A Dieta do Prazerdietadoprazer.pt/images/a_dieta_do_prazer.pdf 8 Crie pratos coloridos ..... 63 Coma...

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7 Sobre a autora .............................................................................................. 15 Agradecimentos ........................................................................................... 17 Dedicatória .................................................................................................... 19 Introdução .................................................................................................... 21 Capítulo 1 Porquê uma dieta? ................................................................................. 23 O que é a obesidade? ..................................................................................... 25 Como é que quei assim? .............................................................................. 27 Uma vida «obesa» e as suas consequências ................................................ 30 Portugal, o «peso pesado» ............................................................................. 32 Medidas para combater a obesidade ............................................................. 33 Perca peso e ganhe saúde ............................................................................. 36 Capítulo 2 Sobre o prazer .......................................................................................... 39 O que é o prazer? ........................................................................................... 41 Algumas denições de prazer ........................................................................ 42 O prazer associado aos alimentos ................................................................. 44 A importância de comer com prazer ............................................................... 46 Capítulo 3 Emagreça com a dieta do prazer ...................................................... 49 A dieta do prazer ............................................................................................ 51 O que torna a dieta do prazer tão especial? .................................................. 59 Coma só aquilo de que gosta e emagreça ..................................................... 60 Regras de «peso» na dieta do prazer ............................................................ 62 Alimentos ..................................................................................................... 62 Coma alimentos que lhe deem prazer ..................................................... 62 Menos é mais ............................................................................................ 62 Coma mais saladas e legumes ................................................................ 62 índice

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Sobre a autora .............................................................................................. 15Agradecimentos ........................................................................................... 17Dedicatória .................................................................................................... 19Introdução .................................................................................................... 21

Capítulo 1Porquê uma dieta? ................................................................................. 23

O que é a obesidade? ..................................................................................... 25Como é que fi quei assim? .............................................................................. 27Uma vida «obesa» e as suas consequências ................................................ 30Portugal, o «peso pesado» ............................................................................. 32Medidas para combater a obesidade ............................................................. 33 Perca peso e ganhe saúde ............................................................................. 36

Capítulo 2Sobre o prazer .......................................................................................... 39

O que é o prazer? ........................................................................................... 41Algumas defi nições de prazer ........................................................................ 42O prazer associado aos alimentos ................................................................. 44A importância de comer com prazer ............................................................... 46

Capítulo 3 Emagreça com a dieta do prazer ...................................................... 49

A dieta do prazer ............................................................................................ 51O que torna a dieta do prazer tão especial? .................................................. 59Coma só aquilo de que gosta e emagreça ..................................................... 60Regras de «peso» na dieta do prazer ............................................................ 62

Alimentos ..................................................................................................... 62Coma alimentos que lhe deem prazer ..................................................... 62 Menos é mais ............................................................................................ 62 Coma mais saladas e legumes ................................................................ 62

índice

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Crie pratos coloridos ................................................................................ 63 Coma menos carne .................................................................................. 64 Opte sempre pelo pão de mistura ............................................................ 65 Prefi ra o chocolate preto .......................................................................... 65 Prefi ra os alimentos da época ................................................................. 67 Prefi ra os alimentos de origem local ........................................................ 67 Eleja a fruta como a sua sobremesa de eleição ...................................... 70 Evite as bebidas com elevado teor de álcool ............................................ 70 Vitamine-se .............................................................................................. 71

Rituais ......................................................................................................... 72Sinta plenamente o que come ................................................................. 72 Ponha a mesa .......................................................................................... 72 Vista aquilo de que gosta ......................................................................... 73 Faça seis refeições por dia ...................................................................... 74 Arranje-se para si mesma ........................................................................ 74Durma bem .............................................................................................. 74 Coma tranquilamente ............................................................................... 75 Descubra novos sabores ......................................................................... 76 Beba água ................................................................................................ 76

Atitude ......................................................................................................... 77Esteja sempre prevenida(o) ..................................................................... 77 Coma o que lhe apetecer mas em quantidades adequadas ................... 78 Mexa-se pela sua saúde .......................................................................... 78 Se exagerou, compense de seguida ....................................................... 79 Prefi ra as mercearias de bairro e os mercados municipais ..................... 80 Encare a balança como uma amiga ........................................................ 81 Planeie as próximas refeições ................................................................. 81 Faça uma lista de compras ...................................................................... 82 Seja você mesma(o) ................................................................................ 82Ria-se todos os dias ................................................................................ 82 Saia, não se isole ..................................................................................... 83 Não faça dietas restritivas e insípidas ..................................................... 84Não coma como se não houvesse amanhã ............................................. 84 Não passe fome ....................................................................................... 84 Saiba compensar-se a si mesma(o) ........................................................ 85 Coma para viver feliz ............................................................................... 86Querer é poder ......................................................................................... 86

Emagreça para sempre .................................................................................. 88

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Capítulo 4A dieta do prazer na sua vida ............................................................ 91

A dieta do prazer na cozinha .......................................................................... 93A dieta do prazer à mesa ................................................................................ 94A dieta do prazer fora de casa ........................................................................ 96A dieta do prazer nas compras ....................................................................... 98A dieta do prazer nas festas ........................................................................... 101

Capítulo 5Emagreça com bom humor .................................................................. 105

Alimentos que ajudam à boa disposição ........................................................ 107Tem realmente fome? ..................................................................................... 108Come sentimentos? ........................................................................................ 110

Capítulo 6O prazer de queimar calorias .............................................................. 113

Descubra o mundo à sua volta ....................................................................... 115Usufrua do seu ginásio grátis ......................................................................... 116Passeie em boa companhia ........................................................................... 118

Capítulo 7Mime o seu corpo e emagreça ........................................................... 121

O que precisa de saber sobre tratamentos estéticos para emagrecimento ... 123Esculpa o seu corpo ....................................................................................... 124Quais os tratamentos que a podem ajudar? .................................................. 125Mesoterapia sem agulhas .............................................................................. 126Lipocavitação .................................................................................................. 127Endermologia ................................................................................................. 128Radiofrequência ............................................................................................. 129Pressoterapia ................................................................................................. 130Plataforma vibratória ...................................................................................... 131 Desintoxicação iónica ..................................................................................... 132

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Capítulo 8A sua imagem na dieta do prazer ...................................................... 135

Escolha as roupas certas para si .................................................................... 137Alguns conselhos para parecer mais magra já .............................................. 137Os acessórios também contam ...................................................................... 140Assuma a postura certa .................................................................................. 141Sinta-se bem na sua pele ............................................................................... 142

Capítulo 9Receitas de prazer saudável .............................................................. 145

Capítulo 10 Um novo eu com muito prazer ........................................................... 217

Mais saudável e bela ...................................................................................... 219Viva mais e melhor ......................................................................................... 221Histórias de vida e de renascimento ............................................................... 222

Considerações finais ..................................................................................... 239Bibliografia ..................................................................................................... 241Testemunhos ................................................................................................. 243

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Sopas Sopa dos aromas .................................................................................... 148 Sopa da avó ............................................................................................ 148 Creme de legumes delicioso ................................................................... 149 Sopa rosa chique .................................................................................... 150 Sopa do pote ........................................................................................... 150

Molhos Molho sedoso .......................................................................................... 152 Molho refrescante ................................................................................... 152 Molho branco levíssimo ........................................................................... 153 Molho de tomate gourmet ....................................................................... 154

