A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS II CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA RAIMUNDO PEREIRA DOS SANTOS JÚNIOR A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ANÁLISE DA REVISTA NOVA ESCOLA Alagoinhas 2012

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Raimundo Pereira dos Santos Júnior

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – CAMPUS II

CURSO DE LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO FÍSICA

RAIMUNDO PEREIRA DOS SANTOS JÚNIOR

A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ANÁLISE DA

REVISTA NOVA ESCOLA

Alagoinhas

2012

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RAIMUNDO PEREIRA DOS SANTOS JÚNIOR

A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UMA ANÁLISE DA

REVISTA NOVA ESCOLA

Monografia apresentada como requisito de avaliação do componente curricular Monografia do curso de Licenciatura em Educação Física da UNEB – Campus II.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Carlos Rocha

Alagoinhas

2012

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Dedico esse trabalho a minha mulher, minha filha, minha mãe,

meu pai e irmãos, pois sempre mostraram acreditar que eu

poderia chegar mais longe.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, a Nossa Senhora Aparecida e a Jesus, por terem juntamente

com minha fé conceder a vida e a possibilidade de fazer a diferença.

Analiso minha trajetória como um time de futebol, enquanto eles agem como

uma equipe normalmente não alcança os objetivos, mas quando agem como

GRUPO aí sim torna - se imbatíveis, de tal forma tive e tenho um grupo que me dá

um grande suporte nas minhas vitórias e derrotas que atuam em todas as posições

de um time de futebol, defendendo como grupo e atacando como grupo e me

deixando tranqüilo para finalizar e ter o momento ápice de um partida de futebol que

é o gol, sendo assim não agradeço, pois o agradecer se perde com o tempo e sim

RECONHEÇO a importância da minha mulher e companheira- Iranilda, Minha Filha

Maria Eduarda. Minha mãe Marli, Meu pai Raimundo, Meu Avô Dete, Irmãos: Fá,

Jamille e César, meus sobrinhos: Cauã, Ana Cecília, Julia e Alice, Primos: Érica e

Fabinho, Minhas Tias: Sui e Hil, In memorian de minha Avó Celina e minha tia Celi.

Agradeço ao pessoal do Centro de Saúde de Sete de abril (Paula, Bira, Jeane,

Duda, Antônio, Odair, Sr Luiz dentre outros....)pela contribuição e apoio, em especial

a Bira pelo apoio incondicional

Sinto-me lisonjeado em poder dizer que fiz amigos na UNEB, cujo grupo

nomeou-se GALERA DO MAL (André Cleidison, Helder, Raul, Rodrigo).

A imensa satisfação de poder ter dividido momentos de dificuldades e vitórias

juntamente com Thiago (Ipirá) grande amigo fora de série, Beto, Anderson, Tibeg, e

In Memorian Visdaelton.

Agradeço a tolerância de Iranilda por ter segurado a barra, por ter suportado as

minhas ausências, pelo incentivo e dedicação e por estar sempre presente em todos

os momentos, peço desculpas a minha filha pelas minhas ausências, contudo nunca

deixei de pensar em vocês- grandes amores de minha vida.

Aos Professores da UNEB em especial a Dr Luiz Rocha, Professora Marta

Benevides pela colaboração, compreensão e estimulo que me ofereceram...

Meu muito obrigado!

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"A aranha realiza operações que lembram o tecelão, e as

caixas suspensas que as abelhas constroem envergonham o

trabalho de muitos arquitetos. Mas até mesmo o pior dos

arquitetos difere, de início, da mais hábil das abelhas, pelo fato

de que, antes de fazer uma caixa de madeira, ele já a construiu

mentalmente. No final do processo do trabalho, ele obtém um

resultado que já existia em sua mente ante de ele começar a

construção. O arquiteto não só modifica a forma que lhe foi

dada pela natureza, dentro das restrições impostas por ela,

como também realiza um plano que lhe é próprio, definindo os

meios e o caráter da atividade aos quais ele deve subordinar

sua vontade.”

Karl Marx, O capital

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RESUMO

A presente monografia tratou da relação entre a Educação Física e sua intervenção no âmbito da Educação Infantil. Procurou abordar a Educação Física e seu papel educativo no processo de desenvolvimento da criança através dos artigos publicados na Revista Nova Escola. Para tanto, utilizou como método de investigação a pesquisa bibliográfica, tendo como campo empírico da pesquisa a Revista Nova Escola do período de 2006 á 2011, que reuniu um total de 60 edições publicadas onde foram identificados os textos que tratavam direta ou indiretamente da intervenção da Educação Física na Educação Infantil. Os resultados preliminares apontam para a pouca produção de artigos na área da Educação Física, sobretudo, na Educação Infantil, a constatação da presença hegemônica do professor generalista nas intervenções propostas para essa etapa da formação da criança e, ainda, da ausência de propostas significativas da Educação Física nesse segmento de ensino.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; Educação Infantil, Desenvolvimento; Criança.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 07

2 ASPECTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO

CONTEXTO ESCOLAR

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3 PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FAIXA ETÁRIA DE 0 A 06

ANOS

13

4 PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA X CONTRIBUIÇÃO PARA

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E SOCIAL DA CRIANÇA

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5 ASPECTOS METODOLÓGICOS 23

6 RESULTADOS / DISCUSSÃO 25

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 33

REFERÊNCIAS 34

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1. INTRODUÇÃO

A presente monografia trata da relação entre a Educação Física e sua

intervenção no âmbito da Educação Infantil. Procura abordar a Educação Física e

seu papel educativo. Nesse sentido, faz uma análise que trata da história e dos

significados dos movimentos humanos, a partir de um novo olhar sobre a Educação

Física.

Segundo a LDB 9394/96, a Educação Física encontra-se na dimensão da

Educação Básica, que compreende a Educação Infantil, Ensino Fundamental e

Ensino Médio, ou seja, ela está “integrada a proposta pedagógica da escola é

componente curricular da Educação Básica, ajustando as faixas etárias e as

condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos”. Sendo

assim, dentre os níveis de ensino apresentados nos interessa discutir a Educação

Física e sua inserção na Educação Infantil.

De acordo com esse ordenamento legal, prevê-se que crianças nessa faixa

etária (0 a 6 anos) precisam acessar conhecimentos que são significativos na sua

formação como: sequência motora, cognição, afetividade que são dimensões

importantes a serem adquiridas para uma vivência em sociedade. Tais

conhecimentos podem ser assimilados de maneira mais rápida dependendo dos

estímulos recebidos no contexto escolar na relação ensino aprendizagem. Segundo

especialistas crianças entre um ano e meio e os dois anos de idade agem sem

refletir, ou seja, o ato precede o pensamento. A partir dessa fase a criança já adquire

duas informações importantíssimas o andar e a linguagem.

Partindo desse cenário, entendemos que a Educação Física enquanto

componente escolar pode contribuir de maneira significativa para aquisição desses

conhecimentos a depender de como o trabalho pedagógico seja desenvolvido pelos

profissionais que atuam na área.

Sendo assim, no decorrer dessa escrita buscaremos como objetivo: discutir

as relações existentes entre a Educação Física e a Educação Infantil, e sua

importância no processo formativo da criança de 0 a 6 anos.

Para tanto, elegemos como campo empírico de investigação as Revistas

Nova Escola editada no período compreendido entre os anos de 2006 a 2011,

totalizando 60 publicações. Dentre estas foram selecionados os artigos que tratam

da temática da Educação Física na Educação Infantil. Tem-se portanto, a finalidade

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de compreender como o profissional que atua na área da Educação Física tem

contribuído para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil, bem como,

identificar as experiências exitosas nesse nível de ensino.

