A Dor Crônica e Os Recursos Terapêuticos

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A DOR CRÔNICA E OS RECURSOS TERAPÊUTICOS *Josiéte Trentini Stocco A dor pode ser considerada uma das principais sensações que debilita e desestrutura o indivíduo. De acordo com conceitos pesquisados, dor é um problema de saúde pública, que leva o indivíduo a buscar o sistema de saúde, e que todas as pessoas já vivenciaram ou irão vivenciar em suas vidas. A International Association for Study of Pain (IASP) classifica dor como "uma experiência sensorial e emocional desagradável associada com danos reais ou potenciais em tecidos, ou assim percepcionada como dano.” (IASP, 1979, p. 250 apud Scopel, 2008 p.1). Segundo Dellaroza et al. (2008, p.36): “a dor crônica pode ser definida como a dor contínua ou recorrente de duração mínima de três meses; sua função é de alerta e, muitas vezes, tem a etiologia incerta, não desaparece com o emprego dos procedimentos terapêuticos convencionais e é causa de incapacidades e inabilidades prolongadas.” Para facilitar os padrões de pesquisas a Associação Internacional para Estudo da Dor definiu dor crônica como aquela com duração maior que seis meses, contínua ou recorrente. Além disso, Dellaroza (2008) explica que pelo tempo em que ocupa da vida do individuo, a dor crônica causa comprometimento das atividades habituais, recreacionais, *Josiéte Trentini Stocco – CRP 08/11379 - Psicóloga Clínica, Formação em Terapia Cognitiva Comportamental/Especialização em Terapia Familiar Sistêmica e Neuropsicologia/Hipnoterapeuta. Contato: (41) 33939-4366 / (41) 9148-1892 - http://josietestoccopsicologa.blogspot.com.br/ **Artigo publicado no grupo Hipnoterapia Social - https://www.facebook.com/groups/hipnoterapiasocial/?ref=ts&fref=ts

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A DOR CRNICA E OS RECURSOS TERAPUTICOS

*Josite Trentini Stocco

A dor pode ser considerada uma das principais sensaes que debilita e desestrutura o indivduo. De acordo com conceitos pesquisados, dor um problema de sade pblica, que leva o indivduo a buscar o sistema de sade, e que todas as pessoas j vivenciaram ou iro vivenciar em suas vidas.

A International Association for Study of Pain (IASP) classifica dor como "uma experincia sensorial e emocional desagradvel associada com danos reais ou potenciais em tecidos, ou assim percepcionada como dano. (IASP, 1979, p. 250 apud Scopel, 2008 p.1).

Segundo Dellaroza et al. (2008, p.36):

a dor crnica pode ser definida como a dor contnua ou recorrente de durao mnima de trs meses; sua funo de alerta e, muitas vezes, tem a etiologia incerta, no desaparece com o emprego dos procedimentos teraputicos convencionais e causa de incapacidades e inabilidades prolongadas.

Para facilitar os padres de pesquisas a Associao Internacional para Estudo da Dor definiu dor crnica como aquela com durao maior que seis meses, contnua ou recorrente.

Alm disso, Dellaroza (2008) explica que pelo tempo em que ocupa da vida do individuo, a dor crnica causa comprometimento das atividades habituais, recreacionais, sociais e familiares. Podendo gerar uma incapacidade funcional progressiva, sofrimento e custo socioeconmico.

A dor pode ser aguda ou crnica e faz-se necessria avaliao mdica e psicolgica para estabelecer tipos, causas e possveis tratamentos. As formas de tratamento so diversas e podem ser especficas para cada tipo de dor. Podemos citar o tratamento medicamentoso, fisioterapia, acupuntura, massagem, psicoterapia, terapias alternativas, entre outras. Ou seja, uma equipe multidisciplinar poder estar envolvida com o mesmo objetivo, favorecendo o alvio da dor e promovendo a qualidade de vida ao paciente.

Em se tratando de cronicidade, pode estar presente em diversas patologias, entre elas, a fibromialgia, neuropatia diabtica, enxaquecas, reumatismos... E tambm acarretar em comorbidades como depresso, ansiedade, distrbios do sono, entre outros transtornos.

