais professores e também outros

cursos, proporcionado uma pesquisa mais robusta para um estudo mais detalhado.

E acreditamos que nossa investigação abra perspectivas para a pesquisa sobre

as metodologias ativas, como: indicar caminhos para a formação docente na

Educação Superior, para os requisitos institucionais e curriculares/avaliativos que

devem estar presentes nas metodologias ativas, bem como produzir, divulgar, e usá-

lo de modo a construir outros e novos conhecimentos, com proficiência e numa

perspectiva ética e socialmente responsável, de cuidado com a comunidade, pensar

em bases teóricas que fundamentem as metodologias ativas.

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156

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157

ANEXO. LEVANTAMENTO DOS ESTILOS DE ENSINO

Professor do curso_____________________________________________________

Tempo de experiência no ensino profissional ________________________________

Maior nível de formação acadêmica_______________________________________

Esse levantamento foi criado pela Universidade do Texas para sondar estilos

e preferências de aprendizagem. Não há respostas certas ou erradas para as

questões. Abaixo, você encontrará 12 itens, cada um dos quais contém 04 afirmações

sobre os modos como você ensina, e como se comporta, sente e pensa, ao fazer isso.

O objetivo é colher descrições sobre os principais meios, estratégias e recursos para

o ensino, a fim de que a partir dessas descrições seja possível planejar formas de

aprimorar a didática no ensino superior, dentro das especificidades de cada área de

conhecimentos e dos diferentes perfis docentes.

Ocasionalmente, você pode sentir que nenhuma das afirmações descreve

adequadamente seu estilo de ensino, ou que todas as afirmações o fazem. Nesses

casos, indique aquelas afirmações que mais se aproximam do seu estilo de ensino.

Por favor, enumere as afirmações de 1 a 4, sendo 4 aquela que mais se

aproxima do seu estilo de ensino e 1 a que menos se aproxima.

Quando ensino para uma classe eu mais provavelmente

1.

_______A. Incluo as experiências de vida dos alunos, ou seu conhecimento pré-

existente, ao introduzir um conceito.

_______B. Incorporo atividades de textos para leitura, para promover uma base para

os conceitos introduzidos.

_______C. Proponho que os estudantes aprendam por resolver problemas e

exercícios criativos, atividades de laboratório e projetos.

_______D. Engajo os estudantes em problemas que estão fora dos seus horizontes

de possibilidades, para forçá-los a pensar criativamente.

2.

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158

_______A. Sugiro que os estudantes colaborem uns com os outros em suas

atividades, antes do que colocá-los em competição.

________B. Apresento os fatos e procedimentos relevantes. Quando os alunos não

nos exames, ou quando não adquirem os pré-requisitos para acompanhar outras

disciplinas, que deveriam ter aprendido na minha disciplina, sinto que eu

verdadeiramente falhei como professor.

_______C. Atribuo aos alunos uma variedade de atividades e tarefas que facilitam a

aprendizagem pela compreensão. Algumas vezes a aprendizagem pela compreensão

toma mais tempo do que a gestão do curso gostaria, ou mais tempo do que aquele

que eu havia originalmente planejado.

_______D. Cultivo as habilidades de pensamento e de raciocínio independentes,

promovendo atividades opcionais, que possam ser feitas fora da sala de aula.

3.

_______A. Amarro conceitos a aplicações do mundo real.

_______B. Estabeleço um planejamento das aulas para que os alunos pratiquem suas

habilidades de solucionar problemas.

_______C. Guio os alunos em seus desejos de inventar novos métodos para resolver

problemas e/ou representar dados, conhecimentos e informações.

_______D. Introduzo os estudantes à possibilidade de que, para alguns problemas,

não há “respostas certas”.

4.

_______A. Desafio os alunos a reavaliarem sua própria compreensão sobre um

conhecimento, ensinando-os a valorizar as opiniões de outros alunos em discussões

e outras atividades.

_______B. Proporciono aos alunos a estrutura cognitiva que necessitam para

relembrar e repetir fatos e procedimentos apropriadamente, de forma a que passem

nos exames.

