A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

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Hiperespaços de Aprendizagem Módulo 4 A Coordenação e a Avaliação da Qualidade Milena Jorge /Pedro Amaral/ Rui Fernandes / Sandra Sousa Docente: Prof. José Bidarra MCEM / 2009

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Hiperespaços de Aprendizagem Módulo 4 A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

Milena Jorge /Pedro Amaral/ Rui Fernandes / Sandra Sousa

Docente: Prof. José Bidarra

MCEM / 2009

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

1. ELABORAR UM PLANO

INTRODUÇÃO

O ensino a distância tentou, durante muitos anos, diluir obstáculos geográficos, económicos e

temporais, utilizando, inicialmente, os meios disponíveis de comunicação audiovisuais e de texto e,

actualmente, vai criando mais consistência nomeadamente, com a evolução dos meios de

comunicação.

Não é novidade o recurso a diferentes métodos de ensino no nosso país no que respeita a ensino a

distância. Recuando no tempo, há muito que o ensino por correspondência foi marcando a sua

presença na aprendizagem de muitos alunos ao longo dos anos. Posteriormente, surgiu a utilização

da televisão com a chamada "tele-escola" servindo os interesses de muitas comunidades que, de

outra forma, não teriam acesso à educação. Com o advento da Internet, mais recentemente, outras

oportunidades surgiram de poder fazer chegar a educação a todos, desta vez, mais como

complemento ou opção do que por absoluta necessidade.

Mas o desenvolvimento tecnológico, a Web 2.0 e a procura de novas opções educativas conduziram

a um novos ambientes virtuais de ensino e aprendizagem. Surge então o ensino a distância,

reconhecendo-se ao e-learning potencialidades educativas promotoras de uma aprendizagem

eficaz, onde a combinação de representações e a valorização e interacção do aluno com o meio são

factores reconhecidamente fiáveis de assimilação e acomodação, construindo-se um processo de

aprendizagem reconhecido e aceite pelos alunos. O conceito de multimédia expandiu-se com a

nova opção educacional, aportando novos conceitos de aprendizagem. Reconhece-se que a

informação chega ao indivíduo por via sensorial, basicamente, através do ouvido e visão, e utiliza

múltiplas representações externas. Trata-se de um aspecto importante pois o canal sensorial e a

modalidade das representações contribui para sua eficácia. Assim, representações variadas como a

imagem, o vídeo, o som, entre outras, merecem a melhor utilização em ambiente educacional, onde

o ensino a distância tem um papel importante pelo recurso que efectua destas ferramentas.

O papel do professor ou tutor muda com este processo educativo, no fundo, como aconteceu desde

o início com todos os métodos de ensino inicialmente referidos, se tivermos em conta o ensino

tradicional porque, efectivamente, com o ensino por correspondência ou televisão, o papel que

representou foi a génese do papel do e-tutor actualmente. Passamos a ter um elemento facilitador

ou co-gerador de conhecimentos, com uma tarefa de gestão e orientação do processo educativo.

Alguém MKO que desempenha o papel de acompanhar, colaborar, propor, gerir dificuldades e

sucessos e criar condições de motivação e empenho dos alunos.

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

De acordo com Belloni (2001, p. 83), o professor tutor tem um papel de "parceiro dos estudantes na

construção do conhecimento (…)", orientando o aluno nos estudos relativos à disciplina pela qual é

responsável, esclarecendo dúvidas e explicando questões relativas aos conteúdos da disciplina,

participando em geral nas actividades de avaliação”.

Aretio (2001) destaca três tipos de funções do tutor: a função académica, ligada ao aspecto

cognitivo, transmissão do conteúdo, didáctica esclarecimento das dúvidas; a função institucional,

ligada aos procedimentos administrativos e à formação académica do tutor; a função orientadora,

ligada aos aspectos afectivos e motivacionais do aluno.

O professor-tutor tem outras atribuições, como estimular a (re)construção do conhecimento, a

articulação entre teoria e prática, a orientação das discussões e a síntese do conteúdo das

actividades realizadas.

