A Crise Do Jornalismo

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    Lbero So Paulo v. 17, n. 34, p. 145-154, jul./dez. de 2014Bruno Souza Leal / Phellipy Jcome / Nuno Manna A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela...

    Bruno Souza Leal

    Doutor e Pesquisador permanente do PPGCOM/UFMG e coordenador do Ncleo de Estudos Tramas

    Comunicacionais: Narrativa e ExperinciaE-mail: [email protected]

    A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela esquece

    Resumo: Nos ltimos anos, vm se intensificando diagnsticos que denunciam uma crise do jornalismo, tanto como modelo de negcio quanto como ator na constituio do espao pbli-co nas sociedades democrticas. Entretanto, tais diagnsticos parecem negligenciar que a crena em um paradigma tra-dicional do jornalismo e de sua crise profundamente carente de historicidade. Neste artigo, tecemos uma reflexo sobre a construo da crena neste suposto paradigma para perguntar-nos se a to afirmada crise seria mesmo do jorna-lismo ou se corresponderia, na verdade, aos modos de com-preend-lo.Palavras-chave: Jornalismo, crise, modernidade, histria.

    La crisis del periodismo: lo que dice y lo que se olvidaResumen: En los ltimos aos, se han intensificado los diag-nsticos que denuncian una crisis del periodismo, tanto como modelo de negocios como actor en la constitucin del espacio pblico en las sociedades democrticas. Sin embargo, dichos diagnsticos parecen no tener en cuenta que la creencia en un paradigma tradicional del periodismo y de su crisis care-ce de historicidad. En este artculo, proponemos una reflexin acerca de la construccin de este supuesto paradigma para in-dagar si la crisis sera propia del periodismo o si correspon-dera, en realidad, a los modos de entenderlo.Palabras clave: Periodismo, crisis, modernidad, historia.

    The crisis of journalism: what she says and what she forgetsAbstract: In the last years, there has been an increasing of diagnoses denouncing a crisis of journalism, as both business model and actor in the constitution of the public space in the democratic societies. However, such diagnoses seem to neglect that the belief in a traditional paradigm of journalism and in its crisis lacks deeply of historicity. In this paper, we deve-lop a reflection on the construction of that supposed paradigm to enquire if that crisis is really of journalism itself or, actu-ally, of the ways of comprehending it.Keywords: Journalism, crisis, modernity, history.

    J h algum tempo, diferentes pesquisa-dores tm apontado e refletido sobre uma crise do jornalismo ocidental (Almiron, 2010; Fuller, 2010; Schlesinger, 2006; Starr, 2012; Young, 2012; entre outros), cujos si-nais envolvem alteraes em diversos m-bitos, tais como no seu modelo de negcio, na queda de tiragem dos jornais impressos e mesmo de popularidade dos telejornais, na crescente tabloidizao da imprensa, e na

    Phellipy Jcome

    Doutorando da Ps-graduao em Comunicao e Sociabilidade Contempornea da UFMG

    E-mail: [email protected]

    Nuno Manna

    Doutorando da Ps-graduao em Comunicao da UFMG

    Mestre e bacharel em Comunicao Social E-mail: [email protected]

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    Lbero So Paulo v. 17, n. 34, p. 145-154, jul./dez. de 2014Bruno Souza Leal / Phellipy Jcome / Nuno Manna A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela...

    Segundo Dahlgren (2009), a crise pela qual o jornalismo estaria atravessando se liga a uma srie de circuns-tncias socioculturais contemporneas

    mudana nos valores consagrados que regu-lam a prtica profissional (Meyer, 2007; Zeli-zer, 2009 e 2008; Santanna, 2008; Anderson, Bell; Shirky, 2012). Nesse cenrio claro de transformaes pelas quais passa o jornalis-mo, at mesmo relaes vitais, como aquelas que envolvem o mercado e o capital (e que permitiriam, ao menos idealmente, a possi-bilidade de uma imprensa livre) e com o desenvolvimento e manuteno do espao pblico, so alvo de revises. Essa crise, assim, ora recebida sob olhares positivos,

    como parte das transformaes histricas que envolvem qualquer fenmeno cultural e com poder de renovao do jornalismo, ora tem como resposta manifestaes de preo-cupao e de apelo importncia de certas caractersticas fundamentais do fenmeno jornalstico.