_______C. Capitalizo a curiosidade dos estudantes sobre situações não familiares.

_______D. Especifico uma certa quantidade de tempo na sala de aula para que os

estudantes façam as tarefas e atividades que lhes são atribuídas.

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5.

_______A. Fico preocupado se sinto que os estudantes estão se perguntando “Por

que tenho que aprender isso?”

_______B. Insisto para que os alunos acompanhem minhas aulas e que façam

perguntas durante as aulas. Também insisto para que tomem notas.

_______C. Dou tempo para a exploração e a descoberta, para que os alunos tenham

a oportunidade de pensar sobre o conhecimento ensinado e indagar sobre outras

possibilidades desse (“E se...).

_______D. Permito aos alunos desenvolverem seus próprios processos de solução

de problemas.

6.

_______A. Esclareço possíveis mal-entendidos em relação aos conteúdos por propor

aos alunos que descrevam seus processos de pensamento e expliquem suas ideias.

_______B. Proporciono uma estrutura do conteúdo relativamente completa, para que

os alunos memorizem e, assim, possam produzir seu próprio conhecimento mais

tarde.

_______C. Apresento cenários envolvendo muitos conceitos, fornecendo material

para discussões em sala de aula, nas quais os conceitos possam ser empregados.

_______D. Dedico tempo para que cada estudante possa trabalhar sozinho,

aprofundando sua compreensão dos conceitos/conhecimento.

7.

_______A. Tento ter uma lógica para o que vou ensinar, motivando a aprendizagem

dos alunos por relacionar o que já foi/será ensinado com aquilo que eles percebem

que poderá ajuda-los mais tarde, em suas vidas.

_______B. Dou muitos problemas do mesmo tipo. Acredito que a repetição e a prática

ajudarão meus alunos a mais bem transferir o conhecimento para novas situações.

_______C. Introduzo o uso de manipulações de dados/informações por meio “físico”

ou por meio de softwares, para permitir que os alunos representem conceitos

concretamente.

_______D. Solicito que os estudantes saibam fatos de memória.

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160

8.

_______A. Atribuo aos alunos diferentes papeis, tais como líderes de grupo,

avaliadores, debatedores, etc.

_______B. Trabalho a aplicação apurada de procedimentos para a resolução de

problemas usando respostas já aprendidas para solucionar problemas similares.

_______C. Estimulo a resolução criativa de problemas, que contenham alguns

elementos de descoberta, incentivando os estudantes a encontrarem novos princípios

ou regras.

_______D. Ando pelo espaço onde os estudantes estão trabalhando, falando com

eles individualmente ou em pequenos grupos, sobre minhas observações, chamando

a atenção para particularidades das atividades/do conhecimento, elogiando, etc.

9.

_______A. Ajudo os alunos a compreenderem que as situações e cenários reais de

vida não podem ser enfrentados sem a compreensão do conhecimento que eles estão

tendo.

_______B. Explico o método para solucionar um problema tão explicitamente quanto

possível.

_______C. Encorajo diferentes abordagens para a solução de problemas, ajudando

os alunos a compreenderem suas habilidades e processos de pensamento.

_______D. Apresento, primeiramente, fatos e/ou informações.

10.

_______A. Distribuo os alunos em grupos, ao propor as atividades.

_______B. Insisto na importância de encontrar a resposta correta.

_______C. Ajudo os alunos a passarem, gradualmente, de trabalharem com o

conhecimento concretamente, para representá-lo simbolicamente.

_______D. Identifico e chamo a atenção, durante as aulas, para pontos relevantes,

que podem ser importantes para a compreensão dos alunos.

11.

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161

_______A. Encaixo os conceitos previamente aprendidos e o novo conhecimento por

incentivar experiências/atividades a serem feitas em casa, com amigos, ou outras,

que os alunos considerem interessantes e importantes para eles.

_______B. Frequentemente aplico avaliações (ao menos 1 vez por semana), que me

ajudam a compreender quão bem os alunos são capazes de aplicar o conhecimento

aprendido.

_______C. Estabeleço atividades que requerem a coleta de dados, sua análise e

conclusões, seguidas de reflexão grupal sobre os conceitos fundamentais envolvidos

na coleta e análise dos dados.

