A crise da água, suas causas e as políticas para ... · Em uma pesquisa feita em 2005, ......

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Nicole Oliveira

BACHAREL EM DIREITO PELA UNIV. MACKENZIE, MESTRE EM DIREITO INTERNACIONAL E RESOLUÇÃO DE CONFLITOS PELA UNIV. PARA A PAZ DA ONU, COSTA RICA E MESTRE EM TRANSFORMAÇÃO DE CONFLITOS INTERNACIONAIS PELA UNIVERSIDADE DE INNSBRUCK, ÁUSTRIA.

ATUOU COMO DIRETORA DA CASA DE CULTURA E CIDADANIA, CAMPAIGNER DE CLIMA E COORDENADORA DE ARRECADAÇÃO DE RECURSOS NO GREENPEACE BRASIL E DO VITAE CIVILIS.

ATUALMENTE É LÍDER DA EQUIPE DA 350.ORG NA AMÉRICA LATINA.

Ligando os pontos entre

Agronegócio e Mudanças Climáticas

Mudanças Climáticas

Impactos das mudanças climáticas

Que o Agronegócio tem a ver com isso?

Não Vote em Ruralista e outras Soluções

Mudanças

Climáticas

Mudanças Climáticas

O aumento da concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera é que leva ao que se chama de aquecimento global e, consequentemente, às mudanças climáticas.

Gases de Efeito Estufa

Existem muitos gases de efeito estufa • Dióxido de carbono (CO2) – mais abundante • Metano • Óxido nitroso • CFCs • Ozônio

Os gases na atmosfera que absorvem calor na superfície da Terra são chamados gases de efeito estufa e existem naturalmente na nossa atmosfera em pequenas quantidades.

Gases de efeito estufa são naturalmente armazenados no

nosso planeta

• acima do solo, em plantas, árvores e nos oceanos

• sob o solo na forma de combustíveis fósseis – carvão, petróleo, gás

natural e mais.

• em processos digestivos de animais e decomposição de matéria

orgânica

Aquecimento global

Fonte: CPTEC/INPE

A Terra está aquecendo rapidamente

Mudança da temperatura média global desde 1850

Atualmente já estamos na zona de perigo

“Se a humanidade deseja preservar um planeta semelhante ao que a

civilização se desenvolveu e onde a vida na Terra está adaptada,

evidências paleoclimáticas e as mudanças climáticas em curso sugerem

que a concentração de CO2 terá que ser reduzida das atuais 387 ppm para

no máximo 350ppm.”

Dr. James E. Hansen, 2008

Climatologista da NASA

1988: PNUMA e OMM criam o IPCC para melhorar o nível de entendimento científico sobre as mudanças climáticas 1990: IPCC recomenda criação de convenção para cooperação internacional em torno do enfrentamento das mudanças climáticas e redução das emissões de GEE 2007- Publicação do AR4 – Prêmio Nobel da Paz

O maior projeto de pesquisa da história

2.000 cientistas, novos relatórios

periodicamente

Sabemos que nosso clima está mudando pelos

impactos que já estamos testemunhando.

Impactos

Um planeta em aquecimento irá impactar

dramaticamente nossa sociedade

As coisas estão mudando e podem ser medidas:

• Temperatura

• Gelo do Ártico

• Geleiras

• Aumento do nível do mar

• Eventos climáticos extremos

• Doenças

• Queda da produção agrícola

Os 10 anos mais quentes já registrados

aconteceram nos últimos 15 anos

O Ártico está aquecendo duas vezes mais rapidamente que

o resto do mundo

Entre 1979 e 2007, o Ártico perdeu mais de 40% do seu gelo

1979 2007

As geleiras estão derretendo diante dos nossos olhos

Em uma pesquisa feita em 2005, de 442 geleiras, 398 - ou 90% - estão encolhendo.

Muir & Riggs Glacier, Alasca, 1941

Muir & Riggs Glacier, 2004

No começo de 2009, pesquisadores na Bolívia foram medir a geleira Chacaltaya e

acabaram descobrindo que ela tinha desaparecido completamente.

À medida que a atmosfera

aquece…

Fica mais úmida

Causando tempestades

mais frequentes e intensas

Grandes enchentes por década N

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Grandes tempestades atingiram o Rio de Janeiro nos últimos anos

-

Em menos de 10 anos a Amazônia passou por duas

“secas de 100 anos”

Muitas regiões sofrerão com secas

Muitas regiões sofrerão com secas

Se nada for feito, caminhamos para um mundo 3-4 grausºC mais

quente

•Ásia (centro e sul): queda de 30% da produção agrícola

•América Latina: desertificação e salinização de 50% das terras agrícolas até 2050

•1.5-2.5 bilhões de pessoas a mais em todo o mundo expostas à dengue

•Diminuição de 50% da água dos rios na região do Mediterrâneo, sul da África e partes

da América do Sul, provocando a escassez de água para milhões de pessoas

Secas prejudicarão a produção agrícola (Fonte: William Cline, Center for Global

Development)

A medida é "% perda prevista na produtividade agrícola"

O colapso na produção de alimentos

“Estamos começando a entender que de todas as coisas horríveis

que os seres humanos conseguiram fazer, nada vai reprimir mais as

pessoas de forma tão poderosa quanto acabar com a estabilidade

física do planeta da qual dependem as pessoas mais pobres e

vulneráveis para obterem o pão do dia-a-dia.”

