A Criança como benção - blog

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A A A CRIANÇA COMO BENÇÃO E HERANÇA DO SENHOR CRIANÇA COMO BENÇÃO E HERANÇA DO SENHOR CRIANÇA COMO BENÇÃO E HERANÇA DO SENHOR CRIANÇA COMO BENÇÃO E HERANÇA DO SENHOR Heber Ramos Bertucci INTRODUÇÃO 1. No dia 12 de outubro nós temos uma comemoração toda especial em nosso calendário: o dia das crianças. Desta forma, hoje nós estudaremos um pouco sobre “A Criança Como Benção e Herança do Senhor”. I – TER FILHOS: PRIVILÉGIO E RESPONSABILIDADE 2. De acordo com o salmista, os nossos filhos, que vêm ao mundo como crianças, são “herança do senhor” (c. Sl. 127:3). Por isso, “Feliz o homem que enche delas a sua aljava” (Sl. 127:5), que era uma bolsinha em que se colocavam as flechas na antiguidade. O que aprendemos nestes dois versos é que é um privilégio ter filhos. Mas Pv. 23:13-14 também nos ensina que tê-los é uma grande responsabilidade. O Texto diz: “Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrará a sua alma do inferno.” Isso significa que o processo de ensino é essencial para os filhos, pois os livra até mesmo do inferno, e isso é função primordial dos pais. II – O ENSINO E A CURIOSIDADE DA CRIANÇA 3. De acordo com o escritor William Barclay, “‘Para o cristão a verdade é algo que primeiro deve descobrir-se, e logo obedecer-se.’” 1 Sendo assim, os pais devem fazer com que as crianças descubram a verdade orientando-as para que elas sigam os caminhos de Deus e se desenvolvam conforme Cristo cresceu: “... em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.” (Lc. 2:52). Uma das formas que os pais têm para ensinar os seus filhos é aproveitando-se de uma característica essencial que toda criança tem: a curiosidade. 4. O filósofo grego Aristóteles (384 – 322 a.C.) já dizia que “todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer.” 2 E sem dúvida, esse desejo 1 William Barclay Apud Hermisten M. P. da COSTA, Introdução à filosofia, f. 7. 2 Aristóteles. Apud Hermisten M. P. da COSTA, Teologia Sistemática: prolegômena, f. 4. vem já na infância quando a criança percebe a si mesma e o mundo ao seu redor e quer às vezes, consciente ou inconscientemente, descobri-los. O Rev. Hermisten Costa escreve que na infância “... a criança faz perguntas infindáveis sobre questões para as quais, nós, adultos, já a muito iniciados no mundo do saber, nem sempre temos respostas satisfatórias.” 3 E os pais têm que “se virar” para responder a perguntas como: “porque o papai não mora com a mamãe?”; “como eu nasci?”; ou ainda, “o que é a morte?”. E às vezes, as crianças recebem cada resposta ... 5. O interessante é também perceber que estas perguntas complicadas das crianças também invadem o campo religioso porque a religião da criança tem um forte elemento de curiosidade. O psicólogo cristão Merval Rosa escreve que “... há na religião da criança, um elemento de admiração e curiosidade (...) Esse espírito de curiosidade e de exploração é típico da faixa etária entre os sete e os doze anos. É nessa fase que a criança faz perguntas difíceis de responder. Em muitos casos (...) o problema é agravado pelo fato de o mundo adulto rodeá-las de certo ar de mistério.” 4 Em outras palavras, os pais não se preparam para responder a certas perguntas como: “O que é o céu?”; “Onde está hoje a vovó que já morreu?”, ou ainda, “Por que hoje não se ressuscitam os mortos como na época de Jesus?”. E a não preparação dos pais “... podem matar o espírito criativo da criança e levá-la a uma posição de indiferentismo e de apatia para com o problema religioso da vida.” 5 6. Na história da Igreja temos o relato da infância de um estudioso do passado chamado Orígenes. É narrado que ele fazia perguntas bem complicadas a seu pai sobre a Bíblia Sagrada. O seu pai o repreendia “... abertamente, exortando-o a não indagar nada que excedesse sua idade nem mais adiante do sentido evidente, mas no seu íntimo regozijava-se enormemente e proclamava perante Deus, autor de todo bem, seu maior agradecimento por tê-lo feito digno de ser pai de tal filho.” 6 Essa história nos ensina que os pais 3 Hermisten M. P. da COSTA, Teologia Sistemática: prolegômena, f. 4. 4 Merval ROSA, Psicologia da religião, p. 80 – 81. 5 Ibid., p. 80 – 81. 6 EUSÉBIO DE CESARÉIA. História eclesiástica. IV, II, 7 – 10, p. 194.

