A documentação da arquitetura moderna de prédios institucionais em Teresina-PI

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A DOCUMENTAÇÃO DA AQUITETURA MODERNA DE PRÉDIOS INSTITUCIONAIS EM TERESINA - PI FEITOSA, Ana R. S. Negreiros Estudante de Graduação Arquitetura e Urbanismo do Centro de Tecnologia da UFPI Endereço para correspondência: Rua Oeiras. 1809.Vermelha .Teresina.Piauí. e-mail: [email protected] RESUMO Com a pesquisa científica realizada sobre a arquitetura moderna de prédios institucionais em Teresina-PI foi possivel se deparar com um acervo arquitetônico rico de grande qualidade trazendo de maneira geral, valor à documentação. A metodologia utilizada é coerente à orientação e ao método empregado no grupo de pesquisa “Modernidade Arquitetônica” da Universidade Federal do Piauí, cadastrado no CNPq e orientado pela arquiteta, professora doutora em projetos arquitetônicos pela ETSAB/ UPC, Alcilia Afonso de Albuquerque Costa, seguindo os métodos do departamento de projetos arquitetônicos da Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona, ETSAB/ UPC da linha “la forma moderna”. Este trabalho pretende apresentar a importância e necessidade dos arquivos de arquitetura, para uma preservação e documentação da produção arquitetônica realizada em Teresina-PI, com intuito de difundi-la ao panorama regional e nacional.Sendo possivel criar um efeito comparativo, demostrando que o Movimento Moderno ainda dá as bases para uma produção contemporânea, justificando os conceitos projetuais. E que apenas através da pesquisa de documentação pode-se realizar estas tarefas, de ter a compreensão de toda evolução e absorver a formação da arquitetura no estado. Palavras-chave: arquitetura moderna , documentação , arquitetura em Teresina -PI. 1. INTRODUÇÃO A intenção deste trabalho é de documentar e resgatar o patrimônio arquitetônico da cidade de Teresina, aprofundando a investigação de um acervo moderno teresinense, que se mostra bastante relevante na história local, mas que por muitas vezes, por falta de conhecimento a respeito da sua importância, por parte das instituições e da comunidade, é destruído e descaracterizado.

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FEITOSA, Ana R. S. Negreiros . A documentação da arquitetura moderna de prédios institucionais em Teresina-PI. In: Seminário Latino Americano. Arquitetura e Documentação, 2008, Belo Horizonte -MG. Seminário Latino Americano Arquitetura e Documentação, 2008, Belo Horizonte, 2008.

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A DOCUMENTAÇÃO DA AQUITETURA MODERNA DE PRÉDIOS INSTITUCIONAIS EM TERESINA - PI

FEITOSA, Ana R. S. Negreiros

Estudante de Graduação Arquitetura e Urbanismo do Centro de Tecnologia da UFPI

Endereço para correspondência: Rua Oeiras. 1809.Vermelha .Teresina.Piauí.

e-mail: [email protected]

RESUMO

Com a pesquisa científica realizada sobre a arquitetura moderna de prédios institucionais em Teresina-PI foi possivel se deparar com um acervo arquitetônico rico de grande qualidade trazendo de maneira geral, valor à documentação. A metodologia utilizada é coerente à orientação e ao método empregado no grupo de pesquisa “Modernidade Arquitetônica” da Universidade Federal do Piauí, cadastrado no CNPq e orientado pela arquiteta, professora doutora em projetos arquitetônicos pela ETSAB/ UPC, Alcilia Afonso de Albuquerque Costa, seguindo os métodos do departamento de projetos arquitetônicos da Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona, ETSAB/ UPC da linha “la forma moderna”.

Este trabalho pretende apresentar a importância e necessidade dos arquivos de arquitetura, para uma preservação e documentação da produção arquitetônica realizada em Teresina-PI, com intuito de difundi-la ao panorama regional e nacional.Sendo possivel criar um efeito comparativo, demostrando que o Movimento Moderno ainda dá as bases para uma produção contemporânea, justificando os conceitos projetuais. E que apenas através da pesquisa de documentação pode-se realizar estas tarefas, de ter a compreensão de toda evolução e absorver a formação da arquitetura no estado.