_______D. Faço questões abertas, que permitem aos alunos explorarem suas ideias

e pensamento criativo, na direção que escolherem.

12.

_______A. Estruturo atividades em grupos, requerendo que os alunos aprendam a

usar habilidades interpessoais.

_______B. Mantenho a posição de que mesmo se um problema possa ser resolvido

empiricamente, os alunos devem aprender uma solução analítica primeiro, antes que

comecem a fazer soluções preditivas/tentativas para solucioná-los por si próprios.

_______C. Estendo a habilidade dos alunos de transferir conhecimento para novas

situações por incorporar às minhas aulas a abordagem baseada em projetos.

_______D. Elimino atividades nas quais o resultado não pode ser atribuído aos

estudantes, individualmente.

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162

Pontuação

Preencha a tabela abaixo com os rankings para cada item e, em seguida, adicione

sua pontuação para cada coluna:

Resultados

1. Subtraia o número menor do número maior nas colunas Ímpar-A e Ímpar-D e trace-

o na barra abaixo. Se A for maior, trace sua pontuação à direita. Se D for maior, trace

sua pontuação à esquerda.

Conceito Representação

Abstrato Aplicado

Esse número servirá como coordenada x na Matriz de Objetivos de Ensino.

2. Subtraia o número menor do número maior nas colunas Par-B e Par-C, e trace-o

na barra abaixo. Se B for maior, trace sua pontuação para a direita. Se C for maior,

trace sua pontuação para a esquerda.

Aprendizagem

Compreensão Hábito

Esse número servirá como coordenada y na Matriz de Objetivos de Ensino.

#

Cla

ssif

icaç

ão

#

Cla

ssif

icaç

ão

#

Cla

ssif

icaç

ão

#

Cla

ssif

icaç

ão

#

Cla

ssif

icaç

ão

#

Cla

ssif

icaç

ão

#

Cla

ssif

icaç

ão

#

Cla

ssif

icaç

ão

1 1 1 1 2 2 2 2

3 3 3 3 4 4 4 4

5 5 5 5 6 6 6 6

7 7 7 7 8 8 8 8

9 9 9 9 10 10 10 10

11 11 11 11 12 12 12 12

TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL TOTAL

Números Ímpares Números Pares

A B C D A B C D

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163

3. Subtraia o número menor do número maior nas colunas Par-A e Par-D, e trace sua

pontuação na barra abaixo. Se A for maior, trace sua pontuação para a direita. Se D

for maior, trace sua pontuação para a esquerda.

Interação

Individual Grupos de Cooperação

Esse número servirá como coordenada x na Matriz de Métodos de Ensino.

4. Subtraia o número menor do número maior nas colunas Ímpar-B e Ímpar-C, e trace-

o na barra abaixo. Se B for maior, trace sua pontuação para a direita. Se C for maior,

trace sua pontuação para a esquerda.

Processo Cognitivo

Inativo Simbólico

Esse número servirá como coordenada y na Matriz de Métodos de Ensino.

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166

Interpretação

I. Quanto aos Objetivos (Metas) de Ensino/Aprendizagem, existem quatro estilos

que podem ser observados como resultados:

Quadrante A = Docente prefere a aprendizagem mecânica à análise problematizadora

dos conhecimentos a serem ensinados (exemplo: os alunos memorizam fatos

abstratos, como a tabuada, leis, diretrizes legais, e pesos atômicos, através da

repetição).

Quadrante B = Docente prefere a aprendizagem mecânica e concentra-se em

aplicações práticas (exemplo: os alunos aprendem fatos práticos sobre o mundo real,

tais como diagnósticos clínicos, procedimentos educacionais, as aberturas numéricas

disponíveis na fibra óptica e a resistência à tração de diferentes tamanhos de pregos).

Quadrante C = Docente prefere a análise problematizadora dos conhecimentos a

serem ensinados à aprendizagem mecânica, mas não se concentra em aplicações

práticas (exemplo: os alunos aprendem processos abstratos, como os princípios da

educação inclusiva, mas sem a possibilidade de aplicá-los em contextos ou situações

de práticas).

