A Contribuição Revista História para o Estudos da Tecnicas

download A Contribuição Revista História para o Estudos da Tecnicas

of 9

Transcript of A Contribuição Revista História para o Estudos da Tecnicas

  • 7/31/2019 A Contribuio Revista Histria para o Estudos da Tecnicas

    1/9

    A CONTRIBUIO DA REVISTA DE HISTRIA PARA O ESTUDO DAS TCNICAS 1

    FRANCISCO VIDAL LUNAIRACI DEL NERO DA COSTA

    da FEA-USP

    A Revista de Histria --publicao trimestral que desde seu lanamento, em 1950, contacom a proficiente direo de Eurpedes Simes de Paula -- vem de completar seujubileu. Dado a publicao ininterruptamente, esse peridico revelou-se importanteveculo de difuso da histria no cenrio editorial brasileiro. A continuidade por mais deum quartel de sculo e a significncia da Revista sugeriram-nos o balano oraempreendido. Nele pretendemos evidenciar a contribuio da Revista de Histriapara oestudo das tcnicas e sumariar os artigos, conferncias e resumos bibliogrficos nelaestampados, a consubstanciar o aludido contributo.

    * * *

    Desde sua idealizao a Revista de Histria marcou-se por seu carter amplo epolifactico. L-se em seu programa, elaborado por Eurpedes Simes de Paula: "J em1937 (...) pensvamos em fundar uma Revista destinada divulgao de trabalhoshistricos, no s de professores e assistentes, mas tambm de licenciados e alunos"(1). Nesse mesmo documento delinearam-se os fins perseguidos pela Revista e suaconceituao de Histria. Quanto aos primeiros diz-se: "O seu objetivo precpuo oferecer aos estudiosos uma oportunidade de divulgao sistemtica, e mais ou menosampla, de trabalhos e das pesquisas que o amor ao estudo e a dedicao ao magistriouniversitrio propiciam e orientam" (2). Relativamente ao segundo problema aquirealado, l-se: "Compreendendo a Histria como "Cincia do Homem", segundo o

    conceito de Lucien Febvre, estamos certos de que no nos faltar tambm o apoio dequantos, no mbito universitrio ou fora dele, cuidem de assuntos de fundo histrico. Alargueza de nosso campo de ao permitir, sem dvida, o acolhimento de trabalhossobre quaisquer dos setores de Histria: econmico, social, poltico, religioso, literrio,filosfico e cientfico. (3)

    Tal postura programtica decorreu do prprio iderio que informou a estruturao daFaculdade de Filosofia Cincias e Letras em So Paulo, grandemente influenciada pormestres franceses que viriam a ocupar, no mbito de vrios ramos das cincias sociais,posies as mais preeminentes. (4) As geraes formadas sob a gide do pensamentodesses professores vm desempenhando papel altamente relevante na orientao doensino da histria e na consecuo da pesquisa histrica no Brasil. A Revista de Histriaaparece como fruto da atividade desses historiadores e desde seu lanamento mantm aperspectiva abrangente de seus idealizadores.

    Composto este quadro de referncia passemos anlise do tema em epgrafe. Valedizer, vejamos as linhas diretrizes dos artigos e sumrios bibliogrficos, dados a pblicopela Revista de Histria e que se reportam direta ou mediatamente ao "como fazer",definio a mais ampla possvel do conceito "tcnica".

    1LUNA, Francisco Vidal & COSTA, Iraci del Nero da. A Contribuio da Revista deHistria para o Estudo das Tcnicas. Anais do IX Simpsio Nacional da Associaodos Professores Universitrios de Histria, Tema: O Homem e a Tcnica, SoPaulo, Vol. II, ANPUH, p. 1214-1230, 1979.

  • 7/31/2019 A Contribuio Revista Histria para o Estudos da Tecnicas

    2/92

    * * *

    A preocupao com as tcnicas permeia vrios artigos e sumrios publicados pelaRevista deHistria; identificamos poucas pesquisas votadas especifica e precipuamenteao estudo das tcnicas. Por outro lado, deve-se notar que apresentaram como temacentral dos no peridico em estudo; tal fato explica-se pelo prprio carter da revista.