Sandes Sandes saborosa .................................................................................... 156 Sandes do requinte ................................................................................. 157 Pão de aveia com patê caseiro ............................................................... 157 Sandes de requeijão com doce de abóbora ........................................... 158 Sandes do Algarve .................................................................................. 159 Sandes tropical ....................................................................................... 159

Sumos e batidos Sumo rosado ........................................................................................... 161 Cacau dos sentidos ................................................................................ 161 Batido de coco light ................................................................................. 162 Batido crocante ....................................................................................... 162 Suco fresco ............................................................................................. 163 Sumo das delícias ................................................................................... 163 Sumo colorido ......................................................................................... 164 Batido de coco e morango ...................................................................... 164 Chá dos aromas ...................................................................................... 165

índice de receitas

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Saladas Salada rica em aromas e sabores .......................................................... 167 Salada viva mais ..................................................................................... 168 Salada quentinha e gostosa ................................................................... 168 Salada da Noruega ................................................................................. 169 Salada de frango com azeitonas e cogumelos ....................................... 170 Salada de polvo marinho ........................................................................ 171 Salada de favas aveludadas com coentros ............................................ 172 Salada da deusa do Nilo ......................................................................... 173 Salada com sardinhas da Ribeira ........................................................... 174

Pratos de peixe Cherne bem apaladado .......................................................................... 176 Peixe-espada inebriante ......................................................................... 176 Arroz suculento de tamboril .................................................................... 177 Perca-do-nilo aromática .......................................................................... 178 Macarrão com gambas no forno ............................................................. 179 Raia dourada .......................................................................................... 180 Espetadas mediterrânicas ...................................................................... 180 Sufl ê de pescada dos mares .................................................................. 181 Canja do oceano ..................................................................................... 182 Bacalhau repleto de aromas ................................................................... 183 Arroz à moda das sereias ....................................................................... 183 Bacalhau da abundância ........................................................................ 184 Bife de atum escaldante ......................................................................... 185

Pratos de carne Almôndegas douradas ............................................................................ 187 Frango digno de ministro ........................................................................ 187 Pernas de frango para que vos quero .................................................... 188 Bife exótico com arroz rico ...................................................................... 189 Bifes de peru com arroz de grelos .......................................................... 189 Hambúrgueres gostosos e vitaminados .................................................. 190 Batatas louras com bife gostoso ............................................................. 191 Jardineira suculenta ................................................................................ 192 Hambúrgueres dos deuses ..................................................................... 193 Pernocas saborosas ............................................................................... 193 Croquetes lambões ................................................................................. 194

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Peitos de frango divinais ......................................................................... 195 Rolo de carne extasiante ........................................................................ 196 Lombo de porco com batatinhas no forno .............................................. 197

Pratos vegetarianos Batatinhas rebolonas com salsichas suculentas .................................... 199 Pasta com farinheira de soja .................................................................. 199 Salada de grão com cogumelos ............................................................. 200 Hambúrgueres de seitan divinais ............................................................ 201 Salada dos sabores ................................................................................ 202 Pimentos ricos ........................................................................................ 203 Macarrão com tofu embebido em aromas .............................................. 203 Sopa de lentilhas vermelhas com chouriço de seitan ............................. 204 Seitan de cebolada ................................................................................. 205 Caldeirada de tofu apetitosa ................................................................... 206

Sobremesas Veludo de iogurte .................................................................................... 207 Creme de uísque .................................................................................... 208 Sorvete rejuvenescedor .......................................................................... 209 Bolo da felicidade .................................................................................... 209 Bolo sumptuoso ...................................................................................... 210 Maçã assada com gosto de férias .......................................................... 211 Aletria das festas .................................................................................... 212 Gelatina fresca ........................................................................................ 212 Suspiros calientes ................................................................................... 213 Musse de pera ........................................................................................ 214

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sobre a autora

Eduarda Alves defi ne-se como dietista «de alma e coração», exercendo a pro fi s são com amor e dedicação. Ao longo de vinte anos, teve a oportunidade de acompanhar muitos milhares de pessoas (mais de trinta mil), ajudando-as a ter uma vida mais saudável e feliz.

Nascida em Lisboa, é licenciada em Dietética e Nutrição pela Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa. Exerceu a atividade de dietista no Hospital de São Francisco Xavier durante quinze anos, dando apoio nutricional a vários serviços de internamento, com destaque para a Pediatria, Obstetrícia, Ginecologia, Urgência Pediátrica, Neonatologia e Medicina. Na consulta de nutrição e dietética hospitalar, seguiu utentes adultos e crianças, provenientes de várias especialidades, como Dia -betes, Diabetes na Gravidez, Oncologia, Cardiologia, Medicina, Obstetrícia, Gineco-logia, Cirurgia, Nefrologia, Neurologia Pediátrica, Endocrinologia Pediátrica, Pediatria Geral, Cardiologia Pediátrica, Pneumologia Pediátrica, Imunoalergologia Pediátrica, Nefrologia Pediátrica e outras especialidades.

De 1999 a 2001, lecionou a cadeira de Dietética Laboratorial aos alunos do 2.º e 3.º anos da licenciatura em Dietética e Nutrição da Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa.

Ao longo de vários anos tem sido monitora de estágios de Nutrição e Dietética Clí-nica, da mesma licenciatura, em diversas valências, destacando-se a área de Saúde Materno-Infantil.

No âmbito da nutrição e dietética, participa como preletora em ações de forma-ção e sessões clínicas destinadas a profi ssionais de saúde e à população em geral. Como consultora, colabora regularmente em programas de rádio e de televisão e com a imprensa escrita. Escreve semanalmente para a ALDI atual (propriedade dos supermercados ALDI).

Diretora da Clínica dos Alimentos (www.clinicadosalimentos.pt) desde 2007 e res-ponsável pelo site de nutrição e dietética www.nutricaoedietetica.com e pelo blogue www.draeduardaalves.blogspot.com.

Atualmente dá consultas na Policlínica Vita Sana (www.vitasana.pt) no Cacém (em Agualva) e no Hospital da Ordem Terceira (www.hospitaldaordemterceira.pt) em Lisboa (no Chiado), onde acompanha pessoas de todas as idades e com as mais diversas patologias.

É diretora e gestora de conteúdos do portal de nutrição e emagrecimento Dieta-Online (www.dietaonline.pt).

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A DIETA DO PRAZER EDUARDA ALVES

É membro da Associação Portuguesa de Dietistas, da Ordem dos Nutricionistas e da Sociedade Portuguesa de Fitoquímica e de Fitoterapia.

Como escritora, é coautora do livro Como Devo Alimentar o Meu Filho, publicado pela Editorial Presença (já em 3.ª edição, 2012).

Em março de 2013, publicou também na Editorial Presença o livro 100% Sem Diabetes.

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capítulo 1

PORQUÊ UMA DIETA?

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O que é a obesidade?

A morte repentina é mais comum nas pessoas de constituição forte do que nas pessoas magras.

Hipócrates

Afi nal o que é a obesidade? Quem é obeso? Noto que é sempre um choque quan-do, após uma avaliação, as pessoas ouvem que são obesas. Mesmo que o tente dizer da forma mais suave, agradável e simpática que consigo, é sempre chocante para quem o ouve. Só a palavra «obesidade» já é aterrorizadora!

Existem várias classifi cações da obesidade, mas, em traços gerais, podemos defi ni-la como um excesso de gordura, que se refl ete num aumento de peso. O método mais utilizado para diagnosticar e classifi car a obesidade é a medição do índice de massa corporal ou índice de Quetelet (ver o quadro que se apresenta mais à frente).

