A Diaspora dos Falantes de Iorubá-1650-1865

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    A Dispora dos Falantes de Iorub,

    1650-1865: Dimenses e Implicaes

    David Eltis

    O estudo da escravido e, de uma forma mais abrangente, do repo-voamento das Amricas, tem sido moldado por acadmicos preparados

    para se ocuparem tanto com dados de arquivos quanto com textos. Noque uma disposio para lidar com dados numricos gere explicaes paraas questes mais fundamentais que preocupam os historiadores, mas taldisposio ajuda-nos a selecionar as questes mais relevantes para seremobjetos de estudo. Embora grande parte do tpico etnicidade no se pres-te anlise quantitativa, o bom senso sugere que qualquer avaliao doprocesso de, por exemplo, crioulizao, exige um certo nmero de infor-maes bsicas, como a quantidade de imigrantes, sua procedncia e a

    durao do movimento de imigrao.De forma semelhante ao que ocorreu com tantos grupos migrantes,

    os iorubs no existiram inicialmente como um povo coeso com cons-cincia de si mesmos. O surgimento do termo iorub, ou termos freqen-temente associados a ele, como Lucumi em espanhol, e Nag em por-tugus, no sentido de auto-identificao, pode no ter ocorrido at que adispora dos iorubs estivesse bem avanada talvez at bem tarde nosculo dezenove. Nenhuma unidade poltica nica jamais abrangeu os fa-lantes de iorub e sua exportao para o atlntico jamais esteve concentra-da em um nico porto de embarque escravista na frica Ocidental. Tem-se afirmado que os iorubs somente se identificaram como tal comoresultado de suas experincias no Novo Mundo1, embora parea mais pro-vvel que a identificao com o termo tenha se desenvolvido em ambos oslados do Atlntico ao mesmo tempo, em resposta a presses semelhantes.

    A queda de Oi no Velho Mundo desencadeou fugas e migraes em

    grande escala e isso resultou na aproximao, em novos ambientes, defragmentos de muitos grupos distintos de falantes de iorub, aproximaoessa que incluiu muitos no-falantes. Esse rompimento no Velho Mundo

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    deve ter reproduzido bem de perto as condies criadas no Novo Mundopelo trfico de escravos. Circunstncias como essas tendem a acelerar aconstante renovao da formao identitria, que uma caracterstica detodas as culturas. A resposta inicial ao trauma social da migrao foi pro-vavelmente a procura de grupos semelhantes, bem como uma redefiniode identidade social, com base nos elementos partilhados entre eles,especialmente a lngua ou a religio. A analogia mais bem documentadaest talvez na Europa, ao invs da frica, no que se refere situao deemigrantes de fala alem do sculo dezoito, tanto para as Amricas quanto

    para a Europa Oriental. Sem unidade poltica em sua terra natal, os mi-grantes no se consideravam alemes, mas sim habitantes da regio doReno, ou suos, ou ainda prussianos. A emigrao reformulou radical-mente as percepes do grupo sobre si mesmo e seus descendentes, masno a ponto de se identificarem como cidados britnicos, americanos ourussos. No incio, a migrao os fez alemes, tanto aos seus prprios olhos,quanto aos dos outros.2

    Os iorubs tm uma visibilidade to acentuada no movimento fora-

    do dos povos da frica para as Amricas que surpreende o fato de quemuito pouco tenha sido realizado no sentido de se efetuar um levanta-mento adequado de dados numricos pertinentes. Se essa a situaoreferente a um grupo to bem conhecido, a situao de outros gruposcertamente no pode ser melhor . No mnimo, a literatura sobre a disporaafricana se debrua mais sobre suas origens geogrficas, nas regies costei-ras, do que sobre a forma como aqueles surpreendidos pelo trfico escra-vagista se identificavam. Nosso conhecimento, neste momento, muitolimitado a amplas tendncias geogrficas. Em relao Baa de Benin, odesvio para o leste do fluxo dos africanos que foram entregues ao trficointernacional de escravos bem conhecido, mas a abrangncia e o ritmodessa mudana permanecem desconhecidos. Porque os iorubs moravamno leste, pressupe-se que eles se viram gradativamente afetados pelo tr-fico. Os africanistas comearam a fazer estimativas sistemticas prelimina-res da posio das naes africanas na migrao forada, mas essas estima-

    tivas esto aqum do que foi obtido em relao aos imigrantes europeusque partiram voluntariamente da Europa. Gostaria de tentar fazer aquiuma estimativa mais sistemtica do envolvimento dos iorubs, bem como

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    explorar as implicaes dessas descobertas para iluminar questes maisamplas do repovoamento das Amricas.

    A avaliao de tal processo exige, de fato, uma noo da dimenso edireo dos movimentos dos povos. Como David Richardson, StephenBehrendt e eu mesmo explicamos, em mais detalhe, em outras pesquisas epublicaes, o mtodo bsico de estimar as partidas dos escravos para acosta da frica utilizar estimativas qinqenais (ou de perodos maioresquando os dados qinqenais no estiverem disponveis) da participaonacional do trfico e distribu-los pelas oito regies costeiras da frica, de

    acordo com o registro de atividade escravagista em The Translatlantic SlaveTrade: A Database on CD-ROM, contendo mais de 27.0003 viagens. Al-guns falantes de iorub partiram da frica por portos da Baa Ocidentalde Biafra, como Rio Brass e Bonny, mas a grande maioria embarcou emportos localizados na Baa de Benin. A Baa de Benin considerada aquicomo abrangendo desde a costa do Rio Volta at o Rio Nun.4 O trfico deescravos nas costas da frica Ocidental e Centro-Ocidental foi sempredominado por poucos pontos de embarque. Com exceo da Costa

    Windward, o trfico de escravos no se formou a partir de um comrciocosteiro extensivo realizado por navios negreiros antes de partirem para as

    Amricas [N. do T: viagem conhecida, em ingls, como middle passage, jque era a segunda fase de uma viagem de trs partes: Europa-frica, frica-

    Amricas e Amricas-Europa.] Desde o incio, tanto os navios quanto oscomerciantes africanos parecem ter concentrado as suas atividades voltade uns poucos portos de cada regio, embora a identificao desses portostenha aos poucos mudado com o passar do tempo. O Congo, o VelhoCalabar, Ajud e o Rio Gmbia parecem ter dominado suas respectivas re-gies desde o incio. O trfico se expandiu pela adio de novos portos, oupor meio da substituio dos portos antigos.

    Os padres do comrcio dentro da frica esto muito menos bemdocumentados do que outras atividades de transporte martimo, emboratodos os indcios sugiram que, em geral, os escravos viessem para a costapela rota mais direta. Nas terras interioranas da Costa do Ouro (Gold

    Coast), bem como nas Baas de Benin e de Biafra, era pouco comumhaver comrcio de grande escala do leste para o oeste. Era tambmincomum haver um movimento de escravos destinados aos mercados do

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    Atlntico, especialmente cruzando fronteiras tnicas importantes, pelomenos na ausncia de uma rota fluvial conveniente, como o Alto Nger.

    As rotas de comrcio dentro da frica se mostraram flexveis e adaptveis,por razes de guerras e mudanas polticas; mas razovel procurar gru-pos lingsticos importantes partindo dos portos mais prximos ao pontoonde eles foram capturados e destinados ao trfico transatlntico.

    Isso ilustrado por uma notvel srie de documentos nos registros daCorte Anglo-Espanhola da Comisso Mista que se reuniu em Havana,entre 1821 e 1845. Assim como outras Cortes situadas em volta das bacias

    atlnticas, a Corte abjudicava navios negreiros capturados por signatrios(entre os quais, sempre a Gr-Bretanha) de tratados bilaterais. Na fasefinal de sua vigncia, os tratados autorizavam as cortes a condenarem edestrurem as embarcaes de escravos e seus contedos, alm de formal-mente libertar quaisquer escravos encontrados a bordo. Por insistnciados britnicos, havia grande cuidado em identificar tais escravos liberta-dos, porque eles deveriam ser soltos em sociedades onde a pele negra eracondio suficiente para escravizar (ou reescravizar) um homem. Para as-

    segurar uma base permanente de identificao de escravos libertados, cadacorte mantinha duas cpias de um registro de indivduos libertados, umdos quais era enviado a Londres.5 Da mesma forma que os registros man-tidos nas cortes de comisso mistas de Serra Leoa (a maioria deles aindaexistentes), os registros continham o nome, idade e o lugar de moradia decada africano includo na jurisdio da corte. A corte adicionava a altura eo sexo da pessoa, uma descrio do mais bvio sinal fsico e, logicamente,o nome da embarcao que carregava os escravos recapturados da frica.6

    Em mais do que noventa e nove por cento dos casos, o nome constante dolivro de registros claramente africano e se constitui em uma das poucasfontes pr-coloniais existentes de nomes africanos.7 Toda a informaoparece ter sido mediada por intrpretes africanos da mesma parte da costaem que a embarcao apreendida havia embarcado os escravos, cuja iden-tidade era adicionada ao livro de registros. Ao contrrio do caso de SerraLeoa, onde a prtica de registrar o lugar de moradia foi interrompida aps

    alguns anos, a coluna pas foi preenchida durante todo o perodo emque funcionou a corte. Os livros de registro contm o nome africano e opas de 10.390 pessoas e esses dois dados do uma base para identificar a

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    regio de origem de cada pessoa recapturada, sem a necessidade de adotaras problemticas idenficaes de etnicidade, inspiradas nos europeus, quedificultaram as tentativas de determinar as terras de origem dos africanosnas Amricas.8Alm disso, a informao nos livros de registro podem sercomparadas com o que se sabe sobre o porto de embarque africano decada uma das 41 embarcaes que a corte adjucou. Cada uma dessas em-barcaes pode ser encontrada na base de dados publicada recentementesobre o comrcio de escravos transatlntico e, em todos os casos, o ponto deorigem da costa africana dos navios negreiros claro.9

    A tabela 1 mostra uma relao preliminar das designaes tnicasque a corte deu aos 3.663 homens, mulheres e crianas da Baa de Beninnesses anos. Para os espanhis nessa poca, parece que o termo Lucumino era sinnimo de iorub, apesar de alguns estudiosos acharem que sim.

