A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CIÊNCIAS DO ENSINO … · 6 Capítulo 1 - Parâmetros Curriculares...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO PRESENCIAL - CAMPUS TIJUCA
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL BRASILEIRO.
FLÁVIA DE CARVALHO MONTEIRO UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
Rio de janeiro
Fevereiro/2010
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A EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM CIÊNCIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL BRASILEIRO.
MONOGRAFIA APRESENTADA COMO REQUISITO PARA CONCLUSÃO DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO AMBIENTAL DA UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES.
ORIENTADOR: Professor Francisco Carrera
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SUMÁRIO
Introdução 4
Capítulo 1 - Parâmetros Curriculares Nacionais e os temas transversais 6
Capítulo 2 - A Educação Ambiental formal nas escolas 13
Capítulo 3 -O ensino de ciências e a educação ambiental no nível fundamental 19
3.1 - A reciclagem de lixo como uma proposta 21
3.2 - Projeto Gincana Calourosa: Recicle essa idéia 31
Conclusão 44
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INTRODUÇÃO
É inevitável no mundo atual que se deixe de discutir meio ambiente e as
influências positivas e negativas que o Homem pode exercer. Nessa balança,
quando as negatividades tendem a crescer, o meio ambiente global fica
ameaçado. É preciso mostrar para cada cidadão que um ato individual em prol do
meio ambiente é tão importante quanto grandes atitudes governamentais, pois a
soma dos esforços de todos é a saída para que se tenha um meio ambiente
saudável e garantia de sobrevivência das espécies do planeta, incluindo o ser
humano.
A questão da educação ambiental inserida nas aulas de Ciências no
ensino fundamental é de vital importância para a participação positiva do aluno e
futuro cidadão nas questões ambientais, fechando o cerco para um futuro com
pessoas comprometidas em preservar a natureza através de pequenos atos até
grandes atitudes. O fomento do saber e desejo da preservação ambiental devem
surgir na transdisciplinalidade entre as aulas de Ciências e meio ambiente no
ensino fundamental brasileiro.
A transdisciplinalidade entre a disciplina de Ciências no ensino
fundamental e as questões ambientais do mundo atual globalizado, favorecem a
fomentação das discussões sobre a educação ambiental, que pode ser promovida
no cotidiano escolar dos educandos brasileiros e trazem para um futuro próximo,
mudanças de comportamento em agressões ao meio ambiente feitas
repetidamente no dia a dia por muitas pessoas que nem se quer se dão conta
disso.
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O presente trabalho irá estudar as possibilidades de se inserir na prática
cotidiana dos alunos do ensino fundamental brasileiro, a educação ambiental nos
dias de hoje, dentro das aulas de Ciências com sua transversalidade dos
conteúdos sobre meio ambiente no meio técnico científico, no qual o ensino de
Ciências abrange. Foi elaborada uma pesquisa bibliográfica sobre autores
relacionados ao tema e informações retiradas da internet em sites oficiais e
diversos pertinentes ao assunto.
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Capítulo 1 - Parâmetros Curriculares Nacionais e os temas
transversais
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para temas transversais
foram elaborados pelo Ministério de Educação e do Desporto (MEC) em 1998 com
a intenção de ampliar e aprofundar um debate educacional que envolva escolas,
pais, governos e sociedade e dê origem a uma transformação positiva no sistema
educativo brasileiro. Foram incorporadas como temas transversais as questões da
Ética, da Pluralidade Cultural, do Meio Ambiente, da Saúde, da Orientação Sexual
e do Trabalho e Consumo.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais são documentos apresentados
como resultado do trabalho que contou com a participação de muitos educadores
brasileiros e têm a marca de suas experiências e de seus estudos, permitindo
assim que fossem produzidos no contexto das discussões pedagógicas atuais.
Inicialmente foram elaborados documentos, em versões preliminares, para serem
analisados e debatidos por professores que atuam em diferentes graus de ensino,
por especialistas da educação e de outras áreas, além de instituições
governamentais e não - governamentais. As críticas e sugestões apresentadas
contribuíram para a elaboração da atual versão, que deverá ser revista
periodicamente, com base no acompanhamento e na avaliação de sua
implementação.
A inserção dos temas transversais, sem abrir mão dos conteúdos
curriculares tradicionais, é uma tentativa de se influir no processo de
transformação social; e não podemos negar o papel institucional da escola e seu
potencial de influir significativamente na transformação da sociedade. Mas, para
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tal a realidade escolar precisa passar por uma mudança de perspectiva, em que
os conteúdos tradicionais deixem de ser encarados como “fim” da Educação. Eles
devem ser encarados com “meio” para a construção da cidadania e de uma
sociedade mais justa, como evoca Montserrat Moreno (2001).
O país que mais aprofundou a proposta dos temas transversais até o
momento foi a Espanha. A inclusão de temas transversais sistematizados em um
conjunto de conteúdos considerados fundamentais para a sociedade surgiu na
reestruturação do sistema escolar espanhol em 1989, com o objetivo de tentar
diminuir o fosso existente entre o progresso tecnológico e a cidadania.
Os temas transversais incorporados na reforma educacional espanhola
foram: Educação Ambiental, Educação para a Saúde e Sexual, Educação para o
Trânsito, Educação para a Paz, Educação para a Igualdade de Oportunidades,
Educação do Consumidor, Educação Multicultural e, como tema nuclear,
impregnando todos os demais temas e as matérias curriculares tradicionais, a
Educação Moral e Cívica.
Diferente da proposta espanhola, os PCNs incorporaram os temas
transversais nas disciplinas convencionais, relacionando-as à realidade. A
intenção foi trazer uma nova possibilidade de trabalho pedagógico que permitisse
o engajamento político-social com o conhecimento, ampliando, assim, a
responsabilidade do educador com a formação voltada à cidadania.
Neste aspecto, a abordagem a partir dos temas transversais pode
significar um salto de qualidade tanto no processo de formação dos alunos, que
passariam a entender o significado do que estudam como dos professores,
estimulados a enfrentar o conhecimento de forma mais criativa e dinâmica.
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Orientadores que elaboraram os PCNs se depararam com duas
dificuldades para propor a seleção de conteúdos para o tema transversal de Meio
Ambiente: a amplitude da temática ambiental e a diversidade da realidade
brasileira, com tantas características regionais. Esses fatores também se aplicam
aos professores em sala de aula. Para facilitar o direcionamento do tema, foi
definida como parâmetro uma aprendizagem que aborde as questões amplas e,
ao mesmo tempo, atente às especificidades regionais. As turmas do Sul não
devem, necessariamente, aprender o mesmo que as do Norte. Os conteúdos
devem abranger: postura participativa, com a conscientização dos problemas
ambientais; possibilidade de sensibilização e motivação para envolvimento afetivo;
desenvolvimento de valores para exercício da cidadania, como agentes de
gerenciamento do ambiente; visão integrada da realidade, contemplando a
dinâmica local e planetária e desvendando causas e problemas ambientais;
assuntos compatíveis com os conteúdos desses ciclos e que sejam relevantes à
realidade brasileira.
Não há dúvida que a educação ambiental é a conexão necessária para
transformar nosso presente, com suas características consumistas, em um futuro
sustentável onde produção e meio ambiente convivam harmonicamente. Os PCNs
trazem ferramentas com o objetivo de ajudar professores e alunos a tornarem-se
parte integrante e transformadora dessa máquina chamada produção
globalizadora. Nossas escolas não são a solução para todos os problemas
ambientais que testemunhamos, mas podem ajudar a formar cidadãos mais
comprometidos com o futuro desse planeta.
Precisamos parar de reproduzir o mundo do “eu-isso” tão mencionado
por Rubem Alves (2002), onde as pessoas consideram-se o centro do mundo, em
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torno das quais giram apenas objetos que podem ser manipulados, destruídos. O
meio ambiente não é um objeto, e ele responde às agressões que sofre. Então,
precisamos “conversar” com ele, compreendê-lo, tê-lo como aliado, não como algo
a ser explorado indefinidamente.
A inclusão da Educação Ambiental como tema transversal pelos PCNs
exige, portanto, uma tomada de posição diante de um problema fundamental e
urgente da vida social, o que requer uma reflexão sobre o ensino e a
aprendizagem de seus conteúdos: valores, procedimentos e concepções a eles
relacionados. Para Freire (1988), “A educação libertadora é incompatível com uma
pedagogia que, de maneira consciente ou mistificada, tem sido prática de
dominação. A prática da liberdade só encontrará adequada expressão numa
pedagogia em que o oprimido tenha condições de, reflexivamente, descobrir-se e
conquistar-se como sujeito de sua própria destinação histórica.”
