A Deutscher Werkbund e a nova arquitetura alemã

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A Deutscher Werkbund e a nova arquitetura alem

Peter Behrens

Henry Van de Velde Fundada em 1907 por um grupo de designers e arquitetos, como Henry Van de Velde, Peter Behrens e Olbrich, foi fortemente influenciada pelos ideais do Arts and Crafts, embora acabe por contribuir com muito sucesso para a divulgao dos aspectos positivos da unio da arte com a indstria.

O objetivo da Werkbund reza o estatuto enobrecer o trabalho artesanal, coligando-o com a arte e a indstria. A associao deseja fazer uma escolha do melhor da arte, da indstria, do artesanato e das foras ativas manuais; deseja reunir os esforos e as tendncias para o trabalho de qualidade existente no mundo do trabalho; forma o ponto de reunio de todos aqueles que so capazes e esto desejosos de produzir um trabalho de qualidade(cit em N. PEVSNER, I pionieri del movimento moderno da William Morris a Walter Gropius 1936, trad. It., Milo, 1945, pp. 122-123). Um dos personagens mais importantes foi Hermann Muthesius, arquiteto enviado para Inglaterra para estudar as origens do sucesso ingls, que aps ter convivido com o requinte do artesanato e com a riqueza da decorao, importou para a Alemanha uma nova ideologia artstica. Assim, renovam-se as academias de arte, inserindo-lhes ateliers e fundando-se museus. A Alemanha batalhou por uma nova esttica aplicada a produo em srie e defendendo a utilizao da mquina. Assim, a Alemanha atinge o domnio da arte e da tcnica, comprovando que era possvel atingir um elevado nvel de qualidade numa produo estandardizada, conseguido com o conhecimento de materiais e tcnicas. A beleza dos objetos evidenciava-se na funcionalidade e simplicidade das formas.

Esta unio arte/indstria levou a que algumas empresas sentissem necessidade de contratar artistas para cuidar da sua imagem, que criassem uma marca que os personalizasse, nascendo o design industrial. Por exemplo, a AEG encarregou Peter Behrens de projetar os seus produtos e tambm a sua imagem grfica e arquitetnica, construindo pela primeira vez uma coerente imagem da empresa. Em 1914 faz-se a primeira exposio dos produtos em Colnia. A partir daqui, torna-se evidente a discrepncia entre os artistas. Enquanto Muthesius advogava a estandardizao como forma exclusiva de universalizar o gosto do pblico, Van de Velde recusava a existncia de regras que diminuam a capacidade de criao. Como consequncia, Van de Velde acaba por abandonar a associao. A Deutscher Werkbund conseguiu estimular a mudana. Lembrando os ideais de Morris, tencionou recriar o prazer pelo trabalho, para o aumento da produtividade, s conseguido na construo de fbricas agradveis aos seus operrios. Alm disso, o edifcio deveria mostrar a grandeza da empresa, o seu sucesso e autoconfiana, e a contratao de um artista era imprescindvel.

Prdio da Fagus em Berlim. Walter Gropius (1883 1969), trabalha no estdio de Behrens, porm logo comea a projetar por conta prpria. A fbrica de formas para sapatos Fagus and Alfeld an der Leine, um exemplo da utilizao criativa e funcional dos novos materiais, expressando com nitidez os seus modernos interesses artsticos e funcionais. Para Gropius a arquitetura devia adaptar-se ao mundo das mquinas e da velocidade e a funo de um edifcio deveria ser imediatamente reconhecvel atravs das suas formas e busca alcanar esse objetivo atravs do uso de diferentes materiais, na Fbrica Fagus ele utiliza o ladrilho e, sobretudo, o ferro e o vidro.

Fbrica Fagus em Alfeld, no Leine, projetada em 1910, resumia tudo o que se realizara na arquitetura industrial de antes da guerra.