Palavras-chave: arquitetura moderna , documentação , arquitetura em Teresina -PI.

1. INTRODUÇÃO A intenção deste trabalho é de documentar e resgatar o patrimônio arquitetônico da cidade de Teresina, aprofundando a investigação de um acervo moderno teresinense, que se mostra bastante relevante na história local, mas que por muitas vezes, por falta de conhecimento a respeito da sua importância, por parte das instituições e da comunidade, é destruído e descaracterizado.

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O objetivo geral a respeito da produção arquitetônica moderna teresinense é observar a linguagem arquitetônica e projetual criada para a adaptação de uma linguagem universal em uma realidade sócio cultural, geográfica e econômica local. Por isso a necessidade da realização dos levantamentos arquitetônicos das obras exemplos , para que se possam ser devidamente analisados através de um levantamento composto por material fotográfico, projetos, desenhos originais, textos, entrevistas, que são coletados em arquivos pessoais e institucionais. E, por fim, a possibilidade de divulgação dos mesmos. No estudo foram ressaltados os valores arquitetônicos de cada obra, análises projetuais, construtivas, técnicas, bem como soluções climáticas típicas da arquitetura moderna construída no nordeste brasileiro, mostrando que o conhecimento, estudo e a pesquisa podem contribuir na produção contemporânea. As obras escolhidas foram as primeiras de uma lista crescente de prédios ainda a serem analisadas, e tratam de obras institucionais como o Fórum Judiciário de Teresina projeto por Acácio Gil Borsoi, DER –Departamento de Estradas e Rodagens do Piauí projetado por Maurício Sued, Centro Administrativo do Piauí pelos arquitetos mineiros Marcus Vinícius Rios Meyer, Márcio Pintos de Barros e Raul de Largos Cirne e arquiteto piauiense Raimundo Dias e o Instituto de Educação Antonino Freire, realizado pelo arquiteto Antonio Luiz Dutra.

2. HISTÓRICO DA CIDADE DE TERESINA-PI A cidade de Teresina é a segunda capital do Estado do Piauí, a primeira capital foi a cidade de Oeiras. Em 16 de agosto de 1852 o Presidente da Província do Piauí, Conselheiro Antonio José Saraiva, transfere a capital para Teresina, com as justificativas de um local abundante em água, marcado pela presença dos rios Poti e Parnaíba, terras férteis, e com uma facilidade da comunicação com toda a Província.

“Reconheço que a mudança da capital fere interesses (...) . Vos decidireis se esses interesses são legítimos e se o futuro do Piauí deve ser prejudicado só porque haveis despendido nesta cidade em ponte, em calçadas, em um hospital e uma casa de Liceu algumas quantias. Vós decidireis se, por amor dessas quantias, deixarão o Piauí de conquistar pelo comércio,pela agricultura,pela industria,somas maiores que poderão em pouco tempo dar-lhe uma capital mais rica, mais cômoda, mais civilizada e mais convenientes a direção dos negócios públicos.” ( SARAIVA, Antonio 1850,apud BONIFÁCIO,2002)

Antonio Saraiva, advogado e político brasileiro foi importante personalidade do Segundo Império, ocupando cargos de relevância na vida publica do país, além de ter enfrentado todos as tribulações da transferência da capital, realizou o plano urbanístico, tornando Teresina a primeira capital brasileira planejada, baseando o projeto em um traçado regular com suas ruas lineares e quadras regulares; o que permitiu futuramente o crescimento mais ordenado da cidade. A cidade considerada jovem com seus 155 anos, possui sua área urbana concentrada entre os Rios Parnaíba e Poti, atualmente com uma população de quase 800 mil habitantes, tendo suas áreas urbanas além do Rio Poti e conurba-se com a cidade vizinha Timon -MA, separados pelo Rio Parnaíba.