Para a implantação da EA como tema transversal, podemos evidenciar
três dificuldades: a busca de alternativas metodológicas que façam mudar o
enfoque disciplinar da EA, que atualmente recai apenas para Ciências Físicas e
Biológicas; vencer a estrutura curricular que exige conteúdos mínimos, grade
horária, etc; e estimular professores a criar condições de trabalho que exigem
criatividade. Aqui se exige repensar o papel do professor enquanto transmissor de
conhecimentos, para uma nova ação reflexiva e criativa. Cabe à escola ser o
instrumento a serviço da coletividade, cumprindo e fazendo cumprir o exercício da
cidadania.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ou PCNs, são referências para a
organização de conteúdos curriculares. Eles se enquadram em uma política de
padronização dos currículos locais, sendo estes padronizados em nível nacional.
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A idéia de montar os PCNs no Brasil se inspira na iniciativa de criação de
um currículo nacional na Espanha, no início dos anos de 1990. A idéia foi bem
aceita por grande parte da comunidade docente espanhola. Pode-se dizer que a
reforma espanhola foi bem sucedida por dois fatores: a grande adesão da
comunidade docente à proposta e investimentos substanciais por parte do
governo espanhol para a efetivação do projeto.
No Brasil, a proposta inicial era a de que fossem ouvidos muitos
representantes dos profissionais de ensino, das entidades de classes ligadas à
educação e especialistas em currículos. Ao invés disso, o governo FHC submete a
proposta inicial de PCNs elaborada por César Coll, Philippe Perrenoud e outros
especialistas, a uma comissão nomeada pelo próprio governo, a fim de elaborar a
proposta final. A escolha deste grupo é questionável, dado que ele é pouco
representativo da sociedade.
Após anunciar a publicação dos PCNs, o MEC encaminhou às escolas
‘kits’ contendo o material institucional dos mesmos. Entretanto, sem um
treinamento específico, esses ‘kits’ de pouco serviram, e em muitas escolas não
tiveram uso algum. O governo FHC apresenta os PCNs no âmbito de seu arsenal
de propaganda institucional, sem, no entanto, definir se eles constituem
“parâmetros” ou diretrizes para a educação. Até hoje ainda há grande controvérsia
acerca dos PCNs e seu papel na realidade concreta das salas de aula, porém há,
no plano nacional de educação, a premissa de que até 2006 todas as escolas
deverão se enquadrar aos PCNs. Eles ainda apresentam grandes desafios para
sua efetivação, que têm sido enfrentados, e às vezes superados, devido a
iniciativas voluntárias de alguns docentes. Entretanto, não é razoável que uma
política pública dependa dessas ações individuais.
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A estrutura dos PCNs é pensada de modo a integrar as disciplinas
comuns dos níveis de ensino escolares, com uma perspectiva interdisciplinar, na
forma de temas transversais que perspassam os conteúdos das disciplinas. No
final, essa perspectiva interdisciplinar é complicada, e sem um adequado
treinamento docente, na prática se torna inoperante.
Os PCNs sugerem que o conhecimento pronto e as etapas exigidas de
aprendizado devem dar lugar a ações que levem a criança a buscar seu próprio
conhecimento. Para isto a sugestão é o uso dos temas transversais como ética,
pluralidade cultural, meio ambiente, saúde, orientação sexual e trabalho e
consumo.
No que concerne o conteúdo e sua importância, podemos enfatizar:
Orientação Sexual, devido ao crescimento de casos de doenças sexualmente
transmissíveis e gravidez indesejada entre jovens, há uma necessidade cada vez
maior de trabalho na área de sexualidade nas escolas. Outro tema transversal é o
meio ambiente passando pelas Ciências Naturais, onde os conteúdos da proposta
são trabalhados por temas, facilitando assim o trabalho interdisciplinar em
ciências. Os blocos sugeridos são: ambiente, ser humano e saúde, recursos
tecnológicos, terra e universo.
Em meio ambiente e saúde, constata-se Após a Constituição de 1988, a
educação ambiental tornando-se uma exigência constitucional. Os conteúdos de
meio ambiente serão integrados ao currículo através de transversalidade,
impregnando toda a prática educativa. Sendo assim, um dos métodos para atingir
os objetivos propostos pela Educação Ambiental (EA) é trabalhando-a no ensino
formal, ou seja, nas escolas por exemplo. Isso se torna muito adequado ao
proposto pelos PCNs.
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Para tanto, faz-se necessário trabalhar com o rompimento da visão
unilateral do ambiente, por meio de atividades interdisciplinares que proporcionem
a descompartimentalização do saber. Considerando a Educação Ambiental um
processo contínuo e cíclico. Isso pode ser enfatizado a partir de um dos Princípios
da Educação para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global
elaborados no Tratado de Educação Ambiental Para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global em 1992:
“A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e
inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seu contexto social e histórico.
Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente, tais
como população, saúde, paz, direitos humanos, democracia, fome, degradação da
flora e fauna, devem se abordados dessa maneira.”
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Capítulo 2 - A Educação Ambiental formal nas escolas
Quando o assunto é meio ambiente, os prognósticos para os próximos
cem anos são alarmantes. Como meio ambiente entende-se o “conjunto dos
elementos que, na complexidade das suas relações, constituem o quadro, o meio
e as condições de vida do homem, tal como são, ou tal como são sentidos”
(Canotilho, 1995, p. 10). Não se trata apenas de exagero dos ambientalistas. A
preocupação com o desenvolvimento sustentado ganhou espaço em
universidades, governos e grandes empresas. Finalmente percebeu-se que, se há
um limite para o crescimento das atividades do homem na Terra, essa linha
divisória é justamente o modo como o ser humano interage com a natureza.
Ruschmann (1999) afirma que “a inter-relação entre produção e meio ambiente é
incontestável, uma vez que este último constitui a matéria prima da atividade.
Atividade esta que deve ser avaliada e seus efeitos negativos, evitados, antes que
esse valioso patrimônio se degrade irremediavelmente”.
Apenas na década de 70 é que, pela primeira vez, depois do modelo de
desenvolvimento gerado a partir da revolução industrial as questões ambientais
passaram a ser oficialmente encaradas como questões globais, e de governos. A
Conferência de Estocolmo em 1972 marca o início do processo de compromissos
mundiais intergovernamentais e interinstitucionais acerca da minimização dos
impactos da ocupação humana sobre o meio ambiente.
Desde os primeiros movimentos ambientalistas a educação foi
considerada um instrumento fundamental de sensibilização, conscientização,
comunicação, informação e formação das pessoas como processos fundamentais
para a promoção do desenvolvimento sustentável, da consciência ambiental e da
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ética, de mudança de valores, de comportamento e da efetiva participação nas
tomadas de decisões no ensino formal e informal.
Na Constituição Brasileira de 1988, o artigo 225 enfatiza “ todos têm direito
ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. No
parágrafo 1º, inciso VI determina: “Promover a Educação Ambiental (EA) em todos
os níveis de ensino e conscientização pública para a preservação do Meio
Ambiente”. Já a promulgação da lei 9795/99 instituiu a Política Nacional de
Educação Ambiental (PNEA), oferecendo amparo legal à EA, responsabilizando e
envolvendo todos os setores da sociedade, e incorporando oficialmente a EA nos
sistemas de ensino.
A busca ao desenvolvimento sustentável é o desafio do momento. O
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global, elaborado durante a realização da Eco-92 enfatiza que
a EA deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser
humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar. Segundo Lanfredi
(2002), “A Agenda 21, que é o principal documento da Conferência das Nações
Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano (Rio-92), é a
metodologia mais consistente para alcançar o desenvolvimento sustentável”.
Em função de tudo isso, a Educação Ambiental tem o importante papel de
fomentar a percepção da necessária integração do ser humano com o meio
ambiente. Uma relação harmoniosa, consciente do equilíbrio dinâmico na
natureza, possibilitando, por meio de novos conhecimentos, valores e atitudes, a
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inserção do educando e do educador como cidadãos no processo de
transformação do atual quadro ambiental do nosso planeta.
