A dor dos queimados

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“Muitas perdas de visão podem ser evitadas em Angola” |Pag. 10 Pedro Albuquerque FALA POVO EXPO FARMA é já em Setembro A III Semana da Farmácia An- golana e 4ª Expo Farma reali- zam-se a 22 e 23 de Setembro próximo, no CC Belas. De acordo com o Bastonário da OFA, Boaventura Moura, “o evento apresenta um progra- ma científico de excelência e reunirá centenas de farma- cêuticos, técnicos de farmácia e outros profissionais de saú- de provenientes de todo o país e convidados da lusofo- nia” . Mais de 15 empresas fa- bricantes e distribuidoras de medicamentos já garantiram a sua presença como exposi- tores. Quais as razões que levam jovens a consumir álcool e drogas? A visão dos angolanos. |Pag. 16 O Caminho do Bem European Society for Quality Research Lausanne EUROPE BUSINESS ASSEMBLY OXFORD jornal Ano 7 - Nº 74 Julho/Agosto 2016 Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude a saúde nas suas mãos A N G O L A da Resistência crescente aos antimaláricos pode atrasar fase de pré- -eliminação da malária Em Luanda, a prevalência de Staphylococcus aureus meticilina-resistente, em infecções associadas aos cuidados de saúde, é superior a 60% e, actual- mente, uma das mais altas na África Subsariana. Na população pediátrica pode até mesmo chegar a 82,4%. Para além da resistência aos antibióticos, a resistência aos antimaláricos, nomeadamente aos regimes com combinações de artemisina (ACTs), é uma ameaça crescente em território angolano, conclui estudo do CISA. |Pag.6 Dormir bem 'reinicia' o cérebro A falta de descanso leva a que as ligações neuronais no cérebro fiquem sobrecarregas de actividade elétrica, a ponto de impedir a retenção de novas informações. |Pag. 8 A dor dos queimados Crianças com menos de 5 anos são as maiores vítimas Investigação em Angola Queimaduras aumentam. Saiba porquê e evite. Entrevista com a médica Lídia Dembi, directora do hospital Neves Bendinha |Pags.12 e 14 Essencial para criar novas memórias

Transcript of A dor dos queimados

Page 1: A dor dos queimados

“Muitas perdas de visão podemser evitadas em Angola” |Pag. 10

Pedro Albuquerque

FALA POVO

EXPO FARMA é já em SetembroA III Semana da Farmácia An-

golana e 4ª Expo Farma reali-

zam-se a 22 e 23 de Setembro

próximo, no CC Belas. De

acordo com o Bastonário da

OFA, Boaventura Moura, “o

evento apresenta um progra-

ma científico de excelência e

reunirá centenas de farma-

cêuticos, técnicos de farmácia

e outros profissionais de saú-

de provenientes de todo o

país e convidados da lusofo-

nia”. Mais de 15 empresas fa-

bricantes e distribuidoras de

medicamentos já garantiram

a sua presença como exposi-

tores.

Quais as razõesque levam jovens a consumirálcool e drogas?

A visão dos angolanos. |Pag. 16

O Caminho do BemEuropean Society for

Quality ResearchLausanne

EUROPE BUSINESS ASSEMBLY

OXFORD

jornalAno 7 - Nº 74Julho/Agosto2016Mensal Gratuito Director Editorial: Rui Moreira de Sá

MINISTÉRIO DA SAÚDEGOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA aude

a saúde nas suas mãosA N G O L A

da

Resistência crescente aos antimaláricos pode atrasar fase de pré--eliminação da maláriaEm Luanda, a prevalência de Staphylococcus aureus meticilina-resistente,em infecções associadas aos cuidados de saúde, é superior a 60% e, actual-mente, uma das mais altas na África Subsariana. Na população pediátrica podeaté mesmo chegar a 82,4%. Para além da resistência aos antibióticos, a resistênciaaos antimaláricos, nomeadamente aos regimes com combinações de artemisina(ACTs), é uma ameaça crescente em território angolano, conclui estudo do CISA. |Pag.6

Dormir bem 'reinicia' o cérebro A falta de descanso leva a que as ligações neuronais no cérebro fiquem sobrecarregas de actividade elétrica, a ponto de impedir a retenção de novas informações. |Pag. 8

A dor dosqueimados

Crianças com menos de 5 anos são as maiores vítimas

Investigação em Angola

Queimaduras aumentam. Saiba porquê e evite. Entrevista com a médica LídiaDembi, directora do hospital Neves Bendinha |Pags.12 e 14

Essencial

para criar

novas

memórias

Page 2: A dor dos queimados

2  EDITORIAl Julho/Agosto 2016 JSA

Conselho editorial: Prof. Dr. MiguelBettencourt Mateus (coordenador),Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra.Arlete Borges, Dr. Carlos (Kaka) Al-berto, Enf. Lic. Conceição Martins,Dra. Filomena Wilson, Dra. HelgaFreitas, Dra. Isabel Massocolo, Dra.Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dú-nem, Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr.Josinando Teófilo, Prof. Dra. MariaManuela de Jesus Mendes, Dr. Mi-guel Gaspar, Dr. Paulo Campos.Director Editorial: Rui Moreira de Sá

[email protected]; Redacção: Cláudia Pinto; FranciscoCosme dos Santos; Magda CunhaViana.Correspondentes provinciais:Elsa Inakulo (Huambo); Diniz Simão(Cuanza Norte); Casimiro José(Cuanza Sul); Victor Mayala (Zaire)MARKETING E PUBLICIDA-

DE: Maria Luísa Tel.: + 244 928013 347 E-mail: [email protected] Fotografia: JorgeVieira. Editor:Marketing For You, Lda- Rua Dr. Alves da Cunha, nº 3, 1º an-

dar - Ingombota, Luanda, Angola,Tel.: +(244) 935 432 415 / 914 780462, [email protected]ória Registo Comercial deLuanda nº 872-10/100505, NIF5417089028, Registo no Ministérioda Comunicação Social nº141/A/2011, Folha nº 143.

Delegação em Portugal:Beloura Of-fice Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sin-tra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247670 Fax: + (351) 219 247 679

Director Geral: Eduardo Luís MoraisSalvação BarretoPeriodicidade: mensal Design e maquetagem:Fernando Al-meida; Impressão e acabamento: DamerGráficas, SATransportes: Francisco Carlos de An-drade (Loy)

Tiragem: 20 000 exemplares. Audiência estimada: 80 mil leitores.

FICHA TÉCNICA 

Parceria: 

www.jornaldasaude.org

Para esta edição, preparámos um conjunto de matérias, algumas

com base em entrevistas a especialistas, que julgamos ser do

maior interesse para o leitor interessado em melhorar a sua saú-

de e para o profissional se manter actualizado nas áreas que não

são da sua especialidade.

O tema de capa – as queimaduras – reflecte uma realidade que

nos é próxima por ser tão frequente. Lamentavelmente, as con-

dições em que vive a maioria da população são propícias a originar

acidentes desta natureza, sejam provocados por choques eléctri-

cos, ou por água a ferver, explosões de botijas de gás, velas, enfim

uma infinidade de causas. Ainda assim, há precauções que os cida-

dãos – mesmo das camadas mais desfavorecidas – podem tomar

para evitar as ocorrências, principalmente em crianças que são as

maiores vítimas. Em Luanda, o hospital que em primeira linha

acolhe os queimados é o Neves Bendinha. Apesar das dificuldades,

atende cerca de 20 acidentados por dia e interna seis, para além

da prestação de cuidados primários, consultas e urgências em ou-

tras áreas, conforme nos relatou a sua directora, Lídia Dembi.

Pedro Albuquerque fala-nos das principais doenças do foro oftal-

mológico, recomenda a consulta regular a um oftalmologista e de-

fende a tese de que é possível diminuir muitas perdas de visão em

Angola caso o país possua mais especialistas pediátricos, de forma

a detectar-se precocemente cataratas congénitas em crianças que

podem ser operadas até aos três meses de idade. Fique ainda a

saber como prevenir as conjuntivites.

As razões que levam os jovens a consumir álcool, drogas e a

abraçar a criminalidade é um tema central na sociedade actual.

Angola não é excepção. Fomos saber a opinião dos cidadãos e

consultámos uma especialista, a psiquiatra Fausta Sá Vaz da Con-

ceição. Aqui ficam algumas pistas para reflexão e investigação

posterior.

A problemática da resistência aos antibióticos é abordada nesta

edição com um artigo da autoria de três investigadores do CISA.

Finalmente, saiba também quais os exercícios para manter o seu

cérebro jovem e activo, os benefícios de uma boa noite de sono

e as propriedades e efeitos do limão na saúde.

Na saúde é assim: quanto mais souber, mais ela melhora

Rui MoReiRa de Sá

Director [email protected] O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças

ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente

responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos

e o desenvolvimento sustentável do país.

QUADRO DE HONRAEmpresas Socialmente Responsáveis

Page 3: A dor dos queimados

n Angola passou a contar commais 11 técnicos de saúde habi-litados com conhecimentosteóricos e práticos sobre os di-ferentes métodos modernos deplaneamento familiar, em par-ticular nas práticas de inserçãoe remoção de implantes e dodispositivo intra-uterinos(DIU), vulgarmente conhecidocomo “mola”, após terem con-cluído com sucesso a respecti-va acção de formação.

O curso “Capacitação / Refresca-mento de Formadores em Pla-neamento Familiar”, com a dura-ção de dez dias, decorreu na ma-ternidade Lucrécia Paím, emLuanda, e foi promovido pela Di-recção Nacional de Saúde Pública(DNSP), em parceria com Popu-lation Services International (PSI)e o Fundo das Nações Unidas pa-ra a População (UNFPA).

De acordo com o director daDNSP, Miguel dos Santos Oliveira,“esta formação enquadra-se nosesforços do Ministério da Saúde(MINSA) para que o planeamen-

to familiar seja visualizado comouma importante estratégia para aredução da morbilidade e morta-lidade materna e infantil, permi-tindo o crescimento socioeconó-mico das famílias e do país”.

O curso é resultado da parceriado MINSA com o Projecto de Saú-de da Mulher (PSM) que está a serimplementado pela PSI/Angola,desde Janeiro de 2016, com térmi-no previsto para Dezembro de2018. O PSM tem como principalobjectivo contribuir para a redu-ção da mortalidade materna,através do apoio nas acções im-plementadas para a redução donúmero de gravidezes não dese-jadas, por via do reforço da pro-moção do planeamento familiar.

A cerimónia de encerramen-to, no dia 1 de Julho, presidida pe-lo director da DNSP, Miguel dosSantos de Oliveira, contou com aparticipação da directora da ma-ternidade Lucrécia Paím, Adelai-de de Carvalho, a representantedo UNFPA em Angola, FlorbelaFernandes e a representante daPSI Angola, Anya Fedorova.

3ACTUAlIDADEJulho/Agosto 2016 JSA

Técnicos de saúde concluem curso de planeamento familiar

Com vista à redução de gravidezes não desejadas

Francisco cosmE

com rui morEira DE sá

n A Johnson & Johnsonprocedeu ao relançamen-to da distribuição da suamarca em Angola, pelamão da Hospitec, numevento realizado emLuanda, no final de Julho,que contou com a presen-ça de largas dezenas deconvidados, entre médi-cos, responsáveis da saú-de e corpo diplomático.

Na ocasião, o director exe-cutivo dos dispositivos mé-dicos da Johnson & John-son para África, Christop-her Norman, defendeu queé “em momentos difíceisque se deve apostar mais nasaúde das populações, eAngola não é excepção”.

O director da CECOMA,Boaventura Moura, que fa-lava em representação daSecretária de Estado daSaúde, saudou “o regressodos produtos com a marcaJohnson & Johnson ao ter-ritório nacional e reconhe-ceu “os esforços e a confian-ça desta empresa e da dis-tribuidora Hospitec”.

O responsável da Hospi-

tec, Pedro Perino, salientouque o mercado angolanopode esperar da sua em-presa a continuidade deum bom serviço, a forma-ção de mais profissionais, euma maior aposta no capi-tal humano em várias áreasda medicina.