– Bill McKibben, ativista, escritor, ambientalista e co-fundador da 350.org

Nossos ecossistemas:

As mudanças climáticas podem causar a extinção de 20 a 30%

das espécies do planeta até o fim do século

Impactos nos oceanos

• Aumento do nível do mar

• Acidificação

• Aumento da temperatura da superfície do mar

• Alteração ou desaparecimento de correntes

oceânicas

O nível do mar está subindo

Previsão do aumento do nível do mar em 1 metro (estimativa

conservadora) Delta do Nilo em 2000 Delta do Nilo com o aumento de 1 metro do nível

do mar

IPCC-AR4: “0.18 – 0.59 m até 2100”

Post-AR4: “0.8 to 2.4 m até 2100“ (Hansen: “vários metros“)

Photo: Toby Parkinson/Oxfam

Pequenas ilhas já estão planejando e fazendo

deslocamentos em massa.

A propagação de doenças

infecciosas

“O aquecimento global aumenta a

ocorrência de malárias e dengue, diz

ONU.”

- Bloomberg, Nov. 27, 2007

Crise e ameaça aos direitos humanos

“Em 2010, 42 milhões de pessoas na China e

no Paquistão,foram forçadas a deixar suas

casas por consequência de desastres

naturais.”

Junho de 2011, Relatório do Conselho Norueguês de Refugiados

Floresta Amazônica Cientistas preveem a redução significativa da

quantidade de chuva na Floresta Amazônica

Ao invés de ser um sumidouro de carbono, a

Amazônia vai passar a emitir CO2

Fonte: NASA

Impactos agravados por causa dos ciclos de realimentação (feedback

loops) e pontos de não retorno como:

•A savanização da floresta amazônica

•Derretimento da camada de gelo da Groenlândia

•Liberação de metano devido ao derretimento de permafrost

•Mudança das monções na Índia

E o agronegócio, o que tem a ver com isso?

O Brasil possui uma das cinco maiores áreas de produção

rural do mundo, ocupando 38% do território nacional com

agricultura e pecuária.

Brasil é o maior produtor mundial de soja, laranja, açúcar, etanol, carne e frango. Tem o segundo maior rebanho bovino do mundo. Está entre os três maiores exportadores de produtos agrícolas e é o maior exportador de proteína animal.

O modelo agrícola brasileiro privilegia a produção para o mercado de commodities, produzindo monoculturas em larga escala.

O setor do agronegócio representa 59% das emissões totais do Brasil, incluindo as emissões dos processos de produção agropecuária, queima de combustíveis fósseis para energia e boa parte das emissões por desmatamento.

Se o agronegócio fosse um país, seria o 10º maior emissor do mundo

O Brasil é o 4º maior emissor de GEE do mundo, ficando atrás somente dos Estados Unidos, União Européia e China.

- Desmatamento - Emissões de gases de efeito estufa - Uso indiscriminado de agrotóxicos e transgênicos - Poluição do solo - Violações dos direitos humanos: trabalho escravo, perseguição de indígenas, agricultores - Violações dos direitos animais

Nesse modelo agrícola, os direitos humanos e a proteção ambiental são obstáculos para o crescimento e desenvolvimento.

OS RURALISTAS

- Maior e mais poderosa bancada do Congresso Nacional

- Geralmente Latifundiários

- Políticos financiados pelo Agronegócio e que atuam em nome dele

- Rede de 13 mil políticos

- São maioria na Comissão do Trabalho Escravo, Comissão da PEC das Terras Indígenas,

Comissão da MP do Código Florestal, Comissão da Agricultura, Comissão da Amazônia.

- Responsáveis por grandes retrocessos relacionados à questão florestal, comunidades

tradicionais e indígenas e climática.

As consequências da falta de ação são sérias.

Mas há razões para ter esperança:

• Existem soluções para o corte de emissões.

• Nós temos a capacidade de organizar um movimento para

demandar ação.