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Figura 1 - Mapa de crescimento da cidade. Fonte: Prefeitura. Edição de imagem de Ana Negreiros e Valério Araújo.

Seguindo a linha histórica, a transferência da capital teve como um dos maiores desafios da construção da nova cidade a falta de recursos econômicos para a construção dos edifícios públicos e privados. Nos primeiros anos da cidade os órgãos públicos como o Palácio Governamental funcionaram em casas alugadas. O hospital da Caridade, uma importante instituição pública, funcionava no Quartel da polícia, e obras como o Mercado Público e o Cemitério só tiveram suas obras finalizadas aproximadamente no ano de 1862. A cidade de Teresina quando comparada às demais capitais brasileiras de origem colonial teve seu crescimento intensificado apenas no período de 1900 a 1940, quando o desenvolvimento econômico permitiu as melhorias urbanas, trazidas com a modernização estatal. A produção arquitetônica observada nas primeiras construções prédios de grande parte é a adoção pelo gosto da arquitetura eclética, a cidade tornava-se cheia de palacetes, com residências e prédios públicos trabalhados, “com intenções decorativas sem rigor e com maior liberdade plástico formal” (AFONSO 2002 ,p. 41) Antes do período do Estado Novo (1937 a 1945), novas estruturas, principalmente institucionais, mostravam uma arquitetura destoante com a predominante, em que linhas mais retas contrastavam com o convencional, estas de modo discreto retiram os exageros nas decorações; um bom exemplo foi a obra do Hospital Getúlio Vargas, localizado atualmente na Avenida Frei Serafim, principal eixo de ligação da área central a zona leste, que iniciou o processo e tornou esta área da cidade referência e mais tarde, pólo de saúde da região, foi construído em um estilo mais uniforme do modo sóbrio sem ornatos em suas fachadas. A partir de 1970 a arquitetura moderna em Teresina começa a ganhar novas produções, os prédios modernos que caracterizam uma nova visão do desenvolvimento, marcos das modificações das ideologias em que as transformações ocorriam em todo o país.

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3. ARQUITETURA MODERNA BRASILEIRA E AS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS “Algumas enormes diferenças assinalam, (...) o nosso modernismo: a boa condição econômica do Brasil, o desejo de o governo buscar uma nova fase para a capital federal e uma brilhante geração de intelectuais e arquitetos, com penetração nas brechas do aparelho cultural do estado, que transformaram o estilo em uma nova linguagem, inconfundivelmente brasileira e universal.” (CALVALCANTI,2001,p.12)

A modernidade espelhada nas vanguardas européias, no âmbito da arquitetura, está quase sempre vinculada a uma variação do ecletismo e do neocolonial; mas a produção moderna brasileira apesar de passar por todos os contratempos apresenta-se como produção forte e marcante chegando a refluir a hemisfério norte como analisado por Cavalcanti (2001). Os discursos com sentidos revolucionários dos governos brasileiros após a década de 1930, principalmente durante o governo do presidente Getulio Vargas, mostram o país com idéias inovadoras, com modificações em todo o sistema político–administrativo. A busca de uma maior agilidade nas produções e o crescimento acelerado em alguns setores movimenta em conseqüência o setor da construção civil. Os interesses não eram apenas na construção de novos prédios para realização de suas atividades, mas de estruturas que representassem também esteticamente as novas concepções dos ideais do progresso. As instituições e obras públicas foram as primeiras a serem construídas com características marcantes desse novo modo de pensar, claro que ocorreram grandes divergências entre os valores antigos, antes defendidos que o estilo clássico deveria ser seguido. Mas conforme escreveu Segawa (2002,p.66) “Nos anos de 1930, conceitos de funcionalidade, eficiência e economia na arquitetura – termos próprios de equações racionalistas- tiveram firmes aplicação em obras públicas” . E foi exatamente esta proposta do novo e da racionalização, trazidos com a vanguarda moderna, que se encaixaram nos interesses políticos vigentes. A arquitetura monumental também foi produzida com grande valor plástico pelos modernos, e transformando os cenários que seguiam as ideologias dos governos tanto autoritários ou democratas, acrescentando que não apenas no setor político, mas as grandes empresas particulares construíam prédios que ostentavam seu fortalecimento geralmente, estas vinculadas ao crescimento econômico por qual o país passa nas décadas seguintes.