Durante o evento, o JSfalou com alguns dos médi-cos presentes. Para o orto-pedista especialista em ci-rurgia do joelho e trauma-tologia desportiva, AlbertoLemos, “já trabalhei com osprodutos da Johnson &Johnson, utilizei-os em in-tervenções cirúrgicas da

anca, durante muitos anos,fiz artroplastia e consideroas próteses da Johnson deboa qualidade”. Este profis-sional considera que “o re-lançamento da Johnson &Johnson em Angola foiuma grande iniciativa daHospitec, porque sendouma das melhores empre-sas do mundo é uma mais-valia para o país, sobretudopara o sector da saúde”.

Também para o cirur-gião especialista em gineco-logia e obstetrícia, SérgioDelegado Travessio, “co-nheço perfeitamente osprodutos da marca, desde a

minha actividade em Hava-na, e são os melhores. Até aomomento não existe ne-nhuma outra marca nomundo que esteja à alturade concorrer com a John-son & Johnson em todos osseus aspectos”. O médicoentende que “o relança-mento desta marca em An-gola é muito proveitoso,porque a classe médica pre-cisa de produtos com gran-de qualidade, como fios desutura, drenos e reservató-rios, hemostáticos e outros,que fazem falta no mercado,e até agora eram adquiridosna Europa, ou fornecidospor revendedores que osimportavam, o que obrigavaos pacientes a pagarem tra-tamentos mais caros”.

Entre outros, a Johnson &Johnson disponibiliza equi-pamentos para esterilizaçãoa baixa temperatura, desin-fecção, neurocirurgia, ar-troscopia, coluna, trauma-tologia, maxilo-facial, cirur-gia, ortopedia com prótesesartificiais para cirurgias daanca e joelho, infertilidade,histeroscopia, urologia e sis-tema de fechamento da pele(Dermabond).

Na cerimónia estiveramainda presentes, a respon-sável comercial da embai-xada dos EUA, Júlia Guer-reiro, o director regional dacompanhia, Bassem Bibi eo director em Angola e Pa-lops, Miguel Martins.

Johnson & Johnson relança a distribuição da marca em Angola

Através da Hospitec

A representante do UNFPA em Angola, Florbela Fernandes, entrega o

diploma a uma das profissionais de saúde, Angelina Domingas da Silva.

Na mesa do presidium, o director da DNSP, Miguel de Oliveira, a repre-

sentante da PSI Angola, Anya Fedorova (na imagem) e a directora da Ma-

ternidade Lucrécia Paím, Adelaide Carvalho

As técnicas de saúde que concluíram o curso com aproveitamento estão

agora mais capacitadas na área do planeamento familiar

Page 4: A dor dos queimados

n Carlos Vicente lembrouque a Labconcept entrou nomercado da comercializa-ção e distribuição de equipa-mentos hospitalares, “com oobjectivo de trazer para An-gola marcas de qualidadeem equipamentos e servi-ços, colmatando assim asfragilidades e indo ao encon-tro das necessidades do mer-cado”.

Realçou ainda as parce-rias estabelecidas entre aLabconcept e destacadasmarcas internacionais comoa Abbott, Analyticon, R-Bio-pharma, Medec, Alere,Atlanticonceito entre outras,“que têm vindo a contribuirpara a segurança e qualida-de dos procedimentos naárea laboratorial e nos ban-cos de sangue”. O diagnósti-co laboratorial é o pontoprincipal e exacto para umbom diagnóstico e conse-quente tratamento por partedo profissional de saúde. “A

aposta nesta área permiteantecipar e agir de acordocom o necessário, permitin-do ao doente um tratamento

adequado e ajustado”, garan-tiu. Os bancos de sangue têmsido uma das grandes preo-cupações da empresa, à qualtem dedicado grande partedo seu trabalho, conforme oJS tem relatado. “Uma trans-fusão exige segurança e qua-lidade e com os equipamen-tos que comercializamos te-mos conseguido passar essasegurança para os profissio-nais da área, garantido umserviço de excelência”, asse-gurou o director.

Carlos Vicente recordouque a Labconcept surgiu dada iniciativa de três mento-res, com o objectivo de de-senvolver uma actividadeque, para além da comercia-lização de medicamentos dequalidade, contemplasse adistribuição de produtos eequipamentos laboratoriaise hospitalares, com destaquepara as áreas ortopédica eendoscópica, incluindo aprestação de serviços com-plementares de formação,consultoria e assistência téc-nica. Avançou que a Labcon-cept pretende agora investirem duas áreas distintas co-mo a da microbiologia e a docontrolo da qualidade dasempresas alimentares e deprodução de águas.

Entre outras individuali-dades, marcaram presençana comemoração do 5º ani-versário da Labconcept, emLuanda, médicos, profissio-nais de saúde do sector pú-blico e privado, clientes, par-ceiros e convidados de ou-tras áreas.

4 empreSAS Julho/Agosto 2016 JSA

LABCONCEPT Cinco anos a inovar Francisco cosme dos santos

com eileen Barreto

A Labconcept procura conti-

nuamente produtos inova-

dores na área da saúde, de

modo a trazer para Angola

meios de diagnóstico e trata-

mento de ponta, contribuin-

do assim para o crescente

desenvolvimento das técni-

cas dos seus clientes, bem co-

mo para a formação dos qua-

dros. Em declarações ao JS

por ocasião da comemora-

ção, este mês de Julho, do seu

5º aniversário, o director téc-

nico e de qualidade, Carlos

Vicente, revelou os pilares

em que assenta o sucesso

desta empresa do sector da

saúde: serviços modernos

que permitem que os produ-

tos cheguem rapidamente e

com segurança aos clientes e

a sua proximidade às comu-

nidades, através do trabalho

e dedicação de uma equipa

técnica especializada.

A cerimónia de comemoração do 5º aniversário da Labconcept contou com uma vasta e interessada participação de médicos e ou-

tros técnicos de saúde

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Page 6: A dor dos queimados

6 ANTIBIÓTICOS Julho/Agosto 2016 JSA

Consumo de antimicrobianos – um problemanegligenciado? O CISA procura respostas

nA resistência aos antimi-crobianos ocorre mundial-mente, comprometendo otratamento das doenças in-fecciosas e prejudicandomuitos outros avanços nasaúde e medicina. Recente-mente, o jornal The Econo-mist alertou para o facto deser uma das maiores amea-ças à saúde global: anual-mente, 700 mil pessoas mor-rem por infecções por mi-croorganismos resistentes e,em 2050, podem atingir os10 milhões1. Os custos asso-ciados são elevados e estãorelacionados com a maiorfalência terapêutica, temposde tratamento e interna-mentos mais prolongados.

Resistência aos antimicrobianos A resistência aos antimi-

crobianos é um fenómenoque ocorre de forma natural.No entanto, o incorrecto ma-nuseamento de antibióticosnos humanos e animais estáa acelerar este processo2. Oshospitais em países de rendabaixa e média (LMICs) fun-cionam como foco de infec-ções nosocomiais e os anti-bióticos de primeira linha(tais como a ampicilina e agentamicina) já não são efi-cazes em cerca de 70% doscasos3. Este fenómeno podelevar a um aumento irracio-nal na utilização de antibió-ticos de largo espectro.Combater a resistência aosantimicrobianos é uma prio-ridade na agenda da Organi-zação Mundial da Saúde(OMS), que inclui campa-nhas de sensibilização paraa boa prática na utilizaçãoantimicrobiana pelo públi-co, decisores políticos, pro-fissionais de saúde e de vete-rinária. A resistência da Sal-monella enterica serovarTyphi aos antibióticos deprimeira linha está a emergirna África Central4. Não só as

estirpes MDR (multidrug re-sistent – co-resistência à am-picilina, cloranfenicol e tri-metoprim / sulfametoxa-zol), assim como as estirpescom sensibilidade diminuí-da à ciprofloxacina, têm sidorelatadas na S. typhy e Sal-monella não-typhi 4,5,6,7.Um genótipo distinto de Sal-monella enterica var Typhi-murium, ST313, emergiu co-mo uma nova estirpe pato-gênica na Áfricasubsaariana, e poder-se-áter adaptado, para causardoença invasiva em sereshumanos. Esta estirpe mul-tirresistente tem causadoepidemias em vários paísesafricanos e impulsionado ouso de antibióticos caros nosmais pobres serviços de saú-de do mundo 8.

Angola não é excepçãoEm contraste com a Europae outras regiões, os dados deuso de antimicrobianos nosLMICs são escassos e Ango-la não é excepção. Em Luan-

da, a prevalência de Staphy-lococcus aureus meticilina-resistente em infecções as-sociadas aos cuidados desaúde é superior a 60% e, ac-tualmente, uma das mais al-tas na África Subsariana. Napopulação pediátrica podeaté mesmo chegar a 82,4%9,10.

Resistência aos antimaláricos

Para além da resistência aosantibióticos, a resistênciaaos antimaláricos, nomea-damente aos regimes comcombinações de artemisina(ACTs) é uma ameaça cres-cente em território angola-no. Um caso clínico recentedescreveu um doente commalária a regressar de Luan-da a uma região não-endé-mica no Vietname com máresposta ao artesunato en-dovenoso, assim como à di-hidroartemisina-piperaqui-na11. Estudos molecularesde genes de resistência feitosna Província do Bengo reve-

laram que a frequência depolimorfismos pfmdr1 noPlasmodium (marcadormolecular de resistência aantimaláricos) foram dife-rentes dos observados emLuanda, assim como a do-minância do alelo N86, pre-

sente em mais de 80% dasinfecções por Plasmodiumfalciparum 12. Este cenáriopode atrasar a fase de pré-eliminação da malária queAngola ambiciona para ospróximos 5 anos 13.

Sistema de Vigilância deMorbilidade

O Sistema de Vigilância deMorbilidade (SVM) é umaplataforma, estabelecida em2010 no CISA (Centro de In-vestigação em Saúde de An-gola), para a recolha e análi-se sistemática de informa-ção clínica da população,em idade pediátrica, que éatendida no Hospital Geraldo Bengo (HGB). Dados co-lhidos desde Agosto de 2010até Maio de 2013 revelaramque a prescrição antibiótica,de forma empírica, emcrianças diagnosticadascom malária foi feita comamoxicilina (24,2%), ceftria-xone (20,4%), ampicilina(12,9%) e ciprofloxacina(7%). As crianças diagnosti-cadas com gastroenteriteaguda foram prescritas comco-trimoxazole (42,5%), cef-triaxone (15,7%), amoxicili-na (14,8%) e metronidazole(5,5%). As crianças diagnos-ticadas com infecção respi-ratória superior foram pres-critas com amoxicilina(41,2%), cotrimoxazol(23,6%) e 23,6% com amoxi-cilina/ácido clavulânico. Ascrianças a quem foram diag-nosticadas infecções do tra-to respiratório inferior, cercade metade, 53,1%, forammedicadas com amoxacili-na, 14.3% com ampicilina,12.2% com ceftriaxone e9.1% foi medicada com pe-nicilina. De acordo com umrelatório da OMS14, o con-sumo de antibióticos é ex-cessivo, principalmente emLMICs, onde até 42% daspessoas revelaram consu-mir antibióticos, de qual-quer classe terapêutica noúltimo mês, comparativa-mente a 29% das pessoasque vivem em países de ele-vada renda.O CISA planeia actualizar

no decorrer da 10ª ronda doSistema de Vigilância De-mográfica, implementado

no Município do Dande, osdados referentes ao consu-mo comunitário de antimi-crobianos. Com isto, esperaque possa ser parte inte-grante de uma nova linha deinvestigação na área da anti-bioterapia, sépsis e choqueséptico. Os estudos sobre a resis-

tência aos antimicrobianos,nas suas diversas compo-nentes, terão impacto na po-lítica pública sensata de re-servar novos fármacos paraemergências, e eventual-mente levarão à investiga-ção de novas moléculas porparte das indústrias farma-cêuticas.