Planta baixa da fbrica Fagus de Alfeld Na pintura e na escultura, a relativa liberdade dos artistas permitiu uma realizao mais rpida de idias de vanguarda. Uma caracterstica notvel dos movimentos artsticos desse perodo a amplitude de conceitos fundamentais que compartilham. Apesar de diferentes enfoques e contextos nacionais, havia uma srie de caractersticas internacionais, como uma ampla rejeio da arte pela arte e uma forte nfase sobre o papel social da arte. Isso envolvia uma rejeio do subjetivismo individual e tentativas de colocar a criao e a compreenso da arte numa base objetiva, at mesmo cientfica. Subjacentes a essa tendncia eram influncia de tradies filosficas idealistas e a busca de formas ideais platnicas simbolizando uma realidade para alm das mudanas passageiras do mundo exterior, manifestas na tendncia abstrao e, em particular, as formas geomtricas. A combinao dessas formas com a esttica de mquina permitia que fossem descritas como simultaneamente eternas e excepcionalmente modernas. OespritoDeutscheWerkbundnaIdentidadeCorporativadosculoXXI n.1 O incio Desde o sc. XVIII at primeira metade do sc. XX, o mundo viveu grandes mudanas sociais, econmicas, tcnicas, polticas e culturais, impulsionando questionamentos sobre a posio e impacto do Homem na sociedade [1] . Como agregado cultural embaixada alem em Londres, Inglaterra, Hermann Muthesius criou a fundao Werkbund Institut entre 1891 e 1903, enquanto mantinha contacto com os desenvolvimentos do Arts and Crafts (Movimiento de Artes e Ofcios). Em 1861, o ingls William Morris, inspirado no trabalho de John Ruskin e junto com Edward Burne-Jones e Philip Web, procurou influenciar a esttica inglesa. Em 1860 Philip Web, projectou uma habitao para Morris, organizando os espaos em funo do seu uso, resultando una casa assimtrica que influenciou os seu proprietrio a projectar e fiscalizar a produo dos mveis. Morris fundou a Morris & Co numa tentativa de revitalizar as artes e ofcios e foi em seu redor que surgiu o Movimiento de Artes e Ofcios, uma tentativa de reforma social e de inovao de estilo, que pretendia substituir a m qualidade e acabamento dos produtos produzidos em srie, bem como as condies laborais miserveis, mediante a abolio da diviso de trabalho em favor da unidade entre design e produo artesanal [2] (Philip B. Meggs, 2000). O movimento fracassou por incapacidade de acompanhar o ritmo da produo em srie.

O contexto Como reflexo da cultura do sc. XIX, a procura de novas formas capazes de expressar a modernidade da poca na arquitectura, na moda e na comunicao uniram-se a inovaes tecnolgicas e industriais iniciando a linguagem grfica da Arte Nova [3] . Criaram-se novas formas [4], em vez de as copiar de modelos histricos ou da natureza, desafiando-se as convices vitorianas vigentes [5]. De regresso Alemanha, em 1907, Hermann Muthesius juntou-se a Peter Beherens, Theodor Fischer, Herman Muthesius, Bruno Paul, Richard Riemerschmid, Henry Van de Velde entre outros, e fundaram a Deutsche Werkbund (Associao Alem Alemana de Artesos) em defensa da unio da arte, do artesanato e da tecnologia. Ainda que tivessem recebido influncias de William Morris e do movimento Artes e Ofcios, existiam grandes diferenas na Deutsche Werkbund, j que o primeiro defendia o regresso ao artesanato medieval e a rejeio da Revoluo Industrial e da mquina (Philip B. Meggs, 2000). A Deutsche Werkbund fundava-se sobre a filosofia Gesamkultur (uma nova cultura e ambiente reformadas pelo Homem) mas o grupo dividiu-se em duas faces: uma que defendia a estandardizao e a tipificao dos produtos (encabeada por Muthesius), a eliminao de todo ornamento, o desprendimento da individualidade artstica e a forma-funo; outra (encabeada por Henry Van de Velde) que dava lugar primazia da expresso individual. Ao nvel do discurso, Peter Behrens tentava situar-se entre os dois extremos mas os seus trabalhos inclinavam-se a seguir Muthesius.

A AEG No mesmo ano em que Henry Ford implementava a diviso de trabalho e lanava o Ford T, o industrial visionrio Emil Rathenau contratou (1907) Peter Behrens e Otto Neurath [6] que constituram a primeira equipa de consultores de imagem corporativa e colaboraram com a empresa alem AEG. Este trabalho resultou num programa completo constitudo por projectos de edifcios, fbricas, estabelecimentos comerciais, produtos, lmpadas industriais, servios de ch e criaram-se logtipos, cartazes, folhetos, anncios publicitrios, catlogos, residncias para trabalhadores, entre outros produtos. Contribuindo, no apenas para uma comunicao coerente, como para uma forte cultura de empresa, constituram o paradigma histrico da identidade corporativa hoje embrio do que chamamos imagem global (Joan Costa, 1992, p.25). Criava-se o primeiro estilo corporativo, programado como um todo. So notveis as similitudes entre a atitude projectual de Behrens e Neurath para a AEG e o trabalho de Philip Web quando projectou a casa de Morris em 1860. Figura 1

