A economia global

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A ECONOMIA GLOBAL INTRODUÇÃO A economia global é caracterizada por um elevado nível de internacionalização do capital, que não se limita apenas à produção, mas abrangendo o comércio, comunicações, transportes, cultura, finanças, serviços, social, político e ideológico. Estas características são próprias da globalização, que não passa de um estágio da internacionalização das relações de produção capitalista, que mostra uma forte interligação e interdependência entre as economias nacionais do mundo capitalista do sistema econômico. No presente trabalho analisei o cenário mundial que neste início de milênio se caracteriza pelo avanço e consolidação da globalização econômica especialmente financeira e produtiva que de modo geral vem possibilitando o crescimento e envolvimento dos organismos internacionais nas economias modernas nas últimas décadas. Esse fenômeno, no entanto, vem provocando alterações que se manifestam nas diversas áreas da vida privada e pública da maioria dos países no mundo.

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A ECONOMIA GLOBAL

INTRODUÇÃO

A economia global é caracterizada por um elevado nível de internacionalização do capital, que não

se limita apenas à produção, mas abrangendo o comércio, comunicações, transportes, cultura, finanças,

serviços, social, político e ideológico. Estas características são próprias da globalização, que não passa de

um estágio da internacionalização das relações de produção capitalista, que mostra uma forte interligação

e interdependência entre as economias nacionais do mundo capitalista do sistema econômico.

No presente trabalho analisei o cenário mundial que neste início de milênio se caracteriza pelo

avanço e consolidação da globalização econômica especialmente financeira e produtiva que de modo

geral vem possibilitando o crescimento e envolvimento dos organismos internacionais nas economias

modernas nas últimas décadas. Esse fenômeno, no entanto, vem provocando alterações que se

manifestam nas diversas áreas da vida privada e pública da maioria dos países no mundo.

A internacionalização da economia e os impactos do comércio internacional trouxeram

repercussões nas relações de produção com reflexos no nível de emprego dos países envolvidos,

principalmente os que estão em fase de desenvolvimento.

O ritmo e a forma como os países são inseridos neste processo são diferenciados e depende do

grau de desenvolvimento, das opções políticas e correlação de forças entre setores produtivos. Desta

forma, para melhor compreensão deste processo, impõe-se a análise da internacionalização do capital, da

globalização sob a ótica da mobilidade internacional do capital financeiro, do sistema de produção, do

emprego qualitativo no mundo e seus reflexo nos países pertencentes ao Mercosul.

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OS FLUXOS DO CAPITAL DO MERCADO DE TRABALHO

A economia das finanças internacionais a princípio não difere da economia do comércio

internacional, mas há diferenças significativas quanto a ênfase. A prática das finanças internacionais

tende a envolver maiores incertezas e riscos porque os ativos que são negociados estão associados a

fluxos de retornos que frequentemente se estendem por muitos anos no futuro. Os mercados de ativos

financeiros tendem a ser mais voláteis que os mercados de bens e serviços porque as decisões são

revisadas com mais frequência e são postas em efeito mais rapidamente. Existe uma suposição

compartilhada por todos de que uma transação negociada livremente beneficiará ambas as partes, mas

existe um perigo maior de que ela será prejudicial a outros.

Por exemplo, a má gestão dos empréstimos hipotecários nos Estados Unidos levaram, em 2008, a

falhas no sistema bancário e diminuição do crédito em outros países desenvolvidos, e reversões súbitas de

fluxos internacionais de capital levaram a crises financeiras nos países em desenvolvimento. E, devido a

incidência de rápidas mudanças, a metodologia da estática comparativa tem menos aplicações que na

teoria do comércio internacional, enquanto a análise empírica é mais amplamente empregada. Além disso,

o consenso entre os economistas quanto aos seus principais assuntos é mais estreito e mais aberto à

controvérsia que o consenso sobre o comércio internacional.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) adoptou uma nova ‘visão institucional’ quanto aos fluxos

de capitais, admitindo que estes comportam riscos e que, em certas circunstâncias, os países devem

adoptar medidas que permitam o seu controlo. Esta posição foi aprovada pela direcção do FMI tendo

como base o estudo técnico intitulado ‘A Liberalização e a Gestão dos Fluxos de Capitais – Uma Visão

Institucional’. Para o FMI as medidas de controlo dos fluxos de capitais devem ser ‘transparentes, terem

um objectivo definido e caráter temporário’ e não devem substituir os necessários ajustamentos

macroeconómicos, ou seja, apenas devem ser perfilhados quando não houver mais espaço de manobra no

plano da política monetária ou quando as alternativas possíveis demorarem a produzir efeito.