    Um dos efeitos desse debate em torno das transformaes do jornalismo e seus desdo-bramentos e impactos a emergncia de duas perspectivas aparentemente antagnicas, mas que no raro so encontradas juntas, uma vez que no se deixam reduzir a percepes dico-tomicamente divididas entre aquelas favo-rveis ou desfavorveis. Nesse sentido, um artigo de Michael Schudson, publicado em 2008, exemplar. Nele o autor, por um lado, combate o subdesenvolvimento das pesqui-sas histricas sobre o jornalismo, deixando claro seu descontentamento e sua reivindi-cao com o que entende ser um descaso dos departamentos de histria. A importncia

    da pesquisa histrica sobre o jornalismo cal-cada no entendimento de que o [j]ornalismo no algo que flutua platonicamente sobre o mundo e que cada pas copia, moldando--o conforme sua gramtica nacional (2008, p. 188. Traduo nossa).

    Assim, a diversidade de formas, proces-sos, qualidades e relaes que fazem do jor-nalismo um fenmeno histrico-social seria pouco conhecida, o que constitui uma perda importantssima no s para sua apreenso como para a reflexo sobre as distintas rea-lidades em que se insere e atua. Por outro lado, o mesmo Schudson que afirma que [o] que importa, sobretudo a respeito do jornalismo sua relao com a democracia... o papel do jornalismo em tornar o autogo-verno democrtico possvel ou no fracasso de preencher seu potencial de tornar o auto-governo democrtico possvel (2008, p. 182. Traduo nossa).

    Dessa forma, pode-se perceber que o reco-nhecimento da importncia da multiplicida-de de relaes que envolvem o jornalismo acompanhado por uma visada que o fixa em um papel fundamental. O jornalismo vis-to, ento, como uma instituio social cuja funo mais importante, aquela que justifica-ria sua existncia, de natureza poltica, vin-culada democracia e vida pblica. Outras formas e processos jornalsticos, como aqueles ligados ao drama humano ou ao mercado econmico-financeiro, so submetidos, desse modo, a uma hierarquia que tende coloc--los em segundo plano, como decorrncias ou criaes derivadas e secundrias. Identifica--se, nesse sentido, uma aparente contradio entre a demanda pela pesquisa histrica so-bre o jornalismo, que levaria identificao e problematizao de suas diversas e discor-dantes manifestaes (nas especificidades das relaes histrico-sociais que o conformam) e a definio de uma funo poltica funda-mental que, mais que flutuar, atravessaria realidades e tempos, numa visada que poderia ser definida como essencialista e a-histrica ou, ao menos, claramente etnocntrica.

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    Lbero So Paulo v. 17, n. 34, p. 145-154, jul./dez. de 2014Bruno Souza Leal / Phellipy Jcome / Nuno Manna A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela...

    Ademais, diante desse cenrio, impor-tante lembrar que no final do sculo XX, pensadores como Lyotard (1998), Bauman (1998), entre outros, apontaram para uma crise mais profunda que aquelas diplomti-cas, econmicas e sociais que assolaram os pases ocidentais ao longo da modernidade. Isso porque ela dizia respeito prpria base do pensamento ocidental, seus valores e for-mas de compreenso do mundo e da traje-tria humana. Tratava-se da crise das gran-des narrativas (Lyotard, 1988), ou seja, das formas de conhecimento fundamentais na constituio do saber moderno. Essa crise tornava evidente a frustrao em relao ao projeto de modernidade, a partir da desesta-bilizadora percepo de que as promessas do discurso moderno no se cumpriram historicamente. Mais do que revelar proble-mas circunstanciais, o que a chamada crtica ps-moderna e os debates que ela acentua e at hoje provoca a necessidade de fazer emergir as questes histricas implicadas nas instituies e prticas da modernidade.

    O chamado histria, assim, menos que apontar para um vazio ou um desconheci-mento acerca de acontecimentos, atores e processos, tem como fundamento o reconhe-cimento da historicidade das prprias formas de saber que constituram a modernidade. Em outras palavras, a pesquisa sobre outros acontecimentos histricos e a reinterpretao daqueles j conhecidos visa no apenas pro-duzir novos entendimentos sobre eles, mas tambm revisar os modos como eles foram e so sabidos. Nesse sentido, a reflexo acer-ca da crise do jornalismo no se descola da discusso acerca da crise da modernidade. Afinal, o jornalismo se tornou nos ltimos sculos uma das expresses que mais forte-mente manifesta os valores modernos, e que, por meio deles, to diretamente participa na maneira como as pessoas lidam diariamente com a compreenso da realidade.