Fonte: Adaptado de Joan Costa (2004, p.87). Baseando-se em estudos sobre a Grcia e Roma antigas, Behrens transformou as suas linguagens e desenvolveu a harmonia e a proporo juntando o neoclassicismo e a Sachlichkeit (objectividade do sentido comum). Para AEG, Behrens desenvolveu um tipo de letra exclusivo com o objectivo de diferenciar as suas comunicaes, que as formas fossem universais em vez de personalizadas por um artista e para transmitir valores de qualidade. A marca registrada em 31 de Janeiro de 1908 apresentavase em forma de favos de mel contendo as iniciais da empresa e representando a ordem matemtica e a organizao corporativa do sc. XX, mediante a metfora das abelhas (Philip B. Meggs, 2000). O trabalho despojado de decorao de Behrens foi notrio tambm porque se desenvolveu na poca da letra Gtica, da Arte Nova, da Decorao Vitoriana e porque abriu caminho ao Estilo Internacional Tipogrfico. Segundo Joan Costa (2007b), o projecto da AEG marcou a evoluo do grafismo (icnico e textual) criado com a imprensa Gutenberguiana e os estudos humanistas sobre a pgina, para a visualidade (tudo o que visvel e no s o que grfico). O indivduo deixou de ser um espectador passivo para se tornar num intrprete e actor de experincias visuais comuns a todas as especializaes do design. Mais que a definio de um estlo artstico, a Deutsche Werkbund procurava uma filosofa (Gesamkultur), uma atitude para melhorar o mundo em funo do Homem, o progresso social atravs do uso da mquina, da arte e do artesanato.

Segundo a filosofia da Deutsche Werkbund (Gesamkultur), a marca servia como garantia de qualidade constante do produto, o que obrigava a que tal fosse verdade. Por oposio aos produtos linha branca e como antitese moda (Figura 2), os produtos com marca conferiam um rtulo estilstico (Frederic J. Schwartz, 1996). Entenda-se que, tal como refiere Yves Zimmermann (1998, p.84) por oposio a estar na moda, que trata de partilhar uma mesma linguagem com um grupo, ter estilo , portanto, singularizar-se, ser diferente. Figura 2 - Odol

Fonte: Frederic J. Schwartz, 1996, p.135. Uma das primeiras grandes marcas alems e apenas mudou ligeiramente quatro vezes.

A evoluo A Gesamkultur da Deutsche Werkbund propagou-se nas escolas em cursos preparatrios (design grfico, de interiores, industrial e arquitectura) por toda a Alemanha, levada pelos membros do grupo: Peter Behrens em Dsseldford (Escola de Artes e Ofcios), Henry Van de Velde em Weimar [7], Bruno Paul em Berlm, e atravs dos trabalhos de Joseph Maria Olbrich, Otto Eckmann, August Endell. Todo este trabalho teve repercusses nos Pases Escandinavos e na ustria. O austraco Lucian Bernhard estabeleceu-se na Alemanha em 1905 e criou uma inconfundvel linguagem para o cartaz, reduzindo-o informao do produto e ao nome, quase um telegrama (Eric Santu, 2002). Os aprendizes de Behrens, Walter Gropius e Ludwing van der Rohe levaram o essencial para o curso preliminar da Bauhaus [8]. A exposio de arquitectura Weissenhorfsiedlung, em Stuttgart, em 1927, foi um marco para a Deutsche Werkbund pois possibilitou o desenvolvimento de projectos globais integrados com um mesmo conceito que vai desde o edifcio taa de caf. Em 1914, Henry Van de Velde foi substitudo na direco da Escuela de Artes e Ofcios por Walter Gropius responsvel pela unio da Escola de Artes e Ofcios com a Escola Superior de Belas Artes originando a Staatliches Bauhaus em Weimar (literalmente, casa estatal de construo). Passados alguns anos, outras empresas seguiriam alguns dos ensinamentos da AEG. Em 1924 a empresa Procter & Gamble (fundada em 1837 por William Procter e James Gamble)