Quadrante D = Docente prefere a análise problematizadora dos conhecimentos a

serem ensinados à aprendizagem mecânica e concentra-se em aplicações familiares

(exemplo: os alunos são apresentados aos problemas do mundo real, em que eles

usam fórmulas e processos, como plotagem e desenhos para as peças do carro

usando AutoCAD).

II. Quanto aos Métodos de Ensino/Aprendizagem, existem quatro estilos que

podem ser observados como resultados das respostas aos questionários:

Quadrante A = Docente prefere ter alunos que processam informações por meio de

símbolos e linguagem profissional específica e ensina de forma generalizada

(exemplo: estudantes em aula expositiva não dialogada).

Quadrante B = Docente prefere ter alunos que processam informações por meio de

símbolos e linguagem profissional específica e ensina em grupos (exemplo:

estudantes discutindo os problemas em grupos).

Quadrante C = Docente prefere ter alunos que aprendem por meio de ferramentas

manipuladas/utilizadas individualmente (exemplo: estudantes trabalham

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individualmente em computadores, explorando os princípios da física através da

manipulação de variáveis em aplicativos da internet).

Quadrante D = Docente prefere ter alunos que aprendem por meio de atividades

práticas, realizadas e concluídas de forma colaborativa (exemplo: projetos de equipe

em laboratório).

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APÊNDICE. COMPLEMENTAÇÃO (FONTE: A PESQUISADORA)

1. QUAL SUA OPINIÃO SOBRE AS METODOLOGIAS ATIVAS?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

2. QUAIS VOCÊ CONSIDERA SEJAM AS MAIORES VANTAGENS E

DESVANTAGENS DAS METODOLOGIAS ATIVAS?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

3. QUAL/QUAIS VOCÊ CONSIDERA QUE SERIAM SUAS MAIORES

DIFICULDADES EM FAZER USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS?

( ) FALTA DE REFERENCIAL TEÓRICO

( ) FALTA DE MODELOS OU APROFUNDAMENTOS SOBRE COMO

DESENVOLVER METODOLOGIAS ATIVAS

( ) NÃO CONSIDERO QUE SEJA UMA METODOLOGIA ADEQUADA PARA A

EDUCAÇÃO SUPERIOR

( ) NÃO ENCONTRO DIFICULDADES

( ) OUTRAS________________________________________________________

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Apêndice – Respostas do Questionário de Complementação

PROFESSORES QUAL SUA OPINIÃO SOBRE AS

METODOLOGIAS ATIVAS?

QUAIS VOCÊ CONSIDERA SEJAM AS MAIORES VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS

METODOLOGIAS ATIVAS?

QUAL/QUAIS VOCÊ CONSIDERA QUE SERIAM SUAS MAIORES DIFICULDADES EM FAZER

USO DAS METODOLOGIAS ATIVAS?

1 Apóia Dinamismo X grandes salas F. referencial teorico e f. de modelos de como desenvolver

2 Apóia professor como facilirador do processo X ementas complexas não condizentes

Enigmas as ementas utilizadas, que não têm aderência com as metodologias ativas.

3

Imprescindíveis p/ o desenvolvi// do pensam// e entendim// dos alunos sobre os temas propostos.

novos horizontes e perspectivas resolvem problemas e entender o conteúdo das situações em questão na aula e no cotidiano do aluno Não encontro dificuldades

4 deveríamos ter um método uniforme em toda entidade

Exercer na prática o que foi aprendido na faculdade, não importando o treinamento da execução; execução de conceitos na prática. Não encontro dificuldades

5 Apóia, porém não para disciplinas com conteúdos extensos

O aluno aprender a aprender X Redução do conteúdo que deveria ser aprendido

Tempo suficiente para o estudo e compreensão do conteúdo da disciplina.

6 Difícil de aplicar numa classe de 60 a 70 alunos. Não respondeu

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

7

Apóia e adota livro guia que contém toda a matéria e deve ser lido com antecedência à aula.

Dificuldade na aplicação da metodologia ativa para os alunos dos cursos noturnos que trabalham e não conseguem fazer leitura prévia.

Não considero que seja uma metodologia adequada para a Educação Superior Noturna

8

Formas de desenvolver o aprender do aluno, para conduzir a formação crítica dos futuros profissionais.