Nesse contexto, surge como problema compreender os processos de

intervenção da Educação Física na formação de crianças na faixa etária da

Educação Infantil no contexto escolar?

Para a concretização do estudo a metodologia utilizada tomou como ponto de

partida a pesquisa bibliográfica a partir das publicações da Revista Nova Escola,

selecionadas no período de 2006 à 2011.

Para alcançar os objetivos traçados, estruturamos a monografia em cinco

capítulos, sendo que o primeiro procurou abordar a história e os aspectos legais da

Educação Física no contexto Escolar discutindo sua importância na formação das

crianças. No segundo capítulo descreve-se os aspectos históricos e legais da

educação física no contexto escolar. No terceiro capítulo aborda-se as práticas de

educação física na faixa etária de 0 a 6 anos. No quarto capítulo apresenta-se

práticas da educação física e suas contribuições para o desenvolvimento cognitivo e

social da criança. No quinto capítulo apresenta-se os aspectos metodológicos da

pesquisa. No sexto capítulo os resultados obtidos na coleta de dados da pesquisa

bibliográfica seguida da discussão dos seus achados. Por fim, fazem-se as

considerações finais e cita-se as referências utilizadas para construção do trabalho.

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2. ASPECTOS HISTÓRICOS E LEGAIS DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO

ESCOLAR

Para que se possa ter efetividade das práticas educacionais da Educação

Física na Educação Infantil, no contexto escolar, não basta apenas a obrigação de

cumprir as leis, é necessário o compromisso com o ensinar o outro, conforme

salienta Ayoub (2001, p. 53):

“Sabe-se que a construção de uma educação pública, democrática e de qualidade, da qual a Educação Física seja parte integrante, não depende exclusivamente de leis, mas também, e fundamentalmente de políticas e ações governamentais que garantam as condições objetivas para a sua concretização. Nesse sentido, ainda temos muito quê refletir a respeito do espaço da educação física na educação infantil.”

Pode-se compreender do texto acima que é necessário que haja uma ação

efetiva da Educação Física no ensino da Educação Infantil, isso significa mais do

que seguir leis é ter políticas de conscientização sobre a importância da Educação

Física no cotidiano de cada ser. Segundo Ayoub (2001, p. 53; 57):

A Educação Física na Educação Infantil pode configura-se como um espaço em que a criança brinca com a linguagem corporal, com o corpo, com o movimento, alfabetizando-se, a partir dessa linguagem. Brincar com a linguagem corporal significa criar situações nas quais as crianças entrem em contato com diferentes manifestações da cultura corporal.” “Pensar o espaço e sua arquitetura parece-me tarefa imprescindível para a educação, tanto no âmbito da Educação Infantil quanto nos outros níveis de ensino. A organização do espaço configura o ambiente do contexto educativo, influenciando as relações humanas.”

Busca-se, então, através da conscientização, a inserção além dos

profissionais generalistas (pedagogos), dos especialistas para que venha agregar

valores, fazendo com que as aulas de Educação Física na Educação Infantil não

sejam meras aulas de movimentar pelo movimentar e sim o movimento pela

construção de identidade, do desenvolvimento cognitivo e neuromotor.

Com esse olhar Sayão (1999, p. 226), aborda que “no caso da pré-escola no

Brasil, a idéia de Educação Física e de outras disciplinas surge num primeiro

momento, muito mais no setor privado do que no público, com a proliferação de

“escolinhas infantis” nas décadas de 1970 e 1980”.

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Desta forma, percebe-se o interesse por novos alunos e não pela ampliação

do sistema educacional, sendo que o fator primordial está ligado diretamente ao

fator financeiro. Segundo Ayoub (2001, p. 54):

Preocupadas em aumentar a quantidade de alunos, observamos uma verdadeira corrida das “Escolinhas Infantis” para garantir seu espaço no mercado educacional. E nessa corrida, associa-se à bandeira da “Educação de Qualidade” uma “pulverização” de aulas que visam preparar a criança para o Ensino Fundamental e, não seria exagero dizer para o mercado de trabalho.

Óbvio que a ponte entre a Educação Infantil e níveis seguintes da Educação

deve ser feita, mas não se pode deixar de lado a deficiência existente, de tal sorte

que não anula o papel da Educação Infantil como primordial na preparação do

sujeito visando sua inserção nos níveis posteriores.

Percebe-se com maior clareza a importância do papel da Educação Infantil

como articuladora para o ensino fundamental, devendo ter a criança como ponto de

partida, na percepção de Ayoub (2001, p.54) “significa pensar num currículo que

contemple diferentes linguagens em suas múltiplas formas de expressão, as quais

se manifestam por meio da oralidade, gestualidade, leitura, escrita e musicalidade”;

onde se confirma as necessidades de vivências dos mais diferentes segmentos para

que possa disponibilizar para os indivíduos possibilidades contextualizadas e

problematizadora para o crescimento crítico e social do sujeito.

Entende-se que a inserção do professor de Educação Física na Educação

Infantil, tem sido uma realidade distante, pois, os referidos acabam sendo

preparados para exercer funções, normalmente a partir do Ensino Fundamental.

Sabe-se que a preocupação maior na preparação deste docente da Educação Física

centra-se na atuação no Ensino Fundamental. Para Sayão (1999, p. 223) afirma:

No caso da intervenção escolar, mais recentemente, alguns currículos de

formação tem preparados docentes para atuarem de 1ª à 4ª série do Ensino

Fundamental, porém tradicionalmente, não há, nos cursos de Licenciatura

em Educação Física uma preocupação em formar professores para

intervirem na Educação de zero a seis anos.

Percebe-se, portanto, que desta forma há carência de professores

especialistas que atuem com o maior entendimento sobre o ser, que entenda as

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complexidades existentes para trilhar um caminho com resultados positivos, no que

tange a passar conhecimentos para as crianças, através de uma prática pedagógica

adequada. Segundo Sayão (1999, p. 223):

é importante lembrar que os profissionais que atuam na educação de zero a seis anos no Brasil tem se caracterizado pela diversidade de formação, carreira e salário, variando de profissional sem formação especifica a profissionais com formação de terceiro grau.

É importante entender que a atuação dos profissionais na educação infantil,

deve centrar-se na percepção das dificuldades encontradas pelas crianças, para que

estas possam ter acesso a um bom desenvolvimento, levando em consideração as

dificuldades e peculiaridades encontradas em cada realidade e as desigualdades

históricas e sociais da população que interferem diretamente no desenvolvimento

das respectivas crianças.

Sayão (1999, p. 223) diz para que se possa garantir uma educação

qualificada, respeitando, as especificidades culturais e econômicas da população

brasileira marcada por suas inúmeras e conhecidas diferenças e desigualdade tem

que se ter como ponto de partida a sensibilidade do corpo docente para com as

dificuldades cotidianas encontradas pelos discentes.

Para tanto a iniciação escolar se dá através das necessidades de socializar o

individuo, bem como a setorização das etapas para que haja um desenvolvimento

de acordo ao estágio vivido pelo individuo, JOHANN G (1996, p. 13):

É considerado como etapa necessária à escolarização, pois ele constitui-se

no primeiro e decisivo passo para o atingimento da continuidade no ensino,

assegurada pela atitude educativa e assumindo a função de etapa

antecedente a escolarização formal.

