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A EDUCAÇÃO FÍSICA E O TDAH: TRATAMENTO E APRENDIZAGEM PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES ELIZABETH FERREIRA DE SOUZA 1 ROSANGELA DE ARRUDA SOUZA SANTOS 2 1 Aluna de graduação do curso de Licenciatura em Educação Física da Escola de Educação Física de Assis - IEDA/UNIESP 2 Aluna de graduação do curso de Licenciatura em Educação Física da Escola de Educação Física de Assis - IEDA/UNIESP

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A EDUCAÇÃO FÍSICA E O TDAH: TRATAMENTO E APRENDIZAGEM PARA

CRIANÇAS E ADOLESCENTES

ELIZABETH FERREIRA DE SOUZA1

ROSANGELA DE ARRUDA SOUZA SANTOS2

1 Aluna de graduação do curso de Licenciatura em Educação Física da Escola de Educação Física de Assis - IEDA/UNIESP

2 Aluna de graduação do curso de Licenciatura em Educação Física da Escola de Educação Física de Assis - IEDA/UNIESP

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RESUMO

Este trabalho tem por objetivo identificar a importância das aulas de Educação Física no desenvolvimento dos aspectos afetivo-social e cognitivo para crianças e adolescentes com idade entre 04 e 12 anos que possuem o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) de forma lúdica: o transtorno vem causando um significativo impacto no convívio familiar e social desta criança, no rendimento escolar, no desenvolvimento emocional e em sua autoestima. A metodologia utilizada foi a análise de referências bibliográficas pertinentes ao propósito do trabalho. Por estas crianças com TDAH possuírem dificuldade de se desenvolver juntamente ou no mesmo tempo dos seus colegas e pelas próprias características deste transtorno, cabe ao professor de Educação Física, em suas aulas, mediar e participar do desenvolvimento delas. O professor pode buscar mais informações transdisciplinares que possam colaborar com informações abalizadas para benefícios do ensino-aprendizagem com alunos com TDAH. Neste sentido, os textos revisados indicaram que quando se conhece bem os diagnósticos, as causas, as características e as consequências do TDAH pode se fazer com que haja melhor rendimento do próprio trabalho da interação e socialização entre professor e aluno. Palavras-chave: TDAH; Educação Física escolar; Inclusão escolar; Relação professor; aluno; Interação e socialização.

ABSTRACT

This work aims to identify the importance of Physical Education classes in the development of social-affective and cognitive aspects for children and adolescents aged from 04 to 12 years who have the Attention-Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) in a playful way: the disorder has caused a significant impact on family and social life of the child, in school performance, emotional development and self-esteem. The methodology used was the analysis of pertinent reference to the purpose of the work. For these children with ADHD having difficulty developing together or at the same time their colleagues and by the characteristics of this disorder, the teacher of Physical Education in their lessons facilitate and participate in the development of these children. The teacher may seek more information transdisciplinary to collaborate with authoritative information to benefit teaching and learning with students with ADHD. In this sense, the revised texts indicated that when it knows the diagnosis, causes, characteristics and consequences of ADHD can make there a better yield of own work and socialization of social interaction between teacher and students.

Keywords: ADHD; Physical education; School inclusion; Teacher; student relationship;

Interation and socialization.

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Introdução

Nos dias de hoje é comum encontrar crianças que apresentam conduta

inapropriada para sua idade. É difícil controlar seu comportamento, suas emoções e seus

pensamentos. Essas crianças têm grande dificuldade para prestar atenção e se

concentrar. É possível que todos esses sintomas não sejam falta de conduta educacional

familiar ideal, esses sintomas podem estar ligados a um distúrbio, um transtorno genético

conhecido por Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) que pode

ocorrer durante a gestação e pode ser identificado como um transtorno orgânico

desenvolvido por meio de situações externas. (REED, 2006). Os estudos só comprovam a

existência do distúrbio a partir de determinada idade que está relacionada ao período

escolar, ou seja, a partir dos 4 anos de idade. Antes desse período o diagnóstico não é

confiável, pois é nesta fase que se confunde o transtorno com um comportamento arteiro

da criança.

Dada esta situação, o presente estudo se justifica, pois há a necessidade de um

estudo mais aprofundado para que se chegue a um resultado positivo e mais seguro nos

quais as informações possam ser avaliadas com segurança e deste modo se possa

alcançar um diagnóstico relevante do possível problema.