    Assim, este artigo tem por objetivo re-fletir sobre a tenso entre a reivindicao de uma maior intensidade e proficuidade

    das pesquisas histricas sobre o jornalis-mo e um apego a valores ou papeis funda-mentais, que tambm devem ser encarados como historicizveis. No se trata, claro, de desconhecer ou desprezar a importncia do jornalismo na conformao da vida poltica e para a democracia, mas de reconhecer que, ao fim e ao cabo, uma definio apriorsti-ca acerca do que ele pode levar exatamente ao apagamento de sua importncia e de sua diversidade. Em outras palavras, observa-se que essa tenso se d, ento, por um discur-so moderno de autolegitimao do jornalis-mo que deixa em segundo plano seus outros modos de ser historicamente constitudos. Na observao dessa tenso, busca-se carac-terizar primeiro alguns contornos desse dis-curso para, depois, contrap-los com outras vises j presentes em estudos que circulam entre aqueles que dedicam sua ateno ao fe-nmeno jornalstico.

    Os contornos da crise

    Segundo Dahlgren (2009), a crise pela qual o jornalismo estaria atravessando se liga a uma srie de circunstncias socioculturais contemporneas. O autor mostra como, cada vez menos, o que as pessoas sabem sobre o mundo resultado do jornalismo tradicio-nal, e que seu prprio papel na democracia vem se alterando, ou mesmo se reduzindo. Diante de novas formas de produo e cir-culao de saber, segundo ele, o jornalismo vem enfraquecendo-se e desmoralizando-se:

    [...] a prpria definio do que deve ser considerado jornalismo (assim como quem ou no jornalista) torna-se turva, tendo em vista que os limites do jornalismo tm sido desafiados em vrias frentes por outros tipos de relaes pblicas, pela cul-tura popular, pela comunicao poltica de defesa, pela informao no noticiosa, ad hoc ou pelo jornalismo cidado, contedo gerado pelo prprio usurio, alm de ou-tros fenmenos (Dahlgren, 2009, p. 147. Traduo nossa).

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    Lbero So Paulo v. 17, n. 34, p. 145-154, jul./dez. de 2014Bruno Souza Leal / Phellipy Jcome / Nuno Manna A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela...

    Dahlgren mostra que tal crise do jornalis-mo tradicional vem sendo tema de discusso entre muitos jornalistas e editores. Ele cita o exemplo da criao de um Committee of Concerned Journalists, formado em 1997 nos EUA e que existiu at 2011. Tal comit foi responsvel por um importante estudo que visou diagnosticar dilemas enfrentados pelo jornalismo e apontar para a importncia da reafirmao de quadros profissionais nor-mativos. Outra resposta mencionada pelo autor a tal crise do jornalismo so os relat-rios anuais intitulados The State of the News Media, realizado pela organizao Project of Excellence in Journalism. Em seu relatrio de 2008, como recupera Dahlgren, afirma--se que o jornalismo encontra-se no meio de uma transformao to fundamental quanto no momento da inveno do telgrafo ou da televiso. Tais relatrios oferecem anlises e dados extensivos que identificam tendn-cias de curto e longo prazo, e buscam guiar a transio da instituio jornalstica da me-lhor maneira possvel em meio crise.

    Dahlgren (2009) analisa tambm como estudiosos vm tratando os aspectos tecno-lgicos, culturais, econmicos e polticos da crise desde o incio dos anos de 1990 ele menciona, por exemplo, estudos de autores como David Altheide & Robert Snow (1991) e Daniel Hallin (1992) , e mostra como o diagnstico da crise no se refere exatamen-te ao jornalismo de uma maneira geral, mas ao que se pode chamar de seu paradigma clssico. Esse modo de ser do jornalismo em questo, como formula Dahlgren, tem como base os ideais liberais tradicionais de demo-cracia, que comearam a se desenhar nos ltimos sculos. Faziam-se presentes de ma-neira marcante alguns dos principais valores do saber moderno:

    [a]travs de suas narrativas, o jornalismo clssico clama por uma apresentao pre-cisa e imparcial da realidade que existe in-dependentemente de sua histria e que externa s instituies do jornalismo. Ele visa uma cidadania heterognea que ba-sicamente compartilha a mesma cultura

    pblica, cujos cidados tm o jornalismo como recurso para participao na pol-tica e na cultura da sociedade. O jorna-lismo, nesse modo, serve como uma for-a integrativa e como um frum comum para o debate (Dahlgren, 2009, p. 147. Traduo nossa).