    Relativamente aos artigos coube realce s pesquisas concernentes ao perodo colonialbrasileiro e aos estudos nuticos sobre a expanso martima europia, em particular aportuguesa. A maior parte referiu-se ao primeiro tema acima anotado e versou sobreeconomia rural,pesca, construo civil, transportes e ofcios.

    Evidentemente a dominncia destas duas problemticas no se deve ao acaso, pois,justamente estes dois captulos da histria foram os que mais fortemente prenderam aateno dos historiadores do Brasil.

    Com respeito aos demais artigos,no ocorreu a supremacia de uma temtica particular,

    os assuntos abordados so de variada ordem -- medicina, cunhagem e comunicaes --e referem-se Pr-Histria e Histria Antiga.

    Os sumrios de livros mostraram um painel mais difuso. Cabe salientar, no entanto, aimportncia emprestada arte nutica do perodo das grandes navegaes. Deve-serealar, tambm, a predominncia da lngua francesa quanto livros sumariados e nosquais tratou-se das tcnicas; este fato expressa a excelncia da historiografia francesa eas prprias bases culturais que marcaram a formao da Universidade de So Paulo.

    Quanto aos sumrios de obras relativas ao nosso perodo colonial, embora com presenanumrica modesta, revelou-se de primeira linha a qualidade das publicaesapresentadas, duas das quais merecem citao, dada sua essencialidade para o estudodas tcnicas coloniais: Cultura e Opulncia do Brasile Caminhos e Fronteiras.

    As demais obras sumariadas apresentaram largo espectro de assuntos -- economia rural,instrumentos de trabalho, artes mecnicas, manufatura, construo civil, comunicaes eaerofotogrametria -- sem realce para qualquer um deles.

    * * *

    Evidencia-se, pelo exposto, ser positiva a contribuio da Revista de Histria para oestudo das tcnicas. Por outro lado, patenteia-se inequivocamente o reduzido nmero detrabalhos voltados para as tcnicas. Tal modstia decorre da pouca importncia quetemos dado a esta problemtica. Isto est a refletir, possivelmente, as prprias condiesem que ocorreu a formao da sociedade brasileira. De um lado, reconhecemo-nos comotributrios das conquistas e melhoramentos tcnicos desenvolvidos nos centroseconomicamente amadurecidos, Europa e Estados Unidos, por outro, nossa decantada"vocao" agrcola aliada s condies em que se deu a colonizao do Brasil estruturamuma economia rural em que predominam os elementos tradicionais e rotineiros.

    No entanto, nota-se que o descaso pelo estudo das tcnicas est a ser superado comodecorrncia da crescente conscincia que tomamos da importncia da cincia e datecnologia.

  • 7/31/2019 A Contribuio Revista Histria para o Estudos da Tecnicas

    3/93

    RESENHA BIBLIOGRFICA

    1. ARTIGOS

    ALBUQUERQUE (Luis Mendona de) - O Problema das Latitudes na Nutica Portuguesado Sculo XV, RH(abreviatura utilizada doravante para identificar a Revista de Histria),n. 51, 1962, p. 23-40. O A. ocupa-se do evolver da nutica astronmica, nota que apassagem da arte de navegar dos pilotos do Mediterrneo -- designada por nutica de"rumo e estima" -- navegao por alturas -- j praticada pelos marinheiros do tempo deD. Joo II e que pouco a pouco se libertava de elementos acentuadamente aleatrios --deve ser assinalada com relevo, visto marcar o incio da marinha moderna. O A. aindaexpe sumariamente alguns mtodos astronmicos introduzidos na nutica portuguesanos sculos XV e XVI.

    ELLYS A. (Myriam) - Estudos sobre alguns tipos de transporte no Brasil colonial, RH, n. 4,1950, p. 494-516. Estudo sobre os meios de transporte utilizados nas vrias atividadeseconmicas do perodo colonial brasileiro. A A. analisa os transportes ligados ao pau-brasil , produo aucareira do nordeste, ao apresamento de ndios, pastoreio, ouro,acar, caf e ao trfico negreiro. Relativamente a cada atividade, descreve todas asformas de transporte -- terrestre, fluvial e martimo --, respectivos acondicionamentos ecustos. Apresenta ainda as rotas de maior importncia que derivaram das aludidasatividades.