Estabelece a Carta Magna que um dos instrumentos para assegurar a
efetividade do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é, justamente,
“a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública
para a preservação do meio ambiente” (Lanfredi, 2002). De fato, a educação
ambiental deve começar em casa, ganhar ruas e bairros. Deve gerar
conhecimento local e global que envolva pais, alunos, professores e comunidade.
E Seguin (2000) acrescenta que apesar das louváveis iniciativas de vários
segmentos da sociedade para implementar a EA nos diversos níveis escolares, ela
ainda não teve o retorno que merece. É precário no ensino de 3º grau, quando a
maioria dos cursos de nível superior não ministram a disciplina, impossibilitando
que os futuros profissionais tenham noção de como podem e devem participar da
preservação ambiental”.
Para alcançarmos uma formação de cidadãos capazes de transformar o
ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles, e contribuindo
ativamente para a melhoria do mesmo, Reigota (1994) enfatiza que a Educação
Ambiental não deve estar baseada, somente, na transmissão de conteúdos
específicos, levando em conta a não existência de um conteúdo único, mas sim de
vários dependendo das faixas etárias a que é destinado o contexto educativo. Há
também uma grande tendência em considerar a EA como conteúdo integrado às
ciências físicas e biológicas. Essa necessidade de se encontrar conteúdos, de
cumprir programas, é um empecilho ao entendimento correto da EA.
A Educação Ambiental se tornou uma das coqueluches nas escolas
brasileiras. Fazem parte dos conteúdos de EA do 3º e 4º ciclos desde formas de
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manutenção de limpeza do ambiente escolar, práticas orgânicas na agricultura,
modos de evitar o desperdício até como elaborar e participar de uma campanha
ou saber dispor dos serviços existentes, como órgãos ligados à prefeitura ou
organizações não-governamentais (ONGs). Os alunos devem reconhecer os
fatores que geram bem-estar à população. Para isso, precisam desenvolver senso
de responsabilidade no uso de bens comuns e recursos naturais, de que
respeitem o ambiente e as pessoas. Outra frente de trabalho é fazer com que os
jovens valorizem a diversidade natural e sociocultural, para compreender as
diferentes faces do patrimônio natural, étnico e cultural.
A EA é responsável por enfatizar a necessidade e articular iniciativas
integradas que promovam o equilíbrio entre os diferentes ecossistemas e culturas
da Terra. Esta ação parte da mudança de valores individuais transita pelo
conhecimento e respeito das particularidades locais, pela adoção de condutas
sustentáveis e abrange a totalidade do ambiente. O dever de reconhecer as
similaridades globais, enquanto se interagem efetivamente com as especificidades
locais, é resumido no lema de Pensar globalmente, agir localmente.
A escola é o espaço social e o local onde o aluno dará seqüência ao seu
processo de socialização. É de extrema importância que cada aluno desenvolva
as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais
construtivos, colaborando para a contemplação de uma sociedade socialmente
justa, em um ambiente saudável. Por isso, comportamentos ambientalmente
corretos devem ser aprendidos na prática, no cotidiano da vida escolar,
contribuindo para a formação de cidadãos responsáveis.
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Para atingir esses objetivos, e principalmente ir ao encontro do lema
supracitado, a escola é usada como base fundamental, onde o aluno aprende
formalmente aquilo que será tratado sucessivamente na vizinhança, na cidade,
região, no estado, país, continente e finalmente no planeta.
“Ensinar exige compreender que a educação é uma forma de intervenção no
mundo” Paulo Freire (1985)
Uma ação em EA, para ser efetiva, deve promover simultaneamente, a
construção do conhecimento, de atitudes e de habilidades necessárias à
preservação e melhoria da qualidade ambiental. Para tanto, se as práticas que
forem relacionadas às situações da vida real, ao contexto local da cidade, e à
realidade de alunos e professores, o resultado tende a ser positivo, pois auxilia no
trabalho da interdisciplinaridade, fazendo laços entre as atividades para que
possam convergir no primeiro passo da EA. A sensibilização, um processo de
alerta, o primeiro para alcançar o pensamento sistêmico que consistirá nas etapas
de: compreensão, onde o conhecimento dos componentes e dos mecanismos que
regem os sistemas naturais são construídos e interligados; responsabilidade, que
é o reconhecimento do ser humano como principal protagonista da mudança;
competência, onde é trabalhada a capacidade de avaliar e agir efetivamente no
sistema; cidadania, o passo onde o sujeito aprende a participar ativamente e
resgatar direitos, além de promover uma nova ética capaz de conciliar o ambiente
e a sociedade.
Porém, para que todos os objetivos sejam alcançados, é importante
utilizar uma metodologia adequada, que avalie todas as etapas do processo e
analise os avanços dentro do programa. Uma metodologia interessante para a EA
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é a Metodologia Planejamento, Processo, Produto (PPP), criada por Susan
Jacobson. A metodologia utilizada nesse processo incentiva a avaliação
continuada, ou seja:
“Em cada etapa do processo de um programa de Educação Ambiental é feita uma
avaliação para verificar a eficácia ou não do que está sendo aplicado. Com esta
metodologia, a avaliação passa a ser uma importante ferramenta nos projetos de
Educação Ambiental. Quando falamos em Planejamento estamos nos referindo à
fase de organização/planejamento do programa. O Processo é a fase da
implantação, execução de tarefas, atividades, etc. O Produto é o resultado do
programa, com seus acertos erros e conquistas”1.
Apostila do Curso de Educação Ambiental e Ética - módulo 6 - CENED
Dessa forma, todas as etapas do programa podem ser avaliadas,
analisadas, revisadas e corrigidas, aprimorando o desenvolvimento no processo e
reestruturando o programa de acordo com as demandas e/ou falhas encontradas.
A Lei N° 9.795 de 27 de abril de 1999e os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN´s), formalizam a necessidade da construção de uma rede de
conhecimentos, na qual todas as áreas do conhecimento interligam-se e
promovem o entendimento integral do ambiente. O envolvimento dos educadores
é importante para a articulação desta rede, onde todos irão ensinar e aprender
igualmente, promovendo o trabalho interdisciplinar e mostrando aos estudantes
que eles não são meros atores nesse contexto, mas sim parte integrante,
verdadeiros sujeitos transformadores, capazes de crescer pessoal, social e
ambientalmente!
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“Se a educação tudo pudesse, ou se ela pudesse nada, não haveria porque
falarmos de suas potencialidades e limitações” Paulo Freire (1985)
Capítulo 3 - O Ensino de Ciências e a Educação Ambiental no nível
fundamental
Já está muito claro que o professor, em sua dinâmica, deve valorizar a
experiência de seus alunos e dar abertura às discussões em sala de aula. E, em
se tratando especificamente do ensino de Ciências, o professor deve criar
situações de aprendizagem onde o aluno perceba que esta ciência está presente
no seu dia-a-dia com os diversos experimentos exemplificados nas atividades,
sejam elas em laboratórios ou não (dependendo da estrutura de cada escola), do
ensino de Ciências no ensino fundamental. Pensar nestes objetivos dentro de uma
sala de aula, para uns, pode parecer desafiador, já que muitas vezes o local não
favorece estas dinâmicas, e é justamente quando se é preciso superar tais
desafios, caminhando-se com a visão de meio ambiente do ensino de Ciências,
onde o aluno pode colher muitas informações construtivas, dependendo única e
exclusivamente do professor e não somente de seus recursos. Um ótimo caminho
a seguir é trabalhar temas com os alunos que podem facilmente ser inseridos no
cotidiano, sendo a reciclagem de lixo um deles. Esse assunto pode ser
direcionado em uma elaboração de um projeto transdisciplinar que envolva toda
comunidade escolar, como por exemplo, a elaboração de uma gincana que
promova a arrecadação de materiais recicláveis, tema que será desenvolvido
amplamente com o despertar da competitividade entre os alunos.
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A questão da exploração dos recursos naturais, feita pelo Homem, que
vem aumentando enormemente pode ser trabalhada em sala de aula com o tema
da reciclagem, onde a captação de matérias-primas vem de materiais já extraídos
da natureza, o que faz com que haja uma menor degradação de novos recursos,
além de diminuir a poluição de resíduos que são reciclados, minimizando o lixo,
um outro problema ambiental, atitudes que podem ser estimuladas com a gincana.