Em função do que vem sendo descrito acima é que o presente estudo tem como

objetivo desenvolver um trabalho no qual se possa identificar o problema na criança e no

adolescente de 04 a 12 anos e tentar ajudá-los por meio das aulas de Educação Física.

Como produtos, a pesquisa abrange um campo de estudo complexo, porém com grande

área para busca de informações e conhecimentos sobre o assunto em questão, por meio

de pesquisas contendo citações de autores e ilustrações.

Quanto ao roteiro do conteúdo, este trabalho apresenta cinco tópicos, sendo o

primeiro a Introdução. O segundo Revisão de Literatura, relacionado ao levantamento

bibliográfico do assunto, no qual serão buscadas as informações baseadas em pesquisas

de autores e de especialistas, além de tópicos sobre as características atribuídas às

crianças e adolescentes com TDAH. O terceiro tópico aborda os benefícios da Educação

Física Escolar no conteúdo e na formação educacional da criança e dos adolescentes. O

quarto tópico apresenta alguns estudos relacionando de forma crítica e reflexiva às

questões relacionadas ao TDAH e às implicações com a Educação Física Escolar. Por

fim, as considerações finais que apontam caminhos para a inserção social dos portadores

do transtorno.

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1 - REVISÃO DE LITERATURA

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade é um dos mais frequentes

distúrbios que ocorrem em crianças. A Hiperatividade, uma deficiência neurobiológica de

origem genética, é um descontrole motor acentuado, que faz com que a criança tenha

movimentos bruscos e inadequados, mudanças de humor e instabilidade afetiva. É neste

sentido que o presente estudo segue descrevendo o conceito de Hiperatividade e as

formas de diagnóstico e de tratamentos conhecidos.

1.2 - TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

Não existe somente uma única forma de TDAH e com o tempo pode sofrer diversas

alterações. Afeta a criança na escola, em casa e na comunidade em geral, muitas vezes,

prejudica seu relacionamento com professores, colegas e familiares. É um transtorno que

se produz devido a uma alteração do sistema nervoso central. O fator hereditário influi

no desenvolvimento da síndrome, no qual cerca de 44% das crianças que tiveram pais ou

mães hiperativas sofrem com o problema. Muitos pais e professores sentem dificuldades

para identificar se a criança é portadora de TDAH ou se o que lhe falta são limites, pois as

crianças nesses estados podem apresentar sintomas parecidos. A complicação do tipo

neurológico se desencadeia em idades compreendidas entre os 3 e 4 anos, alcançando o

nível mais crítico aos 6 anos. Os especialistas apontam que as crianças com

hiperatividade não tratadas a tempo, terão problemas na adolescência e sofrerão

problemas para relacionar-se. No entanto, um tratamento contínuo à medida que a

criança vai crescendo permitirá que o transtorno se amenize, e inclusive que se consiga

controlar, já que a síndrome não tem cura.

O TDAH é mais percebido em meninos do que em meninas, numa proporção de 2

meninos para cada 1 menina e que nos meninos os principais sintomas são a

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impulsividade e a hiperatividade, e nas meninas a desatenção. Os índices variam

conforme a fonte de informação.

“Algumas crianças desenvolvem o transtorno bem precocemente, porém antes dos quatro ou cinco anos é muito difícil se fazer um diagnóstico preciso. É de origem orgânica e pesquisas apontam (Jensen, 1999) que as crianças mais propensas a desenvolver este transtorno são filhos de pais hiperativos (50%), irmãos (5% a 7%), gêmeos (55% a 92%) e que 50% a 60% ainda persistem com sintomas acentuados na fase adulta, pois não há cura” (GOLDSTEIN, 2006).

Muitos pesquisadores acreditam não ser hereditário e que seja consequência de

algum desequilíbrio da química do cérebro. O Transtorno é causado por um mau

funcionamento da neuroquímica cerebral. Ainda não foi descoberto o mecanismo exato,

porém estudos confirmam que há uma alteração metabólica, principalmente na região

pré-frontal do cérebro, principal reguladora do comportamento humano. Segundo

Goldstein; Goldstein, 1994 “Algumas crianças, entretanto, podem apresentar sintomas de

hiperatividade como resultado de ansiedade, frustração, depressão ou de uma criação

imprópria”.