O tutor tem o grande desafio de conseguir manter o interesse do aluno e garantir a sua presença

nos ambientes on-line, um indicador que é medido pelas taxas de abandono apresentadas nos

cursos. Contudo, não pode afirmar-se essa como a única razão de abandono de um curso a

distância pois é também relevante ter conta que o papel chave do professor-tutor em todo o

processo poderia anular esse comportamento. No fundo, se as ferramentas tecnológicas utilizadas

no processo de tutoria forem fáceis de utilizar, se os conteúdos estiverem estruturados de forma

didáctica, se o tutor providenciar efectivo apoio a distância, o interesse e a motivação dos alunos

tende a aumentar garantindo o sucesso do curso.

Assim sendo, apresentamos um plano de um curso sobre E-tutoria.

Curso E-Tutoria

Módulos - Organização Educacional;

- Gestão de Recursos Humanos;

- Orientação Curricular.

Objectivos - Compreender conceitos e-learning

- Caracterizar modelos pedagógicos

- Conhecer a importância dos Ambientes Virtuais de Aprendizagem e as ferramentas de interacção e comunicação

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

- Identificar competências do e-tutor

- Identificar papéis do e-tutor

- Definir critérios de avaliação em e-tutoria

Público-alvo Docentes

Pré-Requisitos - Facilidade de utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação na óptica do utilizador;

- Competências da navegação e pesquisa na Internet

Requisitos Técnicos Computador com ligação à internet; webcam e microfone

Funcionamento O curso decorrerá em ambiente online, utilizando a plataforma Moodle e ferramentas da Web 2.0, desenvolvendo-se por módulos com actividades individuais e de grupo, através de interacções síncronas e assíncronas. A duração será de 3 meses, correspondendo no mínimo a 50 horas de trabalho efectivo.

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

Organização Módulos Conteúdos Actividades Material de Apoio

Organização Educacional

- Conceitos gerais de e-learning;

- Modelos pedagógicos;

Exercício (em equipa):

- Analisar e avaliar um plano de formação dado.

- Identificar os Modelos pedagógicos aplicados.

- Plano de formação a analisar e avaliar

- Orientações

- Bibliografia (textos de apoio)

- Recursos multimédia (imagem e som)

Gestão de Recursos Humanos

- Competências e papéis do e-tutor;

- A comunicação e interacção nos ambientes virtuais de aprendizagem;

- A importância do feedback e da avaliação em contexto online.

Exercício:

- Simulação de uma discussão assíncrona em que cada um dos elementos da equipa experimente o papel de e-tutor (tema educacional);

- Simulação de uma videoconferência para colocação de dúvidas, sobre a construção de uma wiki educacional;

- Apresentação de um relatório critico das experiências realizadas (ferramenta à escolha).

- Orientações

- Disponibilização de softwares livre de construção/alojamento de wikis

- Bibliografia (textos de apoio)

- Material multimédia (texto, imagem e som)

- Disponibilização de Lista de fontes exemplificativas.

Orientação Curricular

- Ferramentas e recursos multimédia

Exercício Final

- Criação de uma unidade de trabalho para aplicar num curso e-learning (trabalho individual)

- Disponibilização de listagem exemplificativa de ferramentas e recursos multimédia disponíveis;

- Orientações;

- Bibliografia (textos de apoio)

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

MAPA CONCEPTUAL- CURSO DE E-TUTORIA

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

2. AVALIAÇÃO CRÍTICA

INTRODUÇÃO

Muitas são as Instituições que, hoje em dia, optam por fornecer serviços de e-learning, promovendo assim um maior

acesso à informação e ao conhecimento. No entanto, nem sempre o serviço prestado é garantia de qualidade e

credibilidade, pelo que é importantíssimo fazer-se uma avaliação crítica do mesmo, antes de se optar por um regime de

ensino a distância (EAD).