A reciclagem é uma solução para diminuir a degradação ambiental, daí a
importância de ordem prática e social do tema, que acompanha a evolução da
ciência e da pesquisa em benefício da comunidade, pode ser apresentada como
proposta de trabalho inserida em atividades do ensino de Ciências no nível
fundamental, onde há a origem da conscientização do aluno sobre meio ambiente
e sociedade onde vivemos e os seus recursos tão vitais para a nossa
sobrevivência.
Mas como ser agente efetivo deste processo? Organizando uma escola,
por exemplo, a participar de reciclagem de materiais, como: Pet, papelão, latinhas,
etc. Os resultados são em duas vias: A escola aumenta sua renda e o meio
ambiente fica mais preservado.
A fim de pensarmos em termos de adição, era preciso que o poder
público organizasse coletas seletivas de materiais, a fim de fomentar tal prática
além dos muros das escolas. No mundo, os países ricos possuem uma
porcentagem bem maior de reciclagem, em contraposição aos países pobres.
Colocar o mundo envolvido em uma idéia inicial de coleta seletiva em
uma escola é ter uma consciência ambiental global, onde cada aluno fazendo a
sua parte consistirá em uma corrente crescente, rumo a um futuro de mais
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esperança e de um desenvolvimento sustentável, onde há reposição do que foi
explorado da natureza, e esta agradece.
3.1 - A RECICLAGEM DE LIXO COMO UMA PROPOSTA
O problema está apresentado: embalagens de alimentos, caixas de leite
longa-vida, garrafas plásticas, latinhas de refrigerante, restos de comida, baterias
de celular e jornais velhos são, no final do dia, descartados.
O Brasil produz cerca de 100 mil toneladas de lixo por dia, mas recicla
menos de 5% do lixo urbano – valor muito baixo se comparado à quantidade de
material reciclado nos Estados Unidos e na Europa (40%). De tudo que é jogado
diariamente no lixo, pelo menos 35% poderia ser reciclado ou reutilizado, e outros
35%, serem transformados em adubo orgânico.
O lixo é um problema relativamente recente, já que, há algumas décadas,
era constituído basicamente por materiais orgânicos - facilmente decompostos
pela natureza. Mas com a mudança nos hábitos, o aumento de produtos
industrializados e o advento das embalagens descartáveis, o lixo tomou outra
dimensão e sua "composição" também mudou.
Hoje, em vez de restos de alimentos, as lixeiras transbordam de
embalagens plásticas (mais de 100 anos para decompor), papéis (de 3 a 6 meses)
e vidro (mais de 4.000 anos).
Mas o problema não é, propriamente, a característica do lixo produzido,
hoje, nos grandes centros urbanos, mas o destino dado a ele. Muitos desses
materiais podem ser reaproveitados ou reciclados, diminuindo, assim, as enormes
montanhas formadas nos lixões da cidade e, conseqüentemente, a degradação do
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meio ambiente. Outro aspecto importante da reciclagem, além da consciência
ecológica, é o fator social, que podem ser aprendidos nas escolas e direcionados
pelo professor de Ciências.
Dicas rápidas:
• Toda embalagem reciclável, antes de ser jogada no lixo seletivo, deve ser
lavada para não atrair insetos, nem ficar com cheiro forte, enquanto estiver
armazenada no prédio;
• Para tirar o grosso da sujeira das embalagens que serão destinadas à
coleta seletiva, aproveite a água servida da pia da cozinha. Isso também faz
parte do comportamento ecológico, porque a água é um recurso cada vez
mais escasso;
• A compra de lixeiras especiais é dispensável, pelo menos no momento
inicial do projeto. Evite gastos;
• Qualquer cantinho disponível, na garagem ou espaços livres debaixo das
escadas, é suficiente para armazenar o material reciclável do prédio;
• Os restos de alimento também podem ser reciclados. Com poucos recursos
é possível transformá-los em adubo;
• Não jogue as baterias de celular no lixo comum. As empresas produtoras já
estão se responsabilizando pelo recolhimento;
• As pilhas usadas, embora tenham substâncias tóxicas, infelizmente ainda
não têm um destino adequado. Por enquanto, têm de ser jogadas no lixo
comum. Evite acumulá-las para não haver contaminação;
• Não separe o lixo sem ter planejado primeiro para onde mandar.
Além dessas dicas que podem ser trabalhadas no ensino de Ciências, é
preciso atentar para o tempo de eliminação de alguns materiais na natureza, que
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podem ser facilmente visualizados pelos alunos, constatando-se o perigo
ambiental. Destacam-se a seguir, informações que medem o ciclo natural/temporal
de eliminação de algumas substâncias na natureza.
• Papel - Já é reciclado há décadas, como: papelão, jornais, listas
telefônicas, embalagens, revistas, etc. Papeis que tem restrições são os
usados como embalagens de produtos alimentícios, óleos e graxas, papel
para fax e papeis laminados, e os utilizados pelas lanchonetes.
Tempo - 2 a 4 semanas para decomposição.
• Materiais de construção - As pedras na construção chegam a mais de
10% do custo de uma obra no Brasil. Isso significa que, para cada dez
edifícios construídos, um é desperdiçado. Para o aproveitamento do entulho
das construções podem ser reusados em revestimentos, em contrapisos,
em tijolos, telhas e outros materiais, gerando assim uma economia e um
aproveitamento da sobra de materiais.
Tempo - sua decomposição é indeterminada.
• Metais - A reutilização do ferro e do próprio aço para sua produção em
substituição ao minério bruto, é uma atitude que vai ao encontro das
perspectivas da sociedade, pois a reutilização evita que novos recursos
sejam mais e mais explorados, evitando novas agressões ao meio
ambiente. No caso do alumínio, a reciclagem é um circuito fechado. O
programa permanente de reciclagem da lata de alumínio, implantado em
1994 no Brasil, compra qualquer quantidade de latas de alumínio vazias. O
processo é simples, essa troca faz com que o programa feche um circuito
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para a reciclagem em latinhas de alumíniol. Os números impressionam. Em
2001, 119,5 mil toneladas de alumínio foram recicladas. No total, foram
nove bilhões de unidades reaproveitadas; daria uma latinha e meia para
cada habitante do planeta. O Brasil ultrapassou o Japão e é o campeão
mundial de reciclagem de latinhas de alumínio, atividade que tira milhares
da miséria. Cerca de 500 mil pessoas vivem da reciclagem de lixo no Brasil,
150 mil exclusivamente do alumínio que pode render em média R$ 300
reais com essa atividade. Aproximadamente 15 mil escolas e instituições
estão cadastradas em programas permanentes de reciclagem de alumínio.
Duas mil empresas e ONGs estão envolvidas como atividades. onde 75
latinhas equivale a um quilo de alumínio. A reciclagem de alumínio no
mundo é a seguinte: Brasil com 85,0%, Japão com 82,8%, Estados Unidos
com 55,o% e Europa com 45,0%.
Tempo - 200 a 500 anos de decomposição para alumínios e 100 anos para outros
tipos de latas.
• Vidros - É 100% reciclável; isso quer dizer que todo vidro usado pode virar
vidro de novo. A reciclagem diminui a retirada de matéria-prima da natureza
e o acúmulo de embalagens nos lixões. Incluem-se garrafas de
refrigerantes, cervejas, sucos e águas não retornáveis, garrafas de vinho e
bebidas alcoólicas, potes de produtos alimentícios, frascos perfumes de
medicamentos, espelhos, cerâmicas, porcelana, etc.
Tempo - para decomposição é indeterminado.
25
• Plásticos - Os plásticos em sua maioria são produzidos a partir do petróleo,
um "recurso não-renovável" de matéria-prima, onde apenas 1% do petróleo
consumido no Brasil é utilizado para a produção de plástico. Estes materiais
são transformados em resinas plásticas, onde podem ter sua decomposição
química modificada e dar origem a diferentes tipos de plásticos. Os
materiais usados para fazer embalagens são chamados de
"termoplásticos", porque amolecem quando aquecidos, podendo ser
transformados em novos produtos. Os materiais plásticos coletados pela
coleta seletiva são levados para uma Central de Triagem. Na triagem os
diferentes tipos de plásticos são separados e enviados para as fábricas de
reciclagem onde são novamente derretidos para a fabricação de novos
produtos.
Tempo - 450 anos para a decomposição.
