A Confissão Belga.pdf

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 A Confissão Belga  Fonte, acesso em 15.07.15: http://www.igrejasreformadasdobrasil.org/doutrina/confissao-belga Oprimeiro dos padrões do utrinários das Igrejas Ref ormadas é a Confissão de Fé. É chamado normalmente de Confissão Belga, pois é originário da região sul dos Países Baixos, conhecida hoje como Bélgica. O seu principal autor, Guido de Brès, um prega- dor das Igrejas Reformadas dos Países Baixos, foi martirizado por causa da Fé no ano de 1567. Durante o Século XVI as igrejas desse país estavam sujeitas às mais terríveis perseguições por parte do governo católico-romano. De Brès preparou essa confissão no ano de 1561 para protestar contra essa cruel opressão e provar aos seus perseguidores que os adeptos da Fé Reformada não eram rebeldes, como haviam sido acusados, mas cidadãos dentro da lei que professavam a autêntica doutrina cristã, segundo as Sagradas Escrituras. No ano seguinte, um seu exemplar foi enviado ao rei Felipe II juntamente com uma petição em que os signatários declaravam estar prontos a obedecer o governo em todas as coisas legítimas, mas que estavam prontos “a oferecer as suas costas aos chicotes, suas línguas às facas, suas bocas às mordaças e o seu corpo inteiro às chamas” ao invés de negarem as verdades expressas nessa Confissão. Embora não haja logrado o propósito imediato de assegurar a libertação da perseguição, e o próprio de Brès tenha caído com um dos milhares que selaram a fé com as próprias vidas, o seu trabalho tem perdurado e continuará a resistir por séculos.  Ao compor a Confissão, o seu autor valeu-se, numa certa medida, da Confissão das Igrejas Reformadas da França, escrita principalmente por João Calvino e publicada dois anos antes. Contudo, a obra de de Brès não é uma mera revisão do trabalho de Calvino, mas uma composição independente. Ela foi imediata e alegremente recebida pelas igrejas dos Países Baixos e adotada pelos Sínodos Nacionais convocados nas últimas três décadas do Século XVI. Depois de uma criteriosa revisão, não de conteúdo mas textual, o grande Sínodo de Dort de 1618/1619 a adotou como um dos padrões doutrinários da Igreja Reforma- da, à qual se requer a subscrição de todos os seus oficiais eclesiásticos. É amplamente reconhecida a sua excelência como uma das melhores declarações simbólicas da fé reformada.  A CONFI SSÃO BELGA Contendo a síntese da doutrina de Deus e da salvação eterna do h omem. ARTIGO 1 Só existe um Deus 

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  • A Confisso Belga Fonte, acesso em 15.07.15: http://www.igrejasreformadasdobrasil.org/doutrina/confissao-belga

    Oprimeiro dos padres doutrinrios das Igrejas Reformadas a Confisso de F. chamado normalmente de Confisso Belga, pois originrio da regio sul dos Pases Baixos,

    conhecida hoje como Blgica. O seu principal autor, Guido de Brs, um prega- dor das Igrejas

    Reformadas dos Pases Baixos, foi martirizado por causa da F no ano de 1567. Durante o Sculo

    XVI as igrejas desse pas estavam sujeitas s mais terrveis perseguies por parte do governo

    catlico-romano. De Brs preparou essa confisso no ano de 1561 para protestar contra essa cruel

    opresso e provar aos seus perseguidores que os adeptos da F Reformada no eram rebeldes,

    como haviam sido acusados, mas cidados dentro da lei que professavam a autntica doutrina

    crist, segundo as Sagradas Escrituras. No ano seguinte, um seu exemplar foi enviado ao rei Felipe

    II juntamente com uma petio em que os signatrios declaravam estar prontos a obedecer o

    governo em todas as coisas legtimas, mas que estavam prontos a oferecer as suas costas aos

    chicotes, suas lnguas s facas, suas bocas s mordaas e o seu corpo inteiro s chamas ao invs

    de negarem as verdades expressas nessa Confisso.

    Embora no haja logrado o propsito imediato de assegurar a libertao da perseguio, e o prprio

    de Brs tenha cado com um dos milhares que selaram a f com as prprias vidas, o seu trabalho

    tem perdurado e continuar a resistir por sculos.

    Ao compor a Confisso, o seu autor valeu-se, numa certa medida, da Confisso das Igrejas

    Reformadas da Frana, escrita principalmente por Joo Calvino e publicada dois anos antes.