“As grandes cidades brasileiras na virada da década de 1930 para 1940 tiveram sua fisionomia alterada, sobretudo com o adensamento de seus núcleos antigos ou áreas lindeiras. Essa ocupação se processou, sobretudo com a verticalização, com a construção de grandiosos volumes em concreto armado - no imaginário da época signos de progresso e modernização- inseridos em lotes definidos por padrões de divisões fundiárias do período colonial e do Império.” (SEGAWA, 2002,p.75)

Nas décadas seguintes de 1950 a 1980, o país apresentava-se grande e moderno, com a uma população de 93 milhões de habitantes e 56% desta viviam nas cidades (em 1970), apresentando já uma elevada densidade urbana, este período correspondente após a segunda guerra, que também causou transformações de certo modo positivas, principalmente crescimento econômico e cultural no Brasil. Durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek, com o seu plano de metas, houve o reordenamento do sistema de energia e transporte, implantação de estruturas industriais, além da construção de Brasília, cujo preceitos modernos e universais de Le Corbusier foram utilizados na arquitetura institucional e no seu plano urbanístico. No período de 1964, com o golpe militar ocorreu uma intensa centralização administrativa e econômica, onde pequenos grupos foram aglomerados para serem fortalecidos e desenvolvem-se as áreas no setor

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energético, serviços bancários, transporte e comércio, além de reestruturação na área educacional; o que demonstra modificações e o desenvolvimento contínuos.

“... intensificação do processo de diferenciação no setor da construção civil, baseado fundamentalmente nas áreas de infra estrutura, transporte, comunicação, estradas e outros, num projeto político econômico de integração nacional, constituído um ramo dinâmico e concentrado no setor e solidário aos setores mais dinâmicos da economia” (OSEKI 1982,p120, apud SEGAWA, 2002, p.160)

O crescimento e direcionamento político brasileiro levam como conseqüência as guias do desenvolvimento da construção civil, a necessidade de planejamento e da produção de novos projetos em tantos âmbitos tende a diversificar a produção, aumentando o número de construtoras e a integração de novos profissionais. Os centros voltados aos vetores de necessidades das metas políticas vinculavam a produção arquitetônica para a produção habitacional, centros educacionais, e os políticos administrativos sejam municipais estaduais ou federais, eram estes da ordem de primeiras necessidades. Tendo como justificativas do movimento moderno a eliminação de ornatos, a estrutura aparente, a planta “livre”, a idéia de protótipos e a possibilidade de reprodução industrial, atraem o contratante, o Estado, em busca da rápida produção. Já no caso da produção de prédios políticos administrativos utilizando-se os fundamentos modernos nestas obras para passar a simbologia do poder político sobre a sociedade, tendo como Brasília o maior marco dessa representatividade, e em todas as capitais do país se baseiam de algum modo suas ambições ou demonstrações do poder. Interessante notar que os centros políticos administrativos geralmente foram construídos em núcleos um tanto mais afastados dos centros urbanos, em grandes vazios e em alguns casos obedecendo planos diretores ou seguindo os padrões de ocupação, tendo sempre Brasília seguida como modelo, criando-se na maioria das vezes vetores de crescimentos urbanos, possuindo como conseqüência a integração destes centros na área urbana. No caso de Teresina os pólos da organização administrativa e política, estava de certa forma afastada do centro urbano inicial da cidade, mas logo integraram- se de maneira completa a malha urbana.