O IMC (índice de massa corporal) calcula-se através da seguinte fórmula:

IMC = Peso (kg) / [Altura (m) x Altura (m)]

É importante que o profi ssional de saúde utilize vários dos métodos possíveis para classifi car a obesidade, cruzando os seus resultados e obtendo uma avaliação muito mais rigorosa e exata.

A obesidade é considerada pela OMS (Organização Mundial de Saúde) a epi-demia do século XXI, favorecendo o desencadeamento de um grande número de doenças – como a diabetes, a hipertensão arterial, as doenças cardiovasculares e muitas outras – que lhe estão frequentemente associadas.

A obesidade é uma doença que não mata rapidamente, vai matando ao longo do tempo, roubando-nos a saúde, a qualidade de vida e o prazer de viver.

A classifi cação da obesidade pela Organização Mundial de Saúde, de acordo com o valor do IMC (índice de massa corporal) e do perigo de comorbilidade.

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A DIETA DO PRAZER EDUARDA ALVES

Classificação da obesidade (OMS)

IMC CLASSIFICAÇÃORISCO DE COMORBILIDADE

Menor que 18,5 Baixo peso —————

Entre 18,5 e 24,9 Normal —————

Entre 25,0 e 29,9Excesso de peso/ /pré-obesidade

Aumentado

Entre 30,0 e 34,9 Obesidade grau I Moderado

Entre 35,0 e 39,9 Obesidade grau II Grave

Igual ou superior a 40 Obesidade mórbida Muito grave

Fonte: Organização Mundial de Saúde, 2000.

A OMS defi ne a obesidade como uma doença crónica, onde existe um excesso de gordura acumulada, que afeta a saúde, aumentando o risco de desenvolvimento de várias doenças.

Valores de referência para a percentagem de massa adiposa (% de gordura)

SEXO MASCULINO SEXO FEMININO

Até 29 anos 30 ou mais Até 29 anos 30 ou mais

Abaixoda média Até 14% Até 17% Até 17% Até 20%

Na média 14 a 20% 17 a 23% 17 a 23% 20 a 27%

Acimada média

Acimade 20%

Acimade 23%

Acimade 23%

Acimade 27%

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PORQUÊ UMA DIETA?

A OMS considera a obesidade como o maior problema não reconhecido de saúde pública dos tempos atuais. Afeta uma grande parte da população do nosso planeta, continuando a registar-se um aumento do número de pessoas com excesso de peso e obesidade.

A obesidade é uma doença crónica, com excesso de gordura corporal, que neces-sita de uma vigilância nutricional «para a vida» para que se mantenha controlada, e sem o aparecimento das doenças que tão frequentemente lhe estão associadas.

A obesidade só pode ser ultrapassada com uma alteração de estilo de vida, a qual passa por uma reeducação alimentar, atividade física e uma mudança de atitude de-fi nitiva. «Querer é poder» e, se é pela nossa saúde e bem-estar, vale certamente todo o empenho inicial que é necessário investir nessa mudança defi nitiva, e muito positiva.

Como é que fiquei assim?

Um doce saboreia-se na boca durante cinco minutos e transforma-se em cinco anos de gordura no bumbum.

Luana Piovani

Vivemos numa sociedade perversa manifestamente «obesogénica», onde somos constantemente estimulados a consumir produtos alimentares de elevado valor ener-gético (cheios de calorias vazias), com defi ciente valor nutricional (pobres em vários nutrientes), e ao mesmo tempo saborosos, com preço acessível e fáceis de preparar. Estes produtos são amplamente publicitados, sendo associados a mensagens de prazer, felicidade, sucesso, beleza e bem-estar.

Paralelamente, parece haver uma «congeminação coletiva» para que cada vez nos mexamos menos. Quanto mais trabalhamos (a maioria de nós sentados ou em pé, quase parados) e quanto mais stresse profi ssional temos, mais sedentários (e obesos!) nos tornamos. As novas tecnologias proporcionaram-nos a possibilidade de fazermos mais em menos tempo, quase bastando apenas um simples movimento no teclado.

Vivemos na era do «quanto mais fácil melhor» e do «faça tudo a partir de casa», estando o ser humano transformado num animal extremamente sedentário e que vive cada vez mais «enjaulado», sendo o único animal a fechar-se voluntariamente no meio de quatro paredes.

Tenho 43 anos e lembro-me perfeitamente de uma infância maravilhosa, onde após as aulas ia com as minhas amigas para o Castelo de São Jorge ou para o Mi-radouro de Santa Luzia, brincando e correndo livremente ao ar livre. Todos os dias era uma «brincadeira pegada» e os nossos jogos e passeios ao ar livre eram uma

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A DIETA DO PRAZER EDUARDA ALVES

excelente forma de nos mexermos e gastarmos algumas calorias extra, de convívio, aprendizagem e prazer. Que bons velhos tempos!

Infelizmente, hoje em dia, as crianças estão cada vez mais sedentárias e só brin-cam dentro de casa, passando demasiadas horas sentadas em frente do computa-dor e do televisor. É raro exercitarem-se livremente com atividades lúdicas, o que contribui cada vez mais para o agravamento da obesidade infantil.

A par de um sedentarismo doentio, as crianças consomem quantidades exa ge-radíssimas de guloseimas, que apenas lhes fornecem calorias vazias, nocivas para a sua saúde e terrivelmente obesogénicas.

O cansaço, a falta de tempo e o próprio stresse por vezes conseguem «levar a melhor», e muitas famílias rendem-se ao fast-food ou à comida pronta congelada, ingerindo quantidades exorbitantes de gordura, amidos e muitas (mesmo muitas) calorias vazias.

A combinação da alimentação hipercalórica (na maioria das vezes com péssima qualidade nutricional), em conjunto com o sedentarismo, constitui a receita certa para o desenvolvimento da obesidade e para o seu contínuo agravamento.

Os adultos, nas várias faixas etárias, também se encontram cada vez mais se-den tários, gastando muito poucas calorias ao longo do seu dia. Na sua maioria, as pessoas trabalham sentadas, ou em pé paradas, ou andando apenas distâncias muito curtas.

Usam-se os elevadores e as escadas rolantes em detrimento das escadas. O carro, muitas vezes, acompanha-nos exatamente até ao local para onde nos des locamos.

Os hábitos de sedentarismo vão-se «entranhando» em nós desde a mais tenra idade, atrofi ando-nos os músculos e contribuindo para o crescimento dos adipócitos (células de gordura). Quanto mais o tempo passa, mais difícil se torna contrariar esta tendência tão nefasta para a nossa saúde.

A obesidade é uma doença multifatorial, no entanto podemos destacar algumas das principais causas desta doença de crescimento galopante, como por exemplo:

Alimentação inadequada. Excesso de gordura na alimentação. Excesso de açúcar na alimentação. Falta de fi bras na alimentação. Excesso de álcool na alimentação. «Comer sentimentos». Sedentarismo. Stresse e ansiedade. Fatores genéticos.

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PORQUÊ UMA DIETA?

Sociedade «obesogénica». Algumas doenças, como o hipotiroidismo e a ansiedade patológica. O uso de alguns fármacos.

As causas da obesidade são várias, mas a solução para a combater passa neces-sariamente pela boca e pelos pés. Se a obesidade tivesse pais, eles seriam, certa-mente, uma alimentação incorreta e o sedentarismo.

É fundamental uma alimentação saudável, saborosa, variada e adequada às nos-sas necessidades nutricionais. Sem os terríveis exageros que são tão habituais na nossa sociedade atual.