    COHEN (Marcel) - Resumo da Histria da Escrita, RH, n. 81, 1970, p. 137-151. O A.analisa o evolver da escrita enquanto tcnica de transmisso de idias. Em seusurgimento a escrita confundia-se com as artes plsticas, assim, a pictografiarelacionava-se com as diversas manifestaes da proto-escrita. Ao lado destas "histriassem palavras" -- com imagens-situaes ou sinais-coisas -- aparecem os pictogramas --sinais que serviam como recurso mnemotcnico para os declamadores. Uma verdadeiraescrita, correspondente anlise das frases em palavras representadas sucessivamente,somente aparece, segundo o A., em sociedades que j haviam evoludo a ponto decomportarem cidades, o que supe intercmbios complexos e regulares.

    COIMBRA (lvaro da Veiga) - VIII aula do Curso de Numismtica: Oficinas deMoedagem. A arte monetria na Antiguidade. Processos antigos e modernos. Ensaio

    Monetrio, il., RH, n. 27, 1956, p.236-248. O A. trata dos processos de produo dasmoedas na Antiguidade, Idade Moderna e Tempos Modernos. Descreve osprocedimentos, os instrumentos e maquinaria utilizada na cunhagem de moedas

    DIAS (Manuel Nunes) - Noticias da cultura industrial da guaxima no Brasil nos fins dosculo XVIII, RH, n. 24, 1955, p. 419-423. Com base em documento assinado peloMarqus do Lavradio e que se acha no Arquivo Histrico Ultramarino de Lisboa, o A.relata os usos dados guaxima -- matria prima na produo de sacaria e cordoaria.Descreve ainda, em linhas gerais, o tratamento a que se submetia a aludida planta.

    ELLYS (Myriam) - Aspectos da pesca da baleia no Brasil colonial (notas prvias de um

    trabalho em preparo), RH,n. 32, 1957, p. 415-462; n. 33, 1958, p. 149-175; n. 34, 1958,p. 319-424. Entre outros tpicos, a A. trata das tcnicas utilizadas no Brasil, durante operodo colonial, na captura e aproveitamento econmico da baleia.

  • 7/31/2019 A Contribuio Revista Histria para o Estudos da Tecnicas

    4/94

    HOLANDA (Srgio Buarque de) - Caminhos do Serto, RH,n. 57, 1964, p. 69-111. O A.apresenta um estudo da adaptao das tcnicas -- sobretudo as agrcolas -- docolonizador luso as condies peculiares do Brasil. D nfase ao processo pelo qual osadventcios incorporaram prticas comuns aos indgenas e estes ltimos, por sua vezabsorveram conhecimentos daqueles. Analisa, ademais, os caminhos do serto queirradiavam de So Paulo e demais ncleos de povoamento dessa capitania.

    KATINSKY (Jlio Roberto) - O ofcio da carpintaria no Brasil. Justificao para uma

    investigao sistemtica, il., RH, n. 70, 1967, p. 521-535. O A. discute inicialmente oconceito de tcnicas antigas e modernas. A seguir apresenta algumas caractersticas dooficio da carpintaria desde o incio da colonizao do Brasil. Descreve algumas dasferramentas utilizadas, relata as tcnicas e apresenta um roteiro preliminar para ainvestigao dos vrios ramos da carpintaria.

    LOBO (Jos Huertas) - As origens da Agriculturas, RH, n. 78, 1969, p. 285-311. O A.delineia o quadro do desenvolvimento da agricultura do Neoltico ao Imprio Romano.Aponta as principais espcies cultivadas em vrias reas geogrficas no correr do tempo.Considera, ainda, algumas tcnicas de cultivo e sua difuso.