“Este transtorno é considerado uma doença relacionada à essência de produção de determinados neurotransmissores que são substâncias produzidas em maior ou menor quantidade no sistema nervoso central e regula o funcionamento do mesmo,” (ARAUJO, 2003).

De acordo com o CONNERS (2009) não existe exame para diagnosticar TDAH, por

isso o diagnóstico é um processo de múltiplas e amplas avaliações. É preciso estar atento

à presença de sintomas que são parecidos com sintomas de outros transtornos.

Ansiedade, depressão e certos tipos de problemas de aprendizagem causam sintomas

semelhantes aos provocados pelo TDAH. O mais importante é ter cautela ao levantar o

histórico clínico da criança, na qual se inclui dados recolhidos de professores, pais e de

adultos que interagem de alguma maneira com a criança avaliada, um levantamento do

funcionamento intelectual, social, emocional e acadêmico, além de exame médico,

geralmente neuropediatra, bem como testes psicológicos ou neurológicos.

Segundo EIDT e TULESKI (2005), a questão é complexa e envolve fatores

macroestruturais e não apenas individuais. Este assunto demonstra ainda não haver

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consenso científico, existindo muitas lacunas a serem preenchidas com pesquisas mais

abrangentes, que considerem as diferenças sociais e culturais. A análise da literatura

sobre esse transtorno aponta dificuldades para o diagnóstico e intervenção com crianças

consideradas portadoras de TDAH, devido à falta de clareza e sua delimitação frente a

outros quadros com sintomas semelhantes.

“TDAH é uma doença de desenvolvimento comportamental e o tratamento é diferencial para cada grau do distúrbio. Para o nível mais baixo da doença se faz necessário apenas de um apoio psicológico enquanto no grau mais elevado é necessário a utilização de medicamentos psicoestimulantes juntamente com terapia comportamental. "(ARAUJO, 2003).

Sabe-se que o fator que mais caracteriza a hiperatividade é a pouca capacidade da

criança se concentrar e prestar a atenção no que está fazendo sem se distrair com outros

estímulos externos. Essas crianças estão sempre em movimento e não conseguem ficar

paradas mesmo que outras pessoas exerçam uma força enorme em sua direção, pois,

esse tipo de criança sente uma grande necessidade de prestar a atenção em estímulos

novos e por vezes sem relevância, passam uma impressão de que dificilmente

conseguem finalizar uma atividade iniciada, pois, assim que começa uma tarefa se

distraem e começam a fazer outra coisa e assim consecutivamente, deixando inúmeras

tarefas incompletas. Há de se concordar que a competência necessária para trabalhar

com tais fatos não faz, habitualmente, parte da formação dos educadores. Ainda que o

educador tenha ciência de que deve aceitar as crianças com necessidades especiais,

inclusive as hiperativas, em suas classes regulares, uma grande parte demonstra sérias

resistências para estar com essas crianças. Essa grande parte avalia que o número de

crianças que apresentam algumas dificuldades na aprendizagem é grande, e a presença

dessas crianças com TDAH ocasiona uma responsabilidade a mais, para o qual não se

acham preparados segundo a Associação Brasileira de Déficit de Atenção Associação

Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA, 2005).

O diagnóstico do TDAH é feito por profissionais especializados por meio de uma

avaliação clínica baseada no histórico de vida da criança. A avaliação é feita desde a

infância uma vez que o transtorno é crônico e já nasce com a criança.

Deste modo, é que a seguir será discutido no próximo tópico sobre as

características dessas crianças diagnosticadas com TDAH.

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CARACTERÍSTICAS ATRIBUÍDAS A CRIANÇAS DIAGNOSTICADAS COM TDAH:

O TDAH pode ser classificado em três tipos:

Predominantemente desatento:

• Não consegue prestar muita atenção em detalhes ou comete erros por descuido.

• Tem dificuldade em manter a atenção no trabalho ou no lazer.

• Não ouve quando abordado diretamente.

• Não consegue terminar as tarefas escolares, os afazeres domésticos ou deveres; de

trabalho.

• Tem dificuldade em organizar atividades.

• Evita tarefas que exigem um esforço mental prolongado.

• Perde coisas.

• Distrai-se facilmente.

• É esquecido.

Figura1 – Caricaturas demonstrando exemplos de distrações que podem ser sintomas de TDAH para a

criança com predomínio desatento.