Referências bibliográficas:1 – The Economist May 21st 2016 Whenthe drugs don´t work2 - Holmes AH, Moore LS, Sundsfjord A,Steinbakk M, Regmi S, Karkey A, GuerinPJ, Piddock LJ. Understanding the me-chanisms and drivers of antimicrobial re-sistance. Lancet. 2016 Jan9;387(10014):176-87. 3 - Erika Vlieghe. The First Global Forumon Bacterial Infections calls for urgent ac-tion to contain antibiotic resistance. Ex-pert Rev. Anti Infect. Ther. 10(2), 145–148(2012).4 - Lunguya O et al. Salmonella Typhi inthe Democratic Republic of the Congo:Fluoroquinolone decreased susceptibi-lity on the rise. PLoS 2012;6(11):e1921.5 - Phoba MF et al. Multidrug-ResistantSalmonella enterica, Democratic Repu-blic of the Congo. Emerg Infect Dis. 2012October; 18(10): 1692–16946 - Parry CM. Antimicrobial resistance intyphoidal and non-typhoidal salmonel-lae. Current Opinion in Infectious Disea-ses 2008,21:531-5387 - Lunguya O et al. Antimicrobial Resis-tance in Invasive Non-typhoid Salmo-nella from the Democratic Republic ofthe Congo: Emergence of DecreasedFluoroquinolone Susceptibility and Ex-tended-spectrum Beta Lactamases.PLoS 2013;7(3):e21038 - Feasey NA et al. Invasive non-typhoi-dal salmonella disease: an emerging andneglected tropical disease in Africa. Lan-cet. 2012 June 30; 379(9835): 2489–2499.9 - Conceição, T., C. Coelho, I. Santos-Sil-va, H. de Lencastre, and M. Aires-de-Sousa (2014). Epidemiology of methicil-lin-resistant and -susceptible Staphylo-coccus aureus in Luanda, Angola: firstdescription of the spread of the MRSAST5-IVa clone in the African continent.Microb. Drug Resist. 20:441–449.10 - Conceição, T., C. Coelho, I. Santos Sil-va, H. de Lencastre, and M. Aires-de-Sousa (2015). Staphylococcus aureus informer Portuguese colonies from Africaand the Far East: missing data to help fillthe world map. Clin. Microbiol. Infect.21:842.e1–842.e1011 - Van Hong N, Amambua-Ngwa A,Tuan NQ, do Cuong D, Giang NT, VanDung N, et al. Severe malaria not respon-sive to artemisinin derivatives in man re-turning from Angola to Vietnam. EmergInfect Dis. 2014;20:1199–202.12 - Fancony C, Gamboa D, Sebastiao Y,Hallett R, Sutherland C, Sousa-Figueire-do JC, et al. Various pfcrt and pfmdr1 ge-notypes of Plasmodium falciparum co-circulate with P. malariae, P. ovale spp.,and P. vivax in northern Angola. Antimi-crob Agents Chemother. 2012;56(10):5271–7.13 - Fançony et al. Malar J (2016) 15:74.14 – WHO 2015. Antibiotic Resistance:Multi-country public awareness survey.

Anualmente, 700 mil pessoas morrem por infecções por microorganismos resistentes

Joana Cortez1, Carlos Mayer2,

Miguel Brito1,3

1 – Centro de investigação em saúde de

angola (Cisa), Caxito, Bengo, angola; 2 -

Hospital geral do Bengo, Caxito, angola;

3 - escola superior de tecnologia da saú-

de de lisboa, instituto Politécnico de lis-

boa, Portugal

« Em Luanda, a prevalência de Staphylococcus aureus meticilina-resistenteem infecções associadas aos cuidados de saúde é superior a 60% e, actualmente, uma das mais altas na África Subsariana. Na população pediátrica pode até mesmo chegar a 82,4%”

Page 7: A dor dos queimados
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8 ActuAlidAde Julho/Agosto 2016 JSA

Dormir bem 'reinicia' o cérebro e é essencial para criar novas memórias

nCristoph Nissen, psiquia-tra da Universidade de Fri-burgo, liderou um estudoque demonstra pela primei-ra vez que dormir bem temum impacto significativo naatividade do nosso cérebroao longo do dia. Descansar édecisivo para que o cérebro"reinicie" as ligações neuro-nais para que, no dia seguin-te, seja capaz de assimilarnova informação e criar no-vas memórias.Quando não se dorme o

tempo suficiente, a atividadecerebral torna-se instável, oque provoca um aumentoda atividade elétrica e umbloqueio no mecanismoque possibilita às ligações

neuronais "reiniciarem". Es-tas consequências tradu-zem-se numa maior dificul-dade para reter novas me-mórias.Cristoph Nissen mostra-

se entusiasmado com a suadescoberta, que abra a portaa novos estudos sobre o tra-tamento de doenças do foropsiquiátrico. Uma das tera-pias mais eficazes na depres-são é da privação do sono,que permite restabelecer asconexões mentais do pa-ciente. O estudo mais recen-te permite uma compreen-são mais profunda sobre oassunto e pode ser adaptadopara oferecer melhores tra-tamentos aos doentes psi-quiátricos.Em declarações ao jornal

The Guardian, o especialistaafirma que o estudo ilustra"a importância do sono naatividade cerebral e comoeste não é um desperdíciode tempo".Os resultados são impor-

tantes para a Hipótese daHomeostase Sináptica, teo-

rizada pela Universidade deWisconsin-Madison em2003, que explica porque éque o nosso cérebro necessi-ta de descansar depois deestar um dia inteiro a pro-cessar o mais variado tipo deinformações. A hipótesesustenta que, quando esta-mos acordados, as sinapses– zonas ativas de contactoentre uma terminação ner-vosa e outros neurónios -

fortalecem a ligação entre asnossas células cerebrais, eque estas vão ficando satura-das com a informação ab-sorvida ao longo do dia. Oprocesso consome muita danossa energia e o cérebrosente necessidade de des-cansar, de modo a consoli-dar as memórias e a estarpronto para o dia seguinte.Na publicação Nature

Communications, Nissen

descreve a série de testes fei-tos a 11 indivíduos que fo-ram obrigados a permane-cer acordados. Depois utili-zou pequenos choqueselétricos para fazer disparara atividade cerebral e perce-beu que, quando estamosprivados de sono, um pe-queno choque é suficientepara os nossos músculos semexerem, uma prova de queo cérebro se encontra num

estado de excitação.De seguida, Nissen virou-

se para a estimulação cere-bral com o propósito de co-piar a forma como os neuró-nios disparam quando estãoa criar memórias. E consta-tou que é mais difícil fazercom que os neurónios res-pondam em pessoas quenão tenham descansado osuficiente.Ao juntar estes dados, o lí-

der do estudo chegou à con-clusão que dormir ajuda océrebro a acalmar e a prepa-rar-se para criar memórias.Em contraste, nas pessoasprivadas de sono o cérebroencontra-se num frenesimde atividade elétrica quebloqueia esse processo.A descoberta poderá ser

importante para explicar oporquê de ressonarmos, porexemplo, e pode tambémajudar trabalhadores porturnos e militares que lidamcom privação de sono a ob-terem novos medicamentostendo em vista a normaliza-ção da atividade cerebral.

A falta de descanso leva a

que as ligações neuronais no

cérebro fiquem sobrecarre-

gas de atividade elétrica, a

ponto de impedir a reten-

ção de novas informações.

Olimpíadas Rio 2016Jejum durante três dias poderegenerar sistema imunitário

n Apenas três dias de jejum serãosuficientes para rejuvenescer todoo sistema imunitário. A conclusãoé de um novo estudo da Universi-dade da Califórnia.

Jejuar durante três dias leva o corpoa começar a produzir novos glóbulosbrancos, mesmo em idosos. A con-clusão é de um novo estudo da Uni-versidade da Califórnia que descreveos resultados como "notáveis".A investigação, que parece con-

trariar a ideia comum de que o jejumnão é saudável, sugere que não co-mer "liga um interruptor regenerati-vo", que estimula as células estami-nais a produzir as células que com-batem as infecções.A descoberta, acreditam os cien-

tistas envolvidos, poderá beneficiarparticularmente os doentes com sis-temas imunitários comprometidos,como os que fazem quimioterapia,ou simplesmente os mais idosos.Mas segundo Valter Longo, pro-

fessor de Gerontologia e Ciências Bio-lógicas da Universidade da Califórnia,as boas notícias não ficam por aqui:

durante o processo do jejum, o orga-nismo também descarta as partes dosistema imunitário que possam estardanificadas ou sejam ineficazes."Se temos um sistema [imunitá-

rio] fortemente danificado pela qui-mioterapia ou pelo envelhecimento,ciclos de jejum podem gerar, literal-mente, um novo sistema imunitá-rio", explica.Durante a investigação, foi pedi-

do aos participantes que jejuassemregularmente entre dois a quatrodias ao longo de um período de seismeses."Quando passamos fome, o siste-

ma tenta poupar energia e uma dascoisas que pode fazer para pouparenergia é reciclar muitas das célulasimunitárias que não são necessárias,sobretudo as que possam estar dani-ficadas", acrescenta o investigador."O que começámos a reparar, tantono trabalho com humanos comocom animais, é que a contagem deglóbulos brancos desce com o jejumprolongado. Depois, quando reco-meça a alimentação, as células vol-tam".

Os atletas estão cada vez mais velhos. Qual o segredo da longevidade no desporto?n Mais rápido, mais forte, mais al-to e... mais velho. A idade médiados atletas olímpicos aumentoudois anos, de 1988 para 2016.

Kristin Armstrong ficou em primei-ro lugar na prova de ciclismo de es-trada, tem 43 anos; Anthony Ervinvenceu o ouro nos 50 metros livre,tem 35 anos; a ginasta Oksana Chu-sovitina já participou em sete com-petições olímpicas, despediu-se noRio, aos 41 anos. Das Olimpíadas de1988 até 2016, a idade média dosatletas olímpicos passou de 25 para27 anos, calculou o historiador olím-pico, Bill Mallon.A que se deve esta longevidade

no desporto? António Veloso, pro-fessor na Faculdade de MotricidadeHumana (FMH), onde é responsá-vel pelo Laboratório de Biomecâni-ca e Morfologia Funcional, apostano conhecimento, como explica-ção. "Hoje em dia faz-se um enormetrabalho de prevenção das lesões, oque permite prolongar a carreira."As lesões sempre foram o 'calca-

nhar de Aquilies' da alta competi-

ção. Quer as agudas, como a queaconteceu a Cristiano Ronaldo na fi-nal do campeonato da Europa, queras de esforço, resultantes da sobre-carga dos treinos, como é o caso dafratura do pé que sofreu Nelson Évo-ra. "A acumumulação de carga vaicausando microlesões, a nível mus-cular, do tendão, dos ossos. A maiorparte do problemas são as lesõescrónicas", nota o especialista.Para as evitar, é preciso otimizar

o treino, conhecer as pequenas fra-gilidades de cada atleta e individua-lizar o treino. Tudo isto se tornoupossível graças à evolução do co-nhecimento no desporto, com a aju-da das sofisticadas técnicas de ima-giologia, como a ressonância mag-nética.

O tratamento das lesões tambémse tornou muito mais eficaz e célere,com a possibilidade de se usar fato-res de crescimento que aceleram aregeneração de tecidos.O especialista, que conhece bem

o funcionamento dos gigantes dofutebol mundial, dá o exemplo doclube Manchester City, em que cadajogador tem o seu próprio frigorífico,repleto de uma dieta ajustada àssuas necessidades específicas. refe-re ainda aposta numa dieta direcio-nada para as necessidades de cadajogador. "Fazem-se análises ao san-gue dos jogadores para se perceberque nutrientes lhes fazem mais falta.O que permite definir a alimentaçãomais adequada."O fator económico também não

será de desprezar nesta quetsão.Principalmente no que toca às olim-píadas. Uma maior profissionaliza-ção dos atletas também terá o seupeso no prolongamento das suascarreiras, permitindo-lhes conti-nuar a viver do e para o desporto, pe-la casa dos vinte, dos trinta e até dos40 adiante.

Page 9: A dor dos queimados

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Page 10: A dor dos queimados

10 OFTALMOLOGIA Julho/Agosto 2016 JSA

Pedro Albuquerque “Muitas perdas de visão podem ser evitadas em Angola”

nPedro Albuquerque salientoutambém que apenas um númeromuito reduzido de angolanos temprocurado os serviços oftalmoló-gicos, “o que é muito preocupan-te”. No entanto, o maior problemaencontra-se nas zonas não urba-nas, onde existem poucos servi-ços desta especialidade e os pre-ços praticados são muito altos.Como agravante, em áreas ruraisonde não há nenhum especialis-ta, “muitas pessoas são por vezesenganadas por falsos oftalmolo-gistas cujos tratamentos são tradi-cionais e baseiam-se em práticasnão recomendáveis”. É comum,por exemplo, “procederem à lava-gem da vista das pessoas que pa-decem de uma doença oftalmoló-gica com recurso a sal, água, urinae algumas ervas, chegando mes-mo a introduzir a língua na cór-nea do olho”.As principais causas das doen-

ças oculares no país são as patolo-gias congénitas não detectadasatempadamente, podendo resul-tar numa ametropia ou cegueiraquase total, os traumas devido aagressões físicas e os casos de sa-rampo em crianças que, sem tra-tamento, podem contrair conjun-tivites. Agravadas, estas provocamopacidade da córnea e, no limite,deficiência visual irreversível.