Um dos modelos de avaliação foi desenvolvido por Bates (1995), que em inglês se traduz pelo acrónimo ACTIONS,

identificando os seguintes parâmetros:

_ Acesso e flexibilidade (Access and flexibility): qual é a facilidade de acesso à tecnologia? Qual é o grau de flexibilidade para os aprendentes?

_ Custos (Costs): qual é a estrutura de custos de cada tecnologia aplicada? Qual é o custo por cada aluno?

_ Ensino e aprendizagem (Teaching and learning): que tipos de aprendizagem são considerados? Quais as abordagens didácticas a implementar? Que tecnologias são mais adequadas para atingir os objectivos do ensino-aprendizagem?

_ Interactividade e usabilidade (Interactivity and user-friendliness): que tipos de interacção são suportados pelas tecnologias usadas? Qual é a sua facilidade de utilização para o aprendente?

_ Organização (Organizational issues): quais são os factores organizacionais a ter em conta para o sucesso das tecnologias aplicadas? Que mudanças são necessário efectuar?

_ Novidade (Novelty): qual o grau de maturidade da tecnologia? Qual a sua contribuição para a renovação dos processos?

_ Rapidez (Speed): com que rapidez se podem implementar cursos e preparar disciplinas? Com que rapidez é possível alterar e/ou actualizar os materiais didácticos?

Para a selecção do sistema de EAD e organização foram seguidos alguns parâmetros, tais como, a credibilidade e o

acesso. Na pesquisa efectuada muitos foram os sistemas de EAD encontrados, mas muito poucos os que permitiam o

acesso a visitantes, pelo que foi seleccionado um que respondesse a este parâmetro.

A escolha recaiu na Unidade de Ensino a distância do Instituto Politécnico de Leiria, em

http://bb.ued.ipleiria.pt/webapps/login/?new_loc=%2Fwebapps%2Fportal%2Ftab%2F_1_1%2Findex.jsp, que diz

constituir-se como “uma unidade com intervenção nacional e internacional, atenta e pró-activa perante o seu universo,

desenvolvendo a sua actividade em torno da utilização intensiva das tecnologias da informação e da comunicação,

proporcionando um modelo educativo baseado na personalização do serviço e no acompanhamento integral do

estudante”1, seguindo as orientações emanadas no Despacho n.º 8295/2002 (2.ª série) do Ministro da Educação, de 27

de Março de 2002.

Não foi possível aceder à plataforma (Blackboard)2 do IPL como utilizadores mas é disponibilizada uma versão demo

para convidados. Esta situação colocou alguns entraves na avaliação entraves na avaliação correcta, o que obrigou a

que objectivamente fosse avaliado aquilo que é directamente observável sem juízos de valor.

1 http://ued.ipleiria.pt/node/22

2 Plataforma de E-Learning. http://www.blackboard.com/

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

Os itens apresentados, para cada critério da grelha ACTIONS, foram avaliados numa escala de 1 a 5, sendo o 1

equivalente a Insuficiente e o 5 a Excelente.

1 2 3 4 5

Acesso e flexibilidade Facilidade de acesso X Utilização intuitiva X Clareza na apresentação X Ferramentas de acessibilidade e Inclusão Digital X Ligações internas eficazes e claras X Acesso individual e personalizado X Custos Opção Visitantes X Preçário X Facilidades de Pagamento X Ensino e aprendizagem Rigor científico X Conteúdos motivadores X Rigor na Linguagem X Abordagem didáctica de conteúdos X Promove novas pesquisas X Conteúdos permitem atingir objectivos X Qualidade da informação X Interactividade Trabalho colaborativo (assíncrono) X Espaço de críticas/sugestões X Conteúdos multimédia X Links directos a conteúdos Web 2.0 X Ferramentas para comunicações síncronas X Suporte técnico e Informações X Organização Densidade de conteúdos X Mistura de conteúdos X Quantidade de informação X Critério de organização perceptível X Novidade Proporciona novas informações X Caracteriza-se pelo design inovador X Últimas novidades informativas X Rapidez Conteúdos têm acesso rápido X Imagens com tamanho apropriado X Vídeos com tamanho apropriado X Actualização de conteúdos X