Após os alunos atentarem para essas informações anteriores colhidas na
edição da Revista Época de 03/11/08, pode-se ainda destacar informações
pertinentes ao dia a dia de suas residências, onde a quantidade e composição dos
resíduos domiciliares de uma região, caracterizam a sua população no que
concerne sua cultura e perfil de consumo. Assim, com o desenvolvimento do país
e o aumento da população, agravada pela concentração desta em determinadas
áreas urbanas, a questão dos resíduos sólidos toma magnitude tal que é
considerada como um dos mais importantes parâmetros do saneamento ambiental
Segundo a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, conduzida pelo
IBGE em 2000, apenas 33% dos 5475 municípios (1814 municípios), coletam
100% dos resíduos domiciliares gerados nas residências urbanas de seus
26
territórios. De acordo com a mesma pesquisa do IBGE são coletadas diariamente,
em todo o país, 228413 toneladas sendo 11067,1 por dia na Região Norte,
41557,8 por dia na Região Nordeste, 141616,8 por dia na Região Sudeste,
19874,8 por dia na Região Sul e 14296,5 por dia na Região Centro-Oeste.
Desse total coletado de resíduos domiciliares urbanos cerca de 20% é
disposto de maneira inadequada em vazadouros a céu aberto, aproximadamente
3% são enviados para unidades de compostagem e a incineração é o destino de
quase 0,5%. Para os aterros são destinados aproximadamente 73% do total
coletado de resíduos domiciliares urbanos.
Nos grandes centros urbanos do país a junção da alta densidade
demográfica e a escassez de áreas para tratamento e disposição adequada de
resíduos domiciliares criam pressões das mais diversas magnitudes nos diferentes
setores da sociedade bem como ao meio ambiente.
Em certas Regiões Metropolitanas, como a de São Paulo, não é
recomendável a utilização de um tipo único de resposta para a solução do
problema de resíduos domiciliares, pois o atual volume gerado, aproximadamente
14000 toneladas por dia, impõe o uso de diferentes ferramentas (usadas de forma
associada) na busca de solução com melhor custo-efetividade.
Todo este cenário nos conduz às ferramentas clássicas que incluem usinas
de separação, usinas de compostagem, aterros sanitários e incineradores. Além
destas ferramentas consideradas de "fim de tubo" é fundamental a participação
cidadã dos alunos no processo de minimização de resíduos domiciliares. As
indústrias brasileiras já mostram tendências à adoção de Tecnologias Limpas com
geração mínima de resíduos e economia nos seus insumos, porém, só 30% de
baterias e pilhas usadas são recicladas. A maior parte das baterias e pilhas
27
usadas continua indo para os lixões irregulares e sendo um risco para o meio
ambiente e para as pessoas.
O Brasil possui hoje em uso cerca de 35,6 milhões de telefones
celulares, cada um com uma bateria potencialmente poluidora, pois entre seus
componentes estão metais pesados como mercúrio, cádmio e chumbo.
Apesar do perigo que isso pode representar, não mais do que 30%,
segundo estimativas dos próprios fabricantes, têm uma destinação adequada -
são devolvidas para os fabricantes e recicladas. O resto está na casa das pessoas
ou nos lixões das cidades, a maioria dos quais irregulares.
É o começo dos problemas. Para tentar evitar danos ambientais com as
baterias, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) baixou, em 30 de
junho de 1999, a resolução 257, que estabelece os limites dos teores de cada
metal pesado na composição de pilhas e baterias e determina que seus
fabricantes e importadores implantem sistemas de reutilização, reciclagem,
tratamento ou disposição final delas. O prazo para a entrada em vigor da
resolução era de 24 meses.
A questão, segundo a coordenadora de Qualidade do Instituto Brasileiro
do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis em 2009 (IBAMA), Zilda Veloso, é
que essa resolução não tem poder de lei. "Ela não obriga ninguém a fazer ou
deixar de fazer qualquer coisa", explica. "Na verdade, seu principal objetivo era
apenas estabelecer os limites dos teores de mercúrio, cádmio e chumbo nas
pilhas e baterias. A resolução gerou, no entanto, uma expectativa na sociedade de
que seria criada uma espécie de plano nacional de recolhimento das baterias de
celulares. A idéia não era essa."
28
Com a entrada da resolução em vigor, em junho de 2001, o IBAMA
passou então a fiscalizar esses limites. "Tivemos uma surpresa", revela Zilda. "As
baterias e pilhas fabricadas no Brasil ou importadas legalmente atendem às
especificações da resolução 257 e, portanto, como prevê seu artigo 13, podem ser
‘dispostas com os resíduos domiciliares, em aterros sanitários licenciados’."
O problema é que apenas 10% dos municípios brasileiros têm aterros
licenciados - os dois de São Paulo estão nessa situação - pelos órgãos ambientais
de seus Estados. É uma brecha na legislação, que foge à alçada da resolução
257. Como cumprem o que lhes diz respeito, os fabricantes alegam não ter nada a
ver com o fato de os municípios não terem aterros licenciados - e por isso, muitos
não realizam programas de recolhimento das baterias usadas. Como licenciá-los é
de competência dos Estados, o Ibama não pode fazer nada. Assim, a maior parte
das baterias e pilhas usadas continua indo para os lixões irregulares e sendo um
risco para o meio ambiente e para as pessoas. Segundo Zilda, não existem
estudos sobre qual a intensidade desse risco. "Com o tempo e o conseqüente
acúmulo delas nos lixões, no entanto, ele vai crescendo", alerta.
Apesar da frouxidão da lei, algumas empresas que comercializam
baterias e pilhas desenvolvem sistemas de recolhimento das usadas. É o caso da
Motorola. "Temos um programa, em parceria com nossa rede de 130 lojas de
assistência técnica no País, nesse sentido", informa Luiz Sales, gerente da Rede
de Serviços da empresa. "Desde 1999, quando o colocamos em prática, já
recolhemos 26 toneladas de baterias usadas." Elas são enviadas para um centro
de reciclagem na França, com o qual a Motorola tem contrato. "Tudo é
reaproveitado", diz Sales. "As partes plásticas e os circuitos impressos são
29
incinerados, gerando energia elétrica. O aço e o níquel são fundidos e
reaproveitados. O cádmio, por sua vez, é purificado e também reutilizado."
A Suzaquim Indústrias Química Ltda., com sede em Suzano, também não
desperdiça nada das baterias e pilhas usadas, que recebe de grandes fabricantes
de celulares. "As carcaças são separadas dos componentes internos, moídas e
vendidas para empresas que reciclam de plástico", explica Fátima Santos, gerente
técnica da empresa. "Os metais, como cádmio, mercúrio, chumbo e cromo,
passam por vários processos químicos e de calcinação, que resultam em óxidos e
sais metálicos, usados como corantes para pisos cerâmicos e vidros."
Todos estes dados que rodeiam o dia a dia de alunos, professores e
demais membros da comunidade escolar, revelam que o perigo ambiental está
mais perto de nós do que se imagina.
Se fizermos um parâmetro entre lixo e Cultura, podemos perceber que a
composição química do lixo varia de acordo com a cultura e o grau de
desenvolvimento de cada país. No Brasil, a maior parte do lixo é composta de
matéria orgânica (60% a 65%, sem contar o papel). São restos de alimentos,
verduras, cascas de frutas, legumes, carcaças, etc. Ter bastante matéria orgânica
no lixo é uma característica dos países pobres. Nos países ricos, predomina o lixo
inorgânico: vidro, plástico, metal, além das embalagens de papel e papelão.
Os alunos geralmente adoram curiosidades. A seguir são citadas
algumas sobre o lixo, que podem ser trabalhadas no projeto a ser desenvolvido na
comunidade escolar e debatidos no ensino de Ciências.