    As extenses do termo Lucumi na tabela indicam que os cubanos apli-cavam essa designao geral a muitos no iorubs. Alm disso, alguns afri-canos libertados que saram de portos fora da Baa de Benin, embora ad-

    jacentes mesma, so tambm descritos como Lucumi, enquanto que

    outros, partindo dos portos situados mais a leste na Baa de Benin, eramidentificados como Carabali. Dessa forma, os cubanos no utilizavam otermo Lucumi nem para caracterizar algum que era forado a embarcarna viagem da frica para as Amricas de um porto na Baa de Benin, nemalgum que se identificasse a si mesmo, ou a si mesma, como iorub. Amelhor definio de termos abrangentes regionais como Lucumi, Carabali,bem como Congo e Ganga, recorrentes nos registros da Corte, umadefinio geogrfica. Lucumis so aqueles que vivem na regio interioranacorrespondente Baa de Benin; Carabalis so seus semelhantes que vi-vem atrs dos principais portos da Baa de Biafra; e Congos so aqueles da

    frica Central Atlntica, enquanto que os Gangas habitam uma amplaregio interiorana da Alta Guin.

    Designaes to amplas claramente no so muito teis para pesqui-sadores modernos interessados nas naes ou etnicidades daqueles fora-dos a passar pelamiddle passage, mas a tabela 1 tambm mostra que a

    maioria dessas designaes era qualificada por uma extenso que era mui-to mais especfica e que, para a maioria dos escravos, pode estar ligada anaes conhecidas dos pesquisadores modernos. Identificaes experimen-

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    tais desses termos sugerem que 62.5 por cento, ou a maioria absolutadaqueles que partiam da Baa de Benin, se viam como iorubs. Aquelespases que no podem ser identificados eram em pequeno nmero.10 Comono parece haver nenhuma razo especfica pela qual a marinha britnicatenha prendido mais escravos de uma etnia do que de outra,11 no htendncia na amostragem que aparece na tabela 1 e as propores de no-mes de pases nela indicadas poderiam ser consideradas referentes aos anosde 1826-39 como um todo. A aplicao das propores para o volume demigrao forada partindo da Baa de Benin, nesses mesmos anos, nos

    leva a uma estimativa da partida de escravos iorubs durante esse perodode quatorze anos de 101.750, ou 7.200 por ano.12

    Para a poca anterior a 1826, torna-se necessria uma aproximaodiferente que leva em considerao as amplas tendncias histricas dentroda frica, alm de dados detalhados das partidas de portos especficos.Um passo preliminar na anlise o estabelecimento da proposio j feitade que migrantes forados de uma nao africana especfica teriam a ten-dncia de partir do porto mais prximo de onde a nao estava localizada.

    A Tabela 2 mostra os dados espanhis sobre etnicidade, distribudos porportos, dentro da Baa de Benin, onde indivduos embarcaram se dizendopertencentes quela nao. Os quadros correspondem, de uma forma ge-ral, regio ocidental da costa Popo, a regio central do litoral, Ajud ea regio oriental (Badagri e Lagos). Como era de se esperar, a proporode iorubs embarcados aumentou, medida que examinamos os portosdo oeste para o leste. No leste, a maioria absoluta dos africanos recapturadosse auto-intitulava iorub. No h razo para se crer que esse padro noestivesse j estabelecido bem antes da segunda dcada de 1800. Na ausn-cia de qualquer impedimento duradouro, de natureza poltica ou militar,para o embarque de escravos em Lagos ou Badagri, razovel pressuporque os falantes de iorub teriam formado, na melhor das hipteses, umaminoria entre aqueles levados a bordo nos portos ocidentais no perodoanterior. Dito de uma outra forma, se grandes nmeros de falantes deiorub tivessem sido enviados s Amricas antes, digamos, da queda do

    Imprio Oi, na ltima parte do sculo dezoito, esperar-se-ia que Lagos eBadagri emergissem como os grandes condutores desse movimento. Paraos proprietrios de escravos na frica e nas Amricas, bem como durante

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    umamiddle passagecheia de revoltas, escravos adultos homens, conquan-to valiosos, eram potencialmente problemticos e caros quando em trn-sito. Uma rota direta entre a primeira venda ou priso e o local de embar-que era essencial para manter os ganhos. A maioria das narrativas dosescravos que indicam uma rota lenta e sinuosa para a costa baseada nasexperincia das crianas, mais fceis de controlar. O passo seguinte paraestabelecer uma estimativa da presena de falantes de iorub na era pr-1820 distribuir as partidas dos escravos da Baa de Benin em um deter-minado perodo de tempo. Felizmente, tanto a data das partidas dos es-

    cravos, como os padres da histria pr-colonial da Costa dos Escravos essencialmente a Baa de Benin so os mais bem documentados de todasas regies que contriburam com grandes nmeros de escravos para as

    Amricas. A Tabela 3 mostra a distribuio por portos, estimada direta-mente de uma verso atualizada da base de dados do CD-ROM. Ela mos-tra, primeiramente, uma grande preponderncia de portos ocidentais ecentrais da Costa dos Escravos no envio de cativos para as Amricas nosculo dezessete e na primeira parte do sculo dezoito. Acima de tudo,

    claro, a tabela mostra a extraordinria primazia de Ajud no primeiro quartodo sculo dezoito, pouco antes da conquista de Dahom. Esta primaziano se deu somente na Baa de Benin, mas provavelmente ocorreu emtoda a costa da frica onde, por um tempo, Ajud deteve o mais altonmero de embarques para um nico porto. No perodo imediatamenteposterior conquista, os portos imediatamente a leste de Ajud primei-ramente Epe e depois Badagri foram includos no trfico, mas Popo, nooeste, tambm o foi, embora antes dessa poca certamente houve trficode escravos da costa, desses portos para Ajud. Partidas diretas de escravosde Epe comearam por volta de 1737, mas na segunda e terceira quartaspartes do sculo dezoito essa mudana inicial em direo ao leste, afastan-do-se de Ajud, foi modesta, servindo para preencher o vazio deixado peladestruio que Dahom impingiu a Jaquim em 1732, ao invs de substi-tuir Ajud. Epe e Badagri, juntos, embarcaram menos de um tero donmero de escravos que saram de Ajud entre 1726 e 1750, enquanto

    que as partidas de Popo alcanaram to-somente um quinto das de Ajud.A tabela 4 mostra estimativas qinqenais das partidas de escravospara o perodo crtico de transio, 1751-1800, durante o qual Porto Novo

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    ultrapassou Ajud como o porto escravagista mais importante. A caracte-rstica principal dessa metade de sculo foi a luta entre Dahom e os por-tos orientais por escravos originrios do interior e do leste de Dahom,em verdade to a leste quanto Benin. Epe foi, no comeo, o porto orientalmais importante. Como Badagri, o comrcio era mais freqente com osfranceses e era suscetvel diminuio das partidas de escravos em funodas guerras europias. Benin foi menos afetada pelas guerras no Atlnticopor servir, de uma maneira geral, aos vitoriosos ingleses, esporadicamentea partir da segunda dcada de 1700, e regularmente a partir de 1755,

    embora muitos desses prisioneiros no viessem de Benin propriamente,dita, mas sim de outras regies administrativas onde predominavam osfalantes de Edo e de Itsekiri.13 Por quinze anos depois de 1755, Benin foio mais importante ponto de partida da parte oriental da Baa de Benin.Isso no indica necessariamente um aumento no comrcio de escravos, jque alguns desses cativos, sem dvida, teriam sado, em um perodo ante-rior, via Ajud, Epe ou Badagri. Alm disso, mesmo sem escravos de Benin(e menos ainda de Oi), Ajud ainda enviava entre duas e trs vezes mais

    escravos para as Amricas naqueles anos do que Benin. Badagri ultrapas-sou Benin por um breve perodo, depois de 1770, como um ponto decontato direto com os europeus, talvez ajudado por menos impostos al-fandegrios para comerciantes, tanto africanos como europeus. No entan-to, a instabilidade poltica no sistema distrital de Badagri logo interferiuno comrcio e, quando Oi retirou sua proteo de Badagri, Dahomformou uma aliana com outros portos orientais e lanou uma srie deataques que culminaram com a destruio tanto de Epe quanto deBadagri.14 Mas Porto Novo, e no Dahom, surgiu como o principalbeneficirio dessa aliana, enviando mais escravos do que qualquer outroporto da Costa dos Escravos no ltimo quarto do sculo dezoito. sur-preendente como as estimativas qinqenais das partidas de escravos es-to de acordo com o que se sabe da atividade poltica e militar desse pero-do derivadas tanto de tradies orais africanas como de relatos europeus.

