(A) Dissertação de Mestrado (Victor HA Okazaki) UFPR-2006.pdf
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VICTOR HUGO ALVES OKAZAKI
O ARREMESSO DE JUMP NO BASQUETEBOL DE ADULTOS E CRIANAS EM FUNO DO
AUMENTO DA DISTNCIA Dissertao de Mestrado defendida como pr-requisito para a obteno do ttulo de Mestre em Educao Fsica, no Departamento de Educao Fsica, Setor de Cincias Biolgicas da Universidade Federal do Paran.
CURITIBA 2006
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VICTOR HUGO ALVES OKAZAKI
O ARREMESSO DE JUMP NO BASQUETEBOL DE ADULTOS E CRIANAS EM FUNO DO
AUMENTO DA DISTNCIA
Dissertao de Mestrado defendida como pr-requisito para a obteno do ttulo de Mestre em Educao Fsica, no Departamento de Educao Fsica, Setor de Cincias Biolgicas da Universidade Federal do Paran.
Orientador: Prof. Dr. ANDR LUIZ FLIX RODACKI
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AGRADECIMENTOS
Agradeo a Deus pela fora e entendimento concedidos para realizar
esta dissertao...
Agradeo minha famlia: Nelson, Almira, Carlos, Fbio & Thalita, por
todo o apoio durante minha vida, por me incentivar a busca pela realizao de
meus sonhos...
Agradeo a Karol por compreender a necessidade de muitas vezes ter
que deixar de v-la para dedicar-me a esta dissertao e meus estudos...
Agradeo meus grandes amigos: Wesley, Meira, Nog, Suco, San & Si,
Markitos, Alcemir, Soninha, Tan-Tan, Deni, Nany, Beth, Mariah, Kakau,
Jemima, Tia Bruna, Hurzo, Mazzuco, KZ, BA, Jeffer, Gersinho, B.Keller,
R.Lopes, Pri, Josi, Su... a todos, e muitos outros no aqui mencionados, meus
sinceros agradecimentos...
Agradeo os professores Roberto Cavagnari e Rolando Ferreira Jr., pelo
apoio em todas as etapas desenvolvidas com as equipes de basquetebol da
UFPR, assim como pelas grandes lies de vida...
Agradeo aos meus alunos e atletas por me ensinarem a lutar e nunca
desistir dos grandes desafios que a vida pode proporcionar....
Agradeo a CAPES pela bolsa de estudos concedida durante o perodo
de realizao desta dissertao...
Agradeo meus professores de graduao e ps-graduaes (UFPR,
Dom Bosco e USP) pela contribuio em minha formao...
Agradeo ao professor Luis A. Teixeira por acreditar em minha
capacidade me acolhendo para o doutorado, mesmo antes do trmino de meu
mestrado...
Agradeo o Prof. Dr. Andr L.F. Rodacki, por me acompanhar em todas
as etapas de minha formao acadmica no apenas como meu orientador,
mas tambm como amigo...
E mais uma vez, agradeo a Deus...
i
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DEDICATRIA
Dedico este trabalho
a Jesus Cristo
que deu sua vida
como grande gesto
de amor por todos ns!
A Ele toda a Honra, Toda a Glria, Domnio, Louvor, Adorao, Majestade e Poder.
ii
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EPGRAFE
O temor do Senhor o princpio da sabedoria, e o
conhecimento do Santo prudncia.
Provrbios 9:10
iii
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SUMRIO
Lista de Tabelas............................................................................................. ix
Lista de Quadros............................................................................................ xi
Lista de Figuras.............................................................................................. xii
RESUMO....................................................................................................... xv
ABSTRACT.................................................................................................... xvi
CAPTULO 1 INTRODUO..................................................................... 01 1.1 OBJETIVOS............................................................................................. 05
1.1.1 Objetivos Especficos...................................................................... 05
1.2 HIPTESES............................................................................................. 05
CAPTULO 2 REVISO DE LITERATURA................................................ 07 2.1 COORDENAO MOTORA: CONCEITOS GERAIS.............................. 07
2.2 COMPONENTES DA COORDENAO MOTORA................................. 11
2.3 TIPOS DE ANLISE DA COORDENAO MOTORA............................ 15
2.3.1 Anlise da Coordenao Inter-Sujeito............................................ 16
2.3.2 Anlise da Coordenao Intra-Sujeito............................................ 17
2.3.3 Anlise da Coordenao Inter-Segmentos..................................... 18
2.3.4 Anlise da Coordenao Intra-Segmento....................................... 19
2.3.5 Anlise da Coordenao Inter-Membros........................................ 20
2.3.6 Anlise da Coordenao Intra-Membro.......................................... 21
2.3.7 Anlise da Coordenao Multi-Articular.......................................... 22
2.3.8 Anlise da Coordenao Mono-Articular........................................ 22
2.3.9 Anlise da Coordenao Inter-Tarefas........................................... 23
2.3.10 Anlise da Coordenao Intra-Tarefas......................................... 24
2.3.11 Anlise da Coordenao Inter-Muscular....................................... 25
2.3.12 Anlise da Coordenao Intra-Muscular....................................... 26
2.4 PRINCPIOS DOS MOVIMENTOS COORDENADOS............................ 26
2.4.1 Princpios Universais............................................................................ 27
iv
-
2.4.1.1 Uso do Alongamento Prvio.................................................... 27
2.4.1.2 Minimizao do Uso da Energia.............................................. 28
2.4.1.3 Princpio da Complexidade Mnima da Tarefa......................... 29
2.4.2 Princpios de Generalidade Parcial....................................................... 30
2.4.2.1 Ao Seqencial do Msculo.................................................. 30
2.4.2.2 Minimizao da Inrcia............................................................ 33
2.4.2.3 Princpio da Gerao de Impulso............................................ 33
2.4.2.4 Maximizao do Curso da Acelerao.................................... 34
2.4.2.5 Estabilidade............................................................................. 34
2.4.2.6 Inspeo do movimento Linear............................................... 35
2.5 TEORIAS DO CONTROLE MOTOR...................................................... 36 2.5.1 Abordagem Centralista.................................................................. 37
2.5.1.1 Teoria do Controle de Circuito Fechado............................ 37
2.5.1.2 Teoria do Controle de Circuito Aberto............................... 38
2.5.1.3 Teoria dos Programas Motores......................................... 40
2.5.1.4 Teoria dos Programas Motores Generalizados................. 43
2.5.2 Abordagem Periferista................................................................... 46
2.5.2.1 Teoria dos Sistemas Dinmicos........................................ 46
2.5.2.2 Hiptese do Ponto de Equilbrio........................................ 52
2.5.3 Abordagem Ecolgica.................................................................... 53
2.5.3.1 Teoria da Percepo Direta............................................... 53
2.5.3.2 Teoria das Tarefas Orientadas.......................................... 55
2.5.4 Abordagem Conexionista.............................................................. 56
2.5.4.1 Teoria Clssica do Reflexo................................................ 57
2.5.4.2 Teoria Hierrquica............................................................. 58
2.5.4.3 Teoria do Processamento Paralelo de Distribuio........... 59
2.6 ARREMESSO DE JUMP NO BASQUETEBOL...................................... 62
2.6.1 Anlise da Trajetria da Bola no Arremesso de Jump.................. 65
2.6.1.1 Deslocamento Vertical e Horizontal da Bola..................... 65
2.6.1.2 Altura de Lanamento da Bola.......................................... 65
2.6.1.3 ngulo de Lanamento da Bola......................................... 68
2.6.1.4 Velocidade de Lanamento da Bola.................................. 72
v
-
2.6.1.5 Resistncia do Ar e Rotao da Bola................................ 72
2.6.2 Anlise da Coordenao do Arremesso de Jump......................... 73
2.6.2.1 Fase de Preparao.......................................................... 74
2.6.2.2 Fase de Elevao da Bola................................................. 75
2.6.2.3 Fase de Estabilidade......................................................... 76
2.6.2.4 Fase de Lanamento......................................................... 77
2.6.2.5 Fase de Inrcia ou Continuidade de Movimento............... 78
2.6.3 Variveis que Influenciam a Coordenao do Arremesso............. 79
2.6.3.1 Caractersticas Fsicas...................................................... 79
2.6.3.2 Nvel de Experincia.......................................................... 83
2.6.3.3 Altura da Cesta e Caractersticas da Bola......................... 84
2.6.3.4 Fadiga................................................................................ 86
2.6.3.5 Distncia do Arremesso..................................................... 87
2.6.3.6 Habilidades e Deslocamentos Prvios.............................. 88
2.6.3.7 Informao Visual.............................................................. 89
2.6.3.8 Presena de Um Marcador................................................ 90
CAPTULO 3 METODOLOGIA................................................................. 92 3.1 AMOSTRA.............................................................................................. 92
3.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS.................................................. 92
3.2.1 Aquecimento e Adaptao............................................................ 92
3.2.2 Local de Filmagem da Coleta de Dados....................................... 95
3.3 MODELO BIOMECNICO...................................................................... 97
3.4 VARIVEIS DE ESTUDO....................................................................... 99
3.5 TRATAMENTO DOS DADOS................................................................ 103
3.6 ANLISE ESTATSTICA........................................................................ 104
CAPTULO 4 RESULTADOS.................................................................... 1074.1 TESTES DE PRECISO DOS ARREMESSOS..................................... 107
4.2 TRAJETRIA DA BOLA NOS ARREMESSOS...................................... 109
4.3 VARIVEIS LINEARES DO CENTRO DE MASSA................................ 110
4.4 VARIVEIS ESPAO-TEMPORAIS DO MOVIMENTO......................... 112
vi
-
4.4.1 Variveis Espaciais de Deslocamento Angular............................. 113
4.4.2 Variveis Temporais de Deslocamento Angular............................ 122
4.4.3 Comportamento Angular das Articulaes Adjacentes................. 126
4.4.4 Variveis Espaciais de Velocidade Angular.................................. 130
4.4.5 Variveis Temporais de Velocidade Angular................................. 139
CAPITULO 5 DISCUSSO....................................................................... 1425.1 PRECISO DOS ARREMESSOS.......................................................... 142
5.2 TRAJETRIA DA BOLA......................................................................... 145
5.3 CENTRO DE MASSA............................................................................. 147
5.4 VARIVEIS ESPACIAIS DE DESLOCAMENTO ANGULAR................. 150
5.4.1 Tornozelo, Joelho, Quadril e Tronco............................................. 150
5.4.2 Ombro, Cotovelo e Punho............................................................. 153
5.5 VARIVEIS TEMPORAIS DE DESLOCAMENTO ANGULAR............... 156
5.5.1 Tornozelo, Joelho, Quadril e Tronco............................................. 156
5.5.2 Ombro, Cotovelo e Punho............................................................. 158
5.6 COMPORTAMENTO ANGULAR DAS
ARTICULAES ADJACENTES...........................................................