dedicada produo de sabo, criou o departamento de Marketing de Investigao para estudar os hbitos e preferncias do consumidor e, em 1931, foi pioneira na introduo da gesto de marca (branding management) sob a responsabilidade de Neil McElroy (Melissa Davis, 2005). Segundo Joan Costa (2001), [14] em 1928, Camillo Olivetti, na empresa que recebeu o seu nome (Olivetti), abriu um servio de publicidade (situado em Ivrea) que trs anos depois se chamou Departamento de Desenvolvimento e Publicidade. Nos anos 30, surgiu o styling nos Estados Unidos da Amrica com o objectivo, essencialmente comercial, de incrementar as vendas, alterando o aspecto externo e no as qualidades intrnsecas dos produtos. Durante o ps-guerra, com o nascimento e expano de uma indstria vocacionada para o consumismo responsvel e por uma saturao de mercado, o design assumiu um papel relevante ao nvel socio-econmico. Por exemplo, na Olivetti (1946), reorganizou-se em Milo a Oficina Tcnica de Publicidade administrada por Giovanni Pintori. Em 1957 o departamento de publicidade da Olivetti mudou-se de Ivrea para Milo, sob a direco de Ricardo Muratti e a administrao de imagem corporativa passou (posteriormente) a desempenhar um papel fundamental no design e nas actividades gerais da empresa passando a ditar a comunicao, a publicidade, as actividades de promoo, relaes pblicas, o departamento e a implementao de projectos de expanso. Nos EUA, o francs Raymond Loewy desenvolveu as suas ideias sobre esttica do design industrial e grfico, com a convico de que o feio vende mal. Refere Joan Costa (2001) que o alemo Walter Landor partiu para os EUA, levando consigo as ideas de Behrens, Neurath e Olivetti e a filosofia da Bauhaus, que reduziu a um exerccio grfico. Seguramente que Walter Landor e Raymond Loewy so parte dos responsveis pela viso redutora de que o design de identidade corporativa trata apenas do que grfico. Em 1956, a empresa IBM contratou Thomas Watsin Jr. para administrar e revitalizar uma identidade visual de produtos associados obsolescncia, rigidez e ao previsvel e banal, numa empresa que chegou a ter 15 centros de design pelo mundo. Nos anos 80 a empresa IBM j presentava sinais de recuperao e, em 1989, a criao do Programa de Design IBM e o lanamento do notebook ThinkPad, em 1993, aumentaram a valorizao da marca (Fasscioni y Vieira, 2001) . Quando o conceito de Corporate Identity comeou a circular a principios dos anos 60, a empresa Lippincot & Margulies reivindicava a autoria do mesmo (Joan Costa, 2007a). Em 1960, Black & Decker integrou o design como uma componente chave do desenvolvimento de produtos, o que lhe permitiu ser lder sectorial. Em 1997, a empresa Siemans desmembrou-se em mais uma unidade de negcio, a Siemans Design and Exibitions, e conseguiu aumentar consideravelmente a facturao (Fasscioni y Vieira, 2001). Desde ento, algumas marcas adquiriram valores bastante superiores aos imveis. A marca de veculos Dodge foi vendida por 74 milhes de dlares (1924); a Camel foi avaliada em 10 milhes de dlares na mesma poca.

A Identidade Corporativa no sculo XXI A grande maioria das organizaes encomenda os projectos de design de modo descoordenado. Primeiro, porque no possuem um programa de identidade visual definido nem um DirCom e, depois, porque os projectos de design no tm um fio condutor lgico que os relacione e os posicione numa estratgia mais ampla. De algum modo, os designers do sc. XXI ainda tentam convencer os empresrios da necessidade de projectos como o da AEG. No seu artigo A influncia do movimento Werkbund nas empresas de tecnologia Lgia Fasscioni e Milton Vieira (2001) afirmam que a funo do designer industrial [9] hoje mais limitada que