Para Lima e Trad (2007, p. 2674), A dor crnica usada como uma categoria no oficial, uma categoria anmala, parcialmente legitimada como doena. Na ausncia de mecanismos fisiolgicos conhecidos, a ateno tem sido voltada para determinantes psicolgicos e sociais da dor.

Em situaes em que a dor no tem localizao especfica, no h leso evidente, entende-se como subjetiva, interpretativa, onde no existe visibilidade, e desta forma dificulta diagnstico, tratamento e avaliao de resultados. Nessas condies, o encaminhamento ao psiclogo primordial, interpretando-se como algo do campo de sade mental. Este um fator delicado, tendo em vista, a resistncia do prprio paciente em aceitar que sua dor fsica no existe.

Conforme explica Srgio (apud Lima e Trad 2007, p. 2675) Toda dor tem um componente psicolgico (...) o componente psicolgico vai modular isto quele momento da sua vida e voc vai mostrar isto para o mundo atravs de um comportamento, seja verbal, seja postural, seja fisiolgico (...).

Na abordagem psicolgica da dor importante investigar sem sombra de dvidas, possveis traumas emocionais. Alm disso, qual o significado desta dor e que lugar ocupa em sua vida, que sentimentos esto associados e que projetos foram interrompidos. A reestruturao, readaptao e aceitao so fatores que devero ser foco do trabalho teraputico, pois a partir destes mecanismos se dar o sucesso ou no do tratamento.

De acordo com Lima e Trad, (2007, p. 2677), os objetivos teraputicos vo girar em torno de retomar as atividades cotidianas, recuperar a funo, sair do isolamento social, apesar da permanncia da dor. Estes passam por deslocar a dor do centro da vida e coloc-la em uma margem conhecida e talvez controlvel (...).

Ainda sobre formas de tratamento, podemos citar a hipnose como ferramenta auxiliar e de uso remoto (1950). Seu uso clnico foi aprovado pela Associao de Medicina Britnica e Sociedade de Medicina Americana, alm de obter a liberao de outros conselhos profissionais como psicologia, odontologia, fisioterapia, entre outros.

Devido a possvel averso do paciente ambientes hospitalares e invasivos, o setting teraputico pode ser agradvel e acolhedor, fazendo-o se sentir ouvido e respeitado. Favorece assim o uso da hipnoterapia como recurso do imaginrio, relendo sua prpria histria e traando novas perspectivas de futuro.

As formas de utilizao da hipnose so variadas e se fazem por meio de sugestes de imagens mentais detalhadas, de percepes sensoriais, criando assim, um foco atencional que favorea alcanar seu objetivo. Para isso, utiliza-se de metforas, linguagens especficas que vo atingir o inconsciente do indivduo.

Vasconcelos (2009) esclarece que as estratgias da hipnose podem ser at mais eficazes que outros tratamentos para dor, alm de ser uma alternativa mais econmica ao paciente. E o autor ainda completa a informao explicando que a analgesia hipntica tem feito sucesso em diversos casos incluindo a odontologia, centros de queimados, procedimentos cirrgicos, trabalho de parto e algumas especialidades na rea infantil.

E por fim, sendo a dor uma sensao que todos passam em algum momento da vida, e que, se existe uma maneira de podermos ameniz-la e torn-la suportvel, e se esta maneira inclui a ressignificao cognitiva da dor por meio de psicoterapia, incluindo a hipnoterapia de forma tica e eficaz, porque no utilizarmos destas ferramentas para favorecermos assim o bem estar do indivduo de maneira global?

Referncias

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*Josite Trentini Stocco CRP 08/11379 - Psicloga Clnica, Formao em Terapia Cognitiva Comportamental/Especializao em Terapia Familiar Sistmica e Neuropsicologia/Hipnoterapeuta. Contato: (41) 33939-4366 / (41) 9148-1892 - http://josietestoccopsicologa.blogspot.com.br/

**Artigo publicado no grupo Hipnoterapia Social - https://www.facebook.com/groups/hipnoterapiasocial/?ref=ts&fref=ts