    A dominao de Porto Novo no durou muito. As partidas de Lagos au-

    mentaram de quatro a cinco vezes entre o ltimo quarto do sculo dezoitoe o primeiro quarto do sculo dezenove. Havia poucos sinais, no final dosculo dezoito, de que o papel de Lagos viesse a se tornar preponderante

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    nos embarques da Costa dos Escravos do sculo dezenove.15 Cerca de milescravos por ano partiam, por volta de 1790, e comerciantes de escravosbritnicos quase duplicaram essa mdia anual nos poucos anos que ante-cederam a 1807. Mas a maior responsvel pela quadruplicao das parti-das anuais, entre 1801 e 1825, foram as atividades dos comerciantes deescravos portugueses, principalmente levando escravos para a Bahia. Otamanho da amostragem em que se baseiam as estimativas para 1801-1825, na Tabela 3, pequeno, pelos padres usuais do conjunto de dados,embora adequado (o porto exato de embarque s conhecido para um

    quinto dos escravos que se estimou terem sado), e possvel que a estima-tiva para Lagos seja alta demais; mas o aumento das partidas de escravosno comeo do sculo dezenove deve ter sido substancial. medida que ocomrcio transatlntico de escravos se aproximou do fim, Lagos e Ajudenviaram, juntos, noventa por cento de todas as pessoas que faziam partedo comrcio escravagista transatlntico da Costa dos Escravos, com Lagossendo responsvel por sessenta por cento, antes do ataque britnico e aconseqente ocupao da ilha, em 1851, dezesseis anos antes que o resto

    do trfico escravagista transatlntico tivesse terminado. Sua sbita retira-da do trfico, como resultado do ataque britnico, restabeleceu Ajud aseu velho papel de principal em verdade, por vezes nico porto deembarque da Costa dos Escravos.

    A primazia tardia de Lagos no trfico escravagista foi causada emparte pela poltica e em parte por sua localizao. Como no sculo prece-dente, Ajud era um mercado menos atraente para comerciantes escrava-gistas de fora de Dahom do que Lagos e Porto Novo. A evoluo dacomunidade mercantil escravagista de Dahom, autnoma em relao autoridade real, est agora afirmada. Um nmero menor de exportadosfoi preso pelas foras de Dahom, ou escravizados dentro de Dahom naquarta dcada de 1800 do que um sculo antes. Mesmo assim, o controledo estado permaneceu e as cidades-estado do leste no somente compra-vam todos os escravos postos venda, mas tambm davam oportunidadeaos estrangeiros para comercializarem por sua prpria conta. Muitos re-

    presentantes de firmas baseadas no Brasil, originrios da comunidade afro-portuguesa, continuaram a fazer negcios em Lagos.16 Este tambm eramais prximo da maior fonte de escravos do que quaisquer outros portos

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    da poca, j que a queda do Imprio Oi provavelmente gerou a maiorparte dos escravos que embarcaram para as Amricas provenientes da Costados Escravos depois de 1825. Alm disso, Lagos tambm era mais suscet-vel a um ataque direto do mar do que qualquer outro grande porto. Osistema de lagoas fazia com que os escravos pudessem ser levados rapida-mente a pontos de embarque que estavam fora do conhecimento dos bar-cos patrulheiros, o que foi uma das razes pelas quais o trfico de escravosdurou mais tempo aqui do que em qualquer outro lugar. Mas, em fortecontraste com Ajud e Porto Novo, as embarcaes podiam bombardear

    as instalaes que serviam ao trfico de escravos em Lagos, bem comomanter uma ocupao com menos custos do que seriam necessrios parauma operao semelhante contra quase qualquer outro grande centro dedeportao de escravos da costa oeste da frica. Foram necessrios doisataques britnicos antes que Lagos fosse ocupado, mas a ocupao foipossvel e ps fim ao trfico imediatamente.

    O terceiro passo na atribuio de uma estimativa das partidas de fa-lantes de iorub a ligao de portos especficos com as naes africa-

    nas. No temos nada parecido com os dados disponveis aos espanhispara calcular os nmeros de iorubs antes da segunda dcada de 1800. Emverdade, como j foi observado, pode ser que o que esteja sendo medidotenha a ver com falantes de iorub, ao invs de um grupo iorub conscien-te de si-prprio. Uma primeira soluo nos basearmos em uma discus-so anterior da relao entre o local das principais naes africanas e osportos de embarque. A Tabela 2 mostra os iorubs embarcando em portoslocalizados mais perto de sua terra natal. J que este parece ter sido umfenmeno universal dos povos do Velho Mundo que migravam para oNovo Mundo, quer os imigrantes fossem obrigados a embarcar ou o fizes-sem de forma voluntria, no seria interessante aplicarmos as razes deetnicidade dos portos, da Tabela 2, para toda a era pr-1820? Para fazerisso, cumpre primeiramente agrupar os pontos de embarque vistos na Ta-bela 3 s regies do oeste (Grande e Pequeno Popo), central (Ajud, Ofra,Epe, Porto Novo) e do leste (Badagri, Lagos, Benin). A porcentagem de

    escravos que eram iorub, mostrada na coluna 8 da tabela 2, atribuda aesses trs grupos para todo o perodo. Essas propores so usadas entopara converter as estimativas de partidas como um todo (tomando os n-

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    meros somados das exportaes dos portos que compem cada grupo databela 3) em estimativas referentes to-somente partida dos iorubs. Aestimativa resultante do tamanho da dispora dos falantes de iorub ,assim, uma funo de, em primeiro lugar, uma amostragem detalhada da

    etnicidade de um perodo de 14 anos no sculo dezenove e, em segundolugar, uma distribuio de partidas de escravos de agrupamentos de por-tos da Costa dos Escravos por perodos de 25 anos, entre 1651 e 1867.Este procedimento resulta em um total para a dispora de falantes deiorub, pelo perodo de 217 anos, de 1,67 milho.17

    Parecer maioria dos historiadores excessivamente mecnico deixara estimativa, nesta primeira avaliao, dependente, como est, de umadistribuio ocorrida no sculo dezenove. O que fontes qualitativas po-dem ajudar a esse respeito? A etnicidade dos escravos partindo da Baa deBenin menos bem conhecida do que as lutas militares e polticas entrecomunidades costeiras que levaram a exportao desses presos, e a visogeral da procedncia escravagista na Baa de Benin aqui proposta resume,

    antes de acrescentar alguma novidade, o que j sabido. Trs grandes fases

    podem ser percebidas nos dois sculos depois de 1650. A primeira vai atcerca de 1725, a segunda vai da conquista de Ajud ao surgimento deLagos como um porto dominante, por volta de 1800, e a terceira vai de1800 at o fim do trfico escravagista.

    Uma expanso extremamente rpida do comrcio escravagista ocor-reu no primeiro perodo, levando a nmeros jamais alcanados (ao menos

    em relao Baa de Benin) no perodo de 1701-1725. O trfico seafunilava por Ajud, Popo e Ofra, portos que, se no eram livres nosentido europeu atual, certamente atraam vendedores de escravos de oi-tenta milhas ou mais do interior. Escravos Lucumi (incluindo tanto escra-vos iorubs como no-iorubs) aparecem no comeo do sculo dezoitoem Cuba (um mercado bem menor para escravos neste perodo), mas no

    h indcios de um forte componente de fala iorub nesta primeira fase dotrfico. O Caribe Britnico foi o primeiro grande mercado para a Costados Escravos, entre 1670 e 1714, quando o trfico escravagista chegou ao

    seu pice na regio. As extensas fontes primrias sobre o comrcio britni-co para esses anos mencionam muitos povos africanos, mas no conheonenhuma que identifique escravos como iorubs, ou os povos que even-

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    tualmente se incluram nessa denominao. As referncias muito ocasio-nais a grupos chamados de Lucumi, nos registros das Amricas, bem comoas baixas porcentagens deste mesmo grupo entre os escravos da Costa dosEscravos, segundo os estudiosos da costa africana sugerem, indicam que

    eles constituam no mais do que doze por cento das partidas da Baa deBenin. Como nem todos os Lucumi eram falantes de iorub, a proporode iorubs teria sido menor.18