Principias doenças oculares

Actualmente, as doenças oftal-mológicas que mais se registamem Luanda são, primeiramente,as conjuntivites, seguindo-se asametropias (pessoas que têm er-ros de refracção; engloba a mio-pia, a hipermetropia e o astigma-tismo, entre outras), o glaucoma –

com incidências muito altas porfalta de conhecimento acerca dadoença e da história familiar – e,por último, as cataratas, as quaissão frequentemente causadas porretinopatias diabéticas originadaspela diabetes, que muitos cida-dãos têm contraído devido à au-sência de uma alimentação equi-librada, ao sedentarismo e à prá-tica regular de exercício físico.

Factores ambientais Referiu também que as doençasdo foro oftalmológico, principal-mente as conjuntivites, com gran-de incidência anual na capital, se-rão contraídas com a mesma fre-quência na época do cacimbo,mas com maiores complicaçõesdevido ao fraco saneamento quese observa em Luanda. Nas zonas periféricas, “as poei-

ras, as queimadas constantes degrandes quantidades de resíduossólidos e a falta de higiene e deágua nos municípios são tidos co-mo os principais factores quecontribuem para o desenvolvi-mento de doenças do foro oftal-mológico, tais como as conjunti-vites, que podem transformar-senuma ceratite, que origina a per-furação do globo ocular e a opaci-dade da córnea, podendo causardeficiência visual permanente”,advertiu.

As doenças que se curam e…asque não têm cura

De acordo com Pedro Albuquer-que, “quase todas as doenças são

passíveis de tratamento, emborapossa não ser definitivo. Consti-tuem excepções: as cataratas quetêm cura definitiva mediante pro-cedimento cirúrgico, o qual resul-ta na eliminação da opacidade dacórnea e, consequentemente, narecuperação da visão; e o glauco-ma que, por ser uma doença cró-nica, é incurável, podendo apenasser controlada a sua progressãocaso seja descoberta precoce-mente”.Dentre as doenças do foro of-

talmológico, “o glaucoma, nãotendo cura, é uma das patologiasque requerem cuidados urgentes,pois pode afectar a visão de formairreversível”, alertou. A doença écaracterizada pelo aumento detensão intra-ocular. “Na sua for-ma crónica, não dá dores nem ou-tros sintomas que façam com queos pacientes se apercebam e pro-curem um médico, pelo que nor-malmente apercebem-se quandojá estão a perder a visão. As cata-

ratas e o glaucoma são patologiasmuito comuns em África, sendoesta última a principal causa decegueira no mundo”, disse. Entre os vários factores causa-

dores de doenças oculares, en-contram-se as retinopatias diabé-ticas, hipertensivas e outras quepodem ser evitadas e tratadas,ainda que não de forma definitiva,se detectadas antecipadamente.

Quando fizer 40 anosNão existe nenhuma idade maispropensa a desenvolver doençasoftalmológicas. No entanto, sabe-se que o glaucoma crónico e a ca-tarata senil ocorrem mais fre-quentemente a partir dos 44 anos,fase em que determinadas pato-logias são mais frequentes. Assim,Pedro Albuquerque aconselhaque, atingindo os 40 anos, a pes-soa deve procurar imediatamenteum oftalmologista para se subme-ter a uma observação correcta dosolhos, para não serem surpreen-didos por alguma destas doençasno seu estado avançado.Lembra ainda que, após o nas-

cimento, as crianças devem serobservadas por um pediatra – e,depois do primeiro ano de vida ena idade escolar, por um oftalmo-logista – de forma a determinar sepossuem alguma má formaçãocongénita ou doença que possaser operada nos primeiros mesesde vida, já que as patologias comoo glaucoma e a catarata congénitatornam-se mais difíceis de tratarcom o crescimento.

Francisco cosme dos santos com ma-

dalena moreira de sá

Em entrevista ao Jornal da Saúde,o chefe do departamento de oftal-mologia do Hospital Militar Princi-pal, Pedro Albuquerque, afirmouque muitas perdas de visão po-dem ser evitadas se Angola pos-suir o número desejável de espe-cialistas pediátricos para detectarprecocemente cataratas congéni-tas em crianças e estas serem ope-radas, no máximo, até aos trêsmeses de idade. Além disso, é es-sencial que as pessoas consultemum oftalmologista regularmentee cultivem o hábito de fazer exa-mes periódicos para saber o esta-do de saúde dos olhos.

PEDRO ALBUQUERQUE É essencial que as pessoas consultem um oftalmologista regularmente e cultivem o há-bito de fazer exames periódicos para saber o estado de saúde dos olhos

A conjuntivite é uma doença de rápi-

da propagação e de fácil contágio. As-

sim, o médico oftalmologista apelou

para que sejam seguidas algumas me-

didas simples de higiene que limitam

o risco de transmissão.

Se for infecciosa, viral ou bacte-

riana:

- Lave as mãos frequentemente com

sabonete e água quente, ou com ál-

cool em gel;

-Evite tocar ou coçar os olhos;

- Limpe ao redor dos olhos várias ve-

zes ao dia e lave as mãos a seguir;

- Não use o mesmo frasco de colírio

para o olho infectado;

- Lave almofadas, toalhas e lençóis

com água quente e detergente e não

compartilhe os mesmos;

Se for alérgica:

- Lave o rosto e as mãos frequente-

mente;

- Evite frequentar locais húmidos e

com muita gente;

- Não coce os olhos;

- Troque frequentemente fronhas das

almofadas, toalhas de casa-de-banho

e sabonetes, ou use toalhas de papel

para limpar o rosto e as mãos;

- Enquanto tiver sintomas da doença,

não partilhe esponjas ou produtos de

beleza;

- Evite banhos de sol e levar crianças

muito pequenas ao colo;

- Evite usar lentes de contacto duran-

te este período.

Não existem vacinas para prevenir a

conjuntivite, nem tratamentos que

acelerem o processo de recupera-

ção. O recomendável é, por isso, fazer

compressas com água filtrada, ou so-

ro fisiológico, e usar sempre produtos

descartáveis – como algodão e gaze –

e não usar panos ou toalhas. Ainda as-

sim, Pedro Albuquerque alerta que,

sempre que alguém observar uma

reacção invulgar nos olhos, deve pro-

curar imediatamente um oftalmolo-

gista. O especialista procederá à ava-

liação do problema e, no caso de se

verificar uma patologia, aconselhará

quanto ao tratamento mais adequa-

do, evitando, assim, complicações ou

sequelas permanentes.

Pedro Albuquerque tem o objectivo

de realizar alguns estudos com gran-

de abrangência sobre as patologias

conjuntivas, de forma a detectar o

principal agente patológico desta

doença em Angola e definir um trata-

mento mais direccionado para a po-

pulação.

Previna asconjuntivites

“Em áreas rurais onde não há nenhum especialista, muitas pessoas são por vezes enganadas por falsos oftalmologistas cujos tratamentos são tradicionais e baseiam-se em práticas não recomendáveis”

Page 11: A dor dos queimados
Page 12: A dor dos queimados

12 HOSPITAIS Julho/Agosto 2016 JSA

Queimados: crianças com menos de 5 anos são as maiores vítimas

nDe acordo com esta respon-sável, a maior parte dos casosde queimaduras tem origemem acidentes domésticos, so-bretudo com líquidos ferven-tes, explosão de botijas de gás,choques eléctricos (as maisgraves), queimaduras porchamas de velas em casa edesatenção por parte dos paisou familiares que deixam ascrianças sozinhas ou commenores.Lídia Dembi recomenda

assim a realização de campa-nhas de prevenção com con-selhos úteis, através dos ór-gãos de comunicação social,no sentido de alertar e educara população para os cuidadosa terem nas práticas quotidia-nas. “A queimadura é um dosacidentes mais angustiantesque há, deixando sequelas edeformidades irreversíveis.Causa também elevados cus-tos ao erário público, dadoque os pacientes permane-cem sob cuidados médicospor muito tempo devido àsvárias fases de tratamentoque envolve, nomeadamentea recuperação volémica, bal-neoterapia com curativos ex-tensos, cirurgias, recuperaçãonutricional, aspectos psicoló-gicos e fisioterapia”. De acordo com a directo-

ra, “não obstante a adaptaçãoe melhoria das instalações,assentes no aproveitamentoe infraestruturas já existentesna unidade de queimados,como o saneamento básico eas divisões internas, o hospi-tal está ainda longe de possuiros padrões desejáveis para ofuncionamento adequado deuma unidade hospitalar es-pecializada e de referênciaem tratamento de queima-duras e de responder às ne-cessidades da população”. Também a localização não

é privilegiada “por estar situa-do num bairro suburbanocom deficiente saneamentobásico, de acesso difícil, comburacos, mercados e para-gens de táxis, causadores deuma enorme desordem, si-

tuação que tem dificultado decerta forma o trabalho com osdoentes, principalmente por-que os indivíduos vítimas dequeimaduras perdem a suabarreira protectora que é apele e ficam susceptíveis a in-fecções”, lamenta a responsá-vel.“O número de profissio-

nais não é ainda suficientetendo em conta os casosatendidos diariamente, pro-venientes de diversos muni-cípios e distritos de Luanda”,diz.

São atendidos, em média,20 doentes por dia vítimas

de queimadurasNo entanto, o hospital atende,em média, 20 doentes vítimasde queimaduras por dia eprocede a seis internamentosdiários, o que perfaz uma mé-dia de cerca de 600 a 700doentes por mês. Note-se

que, apesar de atender doen-tes vítimas de queimaduras, ohospital presta cuidados pri-mários e realiza consultas ex-ternas e de urgência.

“Tal como as outras uni-dades hospitalares, o HGENBtambém sentiu o aperto dosurto de febre amarela e a ma-lária. Dos 30 pacientes queatendia diariamente passou areceber entre 180 e 200, commais de 100 internamentospor dia! Imagine-se a sobre-carga num hospital que sótem 90 camas”, desabafou Lí-dia Dembi. Neste momentoestão internados no hospitalcerca de 90 doentes, dos quais56 são queimados. A taxa demortalidade situa-se abaixodos 20 por cento. “Estes óbi-tos não se devem ao atendi-mento hospitalar e sim à gra-vidade do trauma com o qualos pacientes chegaram aohospital”, defendeu.

O Neves Bendinha possuinove especialidades entre asquais queimados, cirurgiaplástica, cirurgia geral, cuida-dos intensivos, medicina, pe-diatria, pneumologia, derma-tologia e otorrinolaringologia.Os serviços de queimados,medicina e pediatria são osmais procurados.

Esforço para proporcionaruma assistência de

qualidade às populações A directora revelou ainda que,com a ajuda da OrganizaçãoNão Governamental KimboLiombembwa, “o hospital temevacuado algumas vítimas dequeimaduras graves para aAlemanha pois o tratamentorequer a doação de pele dopróprio doente, sendo que,frequentemente, os enxertosnão são possíveis, por desnu-trição do paciente ou outras si-tuações tais como a inexistên-

cia de pele sintética”. Ora, estasituação “obriga a que sejamevacuados para o exterior dopaís para aplicação de pelesintética, tratamento que estaunidade hospitalar não pos-sui. Apesar destes casos extre-mos, o hospital faz cerca dequatro cirurgias de enxertia depele por dia”.“O hospital tem enfrenta-

do problemas do ponto devista financeiro que, julgo,não diferem dos outros hos-pitais do país”, acrescentou.“Os valores recebidos porparte do Governo, mesmonão sendo o desejável, têmpossibilitado a compra demedicamentos, de materialgastável e de outros equipa-mentos e temos feito os pos-síveis para minimizar as ca-rências existentes e propor-cionar uma assistência dequalidade às populações”,concluiu Lídia Dembi.