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3. PRIORIDADES ACTUAIS

O Futuro da Comunicação Educacional

A verdade é que a aula tradicional, presencial, lidera o processo de aprendizagem actual e, certamente, assim

continuaremos por muitos anos. Mas a dúvida subsistirá e a evolução das tecnologias, a melhoria da largura de uma

banda que nem sempre cumpre o que promete, o acesso mais facilitado a todos aos Recursos Educativos Abertos

(REA's), bem como o melhor entendimento do ensino a distância e das suas premissas, vantagens e desvantagens,

pode alterar este panorama mais rápido do que é, no momento, sustentável.

Reparemos que, há algum tempo atrás, ninguém se atreveria a sugerir a substituição, por impedimento de alunos ou

docentes, das aulas tradicionais presenciais, por outras a distância. Isso aconteceu agora com todas as escolas, ao

serem avisadas de que deveriam estar preparadas para a eventualidade da gripe A, a adoptarem o

ensino/aprendizagem a distância. Há, no mínimo, a percepção de que existe uma solução para além da padronizada,

uma solução nunca tida em conta no passado, lembrada no presente e, acreditamos, corrente no futuro. E ser solução

é, sem dúvida, merecedor de alegria para todos os que, como nós, utilizam, dinamizam e fomentam este tipo de

utilização das novas tecnologias e da Internet.

Também acreditamos que as novas orientações introduzidas no ensino superior, estimuladas por uma Bolonha agora

por demais conhecida dos estudantes universitários e, na generalidade, pela comunidade académica, serão um enorme

contributo para o futuro do estudo autónomo. Nesta perspectiva, a capacidade de desenvolver o estudo autónomo

poderá representar o primeiro passo para a consolidação do ensino a distância e para o reconhecimento da sua

importância, uma vez que será entendido por todos um novo caminho de ensino e aprendizagem mais orientado do que

participado, mais reflectido e menos reactivo, mais pesquisador, interactivo e colaborativo em detrimento da passividade

dos alunos actuais (embora esta seja cada vez menor...).

Verificamos que o ensino utiliza, cada vez mais, a o hipertexto e os conteúdos multimédia disponíveis na Web no

processo educativo de ensino e aprendizagem. Assim sendo, torna-se imprescindível que os participantes nesse

processo desenvolvam capacidades que lhes permitam utilizar o texto e o audiovisual integrando-os em contexto de

conhecimento. Um modelo (Bidarra, 1998) que integre as actividades multimédia nas representações do conhecimento,

baseadas em mapas conceptuais, parece ser o ideal no contexto educacional.

Existe entre os aprendentes a clara preferência pelo ensino com recurso a tecnologias, colaborativo, visando o trabalho

de projecto, mantendo-se a dúvida se a preferência por aulas tradicionais resulta do contacto mais presencial do

docente ou se se receia a incapacidade de estudo autónomo. De qualquer forma, o nosso ensino não está vocacionado

para a ausência dos alunos do contexto presencial na educação. Em todo o caso, este tipo de ensino pressupõe uma

preparação própria da parte dos docentes, ainda não completamente conseguida, no sentido de uma preparação

adequada de ferramentas de tratamento e organização dos conteúdos educacionais.

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

O modelo pedagógico da UAb é um bom exemplo do que pode ser o futuro, verificando-se que "No centro do modelo

apresentado situa-se o estudante, enquanto indivíduo activo, construtor do seu conhecimento, empenhando-se e

comprometendo-se com o seu processo de aprendizagem e integrado numa comunidade de aprendizagem". No fundo,

o estudo autónomo ao seu mais alto nível. Da mesma forma, "a aprendizagem realiza-se quer com recurso à

aprendizagem independente, conforme a matriz original do ensino a distância, quer através do diálogo e da interacção

entre pares, com base em estratégias de aprendizagem cooperativa e colaborativa". Naturalmente, a "aprendizagem

independente é realizada de forma autónoma pelo estudante, com base em actividades, materiais, bibliografia e

orientações disponibilizadas pelo professor. A segunda abordagem, colaborativa, releva da aprendizagem que emerge

do trabalho desenvolvido em conjunto, partilhando experiências e perspectivas, com base em objectivos comuns e

modos de trabalho negociados em grupo".