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Fonte:

http://3bp.blogspot.com/_pjfacuuczo/siadijzghhi/aaaaaaaabfi/0egawv3s1vk/s200/hiperativi

dade6mold+2.jpg;http://www.neuropedi.com.br/hiperatividade_pais.htm;

http://www.hiperatividade_pais.htm

Predominantemente hiperativo-impulsivo:

Dificuldade em permanecer quieto.

Mãos e pés inquietos ou agitados.

Faz várias coisas ao mesmo tempo.

Se envolve em situações de risco.

Sensação de ansiedade e inquietude.

Sensação de algo a fazer ou pensar, ou que está faltando alguma coisa.

Baixo nível de tolerância: não sabe lidar com frustrações, com erros (nem os seus, nem

dos outros).

Instabilidade de humor, os fatores podem ser externos ou internos, uma vez que

costuma estar em eterno conflito.

Dificuldade em expressar-se: muitas vezes as palavras e a fala não acompanham a

velocidade da sua mente.

Dificuldade no domínio motor.

Noção temporal prejudicada.

Tendência a estar sempre ocupado.

Dificuldade de descontração ou sono.

Fala sem parar, sem dar oportunidades.

Podem mudar inesperadamente de planos, metas.

Sua impaciência faz com que responda perguntas antes mesmo de serem concluídas.

A comunicação costuma ser compulsiva, sem filtro para inibir respostas inadequadas, o

que pode provocar situações constrangedoras ou ofensivas: fala ou faz e depois pensa.

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Impaciência marcante no ato de esperar ou aguardar por algo.

Compulsividade (compras, jogos, alimento).

Tendência a não seguir regras ou normas.

Ações contraditórias.

Depressões por exaustão cerebral.

Dependência química.

Baixa autoestima / reclamações.

Tem um temperamento explosivo: não suporta críticas, provocações e/ou rejeição.

Figura 2 – Caricaturas demonstrando exemplos de distrações que podem ser sintomas de TDAH para a

criança com predomínio Hiperativo Impulsivo.

Fonte:

http://www.neuropedi.com.br/hiperatividade_pais.htm;http://2.bp.blogspot.com/_cAyplgCNqz8/R340enKHzkl/

AAAAAAAAAGY/nmK3F6rARW0/s400/hiperatividade.jpg

Predominantemente com TDAH combinado:

É aquela criança que apresenta os três sintomas.

• Pode apresentar elevada taxa de prejuízo acadêmico.

• Maior presença de sintomas de conduta, de oposição e desafio (TOD=Transtorno

Opositivo Desafiador, TC=Transtorno de Conduta).

Alguns especialistas dizem que o tipo predominantemente hiperativo/impulsivo e o

tipo combinado podem ser vistos como sinônimos (PHELAN, 2005).

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Figura 3 - Caricaturas demonstrando exemplos de distrações que podem ser sintomas de

TDAH para a criança com predomínio combinado.

Fonte: http://www.neuropedi.com.br/hiperatividade_pais.htm

E por meio deste estudo, buscaremos informações sobre a Educação Física

Escolar e seus benefícios para a saúde física, psicológica e social.

OS BENEFÍCIOS DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA FORMAÇÃO EDUCACIONAL

DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

A Educação Física Escolar surgiu da prática pedagógica, devido às necessidades

sociais nas quais podiam ser identificadas em diferentes momentos históricos dando

origem a diferentes entendimentos. A educação física quando inserida na escola, era

vista como uma matéria menos importante do que a matemática, história, língua

portuguesa, era visada como um momento para a prática da ginástica com a finalidade de

manter o corpo saudável. Após muitas reformas na ideia da própria educação física,

atualmente ela é uma disciplina complexa que deve trabalhar as suas próprias

especificidades e se relacionar com os outros componentes curriculares. (PCNs 1997)

A Educação Física escolar tem como um de seus objetivos atuar na criação de

uma interação e socialização entre os alunos. Já o educador deve levar aos seus alunos

atividades que permitam uma movimentação variada e explorar o seu corpo e o ambiente

em que estão situados, levando em conta o grau de desenvolvimento, em cada etapa da

vida escolar e faixa etária, dando-lhes plena liberdade e espontaneidade de movimentos

como saltar, correr, girar, arremessar, etc. Permitindo assim, vários benefícios como

desinibição para participação das aulas, descarga de agressividade, manutenção da

saúde e até corrigir equívocos nas atitudes e comportamento. Essas questões tornam-se

cada vez mais pertinentes já que a educação física presente nos currículos escolares é

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muitas vezes o momento em que a criança tem para a prática de uma atividade física.