158
5.6.1 Comportamento Angular do Tornozelo e Joelho........................... 158
5.6.2 Comportamento Angular do Quadril e Joelho............................... 159
5.6.3 Comportamento Angular do Quadril e Tronco............................... 159
5.6.4 Comportamento Angular do Ombro e Tronco............................... 160
5.6.5 Comportamento Angular do Ombro e Cotovelo............................ 160
5.6.6 Comportamento Angular do Punho e Cotovelo............................. 161
5.7 VARIVEIS ESPACIAIS DE VELOCIDADE ANGULAR........................ 162
5.7.1 Tornozelo, Joelho, Quadril e Tronco............................................. 162
5.7.2 Ombro, Cotovelo e Punho............................................................. 164
5.8 VARIVEIS TEMPORAIS DE VELOCIDADE ANGULAR...................... 166
5.8.1 Tornozelo, Joelho, Quadril e Tronco.............................................. 166
5.8.2 Ombro, Cotovelo e Punho............................................................. 168
CAPTULO 6 RECOMENDAES............................................................
170
vii
-
6.1 CONSISTNCIA E ESTABILIZAO DO PADRO MOTOR................. 170
6.2 PRECISO DOS ARREMESSOS............................................................ 172
CAPTULO 7 CONCLUSES..................................................................... 174
REFERNCIAS.............................................................................................. 178ANEXO........................................................................................................... 195
viii
-
LISTA DE TABELAS TABELA 01 - NGULOS DE LANAMENTO DA BOLA
VERIFICADOS NOS ESTUDOS.........................................
69
TABELA 02 - ANLISE DA TRAJETRIA DA BOLA NO ARREMESSO.....................................................
103
TABELA 03 - TESTE DE REPRODUTIBILIDADE.....................................
106
TABELA 04 - VARIVEIS DA TRAJETRIA DA BOLA DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
109
TABELA 05 - VARIVEIS LINEARES DO CENTRO DE MASSA DE ADULTOS E CRIANAS NAS DISTNCIAS LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
111
TABELA 06 - VARIVEIS ESPACIAIS DE DESLOCAMENTO ANGULAR (TORNOZELO, JOELHO, QUADRIL E TRONCO) DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO).............................................
117
TABELA 07 - VARIVEIS ESPACIAIS DE DESLOCAMENTO ANGULAR (OMBRO COTOVELO E PUNHO) DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
121
TABELA 08 - VARIVEIS TEMPORAIS DO ARREMESSO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
122
TABELA 09 - VARIVEIS TEMPORAIS DO DESLOCAMENTO ANGULAR (TORNOZELO, JOELHO, QUADRIL E TRONCO) DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO).............................................
124
TABELA 10 - VARIVEIS TEMPORAIS DE DESLOCAMENTO ANGULAR (OMBRO, COTOVELO E PUNHO) DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
125
ix
-
TABELA 11 - VARIVEIS ESPACIAIS DE VELOCIDADE ANGULAR
(TORNOZELO, JOELHO, QUADRIL E TRONCO) DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
133
TABELA 12 - VARIVEIS ESPACIAIS DA VELOCIDADE ANGULAR (OMBRO COTOVELO E PUNHO) DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............................
137
TABELA 13 - VARIVEIS TEMPORAIS DA VELOCIDADE ANGULAR (TORNOZELO, JOELHO, QUADRIL E TRONCO) DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
140
TABELA 14 - VARIVEIS TEMPORAIS DA VELOCIDADE ANGULAR (OMBRO, COTOVELO E PUNHO) DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............................
141
x
-
LISTA DE QUADROS QUADRO 01 - PROCEDIMENTOS DA COLETA DE DADOS.................
94
QUADRO 02 - DESCRIO DAS VARIVEIS ESPACIAIS E TEMPORAIS DO MOVIMENTO....................................
100
QUADRO 03 - DESCRIO DAS VARIVEIS LINEARES DO CENTRO DE MASSA.................................................
101
QUADRO 04 - DESCRIO DAS VARIVEIS DA TRAJETRIA DA BOLA...................................................
102
xi
-
LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 - SISTEMA DE CONTROLE DE CIRCUITO
ABERTO E FECHADO......................................................... 40
FIGURA 02 - VARIVEIS INTERVENIENTES NA PERFORMANCE DO ARREMESSO NO BASQUETEBOL...............................
64
FIGURA 03 - ENTRADA DA BOLA NA CESTA EM FUNO DO NGULO DE ENTRADA DO ARREMESSO (ADAPTADO DE MILLER E BARTLET, 1993).....................
70
FIGURA 04 - DETERMINAO DO NGULO DE LANAMENTO QUE REQUER A MENOR VELOCIDADE DE LANAMENTO DA BOLA (ADAPTADO DE BRANCAZIO 1981)...................................
71
FIGURA 05 - FASES DO ARREMESSO DE JUMP................................... 74 FIGURA 06 - ALTERAES DECORRENTES DA PRESENA
DE UM MARCADOR NO ARREMESSO DE JUMP (ADAPTADO DE OUDEJANS ET AL., 2002).......................
91
FIGURA 07 - LOCAL DE FILMAGEM DA COLETA DE DADOS...............
96
FIGURA 08 -
MODELO BIOMECNICO.................................................... 98
FIGURA 09 -
ANLISE DA TRAJETRIA DA BOLA NO ARREMESSO................................................................
103
FIGURA 10 -
NMERO DE PONTOS NO TESTE DE PRECISO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)................
107
FIGURA 11 -
PORCENTAGEM DE ACERTO NO TESTE DE PRECISO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)..............................................
108
FIGURA 12 -
DESLOCAMENTO ANGULAR DO TORNOZELO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)................
113
xii
-
FIGURA 13 -
DESLOCAMENTO ANGULAR DO JOELHO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
114
FIGURA 14 -
DESLOCAMENTO ANGULAR DO QUADRIL DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
114
FIGURA 15 -
DESLOCAMENTO ANGULAR DO TRONCO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
115
FIGURA 16 -
DESLOCAMENTO ANGULAR DO OMBRO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
118
FIGURA 17 -
DESLOCAMENTO ANGULAR DO COTOVELO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
119
FIGURA 18 -
DESLOCAMENTO ANGULAR DO PUNHO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
119
FIGURA 19 -
COMPORTAMENTO ANGULAR DO TORNOZELO E JOELHO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO.............................
127
FIGURA 20 -
COMPORTAMENTO ANGULAR DO QUADRIL E JOELHO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO.............................
127
FIGURA 21 -
COMPORTAMENTO ANGULAR DO QUADRIL E TRONCO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO.............................
128
FIGURA 22 -
COMPORTAMENTO ANGULAR DO OMBRO E TRONCO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO.............................
128
FIGURA 23 -
COMPORTAMENTO ANGULAR DO OMBRO E COTOVELO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO.............................
129
xiii
-
FIGURA 24 -
COMPORTAMENTO ANGULAR DO PUNHO E COTOVELO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO..............................
129
FIGURA 25 -
VELOCIDADE ANGULAR DO TORNOZELO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
130
FIGURA 26 -
VELOCIDADE ANGULAR DO JOELHO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
131
FIGURA 27 -
VELOCIDADE ANGULAR DO QUADRIL DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
131
FIGURA 28 -
VELOCIDADE ANGULAR DO TRONCO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
132
FIGURA 29 -
VELOCIDADE ANGULAR DO OMBRO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
135
FIGURA 30 -
VELOCIDADE ANGULAR DO COTOVELO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
136
FIGURA 31 -
VELOCIDADE ANGULAR DO PUNHO DE ADULTOS E CRIANAS NA DISTNCIA LONGE, MDIO E PERTO (MDIA E DESVIO PADRO)...............
136
FIGURA 32 -
RESTRIO DO ALVO EM FUNO DO AUMENTO DA DISTNCIA NO ARREMESSO..................
144
FIGURA 33 -
RELAO ENTRE A INCLINAO DE TRONCO E A ALTURA DE LANAMENTO.......................
151
FIGURA 34 -
RELAO ENTRE O NGULO DE FLEXO DO OMBRO NO LANAMENTO E A ALTURA DE LANAMENTO...............................................
155
xiv
-
RESUMO
O presente estudo objetivou analisar e comparar a coordenao do arremesso de jump no basquetebol de adultos e crianas, em funo do aumento da distncia. Adultos (n = 15; experincia 11,47 6,10 anos) e crianas (n = 15; experincia 1,31 1,21 anos) foram analisados cinematicamente no plano sagital desempenhando arremessos em trs distncias da cesta (2,8m; 4,8m; 6,8m). Um modelo biomecnico de 8 segmentos forneceu as variveis espaciais e temporais do tornozelo, joelho, quadril, tronco, ombro, cotovelo e punho. A preciso do arremesso e a trajetria da bola tambm foram analisadas. Os adultos atrasaram o instante de salto e aumentaram a velocidade angular do cotovelo. Os adultos tambm demonstraram grande consistncia no padro coordenativo do arremesso em funo do aumento na distncia. Assim, as maiores modificaes encontradas nos adultos para suprir a demanda do aumento da distncia, aconteceram nos parmetros de controle do movimento. As crianas geraram maior velocidade e deslocamento linear horizontal do centro de massa em resposta ao aumento na distncia. Tambm foi observado o aumento da amplitude angular do quadril e tronco, em conjunto com a maior velocidade angular do joelho, quadril e tronco. Desta forma, modificaes nos parmetros de controle e na coordenao foram verificadas nas crianas em funo do aumento na distncia. Diferena no padro coordenativo entre adultos e crianas tambm foi verificada. Os adultos utilizaram um contra-movimento ao redor das articulaes do cotovelo e punho para potencializar a gerao de impulso para o lanamento. As crianas lanaram a bola no instante ascendente do salto. Um movimento em fase ao redor das articulaes do ombro, cotovelo e punho tambm foi verificado nas crianas. O presente estudo demonstrou as diferentes estratgias entre empregadas por adultos e crianas no arremesso de jump do basquetebol em vrias distncias que podem ser utilizadas por atletas e tcnicos na prescrio das rotinas de treinamento.