Soluções

Veja o vídeo para saber mais

• Desmatamento Zero

• Demarcação de territórios indígenas

• Reforma agrária

Comprar alimentos sazonais

Comprar alimentos produzidos localmente

Apoiar a agricultura familiar e a agroecologia

Melhorar as práticas agrícolas e de silvicultura

Comer menos carne

A revolução necessária para chegar às 350 ppm custará muitos menos

do que os custos dos impactos das mudanças climáticas

…melhorar a qualidade de vida nas nossas

comunidades

…e proteger o planeta para as futuras gerações

to

Roberto Lenox

MÉDICO SANITARISTA – MEMBRO DA COORDENAÇÃO DA MARCHA MUNDIAL DO CLIMA - MEMBRO DA COORDENAÇÃO NACIONAL DO

SOS CLIMA TERRA

Delmar Mattes GEÓLOGO, CONSULTOR E PROFESSOR

APOSENTADO DA ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS, FOI SECRETÁRIO DE VIAS PÚBLICAS E DE

OBRAS DA PREFEITURA DE SÃO PAULO NA ADMINISTRAÇÃO LUIZA ERUNDINA

A crise da água, suas causas e as políticas

para enfrentá-las

APEOESP SINDICATO DOS PROFESSORES DO ENSINO OFICIAL DO

ESTADO DE SÃO PAULO

SET/2014

Falta d´água vem ocorrendo em

vários bairros da Capital e municípios

das regiões metropolitanas de São

Paulo, ALÉM DE Campinas E outros

municípios do Estado

SITUAÇÃO EXTREMAMENTE GRAVE

APEOESP - SET/2014

APEOESP - SET/2014

APEOESP - SET/2014

• O racionamento vem ocorrendo de fato

• Diminuição de atividades produtivas: industrias, agricultura e serviços

• A importância do Sistema Cantareira para a metrópole de São Paulo e Campinas

APEOESP - SET/2014

• Bônus (rico não tem tanto interesse em economizar)

• Remanejamento de captações de outros

reservatórios

• Captação no chamado “volume morto” e agora o

segundo volume : O MORTO DO MORTO

• Criação do GTAG (sigla do comitê anticrise)

MEDIDAS EMERGENCIAIS ADOTADAS PELO GOVERNO E PELA SABESP

Governo paulista foi autorizado a usar 100 bilhões de litros extras do volume morto do

Sistema Cantareira

UOL NOTICIAS

RISCOS DE COLAPSO DO SISTEMA

• Governo e a SABESP apostam numa possibilidade de chuvas intensas a partir

de outubro – previsões sempre inseguras

• As possibilidades de desabastecimento foram previstas em várias

oportunidades desde 2004

• Enquanto aumentava o consumo de água e a poluição hídrica diminuía a

produção de água nos reservatórios

• A ocorrência de chuvas intensas escondia a falta de capacidade dos

reservatórios, especialmente o Sistema Cantareira, de atenderem as

necessidades de consumo

• A tendência é piorar: não foram tomadas medidas adequadas

RAZÕES DAS MEDIDAS INADEQUADAS ADOTADAS

• Esconder o péssimo de gerenciamento e as irregularidades da SABESP

• Evitar o desgaste eleitoral do Governador

• Ao mesmo tempo foi feita uma operação de “blindagem” na mídia

• Ela visa criar um clima de tranquilidade, como se o problema não

existisse

O QUE PRECISA SER FEITO DE IMEDIATO

• Estabelecer um plano emergencial (Plano de Contingência) com ampla participação dos

municípios e da sociedade

• Implantar o racionamento de água para permitir um enfrentamento organizado e

menos danoso dos efeitos da crise

• Criação de um Fórum Regional das Águas composto pelos Comitês de Bacia com maior

representação da sociedade civil para enfrentar a crise

• Iniciar discussões para elaborar políticas destinadas a enfrentar as CAUSAS MAIS

PROFUNDAS DA CRISE

POPULAÇÃO SEM INFORMAÇÕES E EXCLUIDA

Correio Popular, Campinas - 30/04/2014

CAUSAS MAIS PROFUNDAS

É preciso desmistificar que a crise é culpa exclusiva da falta de chuvas Embora passamos por estiagem:

ELA NÃO É A CAUSA PRINCIPAL

A causa mais profunda está na cobiça e na busca pelo lucro de um bem público essencial e vital

1) Degradação e desmatamento dos mananciais legalmente protegidos por: ocupações clandestinas, intensa urbanização e projetos governamentais (Ex. Rodoanel). Deterioração da qualidade da água.

3) Políticas de redução de consumo nos mananciais (gestão de demanda):

tratamento de esgotos, conservação ecossistemas, redução das perdas na

rede, redução do consumo doméstico nos condomínios (hidrômetros

individualizados), substituição de equipamentos sanitários, reuso da água em

domicílios. Industrias e estabelecimentos comerciais

4) Águas subterrâneas:

eliminar a clandestinidade da exploração (poços), contaminações pelo pouco

cuidado na manutenção, impedir o rebaixamento do nível pela exploração acima

da capacidade de recarga

5) Gestão de Recursos Hídricos democrático e participativo: controle social para equacionar conflitos, controlar e aprovar programas para

tomadas de decisões, implantar e acompanhar planos de contingência em situações de crise

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6) Agravamento dos eventos climáticos extremos:

precipitações intensas e estiagens acentuadas, principalmente pela intensa

urbanização e “ilhas do calor”, além do e aquecimento global (Plano Nacional de

segurança Hídrica).

Seca na represa Jaguari-Jacareí, que faz parte do Sistema Cantareira; reservatório tem pior nível da história, com 8,2% de seu volume total (Foto: Luis Moura/Estadão Conteúdo