A construção dos espaços escolares no Brasil na primeira metade do século 20: interfaces entre...
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A CONSTRUÇÃO DOS ESPAÇOS ESCOLARES NO BRASIL NA
PRIMEIRA METADE DO SÉCULO 20: INTERFACES ENTRE
PSICOLOGIA E PEDAGOGIA
Daniele Uglione Fabbrin Casale dos Santos
PPGEDUCS
INTRODUÇÃO
Essa pesquisa é resultado de um levantamento bibliográfico que iniciei para compor o quadro teórico da minha Dissertação de Mestrado no intuito de encontrar recortes da História da Educação Especial no Brasil.
A partir disso foquei meu olhar para uma interface da História da Educação com a História da Psicologia na tentativa de compor recortes sobre a constituição dos espaços escolares e a classificação dos estudantes, bem como a formação de professores no período referido.
OBJETIVOS
Esse foco se configurou devido a uma tentativa de “escavar” os discursos que produziram o sujeito com deficiência intelectual e seus espaços no período referido.
O mergulho na História da Psicologia no Brasil foi pensado para um entendimento da instrumentalização das práticas pedagógicas e da composição dos discursos educacionais no período referido.
RESULTADOS
Gabinetes de Antropologia Pedagógica e Psicologia Experimental - Clemente Quaglio (1872-1948) em 1910.
Porta de entrada para o acesso ao conhecimento das diferenças individuais e das fases de
desenvolvimento dos estudantes colocando o professor na condição de encontrar seu espaço
no mundo dos saberes científicos, por intermédio do conhecimento da natureza humana das
crianças. (CENTOFANTI, 2006)
RESULTADOS
James McKeen Cattell (1860-1944) inaugurou o estudo científico das
diferenças pela psicometria nos EUA
cunhou o termo Testes Mentais
RESULTADOS Alfred Binet (1857-1911)
primeiro a abordar sobre situações de testes ligados à vida comum organizador do primeiro teste psicológico
de habilidade mental criou uma escala de mensuração da
inteligência junto com o psiquiatra Theodore Simon (1873-1961)
RESULTADOS
Brasil: país predominantemente rural com um ideal Liberal e Positivista Denúncia da falta de homogeneidade nas
instituições públicas Conhecimentos científicos extremamente
valorizados Psicologia tornou-se ciência básica
instrumental para a Pedagogia impulsionando um desenvolvimento teórico e prático da educação
RESULTADOS“ A intelectualidade brasileira apostava na
escolarização universal e na educação formal como estratégia para alcançar o desenvolvimento econômico.”
(BASTOS, 2003,p.252)
As práticas da Psicologia Experimental trouxeram possibilidades de mensurar a inteligência e
caracterizar a personalidade, uma ferramenta que se tornou indispensável para as práticas
pedagógicas que tinham como missão a formação do cidadão brasileiro. (ANTUNES, 2007)
RESULTADOS
Psicometria: possibilitou às escolas instrumentos classificatórios para
justificar o fracasso escolar planejar o ensino conforme a clientela promover agrupamentos homogêneos descrever a personalidade, as aptidões e o
caráter dos estudantes
RESULTADOS Manuel Bergstrom Lourenço Filho (1897-1970) iniciou seus estudos com testes de atenção e
de maturidade para a leitura, na Escola Complementar de Piracicaba
desenvolveu o Teste ABC para verificar a maturidade necessária das crianças para a aquisição da leitura e escrita.
reorganizou o ensino em São Paulo criando cursos de aperfeiçoamento para professores,
criou, na Escola Normal de São Paulo, o Laboratório de Psicologia Educacional com Noemi Rudolpher da Silveira (1902-1988)
RESULTADOS Anísio Teixeira (1900-1971)
traz para o Brasil as ideias de John Dewey (1859-1952) fundamenta o Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova para a formação de uma Escola Ativa no Brasil, em 1932.
consolidou um discurso educacional expressivo caracterizado pelo Positivismo e Escolanovismo ou Escola Nova.
RESULTADOS
Na Escola Nova os conhecimentos da Psicologia contribuíram para a organização dos diferentes estágios da aprendizagem infantil e a graduação dos saberes para a introdução do princípio ativo da aprendizagem.
O professor deveria conhecer as disposições hereditárias e psicológicas de seus alunos, pois, conhecendo o interior de cada um seria possível realizar uma educação de dentro para fora.
RESULTADOS
A Escola Nova tornou os mecanismos disciplinares mais sutis, centrou a criança como foco da educação estimulando a vontade e o interesse da mesma.
“ A própria arquitetura das escolas tinha como objetivo a criação de novos sentimentos e comportamentos (...) procurava tornar-se a ação da escola a mais eficiente possível em relação ao disciplinamento do cotidiano da
população (...)” (PINTO, 2003, p. 271)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesse âmbito discursivo, o espaço escolar passa a ser constituído como um ambiente de formação do cidadão, onde as crianças desenvolvem suas potencialidades e habilidades.
As instituições de ensino passaram a contar com bibliotecas, laboratórios, museus, mobiliários adaptadas às crianças, além de métodos diferenciados de ensino como a utilização de meios audiovisuais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Psicologia foi o pilar de sustentação científica da Escola Nova e a educação brasileira passou a ser definida como campo profissional específico.
A possibilidade de classificação e mensuração das habilidades e potencialidades dos sujeitos criou espaços especiais de ensino, como as salas de educação especial para pessoas com deficiência intelectual, bibliotecas e laboratórios, salas de aula com mobiliário adequado ao tamanho das crianças constituindo espaços homogêneos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O entendimento histórico dessas modificações aborda a constituição de saberes a partir da união de ciências voltadas ao entendimento do ser humano.
o olhar sobre a história não pode ficar apenas nos recortes atuais da bibliografia específica da História da Educação, faz-se necessário verificar a relevância das produções em História da Psicologia e outras ciências, como a Sociologia e Antropologia, que contribuíram para a produção de saberes no campo educacional brasileiro.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relação de saber-poder constituída nessa interface de áreas de conhecimento produziu espaços específicos e métodos educativos de caráter científico positivista.
Para além da produção de espaços, se produziu modos de subjetivação. O cidadão brasileiro recebia sua identidade.
Os sujeitos assumiram classificações e ocuparam seus espaços específicos ( tanto estudantes como professores)
REFERÊNCIASANTUNES, M.A.P. A psicologia no Brasil: leitura histórica sobre sua constituição. São Paulo: Marco/EDUC, 2007.BASTOS, C.P.S. História e psicologia: ferramentas para entender a educação brasileira. In: JACÓ-VILELA, A.M. (org) Clio-Psyqué: Paradigmas: historiografia, psicologia, subjetividades. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2003.CENTOFANTI, R. Os laboratórios de psicologia nas escolas normais de São Paulo: o despertar da psicometria. Psicol. educ. [online]. n.22, 2006. pp. 31-52. ISSN 1414-6975. PINTO, K.P. Os organizadores da alma popular: educadores, Escola Nova e psicologia no Brasil. In: JACÓ-VILELA, A.M. (org) Clio-Psyqué: Paradigmas: historiografia, psicologia, subjetividades. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2003.