Palavras-Chave: Coordenao e Controle Motor, Arremesso de Jump, Experincia e Distncia.
xv
-
ABSTRACT The present study aimed to analyze and compare basketball jump shoot coordination of adults and children in response to distance variation. Adults (n = 15; experience 11,47 6,10 years) and children (n = 15; experience 1,31 1,21 years) volunteered to be kinematically analysed in the sagittal plane during the performance of shoots at three distances from the basket (2,8 m; 4,8 m; 6,8 m). A biomechanical model of 8 segments provided the kinematics spatial and temporal variables of the ankle, knee, hip, trunk, shoulder, elbow and wrist joints. Accuracy and trajectory of the shoots were also analysed. Adults delayed the jump instant and increased the elbow angular velocity. Adults also showed great consistency in the movement pattern irrespective of the increases in movement distance. Therefore, the greatest changes in adults occurred in movement control were imposed to meet the requirements of the increased distances. Children generated greater centre of mass linear displacement and velocity in response to distance increases. It was also observed greater hip and trunk range of movement in conjunction with greater knee, hip and trunk angular velocity. Thus, changes in control and coordination parameters were observed in children as shoot distance was increased. Differences in movement coordination between adults and children were also verified. Adults presented a countermovement around the elbow and wrist joints as strategy to increase movement impulse. Children released the ball during their ascendent phase of the jump. Movements in phase around the shoulder, elbow and wrist was also verified in children. The present study showed differences between the strategy empolyed by adults and children to perform basketball jump shoots from varying distances that are useful to athletes and coaches to take such findings into account while conduction their training routines. Key-Words: Motor Control and Coordination, Jump Shoot, Experience and
Distance.
-
1
1.0 INTRODUO
O arremesso o fundamento mais importante no basquetebol (BUTTON
et al., 2003; MALONE et al., 2002; KNUDSON, 1993), pois atravs deste que
se obtm os pontos no jogo (MARQUES, 1980). Entre as tcnicas de
arremesso o jump se destaca por proporcionar vantagens como: preciso,
velocidade de execuo, proteo contra a marcao e execuo a diversas
distncias da cesta (OKAZAKI, 2002). Por esta razo, o jump tem demonstrado
ser a tcnica de arremesso mais eficiente (KNUDSON, 1993; COLEMAN e
RAY, 1976) e utilizada (NUNOME et al., 2002; MARQUES, 1980),
independente da funo desempenhada pelos jogadores (OKAZAKI et al.,
2004a). O arremesso de jump tambm considerado a tcnica mais complexa
quanto ao processo ensino-aprendizagem (OKAZAKI et al., 2006a; OKAZAKI e
RODACKI, 2005), pois sua performance pode ser influenciada por fatores
como: o aumento da distncia em relao cesta (MILLER e BARTLET, 1996
e 1993; WALTERS et al., 1990; SATERN, 1988), o nvel de experincia
(OKAZAKI et al., 2005a; BUTTON et al., 2003; HUDSON, 1985a, 1982) e as
caractersticas fsicas dos jogadores (MALONE et al., 2002; LOONEY et al.,
1996; ELLIOTT, 1992).
O aumento da distncia do arremesso requer a aplicao de maior
velocidade da bola (MILLER e BARTLETT, 1993; SATERN, 1993; WALTERS
et al., 1990), alcanada por adaptaes nos parmetros de controle (variveis
absolutas) e no padro coordenativo (variveis relativas) do movimento para
que o arremesso seja bem sucedido (RODACKI et al., 2005; OKAZAKI, 2004a;
MILLER e BARTLETT, 1996). Satern (1988) atribuiu ao aumento da velocidade
da bola, em funo do aumento da distncia, uma maior amplitude ao redor
-
2
das articulaes responsveis pela produo das foras de lanamento
(SATERN, 1988). Elliott e White (1989) demonstraram que o aumento da
distncia ocasiona uma maior velocidade angular do ombro e maior amplitude
de deslocamento do ombro e punho. Miller e Bartlett (1993) apontam a
contribuio da flexo do ombro e da extenso do cotovelo, associados ao
aumento da velocidade do centro de massa em direo cesta, como
mecanismo compensatrio para o aumento da distncia do arremesso. Desta
forma, diferentes estratgias adaptativas so reportadas na literatura, no
sendo ainda claros os efeitos de variaes na distncia sobre a coordenao
do arremesso.
Outro fator que pode influenciar a performance do arremesso de jump no
basquetebol o nvel de experincia dos jogadores (OKAZAKI et al., 2005a;
BUTTON et al., 2003; HUDSON, 1985a, 1982). Jogadores novatos tendem a
reduzir (congelar) os graus de liberdade do movimento (ZATSIORSKY, 2004;
SIDAWAY et al., 1995; ANDERSON e SIDAWAY, 1994) como estratgia para
simplificar a demanda de controle do sistema nervoso central (NEWELL e
VAILLANCOURT, 2001; VEREIJKEN et al., 1992). Tal estratgia de controle
no possibilita uma utilizao adequada de um contra-movimento atravs de
um pr-estiramento da musculatura (ZAJAC et al., 2002; YOUNG e
MARTENIUK, 1995; HUDSON, 1986), ou a transferncia de energia entre
articulaes atravs de uma seqncia prximo-distal (CHOWDHARY e
CHALLIS, 2001; PUTNAN, 1993, 1991). Por outro lado, os jogadores
experientes possuem maior altura de lanamento da bola (HUDSON, 1985a,
1982) e amplitude angular das articulaes responsveis pela projeo da bola
(BUTTON et al., 2003). Estes tambm tm demonstrado maior estabilidade no
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3
arremesso atravs de uma menor inclinao de tronco e deslocamento do
centro de gravidade em direo cesta (KNUDSON, 1993; HUDSON, 1985a,
1982). Por conseguinte, diferenas na performance do arremesso de jump no
basquetebol podem ser encontradas em funo do nvel de experincia dos
jogadores. Contudo, poucos estudos procuraram analisar as variveis que
determinam tais diferenas e que caracterizam a performance habilidosa.
Estratgias coordenativas diferenciadas no arremesso de jump tambm
podem ser encontradas em funo das diferenas fsicas dos jogadores
(OKAZAKI et al., 2005a; LOONEY et al., 1996; MALONE et al., 2002; NUNOME
et al., 2002; MILLER e BARTLETT, 1996; ELLIOTT, 1992). Por exemplo, a
utilizao de um passo frente e do deslocamento do centro de gravidade em
direo cesta, maior flexo plantar na fase de preparao do salto, maior
amplitude angular da articulao do ombro, maior ngulo e a menor velocidade
de projeo da bola, so estratgias observadas em funo de uma menor
capacidade de gerar fora apresentada pelas mulheres na performance do
arremesso (ELLIOTT, 1992). Nunome et al. (2002), analisando jogadores de
basquetebol de cadeira de rodas, verificou que o dficit de fora da
musculatura flexora do punho resultou numa menor velocidade angular ao
redor desta articulao. Em associao, foi verificado um maior deslocamento
angular da articulao do ombro (flexo e aduo horizontal) prximo ao
instante de lanamento da bola. Tais estratgias permitiram a otimizao da
ao ao redor das articulaes do ombro e cotovelo, para compensar a
diminuio da fora ao redor da musculatura flexora do punho (NUNOME et al.,
2002). Outros estudos verificaram que os jogadores com menor estatura ou
baixa capacidade em saltar podem apresentar uma altura de lanamento mais
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4
baixa (HUDSON, 1985a, 1985b), fazendo-se necessria a mudana no ngulo
e na velocidade de lanamento da bola (MILLER e BARTLETT, 1996, 1993;
BRANCAZIO, 1981). Por conseguinte, a diminuio da consistncia e preciso
do movimento pode ocorrer, pois o aumento no ngulo e velocidade de
lanamento requer a gerao de maior fora e velocidade de lanamento
(HUDSON, 1985a, 1985b; BRANCAZIO, 1981). Estes fatores tm sido
diretamente relacionados variabilidade no movimento (TANI, 2000a;
TEIXEIRA, 1999; DARLING e COOKE, 1987a). Desta forma, algumas
estratgias coordenativas, em funo de diferenas fsicas, tm sido
verificadas. Entretanto, ainda no completamente entendido o efeito das
estratgias coordenativas realizadas sobre a performance do arremesso de
jump no basquetebol.
Devido s particularidades que determinam a performance do arremesso
de jump no basquetebol (distncia, experincia e as caractersticas fsicas dos
jogadores), esta tcnica tem sido amplamente estudada atravs de
observaes qualitativas, modelos matemticos de deduo e evidncias
experimentais (OKAZAKI et al., 2006c; KNUDSON, 1993; HUDSON, 1982).
Contudo, nenhum estudo comparou a performance do arremesso de jump de
adultos e crianas, em funo do aumento da distncia. Em associao ao
nvel de experincia e s discrepncias fsicas entre adultos e crianas,
diferenas nos padres coordenativos do arremesso de jump e nas estratgias
adaptativas em funo do aumento da distncia so esperadas.
O presente estudo objetivou analisar e comparar a coordenao e
controle motor do arremesso de jump no basquetebol em adultos e crianas
experientes em funo do aumento da distncia do arremesso.
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5
A anlise da performance do arremesso de adultos e crianas em funo
do aumento da distncia do arremesso pode auxiliar a compreender as
variveis que influenciam a performance habilidosa. Assim, permitindo a
otimizao do processo ensino-aprendizagem, atravs de subsdios para um
treinamento mais especializado.
1.1 OBJETIVOS
O presente estudo objetivou analisar e comparar a coordenao e
controle motor do arremesso de jump no basquetebol de adultos e crianas, em
funo do aumento da distncia do arremesso.
1.1.1 Objetivos Especficos
a) Analisar o efeito da distncia sobre a coordenao e controle motor
do arremesso de jump no basquetebol de adultos.
b) Analisar o efeito da distncia sobre a coordenao e controle motor
do arremesso de jump no basquetebol de crianas.
c) Comparar a coordenao e controle motor do arremesso de jump no
basquetebol de adultos e crianas.
1.2 HIPTESES
H1 Os adultos apresentaro diferenas nas variveis espaciais que
descrevem a performance do arremesso de jump no basquetebol, em
funo da manipulao da distncia.