    No Brasil, circunstncias histricas re-centes particularizam a percepo de uma crise jornalstica. De maneira muito con-tundente, uma srie de revises sobre o pa-pel do jornalista na sociedade se deu quan-do, em 2009, o Supremo Tribunal Federal findou com a obrigatoriedade do diploma em jornalismo para sua prtica. Alm dis-so, a perda de consumidores (leitores, ou-vintes, telespectadores), especialmente os mais jovens, por parte das mdias infor-mativas de referncia, acentua o impacto de outras formas de acesso informao, geralmente online, que no aquelas facil-mente reconhecveis como jornalsticas. Esse cenrio acompanhado ainda, para citar mais dois exemplos, pela exausto do modelo produtivo estabelecido nos anos 70, que, centralizado em duas cidades do pas, tem dificuldades de se articular com as re-alidades locais e microrregionais, algo que vem sendo cumprindo por uma diversidade de produtos, ferramentas, pginas e redes viabilizadas pela internet que, por sua vez, desenvolvem modos peculiares de apreen-der e narrar essas realidades; e pela crescen-te fora dos chamados jornais populares, capazes de articularem informao, servio e entretenimento de modo peculiar e de se comunicarem de maneira mais eficaz com pblicos tradicionalmente desconsidera-dos (as chamadas hoje classes C e D) pelos jornales. Tais transformaes impac-tam fortemente em diferentes dimenses da instituio jornalstica, alcanando seus processos de produo, seus modelos de negcio, seus valores reguladores e seus modos de conceber o que informao e de narr-la (como apontam, entre outros, al-guns dos artigos reunidos por Silva, Kunsch, Berger e Albuquerque, 2011).

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    Lbero So Paulo v. 17, n. 34, p. 145-154, jul./dez. de 2014Bruno Souza Leal / Phellipy Jcome / Nuno Manna A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela...

    Conceber a existncia de uma realidade

    externa e fixa equivalente a

    congelar as disputas de sentidos em

    nossa sociedade

    No diretamente ligada a isso, mas cer-tamente correlacionada, foi a iniciativa das organizaes Globo, em meados de 2011, de publicar uma carta aberta na qual expunham seus princpios editoriais.1 Na carta, afirma--se que tais princpios [...] foram praticados por geraes e geraes de maneira intuitiva, sem que estivessem formalizados ordenada-mente num cdigo. (Princpios, s/p) Logo em seguida, comentam: Por que, ento, for-maliz-los neste documento? (Princpios, s/p). A justificativa a seguinte:

    Com a consolidao da Era Digital, em que o indivduo isolado tem facilmente acesso a uma audincia potencialmente ampla para divulgar o que quer que seja, nota-se certa confuso entre o que ou no jornalismo, que ou no jornalista, como se deve ou no proceder quando se tem em mente produzir informao de qualidade (Princpios, s/p).

    O documento, em seguida, prope uma interessante formulao que define como o jornalismo deve ser entendido:

    O jornalismo aquela atividade que per-mite um primeiro conhecimento de todos esses fenmenos, os complexos e os sim-ples, com um grau aceitvel de fidedigni-dade e correo, levando-se em conta o momento e as circunstncias em que ocor-rem. , portanto, uma forma de apreenso

    da realidade (Princpios, s/p).

    Em seguida, esse documento indica como o jornalismo deveria agir. Ressalta-se que, ainda que se reconhea a relatividade de no-es totais como verdade e objetividade, os Princpios... afirmam que devem existir tcnicas que permitem ao ser humano, na busca pelo conhecimento, minimizar a graus aceitveis o subjetivismo. A iseno , ento, destacada como algo a ser sempre buscado. Interessante perceber como a carta se justi-fica por uma circunstncia histrica, envol-vendo questes tecnolgicas e ticas, ainda

    1 Princpios editoriais das organizaes globo. Rio de Janeiro, G1. Disponvel em: . Acesso em: 10/12/2012.

    que o que esteja em jogo, claramente, seja uma busca pela permanncia da legitimida-de de uma forma de conhecimento. Todos os movimentos de relativizao e renovao de um paradigma moderno de jornalismo pa-recem estratgias retricas que reconduzem afirmao do saber jornalstico tradicional.