Até há relativamente poucos anos (cerca de vinte anos), em Portugal não existiam tantos hipermercados gigantes, com toneladas de produtos alimentares, distribuídos por múltiplos labirintos de corredores, como existem hoje em dia. As compras eram realizadas em supermercados, mercearias locais e mercados municipais.

Não existiam as dezenas – ou centenas – de marcas de refrigerantes que exis-tem hoje, de chocolates, de rebuçados, de gomas, de bolachas, de iogurtes, de queijos, de batatas fritas, de aperitivos, de salsichas, de pizas… e de muitos ou tros alimentos carregados de gordura, açúcar e aditivos. E precisamos de tudo isso? Que contributo é que esta oferta tão excessiva dá para a nossa saúde?

Por vezes dou por mim a olhar para as imensas pilhas de alimentos e a pensar como é que os portugueses vão comer tantos alimentos perfeitamente desne ces-sários, absolutamente supérfl uos, e, na sua maioria, apenas fornecedores de ca lorias vazias, sem qualquer contributo nutricional relevante? Quanta saúde e dinheiro des-perdiçados!

As tentações não eram tantas e as embalagens eram mais pequenas. Muitos produtos até eram vendidos avulso e nós comprávamos apenas a quantidade que necessitávamos – nem a mais, nem a menos. Poupávamos, não cometíamos tan-tos excessos alimentares e éramos mais saudáveis e magros. E ninguém passava fome!

Também não tínhamos por hábito «ir passear» para os hipermercados e para os centros comerciais. Nos tempos livres, escolhíamos programas muito mais praze-rosos e saudáveis, que ajudassem a promover a boa saúde e o convívio familiar. Íamos passear para o campo, para a praia… e fazíamos atividades/jogos de grupo, caminhadas ou dançávamos, gastando muitas calorias sem darmos por isso.

Muita coisa mudou ao longo destes anos e temos de aprender a fazer as melho-res escolhas para a nossa saúde. Como em tudo na vida, estas mudanças geraram alterações positivas, mas outras negativas, que se estão a refl etir na nossa saúde e na nossa forma de estar. Temos que aproveitar os benefícios e evitar, ou reduzir substancialmente, os malefícios.

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A DIETA DO PRAZER EDUARDA ALVES

O exercício físico também é fundamental, bastando mudar os hábitos do dia a dia, e logo começam a surgir os resultados. Sentimo-nos com mais energia física e men-tal, mais bem-dispostos, e o corpo começa a fi car mais tonifi cado e com contornos mais defi nidos e agradáveis à vista.

Experimente estas sugestões e verá que, com todo o prazer, poderemos facil-mente combater a obesidade e vivermos muito mais saudáveis, felizes e durante mais tempo.

Numa só semente de trigo há mais vida do que num montão de feno.

Khalil Gibran

Uma vida «obesa» e as suas consequências

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas... // Que já têm a forma do nosso corpo... /

/ E esquecer os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares... // É o tempo da travessia... /

/ E se não ousarmos fazê-la... // Teremos fi cado... /

/ Para sempre... // À margem de nós mesmos...

Fernando Pessoa

Ainda é muito comum as pessoas com excesso de peso, ou já com obesidade, recorrerem à consulta de nutrição e dietética apenas por não se sentirem bem com o seu corpo, não valorizando a infl uência do excesso de gordura na sua saúde.

A obesidade causa-nos muitos contratempos, muitas fragilidades, desgastando--nos gradualmente.

É terrivelmente duro viver numa sociedade de magros, aprisionada(o) dentro de um corpo gordo. A pressão sobre quem tem uns quilos a mais é enorme! E como «ninguém é de ferro», as fragilidades psicológicas acabam por manifestar-se com alguma frequência.

É muito duro quando o excesso de gordura nos reduz os movimentos, chegando a difi cultar atos tão simples como apertar os atacadores, brincar com uma criança, subir dois lanços de escadas, correr para apanhar o autocarro ou até calçar umas meias de descanso.

As consequências da obesidade são muitíssimas, todas elas terríveis para a nos-sa qualidade de vida. De forma resumida, poderemos enumerar as principais:

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PORQUÊ UMA DIETA?

Diabetes. Hipertensão arterial. Hipercolesterolemia. Hipertrigliceridemia (gorduras aumentadas no sangue). Hiperuricemia (ácido úrico aumentado). Litíase biliar (cálculos nas vias biliares). Hérnia do hiato. Doenças respiratórias. Doenças osteoarticulares. Síndrome do ovário poliquístico. Doenças cardiovasculares. Doenças cerebrovasculares. Infertilidade. Maior incidência de vários tipos de cancro, como o cancro da mama e do cólon. Discriminação social. Menos oportunidades laborais. Maior difi culdade na progressão na carreira. Maior absentismo laboral (por doença). Maiores gastos com a saúde. Baixa autoestima. Depressão. Ansiedade. Agressividade. Isolamento social. Difi culdades de aprendizagem (infância e adolescência). Maiores difi culdades no relacionamento com o parceiro.

A obesidade constitui uma imensa carga física, psicológica e social que afeta a pes soa que dela padece, mas também todo o meio envolvente, refl etindo-se no ambiente que a circunda.

Tendo em conta que mais de metade da população portuguesa tem gordura em excesso, as doenças associadas à obesidade também têm aumentado signifi cativa-mente.

É uma espécie de efeito «bola de neve», pois, ao aumentar o número de pessoas com obesidade, aumenta o número de doenças associadas à mesma, aumenta o absen-tismo laboral, o Serviço Nacional de Saúde também sofre um elevado acréscimo de utentes dos seus serviços, aumentando substancialmente os custos envolvidos com tratamentos de saúde, exames de diagnóstico, internamentos, cirurgias, e com o aumento do consumo de fármacos.

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Até a nível pessoal, as pessoas que sofrem de excesso de peso ou de obesidade saem monetariamente prejudicadas. Já reparou que têm de gastar muito mais pro-tetor solar e cremes hidratantes, porque a superfície corporal é maior? As roupas de tamanhos maiores também são frequentemente mais dispendiosas e há mais uma panóplia de outros transtornos físicos e psicológicos, que acabam por contribuir igualmente para sobrecarregar o orçamento de quem sofre de obesidade.

Para além de aumentar signifi cativamente o aparecimento de várias doenças cró-nicas, a obesidade também reduz – e muito! – a qualidade e o prazer de viver. E pior ainda… Encurta o tempo de vida, pois, de acordo com vários estudos, os obesos têm uma elevada probabilidade (maior ou menor, consoante o grau de obesidade) de sofrerem uma morte prematura.

Mais vale prevenir do que remediar! Este dito tão antigo aplica-se na perfeição a toda a problemática inerente ao excesso de peso e à obesidade.

Tendo em conta este panorama tão dramático, o melhor mesmo é prevenir a obe-sidade. E quanto mais cedo melhor!

Como pudemos verifi car, a obesidade «suga-nos» a qualidade de vida, e quanto mais se apodera das nossas carnes, mais nos inferniza a vida, tolhendo-nos os movi-mentos e invadindo-nos os pensamentos.

Ela instala-se de mansinho, quase sem que nos apercebamos, e de repente está por todo o lado, absorvendo-nos a saúde, a energia e muitas vezes o prazer de viver.

É muito duro viver com a obesidade, mas é algo que se pode mudar, melhorando substancialmente a nossa existência. Toda a vida se torna mais fácil após a liber-tação de tão pesado cárcere.

Comece hoje mesmo a adotar os novos hábitos de vida da dieta do prazer e verá que emagrecer nunca foi tão fácil. Viva mais e melhor!