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H2 Os adultos apresentaro diferenas nas variveis temporais que
descrevem a performance do arremesso de jump no basquetebol, em
funo da manipulao da distncia.
H3 As crianas apresentaro diferenas nas variveis espaciais que
descrevem a performance do arremesso de jump no basquetebol, em
funo da manipulao da distncia.
H4 As crianas apresentaro diferenas nas variveis temporais que
descrevem a performance do arremesso de jump no basquetebol, em
funo da manipulao da distncia.
H5 Os adultos e as crianas apresentaro diferenas nas variveis
espaciais que descrevem a performance do arremesso de jump no
basquetebol.
H6 Os adultos e as crianas apresentaro diferenas nas temporais
espaciais que descrevem a performance do arremesso de jump no
basquetebol.
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2.0 REVISO DE LITERATURA
2.1 COORDENAO MOTORA: CONCEITOS GERAIS
Todos os dias habilidades motoras cotidianas (pegar um copo, sentar,
levantar, etc.) e mais complexas (escrever, datilografar, movimentos esportivos,
etc.) so realizadas pelas pessoas de forma aparentemente simples
(GALAHUE e OZMUN, 2003; CONNOLY, 2000). Entretanto, o controle
realizado para a organizao destes movimentos envolve mecanismos
extremamente complexos (RODACKI, 2001; TEMPRADO et al., 1997). Desta
forma, a coordenao empregada nestes movimentos, ou seja, como as aes
de movimentos so organizadas e ordenadas em direo a um objetivo
determinado (MAGILL, 2000; WEINECK, 1991), tem despertado um amplo
interesse entre os pesquisadores da rea do comportamento motor (SIDAWAY
et al., 1995; HUDSON, 1992; TURVEY, 1990).
A coordenao pode ser entendida com o significado de combinao
ordenada (HUDSON, 1992), sendo reportada como um aspecto desejvel da
performance (BUTTON et al., 2003; RODACKI e FOWLER, 2002; HUDSON,
1992), onde as partes integrantes do corpo desempenham movimentos
harmnicos (WALTER, 1998; HUDSON, 1992; FOWLER e TURVEY, 1978)
atravs da integrao dos movimentos musculares num padro de movimento
eficiente (RODACKI et al., 2001a; NEWELL e VALLANCOURT, 2001;
ALEXANDER, 1997). Esta habilidade conseguida atravs da ao conjunta
entre o sistema nervoso central e da musculatura esqueltica dentro de uma
seqncia de movimentos objetivos (COSTA e VIEIRA, 2000; FOWLER e
TURVEY, 1978). Dois aspectos merecem ateno neste contexto atribudo
coordenao, a ao harmnica ou relativa de todos os elementos do sistema,
-
8
de forma a produzir um movimento fluente e eficiente (RODACKI e FOWLER,
2002; CLARK et al., 1989; HUDSON, 1986), e, os objetivos e eventos
constituintes do ambiente (TEIXEIRA, 1997; BEEK et al., 1995; FOWLER e
TURVEY, 1978).
A coordenao resulta no desenvolvimento de um padro estvel e,
idealmente, timo do movimento relativo aos membros envolvidos
(TEMPRADO et al., 1997; SIDAWAY et al., 1995; CLARK et al., 1989) atravs
da relao entre as variveis do movimento que os restringem (congelam) em
uma unidade comportamental (PUTNAN, 1991; FOWLER e TURVEY, 1978).
Por conseguinte, o problema bsico da coordenao a redundncia dos
graus de liberdade envolvida num movimento particular, ou seja, a reduo do
nmero de variveis independentes a ser controlada (NEWELL e
VAILLANCOURT, 2001; TURVEY, 1990; STELMACH e DIGGLES, 1982). Este
problema conhecido como o Problema dos Graus de Liberdade ou O
Problema de Bernstein (KO et al., 2003; COSTA e VIEIRA, 2000; STELMACH
e DIGGLES, 1982).
O problema dos graus de liberdade pode ser visto de vrias formas,
como, por exemplo, o nmero de graus de liberdade nas diferentes articulaes
que participam do movimento, o nmero de msculos que agem sobre elas, e
at mesmo o nmero de unidades motoras que devem ser ativadas para
produzir um determinado movimento (TANI, 2000a; TURVEY, 1990; TULLER et
al., 1982). Quanto mais microscpico o nvel de anlise, maior o nmero de
graus de liberdade, as possibilidades de movimento, o nmero de variveis que
devem ser restringidas e mais complexo se torna o sistema de controle (TANI,
2000a; TURVEY, 1982). Desta forma, a coordenao tambm pode ser
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entendida como o processo atravs do qual a potencialidade dos graus de
liberdade das articulaes constrangida para agir como uma unidade para
completar uma tarefa em questo (KO et al., 2003; COSTA e VIEIRA, 2000;
NEWELL e VALLANCOURT, 2001; SIDAWAY et al., 1995). De uma forma mais
sucinta, a organizao dos aparatos de controle motor (TURVEY, 1990) num
sistema controlvel (NEWELL e VAILLANCOURT, 2001) que sensvel s
variaes originrias do contexto (KO et al., 2003; TURVEY et al., 1982;
PELLEGRINI, 1997).
As aes coordenadas do corpo humano so executadas atravs da
aplicao controlada de fora muscular a qual produz distintos padres de
movimentos do segmento (PUTNAN, 1991). Um movimento padronizado
quando a ativao muscular e os padres cinemticos so estereotipados
quando desempenhado por diferentes sujeitos (RODACKI et al., 2001a;
JACOBS e VAN INGEN SCHENAU, 1992). Dependendo da tarefa, um
determinado padro de movimento pode ser mais eficiente que outro
(TEMPRADO, 1997; TEIXEIRA, 1997; BRISSON e ALLAIN, 1996). Contudo,
apesar de certos movimentos bsicos dos segmentos serem comuns dentro de
um determinado padro de movimento, qualidades individuais na performance
de uma habilidade motora podem ser verificadas (SALTZBERG et al., 2001;
BRANDO et al., 2001; BRISSON e ALLAIN, 1996). Pois, diferenas discretas
individuais podem ser encontradas em diversas habilidades motoras, como os
arremessos de basquetebol (OKAZAKI et al., 2004d; BUTTON et al., 2003;
SATERN, 1988), handebol (SIBILLA et al., 2003) e dardo (MENZEL, 2001), o
saque no voleibol (COLEMAN et al., 1993; OKA et al., 1976), o salto vertical
(RODACKI, 2001; JENSEN et al., 1989), ou o chute na capoeira (SALTZBERG,
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10
2001), independente do sucesso na performance (BRISSON e ALLAIN, 1996;
WALTERS et al., 1990; OKA et al., 1976).
Uma performance de movimento consistente indica e caracteriza um
padro de coordenao bem estabelecido, de tal forma que apenas as
variveis de controle devem ser ajustadas na execuo do movimento
(OKAZAKI e RODACKI, 2005; TEIXEIRA, 1997; ANDERSON e SIDAWAY,
1994). O controle a parametrizao do sistema motor, ou seja, o processo de
atribuio de valores unidade que est sendo coordenada (COSTA e VIEIRA,
2000). Em outras palavras, o controle procura descobrir a escala tima do
padro relativo do movimento atravs do diferente valor de acesso da
coordenao (SIDAWAY et al., 1995). Entretanto, o sistema nervoso central
aparenta ser confrontado com muitos caminhos possveis de coordenao dos
msculos para produzir um movimento (YOUNG e MARTENIUK, 1998; KUO,
1994). Desta forma, a mesma ou similar resposta de movimento pode ser
alcanada atravs de diferentes combinaes musculares (DOORENBOSCH et
al., 1997). Este fenmeno conhecido como equivalncia motora e refere-se
aos comandos motores no especficos (STELMACH e DIGGLES, 1982). Por
conseguinte, um padro consistente pode apenas ser estabelecido depois de
um perodo de prtica no qual tem-se a oportunidade de ajustar os parmetros
de controle em funo dos requerimentos da tarefa (RODACKI et al., 2001b;
BOBBERT e VAN SOEST, 1994; SATERN, 1993).
O desenvolvimento de um padro de movimento timo pode
proporcionar uma maior efetividade na execuo de uma habilidade motora
(RODACKI e FOWLER, 2001; NEWELL e VALLANCOURT, 2001; MAGILL,
2000). A maior interao do organismo com o ambiente permite uma reduo
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dos esforos percebidos atravs de um melhor aproveitamento das foras
reativas do movimento (NEWELL e VALLANCOURT, 2001; KUO, 1994;
HUDSON, 1986), movimentos com menor variabilidade (BUTTON et al., 2003;
KO et al., 2003; YAMADA, 1995; DARLING e COOKE, 1987a), menor gerao
de fora e otimizao da energia muscular (KO et al., 2003; ALEXANDER,
1997; KUO, 1994; KNUDSON, 1993), e, desta forma, atrasando o
aparecimento da fadiga (NEWELL e VALLANCOURT, 2001; RODACKI et al.,
2001b). Movimentos novos e mais complexos (com grande nmero de
componentes e/ou interao entre as partes que o compe) podem ser
aprendidos de forma mais rpida (COSTA e VIEIRA, 2000), alm de permitir
uma resposta mais rpida e objetiva, em situaes inesperadas, para evitar
quedas, colises, etc (NEPTUNE et al., 1999; BARTLETT, 1999).
2.2 COMPONENTES DA COORDENAO MOTORA
A coordenao depende de fatores que esto combinados de forma
complexa, so estes: coordenao intra-muscular e inter-muscular, a condio
funcional dos analisadores, a capacidade de aprendizagem motora, o repertrio
de movimentos (experincia de movimentos), a capacidade de adaptao e
reorganizao motora, idade, enfermidade e fadiga, podendo estar tambm
relacionada a outros fatores (WEINECK, 1991).
A coordenao intra-muscular refere-se ao controle neuromuscular
interno de um determinado msculo, ou seja o recrutamento de unidades
motoras determinando a intensidade, tempo e velocidade de contrao
muscular (OKAZAKI, 2004b). A coordenao inter-muscular est relacionada
ao controle neuro-muscular entre diferentes msculos na organizao de um
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determinado movimento, ou seja, como diferentes msculos so ativados,
quanto a intensidade, tempo e velocidade de contrao para produzirem um
determinado movimento (OKAZAKI, 2004b).