Busca-se, então, através dos primeiros passos da formação a construção do

conhecimento do individuo enquanto ser social, através das atividades grupais e até

mesmo individuais na perspectiva da preparação para fases mais avançadas dos

níveis de conhecimento, bem como, do convívio social. Tendo como base que a

educação se dá desde o nascimento do individuo que experimenta diversos

processos de aprendizagem ao longo de sua vida, JOHANN G (1996, p. 14),

comenta:

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que a Educação se inicia com o nascimento do individuo, prolongando-se

durante toda a sua existência, estimulando e desenvolvendo suas

capacidades físicas, mentais e sociais, através de mudanças mais ou

menos intensas, de conformidade com as diferentes fases de seu

desenvolvimento bio-psico-fisiologico”“Sabe-se que a vida é um movimento,

que o gesto humano é uma das primeiras manifestações de expressão e,

por conseguinte, de comunicação entre o ser e o meio em que vive. A

realização de atividades motoras pelo aluno, além de exercer papel

preponderante no seu desenvolvimento somático e funcional, estimula e

desenvolve as suas funções psíquicas”.

Desta forma, pode-se dizer que a Educação Infantil e Educação Física estão

ligadas estreitamente, considerando que a Educação Física tem uma ligação direta

com os movimentos corporais e a criança é um ser que está em constante

movimento corporal quer seja no campo recreativo ou desportivo. Sendo assim, a

Educação Física desempenha um papel importante na vida do individuo desde as

fases iniciais até a fase adulta, mesmo em indivíduos doentes ou com deficiência

física por seqüelas traumáticas produzidas por patologias anteriores, segundo

JOHANN G (1996, p. 15):

A Educação Física, quaisquer que sejam suas funções corresponde a uma

atividade muscular controlada, regida por normas, princípios, métodos e

objetivos bem definidos, que vão desde o desenvolvimento morfo-funcional

do organismo infanto-juvenil até a manutenção do equilíbrio homeostático

do individuo adulto é a readaptação orgânica-funcional do individuo doente

ou deficiente físico por seqüelas traumáticas, produzidas opor doenças

anteriores.

Pode-se concluir, portanto, que a participação da Educação Física nas fases

iniciais da formação da criança representa muito mais que atividades recreativas ou

brincadeiras, através destas pode-se aprimorar uma infinidade de movimento que

são essenciais para a criança durante a sua convivência social, movimentos esses,

que de acordo com a faixa etária, devem proporcionar segurança e novos

aprendizados.

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3. PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA FAIXA ETÁRIA DE 0 A 06 ANOS.

As práticas de educação física na faixa etária de 0 à 6 anos estão geralmente

relacionadas ao desenvolvimento de identidade, expressões, jogos, sensações,

noções de espaço, imagens, gestos dentre outros com a finalidade de proporcionar

as crianças atividades que movimentem o corpo, favoreça interação,

desenvolvimento cognitivo, neuromotor e, consequentemente, a formação de

conhecimentos.

Fontes (2010, p. 5), cita experimentos feitos com animais e plantas para

tentar justificar o desenvolvimento da criança, a exemplo o experimento botânico em

que mostravam o desenvolvimento maturacional do organismo das crianças, já um

outro experimento com macacos (modelos zoológicos) tentavam mostrar o

desenvolvimento prático dos gorilas, encontra resultados positivos no sentido de

execução das atividades o mesmo aconteceu com as crianças, onde colocava

objetos de estímulos que possibilitasse o seu desenvolvimento, retrata ainda, que a

convergência entre a psicologia animal e a psicologia da criança contribui de forma

importante para o estudo das bases biológicas do comportamento humano. Para

tanto o estímulo, aqui referenciado funciona como a referência, em especial para

crianças até três anos, levando a exploração de espaços, estes deverão ser

acolhedores e variados e com ofertas de matérias atraentes que possibilite o seu

desenvolvimento e a escola configura-se como esse espaço por conta da sua

diversidade e de sua pluralidade.

Sendo assim os jogos, as rodas, o pular, o gritar, o saltar...., possibilita a

criança reconhecer, nomear as diferentes nuance da informação corporal que está

recebendo, maturando, desenvolvendo o seu sistema cognitivo, neuromotor e no

que se refere a interação social. Essas atividades na educação infantil são

acompanhadas por um educador infantil cujos olhares estão mais voltados para as

tarefas múltiplas e controlar situações paralelas. Godall et al (2004, p. 28), ao

abordar os jogos como estímulo, chama atenção ao desenvolvimento da

sensibilidade nas crianças de 0 a 03 anos aponta para a necessidade de estruturar o

ensino fundamentado em ouvir as crianças, as ocasiões para desenvolver a

percepção da sensibilidade seria multiplicado por mil.

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É nesse contexto que o profissional de educação física torna-se importante

neste seguimento escolar, com ampliação dos espaços de aprendizagem e sem

cronometracão do tempo no desenvolver das atividades, associado a isso esse

profissional, a priori se apropriou de conhecimentos específicos do que diz respeito

aos movimentos do corpo, no entanto entende-se que essas ações devem ser

amplamente dialogadas com o professor generalista ou especialista, possibilitando a

interdisciplinaridade, a multidisciplinaridade neste processo de construção do

conhecimento.

Entendendo que ao disponibilizar o tempo pedagógico sem que haja

determinação para termino especifico das atividades, haverá um aproveitamento

mais significativo das atividades, Sayão (2000, p. 2) critica que:

É o tempo do lúdico no qual a atividade determina o tempo e não, o tempo

determina a atividade. Sendo assim, a Educação Física organizada como a

“hora de...”, assim como as disciplinas escolares, não tem sentido para as

crianças pequenas que pensam, agem e sentem como uma totalidade

complexa. A disciplina como organização racional de conteúdo

fragmentada, tanto o conhecimento, quanto o sujeito-criança.

Desta forma, a educação física dificulta a assimilação das atividades

propostas, deste jeito limita a construção do novo ou reinvenção da atividade

proposta pelo Professor/Orientador. A brincadeira como protagonista nas atividades

ligadas ao desenvolvimento do individuo, ultrapassam a necessidade de

simplesmente brincar, busca a interação, agregar conhecimento e a socialização dos

indivíduos. A esse respeito Sayão (2000, p. 4) diz que:

O respeito a diversidade cultural dos meninos e meninas leva-nos a

perceber que há diferentes formas de se movimentar e que estas

linguagens de movimento expressas pelas crianças, quando em interação

umas com as outras, contribuem para a produção da cultura infantil

alicerçada em valores como a criatividade, a ludicidade e a alegria.”

Entendendo que existe a possibilidade de interação entre os sujeitos através

das atividades em grupo por conta do estreitamento das relações entre meninos e

meninas, bem como a apropriação de conhecimento através da prática de novas

culturas ali entrelaçadas, sendo o desafio a interação entre as crianças de mesmo

sexo e sexo diferentes com disponibilidade de um leque de possibilidades voltadas

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para as atividades físicas, tendo a interação como um elo somatório, visando através

das atividades coletivas estreitamento no desenvolvimento do grupo como mostra;

Sayão (2000, p.05):

Em projetos de trabalho coletivos na Educação Infantil: brincadeira,

interação e linguagens são formas privilegiadas de manifestações das

culturas infantis. Neste caso é necessário que todas as que atuam com as

crianças pequenas incorporem estas formas de manifestação e programem

atividades de forma a ampliar...