    Os acontecimentos no Dahom fizeram com que grande parte dosescravos sassem atravs da Baa de Benin naquela poca, mas a ausncia

    de iorubs sugere que a expanso militar de Dahom deu-se para o norte,em vez de para o leste, com a agitao poltica decorrente da queda doimprio Akwamu no oeste, assim como das atividades no oeste e em Oi,que resultaram em nmeros muito menores. A grande maioria dos escra-vos enviados para as Amricas devem ter sido Ewes, Adjas, Hueas ou Fons.19

    A segunda fase abrangeu o perodo de relativo declnio de Ajud, dofinal da dcada de 1720 at sua substituio por Lagos como o primeiro

    centro de exportao do Atlntico, no comeo do sculo dezenove. As

    aes do Dahom contra os rivais baseados em Lagos no negcio de ex-portao de escravos resultou em captura de mais cativos e mudou a sadado trfico dos escravos mais para o sul para mais perto da costa, enquan-to que a tentativa do Dahom de exercer um papel intermedirio e deconseguir escravos de fora do Dahom teria, comercialmente, em parte,

    compensado essa mudana do trfico para o sul. Os portos orientais quesurgiram nessa fase atraram escravos principalmente de falantes de iorubno leste, afetados pelas atividades de Oi, em vez de seu principal rival nooeste, Dahom. A maioria dos escravos Epe/Badagari se originou em Oi,no norte e leste longnquos, o que constituiu mudana no fluxo que ante-riormente passava por Ajud e que era composto, provavelmente, sobre-tudo por falantes de iorub.20 Mas Badagri e Lagos, juntos, eram respon-sveis por somente quinze por cento de todos os exportados da Baa deBenin na segunda metade do sculo dezoito. Poder-se-ia supor que hou-vesse uma mistura de falantes Ewe, Fon e Gbe, bem como povos iorub,

    com um fluxo menor de escravos prisioneiros originrios da regio etnica-mente diversa do delta do Nger, passando por Benin.

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    Na terceira fase das partidas dos escravos, o equilbrio entre falantesde iorub e prisioneiros Ewe-Fon-Gbe oscilou fortemente em direo aosprimeiros. Como observado, o papel intermedirio de Ajud aumentouno sculo dezenove, com mais escravos se originando fora das fronteiras

    do Dahom. Que esses escravos se originassem, em sua maioria, do nor-deste sugerido pelo fato de que, depois de 1810, mais da metade dosescravos sados da Costa dos Escravos para as Amricas aportou na Bahia.Tradies iorub e, em menor nmero, Hausa, mas no Ewe-Fon, domi-naram as comunidades de escravos do sculo dezenove na Bahia. Por ou-

    tro lado, no final do sculo dezoito em St. Domengue (colnia que tam-bm se abastecia de Ajud), os iorubs eram quase to numerosos como os

    Ewe-Fon. Tomando como base 221 inventrios de escravos na regio daBahia entre 1737 e 1841, Verger notou a quase total ausncia dos nago-iorubs at o comeo do sculo dezenove, e sua presena macia por volta de1830... os escravos originrios do Dahom estavam presentes desde o comeo...Depois de 1851 e do trmino do comrcio escravagista para o Brasil epara Lagos, Ajud parece, paradoxalmente, ter aumentado sua rea de cap-

    tura, pois escravos que iriam passar por Bonny eram agora embarcados naCosta dos Escravos, mas os nmeros nesses ltimos anos era de somente2.000 por ano em mdia, comparados a 11.000 no perodo de 1826-50.21

    Uma estimativa mnima de partidas de falantes de iorub obtida se

    dividirmos a totalidade do comrcio escravagista tendo por base o ano de1800. Antes deste ano, poderamos pressupor que somente dez por centode todos aqueles forados a sair da Baa de Benin eram iorubs, enquantoque em relao ao sculo dezenove poderamos aceitar os indcios de Ha-vana, reforados pelo julgamento de Verger baseado nos inventrios dasplantaes baianas, que atribui um macio crescimento nas chegadas dosiorubs depois de 1800, aps nveis bem baixos anteriores a este ano. Dez

    por cento dos totais anteriores a 1800, na ltima coluna da tabela 3, de147,6 mil, e a parte ps-1800 do total dos falantes de iorub estimadaanteriormente de 499,4 mil. A estimativa total de partidas dos iorubspara todo o perodo , assim, de 647.000 (ver nota 17).

    A diferena entre as estimativas mximas e mnimas, de 1,67 milhode iorubs contra 650 mil, demasiadamente grande, mas a discusso

    precedente e as novas estimativas das partidas de escravos da Baa de Benin

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    ao menos nos permitem concentrar no que precisamos saber e quais ou-tras conjecturas podem eventualmente ser admitidas. Resumindo, sabe-mos que relativamente poucos iorubs (ou aqueles que vieram mais tardea ser chamados de iorubs) partiram para as Amricas antes da conquista

    de Ajud provavelmente no mais do que dez por cento de todos os quepartiram da Baa de Benin. A estimativa superior est certamente equivo-cada em sua assuno de que quatro de cada cinco exportados de Ajud eOfra eram falantes de iorub antes de 1726. No outro extremo do espec-tro temos a amostragem de Havana, sugerindo que quase nove de dez dos

    que foram obrigados a embarcar na Baa de Benin depois de 1800 eramiorubs, no sentido amplo do termo. Entre 1725 e 1800 e, de fato, em

    qualquer perodo anterior a 1800, podemos afirmar que quase nenhumdos escravos que partiram dos portos do oeste da Baa de Benin eramfalantes de iorub. Pontos de embarque a leste, como Badagri e Lagos, poroutro lado, devem ter embarcado principalmente falantes de iorub, masentre 1726 e 1800 esses portos enviaram somente cerca de 93.000 escra-vos para o trfico ou pouco mais de mil por ano e nenhum antes de

    1726.22 A regio mais problemtica, e a principal razo da ampla diferen-a entre a maior e a menor estimativas so os portos centrais da Baa deBenin, especialmente Ajud, durante os ltimos setenta e cinco anos dosculo dezoito. No pode haver certeza, at agora, sobre como as quase600.000 pessoas que embarcaram nesses portos se identificavam.

    Ainda assim, algumas suposies adicionais, geralmente coerentes emrelao a tendncias apresentadas pela literatura, permitem a elaboraode uma terceira estimativa de partidas. Em relao aos portos centrais,parece razovel estimar que tenha havido um gradual, embora progressi-vamente mais rpido, aumento de exportados falantes de iorub, medi-da que o tempo se passava, entre 1720 e o comeo do sculo dezenove,

    com a maior parte desse aumento ocorrendo tardiamente no perodo,como resultado da desordem originada pelo declnio do Imprio Oi.

    Assim, pressupomos um aumento na exportao de iorubs (a partir de10% em 1700-1725) de 16 pontos precentuais em cada um dos seguintes

    peridos de 25 anos, indo para 26% no perodo de 1726-50, 42% noperodo de 1751-75 e para 58% no perodo de 1776-1800. Aps 1800,

    pressupomos um aumento mais substantivo (ocasionado pelo declnio de

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    Oi e em conformidade com os dados de Havana), para 81%. No quetange aos nmeros relativamente pequenos de escravos que deixaram osportos ocidentais antes de 1800, 5% de iorubs parece representar umaproporo razovel, enquanto que para os portos ocidentais a razo usadano primeiro conjunto de estimativas, de 98,9% de iorubs, se mantm.Essas concluses geraram as estimativas apresentadas na coluna 1 da tabela 5e constituem as sries mais aceitveis. Uma migrao total de falantes deiorub da ordem de 968.000 foi obtida, dois teros dos quais partiram paraas Amricas entre 1776 e 1850, com os picos ocorrendo entre 1826 e 1850.23

    A tabela 5 tambm mostra a distribuio estimada dos totais referen-tes a essas quartas partes de sculo, pelos destinos finais dos escravos nasAmricas. O mtodo usado para derivar essa srie descrito de formamais completa em outro lugar. Resumidamente, a base de dados transa-tlntica reformulada fornece o destino americano para 849.000 escravosque saram da Baa de Benin entre 1651 e 1865, de um total projetado depouco mais de dois milhes de partidas. Este nmero, alto, oferece a basepara que se possa fazer uma estimativa dos destinos que faltantes, embora

    os leitores devessem ter em mente que neste exato momento no tenta-mos separar destinos de iorub de destinos de no-iorub.24 Com umamdia de mortalidade na viagem da frica para as Amricas de cerca de13,4 por cento (baseada em 756 viagens originrias da Baa de Benin), osdados na tabela 5 no devem ser confundidos com chegadas. Talvez so-mente 831 mil sobreviventes tenham desembarcado nas Amricas e emSerra Leoa. desnecessrio enfatizar o carter aproximativo desse resulta-do. A proporo de falantes de iorub entre os exportados, no perodo de1726 a 1800, pode muito bem ter seguido uma curva mais dramtica doque aquela usada para fazer a tabela 5. H quase certeza de que essa pri-meira tentativa de reconstruir uma dispora para um grupo de lngua afri-cana (e eventualmente tambm para um grupo tnico) ser melhorada nofuturo, na medida em que mais informaes se tornem disponveis.