• Os mais velhos resíduos do mundo foram encontrados na África do Sul e
têm cerca de 140 mil anos de idade. Esse lixo milenar - que contém ossos,
30
carvão, fezes e restos de cerâmica - oferece informações preciosas sobre
os hábitos de vida do homem antigo
• 2. No ano 500 a.C., Atenas criou o primeiro lixão municipal, exigindo que os
detritos fossem jogados a pelo menos 1,6 quilômetro das muralhas da
cidade
• 3. O inventor inglês Peter Durand patenteou a lata de lixo em 1810
• 4. Aterros sanitários representam a maior fonte de metano produzido pelo
homem. A cada ano, 7 milhões de toneladas de metano vão parar na
atmosfera
• 5. Os americanos produzem 212 milhões de toneladas de lixo por ano, das
quais 43 milhões de toneladas são restos de comida
• 6. Isso significa 711 quilos produzidos por habitante a cada ano
• 7. No Brasil, são 88 milhões de toneladas de lixo por ano, ou 470 quilos por
habitante
• 8. Das 13.800 toneladas de lixo produzidas por dia na cidade de São Paulo,
apenas 1% é reciclado
• 9. Curitiba é o município brasileiro que mais recicla: 20% de todos os
resíduos
• 10. No mundo, o Japão é um dos países que mais reciclam: 50% do lixo é
reaproveitado
• 11. Os americanos jogam fora 50 bilhões de latas de alumínio por ano.
Todas as latas desse material que foram para o lixo nos Estados Unidos
nas últimas três décadas valem quase US$ 20 bilhões
31
• 12. No quesito alumínio, o Brasil vai bem: é o país que mais recicla latas no
planeta. Em 2004, foram 9 bilhões de latinhas reaproveitadas, ou 96% da
produção total do país
• 13. Em 2002, o oceanógrafo americano Charles Moore vasculhou uma área
de 800 quilômetros quadrados do Oceano Pacífico e encontrou 4,5 quilos
de resíduos plásticos flutuando no mar para cada meio quilo de plâncton.
Fonte: http://revistaepoca.globo.com em 03/06/2009
Após diversas informações em torno dos argumentos sobre os amplos
benefícios da reciclagem de lixo, é preciso especificar um plano de ação dentro da
comunidade escolar, sendo apresentado a seguir um projeto teórico que pode ser
implementado pelo professor de Ciências em qualquer unidade escolar, tomando
como exemplo, uma escola da rede estadual de educação do Rio de Janeiro,
chamada Ciep Rainha Nzinga de Angola.
3.2 - Projeto Gincana Calourosa: Recicle essa idéia
Projeto de educação ambiental da Escola Estadual Ciep Rainha Nzinga
de Angola, situada na região da comunidade de Acari, em frente ao Morro da
Pedreira e ao lado de um lixão e do Rio Acari, próxima a uma localidade de baixa
renda, no bairro de Acari, no Rio de Janeiro, envolvendo alunos, pais e
professores direcionados ao projeto, que tem seu desenvolvimento a partir da
recepção dos novos alunos (calouros) pelos veteranos. Esse encontro é cercado
por atividades que introduzem a Educação Ambiental com tarefas direcionadas ao
recolhimento de materiais recicláveis e oficinas. O grupo (turma) que obtiver o
melhor resultado ganha um passeio custeado pelo material vendido, aumentando
32
a integração da comunidade escolar e despertando a educação Ambiental, que
será trabalhada ao longo do ano com atividades curriculares da escola de forma
interdisciplinar.
OBJETIVOS:
. Implantar a coleta seletiva de lixo na unidade escolar
. Estudar conteúdos de maneira mais contextualizada
. Estimular a mudança prática de atitudes e a formação de novos hábitos
. Relacionar formas simples e eficientes de proteger o meio ambiente
. Analisar criticamente a degradação ambiental
. Dar importância aos trabalhos relacionados à questão ambiental
.Complementar e reforçar ações de sensibilização através da educação ambiental
sobre reciclagem
. Estimular a coleta seletiva na casa dos alunos e até na comunidade
. Conscientizar os alunos da importância de selecionar o lixo, bem como suas
possíveis transformações
. Identificar que o lixo reciclável pode servir de fonte de renda para famílias
carentes
PÚBLICO ALVO
Alunos das séries iniciais (calouros) da comunidade escolar, totalizando 200
alunos de 5 turmas.
33
JUSTIFICATIVA
Após a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em
Estocolmo, 1972, a questão ambiental vem tendo grande repercussão mundial,
sendo discutida ainda nesta conferência, a educação para o meio ambiente. Em
1975 temos o I Seminário Internacional sobre Educação Ambiental, em Belgrado,
onde estão explicitadas suas metas e objetivos, determinando, por exemplo, que
esta deve ser contínua, multidisciplinar e integrada dentro das diferenças
regionais, entre outras características. De lá para cá, diversos outros encontros
internacionais e experiências em diversos países vêm sendo realizados visando a
implantação deste tipo de educação. Porém, o mundo e a sociedade
contemporânea estão passando por uma série de modificações estruturais que
nos obrigam a reavaliar aquilo que estamos fazendo em educação, tentando
alinhar este esforço à realidade que existe fora da instituição acadêmica, podendo
esta reavaliação ser estendida à educação para o meio ambiente. Estas
mudanças, que acontecem tanto dentro quanto fora da escola, constituem um
desafio para repensar esta instituição, no intuito de tentar responder a essas
modificações que estão sofrendo as representações, os valores sociais e os
conhecimentos disciplinares. Ao acreditar na necessidade da educação ambiental
para a conscientização da população e uma consequente mudança nos rumos de
nossa História, buscamos caminhos para implementar tal concepção de educação
no cotidiano escolar.
A Escola Estadual Ciep Rainha Nzinga de Angola, por situar-se ao lado de
um local de depósito de lixo e de uma comunidade carente, faz com que vários
alunos e familiares trabalhem ou já tenham trabalhado no local, separando
34
materiais para vender ou até mesmo comida para própria alimentação. O bairro de
Acari tem deficiências de infra-estrutura básicas, como saneamento, e em que a
população é constituída em sua maioria, de baixo poder aquisitivo. Na implantação
do vazadouro de lixo não houve nenhum estudo prévio ou instalação de infra-
estrutura adequada para a disposição de cerca de 50 toneladas de lixo semanais.
Nada foi feito visando a minimização dos efeitos negativos sobre o meio ambiente
e sobre a população. Ainda existem, porém, na região, áreas de vegetação sendo
uma floresta secundária, com aspecto de mata virgem, altura mediana.
A comunidade foi batizada com o mesmo nome do rio que passa nas
proximidades da região, que hoje é chamada de Favela de Acari e que, na
verdade, é a junção do Conjunto Amarelinho, construído no final dos anos 50 às
margens da Avenida Brasil e mais quatro localidades: Parque Acari, Vila Rica de
Irajá, Coroado e Vila Esperança. O Complexo de Acari iniciou seu processo de
ocupação em 1946 e apresenta um dos maiores índices de pobreza no Estado do
Rio de Janeiro.
O bairro confunde-se com a Fazenda Botafogo, conjunto de edifícios
habitacionais construídos nos anos 70, nos mesmos moldes da Cidade de Deus.
Na área hoje delimitada como bairro de Acari, existiam primeiramente grandes
fazendas, depois, os engenhos que cultivavam, dentre outros produtos, a cana-de-
açúcar. A região, até o século XIX, tinha ocupação predominantemente rural. A
partir de 1875, com a implantação da estrada-de-ferro Rio d’Ouro, por onde passa
hoje a Linha 2 do metrô, e no entorno da mesma, foram surgindo pequenos
núcleos urbanos que levaram, no início do século XIX, a novos loteamentos. É o
bairro com menor IDH da cidade, e menor renda da região. A Vila Nazaré está
entre a Av. Automóvel Clube e a rua Acuruí, onde sua origem data a partir de
35
1938. Em 1946, é inaugurada a Av. Brasil, outra divisa do atual bairro de Acari,
levando à implantação de muitas indústrias e a um crescimento junto à nova via.
Com a implantação da Linha 2 do Metrô o bairro ganhou a estação Acari-Fazenda
Botafogo. Nele foi construído também o Hospital Municipal Ronaldo Gazolla,
conhecido como Hospital de Acari, o segundo maior do município.
O Rio Acari é um dos maiores cursos d'água do Rio de Janeiro. Tem sua
nascente na Serra do Gericinó e sua foz no rio Meriti, o qual separa a capital
fluminense da cidade de Duque de Caxias. O Acari vem do extremo oeste da
cidade e termina na zona norte. Não é assoreado e apresenta uma vazão d'água
muito grande, incluindo alguns pontos com presença de mata ciliar. Foi um dos
últimos rios cariocas a morrer macrobiologicamente. Constatam-se ainda alguns
jacarés no Acari, porém os camarões de água doce há muito não existem mais. É
navegável, mas, por passar em comunidades de três facções criminosas
diferentes, deixou de ser usado como hidrovia. Há vontade popular de que o rio
Acari volte a ser limpo, visto que se tornaria uma relevante fonte de renda local,
ofertando lazer, pesca e transporte. Por conta dessas características, a questão
ambiental deve ser uma preocupação constante.