4. EDIFICIOS INSTITUCIONAIS MODERNOS TERESINA-PI É necessário primeiramente compreender a metodologia que norteia a pesquisa sobre os prédios modernos em Teresina, e que esta possui duas áreas focais. Inicialmente um estudo de cunho teórico, na qual os conceitos sobre a modernidade arquitetônica internacional, nacional e regional foram analisados e as questões históricas observadas, com a utilização de fontes primárias e secundárias, que tratem sobre o tema. O segundo cunho trata-se da realização prático projetual, na qual se desenvolveram as análises das obras através dos levantamentos do acervo arquitetônico teresinense, em arquivos municipais e privados selecionando os principais exemplares. A fotografia, o redesenho e digitalização das obras modernas foram os métodos selecionados para a análise dos critérios projetuais relacionadas à estrutura, planta, coberta, volumetria, soluções de esquadrias e revestimentos. É seguido então o método de investigação do grupo de pesquisa “La forma moderna” do departamento de projetos arquitetônicos da Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona, ETSAB/ UPC, tendo como coordenadora a Prof. Dra. Alcília Afonso.

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Cavalcanti ressalta que “A arquitetura, tendo como matéria formas duráveis,apresenta de modo concreto em nossas cidades a produção estética dominante, ou aquela por ela selecionada.” (2000, p.9). E tirando o partido de que as obras arquitetônicas são em si as maiores documentações por serem “de modo concreto’’ a realização literal de todo o processo do pensamento, aliado as variações culturais sociais da época que foram produzidas; e seguimos a metodologia explanada, apresentamos alguns prédios de importância do patrimônio moderno de Teresina.

4.1. DER- PI . Departamento de Estradas e Rodagens do Piauí

Ed. Chagas Rodrigues

Inicialmente o edifício do DER (1958), locado próximo ao cruzamento das Avenidas Frei Serafim e Miguel Rosa, é historicamente importante por ter sido uma das primeiras edificações institucionais de características modernistas de Teresina. A avenida Frei Serafim anteriormente nomeada Av. Getulio Vargas, é uma das principais vias de acesso na área central da cidade, onde também localiza-se uma grande quantidade de prédios históricos. Projetado por Maurício Sued, possui semelhanças arquitetônicas com os edifícios das super quadras de Brasília. A sua geometria prismática e sua configuração de um bloco retangular, de fachadas longitudinais sentido leste-oeste encontra-se atualmente inserido da malha urbana, bem ao centro da cidade. Com a estrutura suportante realizada em concreto armado, como o pavimento térreo aberto, marcado pela seqüência de pilotis, permitindo também uma estrutura livre, demonstrando um programa contido em que os pavimentos atendem de modo sustentável as variações das administrações públicas. A fachada oeste é formada por elementos vazados, e a fachada leste protegidas por brises, e fechamentos em vidros e alumínio. Como características de prédios modernos a entrada principal marcada por marquise, o acesso aos pavimentos por uma escada helicoidal, e um belo painel do artista plástico Genes retrata o típico vaqueiro piauiense na mata e Carnaubais. A coberta integrada e laje recoberta por telhas de fibrocimento. Quanto a pesquisa de dados originais do prédio, no arquivo público da cidade foram encontradas apenas fotografias e datas mencionando sua inauguração. Plantas em papel vegetal e nanquim são guardadas no setor de engenharia do prédio, podendo ser disponibilizadas, mas nestas não constam todas as datas, ou informações sobre o projeto, pois os carimbos estão incompletos. È perceptível a modificação do projeto em relação ao auditório, Auditório e Sala de Debates Prof. Herbert Parentes Fortes, com obra finalizada em 24 de março de 1973. Em arquivos de outro arquiteto Antonio Luiz Dutra, existe projeto de reforma em relação ao auditório, mas que não chegaram a serem realizadas.

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Figura 2 – Fachada Norte. Fonte: DER . Edição de imagem Ana Negreiros.

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Figura 3 - Desenhos projetos inicial do DER. Fonte: DER . Edição de imagem Ana Negreiros

Figura 4 - Localização. Fonte: imagem Prodater, 2005 . Edição de imagem Ana Negreiros.

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Figura 5- Fachadas . Fonte: redesenho Ana Negreiros.

Figura 6- Plantas. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

Figura 7- Fachada e Detalhe da Fachada Oeste. Fonte: fotografia Ana Negreiros.