    A tabela mostra uma dispora muito disseminada. Os falantes deiorub perfazem menos de nove por cento dos africanos levados ao Novo

    Mundo, mas eles foram exportados para a maioria dos lugares das Amri-cas, de Chesapeake, no norte, at o Rio da Prata, no sul. Nenhum outrogrupo migrante europeu alcanou tantas partes das Amricas, ou aproxi-

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    mou-se, em nmeros, dos falantes de iorub nos cem anos anteriores a1850.25 Mesmo assim, apesar de toda essa abrangncia, bem mais do quedois teros dos iorubs deveriam ir para somente trs destinos S. Do-mingos, Cuba (respondendo por quase toda a coluna do Caribe Espanholna tabela 5) e para a Bahia. Um nmero surpreedentemente pequeno defalantes de iorub chegaram ao Caribe Britnico, exceto pelas pequenasantilhas Britnicas e Trinidad, no curto perodo de 1792-1807, entre operodo de guerra do fim do trfico francs e a abolio britnica da escra-vatura. Vinte mil embarcaram para a Jamaica na terceira quarta parte do

    sculo dezoito, mas tanto aqui como nas pequenas antilhas Britnicas eTrinidad eles totalizaram menos do que sete por cento de todos os africa-nos levados para essas ilhas nessa poca. bem provvel que os falantes deiorub no fossem o maior grupo africano levado para as Amricas napoca do comrcio escravagista, embora fossem a grande maioria dos po-vos a sarem da Baa de Benin, somente em uma regio especfica aBahia os povos iorub constituram dois quintos das chegadas de escra-vos compartivamente a todas as regies americanas que os receberam.26

    Como mostra a tabela 5, os falantes de iorub surgiram tardiamente nocomrcio escravagista. Geralmente participaram em nmeros bem altosno trfico somente na ocasio em que as fortes ligaes entre locais espe-cficos na frica e nas mericas, que ficaram claras no comeo do trfico,comearam a se desfazer. Cuba, em particular, tendo recebido mais doque 95 por cento de seus escravos depois de 1790, trouxe nmeros signi-ficativos de africanos das mais diversas partes da frica sub-saariana, excetoda Senegmbia e da costa ndica. Os falantes de iorub no podem tertotalizado mais do que 12 por cento das chegadas a Cuba e certamentetotalizaram menos do que 20 por cento dos que foram levados para S.Domingos. Na Bahia, ao contrrio, possvel que eles tenham chegado aquase quarenta por cento e constituram o maior grupo identitrio.27

    A discusso sobre os rumos assumidos pela dispora dos iorubs noleva em considerao as migraes secundrias que ocorreram quando ocomrcio escravagista terminou. O movimento de vrios milhares de

    iorubs que voltaram para suas terras natal provenientes de Serra Leoa, doBrasil e de Cuba agora bem conhecido.28 Enquanto os iorubs parecemter sido um povo que liderou os esforos de voltarem para a frica, essa

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    A DISPORADOS FALANTESDE IORUB, 1650-1865: DIMENSESE IMPLICAES 287

    repatriao provvel que no tenha sido muito grande, relativamente aofluxo migratrio de sada talvez no mais do que alguns milhares. Maisimportante, numericamente, foram as mudanas de uma parte da disporapara outra. Perto de 40.000 africanos foram levados paras o Caribe Brit-nico depois de 1834, principalmente para a Jamaica, Guiana Britnica eTrinidad, com provavelmente no mais do que um quinto desses consti-tudo por falantes de iorub. Eles vieram principalmente de Serra Leoa(onde escravos resgatados pela Marinha Inglesa tinham sido inicialmenteregistrados e depois realocados dentro da colnia), mas tambm de em-

    barcaes britnicas que os transportaram a partir de Sta. Helena, Rio deJaneiro e Cuba.29 A maior realocao dentro da dispora, ainda que me-nos mensurvel, ocorreu antes que a escravido tivesse acabado, quandoos donos de plantaes se mudaram com seus escravos ou os enviarampara outras partes das Amricas. O Caribe Francs, como vimos, recebeuo segundo maior contingente de escravos que falavam iorub das Amri-cas. Os plantadores franceses saram das Pequenas Antilhas Francesas(French Lesser Antilles) com seus escravos na ltima parte do sculo de-

    zoito para Trinidad, antes que essa se tivesse tornado britnica. Outrossaram de So Domengo para Louisiana e Cuba, tanto antes como depoisdo comeo da mais bem sucedida revolta de escravos da histria. Essamigrao, tanto secundria (ocorrida no interior das Amricas) como a deretorno para a frica, foi freqentemente dramtica, mas preciso aprend-la no contexto mais geral da dispora. Certamente bem menos do que dezpor cento daqueles mencionados na coluna 1 da tabela 5 se mudarampara regies completamente novas, quer no Velho, quer no Novo Mundo,aps sua migrao inicial forada. O retorno para a frica aponta para asaspiraes dos iorubs, mas no para a maioria deles, realidade.

    Finalmente, vale a pena notar que as lnguas, e mais amplamente asculturas, de alguns grupos parecem migrar mais facilmente do que as deoutros. Assim, enquanto que os falantes de alemo foram o maior grupode europeus a migrar para a Amrica do Norte do sculo dezoito (e, naverdade, ultrapassaram em nmero os falantes de iorub, antes de 1808),

    seguidos por mais migrantes em meados do sculo dezenove, eles parecemter se integrado na sociedade que os acolheu com grande rapidez, tendo,todavia, acrescentado poucos elementos da cultura alem sociedade

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    estadunidense. No caso da migrao compulsria africana, os iorubs fo-ram dos ltimos a chegar, mas no foram nem a populao mais numero-

    sa, nem a mais concentrada pelas Amricas. Estimativas razoavelmenteprecisas para outros grupos eventualmente tornar-se-o disponveis, mas provvel que os ibos e alguns povos da frica Central Atlntica forammais numerosos e mais fortemente concentrados do que os iorubs osibos em partes do Caribe Britnico, e alguns dos chamados grupos congono sudeste do Brasil. Ainda assim, o impacto dos falantes de iorub nassociedades coloniais que emergiram em muitas partes das Amricas pare-ce, aos acadmicos modernos, ter sido forte e, luz da evidncia apresen-

    tada aqui, desproporcional em relao ao nmero relativo de chegadasiorub. Enquanto que os sobreviventes ibos no Chesapeake receberammuita ateno, as comparaes com os iorubs nas Amricas como umtodo indicam a relativa fraqueza das tradies orais igbo, especificamenterepresentadas em canes, rituais religiosos, histrias, provrbios etc. Nasplantaes do oeste de Cuba, em qualquer ano do sculo dezenove, osiorubs no tinham outra escolha a no ser mesclarem-se a grandes quan-tidades de Susus (de Serra Leoa/Guin-Conakry), ibos (de toda a regio

    que agora o sudeste da Nigria), yaos (do sudeste da frica) e lundas (doVale Kasai, em Angola). Nenhum desses grupos era numericamente do-minante. A ilha, na verdade, recebeu a maior mistura de povos africanosdo que qualquer outra regio das Amricas. Os cabildos de Havana e osrituais da Santera seguida por grandes nmeros de cubanos de origemafricana podem, ou no, ter sido imediatamente reconhecidos pelospovos Egba, Ijeba ou Ijesha, da frica Ocidental, mas seria difcil encon-trar muitas de suas razes na frica no-iorub.

    Em Trinidad ocorreu uma situao parecida, em uma escala muitomenor. Os falantes de iorub estavam, sem dvida, representados nas com-panhias dos plantadores franceses, que chegaram a convite do governocolonial espanhol, antes que os britnicos tivessem conquistado aquelasregies. Os comerciantes escravagistas britnicos trouxeram mais falantesdo iorub imediatamente aps a anexao britnica, medida que elesretornavam fora para a Costa dos Escravos, logo aps o fim do comr-cio de escravos francs, e um terceiro fluxo veio na forma de indentured

    workersde Serra Leoa. Apesar disso, fluxos muito maiores de escravos che-garam de outras partes do oeste e da regio frica Central Atlntica, en-quanto que os nmeros de iorubs entre os 13.984 escravos nascidos na

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    frica identificados no primeiro registro de escravos de Trinidad, em 1813,s pode ser descrito como minsculo.30 Isto contrasta, estranhamente,

    com a grande presena iorub detectada na lngua, na religio e, narealdiade, nas comunidades, tanto urbana como rural, que foram identifi-cadas como iorubs na ltima parte do sculo dezenove e na primeiraparte do sculo vinte.31 Uma vez mais difcil evitar a concluso de que ainfluncia iorub foi desproporcional a seus nmeros. Pode-se encontrar,nos registros europeus, todo tipo de comentrio que se deseje sobre qual-quer nao africana, mas a opinio de Verteuil, em 1858, teve eco emmuitos relatrios europeus no sculo dezenove e tambm entre os vizi-

    nhos contemporneos dos iorubs. Estes, disse ele,

    se orientavam por um sentido de associao; e... o princpio de unio parao bem comum foi amplamente posto em prtica, onde quer que eles sefixassem, em quaisquer quantidade; em verdade, toda a raa iorub podeser considerada como formando uma espcie de liga social para ajuda m-tua e proteo.32

    Na Bahia, como j foi dito, os falantes iorub compunham grande

    parte dos desembarques de africanas, mais do que os ocorridos em Cubaou em Trinidad, mas ainda assim eram uma minoria. Independentementede quaisquer incidentes espetaculares, como a rebelio dos escravos de1835, na Bahia, onde os iorubs formaram mais de trs quartos dos escra-vos levados ao tribunal, sua presena mais forte e melhor documentadado que a de quaisquer outros povos africanos nas Amricas.33 De todos osvnculos transatlnticos estabelecidos entre a frica e as Amricas durantea era do comrcio de escravos, a ligao entre a Bahia e a Baa de Benin

    foi, provavelmente, a nica que continuou na base de comrcio, emborade valores muito reduzidos, quando o comrcio escravagista propriamen-te dito foi suprimido. Um mercado para tecidos iorub na Bahia conti-nuou at a segunda metade do sculo dezenove, apesar da revoluo namanufatura txtil do Atlntico Norte.