Formação crítica do sujeito e autonomia do educando X Não compreensão do conteúdo da matéria e do conceito e mudança do professor.

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

9

Trará para os alunos uma compreensão da transformação que vivemos hoje, informação da atualidade.

Que os alunos aprendam a correlacionarem teoria e prática para o entendimento da atual situação X Falta apoio tecnológico.

Falta apoio tecnológico para o desenvolvimento como laboratórios de informática e literatura especializada.

10

Proporciona dinâmica as aulas; ensino centrado no aluno com professor sendo intermediador.

Apropriado para aplicação no ambiente universitário independente do tipo que seja elegido pelo docente

As metod. ativas eleitas precisam estar bem alinhadas com o PPC, não pode depender

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170

unicamente do conhecimento prévio do aluno

11 Não respondeu Não respondeu Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

12

É positiva quando o aluno consegue aplicar em situações cotidianas os conhec. adquiridos em sala de aula.

Maior participação dos alunos; melhor compreensão dos problemas e consequente solução; vivencia o processo ensino-aprendizagem Não encontro dificuldades

13 Excelente

Vantagens – independência intelectual do aluno. Desvantagens – Não é aceita nos exames de ordem e há resistência dos alunos.

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

14

Sou favorável, pois desperta no aluno o interesse, podendo assimilar o conceito a vida real.

A inclusão do aluno no proc. de aprendiz. Faz ele valorizar seu aprendiz. X Não conseguir abordar todos os conceitos necessários.

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

15 Não respondeu

Engajamento dos alunos no processo de aprendizagem X alunos não possuírem tempo para se preparar para as atividades. Não encontro dificuldades.

16

É fundamental para a construção democrática dos processos de aprendiz., gerando a autonomia do aluno

Promove relação entre o mundo de vida do aluno e o conteúdo da sala de aula X gerar um desconforto nos alunos que não participam. Não encontro dificuldades

17

São muito relevantes, se bem conduzidas, podem propor construção do conhecimento sólida e efetiva.

Proporcionar aprendizagem mais efetiva e sólida X demandam mais tempo de preparação, aplicação e correção ou avaliação de conteúdos Não encontro dificuldades.

18 Não respondeu Não respondeu Não respondeu

19 São importantes para o desenvolvimento do ensino.

Participação ativa do aluno na construção do conhecimento X controle do professor para que os alunos não percam o objetivo da atividade.

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

20 São importantes para a construção do conhecimento de forma ativa pelo aluno.

Envolvimento do aluno no proc. de ensino-aprendiz. é mais efetivo X Ficar só com as metod. ativas, sem mesclá-las com aulas teóricas.

Número de alunos por sala.

21 Não respondeu Não respondeu Não respondeu

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171

22

Estimula o aluno a crítica e reflexão no processo de ensino-aprendizagem, principalmente na matemática.

Maior produtividade na resolução de problemas, com pensamento criativo e trabalho em grupo X falta experiência para os alunos.

Falta base para os alunos na área de exatas.

23

Estrutura curric. é engessada e o sistema avaliativo não permitem que se crie uma cultura de aprendiz. ativa.

Motiva a construção do conhecimento em bases mais duradouras X Não permite trabalhar em um contexto onde o que conta é a ementa. Não encontro dificuldades

24

Acho interessante, porém, a crise brasileira impossibilitou uma educação tradicional de qualidade a todos nós brasileiros. O resultado é: as metod. ativas não farão milagre.

Não me sinto tão seguro para poder ir além dos clichês sobre as metodologias ativas.

Turmas grandes; alunos sem alicerces pré-universitários; tempo reduzido; falta de convencimento pessoal.

25

É uma sistemática que visa desenvolver as habilidades do alunado e que proporciona maior desenvoltura.

Proporciona maior desenvoltura; estimula o interesse por pesquisa; desenvolve auto-confiança; convivência por meio de trabalhos em grupo. Não Encontro dificuldades

26

Não funciona com todas as áreas do conhecimento; porém seu uso racional pode melhorar o aprendiz. dos alunos.

O aluno busca o conhecimento necessário para resolver os problemas, conhecendo os conteúdo relacionados X O aluno nem sempre adquire as bases teóricas necessárias em determinadas áreas do conhecimento.