A condio funcional dos analisadores representa os sistemas parciais
do sistema sensorial que recebem informaes atravs de receptores
especficos para a analise de um movimento (WEINECK, 1991). Como os
movimentos esto sempre associados apresentao de estmulos (MANOEL
et al., 2001), as informaes obtidas por estes sistemas sensoriais (de
feedback ou retro-alimentao) possibilitam a escolha de um ato motor
(BARELA, 1999), comparao e os ajustes no movimento (MANOEL et al.,
2001; MAGILL, 2000), de acordo com o conjunto de restries que norteiam a
ao (BARELA, 1999) e com as possibilidades motoras individuais
(WEINECK,1991). Cinco analisadores so essencialmente importantes para a
coordenao, onde, estes influenciam de forma diferenciada o processo de
controle e regulao dos movimentos e agem, geralmente, juntos ou de forma
complementar. So eles: analisador cinestsico, ttil, esttico-dinmico, ptico
e acstico (WEINECK, 1991).
O analisador cinestsico informa sobre as posies das extremidades e
do tronco, assim como sobre as foras que agem sobre eles. Seus receptores
localizam-se em todos os msculos, tendes, ligamentos e articulaes. O
analisador ttil informa sobre a forma e superfcie dos objetos tocados, seus
receptores esto localizados na pele. O analisador esttico dinmico est
localizado no aparelho vestibular do ouvido interno e informa a alterao da
direo e velocidade da cabea. A informao sobre os movimentos prprios e
estranhos (viso central e perifrica) acontece atravs dos receptores de
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distncia que so fornecidos pelo analisador ptico. O analisador acstico
recebe informaes sonoras do ato motor e/ou do ambiente (WEINECK, 1991).
A capacidade para se movimentar envolve trocas e processamento de
informaes (MANOEL et al., 2001). Os mecanismos de absoro, organizao
e armazenamento de informaes esto relacionados capacidade de
aprendizagem motora (LADEWIG et al., 2001), onde os processos perceptivos
(analisadores), cognitivos (avaliar/organizar), e mnemnicos (processos que
dependem da memria) esto em primeiro plano, e se baseiam nos
desempenhos de sntese neurofisiolgicos (WEINECK 1991).
O repertrio de movimentos um fator determinante para o
desenvolvimento das qualidades coordenativas (GALAHUE e OZMUN, 2003;
WILLIAMS et al., 2002; PELLEGRINI, 2000), pois um movimento novo
executado com base em velhas combinaes de coordenao (COSTA E
VIEIRA, 2000; PELLEGRINI, 2000). A capacidade de adaptao e
reorganizao motora depende de uma base de movimentos previamente
experimentados e aprendidos (SIDAWAY et al., 1995; CAMPOS e SILVA,
1990), onde uma comparao sobre os processos apreendidos anteriormente
permite que a adaptao ocorra (PELLEGRINI, 2000; WEINECK, 1991).
Os processos cognitivos so sensitivos idade (WILLIAMS et al., 2002).
Desta forma, a idade um fator que pode influenciar a coordenao (NEWELL
e VALLANCOURT, 2001). A coordenao tem seu desenvolvimento mais
intenso no incio da adolescncia e diminui progressivamente as possibilidades
de seu desenvolvimento a partir desta fase (WEINECK, 1991). Por esta razo,
a coordenao deve ser trabalhada nas primeiras idades de forma prioritria
em relao s capacidades fsicas, pois a organizao e absoro das
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informaes diminuem, em funo involuo da idade fisiolgica (WILLIAMS
et al., 2002; GOGGIN e MEEUWSEN, 1992; WEINECK, 1991). O
envelhecimento provoca uma mudana da restrio, complexidade ou
dimenso do comportamento (NEWELL e VALLANCOURT, 2001) e no controle
do movimento (WILLIAMS et al., 1998).
A enfermidade, assim como o envelhecimento, tambm pode induzir
perda da complexidade no comportamento dos sistemas de suporte biolgico,
incluindo a regulao da freqncia cardaca e presso, da postura de p
(ereta), tremor no mal de Parkinson, e na funo neuro-endcrina (NEWELL e
VALLANCOURT, 2001; WEINECK, 1991). O conceito da perda da
complexidade implica que uma dimenso menor refletida da mais pobre
performance e/ou da menor efetividade (adaptativa) do sistema de controle
(NEWELL e VALLANCOURT, 2001; FITTS, 1954).
A fadiga muscular definida como uma diminuio da capacidade de
gerao de fora ou inabilidade de manter a performance de movimento
(WOOLSTENHULME et al., 2004; JARIC et al., 1997; ENOKA, 1995). A fadiga,
em nvel perifrico ou central, provoca uma inibio das estruturas centro-
nervosas responsveis pelo controle motor (ENOKA, 1995; WEINECK, 1991).
Aps a fadiga, um movimento continuado efetuado cada vez mais pelos
msculos auxiliares do movimento (RODACKI et al., 2002; ENOKA, 1995),
implicando em movimentos no econmicos, que se manifestam em
movimentos prejudicados e em uma degradao do desempenho figural
(RODACKI et al., 2001a, 2001b).
Os processos de controle e regulao do movimento habilitam o domnio
sob uma ao motora em situaes previstas e imprevistas de forma
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econmica (COSTA e VIERA, 2000; TEMPRADO et al., 1997), possibilitando o
aprendizado relativamente mais rpido de determinados movimentos
(SCHMIDT e WRISGBERG, 2001; MAGILL, 2000). Desta forma, encontrando
as melhores maneiras de coordenar os movimentos em todas as situaes
(BUTTON et al., 2003) atravs da integrao dos movimentos musculares num
padro de movimento eficiente (RODACKI e FOWLER, 2001; SCHMIDT e
WRISBERG, 2001).
2.3 TIPOS DE ANLISES DA COORDENAO MOTORA
A coordenao pode ser descrita microscopicamente, por exemplo, em
termos de configuraes dos estados de tenso ou padres das atividades
celulares e vasculares ou mais macroscopicamente (TURVEY, 1990), atravs
do tempo e seqncia dos movimentos dos segmentos do corpo relativos uns
aos outros (RODACKI, 2001; RODACKI e FOWLER, 2001; HUDSON, 1986),
ou seja, atravs das caractersticas topolgicas que descrevem o movimento
(ANDERSON e SIDAWAY, 1994). Como a contrao muscular o maior
componente de fora interna para criar, sustentar, divergir, ou retardar
movimentos para permitir que os segmentos do corpo interajam com o
ambiente, o movimento coordenado pode ser investigado atravs da anlise
dos resultados cinemticos das aes musculares (RODACKI e FOWLER,
2001). Mudanas nestes padres podem demonstrar evidncias de aspectos
especficos da mudana da coordenao (ANDERSON e SIDAWAY, 1994).
A organizao das caractersticas temporais e espaciais dos
movimentos, ou seja, a coordenao, no apenas um requisito essencial para
movimentos simples coordenados, mas tambm para alcanar a excelncia na
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performance de habilidades motoras esportivas mais complexas (RODACKI et
al., 2001a). Desta forma, a coordenao motora tem sido amplamente
estudada tanto atravs de pesquisas bsicas e aplicadas buscando a melhoria
na performance, a preveno e o tratamento de leses, e a melhora na
qualidade de vida (ZATSIORSKY, 2004; OKAZAKI et al., 2004b). A anlise da
coordenao pode ser dividida de acordo com o objetivo da pesquisa. Em
geral, a coordenao tem sido analisada quanto as diferenas inter- e intra-
sujeitos, inter- e intra- segmentos, inter- e intra-membros, multi- e mono-
articular, inter- e intra tarefas, e inter- e intra-muscular.
2.3.1 Anlise da Coordenao Inter-Sujeito
A coordenao inter-sujeito analisa as diferenas entre diferentes
sujeitos desempenhando a mesma habilidade motora. Apesar de certos
movimentos serem bsicos, dentro de um padro de movimento, variaes
individuais na performance podem ser verificadas (SALTZBERG et al., 2001;
COLEMAN et al., 1993; OKA et al., 1976). Em estudo da performance de
arremessadores de dardo de alto nvel, Menzel (2001) verificou padres de
movimento distintos nesta habilidade motora. Diferenas individuais tambm
so reportadas na execuo de arremessos de jump no basquetebol, sendo
estas capazes de distinguir diferentes estilos de arremesso (SATERN, 1988).
Por conseguinte, alguns autores tm recomendado uma anlise mais
individualizada dos padres de movimento, particularmente em estudos do
comportamento e aprendizagem motora (OKAZAKI et al., 2004d; BUTTON et
al., 2003; SATERN, 1993).
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2.3.2 Anlise da Coordenao Intra-Sujeito
A coordenao intra-sujeito analisa o efeito de uma ou mais variveis na
coordenao de um sujeito desempenhando a mesma habilidade motora, sem
considerar as variaes inter-sujeitos.
Soest e colaboradores (1994) analisaram a coordenao intra-sujeitos
para demonstrar que a performance do salto de vertical, realizada em
diferentes posies iniciais (diferentes graus de flexo de quadril e joelho)
controlada por uma mesma estimulao muscular para todas as posies
iniciais. Desta forma, um estmulo muscular padro, que no timo para
qualquer posio especfica inicial, resulta numa performance satisfatria
dentro de uma determinada amplitude de movimento (posies iniciais)
(SOEST et al., 1994). Saltzberg et al. (2001) analisaram a performance do
chute de meia lua de frente da capoeira, aps um perodo de prtica. Estes
autores verificaram que a prtica no modificou a preciso do chute, entretanto,
foram reportadas modificaes posturais capazes de melhorar o equilbrio
durante a realizao do chute.
A coordenao intra-sujeitos tambm utilizada para analisar a
variabilidade dos movimentos (BUTTON et al., 2003; TANI, 2000b; SIDAWAY
et al., 1995). Como o ser humano no repete a realizao de um movimento de
forma idntica (DARLING e COOKE, 1987b; FREUND, 1983; STELMACH e
DIGGLES, 1982), um certo grau de variabilidade espao-temporal verificado
devido a diversos fatores relacionados aos processos de processamento e
execuo do movimento (OWINGS e GRABINER, 2003; DARLING e COOKE,
1987a). Em estudo comparando a performance de arremessadores de
basquetebol em diferentes nveis de experincia, Button e colaboradores
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(2003) verificaram que os arremessadores novatos apresentavam uma maior
variabilidade espao-temporal, e que esta variabilidade aumentava em direo
ao final do movimento. Vereijken, Van Emmerik, Whiting e Newell (1992)
analisaram a coordenao durante o aprendizado da habilidade de zig-zag
(swallon) num simulador de esqui. Estes autores verificaram que, a medida
com que os sujeitos praticavam a habilidade, uma reduo na variabilidade do
movimento ocorria.