    MLLER (Nice Lecocq) - A Imprensa, o Incunbulo e a emancipao do Livro Impresso,RH, n. 8, 1951, p. 305-312. A A. ressalta o evolver material que atingiu, no sculo XV, aelaborao final da qual resultou a imprensa; reala, ademais, o ambiente social eintelectual do sculo XV, favorveis imprensa. Efetua, tambm, o inventrio da basetcnica preexistente, descreve os mtodos de impresso anteriores a Gutenberg e relataas inovaes por ele introduzidas. Depois de analisar os mtodos de confeco dosprimeiros livros impressos -- os incunbulos, verdadeiros "manuscritos impressos" --, a A.evidencia o processo que levou emergncia e domnio do livro impresso.

    PAULA (Eurpedes Simes de) - As Origens da Medicina. A Medicina no Antigo Egito,RH, n. 51, 1962, p. 13-48. Entre outros problemas referentes ao desenvolvimento damedicina, o A. relata as tcnicas utilizadas na cirurgia. Quanto pr-histria, analisa asprincipais operaes cirrgicas detectadas nos fsseis humanos -- trepanao,cauterizao e T sincipital --, com referncia ao Egito, considera as tcnicas usuais detratamento de diversas doenas relativas a disfunes ou enfermidades vrios rgosaparelhos e sistemas do corpo humano, assim como a cirurgia e farmacopia.

    SALVADOR (Jos Gonalves) - Os transportes em So Paulo no perodo colonial(Subsdios para a histria de So Paulo), RH, n. 39, 1959, p. 81-141. O A. apresentaexaustivo estudo dos meios de transporte -- terrestre e fluvial -- empregados em SoPaulo no perodo colonial. Indica ainda, as principais rotas de que se serviam os

    paulistas. Procura demonstrar que fatores geogrficos, condies econmicas, e culturaisinfluem grandemente nos meios de transporte utilizados por determinada sociedade, nocaso particular, a dos paulistas do perodo colonial.

    SILVA-NIGRA, O.B.S. (Clemente Maria da) - Artistas Coloniais Mineiros, RH, n. 6, 1951,p. 411-419, Relao de artistas, mestres e oficiais mineiros, dos sculos XVIII e XIX,responsveis por trabalhos de engenharia civil e religiosa e de artesanato de obrasreligiosas na capitania e provncia de Minas Gerais. O A. acrescenta breves dadosinformativos aos nomes arrolados por Edgard de Cerqueira Falco em Relquias da Terrado Ouro.

    SOUZA (T. O. Marcondes de) - A Astronomia Nutica na poca dos DescobrimentosMartimos (Ensaio Crtico), RH, n. 41, 1960, p .41-63. O A., discordante das opinies docomandante Avelino Teixeira da Mota -- expendidas no segundo colquio de histriamartima (Paris, maio de 1957) e publicadas em 1957 em volume organizado por Michel

  • 7/31/2019 A Contribuio Revista Histria para o Estudos da Tecnicas

    5/95

    Mollat sob o ttulo Le Navire, sustenta que os tcnicos mediterrneos (genoveses,catales e venezianos) dos sculos XIII e XIV participaram ativamente dodesenvolvimento das marinhas vela peninsulares. So arroladas e as tcnicas einstrumentos conhecidos dos navegantes do Mediterrneo. Reala, ademais, que osnautas citados, em particular os genoveses, j utilizavam a astronomia nutica no sculoXIV.

    ZEMELLA (Mafalda P.) - A introduo do bagao de cana como combustvel nos

    Engenhos de Acar Coloniais. Contribuio para o Estudo das tcnicas de produo,atravs da Histria do Brasil,RH, n. 13, 1953, p. 235-239. A A., baseada em manuscritosinditos, relata a tentativa de introduo do uso do bagao da cana como combustvelcomplementar lenha nos engenhos coloniais -- experincia promovida pela Coroa emfins do sculo XVIII. As pretenses rgias fracassaram porque no se fizeram asnecessrias adaptaes nos equipamentos ento existentes.