    Logicamente, o ambiente das Amricas foi determinante na forma-o de todas as sociedades do Novo Mundo de base europia ou africa-na. Mas o caso dos iorubs sugere que nem todas as culturas em jogo

    tiveram papis proporcionais ao nmero de seus migrantes, na interaoentre migrantes, ou na interao entre os migrantes e o meio-ambienteque resultou nas sociedades coloniais. Ao avaliar a crioulizao, no se

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    pode simplesmente confiar nos nmeros relativos dos diferentes povos quer africanos, quer europeus , da mesma forma que no se pode ignorarpor completo a origem dos migrantes. Os historiadores deveriam talvezprestar mais ateno ao local de onde vieram estes migrantes, ao menosaqueles africanos submetidos. Ironicamente, dada a natureza desse ensaio,o tamanho e extenso de um grupo no necessariamente um indicadorconfivel do seu impacto.

    Tabela 134 Africanos originrios da Baa de Benin e posteriormentelibertados, de acordo com as regies interioranas de origem

    (conforme os registros da Comisso Mista da Corte de Havana),1826-1839

    Regio Interiorana

    adjacente B. deBenin e Nao

    OesteLucumi AraraMina PopoMinaMina JantiFanti

    AraraMaginMago Arara

    Regional totalNorte

    Mandinga FulaLucumi JausaLucumi TapaLucumi BoguLucumi Cacanda

    Lucumi ChambaRegional total

    Nome Atual

    AlladaPopo?

    FantiAlladaMahi*

    Allada

    FulaniHausaNupeBorguKakanda

    Konkomba or Gurma

    Nmero

    142317307

    884162

    77

    1034

    26

    221

    1

    6193

    Porcentagem

    .05

    .10

    .10

    .03

    .01

    .02

    .03

    .34

    .00

    .00

    .01

    .00

    .00

    .02.03

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    Regio Interiorana

    adjacente B. deBenin e Nao

    IorubLucumi ElloLucumi Aguia

    Lucumi EfuLucumi EbaLucumi Llabu

    Lucumi EcumachoLucumi OtaLucumi Yesa

    Lucumi SabeRegional TotalLeste, no-iorubCarabali OruTotal regional

    Total Geral IdentificadoNo IdentificadoLucumiTodos os demais(16 grupos)

    Total

    Nome Atual

    Oi?Efon/EkitiEgba

    Yagba or Ijebu?

    Ikumeso or Ekun EsoOta (Awori)IjeshaSabe

    Oron

    Nmero

    123623

    1

    5874

    47049

    31

    1915

    33

    3045

    582

    363663

    Porcentagem

    .41

    .01

    .00

    .02

    .02

    .15

    .00

    .02

    .00

    .63

    .00

    .00

    * Curtin, ...Census, 183, no relaciona Magi a Mahi e deixa o primeiro no identificado.

    Fonte: Calculado do Public Record Office, Foreign Office, series 313 (FO 313), vols. 56-62.

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    Tabela 2 Africanos originrios da Baa de Benin e posterior-mente libertados de acordo com a regio interiorana de origeme os portos de embarque (de acordo com os registros da Corteda Comisso Mista de Havana), 1826-1839

    Fonte: Calculado da tabela 1. Os portos de embarque para as embarcaes listadas em FO 313, vols. 56-62foram identificados do TSTD.

    Tabela 3 Nmeros estimados de escravos (em milhares) dos

    portos na Baa de Benin por quarto de sculo, 1650-1865

    Notas* Como o porto de embarque foi freqentemente denominado Popo, essa coluna combina Pequeno

    Popo com Grande Popo, embora esses portos ficassem a 15 milhas um do outro. Para as viagens onde oprefixo foi dado, 95 por cento embarcaram seus escravos em Pequeno Popo.

    Fonte: Eltis, Richarson, Behrendt, The Atlantic Slave Trade: A New Census.

    Portos de

    Embarque

    Popo

    AjudLagos

    Total

    %

    100

    100100

    100

    Oeste,

    no-iorub

    N

    777

    2695

    1051

    %

    79.7

    18.20.8

    Norte,

    no-iorub

    N

    81

    120

    93

    %

    8.3

    0.80

    Leste,

    no-iorub

    N

    0

    12

    3

    %

    0

    0.10.3

    Somente

    iorub

    N

    117

    1194604

    1915

    %

    12.0

    80.998.9

    Total

    N

    975

    1476611

    3062

    Total

    21.9

    222.9

    407.5

    306.2

    253.0264.4

    236.6

    288.4

    37.7

    2039

    1651-1675

    1676-1700

    1701-1725

    1726-1750

    1751-17751776-1800

    1801-1825

    1826-1850

    1851-1865

    1651-1865

    Popo*

    0

    2.7

    1.8

    43.8

    20.115.0

    7.2

    11.9

    1.1

    103.6

    Ajud

    1.0

    133.4

    374.4

    177.9

    130.478.3

    72.5

    82.9

    24.7

    1075.5

    Offra/

    Jaquim

    20.9

    85.9

    28.6

    21.2

    0.65.6

    0.9

    1.9

    0

    165.6

    Epe

    0

    0

    0

    36.0

    17.20.5

    0

    0

    0

    53.7

    Porto

    Novo

    0

    0

    0

    0

    11.796.8

    19.2

    7.7

    0

    135.4

    Badagri/

    Apa

    0

    0

    0

    15.3

    32.818.1

    14.1

    5.2

    0

    85.5

    Lagos/

    Onim

    0

    0

    0

    0

    3.624.0

    114.2

    170.6

    4.9

    317.3

    Benin

    0

    0

    1.2

    10.9

    36.225.1

    4.6

    1.2

    0

    79.2

    All

    Other

    0

    0.9

    1.6

    1.0

    0.30.9

    4.7

    6.8

    7.0

    23.2

  • 7/28/2019 A Diaspora dos Falantes de Iorub-1650-1865

    23/29

    TOPOI, v. 7, n. 13, jul.-dez. 2006, pp. 271-299.

    A DISPORADOS FALANTESDE IORUB, 1650-1865: DIMENSESE IMPLICAES 293

    Tabela 4 Nmeros estimados de partidas de escravos (emmilhares) dos portos na Baa de Benin por perodos de cincoanos, 1751-1800

    Notas: *Como o porto de embarque foi freqentemente denominado Popo, essa coluna combinaPequeno Popo com Grande Popo, embora esses portos ficassem a 15 milhas um do outro. Para as viagensonde o prefixo foi dado, 95 por cento embarcaram seus escravos em Pequeno Popo.

    Fonte: Eltis, Richarson, Behrendt, The Atlantic Slave Trade: A New Census.

    1751-1755

    1756-1760

    1761-1765

    1766-1770

    1771-1775

    1776-1780

    1781-1785

    1786-1790

    1791-1795

    1796-1800

    1751-1800

    Popo*

    4.0

    9.0

    4.8

    3.7

    2.2

    3.2

    1.0

    0

    11.5

    4.6

    Ajud

    28.1

    21.7

    30.0

    21.7

    29.8

    18.8

    21.7

    12.1

    16.5

    15.5

    Benin

    1.8

    7.2

    10.1

    11.3

    9.4

    3.2

    5.0

    7.4

    2.2

    0

    Offra/Jaquim

    0

    0

    0.6

    0

    0.6

    1.6

    2.5

    0.9

    0

    0

    PortoNovo

    0

    0

    1.6

    5.6

    4.4

    17.8

    8.0

    33.9

    11.8

    15.3

    Badagri/Apa

    8.4

    0

    4.1

    2.7

    13.1

    6.8

    2.7

    3.3

    1.9

    1.4

    Lagos/Onim

    0

    0

    0.6

    1.0

    2.0

    1.8

    3.2

    8.4

    6.6

    3.3

    Epe

    8.6

    0

    0.9

    4.5

    0

    0

    0

    0.3

    0

    0

    Total

    50.9

    37.9

    52.7

    50.5

    61.5

    53.2

    44.1

    66.3

    50.5

    40.1

    507.7

  • 7/28/2019 A Diaspora dos Falantes de Iorub-1650-1865

    24/29

    294 DAVID ELTIS

    TOPOI, v. 7, n. 13, jul.-dez. 2006, pp. 271-299.