Não considero que sejam aplicáveis a qualquer disciplina e nem a todos os conteúdos de uma disciplina.

27

São relevantes para provocar uma postura mais ativa e participativa nos aprendentes.

Vantagens – Alunos mais dinâmicos; aluno passa a assumir um certo protagonismo. Desvantagem – Escassez de tempo.

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

28

A oportunidade de aproveitar as competências dos alunos, valorizando seu background (fundo).

Vantagens – Dinâmica; participação; torna a aula mais interessante. Desvantagem – O aluno não sentir o planejamento prévio da aula.

Vencer a barreira da timidez do aluno em participar de modo ativo, pois ele tem algo a ensinar e a aprender.

29

Necessária para a evolução da educação. É importante com critérios bem estabelecidos.

Envolver o aluno no processo de aprendizagem. X A dificuldade de não associar as metodologias aos referenciais teóricos. Os riscos de não contemplar leituras e conceitos para o desenvolvimento das atividades.

Nem sempre os alunos compreendem a importância das propostas por não estarem acostumados com estas metodologias.

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30

Fundamental, principalmente para trabalhar com alunos da geração Z, que são multiatarefados.

Vantagens – Pró-atividade dos alunos; interação; trabalhos em grupo; resultados. Desvantagem – Não há. Não encontro dificuldades.

31

Aprendi no magistério o que era a metodologia ativa e tento seguir esses princípios no meu fazer diferente, para não repetir a experiência escolar tradicionalismo que tive.

Vantagens – Estimula o pensamento e reflexões e ajuda os alunos a construírem conceitos, fundamentais para sair do senso comum. Desvantagem – Não há.

Não encontro dificuldades.

32 Não respondeu Não respondeu Não respondeu

33

Fundamentais para uma nova visão de educação e de processos de ensino-aprendizagem, e para considerar o papel ativo que o aluno deve apresentar no processo pedagógico.

Maior participação do aluno; quebra da ênfase do papel do professor como contendista; melhor entendimento como ocorre a aprendizagem.

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas e falta de prática efetiva a partir de de metodologias propostas.

34

Gostaria de conhecer mais sobre a prática, para incluí-las no cotidiano docente.

Vantagens – Integrar o aluno no processo ensino-aprendizagem de maneira efetiva. Desvantagem – Inserir o aluno que vem de uma cultura de ensino-aprendizagem diferente nesse contexto.

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

35

Considero um forte aliado em relação ao processo de ensino-aprendizagem. Porém, o comprometimento do aluno é primordial para que esse processo ocorra com sucesso.

Vantagens – Aprendizagem mais significativa. Desvantagem – Imaturidade do aluno diante do seu comprometimento com sua formação.

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

36

Gosto, porém não é possível aplicá-la em todos os momentos e com todas as disciplinas.

Dá ao aluno liberdade para buscar conhecimento e a raciocinar segundo um outro olhar, voltado para a prática X O tempo utilizado para esse aprendiz. e metod. ainda está em desacordo com as grades curriculares.

Utilizar metodologias ativas com disciplinas com muito conteúdo básico.

37

Já utilizo aprendizagem significativa por meio da reflexão e de uma aula dialógica. Percebo o movimento

Vantagens – Fomento de uma aprendizagem significativa para o estudante. Desvantagem – Refere-se ao sistema educacional avaliativo, e até punitivo, no qual estamos inseridos.

Falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

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173

pedagógico das metodologias ativas de grande importância.

38

Gosto muito deste tipo de metodologia, inclusive incorporo, pelo menos, uma atividade desse tipo nas minhas disciplinas, mesmo sendo elas extremamente conceituais. E sempre tenho feedback positivo quando realizo atividades como as metodologias ativas.

Vantagens – O aluno aprende a buscar o próprio conhecimento, desperta novas habilidades pessoais e grupais, colabora para a reflexão e solução de problemas cotidianos e reais, os momentos avaliativos são menos traumáticos e ocorrem de modo a preparar o aluno. Desvantagem – Gasto de tempo maior para preparar as atividades, assim como para os alunos desenvolverem as atividades. Métodos avaliativos, geralmente grupais, o que permite que alguns alunos não se empenhem aos estudos.