    2. SUMRIOS

    ALBUQUERQUE (Lus Mendona de) - O Livro de Marinharia de Andr Pires. Introduode Armando Corteso, Lisboa, Junta de Investigaes do Ultramar, 1963, Agrupamentode Estudos de Cartografia Antiga, Seco de Coimbra, 1, 233 p. Sumrio por RaquelGlezer, RH, n. 73, 1968, p. 272-3. A obra editada trata-se de um dos raros livros sobremarinharia conhecidos. Nela esto contidos dados cosmogrficos, solares, tbuas dedeclinao, regimentos e roteiros de navegao que serviram para orientao dosmarinheiros dos sculos XV e XVI. Nessa edio, Lus Mendona de Albuquerque --professor de matemtica e astronomia -- analisa as informaes presentes no livro deAndr Pires contribuindo, assim, para um melhor conhecimento das tcnicas empregadasno perodo das grandes navegaes.

    ANDREONI (Joo Antnio, ou Andr Joo Antonil ou ainda Annimo Toscano) - Cultura eOpulncia do Brasil (Coleo "Roteiro do Brasil", volume 2), 8a. edio, introduo evocabulrio de Alice Piffer Canabrava, Nacional, So Paulo, 1967, il., 316 p. Sumrio porJos Callender dos Reis, RH, n. 69, 1967, p. 270-2. Obra que, por si e pelo excelenteprefcio efetuado por A. P. Canabrava, representa relevante contribuio aoentendimento de um perodo de extrema importncia em nossa histria, ou seja, atransio da economia base da produo canavieira para aquela na qual predominou afaina mineratria. A obra de Antonil divide-se em quatro partes. A primeira versa,essencialmente, sobre a economia aucareira da qual descrita a tcnica produtiva. A

    segunda trata do tabaco, desde a preparao do solo at o transporte final. Na partesubseqente apresenta-se, de forma global, a economia mineira da poca, da qual sorealados os aspectos tcnicos e econmicos. Na ltima parte vm assuntos gerais taiscomo: pecuria, pastos, transporte de boiadas, preo do solo, resumo das exportaesdo Brasil. Na introduo faz-se uma rigorosa apreciao crtica de Antonil, seu escrito eseu tempo; apresenta, ademais, um precioso glossrio, que facilita a leitura einterpretao da obra.

    BEHRENS (Hedwig) - Mechanicus Franz Dinnendahl (1775-1826) -- Erbauer der erstenDampfmaschinen na der Ruhr, Koeln, Rheinisch-Westfaelisches Archiv, 1970, 579 p.Sumrio por Pedro Moacir Campos, RH, n. 89, 1972, p. 297-8. Trata-se de importante

    coletnea de documentos concernentes aos primrdios da industrializao alem. Soevidenciadas as repercusses, na Alemanha, das inovaes tcnicas postas em prticana Gr-Bretanha. Assinalam-se, ainda, os pioneiros da industrializao germnica; dado realce especial a Franz Dinnendahl que contribuiu amplamente para a introduo da

  • 7/31/2019 A Contribuio Revista Histria para o Estudos da Tecnicas

    6/96

    maquinaria a vapor no Ruhr, bem como para a prpria construo de mquinas, cabendoa seu irmo Johann, na mesma regio, importantes inovaes relativas aos processosmetalrgicos j praticados na Gr-Bretanha.

    BERNARD (Jacques) - Navires et gens de mer a Bordeaux (vers 1400 vers 1550),Paris,publicao da "cole Pratique des Hautes tudes - Centre de Recherches Historiques,6e. section", (Coleo "Ports, routes, trafics"). S.E. Y.P.E.N., 3 volumes, 1.440 p. Sumriopor Eurpedes Simes de Paula, RH, n. 77, 1969, p. 239-240. Com base em fontes

    inglesas e francesas a obra apresenta uma histria centrada na regio de Bordeaux --das tcnicas navais e dos homens do mar nos sculos XV e XVI. Divide-se em trspartes: a primeira dedicada tcnica naval e seus progressos, outra versa sobre oshomens do mar -- armadores, mercadores, carpinteiros de marinha etc.--, a ltima trata-sede apndice do qual consta farta documentao relativa ao problema estudado.