Quem é Lídia DembiLídia Cavelho Dembi licenciou-se em medicina

em 1991, na Universidade Agostinho Neto, em

Luanda. Fez a sua especialidade em Medicina In-

terna e Intensiva em 2002, no Hospital da Força

Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, Brasil.

Foi funcionária do Ministério da Defesa Nacional

e trabalhou 22 anos no Hospital Militar principal e

Instituto Superior. Em Fevereiro de 2015 assumiu

a direcção do Hospital Especializado de Queima-

dos Neves Bendinha.

Lídia Dembi já tem 25 anos de licenciada e 15 anos

de especialidade. Quando lhe perguntamos como

perspectiva a sua carreira como médica, diz-nos

que sente “o dever cumprido em termos de aten-

dimento médico” e que tem feito “o máximo para

transmitir a minha experiência ao longo desses

anos aos mais novos médicos”. Mas “é claro que

não deixo de me actualizar constantemente, parti-

cipando em congressos internacionais, entre os

quais no Brasil, para manter-me a par das inova-

ções, fruto da dinâmica e avanço do saber científi-

co que a medicina tem revelado nas últimas déca-

das” de forma a adquirir “mais conhecimentos pa-

ra aplicar na saúde dos angolanos”.

Francisco cosme dos santos

com eileen Barreto

“As crianças menores de

cinco anos são as maiores ví-

timas de queimaduras, atin-

gindo cerca de 80 por cento

dos pacientes que recebe-

mos nesta unidade”, garan-

tiu a médica Lídia Dembi, di-

rectora do Hospital Especia-

lizado Neves Bendinha

(HGENB), à reportagem do

Jornal da Saúde.

Uma queimadura é uma le-são da pele provocada poragentes térmicos, electrici-dade, substâncias químicas,atrito ou radiação. As quei-maduras que afectam apenasa camada superficial da pelesão denominadas superficiaisou de primeiro grau. Quan-do as lesões afectam tam-bém algumas das camadas in-feriores são denominadasqueimaduras de segundograu. Quando todas as cama-das de pele são afectadas de-nominam-se queimadurasde terceiro grau. Sempre queexistirem lesões em tecidosmais profundos, como osmúsculos ou os ossos, deno-minam-se queimaduras dequarto grau.Em todo o mundo, em cadaano, cerca de 11 milhões depessoas recorrem a trata-mento médico devido aqueimaduras, das quais 300mil morrem. O prognósticoa longo prazo depende es-sencialmente da extensão daqueimadura e da idade dapessoa afectada.

O que é umaqueimadura?

LÍDIA DEMBI A quei-

madura é um dos aci-

dentes mais traumá-

ticos que pode deixar

sequelas e deformida-

des irreversíveis e

tem elevados custos

para o Estado

A maior parte dos casos de queimaduras tem origem em aci-

dentes domésticos, sobretudo com líquidos a ferver, explosão

de botijas de gás, choques eléctricos (as mais graves), mau posi-

cionamento das velas em casa e negligência por parte dos pais

ou familiares que deixam as crianças sozinhas

Cerca de 80 por cento dos queimados são crianças até aos cin-

co anos

Page 13: A dor dos queimados

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Page 14: A dor dos queimados

14 preveNçÃO Julho/Agosto 2016 JSA

Queimaduras:saiba como prevenir e cuidar

A queimadura está entre os acidentes domésticos mais comuns e caracteriza-se por lesões nos tecidos que envolvem diversas camadas do corpo

como a pele e suas camadas, cabelos, pelos, músculos e olhos, entre outros. São causadas pelo contacto directo com brasa, fogo, vapores quentes,

sólidos superaquecidos ou incandescentes. Mas podem ser causadas também por substâncias biológicas (alforrecas); químicas (ácidos, soda cáusti-

ca e outros); emanações radioactivas (raios infravermelhos e ultravioletas) ou pela electricidade.

Portanto, as queimaduras podem ter origem térmica, química, radioactiva ou eléctrica. Saber diferenciar os tipos de queimadura é muito impor-

tante para que os primeiros socorros sejam realizados correctamente.

- Nunca aplique produto

caseiro como sal, açúcar,

pó de café, pasta de dente,

pomadas, ovo, manteiga,

óleo de cozinha ou qualquer

outro, pois eles podem

complicar a queimadura e

dificultar um diagnóstico

mais preciso. As soluções

caseiras para diminuir a dor

e a ardência das queimadu-

ras podem piorar e até cau-

sar infecção no local atingi-

do

- Não tente tratar a víti-

ma sem ter o conhecimen-

to médico-científico neces-

sário para a cura da lesão

- Não aplique gelo direta-

mente sobre o local, pois is-

so pode piorar a queimadu-

ra

- Se houver roupa colada na

região da queimadura, não

remova. Limite-se a cortá-

la ao redor da lesão

- Nunca fure as bolhas

- Não demore em pedir

auxílio especializado, em

caso de dúvida, procure

sempre o hospital. Quando

mais tardio for o início do

tratamento, pior. Queima-

duras na face, genitália, mãos

e pés são sempre considera-

das graves, devendo ser pro-

curado atendimento hospi-

talar imediatamente

- Evite também poma-

das ou remédios naturais,

assim como qualquer medi-

cação que não for prescrita

por médicos

- Em caso de ingestão de

produtos cáusticos ou quei-

maduras em boca e olhos,

lavar o local com bas-

tante água corrente e

procurar atendimento mé-

dico imediato

- Não toque na área afec-

tada

- Não respirar o fumo

em caso de incêndios. Lem-

bre-se que a inalação de fu-

mo pode causar queimadu-

ras nos pulmões e brôn-

quios, mesmo que não haja

queimadura externa visível.

Caso o ambiente esteja

com muito fumo, pode-se

diminuir a inalação com um

pano molhado próximo do

nariz e boca, movimentan-

do-se agachado, com o nariz

bem próximo ao chão, onde

a concentração de fumo é

menor

- Não cubra a queima-

dura com algodão

O que NÃOfazer em caso de queimadura

Queimadura de primeiro grau: a lesão atin-

ge apenas a camada mais superficial da pele (epi-

derme), apresentando vermelhidão local, ardor,

inchaço, calor local e dor. Pode ocorrer em pes-

soas que se expõem ao sol por tempo prolonga-

do e sem proteção. Quando atinge grande parte

do corpo é considerada grave.

Queimadura de segundo grau: a lesão atinge

as camadas mais profundas da pele (derme). A ca-

racterística deste tipo de queimadura é a presen-

ça de bolhas, inchaço e dor intensa. Como ocorre

perda da camada superficial da pele, que protege

contra a perda excessiva de água, pode ocorrer

também perda de água e de sais minerais e pro-

vocar um quadro de desidratação grave. Esse tipo

de queimadura pode ser causada pela exposição

a vapores, líquidos e sólidos escaldantes.

Queimaduras de terceiro grau: neste tipo

de queimadura, ocorre lesão de toda a pele, atin-

gindo os tecidos mais profundos como os mús-

culos. Curiosamente, este tipo pode não ser do-

loroso, já que as terminações nervosas que ge-

ram a dor são destruídas junto com a pele. A

cicatrização geralmente é desorganizada. Nor-

malmente requer a realização de cirurgias, com

enxerto de pele retirada de outras partes do cor-

po.

Tipos de queimaduras:

Cuidados Gerais

As crianças menores de 5 anos

correm mais riscos devido a vá-

rios factores como possuírem

pele mais fina, menor tempo de

reação, pouca agilidade e, princi-

palmente, a curiosidade. Por is-

so, alguns cuidados devem ser

observados:

- Não prepare alimentos quen-

tes com a criança nos braços ou

no colo

- Mantenha as crianças longe da

cozinha, principalmente na hora

da preparação das refeições. A

maior parte das queimaduras

causadas por líquidos supera-

quecidos ocorrem nesse inter-

valo de tempo

- Não deixe ao alcance das crian-

ças substâncias inflamáveis utili-

zadas para limpeza, como o ál-

cool. Guarde-as em local seguro.

Por produzirem chama, quando

em combustão, essas substân-

cias servem de atractivo para as

crianças, especialmente na épo-

ca de festas

- Não deixe crianças soltar fogos

de artifício, principalmente do ti-

po explosivo. Além das queima-

duras, eles causam lesões graves

nas mãos, nem sempre passíveis

de recuperação

- Não deixe fios e tomadas des-

cobertos porque podem causar

lesões graves nas mãos e boca

das crianças

- Não as deixe próximas de velas

- Não exponha a criança ao sol

por muito tempo, principalmen-

te entre as 10 e as 15 horas.

Crianças abaixo de 1 ano

- Não segure a criança no colo

enquanto estiver ingerindo líqui-

do quente ou cozinhando

- Evite aquecer o biberon ou os

alimentos no forno de micro-

ondas, pois o aquecimento não é

uniforme

- Teste a água do banho com o

dorso da mão ou com termó-

metro, antes de molhar a criança

- Mantenha objectos aquecidos,

como ferros de passar e pran-

chas de cabelo, além de cigarros,

longe do alcance da criança

- Mantenha produtos de limpeza

fora do alcance das crianças

- Use protector nas tomadas

elétricas

Crianças com idade

entre 1 e 3 anos

- Nunca deixe a criança sozinha

na banheira. Elas podem ligar a

água quente, cair ou afogar-se ra-

pidamente

- Ensine a criança a não puxar

objectos como toalha de mesa,

fios e outros

- Deixar os cabos das panelas

voltados para o lado interno do

fogão. Não permitir a presença

de crianças próximas ao fogão e

churrasqueiras

Crianças com idade

entre 3 e 5 anos

- Nessa idade, elas podem co-

meçar a ser treinadas na pre-

venção de incêndios e queima-

duras pois já têm idade para re-

conhecer o som de um

detector de fumaça

- Use apenas isqueiros com dis-

positivo protetor de acendi-

mento acidental

- Ensine à criança as diferenças

entre brinquedo e palito de fós-

foro

Crianças com idade

entre 5 e 12 anos

- Planeie e pratique as saídas em

caso de incêndio

- Converse sobre a segurança

na cozinha

- Ensine-as como usar o micro-

ondas, forno eléctrico e aquece-

dores

- Mantenha líquidos inflamáveis

fora de vista e de acesso

Cuidados básicos com as crianças

- Evite fumar, principalmente deitado

- Utilize cinzeiros fundos e com proteção lateral

- Em queimaduras eléctricas, retire o fio da to-

mada ou desligue a energia geral. Nunca toque

na vítima enquanto ela estiver em contacto com

a eletricidade. Toda vítima de queimadura eléc-

trica deve ser levada ao hospital

- Evite manipular álcool próximo a cigarros, cha-

rutos, fósforos acesos, churrasqueiras e foguei-

ras

- Não utilize álcool líquido diretamente sobre o

fogo, na forma de jato, devido ao risco de explosão

- Investigue vazamentos de gás. Feche a válvula

da botija antes de sair de casa e antes de ir dor-

mir

- Mantenha a botija de gás longe do calor directo

e sempre na vertical

- Nunca considere uma queimadura um aciden-

te sem importância

- Fogo e bebida não combinam. Evite.

Page 15: A dor dos queimados
Page 16: A dor dos queimados

16 TENDÊNCIAS Julho/Agosto 2016 JSA

Quais as razões que levam jovens a consumir álcool,drogas e a inclinarem-se para a criminalidade?

nA questão das drogas, na contempo-raneidade, assume contornos diferen-tes de outros tempos históricos. O avan-ço da ciência e da tecnologia, e a próprialógica de funcionamento do modo deprodução capitalista, criou condiçõesmateriais que levaram ao avanço dachamada economia de mercado que,por sua vez, gerou a sociedade de con-sumo e a globalização da economia.

O crescimento das estatísticas relati-vas ao uso e abuso de drogas nos últi-mos anos, assim como a multiplicaçãode novas substâncias, tem sido assusta-dor. Os casos de violência que ocorremem torno do consumo de álcool e outrasdrogas são cada vez mais comuns.

A reportagem do Jornal da Saúdesaiu à rua para saber o que os angolanospensam sobre as causas desta situação.E falou também com uma psiquiatra, amédica Fausta Sá Vaz da Conceição, pa-ra poder transmitir aos nossos leitoresuma visão mais científica do problema.

Más companhiasExistem vários fac-tores que fazem osjovens desviarem-see consumirem ál-cool, drogas, e en-trarem para o mun-do da criminalidade.Entre outros, cons-tam as más compa-nhias, a influência domeio social e dosamigos, curiosidade,vontade própria, po-breza, falta de coe-são e acompanha-mento familiar.