Claro que o papel dos intervenientes no processo educativo muda substancialmente a diversos níveis e, para isso, seria

necessário também acompanhar o mesmo da necessária alteração estrutural no sistema educativo. Processo morosa,

de ruptura, de concretização difícil ao nível da mudança de mentalidades. Na verdade as coisas estão a mudar. A

ignorância, mãe do medo na evolução tecnológica nas escolas, é cada vez menor e a utilização de novos meio

crescerá.

Actualmente, com uma perspectiva de manutenção e evolução positiva no futuro, a educação e a formação deixaram

de ser vistas como uma preparação extra, relevante mas para além do que é a formação base, para passarem a ser

vistas como parte integrante da vida pessoal e profissional de cada um de nós. A formação inicial e a experiência

adquirida deixaram de ser suficientes para o conhecimento individual, tornando-se limitativas na oferta diversificada de

actividades profissionais actual. Projecta-se um futuro em que nada retrocederá, mantendo-se esta filosofia de

formação contínua e integração na vida social, pessoal e profissional de cada indivíduo. A permanência durante tempos

mais reduzidos em cada profissão, a mobilidade frequente de profissão ou área profissional, conduzem a uma atenção

constante e a uma procura de conhecimentos mais abrangentes profissionalmente. Assim sendo, a educação tem de

acompanhar estas necessidades, preparar-se para um futuro interventivo, participativo e responsável na preparação de

todos os que procuram o conhecimento, procurando todos os meios de comunicar educativamente com os educandos.

Aqui, regista-se que a utilização das tecnologias mais recentes, o recurso à Internet e ao ensino a distância, serão uma

mais valia importante para todos os que, numa perspectiva de aproveitamento do tempo útil que têm, paralelo à família

e profissão actuais, queiram adquirir essa formação, numa perspectiva assíncrona e colaboracionista.

Se Vigotsky (1978) sempre defendeu que o ser humano para atingir o piso da cognição necessita de interacção social,

absolutamente viável numa partilha de informação e num ensino colaborativo baseado no hipertexto e no hipermédia,

Delors (1996, pp. 83-85) corrobora da opinião, salientando a convivência no sentido do desenvolvimento da capacidade

de interacção social, como um dos pilares da educação. Já Lévy (1997, pp. 167-179), confirma aquilo que pensamos e

que assenta no facto de a educação, ao longo da vida, só poder ser disponibilizada por instituições educativas ou

apoiadas por estas no caso de envolvência das próprias empresas no processo. No entanto, a tecnologia pode ter

dificuldade em responder a todas as necessidades e adivinha-se o recurso ao hipertexto de uma forma mais

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colaborativa e eficaz e, facilitando os processos e a vida de cada um, eventualmente, em aprendizagem recorrendo a

uma metodologia assíncrona.

Existem factores actuais e que se projectam no futuro, proporcionadores de alterações no paradigma educacional

actual. A grande mudança surge, na transição de milénio, através da conjugação de inúmeros factores e materializa-se

em linhas de orientação de grandes organizações internacionais (Unesco, União Europeia, entre outras) que

formalizaram um conjunto de indicações pelas quais o ensino se devia orientar, tais como: a compreensão que a

aprendizagem é um processo que decorre ao longo da vida; a necessidade dos alunos adquirirem novas competências

(tecnológicas, linguísticas, sociais, motivacionais) que os prepararem para as novas exigências da sociedade moderna;

a compreensão que todos devem ter direito e livre acesso à educação e aos seus recursos, independentemente da sua

posição social, capacidade económica e localização geográfica.