Para promoção desses espaços que privilegiem essas manifestações através

do movimento com o corpo e a socialização do sujeito destaca-se a importância do

professor/orientador que dá-se-á de forma única, porém a criação de atividades,

bem como o estreitamento da confiança faz-se mediante a percepção da criança

com o meio que se encontra, mesmo em muitos momentos onde o egocentrismo

esteja imperando, terá a necessidade do professor/mediador mostrar a importância

que cada um terá para o desenvolvimento de tal atividade, onde terá como fator

primordial aprender de forma lúdica; Quintão et al (2004, p. 1), mostra que:

Esses conceitos são desenvolvidos e incutidos no aprendiz, tendo o

ambiente como desafiador, exigente para poder sempre estimular o

intelecto e a ação motora desta pessoa. No entanto, não basta apenas

oferecer estímulos para que a criança se desenvolva normalmente, a

eficácia da estimulação depende também do contexto afetivo em que esse

estimulo se insere, essa ação está diretamente ligada ao relacionamento

entre o estimulador e a criança.

Pode-se associar então que um ambiente acolhedor e o profissional

qualificado facilitam as ações direcionadas para conquistas dos obstáculos

direcionados para soluções das crianças, não menos importante a estimularem

através da curiosidade e a conquista do novo por parte das crianças, mostrando de

tal forma alcance de resultados positivos pelo ambiente desafiador e dirigido pelo

orientador. Destacando então a importância da Educação Física dentro das práticas

educacionais que ampliem a aprendizagem por meio do movimento, de forma que

não descarta o objetivo de aprender de forma lúdica, porém este deve estar aliado à

técnicas que visam conhecer e explorar melhor o seu corpo; entendendo que

através da brincadeira é que a criança explora o seu corpo, a partir daí a Educação

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Física assume um papel extremamente relevante visto que irá contribuir para o

desenvolvimento cognitivo e motor, bem como permite o desenvolvimento social, no

qual a criança constrói e reconstrói seu aprendizado, interage com o outro e será

incluídos no mesmo ambiente. É a partir da exploração deste corpo que a criança

vai demonstrar suas emoções, seus sentimento, intrínsecos a essa fala corporal e

essencial esse trabalho com o corpo.

Configura então que o objetivo da educação física é contribuir para o

desenvolvimento integral da criança por meio de atividades variadas com um nível

mais elevado dos planos físicos, mental e social e este movimento contribui para a

aprendizagem escolar, dentro desta perspectiva a educação física valoriza outras

características apresentando várias experiências por meio de uma diversidade de

atividades sobressaindo a prática do passo em revelar atletas tendo a disciplina

como aliada, apenas a atividade esportiva, no qual as regras existentes são

adaptadas a necessidade de cada aula.

A partir do momento que temos contato com o mundo externo estamos

designados a constantes momentos de aprendizagem. Porém passamos a ser hábil

no sentido de aprender quando temos um conjunto de variáveis que nos possibilita

aprender como cita a autora Laiza Gonçalves (2002, p. 10):

Nós seres humanos nascemos com uma tendência hábil para a

aprendizagem. A criança está pronta para aprender quando ela apresenta

um conjunto de condições, capacidades, habilidades e aptidões

consideradas como pré-requisitos para o inicio de qualquer aprendizagem.

Prontidão para aprender significa o conjunto de habilidades que a criança

deverá desenvolver de modo a tornar-se capaz de executar determinadas

atividades.

Portanto para que haja um aprendizado faz-se necessário que as mudanças

ocorridas mantenham-se permanentes e ligadas as condições psicológicas, físicas

que haja um amadurecimento, inteligência, pois havendo tais pilares será capaz de

tornar o individuo mais apto para a aprendizagem e desenvolvimento do sujeito.

Desenvolvimento este, que passa além do transferir conhecimento, e sim, construir

possibilidades de dialogar como mostra Freire (2002, p. 21):

As considerações ou reflexões até agora feitas vem sendo desdobramento

de um primeiro saber inicialmente apontado como necessário à formação

docente, numa perspectiva progressista. Saber que ensinar não é transferir

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conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a

sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo

aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas do aluno, a suas inibições,

um ser critico e inquiridor em face da tarefa que tenho a de ensinar e não a

de transferir conhecimento.

O saber ensinar é oportunizar atividades das quais os alunos serão os

protagonistas do aprender e de um aprender construindo e não um aprender

depositado, onde o aprender construindo tem uma relação direta de que o orientador

é um mediador do aprender ao contrário do aprender depositado. Pois o homem é

um ser humano e não apenas um ser racional, o homem é um ser vivo e a vida é um

todo orgânico, o que na linha de pensamento fenomenológico significa afirmar que o

homem é um ser no mundo.

E são esses movimentos que faz o homem um ser no mundo é um ser que se

move e seu movimento ultrapassa os limites da simples atividade mecânica que

reduz os movimentos do homem a simples atividades motoras desprovida do sentido

humano. Pois o papel do professor não é menos complexo, porém não basta um

ensinar pelo ensinar, mas sim tentar conhecer, estreitar a relação entre

professor/aluno, contudo será uma forma positiva de compreender o outro ao

mesmo tempo em que se percebem as limitações, caso haja de aprendizagem por

parte do ou dos alunos, para que possíveis diagnósticos sejam precoces, onde

assim que detectados terá que juntamente com as pessoas envolvidas no

aprendizado do sujeito humano encontrar possíveis soluções.

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4. PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO FÍSICA X CONTRIBUIÇÃO PARA O

DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E SOCIAL DA CRIANÇA

Segundo, Barros (1973 citado por JOHANN, 1996, p. 15): conceitua a

educação física como

... o conjunto de atividades físicas, metódicas e racionais, que se integram ao processo global, visando ao pleno desenvolvimento do aparelho locomotor, bem como ao desenvolvimento normal das grandes funções vitais e ao melhor relacionamento.

Partindo desse conceito, entendemos que em um dado momento de nossa

vida temos inúmeras idéias, inúmeras vontades de brincar correr, contudo

administrar tais vontades sai do papel com algo simples e quando se depara com as

possibilidades práticas se percebe a complexidade da interação entre o meio e as

crianças em uma perspectiva de socialização do meio e de soluções de atividades

proposta, porém, não temos o discernimento de saber o momento de fazê-la, dando

de tal forma, asas a imaginação sem que haja um ordenamento da atividade esse

ordenamento procura organizar e identificar a identidade do individuo, como cita

Castellani Filho et.al (2009, p. 36):

O primeiro ciclo vai da pré-escola até a 3ª série. É o ciclo da organização da

identidade dos dados realizados. Os dados aparecem (são identificados) de

forma difusas, misturadas. Cabe à escola particularmente ao professor,

organizar a identificação desses dados constatados e descrito pelo aluno

para que ele possa formar sistemas, encontrar as relações entre as coisas,

identificando as semelhanças e as diferenças.

É através dos ciclos que não só familiariza as crianças, como viabiliza o novo

momento de categorização, organização e socialização dos indivíduos, através das

atividades que visarão o desenvolvimento das crianças, onde nesse momento de

transição caberá ao orientador mediar o desenvolvimento do aluno, fazendo uso de

atividades que irá aguçar as necessidades das experiências das crianças só que de

uma forma organizada e não aleatória e sim o aprender dirigido, onde tais atividades

tenham uma ligação com a realidade dos indivíduos para que desta forma possa ser

visível no olhar da criança as atividades do dia a dia dela como mostra, segundo

Castellani Filho et. al (2009, p 33):

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“Um outro principio curricular para seleção dos conteúdos de ensino é o de

adequação ás possibilidades sociocognoscitivas do aluno. Há de se ter no

momento da seleção, competência para adequar o conteúdo à capacidade

cognitiva e a prática social do aluno, ao seu próprio conhecimento e as suas

possibilidades enquanto sujeito histórico.”