    BULGARELLI (Waldirio) - O Kibutz e as cooperativas integrais, 3a. edio revista eampliada, So Paulo, Livraria Pioneira Editara, 1966, 109 p. Sumrio por Jaime Pinsky,RH, n. 69. 1967, p. 295-6. A partir de urna introduo histrica na qual so apresentadasas origens dos kibutz em Israel, revela-se a organizao e prticas administrativas doskibutz, que so colocados nos quadros da economia israelense e confrontados a outras

    formas de produo coletiva.

    CHEVALIER (R.) et al - Photo interprtation et tudes d'urbanisme, Paris, SEVPEN,publicao da cole Pratique des Hautes tudes, 6e. section, (Coleo "Memoires desphotos-interprtation"), 1966. Sumrio por Eurpedes Simes de Paula, RH, n. 69, 1967,p. 294-5. Coletnea de estudos que evidenciam a utilidade da foto-interpretao. R.Chevalier expes a contribuio da fotografia area para o inventrio do patrimniomonumental. d. Buisseret revela, entre outros problemas, o trabalho de fortificaes dascidades do norte da Frana efetuado pelo engenheiros de Henrique IV. B. Dubrusson e A.Burger apresentam um mtodo para o estudo conjunto do trfego e do complexo urbano.J. Corgnet e outros, a partir de dados arqueolgicos e histricos, propem um plano deconstrues para as futuras ampliaes de Paris.

    CHRISTENSEN (Bodil) & e MART (Samuel) - Brujeras y Papel Precolombino, EdicionesEuroamericanas, Mxico, 1971, 88 p. 25 ilustraes. Sumrio por Jnatas Batista Neto,RH, n. 92, 1972, p. 587-8. Obra dividida em duas partes: a primeira, de autoria de BodilChristensen, intitula-se Brujeras com Papel Indgena e a segunda, de Samuel Mart,versa sobre o Papel Precolombino. O primeiro autor descreve os rituais de feitiaria (nalocalidade de San Pablito, situada na Sierra Madre Oriental) feitos com papel indgena erelata como preparado o papel, que se fabrica com a cortia de determinadas rvores.Na segunda parte trata-se especificamente da utilizao do papel entre os povos pr-

    colombianos do Mxico; registra-se, ainda, os centros de fabricao de papel.COORNAERT (mile) & SAUZEAU (J.) - Les Hommes au Travail, (Coleo "La Joie deConflaltre"), Paris, Edio Bourrelier, 1949, 1o. vol., 128 p. Sumrio por J. Cruz Costa,RH, n. 2, 1950, p.264. O livro resume o evolver das condies do trabalho humano,desde os tempos primitivos at os nossos dias. apresentada ainda, alm de umahistria do trabalho, uma srie de notas acerca do aparecimento dos diferentesinstrumentos e das tcnicas de que se tm servido os homens. Destina-se aosestudantes do ensino secundrio e ao pblico no especializado.

    FVRIER (James G.) - Historie de l'criture, Payot, Paris, 1948, 600 p., 135 figuras e 16

    pranchas. Sumrio por Edith Pimentel Pinto, RH, n. 15, 1953, p. 223-5. A obra apresentao panorama das diversas escritas, desde seu nascimento at as suas fases maisevoludas. Indica-se a passagem de formas embrionrias para as fonticas, passando-sepela escrita de idias, a princpio sinttica e, posteriormente, analtica.

  • 7/31/2019 A Contribuio Revista Histria para o Estudos da Tecnicas

    7/97

    HIGOUNET (Charles) - La Grange de Vaulerent, (Coleo"Les Hommes et la terre"),publicao da "cole Pratique des Hautes tudes, 6e.section", SEVPEN, 1965. Sumriopor Eurpedes Simes de Paula, RH,n. 67, p.237. Monografia sobre as atividades de umaunidade produtiva cisterciense do sculo XIIao XV. Os monges dessa Ordem impuseram propriedade um assolamento trienal rigoroso e seu exemplo foi seguido pelascomunidades camponesas vizinhas.