2.3.3 Anlise da Coordenao Inter-Segmentos
A coordenao inter-segmentos analisa a relao entre diferentes
segmentos na organizao de diversas habilidades motoras. Rodacki, Fowler e
Bennet (2001b), analisaram o efeito da fadiga na performance do salto vertical
analisando a coordenao inter-segmentos. Estes autores verificaram que
quando as caractersticas do movimento utilizado para desenvolver a fora
muscular no coincidem com os requerimentos funcionais da tarefa, o controle
no timo e conseqentemente a performance no mxima, a no ser que
acompanhada de perodos especficos de prtica do movimento. Drge e
colaboladores (2002) analisaram a performance do chute no futebol com o
membro dominante e no-dominante. Estes autores verificaram que as altas
velocidades do p foram causadas atravs da grande quantia de trabalho no
segmento da perna, decorrente da velocidade angular do joelho. A diferena na
velocidade mxima da bola entre a perna preferida e no-preferida causada
atravs de um melhor padro de movimento inter-segmento (coxa-perna) e
uma transferncia de velocidade do p para a bola quando esta chutada com
a perna dominante. (DRGE et al., 2002).
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2.3.4 Anlise da Coordenao Intra-Segmento
A coordenao intra-segmento analisa um segmento particular do corpo.
Este tipo de anlise verificado em estudos que procuram entender uma
poro mais especfica de uma determinada tarefa. Algumas anlises da
marcha analisando o padro de caminhada podem direcionar parte da ateno
do estudo a apenas um segmento do corpo. Hills e Parker (1991) analisaram o
comportamento da caminhada de crianas obesas e no-obesas e verificaram,
atravs da anlise do segmento do p, que as crianas obesas possuam maior
instabilidade a uma velocidade abaixo da velocidade preferida (HILLS e
PARKER, 1991). Hudson (1982) em estudo com atletas experientes e novatos
desempenhando o arremesso de jump no basquetebol, verificou que os atletas
mais experientes mantm o segmento do antebrao em uma posio mais
prxima vertical que os novatos. Tal estratgia permite um melhor
posicionamento da bola (prximo ao corpo), o que acarreta em melhores
condies para a gerao de fora. McLean e Tumilty (1993) analisaram o
posicionamento do p de apoio na execuo do chute no futebol verificando um
melhor posicionamento do p de apoio, mais prximo e ao lado da bola,
quando o chute era executado com o membro dominante. Desta forma, uma
maior gerao de velocidade era realizada com o membro dominante, pois o
posicionamento do p de apoio favorecia o tempo de sincronizao dos picos
de velocidade num momento mais prximo ao contato do p com a bola
(McLEAN e TUMILTY, 1993).
-
20
2.3.5 Anlise da Coordenao Inter-Membros
A coordenao inter-membros demonstra a relao entre dois ou mais
membros do corpo na performance de uma habilidade motora (COSTA e
VIEIRA, 2000). Esta verificada em anlises de membros colaterais (esquerdo
e direito) e entre os membros inferiores, superiores e tronco.
Alguns estudos analisando a coordenao inter-membros na marcha
tm utilizado a simetria dos membros inferiores como parmetro de anlise
(HANSEN et al., 2004; GEIL et al., 2000; SADEGHI et al., 2000). Normalmente,
a assimetria interpretada como um indicativo de patologia (HANSEN et al.,
2004). Por conseguinte, um padro simtrico tem sido utilizado para comparar
o padro dos membros em casos de leses, implementao e design de uma
prtese, verificao da eficincia do movimento, etc. (HANSEN et al., 2004;
GEIL et al., 2000; SADEGHI et al., 2000). Todavia, alguns autores tm
proposto papeis distintos do membro dominante e no-dominante, sendo estes
associados respectivamente mobilidade (propulso) e estabilidade
(suporte) durante a marcha (SADEGHI et al., 2000). Desta forma, a anlise dos
membros colaterais tem contribudo para melhores esclarecimentos na relao
entre os membros dominantes e no-dominantes em tarefas simtricas.
Outros estudos procuraram determinar as influncias dos membros
inferiores e do tronco na performance dos membros superiores (KNUDSON,
1993; ELLIOTT, 1992; ELLIOTT e WHITE, 1989). Miller e Bartlett (1993), e
Elliott (1992), analisaram a performance do arremesso no basquetebol, e
verificaram que a velocidade de lanamento da bola aumentava em funo do
aumento na distncia, devido s variaes nas orientaes dos membros
superiores e no dos membros inferiores e do tronco. Sibila, Pori e Bom (2003)
-
21
analisaram a influncia de dois tipos de salto no arremesso do handebol,
utilizando a mesma perna de salto da mo que realiza o arremesso e a perna
contrria. Estes autores verificaram uma melhor eficincia, maior altura de
salto, maior ngulo de flexo de ombro e quadril no salto, quando o salto foi
impulsionado com a perna contrria da mo de lanamento. O arremesso com
o salto, realizado com a mesma perna correspondente mo de lanamento,
demonstrou um menor deslocamento horizontal do centro de gravidade (SIBILA
et al., 2003).
2.3.6 Anlise da Coordenao Intra-Membro
A coordenao intra-membro analisa a relao entre os segmentos e
articulaes num determinado membro do corpo. Quando a tarefa realizada
predominantemente com um dos membros no necessrio uma analise da
organizao de vrios membros do corpo. Conseqentemente, um modelo
biomecnico simplificado utilizado representando apenas a coordenao do
membro do corpo de interesse.
Okazaki e colaboradores (2006a) analisaram a performance do
arremesso de jump no basquetebol, em funo do aumento da distncia do
arremesso, atravs da anlise do brao propulso (brao que realiza o
lanamento da bola). O aumento da distncia no demonstrou alterar o padro
do movimento, entretanto, foi encontrada uma maior flexo de punho e
velocidade nas articulaes do ombro, cotovelo e punho (OKAZAKI et al.,
2006a). Temprado e colaboradores (1997) analisaram o brao de servio
(saque) no voleibol atravs da coordenao intra-membro de novatos e
experientes. Estes autores demonstraram diferenas qualitativas nos padres
-
22
de novatos e experientes na relao espao-temporal da articulao ombro-
punho e concluram que, nesta habilidade particular, o desenvolvimento da
habilidade consiste na passagem de um estado (estvel) de coordenao para
outro, ao invs da gerao de um novo padro de coordenao completamente
novo (TEMPRADO et al., 1997).
2.3.7 Anlise da Coordenao Multi-Articular
A coordenao multi-articular analisa a relao entre as articulaes na
performance de um determinado movimento, podendo tambm ser classificada
como inter-membro ou intra-membro. Em geral, a maioria dos estudos da
aprendizagem e comportamento motor analisa a coordenao multi-articular.
Okazaki e Rodacki (2005) analisaram a organizao das articulaes do
ombro, cotovelo e punho na performance do arremesso de basquetebol de
crianas, participantes da etapa de iniciao desportiva, utilizando bolas com
diferentes pesos e tamanhos. Estes autores verificaram que o efeito do peso e
tamanho da bola teve um efeito mnimo sobre a coordenao do arremesso.
Desta forma, um padro de movimento consistente foi verificado, pois apenas
as variveis de controle foram modificadas.
2.3.8 Anlise da Coordenao Mono-Articular
A coordenao mono-articular diz respeito ao estudo de uma articulao
especfica. A anlise de uma nica articulao pode demonstrar
particularidades no controle dos movimentos em condies especficas. VAN
ZUYLEN e colaboradores (1988) demonstraram que a ativao dos msculos
flexores de cotovelo depende do ngulo do cotovelo, onde mudanas nos
-
23
ngulos do cotovelo afetam a vantagem mecnica dos msculos
diferentemente (VAN ZUYLEN et al., 1988). Van Eijden, Kouwenhoven e Weijs
(1987) analisaram a mecnica da articulao patelar atravs de autopsias de 5
joelhos. Estes autores, a partir do ngulo de flexo-extenso do joelho e do
comprimento do ligamento, verificaram que o comprimento do ligamento patelar
influencia o comportamento mecnico da articulao patelar. Estas anlises
tm sido realizadas para a construo de prteses (HANSEN et al., 2004),
tratamento e preveno de leses (POWERS et al., 2004a, 2004b; CHEN et al.,
1993; VAN EIJDEN et al., 1987) e melhoria na performance esportiva
(ZATSIORSKY, 2004).
2.3.9 Anlise da Coordenao Inter-Tarefas
A coordenao inter-tarefas analisa a coordenao de diferentes tarefas,
especificando os princpios comuns e divergentes em tarefas distintas. Putnan
(1991) analisou a aplicao do princpio de organizao prximo-distal em trs
diferentes tarefas (andar, correr e chute) e verificou esta forma de organizao
nas trs diferentes tarefas. Zajac, Neptune e Kautz (2002) analisaram a
redistribuio de energia muscular, co-funes musculares e sinergias na
habilidade de salto vertical, pedalar e caminhada. Atravs de simulaes foi
verificado que a cinemtica da tarefa dita os requerimentos de gerao de fora
muscular que coordena o movimento (ZAJAC et al., 2002). Por conseguinte,
cada tarefa tem um desenvolvimento de energia mecnica entre os segmentos
especficos a demanda da tarefa e estrutura do corpo solicitada (ZAJAC et
al., 2002).
-
24
2.3.10 Anlise da Coordenao Intra-Tarefas
A coordenao intra-tarefa analisa a coordenao de uma nica tarefa
para compreender os princpios e leis especficas que a regem, em geral,
atravs de diferentes constries ou perturbaes (varivel que pode modificar
a coordenao) impostas sua performance.