    Tabela 5 Sries ajustadas de partidas dos prisioneiros falantesde iorub e seus destinos nas Amricas, 1651-1865 (em milhares)

    Tabela 5 (cont) Sries ajustadas de partidas dos prisioneiros falan-tes de iorub e seus destinos nas Amricas, 1651-1865 (em milhares)

    Fonte:

    Notas: O autor est agradecido a Stanley L. Engerman, Paul Lovejoy, Ugo Nwokeji, Philip Morgan e David

    Richardson, bem como aos participantes do Johns Hopkins History Seminar (Seminrio Johns Hopkins deHistria), em novembro de 2002, e ao Columbia Seminar on Atlantic History (Seminrio da Universidadede Colmbia sobre a Histria do Atlntico), realizado em SUNY Stony Book, em fevereiro de 2003, peloscomentrios feitos a respeito de verses anteriores deste ensaio.

    1651-1675

    1676-1700

    1701-1725

    1726-17501751-1775

    1776-1800

    1801-1825

    1826-1850

    1851-1865

    All years

    2.2

    22.2

    41.7

    89.5140.1

    172.9

    211.4

    257.4

    30.7

    968.1

    0.5

    0.42.6

    1.4

    4.9

    0.7

    4.6

    9.82.1

    1.7

    7.1

    0.4

    26.4

    0.6

    0.8

    2.41.6

    0.4

    5.8

    2.2

    10.9

    3.6

    2.8

    19.5

    4.4

    6.7

    4.120.0

    18.7

    5.9

    59.8

    7.6

    3.6

    2.22.0

    1.3

    1.5

    1.5

    19.7

    2.2

    0.7

    5.1

    25.28.0

    2.4

    1.0

    1.2

    45.8

    No

    Estimadode iorubs

    Gr-Bretanha,Amricado Norte

    IlhasLeeward

    Britnicas

    IlhasWindwardBritnicas+ Trinidad

    Jamaica Barbados GuianasIlhas

    WindwardFrancesas

    1651-1675

    1676-1700

    1701-1725

    1726-1750

    1751-17751776-1800

    1801-1825

    1826-1850

    1851-1865

    All years

    6.3

    39.0

    49.854.7

    149.8

    0.3

    1.5

    0.7

    2.5

    0.1

    977

    28.4

    2.2

    31.7

    0.1

    0.3

    0.32.9

    5.6

    65.6

    25.0

    99.8

    1.4

    3.0

    0.9

    0.4

    5.7

    0.1

    0.7

    0.7

    3.8

    1.7

    7.0

    4.8

    9.1

    4.7

    50.679.3

    175.2

    116.2

    439.9

    1.6

    0.1

    0.5

    0.30.2

    5.4

    8.1

    S.Domingo

    AmricaEspanhola

    CaribeEspanhol

    CaribeHolands

    Nordestedo Brasil

    Bahia Sudestedo Brasil

    OutrasAmricas

    frica

    7.8

    32.4

    1.8

    42.0

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    A DISPORADOS FALANTESDE IORUB, 1650-1865: DIMENSESE IMPLICAES 295

    Notas

    1 Robin Law, Ethnicity and the Slave Trade: Lucumi and Nago as Ethonyms in WestAfrica, History in Africa, 24 (1997): 205-19.2 Ver Marianne Wokeck, Irish and German Migration to Eighteenth Century North America,in David Eltis (org.), Coerced and Free Migration: Global Perspectives (Stanford, 2002:176-203, e a literatura l citada.3 Robin Law, Ethnicity and the Slave Trade: Lucumi and Nago as Ethonyms in West

    Africa, History in Africa, 24 (1997): 205-19.4 Ver Marianne Wokeck, Irish and German Migration to Eighteenth Century North

    America, in David Eltis (org.), Coerced and Free Migration: Global Perspectives(Stanford, 20020: 176-203, e a literatura l citada.5 Este procedimento baseado em estimativas da distribuio de escravos, feitas porgrupamentos nacionais de navios da Europa e das Amricas, referentes a oito regiesafricanas costeiras. As estimativas no so apresentadas aqui, mas so fceis de ser obtidaspara qualquer perodo, aps 1675, de David Eltis, Stephen Behrendt, David Richardsone Herbert S. Klein, The Transatlantic Slave Trade: A Database on CD-ROM(Cambridge,1999), de agora em diante, simplesmente mencionado como TSTD.6 Nem todos os navios negreiros conseguiram chegar s Amricas, ou frica. Felizmen-te, h bastante informaes disponveis sobre o resultado final da viagem, na medida emque em quase noventa por cento das viagens sabemos se o navio embarcou escravos,enquanto que, em pouco mais de noventa por cento, sabemos se o navio chegou fricaantes de iniciar o comrcio. No todo, quase uma viagem em dez includa no presenteclculo no trazia os escravos para as Amricas e somente 82 por cento de todos os naviosconseguiam entregar os escravos sob o controle de seus donos originais.7 Os registros de Havana esto no Departamento de Registro Pblico (British PublicRecord Office), FO 313, vols. 56-62. Para consultar o que parece ser o nico uso destematerial, ver Roseanne Marion Adderley, New Negroes from Africa: Culture and Community

    Among Liberated Africans in the Bahamas and Trinidad 1810-1900. Dissertao de Dou-

    torado Indita, Universidade da Pensilvnia (University of Pennsylvania), 1996. Os re-gistros de Serra Leoa (na srie FO84) foram usados em R. Meyer-Heiselberg, Notes fromthe Liberated African Department in the Archives at Fourah Bay College(Notas do Depar-tamento Africano Liberado), Freetown, Serra Leoa (Uppsala, 1967); David Northrup,Trade Without Rulers: Precolonial Economic Development in Southeastern Nigeria(Oxford,1978), 58-65, 231; David Eltis, Welfare Trends Among the Yoruba at the Beginning of theNineteenth Century: the Anthropometric Evidence,Journal of Economic History, L (1990),521-40; e idem, Nutritional Trends in Africa and the Americas: Heights of Africans, 1819-1839,Journal of Interdisciplinary History, XII (1982), 453-75. G. Ugo Nwokeji and David

    Eltis, The Roots of the African Diaspora: Methodological Considerations in the Analysis ofNames in the Liberated African Registers of Serra Leoa and Havana, History in Africa, 29(2002): 365-79; e idem, Characteristics of Captives Leaving the Cameroons for the Americas,1822-1837,Journal of African History, 43 (2002): 191-210.

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    TOPOI, v. 7, n. 13, jul.-dez. 2006, pp. 271-299.

    8 Os registros distinguem, por um lado, entre incises, cortes, marcas, tatuagens,que consideramos como evidncia de procedimentos de cicatrizao voluntria, e, por

    outro lado, cicatrizes propriamente ditas. Cicatrizes so provavelmente o resultado deatividade involuntria. A maior parte dessas ltimas teria pouco significado cultural.9 Um exemplo menor o nome dos rus nos procedimentos da corte, aps a revolta de1835 na Bahia. Ver Joao Reis, Slave Rebellion in Brazil: The Muslim Uprising of 1835 inBahia(Baltimore, 1993), pp. 155-56.10 Deveria ser enfatizado que a ligao de nomes com etnicidade no tem implicaesnecessrias para a definio de etnicidade por si s. Para uma discusso desta questo, verNwokeji e Eltis, Characteristics, 191-2.11 TSTD.12 O segundo maior grupo de iorubs na tabela 1 Ecumacho, que no tem contra-partida moderna. Ojo Olatunji da Universidade de York sugeriu que este Ikumeso ouEkun Eso. em iorub, a provncia do valente. Eso o ttulo de uma elite militar de Oique foi retirada da Provncia Oriental do reino. Os nomes de pessoas neste grupo soprincipalmente iorubs, de qualquer maneira.13 A maior parte das embarcaes era capturada nas Amricas, em vez de na frica, demodo que a determinao da localizao dos portos africanos e, talvez, da etnicidade doscapturados deve ter sido feita de forma quase aleatria .14 Quantidade calculada multiplicando-se os 162.800 escravos que deixaram a Baa deBenin entre 1826 e 1840 (Eltis, Behrendt e Richardson, Census, no prelo) por .625 (aparte de todos os cativos identificados que eram iorubs, da tabela 1). Enquanto que ovolume estimado geral da Baa de Benin usado aqui para quinze anos, uns poucosiorubs saram de portos na Baa de Biafra e no so, portanto, includos na estimativa daBaa de Benin. A tendncia ascendente que inclui o ano extra compensada pela tendn-cia descendente da omisso dos iorubs que partiram de outros portos distintos da Baade Benin.15 A.F.C. Ryder, Benin and the Europeans, 1485-1897(Londres, 1969), pp. 197-98.16 Robin Law,A Lagoonside Port on the Eighteenth Century Slave Coast; Caroline Sorensen-Gilmour, Slave-Trading along the Lagoons of South-West Nigeria: The Case of BadagryemRobin Law e Silke Strickrodt (orgs.), Ports of the Slave Trade (Bights of Benin and Biafra(Stirling, 1999), pgs. 85-6.17 Este pargrafo e o prximo so basedos em David Eltis, Economic Growth and theEnding of the Transatlantic Slave Trade(New York, 1987), pp. 168-69.18 Para o trfico de escravos em Lagos, cerca de 1840, ver Kristin Mann, The Birth of

    African City: trade, State and Emancipation in Nineteenth Century Lagos(forthcoming,chapters 1 and 2). A correspondncia do Rei Kosoko, aprisionado pelos britnicos e pu-blicada verbatim na Publicao Sessional Papersda Cmara dos Lordes, 1852-53, 22:327-66, mostra o Rei vendendo escravos em comisso na Bahia, mas isso d conta demenos de dez por cento de todos os escravos vendidos em 1848 e 1849. Kosoko tambmmandou construir seu prprio navio de escravos na Bahia. Ver tambm os anexos em H.