Pois, cada vez mais a maioria das crianças vivem isoladas em apartamentos, em frente à

televisão, ao computador e rodeado de guloseimas e frituras, fazendo disso um hábito,

contribuindo para o surgimento de futuros sedentários. (PCNs 1997)

Cabe aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), documento oficial do

Ministério da Educação, dar apoio à execução do trabalho do professor, tendo por função

orientar e garantir investimentos no sistema educacional, socializando discussões,

pesquisas e recomendações, com participação de técnicos e professores. Trata-se de um

instrumento democrático, forçando a educação de qualidade para todos e a possibilidade

de participação social.

Como referencial nacional, os PCNs (1998) estabelecem metas com função de

subsidiar a elaboração ou revisão curricular de Estados e Municípios, dialogando com

propostas já existentes e na elaboração de projetos como material de reflexão para

Secretarias de Educação e cada instituição de ensino, em processo democrático e pelo

trabalho diário dos professores sob discussão e reflexão frequentes de forma

democrática, desde que esclareçam valores e propostas que orientam um trabalho

educacional que atendam as reais necessidades dos alunos. Dentro da Educação Física

Escolar segundo os PCNs (1998) devem haver três blocos de ensino. O primeiro bloco é

constituído de jogos, ginásticas, esportes e lutas, o segundo contém atividades rítmicas e

expressivas e o terceiro possui conhecimento sobre o corpo.

Já a Lei de Diretrizes e Bases (LDB – 9394/96 Art. 32) afirma que o objetivo do

ensino fundamental é a “formação básica do cidadão”. Em seus quatros incisos, o art 32

esclarece que esse objetivo será atingido mediante “o desenvolvimento da capacidade de

aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo” (

inciso I), “ a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político,da tecnologia,

das artes e do valores em que se fundamenta a sociedade” (inciso II), “ o

desenvolvimento da capacidade de aprendizagem tendo em vista a aquisição de

conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores” ( inciso III) e através do “

fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de tolerância

recíproca em que se assenta a vida social” ( inciso IV). (BRANDÃO, 2007 p. 87).

Para que seja feita uma socialização entre os indivíduos é necessário respeito

entre todos e um trabalho desenvolvido através de opiniões diversas discriminativas.

Quando o educador intervém, suas aulas deixam de ser somente fundamentos esportivos

e de treinamentos e passam a ser uma base social segundo Brandão (2007).

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Deste modo, o que se conclui é que a Educação Física é uma grande ferramenta

para a formação e a inclusão social do educando, seja ele portador de deficiência ou não,

desenvolvendo a responsabilidade, o trabalho em grupo, a cidadania e o respeito entre

todos.

A partir das informações é que a seguir será estudado como se pode entender e

fazer para ajudar as crianças com TDAH dentro do âmbito escolar através da Educação

Física.

COMO A EDUCAÇÃO FÍSICA PODE COLABORAR DE FORMA CRITICA E

REFLEXIVA NA EVOLUÇÃO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE COM TDAH

O presente trabalho tem por objetivo discutir a importância da Educação Física na

vida de crianças e adolescentes com TDAH e como um profissional da área deve agir em

suas aulas de forma adequada para com essas crianças. Muitos educadores necessitam

refletir a respeito de suas metodologias ou estratégias de aulas para turmas que possuem

crianças com esse transtorno. Já os profissionais da Educação Física precisam de um

preparo e interesse, além de dedicação e preocupação em identificar individualmente as

necessidades cognitivas e características desses alunos, criando novas metodologias de

ensino para um bom desenvolvimento e inclusão desses alunos dentro da realidade atual

em que elas vivem.

Toma-se como consideração que estas crianças possuirão mais dificuldades em

desenvolver os aspectos afetivo-social e cognitivo que seus colegas de turma, porém são

capazes de ter o mesmo desempenho através de estratégias desenvolvidas e

estimuladas pelo professor. (MACKENZIE, 2006).