Tempo em executar e preparar as metodologias e concluir o plano de ensino e aprendizagem.

39

Creio que as metodologias ativas possam ser extremamente úteis para a aprendizagem, especialmente no ensino superior. No entanto, não temos uma estrutura física, conceitual e grade de horários, necessidade de presença em aulas, que motive ou permita a aplicação dessas metodologias em larga escala no curso.

Vantagens – Maior adesão à aprendizagem por parte do aluno; conhecimento absorvido a partir do material humano do próprio aluno; descentralizar o papel do professor no ensino. Desvantagem – Demanda mais tempo para preparação das atividades; necessidade de treino do aluno para nova forma de aprendizagem. Parte dos alunos se mostra resistentes ao modelo.

Falta de referencial teórico e falta de modelos ou aprofundamentos sobre como desenvolver metodologias ativas.

40 Não respondeu. Não respondeu. Falta de referencial teórico.

41

Sou favorável. Quem sabe o que é relevante sobretudo na graduação é o professor que conhece a realidade mais que o estudante.

Para alunos independentes e autônomos elas são menos necessárias. São vantajosas quando se tem pouco do conteúdo trabalhado como na graduação.

Não encontro dificuldades.

42 Não respondeu. Não respondeu. Não respondeu.

43 Não respondeu. Não respondeu. Não respondeu.

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APÊNDICE. MEMORIAL

Sou graduada em Direito pelo Centro Universitário Salesiano de São

Paulo/Americana (2007) e pós-graduada em Direito Empresarial com ênfase em

questões tributárias pela Universidade Metodista de Piracicaba (2010). Mestranda em

Educação Sociocomunitária pelo Centro Universitário Salesiano de São

Paulo/Americana (Início em 2015). Experiência profissional em advocacia e

consultora jurídica. Sou professora universitária nas seguintes instituições:

UNIESP/Santa Bárbara D’Oeste e FAAL/Limeira. Tutora à Distância na UFLA -

Universidade Federal de Lavras/MG. Áreas de atuação: Direito e Administração. Área

de interesse: Metodologias Ativas em Ensino Superior.

Meu percurso no mestrado começou em 14 de Janeiro de 2015, quando fui

aprovada como aluna regular no Programa de Mestrado da UNISAL/Americana –

Campus Maria Auxiliadora. No primeiro semestre optei pelas disciplinas cujos temas

eram semelhantes ao meu desejo de começar a aprender a ser Mestre.

Foram três, as disciplinas:

1. Seminários de Pesquisa, ministrada por dois professores – Prof. Dr. Antônio

Carlos Miranda e a Profª Drª Renata Sieiro Fernandes, cujo trabalho de

conclusão da disciplina foi a apresentação de um seminário com o projeto de

pesquisa em andamento, com o título “O desenvolvimento de uma metodologia

didático-pedagógica baseada nas metodologias ativas praticadas na Instituição

de Ensino Superior X.

2. Educação Social, ministrada pela Profª Drª Sueli Maria Pessagno Caro, cujo

trabalho de conclusão da disciplina foi a entrega de trabalho em moldes de

projeto, com o tema: Qual a relevância da disciplina Educação Social como o

tema do meu projeto – “O desenvolvimento de uma metodologia didático-

pedagógica baseada nas metodologias ativas praticadas na Instituição de

Ensino Superior X.

3. Políticas Públicas em Educação, ministrada pela Profª Drª Maria Luisa Amorim

Costa Bissoto. Como parte da avaliação final da disciplina houve a submissão

do trabalho “O desenvolvimento de uma metodologia didático-pedagógica

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baseada nas metodologias ativas” no II Congresso Nacional Salesiano de

Educação, campus São Joaquim, Lorena, 2015.