4.2. Fórum Judiciário de Teresina “A criação de um objeto solto, como volume integral, de personalidade, trás o sentido de monumentalidade; pedidos por ocasião do contrato e pelas referências de uma instituição pública necessária e de poder vigente no estado. O que se contrapõem ou que o engrandecia o objeto era a antiga paisagem do entorno, uma paisagem aberta circundada pela vegetação local. É notável que mesmo com a nova configuração do entorno, a estrutura com seu complexo jogo de composição, ainda trás emoção.” (FEITOSA,2008)

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Projeto de 1972, realizado por Acácio Gil Borsoi, esta inserido no Centro Cívico, Praça Des. Edgar Nogueira, Bairro Cabral próximo ao centro, e respondeu as necessidades e valores representativos da instituição pública. Com uma estrutura em concreto independente possibilitando uma planta livre, este obedece às funcionalidades da relação de um programa contido que atende as variações administrativas durantes todos os anos de seu funcionamento. Esta estrutura permitiu liberdade nas fachadas que foram trabalhadas dando o sentido monumental ao mesmo tempo respeitando as necessidades bioclimáticas locais. As fachadas são marcadas por grandes brises de concreto disposto de modo aparentemente irregular, esta estrutura em concreto armado aparente exibe com clareza sentido do corte e encaixes da madeira das formas que foram confeccionadas para sua construção, estas imensas lâminas trazem uma ilusão de maior verticalização a estrutura; e criam ao mesmo tempo uma proteção a circulações horizontais aonde foram criadas varandas; neste local observa-se as transparências, o jogo de luz e sombra e sente-se a canalização os ventos dominantes. O objeto ‘brises’ se tornou uma das principais concepções do projeto. O prédio possui uma planta quadrangular, a disposição interna de pilares delgados com distanciamento de 6 em 6 metros, os 4 pavimentos da obras são interligados pela bateria sanitária, dutos de ventilação e circulação vertical, o principal acesso vertical marcado pela grande escadaria helicoidal em estrutura metálica pressa pelo teto e solta no vazio. Os sistemas construtivos foram de uma grande economia, baseava-se em matérias locais, de fácil obtenção, como o concreto, pedra, tijolo e madeira. A estrutura coroada com uma coberta delgada, aparentemente solta.

Figura 8- Localização.Fonte: imagem Prodater, 2005 . Edição de imagem Ana Negreiros.

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Figura 9- Detalhes da estrutura do Fórum Judiciário. Fonte: fotografia Ana Negreiros.

Figura 10 - Planta Baixa tipo do Fórum Judiciário. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

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Figura 11- Fachada e Corte esquemático do Fórum Judiciário. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

4.3. Instituto de Educação Antonino Freire

Projeto de 1973, realizado pelo arquiteto Antonio Luiz Dutra, por meio de concurso público. Das edificações apresentadas nesse artigo é o prédio que mais possui detalhes históricos e construtivos arquivados e documentados de qualidade, pela preservação de cópias das pranchas originais e pela documentação escrita pelo próprio arquiteto projetista. Prédio localizado na Praça Firmina Sobreira, Bairro Matinha, na região Norte da cidade em uma área ainda próxima ao centro, possui configuração retangular formado por 4 blocos paralelos e um bloco perpendicular como entrada principal, de geometria prismática e volume puro. Possui características de um programa especialmente pensado para suas funções acadêmicas, os quatro blocos paralelos e ocupados pelas salas de aula, baterias sanitárias e uma pequena biblioteca, e sua área administrativa no prédio frontal a praça. A fachada principal a leste, marcada pela proteção de brises, possui ainda uma entrada bastante marcada pela escadaria externa, pela marquise e por uma entrada grandiosa marcada com escadaria interna que como todo o ambiente é revestida em mármore. A estrutura suportante em concreto armado de modo sistemático torna as plantas livres. Os fechamentos formados por paredes externas e internas em alvenaria e grandes janelas em madeira foram detalhadas nas pranchas originas por escala de 1:1 para que os marceneiros seguissem sem erros os desenhos do arquiteto projetista. Antonio Luiz possui uma característica do extremo cuidado no detalhamento nos seus projetos, segundo o arquiteto por meio dos concursos em que a construção seria realizada por outras empresas, detalhamento é fundamental para a correta construção das idéias originais do arquiteto. Para finalizar a coberta escondida por platibandas, o arremate visual e a proteção climática também fatores observados pelo arquiteto.

