A cultura de massa enquanto mulher – o

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A cultura de massa enquanto mulher – o outro do modernismo Andreas Huyssen aponta uma inscrição de gênero no modernismo do século XIX, momento de estabelecimento do modernismo em que o “medo da contaminação” assolava a a “alta cultura” cultura. Utilizando como metáfora a personagem Emma Bovary, leitora dos romances burgueses e folhetins, e a clássica frase de Flaubert – “Emma Bovary ces’t moi!”- ele denuncia um movimento de “transcendência estética” dos escritores da alta cultura acerca dos dilemas vividos por suas personagens.

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A cultura de massa enquanto mulher – o outro do modernismo

• Andreas Huyssen aponta uma inscrição de gênero no modernismo do século XIX, momento de estabelecimento do modernismo em que o “medo da contaminação” assolava a a “alta cultura” cultura.

• Utilizando como metáfora a personagem Emma Bovary, leitora dos romances burgueses e folhetins, e a clássica frase de Flaubert – “Emma Bovary ces’t moi!”- ele denuncia um movimento de “transcendência estética” dos escritores da alta cultura acerca dos dilemas vividos por suas personagens.

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• “A mulher (madame Bovary) é apresentada como uma leitora de literatura inferior – subjetiva, emocional e passiva – enquanto o homem (Flaubert) emerge como um escritor de genuína e autêntica leitura – objetivo irônico, e com o controle de suas formas estéticas” (Huyssen, 1996, p. 43)

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• Virgínia Wolf e a escrita feminina: a escritora aponta uma dificuldade da mulher em dizer “eu”.

• Impassibilité e reificação do self não são produtos tão atrativos.

• “A estética, como a filosofia e a ciência, é criada não tanto para nos possibilitar a aproimação com a realidade, mas com o objetivo de nos desviar, de nos proteger dela”.

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• A cultura de massa (trivialidades) sempre foi o subtexto oculto do projeto modernista.

• A cultura de massa está associada à mulher, a alta cultura ao homem, e isso é referendado pela exclusão da mulherdo campo da “alta arte”.

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• Massas – sujeito oculto no debate sobre a cultura, centro nas discussões da elite pensante.

• Indústria cultural – reprodução tecnológica e medo de castração.

• Adorno e Horkheimer – “a cultura de massa, em seu espelho, é sempre a mais bonita do mundo”.

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Teresa de Lauretis – opõe- se à defesa de uma leitura de gênero do modernismo. Aponta a existência de uma corrente masculinista e misógena.

Falso romance: “aquelas obras picantes, memórias de prostitutas, confissões de alcova, obscenidades eróticas, escândalos que levantam suas saias em fotos expostas nas vitrines das livrarias.”

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• Mulheres como provedoras de inspiração, musas.

• “mística masculina do modernismo”.• Sedução, corrupção artística, medo de que

os grandes produtorres culturais “desçam ao nível das mulheres”. (Huyssen, 1996, p. 50)

• Identificação com a política: “turba raivosa e histérica”.

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• Medo de ser devorado pela mulher = medo de que a cultura de massa polua a “alta cultura”. Delimitação de fronteiras modernas.

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• Questões do projeto modernista:

• Obra autônoma, separa vida e cultura;

• Obra auto-referente, auto-consciente, irônica, ambígua e experimental;

• Expressão de consciência individual ou estado mental coletivo;

• Análoga à ciência, produz conhecimento;

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• “A autonomia da obra é sempre o resultado de uma resistência, uma abstenção e uma supressão – resistência à tentação sedutora da cultura de massa, abstenção do prazer de tentar agradar a um público mais amplo e supressão de tudo o que pudesse ser ameaçador para as demandas de ser moderno e à frente de seu tempo.” (Huyssen, 1996, p. 55)

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• Princípio da realidade da sociedade X princípio do prazer.

• Lógica da evolução estética.

• Ambas carregam marcas do capitalismo (Benjamim)

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• Gênero e pós-modernismo• 1 – presença de uma arte-feminista e de uma

crítica cultural feminista.• 2 – promoção de uma dilução das margens que

semparam cultura de massa e “alta cultura”. Uma pode, hoje, estar presente na outra.

• Suspeita de que essas negociações surjam simultaneamente à emergência do feminismo. Da arte feminista e revalorização do gênero.