Num comunicado do Fundo divulgado no site da organização multinacional e datado de 3 de

Dezembro começa-se por recordar que ‘os fluxos de capitais globais aumentaram dramaticamente na

última década, de uma média de menos de 5% do PIB mundial durante a década 1980-1999 para um pico

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de cerca de 20% por volta de 2007’. ‘No passado, acrescenta o comunicado, as contas de capital dos

diferentes países oscilaram entre as contas completamente fechadas aos fluxos externos e as que se

mostravam completamente abertas àqueles fluxos. Apesar da maioria dos países ter caminhado em

direcção a uma maior abertura das respectivas contas de capitais subsistem ainda significativas

diferenças. A questão de quando, como e em que medida se devem liberalizar os fluxos de capitais tem

sido uma das mais controversas no debate a respeito da política económica global ao longo de décadas’.

A posição agora expressa pelo FMI não é nova. Desde 2009, ano em que os capitais começaram a

afluir massivamente às economias emergentes, para onde se deslocaram a partir sobretudo da Europa e

dos Estados Unidos na mira da obtenção de maiores rentabilidades e de maior protecção à crise que,

desde 2008, afecta severamente os países desenvolvidos, que o FMI dá mostras de tolerar algum controlo

de capitais, em contraste com as posições que defendeu nos anos de 1990, quando se assumia como

adepto incondicional da liberalização dos movimentos de capitais. Esta mudança de posição por parte do

Fundo tem a ver com o impacto dos afluxos de capitais sobre a moeda dos países alvos. A entrada de

capitais valorizou as moedas locais diminuindo a capacidade competitiva das exportações nacionais e

originou bolhas no preço dos activos.

O FMI mantém que ‘O livre fluxo de capitais em todo o mundo pode ter importantes benefícios

para os países e para a economia global’. E exemplifica: ‘os fluxos de capital podem ajudar o sector

financeiro de um país a tornar-se mais competitivo e sofisticado. A nível global, permite-lhe alcançar uma

melhor alocação de capital, a qual promove maior crescimento e contribui para um ajustamento mais

suave dos desequilíbrios económicos entre países’.

Só que o Fundo adverte agora mais explicitamente para os riscos comportados pelos fluxos de

capitais, considerando que estes ‘são voláteis e podem ser grandes em relação à dimensão dos mercados

financeiros de um país ou economia’. O que pode conduzir, adianta, a explosões ‘no crescimento do

crédito ou do preço dos activos e tornar os países mais vulneráveis ao contágio de instabilidade global’.

Para o FMI ‘a crise global é o último de uma série de eventos que têm mostrado que formuladores de

políticas devem estar atentos aos riscos, maximizando os benefícios dos fluxos de capital’.

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A nova ‘visão’ do FMI

O FMI sintetiza em 7 pontos a sua nova ‘visão’ para os fluxos internacionais de capitais, tendo o

cuidado de sublinhar que este ‘ponto de vista institucional’, reflectindo um consenso muito alargado entre

os seus membros, configura ‘uma orientação para os países-membros, sem prejuízo de tomar em

consideração as circunstâncias de cada país’ e que ‘não altera os direitos e obrigações dos membros’ do

fundo:

- Fluxos de capital podem ter benefícios significativos para os diferentes países. Ao mesmo tempo, eles

também comportam riscos, mesmo para países que se têm mostrado abertos e deles têm colhido

benefícios.

- A liberalização do fluxo de capital é geralmente mais benéfico e menos arriscado quando os países já

atingiram determinados níveis ou ‘limiares’ de desenvolvimento financeiro e institucional.

- A liberalização deve ser bem planeada, cronometrada e faseada de modo a garantir que os respectivos

benefícios superam os custos.

- Os países que adoptaram, há muito, extensas medidas para limitar os fluxos de capitais são

susceptíveis de beneficiar de uma maior liberalização de forma ordenada. No entanto, não há presunção

de que a liberalização completa é uma meta adequada para todos os países em qualquer momento.

- Surtos de rápida entrada de capital ou súbitas saídas ou interrupções dos fluxos de capital podem

originar desafios políticos. As respostas políticas adequadas a estes desafios envolvem tanto os países que

são destinatários dos fluxos de capital como aqueles onde têm origem os fluxos.

- Para países que têm de gerir os riscos associados a surtos de entrada ou saídas de capitais, cabe um

papel-chave às políticas macroeconómicas, bem como à supervisão financeira, à regulação e às

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instituições. Em determinadas circunstâncias, as medidas de controlo de fluxos de capitais podem

mostrar-se úteis. Elas não devem, no entanto, substituir-se aos necessários ajustamentos

macroeconómicos.