    Essa concepo sobre o jornalismo fre-quentemente encontrado em manuais de redao jornalstica (Travancas, 1992; Bar-bero; Lima, 2003; Paternostro, 1987; Cardet

    e Silva, 1984; entre outros), em princpios editoriais (Clarn, 1997; Organizaes Globo, 2011; Folha de S.Paulo, 2010; La Voz del Inte-rior, 1990, 2006; entre outros) e mesmo em estudos tericos que apregoam a necessidade de criao de uma deontologia jornalstica e/ou a existncia de critrios fixos e pertinen-tes para a apreenso da realidade e sua apre-sentao sob forma de relato (Beltro, 1969; Melo, 2006, 1994; Erbolato, 1988; Lage, 1985, 1986; entre outros). No raramente, textos to diferentes como esses abordam o jorna-lismo atravs do prisma profissional, interes-sados em promover o jornalista como ator privilegiado (se no o nico) no processo de transposio da realidade operada por sua prtica. Isso porque, para se oferecer a no-tcia como um produto verdadeiro, assume--se o compromisso do profissional em obter a informao por meio de procedimentos e mtodos seguros. No por acaso, esse tipo de concepo tende a considerar a narrativa como um mero instrumento atravs do qual

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    Lbero So Paulo v. 17, n. 34, p. 145-154, jul./dez. de 2014Bruno Souza Leal / Phellipy Jcome / Nuno Manna A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela...

    o jornalista seria capaz de duplicar o real, processando-o e relatando-o objetivamente ao pblico, alm de desconsiderar ou ideali-zar outros agentes jornalsticos como as m-dias informativas e as fontes.

    Sejam eles manuais de redao, estudos empricos e/ou tericos ou manifestos edi-toriais, esses distintos textos materializam um discurso que sugere que o jornalismo uma instituio consolidada, fundada por um conjunto estabilizado de mtodos e de expresses que ultrapassam crenas e con-

    dies histricas. No mnimo, cada manual ou livro introdutrio, por exemplo, ignora sempre as contingncias das prprias cren-as e condies histricas que esto na base do discurso que performa. Afirma-se, assim, a viso de algo monumental, acima das pes-soas e das prticas individuais do jornalismo, do que aquilo que se supe ser um comparti-lhado e j legitimado paradigma jornalstico.

    Pode-se perceber ainda que h uma ma-nuteno desse tipo de perspectiva em obras temporalmente distantes, o que sugere certo congelamento histrico dos modos de com-preenso do jornalismo. A base especular que sustenta tal argumento postula que a notcia funciona como uma espcie de duplicao de fragmentos de um real pr-existente. Algo acontece no mundo, e o profissional da infor-mao est l para ir e colher a realidade ob-jetivamente, apropriando-se de instrumentos que lhe garantiriam pluralidade e indepen-dncia (como o recurso de ceder a palavra aos

    vrios lados de uma querela, o uso de dados cientficos, a utilizao de fontes confiveis etc). O texto jornalstico seria, portanto, ca-racterizado por uma denotao transparente, e seu sentido, totalizvel e imanente.

    Entretanto, aceitar a realidade como um monlito estvel significa tentar estabiliz-la num nico momento da histria, como se aquele acontecimento, daquela maneira es-pecfica, s pudesse ter existido no mundo do modo como est exposto naquele relato. Ade-mais, minimiza-se a possibilidade refigurati-va do leitor, uma vez que o texto, encarado como o real, seria por si s, acabado e pleno de sentido. Desse modo, a crena num real exterior e estvel gera valores que fundam um modo de concepo do jornalismo que, en-carnado em procedimentos textuais, abrem espao para contradio entre a idealizao de um nico modo de ser e a concretude dos diferentes modos como o jornalismo feito, em seus procedimentos, processos de produ-o, circulao e recepo, modos de narrar etc. Temos a a condio da criao daquela que talvez seja a maior das contradies do discurso jornalstico acerca de si: a tentativa de tornar seu discurso atemporal, tendo em vista que uma realidade to estvel a ponto de deixar-se capturar plenamente s pode ser mesmo to fantasiosa quanto a-histrica.