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AAAA CRIANÇA COMO BENÇÃO E HERANÇA DO SENHORCRIANÇA COMO BENÇÃO E HERANÇA DO SENHORCRIANÇA COMO BENÇÃO E HERANÇA DO SENHORCRIANÇA COMO BENÇÃO E HERANÇA DO SENHOR

Heber Ramos Bertucci

INTRODUÇÃO 1. No dia 12 de outubro nós temos uma comemoração toda especial

em nosso calendário: o dia das crianças. Desta forma, hoje nós estudaremos um pouco sobre “A Criança Como Benção e Herança do Senhor”.

I – TER FILHOS: PRIVILÉGIO E RESPONSABILIDADE 2. De acordo com o salmista, os nossos filhos, que vêm ao mundo

como crianças, são “herança do senhor” (c. Sl. 127:3). Por isso, “Feliz o homem que enche delas a sua aljava” (Sl. 127:5), que era uma bolsinha em que se colocavam as flechas na antiguidade. O que aprendemos nestes dois versos é que é um privilégio ter filhos. Mas Pv. 23:13-14 também nos ensina que tê-los é uma grande responsabilidade. O Texto diz: “Não retires da criança a disciplina, pois, se a fustigares com a vara, não morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrará a sua alma do inferno.” Isso significa que o processo de ensino é essencial para os filhos, pois os livra até mesmo do inferno, e isso é função primordial dos pais.

II – O ENSINO E A CURIOSIDADE DA CRIANÇA 3. De acordo com o escritor William Barclay, “‘Para o cristão a verdade

é algo que primeiro deve descobrir-se, e logo obedecer-se.’” 1 Sendo assim, os pais devem fazer com que as crianças descubram a verdade orientando-as para que elas sigam os caminhos de Deus e se desenvolvam conforme Cristo cresceu: “... em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens.” (Lc. 2:52). Uma das formas que os pais têm para ensinar os seus filhos é aproveitando-se de uma característica essencial que toda criança tem: a curiosidade.

4. O filósofo grego Aristóteles (384 – 322 a.C.) já dizia que “todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer.” 2 E sem dúvida, esse desejo

1 William Barclay Apud Hermisten M. P. da COSTA, Introdução à filosofia, f. 7. 2 Aristóteles. Apud Hermisten M. P. da COSTA, Teologia Sistemática: prolegômena, f. 4.

vem já na infância quando a criança percebe a si mesma e o mundo ao seu redor e quer às vezes, consciente ou inconscientemente, descobri-los. O Rev. Hermisten Costa escreve que na infância “... a criança faz perguntas infindáveis sobre questões para as quais, nós, adultos, já a muito iniciados no mundo do saber, nem sempre temos respostas satisfatórias.” 3 E os pais têm que “se virar” para responder a perguntas como: “porque o papai não mora com a mamãe?”; “como eu nasci?”; ou ainda, “o que é a morte?”. E às vezes, as crianças recebem cada resposta ...

5. O interessante é também perceber que estas perguntas complicadas das crianças também invadem o campo religioso porque a religião da criança tem um forte elemento de curiosidade. O psicólogo cristão Merval Rosa escreve que “... há na religião da criança, um elemento de admiração e curiosidade (...) Esse espírito de curiosidade e de exploração é típico da faixa etária entre os sete e os doze anos. É nessa fase que a criança faz perguntas difíceis de responder. Em muitos casos (...) o problema é agravado pelo fato de o mundo adulto rodeá-las de certo ar de mistério.” 4 Em outras palavras, os pais não se preparam para responder a certas perguntas como: “O que é o céu?”; “Onde está hoje a vovó que já morreu?”, ou ainda, “Por que hoje não se ressuscitam os mortos como na época de Jesus?”. E a não preparação dos pais “... podem matar o espírito criativo da criança e levá-la a uma posição de indiferentismo e de apatia para com o problema religioso da vida.” 5

6. Na história da Igreja temos o relato da infância de um estudioso do passado chamado Orígenes. É narrado que ele fazia perguntas bem complicadas a seu pai sobre a Bíblia Sagrada. O seu pai o repreendia “... abertamente, exortando-o a não indagar nada que excedesse sua idade nem mais adiante do sentido evidente, mas no seu íntimo regozijava-se enormemente e proclamava perante Deus, autor de todo bem, seu maior agradecimento por tê-lo feito digno de ser pai de tal filho.” 6 Essa história nos ensina que os pais

3 Hermisten M. P. da COSTA, Teologia Sistemática: prolegômena, f. 4. 4 Merval ROSA, Psicologia da religião, p. 80 – 81. 5 Ibid., p. 80 – 81. 6 EUSÉBIO DE CESARÉIA. História eclesiástica. IV, II, 7 – 10, p. 194.