nos tempos ureos de Behrens. A funo actual de um designer lateralmente limitada por categorias especficas de produtos e verticalmente limitada por remedos incontveis no seu projecto, aplicando a criatividade no s em nveis de produo e ergonmicos, mas limitado a si mesmo ao oferecer uma definio formal a produtos j tradicionais. Com a globalizao acentuada com a Internet e o desaparecimento das fronteiras terrestres, com una crescente busca de produtos de low production, mais identitrios, mais personalizados, com a busca de valores, seria de esperar que as empresas pensassem no Homem como um ser social e menos como um agente do mercado. Criada em 1998 por um grupo internacional [10], a norma SA8000 - Sistemas de Gesto de Responsabilidade Social pretende evitar as ms condies laborais e incrementar a aco social das empresas e inclusive que lucrem com isso. Infelizmente, em 2007, ainda so poucas as empresas que verdadeiramente se interessam por estes temas j que esto obcecadas pelo lucro e consideram os trabalhadores como nmeros. Muitas empresas no valorizam a sua prpria identidade, nem a importncia de criar boas condies laborais e comunicativas com os seus colaboradores. A empresa Opel atravessou (1999 a 2000) uma crise de identidade que em grande parte se deveu a problemas de comunicao interna e a uma ineficaz comunicao com o pblico, originando uma confuso entre a marca e um dos seus modelos de automvel (Joan Costa, 2007b). Devido aos media, as PMEs j despertaram para a importncia do design e aumentaram os investimentos em design, mas ainda no so capazes de saber quais so os bons projectos, quando correspondem sua identidade ou aos seu gosto pessoal. Normalmente, so encomendados projectos de modo desgarrado e sem nexo. Segundo Norberto Chaves (2001, p.14) o design das primeiras dcadas do nosso sculo parece ento como esta grande fora transformadora que, ainda, no se limitava aos aspectos estritamente productivos, tcnicos ou estticos: o design nasce carregado com uma vontade tranformao social. Mas hoje tais preocupaes foram diluidas e, entre os designers, cresceram diversas posies profissionais, a maioria com vocao a actitudes individualistas e nada inclusivas. No entanto, o cenrio no todo negro. Ainda h empresas que apostam em marcas integradas que comunicam honestamente, h quem saiba que uma marca mais que um logtipo. Essas empresas comunicam a sua identidade ao interior, exterior e envolvente com as suas aces, comunicaes e normalmente conseguem ganhar dimenso [11] . Figura 3

Como interface cultural, social e econmica o design faz a mediao entre o emissor e o receptor, onde o designer o especialista em estabelecer a comunicao entre os dois. Neste processo, o design de identidade um veculo no qual a empresa escolhe a roupagem e a conduta que pretende seguir em todos os sentidos e que esto dependentes da conscincia do designer e sobretudo dos empresrios. H, por isso, empresas que optam por recorrer ao design como cosmtica comercial que oculta condutas pouco honestas, mas esperemos que, com o aumento das exigncias legislativas e dos consumidores, tendam a diminuir.

Geralmente, as grandes marcas da actualidade ainda so aquelas que pensam de modo integrado e global, as que desenvolvem edifcios, espaos comerciais, polticas laborais correctas e comunicaes concordantes com os seus valores. O esprito da Deutsche Werkbund mantmse vivo no mundo empresarial do sc. XXI e, curiosamente, os problemas da sua implementao massiva mantm-se.

Notas 1 - No Renascimento, na Revoluo americana com a declarao de independncia dos Estados Unidos, em 1776. A Revoluo Francesa, em 1789, a Revoluo Industrial, cerca de 1800. 2 - Finais do sc. XIX, grande gravador, ilustrador e designer, o britnico William Morris decidiu criar a sua prpria empresa grfica clamada Kelmscott Press totalmente baseada na grfica de Gutenberg, com as mesmas prensas, tipos e papeis artesanais. 3 - Estilo artstico internacional do final do final de sculo, 1890-1910, que envolveu todas as vertentes do design: ambientes, equipamento, moda e comunicao. 4 - A Arte Nova caracteriza-se por um trao orgnico naturalista sem razes nem gravidade, com uma energia cambiante que vai desde o ondular ao flutuar enquanto define as formas e adorna os espaos. 5 - A Arte Nova deve grande parte da sua influncia ao movimento artstico Ukiyo-e do perodo Tokugawa japons que misturava narrativas realistas emaki (pergaminhos com imagens tradicionais) com a arte decorativa e a caligrafia. A Arte Nova foi adoptada e adaptada conforme o pas em Inglaterra, Frana, Blgica, Espanha, Esccia, ustria e Alemanha em resultado da procura de uma nova esttica concordante com as mudanas econmicas, sociais e culturais do final do sc. XIX (Philip B. Meggs, 2000). 6 - Autor do sistema pictogrfico internacional ISOTYPE System of Pictographic Picture Education. 7 - Em 1902 criou um curso e dirigiu a Escola de Artes e Ofcios cujo edifcio projectou como as instalaes da Escola Superior de Belas Artes do gr-ducado da Saxnia (dirigida por Fritz Mackensen), que ficavam de frente. 8 - Este curso era um filtro que eliminava os alunos que no correspondiam s expectativas bsicas e que fui sucessivamente dirigido por Johannes Itten, Lszl Moholy-Nagy e Josef Albers. 9 - O conceito de designer industrial usado como universal para todas as especializaes do design. Segue a corrente da escola de Ulm (Alemanha) e da ESDI (Brasil). 10 - Liderado pelo CEPAA (Council for Economic Priorities Accreditation Agency rgo de Credenciamento do Conselho de Prioridades Econmicas) 11 - de notar que algumas empresas optam por uma estratgia de design correcta mas agem com malcia.