    Conceber a existncia de uma realidade externa e fixa equivalente a congelar as dis-putas de sentidos em nossa sociedade. Nos manuais de jornalismo, princpios editoriais e em algumas perspectivas tericas, a elipse dos processos histricos e sociodiscursivos que permitiram a ascenso do jornalismo como um dos regimes de verdade na socie-dade moderna estratgia fundamental para fazer crer na possibilidade da objetividade e na existncia de fatos. Menos, portanto, que registros de modos de proceder, de princ-pios para a ao jornalstica aberta diversi-dade cultural ou reflexes sobre a complexi-dade do fenmeno jornalstico, textos como esses se articulam a um discurso regulador, no qual a compreenso das incoerncias, os

    Acabou-se negligenciando, durante muito tempo, que o saber jornalstico, em sua base, nunca foi livre das prprias tenses que instaurava

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    Lbero So Paulo v. 17, n. 34, p. 145-154, jul./dez. de 2014Bruno Souza Leal / Phellipy Jcome / Nuno Manna A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela...

    paradoxos e da multiplicidade das expresses jornalsticas, e das implicaes que esses as-pectos envolvem, parecem ter sido ofuscadas por uma constante busca de um ethos padro (Leal, 2012). Acabou-se negligenciando, du-rante muito tempo, que o saber jornalstico em sua base nunca foi livre das prprias ten-ses que instaurava.

    Esse modelo de como o jornalismo deve-ria ser certamente vem guiando o entendi-mento e as expectativas sobre ele nos ltimos sculos. No entanto, de maneira mais con-tundente, importante observar que, ainda que essa regulao e essa expectativa tenha sempre existido, importante observar que, historicamente, o jornalismo, mesmo aquele encarnado nos veculos de referncia, emble-mas da seriedade e profissionalismo, nunca conseguiu operar plenamente dessa maneira. Assim, esse modelo, esse entendimento acer-ca do jornalismo de notcias, que parece se aprofundar em uma crise recente, se consti-tuiu historicamente dentro de um paradoxo que envolve uma normatividade sobre a ma-neira de compreender a si mesmo e suas re-laes com a realidade e a vida social o que implica necessariamente uma normatizao sobre os formatos jornalsticos e a manei-ra sempre incompleta, incoerente ou insufi-ciente de se alcanar tais ambies.

    A historicidade no regulada

    O investimento num percurso histrico das narrativas jornalsticas contemporneas faz perceber que uma mesma matriz, at certo ponto indiferenciada, um dia uniu o que hoje se apresenta separadamente como discursos ficcional, histrico e jornalstico. Em sua vi-sada foucaultiana, ao analisar o aparecimen-to do romance ingls, Lennard Davis (1983) convoca a refletir sobre essa mesma base res-ponsvel por almagamar, no sculo XVI, di-ferentes modalidades narrativas. Para o autor, menos que uma srie de gneros deslocados uns dos outros, deve-se atentar para um dis-curso que foi forado a subdividir-se por uma

    srie de mudanas sociais e exigncias hist-ricas. Tal discurso poderia ser parcialmente nomeado como prosa narrativa impressa (prose narrative in print) (Davis, 1983, p. 45).

    nesse sentido que, como sugere Davis (1983, p. 45), se se segue um contnuo que vai desde a narrativa greco-romana at a idade mdia, ou se se retrocede no tempo a partir das narrativas dos sculos XVIII e XIX, pode-se chegar a um ponto comum, por vol-ta do sculo XVI, que remete a um tipo de publicao chamada novels, que unia news ballads (tida como um dos principais ante-cedentes do jornalismo) e contos. Segundo Davis (1983), a novel foi a primeira publica-o genuinamente oriunda da interseo en-tre a impresso - permitida pelos tipos m-veis - e a narrativa. No deixa de ser curioso notar que o que depois seria separado por inmeros gneros (news ballad, os contos de crimes, news-book, contos, histrias curtas e jests), nesse momento era nomeado sob um s signo: novel (Davis, 1983, p. 46). E mais ateno convocada ao se perceber que, nesse momento histrico, a objetividade ou a separao entre discurso ficcional e no ficcional no existia como algo relevante ou problemtico para essa matriz.