Rodacki e colaboradores (2001a) verificaram as alteraes nos padres
cinemticos do ressalto em pndulo pliomtrico, atravs da manipulao dos
graus iniciais de flexo do quadril. Estes autores demonstraram que as
mudanas posturais no modificaram o comprimento das musculaturas nas
articulaes simples, a habilidade de produzir fora e a cinemtica do
movimento. Entretanto, apesar da variao seqencial e temporal de reverso
nas articulaes, o tempo relativo do pico de velocidade angular demonstrou
um alto grau de consistncia (RODACKI et al., 2001a). Por conseguinte, foi
sugerido um modelo de controle pr-programado, onde, independente da
variao da tarefa (restrio com diferentes graus de flexo de quadril), um
movimento consistente e automtico foi encontrado na performance dos
ressaltos no pndulo pliomtrico (RODACKI et al., 2001a).
Fleisig et al. (1999) analisou a performance do arremesso no beisebol
em diversas faixas etrias (crianas, adolescentes e jovens) e de jogadores
profissionais. No foram encontradas diferenas entre as variveis temporais,
somente as variveis cinticas (fora e torque) e espaciais demonstraram
diferena sendo a maioria destas encontradas nos valores de velocidade.
Desta forma, o padro coordenativo desenvolvido pelas crianas foi timo,
onde apenas o desenvolvimento de fora e velocidade foi verificado atravs do
avano da faixa etria (FLEISIG et al., 1999).
-
25
2.3.11 Anlise da Coordenao Inter-Muscular
A coordenao inter-muscular analisa a relao entre diferentes
msculos na execuo de um determinado movimento, ou seja, como os
msculos so ativados quanto a intensidade, tempo e velocidade de contrao
na realizao do movimento (OKAZAKI et al., 2004b). O sistema nervoso
central aparenta ser confrontado com muitos caminhos possveis de
coordenao dos msculos para produzir um movimento (KUO, 1994). Quando
os msculos so coordenados, eles produzem aes com componentes
opositores a e de ao conjunta. Conseqentemente, algumas combinaes
podem ser mais efetivas que outras durante um movimento (KUO, 1994).
Alguns estudos tm demonstrado esta relao agonista-antagonista da
musculatura nos mecanismos de controle em condies normais (HIROKAWA
et al., 1991; VAN ZUYLEN et al., 1988; MARSDEN et al., 1983), fadiga (JARIC
et ali, 1997; RODACKI e FOWLER, 2002; RODACKI et al., 2001), e
estimulaes eltricas (YANAGI et al., 2003).
Van Zuylen, Gielen e Van Der Gon (1981) demonstraram que a
musculatura pode ser ativada mesmo quando sua ao no contribui
diretamente para o torque externo. Por exemplo, a musculatura do trceps
ativada durante torques de supinao compensando a flexo da musculatura
do bceps (VAN ZUYLEN et al., 1988). Jaric e colaboradores (1997)
demonstraram as alteraes decorrentes da fadiga na musculatura agonista e
antagonista num movimento rpido de flexo-extenso de cotovelo. A fadiga na
musculatura agonista demonstrou maiores alteraes na velocidade do
movimento, mesmo quando a musculatura antagonista demonstrava maior
atividade mecnica e eletromiogrfica (JARIC et al., 1997). Marsden, Obeso e
-
26
Rothwell (1983) verificaram que a co-ativao est relacionada com o ngulo e
velocidade da ao. Os maiores valores de co-ativao so encontrados em
movimentos com pequena amplitude e grandes velocidades (MARSDEN et al.,
1983). Em movimentos repetitivos (flexo-extenso de cotovelo), a musculatura
antagonista pode funcionar para uma diminuio da variabilidade do
movimento e correes na trajetria deste em funo de perturbaes
(DARLING e COOKE, 1987a).
2.3.12 Anlise da Coordenao Intra-Muscular
A coordenao intra-muscular refere-se ao controle neuromuscular
interno de um determinado msculo, ou seja, o recrutamento das unidades
motoras determinando a intensidade, tempo e velocidade da contrao
muscular (OKAZAKI et al., 2004b). As unidades motoras formam a menor e
indivisvel unidade de produo de fora e momento no interior dos msculos, e
nem sempre compartilham comandos motores comuns. Desta forma, esta
ativao diferencial depende da configurao particular dos graus de liberdade
do msculo, onde diferentes unidades motoras no interior de um msculo so
ativadas dependendo da demanda da tarefa (KUO, 1994). Por exemplo,
algumas unidades motoras que so ativadas no bceps durante os torques de
flexo, podem no ser ativadas durante os torques de supinao (VAN
ZUYLEN et al., 1988).
2.4 PRINCPIOS DOS MOVIMENTOS COORDENADOS
Os princpios do movimento coordenado podem ser descritos como leis
gerais baseadas na fsica e biologia as quais determinam o movimento humano
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27
(ZATSIORSKY, 2004; BARTLETT, 1999). Diversos estudos do comportamento
motor tm procurado explicar a coordenao e controle motor atravs destes
princpios (MAGILL, 2000; SCHMIDT e WRISBERG, 2001; BARTLETT, 1999),
procurando um melhor entendimento da organizao e controle do movimento
humano. Estes princpios, podem ser divididos em: princpios universais e
princpios de generalidade parcial.
2.4.1 Princpios Universais:
Os princpios universais so as leis gerais relacionadas biomecnica
que se aplicam para todas as atividades. Dentro dos princpios universais
encontra-se o princpio do uso do alongamento prvio, minimizao do uso da
energia e a complexidade da tarefa (ZATSIORSKY, 2004).
2.4.1.1 Uso do Alongamento Prvio:
Diversas habilidades motoras esportivas (arremesso, rebatida, chute,
etc.) ou cotidianas (andar, correr, saltar, etc.), iniciam com um contra
movimento, ou seja, num movimento em direo oposta direo pretendida
(SIBILA et al., 2003; RODACKI, 2001; UGRINOWITSCH e BARBANTI, 1998).
Este movimento contrrio inicial favorece a execuo do movimento atravs do
ciclo de alongamento-encurtamento da contrao muscular (RASSIER e
HERZOG, 2002; TRIMBLE et al., 2000; BOSCO et al., 1981). Diversos estudos
em ensaios experimentais com msculos isolados (RASSIER e HERZOG,
2004) e movimentos humanos (BOBBERT et al., 1996; LARKINS e SNABB,
1998; KYRLINEN e KOMI, 1995; WILSON et al., 1992) e animais (ASKEW e
MARSH, 1997; BOSCO et al., 1981) demonstraram que mais trabalho
-
28
realizado quando um esforo inicia de forma excntrica (alongamento) e
posteriormente passa para a forma concntrica (encurtamento) (NEPTUNE et
al., 1999; RASSIER et al., 1999; ASKEW e MARSH, 1997). Este movimento
inicial permite benefcios como: aumento do caminho da acelerao, incio do
reflexo de alongamento, armazenamento da enrgica elstica e alongamento
do msculo para o comprimento timo para uma contrao vigorosa (referente
curva de comprimento-tenso do msculo) (BARTLETT, 1999; KYRLINEN
e KOMI, 1995). A capacidade de armazenar e utilizar a energia elstica
dependente da velocidade do pr-estiramento, do comprimento final do
msculo, e do desenvolvimento de fora no final do pr-estiramento (ASKEW e
MARSH, 1998; KYRLINEN e KOMI, 1995; BOSCO et al., 1981).
2.4.1.2 Minimizao do Uso da Energia
O princpio da minimizao do uso da energia, ou princpio da limitao
da excitao dos msculos, refere-se energia metablica usada para
executar uma tarefa especfica (ZATSIORSKY, 2004; ALEXANDER, 1997).
Quando uma habilidade esta sendo aprendida, h um maior gasto energtico
em sua execuo, pois diversos movimentos desnecessrios so realizados,
entretanto, quando o movimento passa ser desenvolvido, este se torna mais
econmico (NEWELL e VALLANCOURT, 2001; VEREIJKEN et al., 1992;
ANDERSON e SIDAWAY, 1994). A otimizao realizada atravs de uma
melhor distribuio das foras musculares minimizando o custo da ao (KUO,
1994; ALEXANDER, 1997). Esta minimizao do uso da energia pode estar
relacionada diminuio da variabilidade do movimento (BUTTON et al., 2003;
TANI, 2000a; SIDAWAY et al., 1995) e a uma melhor coordenao do
-
29
movimento utilizando-se da energia reativa (proveito das caractersticas visco-
elsticas do corpo, transferncias de fora e velocidade entre os segmentes,
etc.) de sua execuo (KO et al., 2003; HUDSON, 1986).
2.4.1.3 Princpio da Complexidade Mnima da Tarefa
Este princpio refere-se ao controle dos graus de liberdade redundantes
na cadeia cinemtica (ou tambm chamada de cadeia cintica) (ZATSIORSKY,
2004). A coordenao da cadeia cinemtica torna-se mais complexa a medida
em que o nmero de graus de liberdade dos segmentos envolvidos aumenta
(NEWELL e VALLANCOURT, 2001; TANI, 2000b).
Vereijken e colaboradores (1992) demonstraram que em um
experimento com adultos em uma tarefa de swallon utilizando um simulador de
esqui, os sujeitos aprendizes nas tentativas iniciais congelaram os muitos
segmentos articulares do corpo. Tais achados apontam que o iniciante no
aprendizado de uma habilidade motora reduz o nmero de graus de liberdade
da periferia para um mnimo de forma a simplificar o controle desta habilidade
(KO et al., 2003; ANDERSON e SIDAWAY, 1994; SIDAWAY et al., 1995). Este
princpio da complexidade da tarefa, entretanto, tambm se aplica a sujeitos
habilidosos, onde determinadas habilidades motoras necessitam de um
congelamento dos graus de liberdade para que as foras sejam aplicadas na
direo exigida pelo movimento (ZATSIORSKY, 2004). Por exemplo, no
arremesso de jump do basquetebol os atletas congelam os graus de liberdade
na articulao do ombro (rotao, abduo e aduo), para que o movimento
do brao que impulsiona a bola mantenha alinhado o ombro, cotovelo e punho
para o lanamento.
-
30
2.4.2 Princpios de Generalidade Parcial:
Os princpios de generalidade parcial so as leis gerais relacionadas
biomecnica que se aplicam a um grande grupo de atividades. Dentro dos
princpios de generalidade parcial encontra-se a ao seqencial do msculo,
minimizao da inrcia, princpio da gerao de impulso, maximizao do curso
da acelerao, estabilidade e inspeo do movimento linear (ZATSIORSKY,
2004; ELLIOTT, 1999).