Portugal, o «peso pesado»

O reconhecimento da realidade é perceber a necessidade de agir.

Mahatma Gandhi

Somos um lindo país, à beira-mar plantado, mas cada vez mais pesado. Infeliz-mente, o excesso de gordura e a obesidade têm aumentado muitíssimo em Portugal e no mundo.

Se pudéssemos usar as reservas de gordura, e a energia proveniente das mes-mas, para amortizar a dívida pública nacional, estou certa de que seria um bom con-tributo para sairmos da crise, pois já constituem consideráveis reservas de energia natural. Por cada quilo de peso corporal que se perde, são mobilizadas cerca de 7200 calorias. É muita energia acumulada!

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PORQUÊ UMA DIETA?

A obesidade, considerada a epidemia do século XXI, é um dos problemas de saúde mais graves do mundo. E está a assumir proporções verdadeiramente alarmantes.

Em 2002, de acordo com informação da Organização Mundial de Saúde, exis-tiam cerca de 250 milhões de obesos a nível mundial, prevendo um aumento da prevalência desta doença, estimando que em 2025 existam 300 milhões de obesos no mundo.

A Europa também tem registado um crescimento exacerbado do número de pes-soas com excesso de peso e obesidade, tendo-se acentuado signifi cativamente nos últimos dez anos.

A obesidade tem vindo a aumentar em Portugal, tendo atualmente cerca de 55% da população excesso de peso (cerca de 40%) e obesidade (cerca de 15%).Atualmente, a prevalência da obesidade infantil é de cerca de 31% (somatório do excesso de peso com a obesidade).

São números alarmantes, que nos colocam na linha da frente relativamente à pre -valência da obesidade nos países da Europa. As medidas de prevenção têm de ser reforçadas e a sua base primordial passa por uma alimentação saudável e adequa da, e mais atividade física.

A obesidade é a epidemia global do século XXI.

Organização Mundial de Saúde

Medidas para combater a obesidade

Que a comida seja o teu alimento e que o alimento seja a tua medicina.

Hipócrates

É vital o envolvimento de toda a sociedade (incluindo os órgãos governamen-tais e os meios de comunicação, famílias, escolas, serviços de saúde e indústrias alimentares) no combate à epidemia do século XXI, a qual nos tolda os movimentos e nos retira qualidade de vida (e mesmo anos de vida), começando por mudar este ambiente nefasto que propicia o desenvolvimento da obesidade.

Tal como acontece com os maços de cigarros, também os produtos alimentares excessivamente calóricos e de baixo valor nutricional deveriam conter mensagens alertando os consumidores para os riscos inerentes ao seu consumo habitual, como o aparecimento da obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, esteatose hepática (fígado gordo) e várias outras doenças. A par desta informação, deveriam conter rótulos com informação nutricional completa e numa linguagem explícita para a nossa população.

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Lembro-me de ter falado sobre este assunto com uma das utentes da minha con-sulta e lhe ter dito que alguns produtos que nos fornecem apenas gorduras e açú-cares, para além de um alerta, deveriam ter na embalagem a fotografi a de umas nádegas, ou de uma barriga, com gordura e celulite. Rapidamente, com um ar quase nauseado, ela respondeu-me: «Dra. Eduarda, mesmo que fosse um produto muito sabo roso, se tivesse na embalagem uma fotografi a dessas, eu não o conseguiria comer.» Excelente! É mesmo isso que se pretende – reduzir o consumo destes alimen-tos –, pois, tal como esta senhora, muitas outras pessoas teriam a mesma reação.

Poderiam ser criados incentivos para promover a criação de produtos alimenta-res com baixa densidade energética e com adequado valor nutricional, apelativos, rápidos de preparar e com preços acessíveis. Os incentivos para as empresas que desenvolvessem alimentos mais saudáveis poderiam ser vários, como, por exemplo, benefícios fi scais, apoios fi nanceiros para alguns dos projetos mais favoráveis para a saúde dos consumidores, e outros.

Os alimentos saudáveis, que sustentam a base da dieta mediterrânica, deveriam ser vendidos a um preço reduzido, para incentivar o seu consumo em «tempos de crise». Poderiam ser selecionados alguns alimentos que não teriam o IVA acrescen-tado no seu preço, como, por exemplo, o pão de mistura e integral, o pão de centeio, as hortaliças, as frutas, o leite, os iogurtes não açucarados, o queijo magro, as le-guminosas (feijão, grão, favas, ervilhas, lentilhas, soja…), o azeite, o peixe, o mel, as massas integrais, o arroz integral, os ovos e os cereais integrais não açucarados (como os fl ocos de aveia, cevada…).

Alguns alimentos com maior teor de gordura, açúcar e sal, e com menor in-teresse nutricional, como as bebidas alcoólicas, os refrigerantes, os produtos de pastelaria, o fast-food, os enchidos, as batatas fritas, os aperitivos, o sal, o açúcar, as gomas, os rebuçados e outros produtos demasiado refi nados, ou fornecedores de «calorias vazias», poderiam ter um custo mais elevado e ser taxados com um IVA superior.

É provável que esta alteração de preço de alguns alimentos, de acordo com o seu maior ou menor interesse nutricional, contribuísse para que os portugueses fi zessem escolhas mais assertivas, benefi ciando a sua saúde.

A Organização Mundial de Saúde preconiza que a prevenção e o tratamento da obesidade sejam duas das prioridades máximas dos países desenvolvidos.

Para que tal aconteça, é necessário uma intervenção dietética/nutricional precoce que permita mudar hábitos alimentares e fazer exercício físico, promovendo estilos de vida mais saudáveis. A reeducação alimentar é essencial, bem como a instituição de um esquema alimentar personalizado que contemple as necessidades nutricio-nais, as preferências alimentares, os antecedentes pessoais e familiares (doenças, intolerâncias alimentares…), hábitos de exercício físico, o estado emocional, o meio

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envolvente (apoio familiar, orçamento alimentar, crenças religiosas…) e vários outros aspetos, de modo a que toda a orientação dietética/nutricional seja específi ca para a pessoa em causa, para que os objetivos pretendidos sejam atingidos e dura -douros.

O acompanhamento dietético/nutricional deverá ser iniciado o mais precocemente possível, pois deste modo os resultados obtidos serão melhores e mais duradouros. Prevenir é melhor do que remediar!

Em situação ideal, qualquer mulher, quando planeasse engravidar, deveria recor-rer a uma consulta de nutrição. Deste modo, com este acompanhamento nutricional precoce, poderíamos ajudar a futura mãe a iniciar a sua gravidez só após o seu peso estar tão próximo quanto possível do peso ideal. Também seriam evitadas carências nutricionais (como, por exemplo, de ferro, ácido fólico, cálcio…) que poderiam afetar a saúde da futura mãe e do seu futuro bebé.

Posteriormente, seria feito um acompanhamento nutricional do recém-nascido, durante todo o seu crescimento e desenvolvimento ao longo da sua infância, da sua adolescência e nas várias fases da sua vida adulta. Desta forma, seria possível pre-venir proativamente a obesidade e cerca de 80% das doenças crónicas não trans-missíveis.

Infelizmente, esta realidade ainda está longe de ser a nossa, pois ainda não há uma consciencialização global da necessidade do acompanhamento nutricional ao longo da vida. Ainda não existe uma «cultura nutricional» que se apoie na nutrição como o importante alicerce da medicina preventiva que esta constitui. Desta forma, con-seguiríamos uma melhor qualidade de vida e um maior prazer de viver, ao longo de toda a vida.