A seleção de conteúdos de ensino possibilita a socialização e interação entre

o meio, essas experiências se acrescentada a novas vivências passam por um

processo somativo que irá possibilitar a longo prazo, uma socialização, bem como

disponibilização de vivências que irá de tal forma contribuir para o desenvolvimento

do outro enquanto ser, onde as crianças através de suas relações, poderão,

observar e receber orientações de pessoas mais experientes: vivências físicas e

culturais, com possibilidades de acrescentar novas experiências e culturas visto que

no meio terá crianças do maior nível de vivência, pois cada uma delas possui sua

história e seu jeito de solucionar possíveis problemas fazendo uso do movimento do

corpo, dos gestos, dos símbolos, como cita Johann G.G (1996, p 14):

Sabe-se que a vida é movimento, que o gesto humano é uma das primeiras

manifestações de expressão e por conseguinte de comunicação entre o ser

e o meio em que vive. A realização de atividades motoras pelo aluno, além

de exercer papel preponderante no seu desenvolvimento somático e

funcional, estimula e desenvolve as suas funções psíquicas. Daí a razão de

ser da educação do corpo como fator de equilíbrio orgânico.

Então, desde que a criança passa a ter contato com o mundo inicia de forma

eminente uma ligação direta com aprendizado e o desenvolvimento, onde ambos

andam juntos vislumbrando de tal forma a identificação com o meio, pois através dos

primeiros movimentos que a criança começa a dialogar com tudo que a cerca e

através de novas experiências de movimento mesmo que guardada as informações

de forma aleatória e que a criança começa a desenvolver um dialogo corporal com o

meio. Tendo o ambiente como desafiador da necessidade de novas descobertas que

se dará de forma espontânea e enriquecedora para o desenvolvimento psíquico e

motor, visando sempre estimular as ações da criança como cita Johann G.G (1996,

p.15):

Relação entre educação e Educação Física, de vez que nenhum processo

educacional pode ser considerado completo se não se ocupar também do

Page 21: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

20

desenvolvimento físico que, no plano da educação formal ou seja, durante a

escolarização da criança atinja os planos biológicos, psicológico social e

moral por meio de atividades formativas-corporais de base e psicomotoras

em geral.

Temos assim, a importância do trabalho corporal para o desenvolvimento do

individuo, bem como as experiências vivenciais que tratam de acrescentar

dinamicidade na construção do individuo e do meio em que vive, pois tais

experimentações recebidas de indivíduos experientes trarão um crescimento social e

cultural, pois através do movimento há um dialogar com o meio e um aprendizado

orientado onde através do mesmo será possível que haja estímulos do conhecer o

novo através da orientação do professor/mediador, visando acrescentar sempre

atividades desafiadoras, bem como empolgante para que de tal forma não só se

encontre o resultado proposto, mas sim estimule a encontrar novas situações em

propostas antigas, ou seja disponibilizar através das atividades que sempre há

possibilidade de reinventar o novo, tendo bem claro a importância do grupo para

alcançarem os resultados.

Essas atividades devem estimular nas crianças inúmeras formas de se

expressar, onde as mesmas fazem uso do movimento para comunicar entre si, de tal

maneira que o comunicar com o meio, mesmo havendo diferenças sócios/culturais

sejam capazes, permitam através das diferentes linguagens interagir e dialogar-se

comunicando no seu cotidiano, Baresi (2008 p.5):

Cada criança possui inúmeras maneiras de pensar, de jogar, de brincar, de falar, de escutar e de se movimentar. Por meio destas diferentes linguagens é que se expressam no seu cotidiano, no seu convívio familiar e social, construindo sua cultura e identidade infantil. A criança se expressa com seu corpo, através do movimento. O corpo possibilita à criança apreender e explorar o mundo, estabelecendo relações com os outros e com o meio.

E através desse movimento que se estabelece um diálogo entre as crianças e

o meio em que está inserida tornando possível perceber a interação das crianças

com o meio através do movimento, entendendo que o dialogar ligado ao movimento

deva ocorrer de forma a produzir cultura para tais indivíduos, possibilitar através da

vivência com o novo e acrescentando novas possibilidades de movimento passível

de ser adquirida através do meio que se está inserido, tendo no aprendizado forma

Page 22: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

21

lúdica, na utilização de criatividade, na experiência de movimento a possibilidade de

produzir cultura.

Contudo é através dos gestos, de movimento que podemos não só dialogar

com o meio, como também expressar todo o sentimento contido no ser, pois o falar

corporal cria e aprende com o movimento. “É importante ressaltarmos, então, que o

corpo fala, cria e aprende com o movimento. Expressando-se através de gestos, que

são ricos de sentido e de intencionalidades (Basei 2008, p 5).”

São esses gestos, ricos de sentido e de intencionalidade que pretende-se

encontrar na escola com o desenvolvimento de atividades que não tenham o intuito

de limitar a espontaneidade, bem como o lado criativo em entretenimento de físicos

supostamente favorecidos e sim valorizar o momento de construção através dos

princípios de ludicidade e da criatividade com diz o autor Bracht et.al (2009, p. 103):

Reconsideração do papel da escola enquanto “celeiros de talentos esportivos”, que tem condicionado a avaliação a detectar talentos. Reconsiderar também o princípio de rendimento: “mais alto” e “mais veloz”, passando a privilegiar os princípios da ludicidade e da criatividade.

Dessa forma nos espaços escolares torna-se necessário práticas

pedagógicas no seguimento Educação Infantil que possibilite a criança o momento

de construir, de agregar conhecimento com as diversidades disponíveis pelo meio,

pois tais diferenças contribuem para o desenvolvimento sócio/cultural dos indivíduos

ali inseridos, entendendo que, aquele ambiente é rico no quesito diferenças

sócio/culturais, mas único, para o desenvolvimento do patrimônio cultural que se

expressa nas possibilidades corporais, que para Bracht et.al (2009, p.103):

“O rompimento das visões abstratas, irreais, que “homogeneízam” e “igualam” os alunos, condicionando entendimentos equivocados de educação, ensino e aprendizagem. Deve-se considerar na avaliação que o patrimônio cultural que se expressa nas possibilidades corporais, no acervo de conhecimento sobre a cultura corporal, se diferencia de acordo com a condição de classe dos alunos. O uso de medidas e avaliação não deve neutralizar, mas, sim, possibilitar uma leitura critica dessa condições para a partir daí, ampliar e aprofundar a compreensão dessa realidade.”

Com esse entendimento, busca através das expressões corporais

oportunizarem as crianças agregar várias experiências através das expressões

corporais, bem como o dialogar através dos movimentos corporais e com possíveis

convívios com diferentes atos culturais no meio, acrescentar por meio de convívio

Page 23: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

22

com outras crianças e com o local desafiador para estimulando o desenvolvimento

cognitivo do sujeito. Nesse contexto, o aprender brincando será possível

desenvolver através das brincadeiras desenvolvimento cognitivo/ motor e interação

com o meio através de atividades lúdicas, aguçando de tal maneira o lado criativo

assim como aspectos da formação do humano.