Antónia

Guimarães

Professora

Rui MoReiRa de Sá com FRanciSco coSMe

A perspectiva científica

Ilusões, riqueza ilícita, desestruturação familiar e discriminaçãoFausta Sá Vaz da Conceição Psiquiatra

Na esfera psiquiátrica são inú-meras as razões que levam osjovens a consumir álcool, dro-gas e a inclinarem-se para a cri-minalidade. Entre outras,constam principalmente asilusões que a juventude possui,a riqueza ilícita e o branquea-mento de capitais no país. An-tigamente, não existiam emAngola negociantes de drogas.Ou se havia eram poucos. Ac-tualmente, o consumo e oscomportamentos indesejáveissão crescentes.

Enquadra-se ainda nesteleque de factores o querer afir-mar-se na sociedade, a deses-truturação familiar e a discri-minação das pessoas no seiodas famílias. Padecendo desteproblema, estes indivíduosacabam por se refugiar nasdrogas, ou mesmo na crimi-nalidade. Também os meno-res que sofrem bullying porparte dos seus colegas, paratentarem ultrapassar esta si-

tuação, frequentemente pro-curam o consumo de subs-tâncias psicotrópicas.

A pobreza não deve sermencionada, porque, muitossão os indivíduos que cresce-ram em ambientes de extremapobreza e não enveredarampelo consumo de drogas e de-linquência. Não devemos as-sim rotularmos sempre as ca-madas baixas da sociedade,

porque os que mais fazem ouso de drogas não são os maispobres ou fragilizados, até por-que estes não têm dinheiro pa-ra consumirem as drogas e su-portarem os dispendiosos gas-tos.

As drogas acarretam pro-blemas nefastos, não só paratoda a saúde do ser humano,mas também para a socieda-de.

Falta de instrução O que leva os jovensa optarem pelo con-sumo de álcool, dro-gas, e ingressaremna criminalidade é,sobretudo, o meiosocial em que se en-contram inseridos, afalta de instrução fa-miliar, educação aca-démica e religiosa,más companhias, in-fluências de váriaspessoas da socieda-de, quer sejam vizi-nhos, amigos e ou-tros actores sociais.

Camila de Brito

Castelo Branco

Funcionária pública

Ruptura familiarNo meu ponto devista, o que leva osjovens a consumi-rem álcool, drogas eabraçarem a crimi-nalidade é a rupturafamiliar, ou a separa-ção dos pais, falta derecursos para sesustentarem, in-fluência dos amigos,falta de incentivosdo Estado, empregoe de inserção esco-lar.

Micaela Costa

Vissueca

Estudante universitária

LucrofácilNa minha opinião, oque leva os jovens aconsumirem o álcool,drogas, e cometeremcrimes é falta deacompanhamento fa-miliar e de emprego,influência dos amigos,entrada e o aumentode estrangeiros nopaís, convívios nãosaudáveis com pes-soas que optam pelolucro fácil, e os gruposque são formadosnos bairros com fina-lidades desviantes.

Catarina Manuel

Joaquim Cristóvão

Funcionária pública

Falta de oportuni-dades

As principais razões,a meu ver, são a po-breza extrema, osproblemas sociais, afalta de um dosmembros no seio fa-miliar, iniciativaspróprias, desempre-go, as más compa-nhias, falta de opor-tunidades, e de polí-ticas do Estado paraa inserção dos mes-mos na sociedadeque é cada vez maiscompetitiva.Carlos

Hardman Lima

Funcionário público

Desestrutu-ração das famílias

Os factores são, pri-meiramente, o de-semprego, a falta devínculo familiar, valo-res morais, religião ea desestruturaçãodas famílias. Quandose tem uma famíliaestruturada é maisfácil construir umasociedade saudável.

Ylton Hernâni

Ernesto

Técnico de segurança higiene e saúde no trabalho

Défice naeducaçãoO que tem impul-sionado os jovens aenveredarem peloconsumo de álcool,drogas e a caírem nacriminalidade é, so-bretudo, a influênciado meio onde os in-divíduos se insereme a falta de educa-ção. É do conheci-mento de todosque, quando um paístem um grande défi-ce na educação, en-frenta graves pro-blemas sociais.

Ayrton Cruz

Estudante universitário

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17medicinA trAdicionAlJSA Julho/Agosto 2016

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18 SAÚDE DA MULHER Julho/Agosto 2016 JSA

Cerca de 21% de casos de infecçãopor HPV são de alto risconDos 1109 casos de mulheres que foram ao LuandaMedical Center (LMC) proceder a um rastreio ao can-cro do colo do útero (rastreio HPV), cerca de 21% apre-sentaram um resultado considerado de “alto risco”. Fo-ram detectados dois casos de cancro em mulheres nafaixa etária dos 35/45 anos, numa fase já avançada ecom necessidade de começar tratamento de imediato.

Estes resultados constam do estudo apresentado es-te mês pelo LMC que iniciou a sua primeira campanhade prevenção do cancro do colo do útero em Fevereiroúltimo. As conclusões são reveladoras da importânciada prevenção e do diagnóstico precoce.

“Sabemos que o cancro do colo do útero é a segundamaior causa de morte entre mulheres em todo o mundoe, também, o tipo de cancro mais frequente nas mulhe-res africanas. Por isso decidimos lançar esta campanhade prevenção. O nosso papel é fundamental o sentidode informar e educar a população para a importânciade fazer rastreio precoce” refere Rita Matias, directorade marketing do LMC.

Detecção precoce pode ser a salvação“Existe um enorme preconceito quanto ao rastreio adoenças, sobretudo aquelas que mais matam. É crucialinverter essa forma de pensar, pois a detecção precocede doenças pode ser a diferença entre a vida e a morte”conclui.

Cancro do colo do útero

O cancro do colo do útero é causado pelo vírus do Papilo-ma Humano (HPV). O seu desenvolvimento é silencioso,pelo que não se deve esperar pelos sinais de alarme. Calcu-la-se que quatro em cada cinco mulheres são expostas aovírus em algum momento da sua vida. Na maior parte dasmulheres, a infecção pelo HPV é eliminada pelo sistemaimunitário, sem nunca ter criado qualquer tipo de sinto-mas. Porém, em alguns casos, a infecção persiste e o víruspode provocar alterações nas células do colo do útero,promovendo a sua transformação em células cancerosas.Qualquer pessoa pode ser infectada com HPV. O HPV étransmitido por contacto sexual. Mesmo que só tenha tidoum parceiro sexual o vírus poderá ser transmitido.É possível prever o risco de desenvolvimento deste cancroe detectar as lesões precursoras através da realização deteste de rastreio. A prevenção através do rastreio regular(Papanicolau) e/ou teste de HPV juntamente com a vacina-ção é fundamental para evitar o cancro do colo do útero.Todas as mulheres que já iniciaram a sua actividade sexualdevem realizar o PAPANICOLAU e o teste de HPV. Existea possibilidade de evitar o HPV que desenvolve para can-cro através da vacinação. A vacina é recomendada para me-ninas a partir dos 9 anos.

Sobre o vírus HPV

Page 19: A dor dos queimados
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20 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Julho/Agosto 2016 JSA

Nove coisas que as pessoasbem sucedidas nunca fazemnO presidente de uma em-presa norte-americana quese dedica à inteligênciaemocional publicou um ar-tigo na rede LinkedIn, noqual identifica vários com-portamentos que as pessoasde maior sucesso evitam atodo a custo.

Segundo Travis Bradberry,presidente de uma empresaque se dedica à inteligênciaemocional, a capacidade degerir as emoções e manter acalma - quando sob pressão -é fundamental para alcançaro sucesso. Mas há mais: de-pois de analisar mais de ummilhão de pessoas, o cofun-dador da TalentSmart e autor

de um best seller sobre o te-ma concluiu que a inteligên-cia emocional está direta-mente ligada ao sucesso. Noartigo publicado da rede de li-gações profissionais Linke-dIn, o especialista identificounove características compor-tamentais dos emocional-mente inteligentes.1. Não viver no passadoQuando se vive no passado, omais provável é nunca seconseguir seguir em frente.Deste modo, o fracasso pode"minar" a sua autoconfiançae impedi-lo de ser bem suce-dido no futuro. "As pessoasemocionalmente inteligentessabem que o sucesso residena sua capacidade de ultra-

passar o fracasso, e não po-dem fazer isso ao viverem nopassado", explica Bradberry.Apesar dos fracassos já come-tidos, é importante as pessoasacreditarem que nada se con-segue sem riscos e esforços,acreditando sempre nas suascapacidades de vencer.2. Não se refugiar nos problemasPara Bradberry, o foco daatenção determina o estadoemocional, ou seja, quandouma pessoa se fixa num pro-blema as emoções serão ne-gativas e stressantes. Esse tipode sentimentos vai influen-ciar de forma negativa o de-sempenho pessoa. Destemodo, ao invés de se "afunda-

rem" nos problemas, as pes-soas emocionalmente inteli-gentes focam-se em procurarsoluções para resolverem oproblema.3. Não se focar na perfeiçãoNa pesquisa desenvolvida, aspessoas bem sucedidas nãoprocuravam a perfeição,conscientes de que esta nãoexiste. "Quando a perfeição éo objetivo, a pessoa sentirásempre a sensação de fracas-so, gasta o seu tempo a la-mentar o que deixou de fazere o que poderia ter feito deforma diferente, em vez deapreciar o que era capaz dealcançar", acrescenta Brad-berry.4. Não viver cercados de pessoas negativasAs pessoas que estão cons-tantemente a queixar-se dosseus problemas e que sãonegativas representam umperigo para o sucesso dosque as rodeiam; Não sepreocupam com soluções,apenas pretendem levar al-guém consigo "para a cova",de modo a se sentirem me-lhor. Por estas razões e maisalgumas, afaste-as de si.Mesmo que isso o possa fa-zer sentir-se mal e insensível,"há uma linha que separaemprestar um ouvido sim-pático e ser sugado para den-tro de uma espiral emocio-nal negativa", defende Brad-berry.5. Não ter medo de dizer"não""Dizer não é realmente umgrande desafio para a maio-ria das pessoas", admite o es-

pecialista. Contudo, quandoé necessário dize-lo, as pes-soas bem sucedidas fazem-no sem rodeios, e de formadireta. A investigação con-cluiu que a dificuldade emdizer "não" está relacionadacom o stress e com a depres-são. Ao conseguir dizer estapalavra está a assumir osseus compromissos e a de-fender o que quer, o que lhepermite alcançar o sucesso.6. Não deixar ninguéminfluenciar a sua felici-dadeQuando as pessoas emocio-nalmente inteligentes sesentem bem, elas não dei-xam que os outros estra-guem essa felicidade comopiniões e sentimentos des-trutivos. E também nãocomparam felicidades. Nãoimporta o que as outras pes-soas pensam ou fazem, a suaautoestima vem de si. Temde se preocupar com aquiloque faz, não com o que osoutros fazem.7. Perdoar, mas não esquecerA investigação concluiu queas pessoas com maior inteli-gência emocional são rápi-das a perdoar, o que nãoquer dizer que esqueçam.Não ficam a "remoer" o quese passou, mas isso não sig-nifica que irão dar hipótesesa um novo erro.8. Não desistir da lutaSegundo Bradberry, as pes-soas emocionalmente inteli-gentes sabem o quão impor-tante é lutar para viver no diaseguinte. Deste modo, em al-turas de conflito, enfrentamos problemas e não se dei-xam abater pelas dificulda-des. Fazem-no com cautela,controlando as suas emo-ções e capacidades com sa-bedoria. Esta é a forma maiseficaz de defenderem o "seuterritório e saírem vitorio-sos".9. Não guardar rancorTendo e conta estudos reali-zados, guardar rancor é, naverdade, uma resposta aostress. Pesquisadores daUniversidade de Emorymostraram que o stress con-tribui para a pressão arteriale para doenças cardíacas. Aoguardar o rancor está a guar-dar também o stress, e assim,nunca alcançará o sucesso.Ou seja, aprender a libertar-se do rancor não só o vai fa-zer sentir-se melhor comotambém vai melhorar a suasaúde. As pessoas emocio-nalmente inteligentes sa-bem que devem evitá-lo a to-do o custo.