A dietética era designada pelos gregos como sendo «a arte de bem viver», a qual deveria assegurar a manutenção da saúde física e psicológica. Há que recuperar um estilo de vida favorável a uma vida saudável que «cure» esta sociedade «obesogé-nica», mantendo todo o prazer de viver. A dieta do prazer é a solução!

E porque a atividade física também é muito importante, poderiam ser criadas mais ciclovias (o que felizmente já está a acontecer), ao longo do nosso lindo e en-solarado país.

A criação de mais espaços verdes, nas grandes cidades, também é vital para prevenir e tratar a obesidade. Passear, marchar ou correr num parque ou jardim faz muito bem ao corpo e à mente, revelando-se também um precioso aliado no combate ao stresse.

Uma coisa é certa, hoje estamos a redescobrir as virtudes de uma alimentação sã num corpo são.

Sebastian Kneipp

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A DIETA DO PRAZER EDUARDA ALVES

Perca peso e ganhe saúde

A conquista de si próprio é a maior das vitórias.

Platão

A dieta do prazer é uma mudança de estilo de vida em direção à saúde. É muito mais do que uma dieta, pois conjuga o prazer de comer com a reeducação alimentar, com a atividade física e com regras motivacionais e pensamentos «magros». Com a dieta do prazer vai perder peso de forma saudável e gradual, começando logo a sentir-se mais leve, com mais energia e boa disposição.

Com a continuação, os resultados serão sempre melhores, notando-se no seu corpo, no seu ânimo e na sua saúde. Certamente que, quando fi zer o seu check-up médico anual, todos os seus exames estarão melhores, a sua idade metabólica terá reduzido e a sua qualidade de vida terá melhorado substancialmente. Até a sua es-perança média de vida também terá aumentado.

Esta é a mudança pela qual esperou durante tanto tempo! É o descobrir daquilo que o seu corpo – e a sua cabeça – necessita para se manter em boa forma, e mantendo o prazer de comer e de viver.

Com a dieta do prazer vai aprender a fazer as melhores escolhas para si, comendo o que adora durante toda a sua vida. E ainda previne o aparecimento de várias doenças, mantendo-se com mais vigor e com um aspeto mais jovem por muito mais tempo.

Evidentemente que os resultados não aparecerão de forma milagrosa, nem do nada. Terá de fazer a sua parte! A grande vantagem é que será tão fácil que nunca se sentirá entediada(o) ou a fazer restrições. Pelo contrário, sentir-se-á realmente satisfeita(o), a usufruir os prazeres da boa mesa e cada vez mais feliz com os resultados obtidos.

À medida que os bons resultados se vão tornando mais evidentes, a sua moti-vação será cada vez maior, seguindo sem qualquer difi culdade a dieta do prazer.

As pequenas mudanças, que fazem toda a diferença nos resultados, serão in-corporadas por si de forma absolutamente natural e tranquila. Sentir-se-á cada vez melhor, e mais contente, com a nova pessoa que está a renascer em si e com todas as melhorias de vida que estão associadas a este processo de transformação.

Este é o melhor «seguro de saúde» que poderá fazer. Pois com a dieta do prazer os benefícios para a sua saúde serão inúmeros, reduzindo substancialmente a pos-sibilidade de desenvolver doenças associadas ao excesso de peso e à obesidade.

Quando terminar de ler este livro, sentir-se-á muito mais segura(o) nas suas es-colhas e, com a ajuda de uma dietista-nutricionista experiente e em quem confi e, verá que emagrecer será um verdadeiro prazer. Muito mais fácil do que alguma vez imaginou.

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PORQUÊ UMA DIETA?

O acompanhamento nutricional é vital para a obtenção de excelentes resulta dos que perdurem ao longo da vida. É muito importante que seja devidamente ava lia-da(o), que se estabeleçam metas a atingir, que se defi na qual o tempo em que deverá atingir cada um dos objetivos.

A dieta do prazer tem de ser única para cada pessoa, de acordo com o seu histo-rial clínico, com as suas necessidades nutricionais, com o seu estilo de vida e com as suas preferências alimentares.

A dietista-nutricionista que a(o) acompanhar terá de a(o) ver como um todo, como a pessoa única que é, respeitando as suas singularidades e necessidades específi cas.

A dietista-nutricionista terá de ser bastante experiente, com sólidos conhecimen-tos de psicologia aplicada à nutrição, devendo saber ler nas entrelinhas e dar-lhe todos os reforços positivos, e todo o acompanhamento necessário, para que, passo a passo, chegue à meta. Só assim lá chegará serena(o), tranquila(o), cheia(o) de saúde e glória pessoal, por ter conseguido concretizar os seus objetivos.

Em todas as consultas de nutrição, com a dieta do prazer alcançará novas con-quistas, sempre aliadas ao prazer de bem comer e da experimentação de um estilo de vida mais saudável. Gradualmente, verá o seu corpo a ganhar novos contornos, sentirá a sua pele mais lisa, macia e com menos celulite. O seu dia começará com uma energia extra, e sentirá uma leveza e uma sensação de bem-estar que se pro-longará no tempo.

A dieta do prazer ajudá-la(o)-á a «renascer para a vida», com um novo estilo de vida, um novo corpo, uma nova cabeça, e uma dose extra de qualidade de vida.

Tudo passa por uma mudança no seu estilo de vida, na sua forma de estar e de percecionar e lidar com o mundo. É mais fácil do que possa parecer e vai sentir-se muito bem com a dieta do prazer, redescobrindo agradáveis formas de atingir os seus objetivos e mantê-los para a vida.

Fácil, agradável, saboroso e muito motivador!

Não pergunte o que o seu corpo pode fazer por você. Pergunte o que você pode fazer pelo seu corpo.

Lucília Diniz

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capítulo 2

SOBRE O PRAZER

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O que é o prazer?

Os prazeres mais puros que tenho obtido estão ao alcance de todos: o calmo convívio por meio dos livros, ao canto do fogão, com seres

inteligentes e a comunhão com os grandes já falecidos.

Ricardo Cobden

O prazer é algo muito relativo, pois o que dá prazer a uns pode ser um verdadeiro suplício para outros. No entanto, para a maioria das pessoas, o prazer é vivido e sentido através de vivências simples do nosso dia a dia.

A maioria das pessoas sentirá prazer ao deliciar-se com um prato ou um doce do seu agrado, com a observação de um pôr do Sol, ao sentir a suave brisa marinha, ao visualizar as várias tonalidades de azuis e verdes do mar, ao vestir a sua roupa preferida, ao deitar-se numa cama feita de lavado, ao sentir o contacto da pele com a roupa acabada de passar a ferro, ao ouvir aquela música tão especial, ao obser-var os progressos das suas crianças, quando passeia com o seu cão, ao usar um perfume com uma fragrância que lhe desperte os sentidos, com o sorriso da pessoa amada, com um banho de imersão quentinho e cheio de espuma, ao ajudar alguém, ao saborear um chocolate, com a leitura de um bom livro, com os elogios dos seus parceiros (de profi ssão ou de vida), ao ver uma gota de orvalho a brilhar nas pétalas de uma rosa, ao sentir a água do mar a «abraçar-lhe» o corpo, com a carícia dos raios de sol na pele molhada, com um passeio pelo campo, ao dançar, ao sentir-se bem após um período de doença, ao conseguir concretizar determinado objetivo, ao saborear um chá quentinho e aromático numa tarde fria de inverno, ao estar junto da pessoa amada, ao ver a sua imagem refl etida no espelho antes de sair de casa, ao observar um aquário de peixes tropicais, ao sentir o «cheirinho» matinal do café acabado de fazer, ao partilhar um jantar com amigos, quando observa as fl ores a desabrocharem na primavera, ao conseguir vestir umas calças de ganga que já não lhe servia há muito tempo, e em muitíssimas outras situações e experiências da nossa vida.