Ao identificar o distúrbio por meio de questionários, o professor pode informar seus

superiores que entrarão em contato com os pais. Esses por sua vez serão orientados a

buscar ajuda especializada de médicos e psicólogos. Com o diagnóstico em mãos o

professor saberá lidar e agir com a criança durante sua aula para não diferencia-las das

outras, e assim buscar identificar suas dificuldades e limitações. É necessário que se faça

uma parceria entre professores, que é quem passa mais tempo com a criança e percebe

quando o aluno esta com problemas de aprendizagem, a família, para que possam dar

continuidade na evolução do mesmo fora do ambiente escolar, e dos médicos, deixando-

os sempre informado sobre o desenvolvimento da criança. A partir daí o professor

conseguirá dar andamento em suas aulas proporcionando atividades e técnicas que

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ajudem o aluno com o distúrbio a manejar com mais eficiência suas dificuldades sem

necessidade de parar o conteúdo programático, tornando a aula mais produtiva tanto para

ele quanto para os alunos. (MATTOS, 2000).

Com toda a informação necessária sobre a criança possuidora do transtorno, o

professor poderá utilizar-se do lúdico no processo de desenvolvimento e aprendizagem e

a partir daí aplicará brincadeiras e jogos para acalmar ou prender a atenção dessas

crianças, sem que o conteúdo programático seja alterado e que as outras crianças

consigam participar da atividade. ( BROTTO, 2001).

Os alunos têm o professor de Educação Física como uma figura presente e que

consegue com mais facilidade se aproximar, já que esse profissional possui

características de uma pessoa amiga capaz de perceber algo diferente em cada aluno e

tentar ajudá-los, fazendo com que eles sejam livres para expressar suas emoções.

Com um olhar voltado ao rendimento escolar dos alunos, o professor passará a ter

mais prazer em atuar, trazendo benefícios a ele, ao aluno, a família e a sociedade em que

esta criança vive. É importante ressaltar que aprendizagem apresenta grandes variedades

e combinações de dificuldades e pontos fortes para cada aluno, os professores de

educação física devem trabalhar com cada criança para identificar as áreas de distúrbio e

ajudá-las a desenvolver estratégias de adaptação e superação.

De uma forma geral o processo de ensino- aprendizagem não ocorre de maneira

uniforme com todas as crianças e adolescentes. Visamos com esse trabalho fazer

algumas reflexões e estratégias para trabalhar com esses discentes e a partir de então

focar os pontos fortes, assim permitir a interação do professor de educação física com o

conteúdo desenvolvido na disciplina. Lembrando que o TDAH é um distúrbio que ao ser

diagnosticado precocemente pode permitir que a criança tenha uma melhor qualidade de

vida social e pessoal.(NEIRA, 2003).

Passa-se a entender que a partir dessas informações dar-se-a início as

considerações finais do trabalho acima desenvolvido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos objetivos propostos no presente estudo que foi de realizar uma revisão

bibliográfica sobre as características atribuídas as crianças com TDAH e a inclusão

escolar das mesmas, que acredita-se que os benefícios da prática de atividade física

pelas crianças com o transtorno passaram a ter pontos positivos para o tratamento de

TDAH. Com relação ao desempenho dos profissionais envolvidos, a criança com TDAH

necessita ser observada pelo professor de forma que não a diferencie dos demais alunos,

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além de um preparo dos responsáveis pela criança no âmbito escolar para que possam

socializa-las e interagi-las através de atividades lúdicas.

Goldstein (1994) acredita que o transtorno é causado por fatores externos,

enquanto Araujo Filho (2003) acredita que fatores neurobiológicos e comportamentais são

os responsáveis pela ocorrência do distúrbio. Assim sendo, o TDAH necessita de uma

atenção e um estudo mais aprofundado para que se chegue a um diagnostico concreto.

Enquanto não se chega a uma resposta segura, é sugerido que os envolvidos com

crianças com o distúrbio busquem se informar e estudar sobre o comportamento

inadequado dessas crianças para que, através do lúdico, os profissionais da educação

física possa destacar os pontos fortes e camuflar os pontos fracos podendo aumentar a

autoestima do portador do transtorno e valorizá-los através da inclusão grupal e social, e

assim promover o desenvolvimento e crescimento de sua autonomia, além de promover

brincadeiras estruturadas que trabalhem e amenizem seus déficits na aprendizagem.

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Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte- Vol 5 numero especial, 2006 – Maria

Fernanda Tomé de Rizzo e Cristiane de Paula.