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    TOPOI, v. 7, n. 13, jul.-dez. 2006, pp. 271-299.

    A DISPORADOS FALANTESDE IORUB, 1650-1865: DIMENSESE IMPLICAES 297

    Wise para Calhoun, Nov 1, 1844, Congresso dos Estados Unidos, H. Exec Doc. no.148, 28-2, pp. 44-47. Para Ajud, ver Robin Law, Royal Monopoly and private Enterprise:

    The Case of Dahomey. The Journal of African History 18(1977): 559-71; e Slave-Raidersand Middlemen, Monopolists and Free Traders: The Supply of Slaves for the Atlantic Trade inDahomey, c. 1715-1850, ibid, 30 (1989): 45-68.20 A evidncia est resumida e discutida em Robin Law, The Slave Coast of West Africa,1550-1750(Oxford, 1991), 186-191; idem, Ethnicity and the Slave Trade, (Etnicidade eo Comrcio de Escravos) 205-19, especialmente 207.21 Law, Ethnicity and the Slave Trade, (Etnicidade e o Comrcio de Escravos)207; idem, TheKingdom of Allada, 101-104; Paul E. Lovejoy e David Richardson, The Yoruba Factor inthe Atlantic Slave Trade, (artigo no publicado).

    22 Law, The Slave Coast, 309-14; idem,A Lagoonside Port on the Eighteenth Century SlaveCoast: The Early History of Badagri, Canadian Journal of African Studies, 28 (1994): 32-59.23 Pierre Verger, Trade Relations Between the Bight of Benin and Bahia, 17th-19th Century,traduzido por Evelyn Crawford(Ibadan, 1976), pgs., 1-7. (a citao est na pg. 7). ParaSt. Domingue ver Geggus, Sex Ratio, Age and Ethnicity in the Atlantic Slave Trade 32-33.Eltis, Economic Growth, 169-70.24 Poder-se-ia argumentar a favor da incluso de Porto Novo no grupo oriental para essaavaliao. No entanto, qualquer tendncia resultante da deciso de manter Porto Novono grupo de portos centrais compensada pela incluso de Benin no grupo oriental.

    Benin, o principal porto oriental de comrcio entre 1726 e 1775, teria enviado altosnmeros de Edos, povos do Delta ocidental, bem como outros falantes no-iorub parao trfico, embora haja falta de evidncia sobre a etnicidade dos presos que deixaramBenin antes de 1770.26 Ver Captulo 3 de David Eltis, David Richardson e Stephen Behrendt, The AtlanticSlave Trade: A New Census(Cambridge University Press, no prelo).27 Os portugueses e os britnicos chegaram perto disso, antes de 1850, mas cada umdesses pases despachou, talvez, somente dois teros do nmero total de iorubs (verDavid Eltis, Free and Coerced Migrations from the Old World to the New, in Eltis (org.),

    Coerced and Free Migration, pgs. 62-63).28 Mesmo aqui, evidncia tirada de registros de sucesses de Salvador, a maior cidade naprovncia da Bahia, indica uma proporo muito menor de iorubs somente um quin-to. Ver Reis, Slave Rebellion in Brazil, 140.29 Essas propores so derivadas, comparando-se a coluna 1 da tabela 5 com estimativasdas partidas totais das diferentes regies nas Amricas em Eltis, Richardson e Behrendt,... Census. Para confirmao dos pequenos nmeros de iorubs no Caribe Britnico, veranlise dos dados de registros de escravos, de Barry Higman, em Slave Populations of theBritish Caribbean, 1807-1834 (Baltimore, 1987), pgs. 442-58. Uma estimativa alterna-

    tiva, baseada nos registros de sucesso de Salvador, a maior cidade na provncia da Bahia,indica uma porcentagem muito menor de iorubs do que est sendo sugerido aqui somente um quinto. Ver Reis, Slave Rebellion in Brazil, 140.

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    28/29

    298 DAVID ELTIS

    TOPOI, v. 7, n. 13, jul.-dez. 2006, pp. 271-299.

    30 Jean Herskovits Kopytoff,A Preface to Modern Nigeria: The Serra Leoaians in Yoruba,1830-1890 (Madison, Wisc., 1965), especiamente, 44-60; Rudolfo Sarracino, Los que

    Volvieron a Africa(Havana, 1988), pgs. 47-124. Fontes britnicas, especialmente, FO84 no Public Record Office/Escritrio de Registro Pblico, tem muito material sobre esseassunto que ainda tem de ser examinado incluindo o extraordinrio caso de San Anto-nio (identificao de viagem 3456, no TSTD) que em 1844 levou africanos pagantesque desejavam retornar s vizinhas de Lagos, em sua viagem frica, antes de tentarretornar a Cuba com escravos.31 Johnson U Asiegbu, Slavery and The Politics of Liberation 1787-1861;A Study of Liberated

    African Emigration and British Anti-Slavery Policy(Nova Iorque, 1969); David Northrup,Indentured Labor in The Age of Imperialism, 1834-1922 (Cambridge, 1995); Monica

    Schuler, Alas, Alas, Kongo: A Social History of Indentured African Immigration into Jamaica,1841-1865(Baltimore, 1980).32 Higman, Slave Populations, 449.33 Maureen Warner-Lewis, Trinidad Yoruba: A Language of Exile) International Journal ofthe Sociology of Language, 83 (1990): 9-20; idem, Trinidad Yoruba: From Mother Tongueto Memory(Tuscaloosa, 1996). Para padres semelhantes nas Guianas e Belize, ver James

    Adeyinka Olawaiye, Yoruba religious and social traditions in Ekiti, Nigeria and threeCaribbean countries : Trinidad-Tobago, Guyana and Belize.34 Louis Antoine Aim de Verteuil, Three Essays on the Cultivation of Sugar Cane in Trinidad

    (Port of Spain, 1858), 175, citado em Warner-Lewis, Trinidad Yoruba, 44.35 Reis, Slave Rebellion in Brazil, 140; Verger, Trade Relations Between the Bight of Beninand Bahia.36 As fontes bsicas usadas na identificao dos termos tnicos so D.H. Crozier andR.M. Blench,An Index of Nigerian Languages, 2d ed. (Dallas, 1992); Philip D. Curtin,The Atlantic Slave Trade: A Census(Madison, 1969); Robert S. Smith, Kingdoms of theYoruba, 3d ed. (Madison, 1988). Oscar Grandio, Paul Lovejoy e Ojo Olatunji, todos da

    York University (Universidade de York), orientaram-me por territrio desconhecido.

    RESUMO

    O objetivo geral do artigo propor uma anlise quantitativa da etnicidade Iorub,em suas expresses na dispora, uma vez que esse grupo no existia inicialmente comoum povo, ou etnia, consciente de si mesmo. Trata-se de explorar em que medida ascondies criadas no Novo Mundo pelo trfico de escravos pde acelerar a constanterenovao da formao identitria dos Iorubs. Para tanto, pretende-se apresentaruma estimativa mais sistemtica do envolvimento dos Iorubs na dinmica do trfi-

    co e explorar as implicaes dessas descobertas para iluminar questes mais amplas dorepovoamento das Amricas.Palavras-chave: escravido, Iorub, etnicidade, anlise quantitativa.

  • 7/28/2019 A Diaspora dos Falantes de Iorub-1650-1865

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    A DISPORADOS FALANTESDE IORUB, 1650-1865: DIMENSESE IMPLICAES 299

    ABSTRACT

    The article is a quantitative analysis of Iorub ethnicity as expressed in the Diaspora.Initially, the Iorub did not exist as a distinct people, ethnic group or culturalconsciousness. The analysis intends to explore to what degree conditions created by thetraffic of east African slaves to the New World accelerated the development of apermanent Iorubs identity. It is intended to present a more systematic estimate ofIorub involvement in the dynamics of slave trafficing, to explore the implications ofthese discoveries, and to illuminate broader questions concerning the re-peopling ofthe Americas.Key-words: slavery, Iorub, etnicity, quantitative analysis.

    (recebido em maro de 2006 e aprovado no mesmo ms)