- Os formuladores de políticas em todos os países, incluindo os países que geram grandes fluxos de

capitais, devem ponderar até que ponto as suas políticas podem afectar a estabilidade económica e

financeira global. A coordenação transnacional das políticas ajudaria a mitigar o risco dos fluxos de

capital.

Para o director-geral adjunto do FMI, David Lipton, ‘temos de ser capazes de fornecer conselhos

claros e consistentes no que respeita aos fluxos de capitais e às políticas que lhes estão associadas’. ‘Este

trabalho, acrescenta Lipton, esclarece os trade-offs entre as opções de política para lidar com os riscos

associados aos fluxos de capital, aproveitando os benefícios da mobilidade do capital e aborda as

implicações da gestão dos fluxos de capitais na estabilidade económica e financeira global’.

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CRESCIMENTO E DESIGUALDADE

Relatório do Fundo Monetário Internacional sobre o panorama da economia no mundo,

apresentado, indica, com forte otimismo, que o crescimento continuará sendo a tônica das principais

nações industrializadas do planeta. Para o corrente ano, o FMI prevê crescimento da ordem de 4% para a

economia mundial, contra 3,3% registrados no ano passado.

A grande dúvida é quanto ao desempenho da economia americana, em ritmo aquecido de

crescimento ao longo dos últimos oito anos. Ela precisa crescer menos, sob pena de cair em processo de

inflação. Como o PIB americano representa cerca de 35% da economia global, qualquer movimentação

para baixo ou para cima logo mexe com o cenário geral.

Na previsão do FMI, a economia dos Estados Unidos deve crescer 4,4% em 2000, contra 4,2% de

1999, mas em seguida procederá a um "pouso suave", em 2001, recuando para um crescimento de 3%,

segundo o otimista relatório. O mesmo documento, registre-se, observa que a economia mundial terá no

corrente ano o melhor desempenho desde 1988.

Se a economia mundial cresce hoje mais do que nos últimos 12 anos, o Brasil acompanha o ritmo,

devendo manter índices de evolução anual da ordem de 4% a 5% ao longo da primeira metade da década.

O grande obstáculo para o Brasil será eventual desajuste no mercado acionário americano, cujas

últimas oscilações refletiram de imediato na Bolsa de São Paulo. Não apenas o Brasil, mas toda a

América Latina poderá sofrer os efeitos de queda no preço das ações das empresas americanas, pois têm

alto endividamento e déficits crônicos em suas respectivas balanças comerciais e conta correntes.

Nem todos os cenários, contudo, são róseos. Os técnicos do FMI alertam para o "lado sombrio"

que pode aparecer a qualquer momento, em decorrência de queda abrupta do índice Nasdaq. Nos últimos

dias, ocorreram as duas maiores quedas, acumulando, desde março, um recuo da ordem de 25% no índice

das empresas de alta tecnologia da Bolsa de Nova York.

Caso se configure uma "descompressão" do processo de crescimento da economia dos Estados

Unidos, provocado por repentina queda do índice Nasdaq e consequente redução de consumo e de gastos,

a economia americana poderia entrar em recessão e não fazer o chamado "pouso suave". Se isso

acontecer, não há dúvida de que países como o Brasil sofrerão revés duplo, tanto em razão do fim dos

investimentos externos, quanto pela dificuldade em manter suas exportações.

Apesar de positivo, o cenário do FMI para a economia mundial mantém altas dosagens de incerteza e

instabilidade. É o que os estudiosos das transformações do capitalismo chamam de "nova economia". Daí

a dramática urgência de medidas de proteção para a economia brasileira, que a equipe de Pedro Malan

precisa adotar - como a redução do déficit público -, pois, apesar de o Plano Real contar com quase seis

anos, ainda não foi feito de forma responsável e convincente.

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CONCLUSÃO

Pude concluir com este trabalho que o crescimento dos países, vem acelerando todos os dias.

Este crescimento é bom ou pode comprometer as bases do desenvolvimento no mundo. Ainda o

crescimento pode ocorrer nas grandes metrópoles de forma desigual, pois o mundo ainda tem seu

desenvolvimento comprometido.

É importante salientar também que o desenvolvimento no mundo ocorre de maneira desigual,

onde os que têm muito não cedem lugar aos que tem pouco e assim um grande circulo que não irá se

desfazer facilmente, pois a tendência é que nos próximos anos estes níveis venham piorar.