    Para Davis (1983), a principal forma de jornalismo no sculo XVI teria sido a can-tiga impressa (printed ballad). O autor des-taca que o aparecimento da imprensa repre-sentou a introduo de uma tecnologia que permitia a rpida publicao de matrias de interesse pblico. A possibilidade de noti-ciar eventos prximos da realidade local fez com que as cantigas de cunho jornalstico, que tratavam de guerras, assassinatos, even-tos naturais e sobrenaturais superassem con-sideravelmente as de outros tipos, como as que tratavam de amor. A anlise das cantigas implementada por Davis (1983) faz perceber que, ainda que fosse cada vez mais crescente um apelo factualidade, nesse ponto da his-tria parecia importar pouco a veracidade (no sentido estreito) do fato em questo. Como destaca o autor:

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    [a] verdade no necessariamente caminha ao lado do fato no sculo XVI. Michel Fou-cault destaca que durante este perodo, a operao primria do intelecto era a de bus-car os sinais trazidos pelo evento, ou seja, o nascimento de uma criana monstruosa no era uma ocorrncia importante para o even-to em si, mas sim um sinal da inteno de Deus: A funo adequada para o conheci-mento no est em ver ou demonstrar, mas em interpretar. Esta atitude para com a re-alidade diminui o peso literal dos aconteci-mentos, e os requer apenas a fim de sondar suas profundezas e de buscar o estrato genu-no da verdade moral atravs da interpreta-o (Davis, 1983, p. 69. Traduo nossa).

    O rompimento com uma viso homoge-neizante do jornalismo deve tambm passar por uma perspectiva que encontra na diver-sidade de expresses jornalsticas uma de suas chaves importantes. Como aponta Bar-bie Zelizer (2009), a multiplicidade sempre fez parte da paisagem jornalstica desde o surgimento das notcias:

    Das formas iniciais de informao oral s trocas de informao online mais recentes, o jornalismo tem sempre sido mltiplo, multidimensional, multidirecional e mul-tifacetado, e sua multiplicidade se tornou mais pronunciada quando o jornalismo recebeu mutaes necessrias conforme regies e locais. Apesar da variedade do jornalismo, porm, a investigao acad-mica sobre a notcia vem procedendo na maior parte das vezes sem esse reconhe-cimento. Por razes diversas, associadas prpria forma da pesquisa, acadmicos fo-ram tentados a favor de noes uniformes, unidimensionais e unidirecionais de como o jornalismo trabalha, as quais, com o tem-po, se moveram para fora do contato com as formas com que as notcias se difundi-ram (Zelizer, 2009, p. 1. Traduo nossa).

    Ao acentuarmos toda a multiplicidade que habita dentro da prpria fundao de um modo tradicional de conceber o jornalismo, percebe-se que todo o seu conjunto de valores baseado em crenas (e no em fatos, como as pesquisas criticadas por Zelizer sugerem). E se imprimirmos historicidade a essa concep-

    o, descobriremos que a crise diagnosticada ou antecipada sintoma de outra, que sempre existiu sombra de compreenses de cunho ordenador e homogeneizante, sejam elas de teorias ou do prprio discurso jornalstico. Diante de um movimento constantemente errante e heterogneo, a prpria noo fun-dacional e estvel do jornalismo deve ser pro-blematizada. Ou seja, a to alardeada crise do jornalismo caracterizada por trabalhos aca-dmicos, intimamente ligados quela crise to exaustivamente decupada em diagnsti-cos e fatalmente sentida na economia do se-tor miditico, est menos relacionada com o jornalismo enquanto conjunto complexo de fenmenos do que com um modo de com-preend-lo e fix-lo.

    Como aponta Carvalho (2012) ao tratar de uma crise epistemolgica nos estudos em jornalismo, deve-se nos perguntar em que medida as teorias que buscam compreender o jornalismo estariam operando conceitu-almente a partir das prprias dicotomias e simplificaes tpicas dos processos de pro-duo das notcias? (Carvalho, 2012, p. 18). Isso porque menos do que um nico modo de ser, os fenmenos jornalstico parecem envolver distintas, variadas e, at mesmo, contraditrias formas, processos e condies de existncia, que, por sua vez, necessitam de modos prprios de compreenso.

    Como aponta Leal (2013), importante perceber que, sendo um fenmeno cultural, as regras e procedimentos do jornalismo so sempre marcados por valores, caractersticas e percepes que o vinculam a tempos e espa-os particulares. Nesse sentido, por mais que o discurso sobre o jornalismo tente conferir lisura e iseno a seu saber, ele nunca est livre nem dos dilemas epistemolgicos das socie-dades que o fundam, nem da irregularidade do percurso histrico: Isto dizer, ento, que tais procedimentos de escrita, antes de serem permanentes, neutros e a-histricos, esto ar-ticulados s tenses que regulam e perpassam o fazer jornalstico e que o inserem no tempo e na cultura. (Leal, 2013, p. 26). Nesse sentido,