Algumas profissões são au-

tênticos atentados à saúde

do coração. Parece exage-

ro? Então veja a lista criada

pela Associação Americana

do Coração.

1. Condutores de auto-

carros, comboios e ca-

miões. Os investigadores

notaram que as pessoas

com esta profissão tendem

a fumar e a passar muito

tempo sentadas, o que faz

com que tenham um

maior risco de sofrerem

um AVC.

2. Secretários e admi-

nistradores. Os hábitos

alimentares pouco saudá-

veis e comuns em 68% dos

inquiridos fazem desta

profissão um atentado pa-

ra a saúde, uma vez que a

este ‘pecado’ juntam-se as

horas a fio sem sair da ca-

deira. As pessoas com em-

pregos sedentários ten-

dem a ter níveis de coles-

terol elevados, o que

impulsiona o risco de pro-

blemas de coração.

3. Empregados de res-

taurantes, cantinas e

cafés. Lidam com comida

todos os dias, mas são os

que pior comem, diz a in-

vestigação, revelando que

79% dos inquiridos desta

área seguem uma dieta má.

4. Seguranças, polícias

e bombeiros. Seja pelos

turnos rotativos, ou pela

falta de tempo para comer,

estes profissionais têm, na

sua maioria, uma má ali-

mentação, sendo que 90%

dos inquiridos mostram-se

mais propensos a ter peso

a mais ou a serem classifi-

cados como obesos. Os ní-

veis elevados de colesterol

e a pressão arterial alta são

outras duas consequências

nocivas deste tipo de em-

prego.

Entre os mais saudáveis, diz

a BBC, estão os freelan-

cers, os profissionais de

saúde, os atletas e todos os

que trabalhem directa-

mente em comunicação,

uma vez que são os que

mais exercício praticam e

os que mais cuidados têm

com a alimentação.

O ranking dos empregos

mais ‘amigos’ da saúde é li-

derado pelos profissionais

de fitness.

Diga-me a suaprofissão e dir-lhe-ei como é a sua saúde

Page 21: A dor dos queimados

Passo 1: Exercite o Cérebro Seja qual for a parte do cor-po, quase todas seguem omesmo mantra: ou são apro-veitadas ou são desperdiça-das. Se não usar os múscu-los, acabarão por ficar molesque nem papas. Se não exer-citar o coração, as artérias fi-carão mais obstruídas que asruas de Luanda. E até os uro-logistas dão o mesmo conse-lho aos homens no que dizrespeito à disfunção eréctil:se quiser continuar a escre-ver, é melhor afiar o lápis. Ecom o cérebro não é diferen-te. Na verdade, devíamosexercitar o cérebro com amesma regularidade comque fazemos qualquer outrotipo de exercício. Manter océrebro activo, tanto emo-cional como mentalmente,ajuda a prevenir a perda dememória. A primeira coisa que deve

evitar é viver em modo de pi-loto automático - ou seja, tera mesma rotina dia após dia.Se descobrir maneiras de fa-zer alongamentos mentais,evitará o encolhimento cere-bral. A forma mais clássicade o conseguir é aprendercoisas novas - seja aprenderespanhol, aprender a tocaralgumas melodias numa

harmónica ou reconstruirum motor de um carro. Oimportante é usar partes docérebro que normalmentenão usa. Tal como os múscu-los, o cérebro cresce quandotrabalha fora da sua rotinahabitual. Outra forma de exercitar o

cérebro é, como dizem oscientistas, "testar os limites". Foi concebido um projec-

to em larga escala para veri-ficar se testar os limites pro-porcionava realmente o cres-cimento de novos neuróniose de dendrites (a parte dosneurónios que apanha a in-formação dos neurotrans-missores). Nesse projecto,cada computador era pro-gramado para perceber a ca-pacidade de uma pessoa na

área da matemática. Depois,o computador programavaum teste para essa pessoa deacordo com as suas capaci-dades. Mas, de cada vez queo computador ultrapassavaos limites, os investigadorespodiam ver o crescimento deneurónios e de dendrites(nas imagens recolhidas docérebro dos participantes). Amelhor parte da história, po-rém, é que as pessoas nãoprecisavam de dar respostascertas para obter os benefí-cios de testar os limites. Bas-tava fazerem um teste umpouco além das suas capaci-dades (80 por cento de res-postas certas, 20 por cento derespostas erradas) e era o su-ficiente para desencadearum novo crescimento de

neurónios. Posto isto, supo-nhamos que você conseguefazer as palavras cruzadasque saem no Jornal de Ango-la à quarta-feira, mas pratica-mente não completa metadedas que saem ao domingo.Se o melhor para o seu ego écontinuar a ser o mestre dopuzzle de quarta-feira, o me-lhor para o cérebro será con-tinuar a tentar as palavrascruzadas de domingo (desdeque não seja tão frustrante aponto de perder toda a pia-da). Tal como um atleta setorna mais rápido ou maisforte quando treina paraatingir os objectivos que es-tão fora do seu alcance, vocêpode treinar o cérebro paraque ele fique mais inteligentee mais vivo. Outro elemento a ter em

conta é, claro, a formação.Quanto mais souber, maisestimulará a capacidade deaprendizagem do cérebro.Um estudo realizado entreumas freiras de um conventoé disso um excelente exem-plo. Os investigadores anali-saram a estrutura das frasesde umas composições que asfreiras tinham feito antes deentrarem para o convento.Depois, analisaram a suafunção cognitiva cerca de 65anos mais tarde. As que ti-

nham usado estruturas defrases complexas quando ti-nham entrado eram as quetinham uma boa função cog-nitiva à medida que iam en-velhecendo. (E houve outradescoberta importante: asque eram mais optimistas àentrada apresentavam tam-bém uma maior função cog-nitiva.) Resumindo e concluin-

do, todos temos interessestão diversos que só nós po-demos escolher as activida-des que irão estimular amente para além das capaci-dades normais. Convém es-colher algo de que goste; de-verá sentir que se trata deuma pausa e não de umasessão de estudo. De qual-quer modo, podemos suge-rir outras formas para me-lhorar o funcionamento docérebro na vida do dia-a-dia.No trabalho, muitas pessoasseguem a mesma rotina to-dos os dias: bebem o café,sentam-se, vão ao Facebook,bebem mais um café, vêemo e-mail, vão à casa de ba-nho, tratam do expediente,telefonam ao cliente, engo-lem o almoço, levam comum sermão do chefe, e por aíadiante. Claro que é o seuchefe que lhe diz como devefazer o trabalho, mas gosta-

21SAÚDE MENTALJSA Julho/Agosto 2016

Quando fazemos exercício,

vemos a nossa barriga a en-

colher. Quando paramos de

comer fritos, vemos os ní-

veis de mau colesterol

(LDL) a baixar. Quando dei-

xamos de fumar, podemos

finalmente parar de pigar-

rear. Resumindo, quando

mudamos de hábitos, perce-

bemos de imediato as mu-

danças no corpo. No que diz

respeito ao cérebro, porém,

é mais difícil saber como es-

tamos. O cérebro não pode

chegar ao ginásio, tirar o

chapéu e exibir umas fle-

xões (eh pá! Tens o hipocam-

po todo roto!). Só que isso

não é razão para ignorar o

único órgão que lhe dá pre-

cisamente o poder de ir ao

ginásio fazer essas e outras

coisas. O que se segue é o

seu programa para cons-

truir um cérebro melhor -

agora e no futuro.

Cérebro:plano de acção para mantê-lo jovem e activo

Já se fizeram estudos sufi-

cientes para podermos di-

zer que beber 0,6 litros

(duas chávenas grandes) de

café fraco por dia contribui

para diminuir o risco da

doença de Parkinson em 40

por cento e o risco da

doença de Alzheimer em 20

por cento. Porquê? Não te-

mos a certeza, mas ao que

parece a cafeína tem um

efeito benéfico sobre os

neurotransmissores. O efei-

to da cafeína é enorme, seja

através do café, do chá ou

de bebidas de baixas calo-

rias. Contribui para que vo-

cê fique três a seis meses

mais novo. Atenção: para al-

gumas pessoas, demasiada

cafeína provoca palpitações,

alterações no controlo da

diabetes, indisposições, an-

siedade ou enxaquecas; nos

homens que sofrem de uma

doença da próstata chama-

da hipertrofia benigna da

próstata, a cafeína pode fa-

zer pior, uma vez que pode

provocar espasmos na ure-

tra.

Mito ou Facto?

O café fazbem ao cérebro?

Page 22: A dor dos queimados

22 SAÚDE MENTAL JSA Julho/Agosto 2016

ríamos de sugerir que tro-casse a ordem habitual devez em quando. Ter a mes-ma rotina todos os dias nãoestimula o hipocampo - aparte do cérebro que é maisresponsável pela memória.Para manter uma mente ac-tiva, tente simplesmente va-riar a rotina no trabalho ouem casa. Comece por telefo-nar ao cliente ou escreva pri-meiro o relatório em vez dedeixar isso para último lugar.Qualquer que seja a sua roti-na, altere a ordem das tare-fas.

Passo 2: Alimente o Espírito Em geral, o que faz mal aocoração também faz mal aocérebro. Não há nada queenganar: se as batatas fritasde que tanto gosta lhe pe-sam na balança, o mais gra-ve é que parte dessas batati-nhas é lançada pelas artériasacima até chegar ao cérebro.As gorduras saturadas obs-truem as artérias que con-duzem ao cérebro, aumen-tando o risco de AVC. Aocontrário, os ácidos gordosómega 3 (o tipo de gordurasque encontramos no peixe)são benéficos para o cora-ção, porque ajudam a man-ter as artérias limpas, alémde intervirem na formaçãodos neurotransmissores ediminuírem a depressão.

Estes são os melhores ali-mentos para o seu cérebro: FRUTOS SECOSContêm gorduras monoin-saturadas, que ajudam amanter as artérias saudáveis,e percursores de serotonina,para animar o nosso estadode espírito. Dose Recomendada 28 g por dia é o suficiente; po-de ultrapassar um pouco es-ta quantidade, mas lembre-se – tenha cuidado com ascalorias a mais – de que 28 gé o equivalente a 12 nozes ou24 amêndoas.Diferença na Idade Real Homens: 3,3 anos mais novos Mulheres: 4,4 anos mais novas

PEIXEprincipalmente salmão, sar-dinha, pescada,cacusso, ba-gre, solha, dourado-do-mar.Contém ácidos gordosómega 3, muito benéficospara a saúde das artérias. Dose Recomendada 380 g por semana (ou três do-ses do tamanho do seu pul-so)

Diferença na Idade Real2,8 anos mais novos

FEIJÃO DE SOJAContém proteínas, fibras egorduras benéficas para asartérias e para o coração. Dose Recomendada 1 chávena por dia Diferença na Idade Real0,4 anos mais novos

TOMATEsumos, molhos e refoga-dos.Contém folatos, licope-no e outros nutrientes bené-ficos para a saúde das arté-rias. Dose Recomendada225 g de sumo por dia; 2 co-lheres de sopa de molho Diferença na Idade RealPelo menos um ano maisnovos

AZEITE, ÓLEO DE FRUTOSSECOS, ÓLEO DE PEIXE, SEMENTES DE LINHO,ABACATE Contêm gorduras monoin-saturadas benéficas para ocoração. Dose Recomendada 25 por cento das calorias diá-rias devem provir de gordu-ras saudáveis

CHOCOLATE VERDADEIRO(feito à base de cacau) Dose Recomendada 30 g por dia (em substituiçãodo leite com chocolate) Diferença na Idade Real1,2 anos mais novos