A evolução tecnológica ao nível do hardware e software, a popularidade crescente do conceito de software livre e em

particular a evolução qualitativa daquilo a que se chama Web 2.0, trouxe consequências desconcertantes para o ensino

que vieram tornar possível e viáveis as premissas acima referidas. Esse novo conceito, plasmado em novos espaços

multidimensionais de aprendizagem, comunicação, partilha, construção, colaboração e interacção permitiu, através de

uma panóplia de ferramentas de livre acesso e arquitectura aberta, que o utilizador deixasse de ser um mero receptor

passivo de informação, como o era na Web 1.0, adquirindo capacidades para se tornar um interveniente activo e

reactivo, produtor e disseminador de informação e conteúdos sejam estes de natureza educacional, social, informativa,

cultural, artística ou de outra ordem. As consequências da utilização destas novas ferramentas são evidentes. Inúmeras

instituições educativas e indivíduos recorrem hoje, seja no ensino presencial, ensino a distância ou qualquer outro tipo

não-formal de ensino, a esses recursos para disponibilizar conteúdos educacionais. Esta nova abordagem, esta nova

ecologia do conhecimento representa uma mudança no código genético do tradicional processo ensino-aprendizagem.

Uma nova abordagem que traz associado um conjunto alargado de oportunidades, enormes potencialidades mas

também sérios desafios. O aluno quer dispor do seu tempo, controlá-lo, flexibilizá-lo em função das suas necessidades.

Pretende ter menos custos com a sua educação até porque entende que deverá manter essa educação de forma

permanente, ao longo da vida, o que não seria sustentável se dispendioso. Sabe-se que a Internet tem custos

reduzidos e que está a um pequeno "passo" do conhecimento global, dos antípodas como dos vizinhos, da informação

na hora mesmo que no canto mais recôndito do planeta. E será aqui que o aluno quer estar e aprender, onde tudo

acontece, na hora em que queremos, sem limitações nem custos exagerados, potenciando a sua liberdade educativa e

formativa. Não se pretende desfazer o ensino actual, mas tão somente criar opções em que o e-learning satisfaça a

necessidade daqueles que acham ser esse o seu caminho. E se se passou de uma cobertura de 5% para mais de 50%,

talvez até mais contabilizando as bandas largas associadas a operadores de telemóveis, no que respeita à Web,

podemos dizer que estão, no mínimo, criadas condições para evoluir por caminhos pouco desbravados, mas cada vez

mais atraentes e propiciadores de novas aprendizagens, sobretudo, de novas formas de aprendizagem.

Compreenda-se, no entanto, a incorrecção que significa dizer que apoiamos o ensino na Internet, uma vez que não é

correcto. Na realidade, a Web será um meio utilizado, mas nunca dispensará a construção de conteúdos por

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

professores ou tutores de aprendizagem no processo educativo. Se muitos optariam pelo e-learning, poucos dispensam

a presença de um MKO que possa supervisionar a aquisição de conhecimentos e proporcionar novas ferramentas e

novos recursos para além dos REA's existentes e ao dispor da comunidade académica. Com o aparecimento dos REA's

surgem novas potencialidades, que podem ser vistas como uma mais-valia no processo de ensino aprendizagem. Os

REA's representam um passo importante para a partilha de materiais pedagógicos, métodos e ferramentas,

aumentando o número dos recursos pedagógicos, ampliando, assim, as oportunidades de conhecimento para alunos e

docentes. São projectados especificamente para o ensino e a aprendizagem online, promovendo a autonomia e a auto-

confiança dentro da própria comunidade de aprendizagem, sem existir restrições de tempo, geografia, sociais e até

mesmo culturais mas, para que tenham sucesso, há que encontrar soluções de partilha úteis, eficazes, económicas e

duradouras.

A utilização de REA's no âmbito de uma aprendizagem em e-learning suscita uma série de desafios às instituições

educativas:

Ø O desafio da reutilização – isto é, a possibilidade de serem alterados e reutilizados pelos utilizadores em vez

de estarem em documentos protegidos (pdf ou outros)

Ø O desafio da fragmentação – ou seja, a orientação para grandes áreas específicas em vez do ecletismo.