Figura 12 - Localização.Fonte: imagem Prodater, 2005. Edição de imagem Ana Negreiros.

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Figura 13 - Planta. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

Figura 14- Fachada Principal. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

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Figura 15- Fachada e Detalhe da fachada. Fonte: fotografia Ana Negreiros.

4.4. Centro Administrativo do Piauí

Projetado pelos arquitetos mineiros Marcus Vinícius Rios Meyer, Márcio Pintos de Barros e Raul de Largos Cirne e o arquiteto piauiense Raimundo Dias. O prédio possui características brutalistas, com a configuração de blocos retangulares, fachadas longitudinais sentido norte-sul, projeto realizado no ano de 1979. Em relação a sua configuração o prédio possui grandes brises verticais que são dispostos de modo regular, que tornam a estrutura com certos vazios, finalizada com uma coberta delgada. Apresenta-se com uma caixa de vidro dentro de uma estrutura em concreto sustentadas por grandes pilares em “V”, com o pavimento térreo marcado por ritmo regular destes pilares, formando um espaço agradável de convivência. Os fechamentos externos em esquadrias de vidro e alumínio e internos em divisórias diversificadas estruturas como em compensados, vidros ou gesso. Com possui uma estrutura independente, a relação ao programa contido, planta livre, permiti-se a liberdade de modificações no layout interno. Os elementos documentais (plantas baixas, locação e estruturais) do prédios estão acessíveis no departamento de Obras e Infra-Estrutura do Estado, sendo que em cada bloco do conjunto funciona uma da secretaria independente, algumas com equipe técnica formada por engenheiros e arquitetos que possuem plantas, com levantamentos gerais da estrutura, estes foram realizados mais recentemente para reformas principalmente nas áreas internas. O importante centro organizacional do Estado está localizado ás margens do rio Parnaíba, cercado por outras edificações institucionais, mas também por uma grande área residencial. Atualmente o conjunto arquitetônico apresenta-se descaracterizado pelas constantes intervenções em que prédios de funções também administrativas são inseridos no espaço demarcado de sua locação. Sendo estes novos prédios de uma arquitetura de características pós-modernas e alguns considerados contemporâneos de grande aspecto visual contrastante, que desrespeitam e ‘sufocam’ a estrutura do projeto inicial dos arquitetos.

Figura 16 -Localização.Fonte: imagem Prodater. 2005 . Edição de imagem Ana Negreiros

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Figura 17- Plantas. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

Figura 18- Fachada. Fonte: redesenho Ana Negreiros.

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Figura 19 - Fachada e Detalhe. Fonte: fotografia Ana Negreiros.

5. CONCLUSÃO A Pesquisa sobre produção arquitetônica moderna mostra produção relevante. Desenvolvida através dos levantamentos técnicos de plantas arquitetônicos, trabalhos fotográficos, realizações de painéis expositivos, cartões para distribuição e exposições realizadas na UFPI e no centro da cidade, além de documentos escritos apresentados e publicados em anais de congresso nacional. Esta continua a desenvolver-se com uma quantidade crescente de prédios a serem catalogados e estudados. Os prédios aqui apresentados foram dados fornecidos por materiais de modos diferenciados, alguns com maiores dificuldades outros com material documental de maior preservação. Além de todos os aspectos arquitetônicos e construtivos, a pesquisa ainda em desenvolvimento observa a maior importância do estudo, a configuração de uma estrutura social, econômica e histórica representativa que estas obras mostram e marcam a cidade, definindo-se assim a questão patrimonial deve ser protegida e continuamente documentada.

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