Contudo, para que ocorra uma sintonia entre aluno e professor, faz-se

necessário a necessidade do professor conhecer seus alunos, pois vislumbrando um

maior estreitamento entre as partes para que dessa maneira ocorra uma sincronia

no desenvolvimento, bem como uma percepção do desenvolvimento ou não da

aprendizagem. Sabendo que o problema com o aprendizado é um problema antigo,

porém tratado como comum, quando na verdade não deveria ser devido ao fato de

levar em consideração a sensibilidade que o professor/orientador deve ter em

relação aos seus alunos, pois os problemas de aprendizagem não estão somente

relacionados causas físicas, nem causas psicológicas e nem a análises sócias

segundo Laiza Gonçalves (2002, p. 12):

“Os problemas de aprendizagem não são restritos nem a causas físicas, nem a causas psicológicas e nem a análises sociais. É preciso compreender esses fracassos a partir de uma visão multidimensional, que articule fatores orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos, percebidos dentro das interações sociais.”

Portanto, o homem é um ser sensível e a sensibilidade constituindo um

obstáculo para a funcionalidade das atividades propostas para um aprimoramento

da aprendizagem do individuo, pois os fracassos encontrados pelos indivíduos não

se dão tão somente por problemas pessoais, contudo acontecem também por

conjuntos de condições socioculturais e até mesmo no âmbito escolar que em vários

momentos dificultam ou até se faz inviável sua inserção nos processos de

aprendizagem escolar.

Page 24: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

23

5. ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este trabalho centra-se num estudo de características qualitativas, cujo

método de investigação utilizado foi a pesquisa bibliográfica. Para Dyniewicz (2009),

a pesquisa bibliográfica utiliza vasta literatura para estudar e analisar aspectos

diversos de um tema, contribuindo para uma pesquisa futura mais estruturada. Exige

especificações sobre procedimentos utilizados para coleta do acervo recolhido e

análise dessa literatura.

Para Minayo (1994), “a pesquisa qualitativa responde as questões muito

particulares. Ela se preocupa com o nível de realidade que não pode ser

quantificado”. Fagundes (2009), complementa dizendo que a abordagem qualitativa

se caracteriza, principalmente, por estudar as subjetividades, valores,

representações da realidade, opiniões, enfim, fenômenos intrinsecamente

complexos ressaltando que nesse tipo de abordagem exigem especial atenção aos

fundamentos teóricos que norteiam as técnicas de coletas de dados, no sentido de

assegurar a validação das análises operadas a partir desses. Para este autor:

“... a pesquisa bibliográfica consiste em identificar múltiplas referências livros, periódicos, teses, dissertações, monografias, anais de eventos, impressos ou digitais, entre outros aceitos pela comunidade acadêmica, no entanto ressalta que, por se valer de fontes secundárias, a pesquisa bibliográfica requer do/a pesquisador/a um cuidado mais apurado para não reproduzir ou até mesmo maximizar as contradições e incongruências resultantes da coleta de dados processados de forma por vezes , equivocadas. “

O universo da pesquisa consistiu em um estudo sobre as publicações da

“Revista Nova Escola” que tratam da temática Educação Física na Educação Infantil.

Tal recorte se deu no período compreendido entre os anos 2006 à 2011, aonde

foram mapeadas as revistas, que traziam no seu corpo, artigos que abordavam o

trabalho da Educação Física no contexto da Educação Infantil totalizando 60

publicações, sendo que apenas sete tratavam do tema proposto.

A partir do levantamento realizado foi possível analisar os dados

considerando as informações já disponibilizadas no referencial teórico. Para tanto,

fez-se um quadro geral dos artigos, sinalizando aqueles que são específicos da área

e que atendem os objetivos do trabalho.

Escolhemos a Revista Nova Escola, por se tratar de um importante periódico

da área da Educação que contempla também o campo da Educação Física.

Page 25: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

24

Esperamos dessa forma contribuir para o aprofundamento da discussão na área. A

coleta e análise do material se deu por meio eletrônico no site da Revista Nova

Escola. O período compreendido para tal estudo foi entre abril à julho de 2012.

Os artigos identificados foram discutidos um a um, buscando atender os

objetivos propostos neste trabalho.

Page 26: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

25

6. RESULTADOS / DISCUSSÃO

As tabelas a seguir ordenam os artigos encontrados na Revista Nova Escola

que estão distribuídos de acordo com o título, o autor, mês de publicação, ano de

publicação e ideia central. Categoriza ainda, em artigos pertinentes e não

pertinentes a Educação Física que abordam a educação Infantil.

Tabela 1

TÍTULO AUTOR MÊS ANO CARACTERÍSTICAS OBS

Alfabetizar na Educação Infantil. Pode?

Regina Scarpa Jan/Fev. 2006 Não trata da educação física, mas retrata a educação infantil

Uma caixa que ajuda a narrar histórias

Paola Gentile Abril 2006 Não trata da educação física, mas retrata a infantil

Pequenos Artistas Tatiana Achcar Maio 2006 Não trata da educação física, mas retrata infantil

Ginástica como faz de conta

Debora Didone Jun/Jul 2006

Através de atividades lúdicas experimentam diferentes maneiras de andar, pular e se esticar. Trata-se de atividades de movimento com o corpo, orientada por um professor generalista

Melhor que boletim Roberta Bencini Agosto 2006 Não trata da educação física, mas retrata a educação infantil

Batalhas numéricas

Bartira Bertini Setembro 2006 Não trata da educação física, mas retrata a educação infantil

Entre tapas e beijos

Thais Gurgel Outubro 2006 Não trata da educação física, mas retrata a educação infantil

MPB para crianças Priscila Pastre Rossi

Novembro 2006 Não trata da educação física, mas retrata a educação infantil

Números grandes para os pequenos

Faoze Chibil Novembro 2006 Não trata da educação física, mas retrata a educação infantil

É o bicho Thais Gurgel Dezembro 2006 Não trata da educação física, mas retrata a educação infantil

Brincando com regras

Thais Gurgel Dezembro 2006 Não trata da educação física, mas retrata a educação infantil

Fonte: Revista Nova Escola. Ano 2006

Page 27: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

26

Tabela 2

TÍTULO AUTOR MÊS ANO CARACTERÍSTICAS OBS

Como trabalhar as relações raciais na pré-escola

Débora Menezes

Jan/Fev. 2007 Não trata da educação física, mas retrata a educação infantil

Jovens descobridores Thais Gurgel Março 2007 Não trata da educação física, mas retrata e educação infantil

Alunos guaranis aprendem danças indígenas na escola

Ricardo Falzatta

Março 2007

Não trata da educação física na infantil, mas trta de atividades de movimento com o corpo orientada por professor generalista.

Que bicho é este? Paulo Araújo Abril 2007 Não trata da educação física, mas da educação infantil

Eita soninho bom! Cristiane Marangon: Alice Cruz

Abril 2007 Não trata da educação física nem infantil

Atletismo em três modalidades

Thiago Minami

Maio 2007 Não trata da educação física nem infantil

Os pequenos já resolvem problemas

Maria Fernanda Ziegier

Setembro 2007 Não trata da educação física nem infantil

Pais que seguem de perto a rotina

Roberta Bencini

Outubro 2007 Não trata da educação física nem infantil

Adaptação bem feita Cristiane Marangon

Novembro 2007 Não trata da educação física nem infantil

Fonte: Revista Nova Escola. Ano 2007

Tabela 3

TÍTULO AUTOR MÊS ANO CARACTERÍSTICAS OBS

Craques na raquete Débora Didone

Março 2008 Não trata da educação física nem infantil

2º ao 5º ano

Hora de se conhecer Adriana Toledo

Abril 2008

Cedo a criança começa a se entender como sujeito e adquirir consciência corporal

Muito mais que futebol Débora Didone

Abril 2008 Não trata da educação física nem infantil

Chão de giz Carolina Costa

Maio 2008

Desenvolver a capacidade de saltar e girar, o equilibrio e a consciência corporal