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devem orgulhar-se de seus filhos e lhes responder as suas dúvidas de acordo com a sua idade, mas sem nunca fazer descaso delas. Um descaso pode dar aos filhos a idéia de que para seus pais a religião é algo secundário, e vocês pais devem entender que se levarem a sua religião na brincadeira, os seus filhos também a levarão, e mais cedo ou mais tarde, poderão fazer descaso contra toda a doutrina cristã.

III – O CONTEUDO DO ENSINO ÀS CRIANÇAS: CRISTO 7. Uma outra verdade que pode ser dita do ensino às crianças, é que

ele deve ter um único conteúdo: a vida e a obra de Cristo. Em outras palavras, a criança deve ser ensinada essencialmente sobre Cristo, conforme é ele revelado nas Escrituras Sagradas. Este ensino não visa apenas um comportamento ético tolerável por parte das crianças, mas principalmente a confirmação da vida eterna delas em Cristo Jesus. Devemos observar aqui que não foi em vão que Jesus disse: “E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo. 17:3). Esse texto ensina claramente que a vida eterna de todos, inclusive a das crianças, consiste em conhecer ao verdadeiro de Deus na pessoa de Jesus Cristo, e é este ensino que os pais devem dar a seus filhos sempre.

8. O aprendizado sobre Cristo é algo pessoal, e não algo que o pai pode ganhar pelo filho, ou vice-versa. Um texto que demonstra isso de forma clara é Mt. 16: 13 – 15. No V. 13 lemos: “Indo Jesus para os lados de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem?” Cristo aqui queria saber qual era o conhecimento comum ou vulgar que as pessoas tinham dele. O conhecimento vulgar é aquele em que falamos no dia a dia expressando a nossa opinião pessoal sobre um assunto. 7 Pode ser sobre futebol, e cada um tem um time, ou mesmo so- bre política, onde cada um também tem uma preferência. Já o V. 14 diz: “E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.” Isto significa que havia entre o povo certas dúvidas sobre a pessoa de Jesus. É como nos dias de hoje onde alguns dizem que Cristo foi apenas um grande mestre, ou pior, afirmando que ele nem ao

7 Cf.: Claudino PILETTI; Nelson PILETTI, Filosofia e história da educação, p. 19.

menos existiu, mas foi apenas fruto da religião primitiva dos judeus. E o V. 15 nos diz: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?” Nesta pergunta nós percebemos que Cristo exige um conhecimento pessoal de si.

9. Jesus queria que a resposta de seus discípulos viesse de seu coração e não que fosse baseada na resposta de outras pessoas. Alguns indivíduos acham que podem ir ao céu pela fé de outros! Dizem, por exemplo, que são crentes porque os pais o foram. Entretanto, devemos ter em mente que o encontro com Cristo é pessoal. Jesus olha para cada um de vocês pais e de seus filhos individualmente, e pergunta: “E você, quem diz que eu sou?” E qual resposta você dará? O que você ensinará a seu filho sobre esta resposta tão importante para a vida espiritual dele?

10. Caros irmãos e irmãs, ensinem seus filhos a terem uma correta vida cristã lendo a Bíblia, orando e indo à Igreja. Ensinem-os também a guardar em seus corações a Palavra de Deus para que não venham a pecar contra ele. (c. Sl. 119:11). Ensinem-os acima de tudo, a ter um encontro pessoal com Cristo para que eles sejam salvos por ele. Orem por seus filhos e convivam com eles para que assim a sua família cresça equilibrada e seja abençoada pelo Senhor.

CONCLUSÃO 11. Amanhã é o dia das crianças. Cuidem os pais de estarem

presentes com suas crianças neste dia tão especial, e não apenas nele, mas sempre. Não podemos encerrar esta mensagem sem lembrar aos filhos para que sejam obedientes aos seus pais, também orando por eles. Que Deus nos abençoe e ajude, hoje e sempre, AMÉM.

Dado em Barra Mansa – RJ, na Igreja Presbiteriana Nove de Abril, no dia 11 de outubro – Culto Noturno Solene ao Senhor – do ano 2009, ano de minha licenciatura.