    HOLANDA (Srgio Buarque de) - Caminhos e Fronteiras, Livraria Jos Olympio Editora,Rio de Janeiro, 1957, 334 p., 25 ilustraes fora do texto. Sumrio por Maria Helena C.de Figueiredo Steiner, RH, n. 38, 1959, p. 481-3. A obra divide-se em trs partes: "ndiose Mamelucos", "Tcnicas Rurais" e "O fio e a Tela". Analisa-se a implantao de umanova cultura em terras brasileiras, com realce para os aspectos tcnicos desse processo.Neste particular mostra-se como foram transferidas as tcnicas europias para osindgenas e, paralelamente, as destes para o homem branco -- despreparado para o meioto hostil com que se deparou no Novo Mundo. Destarte, assimila os conhecimentos dosautctones referentes caa, pesca e agricultura.Tambm utilizaram-se, oscolonizadores, dos mtodos indgenas para construo de canoas e, em alguns aspectos,das tcnicas concernentes tecelagem do algodo. Caminhos eFronteirasfundamenta-

    se em exaustiva pesquisa histrica e fartamente ilustrada, constituindo-se em obraclssica de nossa historiografia.

    LANE (Frdric C.) - Navires et Construteurs Vnise pendant - La Renaissance, Paris,SEVPEN, publicao da "cole Pratique des Hautes tudes, 6e. section", (Coleo"Oeuvres trangres"), 1965. Sumrio por Eurpedes Simes de Paula, RH, n. 65, 1966,p. 249-50. Os navios de Veneza refletem os transtornos sobrevindos no domnio docomrcio, pela guerra e tcnicas navais no fim da Idade Mdia e no albor dos temposmodernos. Durante esse perodo o arsenal veneziano atingiu um nvel de produojamais alcanado e fez frente s exigncias de uma produo em grande escala, pelainveno de uma cadeia de reunio de materiais, um grau elevado de estandardizao depeas avulsas, o trabalho mediante contrato no interior do arsenal e um controleadministrativo considervel.

    LINDER (Kurt) - La Chasse Prhistorique, (Palolithique - Msolithique - Nolitique - Agedes Metaux), Payot, Paris, 1950, 480 p., 143 figuras e 24 pranchas fora do texto. Sumriopor Carlos Drumond, RH, n. 7, 1951, p. 228-9. A obra constitui uma anlise da artecinegtica desde os albores do chamado Paleoltico antigo at o perodo do Ferro.Estuda-se a tcnica da caa, no segundo seu desenvolvimento cronolgico, mas deacordo com os mtodos particulares de perseguio que se regulavam segundo ascaractersticas dos animais a serem caados. O estudo da caa no perodo Neoltico e na

    idade dos metais (perodo do Bronze e do Ferro) nos oferece, como avanado, uma visodas mudanas sofridas pela arte cinegtica desde o Paleoltico antigo at o perodo doFerro.

    LOPES (Francisco Antnio) - Os Palcios de Vila Rica (Ouro Preto no ciclo do ouro), BeloHorizonte, 1955, 287 p. Sumrio por J. Cruz Costa, RH, n. 25, 1956, p.277-8. Trabalhoricamente documentado sobre as tcnicas de construo empregadas eu Ouro Preto noperodo de predomnio da atividade aurfera.

    MOLLAT (Michel) - L Navire et l'Economie Martime du XVe. au XVIIIe. sicle, (sob adireo de Michel Mollat), SEVPEN, Paris, 1957, 139 p., 16 pranchas. Sumrio por

    Eurpedes Simes de Paula, RH, n. 33. 1958, p. 249. Reunio de sete comunicaes(colquio de Histria Martima, Paris, 1956) acompanhadas do texto integral dasdiscusses que elas suscitaram. O objeto desses trabalhos foi a navegao ocenica sobdiferentes aspectos. Quanto s tcnicas cabe realce aos estudos de Jacques Bernard e

  • 7/31/2019 A Contribuio Revista Histria para o Estudos da Tecnicas

    8/98

    P. Gille. Oprimeiro trata da construo de navios em Bordus no sculo XVI, o segundoautor -- engenheiro geral das construes navais --, enfrenta o problema das tonelagens.

    NOGUEIRA (Eduardo) - Tallas Prehispanicas en Madera, Editorial Guarania, Mxico D.F.,1958, 80 p. mais 29 lminas com reprodues de desenhos e litografias. Sumrio porVivaldo W. F. Daglione, RH, n. 51, 1962, p. 272-4. Na obra estuda-se o emprego damadeira pelos povos pr-hispnicos da Amrica, com realce para astecas e maias.