As situações didáticas da educação física

Amanda Polato, Beatriz Santomauro

Jun/Jul 2008 Não trata da educação física nem infantil

Tudo é brinquedo Rodrigo Ratier

Agosto 2008 Não trata da educação física nem infantil

Chegou a hora de largar a fralda

Beatriz Santomauro

Setembro 2008 Não trata da educação física nem infantil

O que ensinar em Educação Física

Beatriz Santomauro

Setembro 2008 Não trata da educação física nem infantil

Page 28: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

27

No principio é o nome

Artur Guimarães e Beatriz Vicnessi

Outubro 2008 Não trata da educação física nem infantil

O que não pode faltar na educação infantil

Beatriz Santamauro Luiza Andrade

Novembro 2008 Não trata da educação física nem infantil

Salto para aprender Anderson

Moço Novembro 2008

Não trata da educação física nem infantil

Da Pré-escola ao 1º ano: novidade sem susto

Tatiana Pinheiro

Dezembro 2008 Não trata da educação física nem infantil

Brincar na creche Luiza

Andrade Dezembro 2008

Não trata da educação física nem infantil

Donald Winnicott, o defensor da imaginação

Marcio Ferrari

Dezembro 2008 Não trata da educação física nem infantil

Fonte: Revista Nova Escola. Ano 2008

Tabela 4

TÍTULO AUTOR MÊS ANO CARACTERÍSTICAS OBS

Diversidade sempre, desde a Educação Infantil

Ana Rita Martins

Jan/Fev 2009 Não trata da educação física nem infantil

É tempo de brincar lá fora....

Bianca Bibiano

Jan/Fev 2009

Correndo, pulando, pintando, plantando, brincando com água e alimentando animais, os pequenos trabalham a socialização

Bola Dentro Beatriz

Santomauro

Jan/Fev 2009 Não trata da educação física nem infantil

O alfabeto não pode faltar

Rodrigo Ratier

Março 2009 Não trata da educação física nem infantil

Riscar e Aprender Luiza

Andrade Abril 2009

Desenvolvem as habilidades corporais e o aprendizado de regras.

Eu e você, você e eu Amanda Polato

Maio 2009 Não trata da educação física nem infantil

Vamos á luta Bianca bibiano

Maio 2009 Não trata da educação física nem infantil

Na creche, o que fazer na hora do choro?

Luiza Andrade

Jun/Jul 2009 Não trata da educação física nem infantil

Entrevista com Marcos Neira sobre o papel da Educação Física nas escolas

Rodrigo Ratier

Agosto 2009 Não trata da educação física nem infantil

Peça a Peça, o mundo se constrói

Thais Gurgel

Outubro 2009 Não trata da educação física nem infantil

Respeite os limites físicos

Anderson Moço

Outubro 2009 Não trata da educação física nem infantil

Meu, seu ou nosso? Anderson

Moço Novembro 2009

Não trata da educação física nem infantil

É dia de mudança Bianca

Bibiano e Dezembro 2009

Não trata da educação física nem infantil

Page 29: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

28

Rodrigo Ratier

Fonte: Revista Nova Escola. Ano 2009

Tabela 5

TÍTULO AUTOR MÊS ANO CARACTERÍSTICAS OBS

Novos ares: o que aprender com o vento

Luis Sousa

Jan/Fev 2010 Não trata da educação física nem infantil

Qualidade de vida se aprende na escola

Bianca Bibiano

de Bocaina

Jan/Fev 2010 Não trata da educação física nem infantil

7º ao 9º

Entre na Roda Lorena

Verli Março 2010

Brincar de ciranda estimula as crianças desenvolver movimentos

Como expolorar a corrida de orientação e o trekking

Luis Sousa

Março 2010 Não trata da educação física nem infantil

Teatro e imaginação na pré-escola

Ana Rita Martins

Abril 2010 Possibilidade de desenvolvimento da linguagem corporal,

As crianças têm muito o que aprender na creche

Anderson Moço

Abril 2010 Não trata da educação física nem infantil

Respostas para 7 dúvidas sobre o uso da chupeta por crianças

Camila Monroe

Maio 2010 Não trata da educação física nem infantil

Linguagem oral com poesias

Camila Monroe

Jun/Julho 2010 Não trata da educação física nem infantil

Educação Física na EJA

Bianca Bibiano

Jun/Julho 2010 Não trata da educação física nem infantil

Atividades simultâneas na creche

Bisângela Fernande

s Agosto 2010

Não trata da educação física nem infantil

Como criar jogos de alvo com alunos da pré-escola

Beatriz Santomau

ro Setembro 2010

Não trata da educação física nem infantil

Como praticar esportes em escolas sem quadra

Elisa Meirelles

Setembro 2010 Não trata da educação física nem infantil

Educação Infantil: ainda longe de metas

Bruna NIcolielo

Outubro 2010 Não trata da educação física nem infantil

Fonte: Revista Nova Escola. Ano 2010

Page 30: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

29

Tabela 6

TÍTULO AUTOR MÊS ANO CARACTERÍSTICAS OBS

Como em casa: preparação e parceria com a família são fundamentais para assegurar uma adaptação tranquila

Fernanda Salla

Jan/Fev 2011 Não trata da educação física nem infantil

O lugar que a luta deve ter na escola

Beatriz Satnomauro

Jan/Fev 2011

Não trata da educação física nem infantil

6º ao 9º

A moda que revela as mudanças sociais

Bianca Bibiano

Março 2011 Não trata da educação física nem infantil

O que a turma pensa a respeito dos números

Anderson Moço e

Fernanda Salla

Abril 2011 Não trata da educação física nem infantil

Na rotina planejada, o espaço para aprender

Bianca Bibiano

Maio 2011 Não trata da educação física nem infantil

Trabalho de campo com os pequenos

Fernanda Salla

Jun/Jul 2011 Não trata da educação física nem infantil

Três etapas para uma reunião de pais

Rita Trevisan Agosto 2011 Não trata da educação física nem infantil

O que a turma sabe sobre o zero

Amanda Polato

Setembro

2011 Não trata da educação física nem infantil

É hora de pensar sobre o corpo em movimento

Beatriz Vichessi

Setembro

2011 Não trata da educação física nem infantil

Ilustrações que encantam

Ocimara Balmant e Frances Jones

Outubro 2011 Não trata da educação física nem infantil

Empapelamento: a arte de transformar objetos

Márcia Scapaticio e

Anderson Moço

Novembro

2011 Não trata da educação física nem infantil

O que fazer quando algumas crianças terminam a atividade antes do que as outras?

Amanda Polato

Dezembro

2011 Não trata da educação física nem infantil

Fonte: Revista Nova Escola. Ano 2011

Conforme mostra as tabelas acima do total de 60 edições pesquisadas,

apenas sete apresentam artigos que tratam da temática pertinentes a Educação

Física de maneira direta ou indireta com o tema em estudo.

Débora Didone (2006) no artigo intitulado “Ginástica com faz de contas – em

creches e pré-escolas, diz que o trabalho corporal é acompanhado de muita

brincadeira. Só assim faz sentido para os pequenos” mostra que por meios de

tarefas lúdicas, os pequenos experimentam diferentes maneiras de andar, correr,

pular e se esticar, aprendendo inclusive a interagir com os colegas.