O conteúdo do primeiro semestre me ajudou a entender a educação como uma

forma de desenvolvimento de capacidades humanas que envolvam o pensar, o agir e

o sentir. Me imaginei colocando tais conhecimento em prática nas faculdades onde

trabalho com jovens e adultos, que muitas vezes estão buscando somente um

diploma, para construir um bom currículo de trabalho, porém, deixando de cuidar do

aprender. Talvez, porque não sintam a necessidade de ampliar seus conhecimentos,

por estarem mais preocupados com o valor que passa a ser atribuído ao seu trabalho

quando possuem um diploma. Aprendi, em minhas leituras iniciais, no primeiro

semestre do curso de Mestrado em Educação, que o desenvolvimento das

capacidades humanas deve ser mais amplo do que o conhecimento enciclopédico, de

modo a que apredamos a refletir que tais capacidades, todas incluídas na produção

dos saberes, precisam estar comprometidas para a melhoria da qualidade de vida do

entorno em que se vive.

Em maio de 2015 prestei o exame de proficiência em Língua Estrangeira, parte

obrigatória para a conclusão do Mestrado, escolhendo o idioma: espanhol, e fui

aprovada.

No segundo semestre optei pelas disciplinas:

1. Metodologia da Intervenção Educativa Sociocomunitária, ministrada pela Profª

Drª Maria Luisa Amorim Costa Bissoto, cujos estudos envolveram conhecer as

metodologias dedicadas aos trabalhos educacionais desenvolvidos com

comunidades. Nesta disciplina, trabalhei em particular com a professora, numa

pesquisa exploratória inicial com professores e coordenadores da Instituição

de Ensino Superior X, adotada desde o início do projeto de dissertação.

Também participei da XV Mostra Científica da Unisal Americana, com a

apresentação do painel cujo título era: Metodologias Ativas e sua influência no

desenvolvimento de metodologias didático-pedagógicas, cuja apresentação

gerou publicação nos Anais da Mostra -

<http://unisal.br/hotsite/mostracientifica/>.

2. Psicologia Social e Comunitária, ministrada pela Profª Drª Sueli Maria

Pessagno Caro.

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O conteúdo do segundo semestre me fez aprofundar-me nos saberes das

metodologias ativas de ensino, mostrando como elas podem abrir caminho para novas

formas de se pensar a educação no nível superior, discutindo pontos tensionais como

o que significa conhecer, quem produz conhecimento e por que, quem define quais

conhecimentos são considerados mais válidos que outros, o que uma sociedade faz

com o conhecimento, quem o controla, dentre outros.

No terceiro semestre do curso, primeiro semestre de 2016, optei por uma única

disciplina, por já ter cursado outras cinco. Essa escolha foi pautada no fato de a Profª

Drª Maria Luisa Amorim Costa Bissoto ser a ministrante da disciplina em questão –

Teorias Psicopedagógicas da Ação Educativa, e minha orientadora. No quarto

semestre do curso, segundo semestre de 2016, participei do 11º Congresso Científico

FHO/Uniararas, que aconteceu nos dias 08, 09 e 10 de Junho, com uma revisão de

literatura em painel com o título: As metodologias ativas no ensino superior: reflexões

didático-pedagógicas sobre a missão da universidade. Outro trabalho feito em 2016

foi VII Seminário sobre Educação Sociocomunitária, realizado nos dias 21 a 23 de

setembro de 2016, no UNISAL Americana, Campus Maria Auxiliadora, cujo trabalho

apresentado foi: Metodologias ativas: uma reflexão sobre métodos e objetivos de

ensino nas instituições de educação superior; e, por fim, participei, também com a

exposição de um painel, na XVI Mostra de Produção Científica, realizada nos dias 21

e 22 de outubro de 2016, no UNISAL Campinas, Campus São José, com o trabalho:

Métodos e objetivos de ensino nas instituições de educação superior: uma reflexão

sobre metodologias ativas.

A cada trabalho apresentado, me senti mais a vontade sobre o tema que

escolhi para dissertar, durante o mestrado. Cursar o mestrado me abriu novas

perspectivas de atuação acadêmica, inclusive fazendo uso das metodologias ativas,

com os alunos das instituições em que trabalho. Pessoalmente, percebi que não

conhecia a complexidade das problemáticas do sistema educacional brasileiro,

naquilo que concerne à Educação Superior e o mestrado tem possibilitado que eu me

aprofunde na compreensão dessa complexidade, colaborando para seu

aprimoramento, naquilo que me é possível.