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    Lbero So Paulo v. 17, n. 34, p. 145-154, jul./dez. de 2014Bruno Souza Leal / Phellipy Jcome / Nuno Manna A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela...

    fica evidente a importncia de se pensar afir-mao de um modo de ser nico, fundamen-tal, de uma espcie de paradigma tradicional do jornalismo, como um gesto ideolgico em constante reafirmao. A cada gesto, est im-plicado no somente uma pretensa perpetua-o do lugar do jornalismo como instituio social legtima, mas tambm o saber que ele constitui sobre o mundo.

    interessante notar tambm que as ten-tativas de manuteno dos valores funda-mentais que constituiriam um paradigma no supem sua estabilidade podem in-dicar, inclusive, justamente o contrrio. Mi-chel Schudson (2010) mostra, por exemplo, como o conceito de objetividade jornalstica modificou-se ao longo da histria do jorna-lismo nos EUA, variando de acordo com as circunstncias culturais e polticas com as quais se relacionava. Tais apontamentos so indcios da constituio mais heterognea e dinmica de um modo de ser que se revela muito mais mltiplo e incoerente do que afirmam alguns jornalistas ou mesmo mui-tos estudiosos do jornalismo.

    Nesse sentido, a partir do que observa Barbie Zelizer (2009), ao contrrio do que parecem sugerir os alarmistas da crise e sua crena em um modelo monoltico, o jorna-lismo nunca esteve livre de fissuras e de con-traexemplos. Como mostra a autora, mesmo nas mais tradicionais expresses jornalsticas, o que o jornalismo de fato pode ser muito menos consensual do que os estudiosos gos-tariam, precisariam ou supusessem. Segun-do Zelizer, o fenmeno jornalstico muitas vezes apaziguado em sua complexidade, e se busca em expresses mltiplas simplesmente a confirmao de uma mesmidade:

    De um modo tpico, comum no comparti-lhamento de conhecimento, pesquisadores acadmicos tenderam a privilegiar uma configurao intelectual para a compre-enso da notcia que favorece ordem sobre confuso, coerncia sobre contradio, estabilidade sobre fluxo, fluidez sobre de-sigualdade e previsibilidade sobre contin-gncia (Zelizer, 2009, p. 3. Traduo nossa).

    Zelizer traz ainda uma contribuio de fundamental importncia ao afirmar que quando nos movemos para frente no tempo e no espao, ele [o jornalismo] faz ver rugas e marcas que deveriam nos levar a questionar as formas originais que pensamos que ele envolveria (2009, p. 3). O reconhecimento da historicidade do jornalismo e a pesquisa histrica que leva isso em conta, portanto, devem atentar-se continuamente a uma di-menso reflexiva, decisiva para escapar de modelos e padres pr-estabelecidos, para

    observar a diversidade e multiplicidade de formas, valores, processos e qualidades que fazem do jornalismo algo to complexo. Em outras palavras, o que jornalismo? deve ser sempre uma pergunta norteadora, par-cialmente resolvida atravs de suas poten-ciais, circunscritas e histricas respostas.

    Se esse no um momento indito de transformaes intensas no jornalismo oci-dental, tampouco indita a recorrncia ao discurso da crise. E nas mais diversas cir-cunstncias histricas, culturais e econmi-cas, a discusso em torno da crise esteve sem-pre ligada legitimao de um modelo e de um saber em detrimento de uma alteridade pulsante. Desconfiar dos parmetros da crise tal qual como ela vem sendo desenhada nas ltimas dcadas no significa, portanto, ne-gligenciar as profundas transformaes pelas quais a imprensa vem passando, mas perce-ber como esses parmetros esto fundados por um paradigma compartilhado entre

    Desconfiar dos parmetros da crise nas ltimas dcadas

    no significa negligenciar as trans-

    formaes pelas quais a imprensa vem passando

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    Lbero So Paulo v. 17, n. 34, p. 145-154, jul./dez. de 2014Bruno Souza Leal / Phellipy Jcome / Nuno Manna A crise do jornalismo: o que ela afirma e o que ela...

    RefernciasReferncias

    muitos jornalistas e acadmicos; e perceber ainda que esse paradigma ele prprio, ing-nuo e negligente em relao complexidade do jornalismo e de seus mltiplos fenme-

    nos e possibilidades, ou mesmo em relao complexidade da prpria democracia da qual o jornalismo se coloca como bastio.

    (artigo recebido abr.2014/aprovado ago.2014)

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