Já para Adriana Toledo (2008) no artigo “Hora de se conhecer – atividades

com espelhos ajudam as crianças da creche a construir sua identidade e a entender

Page 31: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

30

os limites do próprio corpo.” mostra que desde cedo a criança começa a se entender

como sujeito e adquirir consciência corporal para se desenvolver e se organizar no

espaço e para saber se posicionar e se diferenciar do outro, as autoras retratam o

movimento com o corpo, no entanto essas atividades não são orientadas pelo

profissional de educação física.

Carolina Costa (2008) no trabalho intitulado “Chão de giz – variações da

amarelinha desenvolvem a capacidade de saltar, o equilíbrio e a consciência

corporal na pré-escola” argumenta que a vantagem de algumas dessas variações é

que elas podem ser usadas para desenvolver a capacidade de saltar e girar, o

equilíbrio e a consciência corporal alinhavando com o pensamento de Adriana

Toledo. Esse processo pode contribuir de forma mais intensa para o

desenvolvimento das crianças.

Bianca Bibiano (2009) no artigo “É tempo de brincar lá fora... Aproveite! – Em

um espaço externo bem organizado, os pequenos trabalham a colaboração,

aprimoram a capacidade motora e exploram a natureza” discute que correndo,

pulando, pintando, plantando, brincando com água e alimentando animais, os

pequenos trabalham a socialização, aprimoram a capacidade motora e entram em

contato com a natureza, a autora aborda a importância dos movimentos no processo

de socialização do sujeito, destacando a relevância da unidade escolar que deve ser

cheia de oportunidades, o que segundo Luiza Andrade (2009) no artigo “Riscar e

aprender – Alternativas simples e barata para aproveitar espaços vazios, jogos com

giz desenvolvem as habilidades corporais e o aprendizado de regra”, essas

atividades além de serem feitas em qualquer espaço – num pátio ou na própria sala,

são jogos ótimos para trabalhar o movimento no dia-a-dia.

Lorena Verli (2010) na sua produção “Entre na roda – brincar de ciranda

estimula as crianças a desenvolver movimentos e conhecer como culturas diferentes

vivenciam a dança” retrata que brincar de ciranda estimula as crianças a

desenvolver movimentos e conhecer culturas diferentes, o que representa para além

do desenvolvimento corporal, existe também um legado cultural que será

significativo nas experiências formativas da criança.

A autora Martins (2010) no seu estudo denominado de “Teatro e imaginação

na pré-escola – jogos teatrais permitem que as crianças aprendam e desenvolvam a

linguagem corporal” aborda que os jogos teatrais permitem que as crianças

aprendam a desenvolver a linguagem corporal. Sendo assim, os conhecimentos

Page 32: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

31

adquiridos com tais práticas vão muito além das vivências corporais, possibilitando

que a criança possa crescer de maneira mais intensa.

Feita a análise preliminar da tabela é possível dizer que nenhum dos artigos

mencionados retrata a importância do professor de Educação Física na Educação

Infantil, sendo essas atividades desempenhadas geralmente por outros professores,

sobretudo, aqueles formados no campo da pedagogia ou magistério.

Para Verli (2010) reunir a turma em círculos para cantar e dançar é resgatar

uma brincadeira antiga e popular para proporcionar diversão para os pequenos.

Neste processo o professor desenvolve nas crianças a capacidade que elas tem de

se mexer e controlar os próprios movimentos, provocando assim o descobrir do

próprio corpo e de tudo que é possível fazer com ele. Ou seja, ao organizar as rodas

populares o educador proporciona acesso ao importante conteúdo a ser trabalhado

no ensino fundamental pelas disciplinas de educação física e arte.

Aborda também que apesar da possibilidade de trabalhar vários aspectos

durante as cirandas por mais que algumas músicas deixem claro como os

movimentos devem ser feitos a criança não tem ainda muita capacidade para

executar com precisão na educação infantil. Esperando que no entanto, nessa faixa

etária a criança participe, se relacione com o grupo e tente executar os comandos

corretamente com o passar do tempo.

Martins (2010) por outro lado, aborda os jogos teatrais como possibilidade de

desenvolvimento da linguagem corporal, portanto movimento com o corpo – a

capacidade de fazer de conta é uma das características mais relevantes da infância,

pois esta ligada diretamente ao desenvolvimento intelectual e físico dos pequenos,

cita que o jogo teatral gira em torno de três elementos: onde se passa a cena, quem

faz parte dela e qual ação se desenvolve. Para tanto o professor divide a turma em

grupos propondo que cada um decida o que apresenta para a plateia, nesse artigo a

autora não traz elementos que abordem a educação física na educação infantil.

Apesar de não retratar especificamente sobre a educação física nesse

segmento escolar Maíra Kubik Mano, no seu artigo intitulado pobres brasileirinhos

revela que das 147 creches e pré-escolas em seis capitais brasileiras os

pesquisadores concluíram que na escala de 0 á 10 a nota média não passaria de 3,3

à 3,4 haja visto que dentro dos itens avaliados a não existência de livros infantil, e

um grande número de adultos sem o preparo adequado atuando na educação

infantil, são os grandes problemas. Para pesquisadora a formação e a carreira dos

Page 33: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

32

profissionais desse setor ainda precisam e muito de atenção e ações efetivas do

poder público.

Nesta radiografia da educação infantil a pesquisadora investigou o impacto

pré-escolar no desempenho dos alunos nos seus primeiros anos no ensino

fundamental, concluindo que o fato da qualidade da pré-escola influi na

aprendizagem do ensino fundamental reforçando a relevância de garantir ambiente

adequado na educação infantil.

Por outro lado entende-se que as atividades da educação física possibilitam o

desenvolvimento cognitivo, neuromotor e social do sujeito, dessa forma torna-se

importante como a própria pesquisadora entende que é necessário qualificar os

profissionais que atuam nesse segmento, dentre eles o professor de Educação

Física.

Page 34: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

33

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho voltou-se para a importância da Educação Física na Educação

Infantil, visando principalmente entender como se dá o desenvolvimento das

atividades nessa faixa etária a partir da análise da Revista Nova Escola no período

de 2006 a 2011.

Notou-se que ainda existem poucos estudos relacionados a atuação do

professor de Educação Física na Educação Infantil, considerando que das sessenta

edições da Revista Nova Escola, apenas sete artigos abordavam de forma direta ou

indireta o tema da pesquisa, ressaltando que quase sempre as atividades eram

desenvolvidas por professores generalista, e não o professores de Educação Física

que poderiam a partir das suas especifidades dar maiores contribuições e estimular

o desenvolvimento psíquico, cognitivo, neuromotor e social.

Outra constatação é a necessidade da ampliação do número de produções

que tratem da Educação Física na Educação Infantil, sobretudo, abordando os

novos olhares e intervenções da Educação Física nessa série de ensino.

Também identificou-se que a falta de preparo dos profissionais que atuam no

campo da educação física na educação infantil, é um dos principais entraves no

processo formativo das crianças nessa faixa etária. O que significa que a formação

de profissionais nesse campo, sejam eles especialistas ou generalistas deve ser

encarado com maior atenção, tendo em vista que esse período é a base de todo o

processo formativo da criança.

Desta maneira, consideramos ser de extrema importância o processo

contínuo de pesquisas que vislumbrem a possibilidade de agregar valores voltados

para uma melhor qualificação de profissionais de educação física, bem como sua

inserção no segmento da educação infantil, tendo em vista potencializar o

crescimento da criança.

Sendo assim, entendemos que este trabalho possibilitou entender a

complexidade desse tema e sua abrangência, o que significa dizer que novos

estudos nesse campo devem ser realizados.

Page 35: A Educação física na educação infantil: uma analise da Revista Nova Escola

34

REFERÊNCIAS

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