2.4.2.1 Ao Seqencial do Msculo
A ao seqencial do msculo representada atravs da somatria das
foras internas, da organizao em srie e da transferncia do momento
angular ao longo da cadeia cintica (VAN BOLHUIS et al., 1998). Este padro
seqencial envolve o recrutamento dos segmentos do corpo num tempo timo
de ativao muscular (RODACKI e FOWLER, 2001; HUDSON, 1986).
A fora resultante da articulao no final de um segmento o vetor da
soma das foras de todos os msculos, ligamentos e ossos que atuam atravs
da articulao (PUTNAM, 1991). As magnitudes e direes das foras
resultantes so relacionadas s foras externas (ex.: gravidade) aplicadas na
acelerao linear do centro de massa do segmento (PUTNAM, 1991). Estas
geram os momentos angulares ao redor das articulaes, sendo estes no
apenas dependentes dos efeitos da acelerao numa determinada articulao,
mas tambm da acelerao nas outras articulaes na cadeia cintica (VAN
BOLHUIS et al., 1998; JACOBS et al., 1996). Desta forma, a ao de um
segmento influencia outro segmento que pertena ao mesmo sistema da
cadeia cintica (YOUNG e MARTENIAUK, 1995; ANDERSON e SIDAWAY,
-
31
1994; PUTNAN, 1993, 1991). Duas seqncias de ao dos segmentos so
encontradas na coordenao dos movimentos dentro de uma cadeia cintica, a
seqncia prximo-distal e a ao simultnea, sendo estas reportadas como
seqncias de ao timas na performance de algumas habilidades motoras.
A ao seqencial prximo-distal tem uma organizao de ativao dos
msculos que permite aos segmentos proximais mover antes dos distais. O
segmento distal adjacente, entretanto, s deve iniciar sua ao quando o
segmento proximal alcanar sua velocidade angular mxima. Um aumento na
velocidade angular de um segmento proximal tipicamente precede um aumento
na velocidade angular de um segmento distal. Tal seqncia de movimento
permite uma velocidade angular muito maior do segmento distal, desta forma,
quanto mais distal for o segmento, mais rpido ele se deslocar no espao
(DRGE et al., 2002; ANDERSON e SIDAWAY, 1994; PUTNAM, 1993 e
1991).
A seqncia prximo-distal proporciona que os movimentos sejam
iniciados por grandes grupos de msculos que, em geral, so peniformes e
produzem fora para superar a inrcia de todo o corpo, passando para os
msculos mais rpidos que continuam o movimento. Tais msculos possuem
uma amplitude de movimento e velocidade maiores, alm de melhorem a
preciso do movimento, devido ao menor nmero de fibras musculares que
cada um dos neurnios motores inerva (padro de inervao) (ZATSIORSKY,
2004). Esta seqncia de movimento tambm permite um estiramento dos
msculos para o desenvolvimento de tenso ao se contrarem, e uma
transferncia da energia reativa atravs da cadeia cintica para o segmento
mais distal (ANDERSON e SIDAWAY, 1994; PUTNAN, 1993 e 1991). A ao
-
32
seqencial prximo-distal normalmente associada a movimentos rpidos
(chute, arremesso ou saque no tnis) (DRGE et al., 2002), em geral em
sistemas segmentares de cadeia cintica aberta (PUTNAN, 1993), mas
tambm pode caracterizar habilidades nas quais uma extremidade
movimentada mais lentamente (caminhada e corrida) (PUTNAM, 1991) ou
mesmo em movimentos em sistemas segmentares de cadeia cintica fechada
(salto vertical) (RODACKI, 2001; JACOBS et al., 1996; JENSEN e PHILIPS,
1991). As proposies da seqncia prximo-distal tm como base o princpio
da somatria das foras e/ou velocidades (ANDERSON e SIDAWAY, 1994;
PUTNAN, 1993, 1991). A seqncia prximo distal permite a transmisso do
desenvolvimento de velocidade e/ou fora ao longo da cadeia cintica do
sistema. Ou seja, a velocidade e/ou fora gerada nos segmentos mais distais
so transferidas para os segmentos mais distais, onde, quanto mais distal for
um segmento, maior ser a velocidade e/ou fora aplicada a este devido
somatria de energia desenvolvida ao longo da cadeia cintica do sistema
(ANDERSON e SIDAWAY, 1994; PUTNAN, 1991 e 1993).
A seqncia de ao simultnea, ou tambm conhecida como princpio
timo do momento parcial (VAN GHELUWE e HEBBELINCK, 1985; JORIS et
al., 1985), aponta que para alcanar uma velocidade mxima em uma
extremidade distal em um sistema de cadeia cintica aberta, a velocidade
angular de todos os segmentos deveria alcanar seu valor mximo ao mesmo
tempo. Dado que a velocidade da extremidade distal de um corpo rodando,
pivoteia em sua extremidade proximal, igual ao comprimento do corpo
multiplicado pela velocidade angular do corpo, lgicos que todas as
articulaes deveriam ser totalmente estendidas e todos os segmentos
-
33
deveriam ser rodados com a mesma velocidade angular no instante de mxima
velocidade da extremidade final de uma extremidade desejada. Enquanto este
comportamento tem sido observado em alguns movimentos de rebater, como o
voleio e o forehand do tnis, a maioria das aes de arremessar ou rebater
tipicamente no combinam com este princpio. Ao invs disto, estes
demonstram mais afinidade com o princpio da soma das velocidades,
demonstrando uma seqncia proximal-distal (PUTNAM, 1993).
2.4.2.2 Minimizao da Inrcia
Este princpio explica que gerao e transferncia do momento angular
so afetadas por alteraes no momento de inrcia. Desta forma, deve-se
utilizar estratgias de movimento capazes de minimizar o momento de inrcia
das articulaes responsveis pelo movimento. Este princpio tem sido
considerado mais importante em lanamentos que exigem uma velocidade de
liberao alta. Os movimentos em qualquer articulao devem ter incio com as
articulaes mais distais em uma posio que minimize o movimento de
inrcia, para maximizar a acelerao de rotao. Por exemplo, no lanamento
de dardo, a fase de liberao se inicia com o cotovelo flexionado para reduzir o
momento de inrcia do brao e do dardo prximo do ombro (ZATSIORSKY,
2004).
2.4.2.3 Princpio da Gerao de Impulso
Este princpio explica as variveis responsveis pela gerao do impulso
no movimento. O princpio da gerao de impulso explicado pela seguinte
equao:
-
34
Impulso = Alterao do Momento = Fora Mdia x Tempo de Ao Muscular
A equao de impulso-movimento demonstra a necessidade de um
grande impulso para produzir alterao no momento, o que faz necessrio uma
grande aplicao de fora mdia ou um longo tempo de ao. Na gerao de
impulso, analisando as modalidades desportivas que realizam lanamentos
(provas do atletismo, arremesso no handebol e basquetebol, entre outros), o
aumento da fora mdia deve predominar, em razo da durao explosiva
curta dos movimentos (ZATSIORSKY, 2004; ELLIOTT, 1999).
2.4.2.4 Maximizando o Curso da Acelerao
O princpio da maximizao do curso da velocidade origina-se da
relao trabalho-energia. Esta demonstra que a energia aplicada em
movimento diretamente relacionada fora mdia e distncia de aplicao
da fora. Desta forma, para aumentar a energia aplicada num determinado
movimento, deve-se aumentar a fora mdia ou a distncia sobre qual a fora
aplicada.
2.4.2.5 Estabilidade
A estabilidade um dos princpios relacionados performance
habilidosa em movimentos onde a preciso um dos objetivos da tarefa
(SPINA et al., 1993). Entretanto, movimentos onde o objetivo principal a
gerao de potncia do movimento (exemplo: lanamento de dardo), ocorrem
alteraes repentinas no vetor de movimento (ZATSIORSKY, 2004). Em geral,
uma base larga tem sido atribuda para o aumento na estabilidade dos
-
35
movimentos. O componente horizontal da fora de reao do solo,
particularmente aquela sobre o p da frente do arremessador, importante
para estabelecer uma base de apoio firme e para eliminar deslizamentos em
lanamentos vigorosos. Calados com travas ou cravos so normalmente
utilizados para aumentar essa fora de trao (ZATSIORSKY, 2004).
Em estudo comparando a estabilidade e mobilidade do arremesso de
jump, Spina e colaboradores (1993) compararam a performance de um
arremessador experiente e outro intermedirio, que utilizaram respectivamente
o posicionamento dos ps em paralelo e com um dos ps a frente. Foi
verificada uma excelente estabilidade mdio-lateral, entretanto a mobilidade
mdio-lateral apresentada pelo experiente foi maior. Ambos os arremessadores
demonstraram pouca mobilidade antero-posterior durante a fase de propulso
do salto, entretanto, especulado que o jogador intermedirio pode ter
alcanado esta performance ao custo da altura do salto (SPINA et al., 1993).
2.4.2.6 Inspeo do movimento Linear
O princpio da inspeo do movimento linear, ou tambm denominado
como princpio do momento articular, utilizado para explicar movimentos de
lanamento que envolvam uma corrida de aproximao (lanamento de dardo
no atletismo). Este princpio explica o efeito das foras de reao do solo sobre
a performance do lanamento, onde especulado que as foras de contato
com o solo no passo de liberao fazem todo o corpo acelerar. Todavia, este
princpio diz que essas foras fazem a parte superior do corpo, e o objeto a ser
arremessado, rodar em torno do p de apoio e acelerar. Para que este princpio
seja vlido, as foras nos ps deveriam agir atrs do centro de massa do
-
36
corpo, no na frente ou atrs dele (ZATSIORSKY, 1992). Os poucos estudos
sobre plataforma de fora desses lanamentos sugerem que esse no o caso
para aquelas partes do passo de liberao para as quais as foras de contato
do solo so as maiores. Novamente h falta de pesquisas para fundamentar
esse princpio (ZATSIORSKY, 2004).
2.5 TEORIAS DO CONTROLE MOTOR
O controle motor compreende os mecanismos bsicos de produo de
movimento (YOUNG e MARTENIAUK, 1995), ou seja, suas naturezas e causas
(SHUMWAY-COOK e WOOLLACOT, 2003). As teorias do controle motor
propem leis e princpios para orientar o comportamento motor humano
(MAGILL, 2000), com o objetivo principal de entender como o sistema neural e
muscular resolve os problemas de controle do movimento (STELMACH e
DIGGLES, 1982). E geral, quatro abordagens procuram explicar o pa