    Procura-se provar que tais povos fizeram largo uso desse material na confeco deobjetos de arte, de variada gama de utenslios e na feitura de casas; contrariando, assim,a crena geral de que a madeira no era utilizada. A obra apresenta, ademais,observaes relativas arquitetura e s tcnicas de construo.

    VILLAR, (Pierre) - Le "Manual de la Companya Nova" de Gibraltar, 1709-1723, Paris,1962, SEVPEN, (Coleo "Affaires et gens d'affaires"), cole Pratique des Hautestudes, 6e. section, 243 p.. Sumrio por Eurpedes Simes de Paula, RH, n.54, 1963, p.543. Trata-se da edio comentada de um livro de contas catalo do incio do sculoXVIII. Pierre Vilar deu, tambm,um exemplo de publicao comentada, o inventrio-tipodas indicaes tcnicas e das sugestes gerais que podem ser extradas desse gnero

    de documentos "involuntrios" e "objetivos". As indicaes tcnicas referem-se aofuncionamento prtico de uma dessas "Companhias" que formam o quadro clssico daatividade econmica mediterrnea entre os sculos XII e XIX. Nessa obra pode-seapreciar, tambm, o vocabulrio e a tcnica das operaes, as mais diversas ecaractersticas, desenvolvidas pela companhia, as mercadorias trocadas, os naviosutilizados, a incidncia do custo de transporte e do fisco, informaes metrolgicas e amoeda. Reconstitui-se, a partir do "Manual", o "Grande Livro" da Companhia e seus trsbalanos, o que nos permite julgar, na data do documento, o estado e a utilizao datcnica contbil.

    * * *

    INTERVENO

    Da Profa. Atice Piffer Canabrava (da Universidade de Paulo)

    Pergunta: "A que atribuem os autores da comunicao o desinteresse dos historiadorespelos problemas de tcnica, como se verifica nos cem nmeros publicados da Revista deHistria?"

    RESPOSTA DOS PROFESSORES FRANCISCO VIDAL LUNA E IRACI DEL NERO DACOSTA.

    "Evidentemente o desinteresse apontado no exprime uma posio da Revista deHistria, trata-se de postura do corpo de historiadores brasileiros Como sugerimos emnossa comunicao, tal demonstrao deve decorrer das prprias condies em que sedeu a estruturao da economia brasileira. Lembramos ademais, que a introduo denovas tcnicas e seu prprio desenvolvimento, no teria ocorrido, entre ns, de formacontnua, muito pelo contrrio, parece-nos que tais mudanas do-se intermitentemente.Estes momentos tm despertado, eventualmente, a preocupao dos historiadores pelatemtica em foco.

  • 7/31/2019 A Contribuio Revista Histria para o Estudos da Tecnicas

    9/99

    NOTAS

    * Comunicao apresentada na 2a. Sesso de Estudos, Equipe D, no dia 19 de julho de 1977 (Nota daRedao).

    1 PAULA (E. Simes de). "O Nosso Programa", Revistade Histria, vol. I, n. 1, janeiro-maro, 1950, p. 1.

    2 Idem, Ibidem.

    3 Idem, p. 2.

    4 A este respeito, l-se no nmero jubilar da Revista de Histria: "As razes do peridico podem serencontradas no contexto da fundao da Universidade de So Paulo, da faculdade de Filosofia, cinciase Letras. Insere-se na histria cultural do pas, na contribuio dos mestres europeus para odesenvolvimento cientfico, com a sua grande contribuio para a moderna historiografia brasileira. FoiFernand Paul Braudel que, 'na hora certa, soprou ao homem certo', a idia de uma Revista, nos moldesde Les Annales, aberta histria em suas mltiplas abordagens e com o apoio permanente deespecialistas estrangeiros". RODRIGUES (Maria Regina da Cunha), Uma Explicao, Revista de Histria,nmero jubilar bis (103), vol. LII, tomo I, julho-setembro 1975, So Paulo, FFLCH-USP, 1975.