Para que nos sintamos bem e consigamos viver de forma equilibrada, partilhando o nosso melhor com os outros, temos de nos sentir bem connosco. Para que nos sinta-mos bem, temos de aprender a extrair prazer da vida e a procurar sentir prazer com os pequeninos pormenores do nosso dia a dia. O vivenciar o prazer, frequentemente, vai atuar como um reforço positivo, que nos ajudará a ultrapassar situações difíceis do nosso quotidiano. Vai ajudar-nos a mantermo-nos à «tona» e a reagir às agruras da vida.

Em qualquer lugar, e em quase todas as situações, poderemos experimentar al-gum prazer. Não será sempre um prazer sublime, mas será um pequeno prazer.

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Procure sempre o lado positivo, pois ele está sempre presente. Já pensou no prazer que experimenta quando descalça uns sapatos desconfortáveis e os troca por umas cómodas e simpáticas pantufas? Ou quando, após uma gripe, tudo lhe sabe e cheira tão bem? Enfi m, tudo tem um lado positivo e temos de o sentir sempre, com o máxi-mo de prazer possível.

Descubra o que lhe dá prazer, do prazer simples e suave até ao prazer mais complexo e intenso, e presenteie-se com muitos momentos de prazer. Verá que se sentirá melhor, mais tranquila(o), com mais força para alcançar os seus objetivos e mais disposta(o) a dar o seu melhor nos vários momentos do seu dia.

Ao viver com prazer, sentir-se-á bem na «sua pele» e esse sentimento/vivência vai refl etir-se na sua aparência e na sua forma de estar. As pessoas que lidam con-sigo vão sentir a mudança.

Sentir-se-á tão bem, tão plenamente satisfeita(o), que conseguirá vivenciar as suas emoções de uma forma muito mais equilibrada. Também conseguirá escolher o que é melhor para si, tomando as decisões mais sensatas.

Ao sentir-se bem, também se alimentará bem e com alimentos que lhe deem pra-zer, melhorará a sua imagem e sentir-se-á com muito mais energia e boa disposição.

O desejo é uma árvore com folhas; a esperança, uma árvore com fl ores; o prazer, uma árvore com frutos.

Guilherme Massien

Algumas definições de prazer

Um fumador é como alguém que calça sapatos apertados só pela satisfação de os descalçar.

Allen Carr

De acordo com os vários dicionários, prazer é sinónimo de alegria, satisfação, deleite, divertimento, jovialidade, contentamento e volúpia.

O prazer é sentido no corpo e temporalmente limitado, sendo constituído por uma panóplia de sensações, vivências e emoções. É sempre positivo e mobiliza as nos-sas emoções, afetos, pensamentos, imaginação e raciocínio.

Necessitamos de usufruir de momentos de prazer para que nos sintamos bem connosco, e também para que nos mantenhamos bem com o mundo. Alguns senti-mentos, como a intolerância, a agressividade e a ansiedade, podem estar associados a um estilo de vida desequilibrado, que não contempla a existência de momentos de

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SOBRE O PRAZER

prazer vividos assiduamente. É essencial, para que nos conservemos psicologica-mente equilibrados, que reservemos no nosso dia a dia algum tempo para desfrutar-mos do que nos dá prazer e nos descontrai.

O nosso organismo produz naturalmente endorfi nas (moléculas associadas a sen-sações de prazer e bem-estar). A produção de endorfi nas, em menor ou maior quanti-dade, está associada à composição da nossa alimentação e à nossa atividade física.

O prazer desperta e estimula os nossos sentidos, ajudando-nos a cumprir de-terminados processos estabelecidos pela natureza. Um recém-nascido mama com prazer, sentindo o sabor doce do morno leite materno, o aconchego do colo quenti-nho, inalando o «cheirinho» do corpo materno, escutando o som calmante dos bati-mentos cardíacos da mãe e estabelecendo, com esta, um prazeroso contacto visual, contribuindo para estreitar o vínculo afetivo entre ambos. O prazer ajuda a que o recém-nascido se alimente bem e cresça robusto e saudável.

O prazer também desempenha um papel vital na perpetuação da vida. Os ma-chos das várias espécies atingem o orgasmo mais rapidamente para assegurar a continuação das espécies. Se a fêmea atingisse o orgasmo com demasiada rapidez, poderia cessar o ato, não dando oportunidade ao macho de ejacular e impedindo o nascimento de novas crias.

O prazer ajudou a evitar mortes por envenenamento, pois em caso de dúvida, ao provarem um alimento que desconheciam, se o seu sabor fosse adocicado, era interpretado como «um certifi cado de garantia» de que era bom para comer.

O prazer e a dor foram sempre um precioso contributo para que agíssemos de for-ma correta, ajudando-nos a sobreviver ao longo dos tempos. O prazer incentiva-nos a determinadas escolhas, atitudes e comportamentos, enquanto a dor tem precisamente o efeito contrário, ajudando-nos a evitá-los. A natureza é fantástica, sábia e soberana!

O prazer é extremamente positivo, sendo necessário para o nosso bem-estar. O prazer aviva-nos os sentidos (o tato, a visão, o olfato, o paladar e a audição), fa-zendo-nos sentir mais vivos e sensíveis a tudo o que nos rodeia. Antes de provarmos uma deliciosa iguaria, sentimos-lhe o aroma, deleitamo-nos com o seu aspeto (os olhos também comem), já pressentindo todo o prazer que vamos sentir, e só depois experimentamos o seu sabor e textura, atingindo um pico máximo de prazer.

O prazer deve ser bem saboreado, com sensatez e moderação, pois, se for exces-sivo e descontrolado, poderá ser inebriantemente viciante, transformando-se numa pesada «cruz». Como diziam os antigos, «tudo o que é de mais, é moléstia». Lembre--se de que a gula é um «pecado mortal», sendo um atentado para a sua saúde.

A gulodice é uma preferência apaixonada, racional e habitual pelos alimentos que lisonjeiam o paladar. A gulodice é inimiga do excesso.

Brillat-Savarin

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O prazer associado aos alimentos

Beber a grandes tragos, extingue a sede; beber em pequenos goles, prolonga o prazer da bebida. Assim é também com relação ao prazer do amor.

E com tudo o mais na vida.

Provérbio italiano

As preferências alimentares são muito variadas de pessoa para pessoa. Os ali-mentos que para alguns são deliciosos, para outros poderão ser intragáveis.

No entanto, existem alguns alimentos que são dignos da preferência da maioria das pessoas. Estou a falar de alimentos que põem os olhos a brilhar, durante as con-sultas, a um grande número de pessoas, quando me falam deles.

Dos alimentos que são eleitos, quase por unanimidade, como alimentos que proporcionam prazer na sua degustação destacam-se os seguintes:

Chocolate. Café. Queijos. Pão. Ovos. Atum. Frango. Gambas. Peixe grelhado. Batatas fritas. Massas. Arroz. Fruta. Hambúrgueres. Pizas. Enchidos. Bolos. Maionese. Azeitonas. Frutos oleaginosos (nozes, pistácios, cajus, avelãs…). Saladas. Vinho tinto.

O chocolate é um dos alimentos preferidos da maioria das pessoas (onde eu me incluo desde muito pequenina), sendo conhecido como «o alimento dos deuses».