Ø O desafio dos custos das infra-estruturas - isto é, torna-se necessário que os governos e instituições

ligadas a este movimento educativo disponibilizem meios de criação de repositórios específicos e de

manutenção por tempo indeterminado.

Ø O desafio da propriedade intelectual - ou seja, alterar regras de licenciamento que garantem o sucesso de

fornecedores e utilizadores.

Ø O desafio do controle de qualidade e avaliação - o que significa criar condições para que o utilizador, o

melhor avaliador, decida se existe ou não qualidade.

Ø O desafio da Sustentabilidade - isto é, a criação de condições que permitam a manutenção deste recursos

sem uso de meios publicitários, sustentado no apoio de instituições governamentais, educativas ou

particulares.

Estes são alguns exemplos dos desafios que a produção de Recursos Educativos Abertos acarreta. Muitos outros

poderiam ser analisados. Numa área em franco crescimento e constante evolução torna-se expectável que novos

desafios e obstáculos irão surgir e que necessitarão, da parte da comunidade, de soluções que permitam um

crescimento sustentado na utilização de REAs.

O regime de e-learning ou a utilização da Web no ensino apresenta-nos vantagens e desvantagens. Entre as primeiras

regista-se, com mais significado, a envolvência numa aprendizagem sob o signo construtivista, a objectividade do

estudo superando a dispersão, o assincronismo como característica típica deste ensino conduzindo a interacções

comunicacionais mais reflectidas, logo, mais consistentes, a motivação da publicação na Web de trabalhos pessoais, a

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

possibilidade de tutores mais experientes poderem orientar e tirar dúvidas de carácter técnico e uma maior possibilidade

de interacção a todo o momento por via da plataforma utilizada para comunicação. Por outro lado, registam-se algumas

dificuldades ao nível da oferta da largura de banda, importante na área de multimédia, nem sempre correspondendo às

necessidades e ao prometido, a maior sobrecarga cognitiva associada à possibilidade de dispersão na exploração da

Web, o afastamento da objectividade se não houver uma orientação e um moderador eficazes, a dificuldade de um tutor

acompanhar muitos aprendentes e avaliá-los e um processo de assimilação cognitiva mais lento.

Os mapas conceptuais podem representar uma ajuda significativa a todo o processo pela possibilidade de demonstrar,

de forma global, a extensão dos rumos a tomar, permitindo aos alunos o risco de se tornarem os seus próprios

"professores". Os mapas de conceitos permitem ainda aos novos nativos digitais a preparação adequada para uma

orientação por objectivos, bem como a criação de linhas de argumentação de hipertexto que colocam em causa o texto

linear. Finalmente, considerando que os esquemas mentais funcionam sob a forma de redes de conteúdos mentais,

associados entre eles e detalhadamente "rendilhados", conclui-se da sua importância e rentabilidade, mesmo que não

suportem o detalhe que pode ser conseguido por outra formas. Objectivamente, são ferramentas utilizadas na

organização e representação de um corpo de conhecimento, bem como na apresentação das relações entre conceitos

(incluídos nos mapas) ou proposições, que aparecem como uma linha, contendo uma palavra, que liga dois conceitos.

Em resumo, registam e transmitem visualmente um corpo de conhecimento de forma simples e pragmática. Os

conceitos estão, por norma, envolvidos por círculos ou caixas, sendo que a palavra de ligação especifica a relação

entre dois conceitos, atribuindo um significado à relação. À primeira vista, pode parecer que um mapa conceptual é

apenas mais um modo de representação gráfica de informação. No entanto, ao estudarmos este tema, constatamos

que se trata verdadeiramente de uma ferramenta poderosa para o processo de ensino-aprendizagem.