Os processos pedagógicos relativos à educação ambiental caracterizam-se,
principalmente, na participação, na qual é um aprendizado, cabendo à educação
ambiental resgatar valores humanos como solidariedade, ética, respeito pela vida,
honestidade, responsabilidade, entre outros. Desta forma, irá favorecer uma
participação responsável nas decisões de melhoria da qualidade de vida, do meio
natural, social e cultural.
As atividades de educação ambiental devem possibilitar aos educandos
oportunidades para desenvolver uma sensibilização aos problemas ambientais,
36
propiciando uma reflexão a respeito desses problemas e a busca de soluções.
Essas atividades de sensibilização devem ser um caminho para tornar as pessoas
conscientes de quão importantes são as suas atitudes. Sensibilizar é cativar os
participantes para que suas mentes se tornem receptivas às informações a serem
transmitidas. Meio ambiente tem a ver com as condições de vida das pessoas:
lixo, água encanada, lazer, educação, saúde e que envolve toda a nossa
concepção atual de sociedade e desenvolvimento. Desta forma, a educação
ambiental apresenta-se como um processo educativo que requer a participação
das pessoas na construção de uma melhor qualidade de vida, podendo ser um
agente dos processos de transformação social local, promovendo conhecimento
dos problemas ligados ao ambiente, vinculando-os a uma visão global.
Educação Ambiental deve se apresentar como um tema transversal, por ser
uma preocupação de toda a escola e da comunidade onde está inserida, e ainda,
que deve estar presente em todos os níveis e modalidades do processo educativo,
de maneira formal e não-formal. Diversas atividades são desenvolvidas com a
participação, em menor ou maior grau, de toda a Escola. O projeto vem a utilizar
recursos como excursões, cursos, palestras, artes, teatro, poesias,etc. Nas
atividades e trabalhos desenvolvidos, é preciso buscar sempre a melhor forma de
abranger o maior número de pessoas, a partir de conversas com os demais
professores da escola, buscando uma maior participação.
METODOLOGIA
Para se buscar uma melhor maneira de trabalhar, será preciso desenvolver
oficinas dentro da escola (projetos diferenciados, mas que giram em torno das
37
questões principais: meio ambiente e sociedade), além de atividades pontuais.
Todos têm o apoio e o trabalho de mais de um professor, em diversas áreas. Cada
um dos trabalhos tem seus objetivos próprios, mas que se agrupam formando um
todo.
Todo o trabalho está voltado para diversos assuntos, porém interligados
com os grandes temas centrais, que são os problemas socio-ambientais da escola
e da comunidade envolvida. Nota-se também, o esforço para promover atividades
interdisciplinares, envolvendo professores de diversas áreas em sua realização,
onde cada um tem o seu planejamento individual, suas etapas a serem
percorridas, seus objetivos, mas com visão interdisciplinar.
Essas mudanças devem ser de valores, muito mais profundas do que
simplesmente a transformação local e pontual de um problema. Para isso, quando
se salienta as atividades sobre a resolução de problemas, estas devem ser como
um tema gerador de discussões.
O projeto de coleta seletiva com a gincana dos alunos calouros, por
exemplo, não será limitado apenas à separação pura e simples do lixo produzido,
mas gerará discussões na escola, reflexões acerca da geração dos resíduos e do
destino final, com palestras e outros trabalhos relacionados com o tema, que será
complementado com a busca de uma maior sensibilização através da oficina de
arte com lixo. Outro exemplo está no jardim, no qual terá espaço uma produção
de mudas de árvores de mata atlântica, que serão utilizadas para doação à
comunidade e plantio na e pela própria escola, juntando-se a isso o trabalho em
sala de aula sobre a importância desse ecossistema e as causas da degradação
do mesmo.
38
Complementando o trabalho, a pesquisa sobre a flora do local e a maquete
da região dará uma visão geral ao público-alvo da situação atual da mata que
existia no local e do histórico desta degradação. Este histórico, por sua vez, terá
respaldo através da pesquisa da história da escola, que abrangerá certamente, a
comunidade e o local onde a escola se insere.
DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES:
OFICINAS:
O uso das oficinas traz a vantagem de, dentro de uma única situação-
problema, existir diversas formas de abordagem, podendo o trabalho ser
pulverizado pelos diversos professores atuantes, sanando as dificuldades de
tempo e envolvimento dos mesmos, do mesmo modo que cria uma cooperação na
busca de um objetivo em comum. Elas estão dispostas conforme descrições
abaixo:
- Maquete da Região. Com o apoio do professor de Geografia, no intuito de fazê-
los conhecer melhor o local onde vivem, sua geografia, suas mudanças e
problemas ambientais, um grupo de alunos construirá uma maquete da região de
Acari, utilizando material reutilizado. Esta ficará como acervo da escola e poderá
ser utilizada por qualquer professor ou professora que a queira utilizar em sala de
aula.
- História da Escola. Coordenados pelo professor de História, um grupo de alunos
pesquisará e escreverá a História da escola, na intenção de fazê-los conhecer a
39
trajetória do local onde estudam. Esta será resgatada através de entrevistas com
antigas funcionárias, professoras, diretoras, além de ex-alunos. De resultado final
teremos um pequeno livro produzido no computador, que será divulgado para o
maior número de pessoas possível.
- Oficina Arte com Lixo. Voltada para o aproveitamento de materiais reutilizáveis,
de forma a estimular a sensibilidade dos alunos, com produção de peças de arte e
utilitários. Procuraremos ter o apoio da professora de Artes para que este trabalho
entre em sala de aula, indo além da oficina e dos alunos que dela participam.
Faremos também toda a cenografia da oficina de teatro.
- Oficina de Teatro. Dentro da temática, um grupo de alunos escreverá e ensaiará
uma peça com estréia prevista para início de novembro. Esta peça tem como tema
a escola e alguns problemas vividos por eles, tais como a sujeira e a depredação
do espaço escolar, o conflito entre alunos, entre outros.
- Coleta Seletiva. Galões de lixo coloridos serão doados pela Comlurb. Outros,
menores, serão produzidos pelos alunos para serem colocados nas salas. Os
funcionários de limpeza receberam informações de como proceder, e um grupo de
alunos ficará responsável pela promoção e divulgação do trabalho, de sala em
sala, aos outros colegas.
- Trabalho de campo. Grupo de alunos que faz caminhadas ecológicas regulares,
acompanhados por um guia e professores de diversas áreas que queiram
participar. Com isso os levamos a conhecer lugares que, provavelmente, não o
40
fariam em outras circunstâncias. Uma empresa de ônibus fará o transporte,
quando os locais forem mais longe.
- Jardim Interno. Há um grande espaço aberto, dentro da escola, no qual um grupo
de alunos transformará em um jardim, com um viveiro de mudas, plantas
ornamentais, medicinais, uma pequena horta, e minhocário. Os alunos
responsáveis pelo jardim também podem entram em salas para divulgar o
trabalho, pedir contribuições (vasos, sementes, terra) e solicitar ajuda a mantê-lo
limpo.
- Concurso de Poesias. Em conjunto com os professores da Sala de Leitura e
com tema sobre meio ambiente, natureza e afins, um concurso de poesias em
toda a escola, com solenidade de premiação. Acontecerá no segundo semestre,
tornando-se no futuro permanente, ganhando novas roupagens, com temas
correlatos e apoio das professoras de português com trabalhos em sala de aula.
- Jornal Interno. Com a participação dos professores de português, será feito um
jornal com notícias sobre meio ambiente e a escola, com matérias feitas por
alunos e professores.
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� CRONOGRAMA
ATIVIDADES PRIMEIRO BIMESTRE
(1ª FASE)
SEGUNDO BIMESTRE
(2ª FASE)
TERCEIRO BIMESTRE
(3ªFASE)
QUARTO BIMESTRE
(4ª FASE) Solenidade de Abertura X
Maquete da Região X
História da Escola X
Coleta Seletiva X X X X
Jornal interno X X X X
Oficina Arte com Lixo X
Oficina de Teatro X X X
Trabalho de campo X
Jardim Interno X
Concurso de Poesias X
Avaliação do projeto X
Passeio de confraternização X
EQUIPE
A equipe será constituída por professores da unidade escolar, de acordo
com o cronograma e atividades descritas e um coordenador, que será o orientador
pedagógico da escola, tendo assistência do auxiliar administrativo da secretaria do
Ciep.