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SOBRE O PRAZER

É frequente algumas pessoas ingerirem chocolate em maior quantidade quando se encontram em situações de stresse. Esta vontade pode ser explicada pela sen-sação de prazer que proporciona, bem como pela associação a recompensa e bem--estar.

O chocolate, quando surgiu na Europa no século XVI, era considerado pela Igreja Católica um alimento quase pecaminoso, devido ao prazer experimentado durante a sua degustação. Alguns papas chegaram mesmo a proibir o seu consumo durante a Quaresma.

Quem gosta realmente de chocolate, prefere o chocolate preto (com mais de 70% de cacau), pois ao comermos apenas uma pequena quantidade fi camos satisfeitos, experimentando uma satisfação real e duradoura, desfrutando de um maior prazer na sua degustação. Consumido com moderação, apresenta estimáveis benefícios para a nossa saúde e bem-estar.

O verdadeiro chocolate (chocolate preto com mais de 70% de cacau) contém fós-foro, magnésio, teobromina e feniletilamina. Estes nutrientes ajudam-nos em situa-ções de maior stresse, cansaço físico e mental, e quando nos encontramos tristes ou desanimados. Basta um quadrado para ajudar a sentirmo-nos melhor, mais satisfeitos e bem-humorados. A principal responsável por esta sensação de bem-estar quase imediato é a feniletilamina, que pertence ao grupo das endorfi nas (moléculas que nos proporcionam prazer e bem-estar), atuando como um antidepressivo ligeiro.

Os nossos gostos alimentares, para além de estarem intimamente ligados com os nossos sentidos físicos, também estão associados a sentimentos e a vivências, mais ou menos positivos.

Tenho muitas pessoas na consulta de nutrição (especialmente mulheres) que, em períodos de maior ansiedade e stresse, ingerem grandes quantidades de ali-mentos que lhes recordam os tempos de infância. Ao saborearem estes alimentos, evocam sentimentos e vivências de uma boa fase das suas vidas, sentindo-se mais tranquilas e protegidas. Quase como se, ao ingerirem estes alimentos (normalmente em quantidade exagerada), todos os seus problemas atuais se apagassem momen-taneamente. Durante breves minutos, voltam a sentir-se livres de preocupações e responsabilidades, como se estivessem protegidas de tudo e de todos. É o regresso mental à casa da infância, onde os pais tudo providenciavam para que nada lhes faltasse ou as apoquentasse.

Os alimentos que se podem comer sem recorrer ao uso de talheres também são os eleitos de muitas pessoas. Ao pegarem nos alimentos com as mãos, de for-ma informal e descontraída, sentem-se bem e relaxadas. Sentem também o prazer através do tato. Provavelmente, o prazer experimentado ao «comer com as mãos» está associado à descoberta dos alimentos sólidos, nos primeiros anos de vida. Nesta fase de desenvolvimento, a criança gosta de pôr as mãos no prato e

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levá-los à boca, descobrindo sabores, formas e texturas diferentes. Há um mundo inteiro para descobrir, proporcionando-lhe novas sensações de prazer.

Os «doces» são habitualmente do agrado da grande maioria, sendo ingeridos com bastante prazer. Esta sensação de prazer, experimentada quando se degusta um «doce», está associada ao sabor que mais experimentámos desde os nossos primei-ros tempos de vida. Ainda no útero das nossas mães, e já sentíamos o sabor doce, através do líquido amniótico ingerido, o qual possui um sabor adocicado. Existem experiências efetuadas com grávidas onde as futuras mães receberam soro glico-sado por via intravenosa, tendo-se comprovado na ecografi a que o feto apresentava um comportamento tranquilo, manifestando uma expressão facial de prazer.

A comida desperta-nos os sentidos, conduzindo-nos a um momento de prazer. Gostamos de sentir o aroma no ar – quem não se deliciou já com o «cheirinho» a croissãs quentes e acabados de fazer? Agrada-nos escutar o crepitar das brasas do churrasco ou sentir os «leves estalidos» ao trincar um alimento crocante. Tam-bém apreciamos a forma dos alimentos, a sua cor, brilho, consistência, suculência e textura.

As frases célebres acerca dos alimentos, como a tão comum expressão «também comemos com os olhos», «crescer água na boca», «barriga vazia não tem alegria», «o que é doce nunca amargou», «não há prazer onde não há comer», «ter mais olhos que barriga», «ter cara de quem comeu e não gostou», «comamos e bebamos e nunca mais ralhamos», espelham alguns dos sentidos envolvidos na experiência do prazer experimentado através dos alimentos.

A importância de comer com prazer

A saúde e o prazer são para o homem o que o sol e o ar são para as plantas.

Jean-Baptiste Massillon

Quem não sentiu prazer ao ler as descrições de opíparos manjares num livro? Por exemplo, em Os Maias, de Eça de Queirós, as descrições minuciosas da com-posição e do requinte envolvido na composição dos banquetes daquela época re-vigoram o apetite de qualquer pessoa. As papilas gustativas deleitam-se com tanta variedade e sumptuosidade de iguarias alimentares, aumentando signifi cativamente o prazer experimentado durante a sua leitura.

Em vários estudos científi cos, demonstrou-se que os neurónios cerebrais ati-vados pelo prazer de comer e durante uma relação sexual são os mesmos. Não admira que comer e «fazer amor» sejam dos atos em que o ser humano experi-menta maior prazer, constituindo mais um motivo, sobejamente relevante, para

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SOBRE O PRAZER

que nos alimentemos com muito prazer, mesmo quando pretendemos emagrecer. O prazer de comer é vital para que nos mantenhamos bem, felizes e equilibrados.

Brillat-Savarin, o melhor de todos os gastrónomos já existentes, na sua obra A Fisiologia do Gosto, publicada em 1825, abordou de forma muito sábia os pra ze res da boa comida, elevando os prazeres da mesa a uma forma de arte.

Brillat-Savarin soube especifi car as principais razões da intensidade de prazer experimentado durante o ato de comer. Destas razões destacam-se as seguintes:

Podemos usufruí-lo em circunstâncias e em lugares muito diferentes. É usufruído por pessoas de todas as idades, de todas as classes sociais, raças, etnias e credos, e em qualquer parte do mundo. É um prazer que continua a ser sempre desejado ao longo da vida, e várias vezes por dia. Nunca nos cansamos da sensação de prazer que nos proporciona. Sentimos prazer ao recordar, ou imaginar, determinados alimentos ou petiscos. Sabemos que o ato de comer é fundamental para a nossa sobrevivência e saúde. O prazer de ingerirmos um alimento que nos dê prazer pode ser experimentado em boa companhia ou a sós. Através do estímulo de prazer sentido com a alimentação, prolongamos a nossa existência, bem como a dos entes queridos para quem preparamos refeições. Ao prepararmos refeições para a família e amigos, proporcionamos, para além de nutrientes, prazer e bem-estar. O prazer universal da boa mesa distingue os humanos dos animais. O prazer da gastronomia revigora-nos todos os sentidos, dando-nos força e vigor. A boa comida apazigua-nos a alma, ajudando a fomentar a paz dentro das casas e entre os povos.

O prazer de comer é fundamental, pois é uma fonte de deleite e bem-estar, pelo que só se consegue emagrecer e manter o peso pretendido comendo com prazer. A dieta do prazer ajuda-a(o) a recuperar a sua silhueta, e a saúde, não lhe negando o prazer de comer, o qual é vital para todos nós.

A descoberta de uma nova receita faz mais pela felicidade do género humano do que a descoberta de uma estrela.

Brillat-Savarin

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