Com a construção de mapas conceptuais procuramos perspectivar uma melhoria das práticas na educação, através de

valiosos instrumentos para a investigação educativa, permitindo um resumo esquemático e uma orientação da atenção

de estudantes e professores sobre um reduzido número de ideias importantes nas quais se deve concentrar qualquer

tarefa específica de aprendizagem. Professores e alunos podem trocar pontos de vista sobre a validade de um vínculo

proposicional determinado, percebendo as conexões que faltam entre os conceitos e que sugerem a necessidade de

uma nova aprendizagem. Construir e reconstruir mapas conceptuais e partilhá-los com os outros é um acto de

solidariedade e de reflexão absoluta, já que os mapas conceptuais são representações explícitas e visíveis dos

conceitos e proposições que cada um tem, tornando-se uma óptima ferramenta metacognitiva.

Os Mapas Conceptuais foram concebidos por Joseph D. Novak, em 1972, no decurso de uma pesquisa realizada na

Universidade de Cornell. Definem-se como ferramentas gráficas utilizadas para organizar e representar o

conhecimento. São conhecidos como instrumentos facilitadores no processo de ensino-aprendizagem, utilizando a

representação esquemática para ordenar hierarquicamente um conjunto de conceitos, aglomerados entre si por

palavras de ligação de modo a formarem afirmações com significado. Trata-se de um “organizador gráfico” que

representa relações significativas entre conceitos na forma de proposições (Novak e Gowin, 1991).

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MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

Outra particularidade dos mapas conceptuais é a possibilidade de inclusão de "ligações cruzadas". Estas ligações

cruzadas são estabelecidas entre conceitos de diferentes segmentos ou domínios de um mapa conceptual. As ligações

cruzadas ajudam-nos a perceber como uma área do conhecimento representada num mapa se relaciona com uma

outra área diferente também presente no mesmo mapa. Estas ligações cruzadas, na criação de novo conhecimento,

muitas vezes representam saltos criativos por parte de quem estudou um determinado assunto através desse mapa.

Os mapas conceptuais começam a ser encarados como um meio extremamente útil para apresentar e partilhar

informação. O sucesso deriva da poderosa capacidade de síntese relativamente aos temas abordados, da sua

capacidade de mostrar relações entre temas e subtemas. Grande parte da informação disponível sobre qualquer

assunto contínua, porém, a existir sob a forma de texto linear, muitas vezes de difícil interpretação.

A construção de mapas conceptuais oferece, assim, perspectivas de melhoria das práticas pedagógicas e são

instrumentos a ter em conta para a prática educativa.

Sendo dada como certa a volatilidade do mundo virtual, condutora a certos comportamentos de frustração pelo

insucesso das pesquisas realizadas, a mesma pode tornar-se num aspecto positivo, já que a extrema fluidez com que

tudo acontece gera a necessidade de criar cada vez mais conteúdos, faltando acompanhar essa criação do desejo de

os disponibilizar de forma altruísta a todos os aprendentes, recorrendo a licenças, no que concerne os direitos de autor,

mais indiciadoras de utilização comum como as licenças Creative Commons.

"Olhando o futuro (...) tudo indica que o ensino online pode ser o catalisador (...) de novas teorias da aprendizagem, de

uma mentalidade académica renovada e de um renascimento da criatividade intelectual (Bidarra, texto de apoio 10)".

O futuro, o futuro pode ser o que quisermos... Sempre dominado pela responsabilização pessoal, individual, apoiada

num colaborativismo construtivista, criando hábitos de reflexão crítica e de construção da opinião. Exige, claramente,

um novo posicionamento do aluno face à aprendizagem ao permitir que este adquira um conjunto de novas

competências e novas atitudes sociais e pessoais. Esse novo posicionamento exige também uma maior capacidade de

adaptação e interacção social através da aquisição de competências e normas específicas, uma predisposição para a

partilha do conhecimento, uma atitude proactiva na procura desse mesmo conhecimento e um aumento dos níveis de

responsabilidade e sentido critico face aos recursos e conteúdos disponibilizados pela comunidade de aprendizagem.

“A Terra destruída por bombas?

Computadores acoplados ao nosso corpo?

O futuro pode ser qualquer coisa!”�

Bruno César Silva Rolak

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Página 15 de 15 HIPERESPAÇOS DE APRENDIZAGEM

MÓDULO 4 – A Coordenação e a Avaliação da Qualidade

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