AVALIAÇÃO
A avaliação do projeto “Gincana Calourosa: Recicle essa idéia” será feita ao
final do Cronograma das ações que, conforme apresentado anteriormente, será de
um ano, divididos por quatro bimestres. Essa avaliação acontecerá através de
reuniões realizadas na escola, quando enfocaremos o número de profissionais e
alunos envolvidos, o quantitativo de recursos financeiros e materiais gastos ao
42
longo do ano, e o mais importante de tudo que é a avaliação dos resultados
alcançados.
Os instrumentos a serem usados serão:
1. Listagens de presenças de todas as atividades com o número de
participantes
2. O livro da História da Escola confeccionado pela oficina de mesmo nome
3. Fotos e vídeos das oficinas e atividades feitas na gincana
4. Pesagem do material recolhido na coleta seletiva ao longo dos bimestres
5. Questionários e entrevistas respondidas pelos alunos no início e ao final do
ORÇAMENTO
ATIVIDADES RECURSOS NECESSÁRIOS
CUSTO INDIVIDUAL
TOTAL POR
ATIVIDADE
TOTAL GERAL
Solenidade de Abertura
- Quadra do Ciep - 50 camisas personalizadas - Sistema de som - Mesas e cadeiras - Bandeiras (Brasil, Estado e escola) - 200 folders - 20 metros de tecido TNT branco
- Sem custo - R$ 5,00 - Sem custo - Sem custo - Sem custo - R$ 0,30 - R$ 0,70
R$ 324,00
Maquete da Região
- Ripas de isopor (alunos) - Palitos de picolé (alunos) - Tintas guache (alunos) - caixas de papelão (alunos) - Jornais antigos (alunos) - Cartolinas (alunos) - Barbante (alunos) - Papéis celofane (alunos) - Pequenos brinquedos (alunos) - Cola quente (alunos) - Tesouras (alunos)
- Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo
R$ 0,00
História da Escola
- Livro caixa manual grande - 10 Computadores pessoais
- R$ 18,00 - Sem custo
R$ 18,00
Oficina Arte com Lixo
- Jornais antigos (alunos) - Cola (alunos) - Barbante (alunos) - Tesoura (alunos) - Palitos de picolé (alunos) - Tintas guache (alunos)
- Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo - Sem custo
R$ 0,00
R$ 2.222,00
43
- caixas de papelão (alunos) - Sem custo
Oficina de Teatro - Auditório do Ciep - Cortina para o palco - Figurinos (alunos)
- Sem custo - R$ 30,00 - Sem custo
R$ 30,00
Coleta Seletiva - 5 galões de lixo (doação ComLurb) - 50 lixeiras feitas pelos alunos - Galão de tinta preta (18 litros)
- Sem custo - Sem custo - R$ 75,00
R$ 75,00
Trabalho de campo
- Aluguel de 4 ônibus (com desc.) - Lanche para 200 pessoas
- R$ 70,00 - R$ 3,00
R$ 880,00
Jardim Interno - 50 Mudas de plantas - 10 sacos de adubo orgânico - 10 colheres de jardineiro
- R$ 3,00 - R$ 2,00 - R$ 5,00
R$ 220,00
Concurso de Poesias
- Quadra do Ciep - 50 camisas personalizadas - Sistema de som - Mesas e cadeiras - 20 metros de tecido TNT branco -15 medalhas (3 alunos por turma)
- Sem custo - Já comprado - Sem custo - Sem custo - Já comprado - R$ 5,00
R$ 75,00
Jornal interno - Papéis almaços - Cópias mensais
- Sem custo - Sem custo
R$ 0,00
Passeio de confraternização
- Aluguel do ônibus - 50 entradas no sítio com almoço
- R$ 100,00 - R$ 10,00
R$ 600,00
OBS.: Os itens assinalados sem custo estão disponíveis no patrimônio da escola
ou serão trazidos pelos alunos.
Espera-se ao final desse Projeto que tenhamos resultados significativos
quanto à limpeza da escola e reciclagem do lixo, pois acreditamos que com o
envolvimento da comunidade escolar, reduzirá a quantidade de lixo jogado a céu
aberto nas mediações da comunidade de Acari, assim como obteremos resultados
positivos quanto aos diversos problemas associados ao lixo. Após a avaliação do
projeto, todos os resultados obtidos serão divulgados dentro da escola, junto aos
diversos parceiros envolvidos e através do jornal interno.
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CONCLUSÃO
As causas da degradação ambiental e dos problemas sociais locais vão
assim, se delineando aos olhos das pessoas envolvidas com os projetos. e
informações a respeito da preservação do meio ambiente efetivamente realizada
pelos alunos. Pretende-se com isso, suscitar muito mais do que a mudança
comportamental mecanizada, mas uma mudança baseada nos “porquês” dos
acontecimentos, o que gera a prevenção dos mesmos.
Alguns obstáculos deverão ser superados em um trabalho deste tipo dentro
de uma escola. Em primeiro lugar a necessidade de tempo livre. Geralmente os
professores trabalham em mais de uma escola e com todo o tempo ocupado com
a sala de aula. Isso dificulta qualquer ação que se queira realizar em educação
ambiental. Um trabalho deste tipo necessita de professores com tempo disponível
para atuar, também, fora de sala de aula.
Desta forma, uma equipe de professores, ou um professor responsável pelo
projeto, que articule as atividades e que faça as ligações com os demais
professores, é imprescindível, para que se divulguem as atividades, enfim, que
movimente toda a engrenagem, pois o sucesso de um trabalho deste tipo depende
da participação de todos na escola. Isto é facilitado se esta equipe, ou se este
professor tiver algum tempo livre para atuar fora da sala de aula.
O acolhimento dos novos calouros com a gincana forma um
comprometimento inicial a fim de tê-los integrados ao grande projeto da
comunidade escolar com as atividades que se seguem e com o incentivo de dispor
de um passeio feito no final do ano para a turma vencedora, com o lucro do
recolhimento de materiais reciclados.
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A educação ambiental é um processo, e como tal, não deve ser
interrompida no primeiro obstáculo. Os resultados vêm a médio ou longo prazo,
através de atividades que sucedem atividades que, com o tempo, envolvem a
todos em sua volta, desenvolvendo uma consciência crítica de respeito ao próximo
e ao meio ambiente.
Todos esses processos precisam ser norteados por parâmetros
nacionais, e estes surgem pelo poder público nos PCNs citados no início deste
trabalho, sendo complementados pelas práticas de abordagem do professor de
Ciências na sala de aula com informações direcionadas aplicadas ao cotidiano dos
alunos e um projeto de participação da comunidade escolar. Enfim o meio
ambiente agradece.
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Referências Bibliográficas
� MEC e INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) -
Evolução do Ensino Superior no Brasil – Graduação 1980, 1998 e 2000.
� MEC - O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e
programas. 2007.
� BIBLIOTECA PAULO FREIRE. Disponível em:
http://www.paulofreire.ufpb.br/paulofreire/principal jsp. (Acesso em 02 de
fevereiro de 2009)
� BRASIL, Governo Federal. Lei de diretrizes e bases da educação nacional nº
9394/96. Brasília: 1996.
� BRASIL, Governo Federal. Lei de educação ambiental nº 9795/99. Brasília:
1999.
� BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros curriculares nacionais. Brasília:
MEC, 1997.
� CONFERÊNCIA DE TBILISI - Conferência Intergovernamental sobre Educação
Ambiental aos Países Membros, 1977. Disponível em:
http://www.scribd.com/doc/95291/Conferencia-tbilisi-moscou?query2=tibilisi .
Acesso em 05 de fevereiro de 2009.
� DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas 3a. ed. São
Paulo: Gaia, 1994.
� TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES
SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/tratado.pdf.
Acesso em: 10 de fevereiro de 2009
� TEMAS TRANSVERSAIS EM EDUCAÇÃO: BASES PARA UMA FORMAÇÃO
INTEGRAL. 6ª ed. São Paulo: Editora Ática, 2001