Bibliografia CHAVES, Norberto. El ofcio de disear: propestas a la conciencia crtica de los que comienzan. Barcelona: Gustavo Gili, 2001. ISBN: 84-252-1840-3 COSTA, Joan - Imagen Corporativa en el siglo XXI. Buenos Aires: La Cruja Ediciones, 2001 COSTA, Joan. Identidad Televisiva en 4D. Bolivia: Grupo Editorial Design, 2007a. ISBN: 999050-806-2 COSTA, Joan. Disear para los ojos. Barcelona: Costa Punto Com Editor, 2007b. ISBN: 978-84611-8137-7 DAVIS, Melissa. More than a name: an introduction to branding. UK: Ava Academia. 2005. ISBN: 2-940373-00-0 FASSCIONI, Lgia, VIEIRA, Milton. A influencia do movimento Werkbund nas empresas de tecnologa. 15 Simposio Nacional de Geometra Descritiva e Desenho Tcnico. So Paulo,

Brasil, 5-9 Novembro de 2001. SANTU, Eric. El design Grfico desde los orgenes hasta nuestros dias. Madrid: Alianza Forma, 2002. ISBN: 84-206-7071-5 SCHWARTZ, Frederic J. The Werkbund. Design theory & Mass Culture before the firts world war. Library of Congress,1996. ISBN: 0-300-06898-0

Deutsche Werkbund

Postado por Isaque Elias sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Associao Alem do Trabalho foi fundada em 1907 por um grupo de arquitectos, designers e empresrios que tinham estado, de alguma maneira, ligados ao Jugendstil (Arte Nova Alem). Atribui-se a Hermann Muthesius o papel decisivo da sua fundao.

A Werkbund contribuiu, pela sua indstria, para a reconhecimento internacional da arte e da tcnica alems, retirando Gr-Bretanha a liderana industrial mundial. No se demitindo das prerrogativas produtivistas, a Werkbund queria demonstrar que era possvel atingir um elevado nvel de qualidade na produo industrial, reconhecendo no design a inteligncia e na mquina uma formidvel ferramenta de trabalho.

Os pases germnicos foram mais sensveis ao eco de Adolf Loos que em 1908 publicava o livro Ornamento e Crime, um libelo radical contra a ornamentao que o autor (tambm arquitecto e designer) considerava um desperdcio de tempo e de recursos, trabalho intil.

Em 1886, o governo prussiano enviou Muthesius como adido diplomtico para a Inglaterra, onde permaneceu seis anos. No fundo, a sua misso era espiar as razes do sucesso do design britnico, em especial, visitando as oficinas do movimento Arts and Crafts. Mas, enquanto nas

Ilhas Britnicas se defendia a qualidade da produo artesanal, Muthesius entendia que os ganhos de produo seriam maiores se se aplicassem esses mesmos critrios estticos subordinados a uma estrita produo industrializada, confiando, obviamente, na utilizao da mquina. Aposta ganha, no sem polmica interna, porque a Deutsche Werkbund dividia-se entre os partidrios de Muthesius e os de Henry van de Velde, um arquitecto designer belga que produzia e ensinava em Weimar e que gozava de respeitvel influncia entre os seus colegas alemes, como ele mais conectados com as caractersticas conceptuais de produo artesanal da Arte Nova. Contudo, a tendncia defendida por Muthesius acabaria por prevalecer. Apesar das circunstncias, Henry van de Velde no abdicou e continuou - tal como os seus discpulos - a seguir os princpios Jungendstil de produo artesanal, princpios que considerava

proporcionarem maior liberdade artstica para designers e artesos. A van de Velde deve-se a arquitectura da Escola de Artes Aplicadas de Weimar, escola onde se instalou a Bauhaus. Walter Gropius (que tambm era membro da Werkbund) sucedeu a van de Velde na direco dessa escola. Por causa I Guerra Mundial, Henry van de Velde, por ser belga, teve que abandonar a Alemanha. Durante este perodo de guerra a escola de Weimar permaneceu encerrada.