Passo 3:Diminua o Stress De certa maneira, o stresspode ser bom. Trata-se domecanismo fisiológico quenos ajuda a funcionar. Aju-da-nos a cumprir prazos e afugir de leões. Ao enfrentar-mos uma situação que exigeuma reacção da nossa parte,podemos decidir lutar con-tra ela (acelerar para cumprirum prazo) ou fugir dela (ostais leões de que falávamos). É a chamada reacção "lu-

tar ou fugir". Quando os fac-tores de tensão atingem ní-veis extremamente elevados,o stress torna-se perigoso. Eisso deve-se ao efeito da hor-mona do stress chamadacortisol. Quando estamosconstantemente sob stress,os níveis de cortisol man-têm-se elevados. O cérebronão envelhece só porque opneu da bicicleta rebentouou o pára-choques levouuma batida no parque de es-tacionamento. Esses Impor-tantes Mas Remediáveis

acontecimentos (chama-mos-lhes IMR) não nos fa-zem mais velhos, porque sãoproblemas que podemos re-solver. Ao contrário, a doen-ça surge a partir de aconteci-mentos que nos deixamconstantemente em stress,por um longo período detempo (mesmo que aosolhos de outras pessoas nãopassem de questões de me-nor importância). Uma dascategorias em que incluímosestes factores de stress é aTCPC - Tarefas Chatas PorCumprir. Por exemplo, ostress irritante de se sentarnuma tampa de sanita quenão encaixa bem, e o facto de"deixar andar" esse proble-ma farão nascer-lhe cabelosbancos se for uma daquelascoisas que o remói de cadavez que vai à casa de banho.A outra categoria advém degrandes acontecimentos navida - como mudar de casa,lidar com problemas finan-ceiros, ou lidar com a mortede um familiar. O stress irri-tante desgasta, enquanto osfactores de stress persisten-tes são verdadeiros assassi-nos. Se diminuir o stress na sua

vida, seja através do convíviocom amigos, do exercício, ouda meditação, seja através deoutros métodos, conseguiráinfluenciar a sua qualidadede vida e viver mais jovem.Se o fizer, conseguirá reaver30 dos 32 anos que os acon-tecimentos marcantes da vi-da lhe podem roubar. Osnossos métodos preferidospara reduzir o stress são rir emeditar. Rir reduz a ansieda-de, a tensão e o stress e podetorná-lo 1,7 a 8 anos mais jo-vem. Com a meditação, osbenefícios são muitos. A me-ditação ajuda a preservar ascélulas cerebrais e as funçõesrelacionadas com a memó-ria. Além disso, a componen-te de redução do stress queenvolve a meditação contri-bui para prevenir doençascomo a depressão e os dis-túrbios de ansiedade. Parameditar, tudo o que necessi-ta é de um quarto silencioso.Com os olhos parcialmentefechados, concentre-se narespiração e repita lenta e in-definidamente a mesma pa-lavra ou frase - por exemplo,"óm" ou "um". O cardiologis-ta Dean Ornish inicia esseprocesso com uma pequenabarra de chocolate preto. Oprocesso de repetir a mesmapalavra é o que ajuda a clari-ficar e a relaxar a mente e é oque tem o efeito positivo glo-

bal na saúde, a não ser que seponha a repetir "calulu", ou"mufete" :-)

Passo 4: Seja NaturalSeguem-se as principais vi-taminas e os principais su-plementos que podem be-neficiar o funcionamento ce-rebral, melhorando o humor,a memória e outros aspectosda mente, contribuindo aomesmo tempo para 'que estase mantenha jovem. FOLATOS, B6 E B12 Ní-

veis elevados de homocisteí-na são perigosos, uma vezque duplicam o risco deAVC. Pensa-se que a homo-cisteína provoca pequenasaberturas entre as células en-doteliais (que constituem oforro interior das artérias),conduzindo à deterioraçãoda parede arterial, à forma-ção da placa ateroscleróticae inflamação. Tomar 800 mi-cro¬gramas de suplementosde folatos por dia, ou 1.400micro gramas através da ali-

mentação, pode reduzir osníveis de homocisteína dras-ticamente - o excesso de ho-mocisteína é removido dacorrente sanguínea, suspen-dendo-se assim os seus efei-tos do envelhecimento. Isto éimportante porque, à medi-da que envelhecemos, va-mos assimilando menos fo-latos a partir dos alimentos, econsequentemente o teor defolatos no sangue diminui;não será por acaso que esta éa carência vitamínica maiscomum entre os mais idosos.Alimentos como espargos,alcachofras, couves de Bru-xelas, feijão branco e semen-

tes de girassol contêm fola-tos. Muitas pessoas apresen-tam também níveis insufi-cientes das vitaminas B6 eBI2. Entre os alimentos comvitamina B6 estão o frango,as bananas e a polpa de to-mate; com vitamina BI2 te-mos o salmão, o atum, o bor-rego, as fibras e os flocos detrigo. Se tomarmos diaria-mente 800 microgramas defolatos, 6 miligramas de vita-mina B6, e 800 micro gramasde vitamina B12 através dosalimentos ou 25 micro gra-mas através de suplementos(os suplementos de B12 sãomais fáceis de absorver), po-demos subtrair 1,2 anos àRealAge [Idade Real] emapenas três meses e, prova-velmente, 3,7 anos em trêsanos. COENZIMA Q10A coen-

zima Q10 foi alvo de todas asatenções e conseguiu termais destaque do que o ca-samento de qualquer cele-bridade - isto tudo porqueprevine o envelhecimento

“Outro elemento ater em conta é aformação. Quantomais souber, maisestimulará acapacidade deaprendizagem”

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cardiovascular (para além deajudar doentes em estadocrítico que aguardam porum transplante de coração).Acredita-se que a coenzimaQ10 tem efeitos benéficos so-bre o coração e que podeigualmente prevenir o enve-lhecimento cerebral. Pre-sente naturalmente nos ór-gãos do nosso corpo, a coen-zima Q10 estimula osmecanismos de produçãode energia a nível celular,particularmente no tecidomuscular e nas células dostecidos nervoso e cerebral.Os nossos corpos produzemnaturalmente esta coenzima- mas só quando não temosfalta de vitamina C ou das vi-taminas do complexo B, co-mo a BI2, B6 e folatos. ÁCIDO ALFA LIPÓICO E

L-CARNITINA Através deexperiências realizadas emratos, ficou demonstradoque estas duas substânciasmelhoravam a função cogni-tiva. Os ratos mais velhos,que recebiam uma dose des-

tas duas substâncias, conse-guiam encontrar a comidano labirinto tão depressaquanto os ratos mais jovens -e mais rápido que os ratosque não recebiam dose algu-ma. A L-carnitina é um ami-

noácido que ajuda a trans-portar energia entre as célu-las e, em estudos realizadoscom animais, ficou demons-trado que diminui o enve-lhecimento arterial e melho-ra a memória. Para pessoascom mais de 60 anos, reco-mendamos 1.500 miligra-mas de L-carnitina por dia. Quanto ao ácido alfa-li-

póico (que também ajuda ocorpo a produzir energia),acredita-se que contribui pa-ra atenuar o envelhecimentodo nosso ADN, provocadopela glicose e pelo oxigénio, eque promove a circulação deambos (glicose e oxigénio)para as fontes de energia donosso corpo. Actualmente,não foi ainda divulgada infor-mação suficiente, mas, assim

que forem publicados novosdados, faremos algumas re-comendações. Fique atento.

RESVERATROLTrata-sede um flavonóide que se en-contra no vinho tinto que pa-rece inibir o envelhecimentodo ADN na mitocôndria - afonte de energia da célula.Este flavonóide actua comoantioxidante, o que contribuipara reduzir o envelheci-mento das artérias e do siste-ma imunitário. Encontra-sesobretudo no vinho tintoporque a pele das uvas con-tém resveratrol e o vinho tin-to esteve em contacto com apele da uva por mais tempodo que o vinho branco (porisso é que é vermelho). Paraobter o máximo benefício(até 1,9 anos mais jovem),consuma álcool com mode-ração - um ou dois copos devinho por dia, para os ho-mens, meio copo ou um co-po por dia, para as mulheres. SAM Um aminoácido na-

tural, a S-adenosilmetioninatrata a depressão alterando areacção química dos neuro-transmissores associados aesta doença. Algumas auto-ridades mostram preocupa-ção pelo facto de se receita-rem demasiados antidepres-sivos com efeitos secundá-rios graves. A SAM parece termenos efeitos secundários.Se sentir que necessita deum antidepressivo, procureajuda. Dose normal para aSAM: 800 a 1.200 miligramasdiários (em jejum). Muitosestudos focaram a sua aten-ção no hipericão como anti-

depressivo; o problema éque ele interage com outrosmedicamentos. Por exem-plo, no caso da pílula contra-ceptiva, o hipericão aumen-ta o metabolismo de certassubstâncias e a pílula deixaassim de fazer efeito, tornan-do-se inútil para 25 por centodas pessoas que tomam osdois medicamentos ao mes-mo tempo. A SAM é tão efi-caz como o hipericão nas de-pressões menos graves, coma vantagem de não interagircom outros medicamentos.

Passo 5: Pense no MussuloVocê está numa praia, comuma bebida fresca numamão e o último livro deLuandino Vieira na outra. Abrisa marítima beija-lhe a fa-ce enquanto o mar lhe fazcócegas nos pés. Ouve as gai-votas a conversar, as ondas arebentar e a banda lá ao fun-do a improvisar. No ar, ocheiro a água salgada e a óleode coco. Soa-lhe a paraíso? Émuito mais do que isso. Essaimagem que lhe assolou oespírito acabou de estimularo seu cérebro. Sonhar acor-dado torna a mente flexível.Ao agitar essa parte do cére-bro que lida com a imagina-ção, você põe o pensamentoa funcionar fora do seu de-curso habitual e isso, comovocê já sabe, estimula a fun-ção cognitiva. Encare o so-nhar acordado como umaparte importante do seu pla-no de acção mental. Só que-remos que a sua mente este-

ja activa, por isso aquilo comque sonha é exclusivamenteda sua conta - seja as praiasdo Mussulo, nas quedas deCalandula, ou uma noitecom a sua vedeta preferida.

Passo 6: Consulte os Profissionais Tal como não existe nenhumcomprimido que nos ensinea falar chinês, ou que derretaa gordura num segundo,também não existe nenhu-ma panaceia exclusiva paraas perturbações da persona-lidade. Cada pessoa (e cada

perturbação) é única, tal co-mo as riscas de uma zebrasão únicas. Por isso mesmo,as pessoas que sofrem deperturbações de personali-dade precisam de saber co-mo reestruturar o cérebrocom ajuda profissional. Jáagora, versões moderadas deperturbações de personali-dade podem contribuir parao sucesso, se acertarmos nacarreira que escolhemos.

Passo 7:Use o Capacete Não devia ser necessário,mas já vimos muitas cabeçasdespidas ao volante de mo-torizadas para saber quenunca é demais repetir:usem o capacete sempre queandarem de bicicleta, de pa-tins, de skate, moto, sempreque fizerem escaladas ou ou-tros desportos do género.Porque o cérebro tem a con-sistência de um ovo cozido,qualquer traumatismo cra-niano, por menor que seja (epor "menor" entenda-se umimpacto que nos deixa ator-doados, sem nos conseguir-mos lembrar bem do queaconteceu) é como se esbor-rachássemos o ovo, o quepode causar um apagão empartes do circuito eléctricoque estão relacionadas coma memória a longo prazo.Desligar uma central eléctri-ca com uma cabeçada nãopode fazer bem à rede deelectricidade, e muitas vezesnem nos apercebemos dosefeitos a longo prazo durantedécadas.

Para perceber o poder que

tem de exercitar o seu cére-

bro, repare neste estudo

que mediu o tamanho do

cérebro dos taxistas ingle-

ses. Porquê dos taxistas?

Apesar dos habituais insul-

tos aos transeuntes que têm

a mania de passar fora das

passadeiras, os taxistas têm

um trabalho muito desgas-

tante. Além de decorar a

complexa disposição das ci-

dades, têm de conhecer os

caminhos mais rápidos para

chegar aos sítios. O resulta-

do da pesquisa indicou que

os taxistas mais experientes

- e, por conseguinte, os que

continuavam a evoluir para

conseguir sempre mais ban-

deiradas - estavam constan-

temente a exercitar o cére-

bro para poderem sobrevi-

ver numa indústria tão

competitiva e a verdade

é que apresentavam os lo-

bos temporais direitos

maiores do que o habitual.

O cérebro deles era maior

porque era usado todos os

dias, a toda a hora

e de muitas maneiras.

Mito ou Facto?

Podemos ficar maisinteligentesdo que já somos?

“As gordurassaturadas obstruemas artérias queconduzem aocérebro,aumentando o riscode AVC. Aocontrário, os ácidosgordos ómega 3 (otipo de gordurasque encontramosno peixe) sãobenéficos para ocoração, porqueajudam a manter asartérias limpas,além de interviremna formação dosneurotransmissorese diminuírem adepressão”

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