    Contudo, a obra de de Brs no uma mera reviso do trabalho de Calvino, mas uma composio

    independente. Ela foi imediata e alegremente recebida pelas igrejas dos Pases Baixos e adotada

    pelos Snodos Nacionais convocados nas ltimas trs dcadas do Sculo XVI. Depois de uma

    criteriosa reviso, no de contedo mas textual, o grande Snodo de Dort de 1618/1619 a adotou

    como um dos padres doutrinrios da Igreja Reforma- da, qual se requer a subscrio de todos os

    seus oficiais eclesisticos. amplamente reconhecida a sua excelncia como uma das melhores

    declaraes simblicas da f reformada.

    A CONFISSO BELGA Contendo a sntese da doutrina de Deus e da salvao eterna do homem.

    ARTIGO 1

    S existe um Deus

  • Todos ns cremos com o corao, e confessamos com a boca,1 que s existe um Deus,2 que um

    Ser espiritual e simples;3 Ele eterno,4 incompreensvel,5 invisvel,6 imutvel,7 infinito,8

    onipotente,9 perfeitamente sbio,10 justo,11 bom12 e a fonte transbordante de todo o bem.13

    1. Rm 10.10; 2. Dt 6.4; 1Co 8.4; 1Tm 2.5; 3. Jo 4.24; 4. Sl 90.2; 5. Rm 11.33; 6. Cl 1.15; 1Tm 6.16;

    7. Tg 1.15; 8. 1Rs 8.27; Jr 23.24; 9. Gn 17.1; Mt 19.26; Ap 1.8; 10. Rm 16.27; 11. Rm 3.25, 26; Rm

    9.14; Ap 16.5, 7; 12. Mt 19.17; 13. Tg 1.17.

    ARTIGO 2

    Como Deus se faz conhecido a ns

    Ns o conhecemos por dois meios.

    Primeiro: pela criao, preservao e governo do Universo, exposto aos nossos olhos como o mais

    magnfico dos livros,1 no qual todas as criaturas grandes e pequenas so como as muitas letras que

    nos levam a reconhecer claramente os atributos in- visveis de Deus, assim o seu eterno poder,

    como tambm a sua prpria divindade, como nos diz o apstolo Paulo em Rm 1.20.

    Todas essas coisas so suficientes para convencer os homens e torn-los indesculpveis.

    Segundo: Ele se faz conhecer mais clara e plenamente atravs da Sua Santa e Divina Palavra2

    tanto quanto para ns necessrio nesta vida para a Sua glria e nossa salvao.

    1. Sl 19.1-4; 2. Sl 19.7, 8; 1Co 1.18-21.

    ARTIGO 3

    A Palavra de Deus

    Confessamos que a Palavra de Deus no foi enviada nem produzida pela vontade humana;

    entretanto, homens santos falaram da parte de Deus, movidos pelo Esprito Santo, como afirma o

    apstolo Pedro (2Pe 1.21). Aps isto Deus, em Seu especial cuidado por ns e nossa salvao,

    ordenou que os profetas e os apstolos, Seus servos, registrassem por escrito a Sua Palavra

    revelada;1 tendo Ele mesmo escrito com os prprios dedos as duas tbuas da lei.2 por isso que

    chamamos esses escritos de Sagradas e Divinas Escrituras.3

    1. x 34.27; Sl 102.18; Ap 1.11, 19; 2. x 31.18; 3 2Tm 3.16.

  • ARTIGO 4

    Os livros cannicos

    Cremos que as Sagradas Escrituras constituem-se de duas partes: o Velho e o Novo Testamentos,

    que so cannicos e contra os quais nada se pode pretextar. Esta a relao dos livros

    reconhecidos pela igreja de Deus:

    Os livros do Velho Testamento so: Cinco livros de Moiss: Gnesis, xodo, Levtico,

    Nmeros e Deuteronmio; Doze livros histricos: Josu, Juzes, Rute, I e II Samuel, I e II Reis,

    I e II Crnicas, Esdras, Neemias, Ester; Cinco livros poticos: J, Salmos, Provrbios,

    Eclesiastes e Cntico dos Cnticos; Quatro profetas maiores: Isaas, Jeremias (com

    Lamentaes), Ezequiel e Daniel; Doze profetas menores: Osias, Joel, Ams, Oba- dias,

    Jonas, Miquias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.

    Os livros do Novo Testamento so: Quatro evangelhos: Mateus, Marcos, Lucas e Joo; Os

    Atos dos Apstolos;

    As treze cartas do apstolo Paulo: Romanos, I e II Corntios, Glatas, Efsios, Filipenses,

    Colossenses, I e II Tessalonicenses, I e II Timteo, Tito e Filemon;

    A carta aos Hebreus; As outras sete cartas: Tiago, I e II Pedro, I, II e III Joo e Judas; E a revelao

    do apstolo Joo: Apocalipse.

    ARTIGO 5

    A autoridade das Sagradas Escrituras

    Recebemos1 todos esses livros e eles somente como sagrados e cannicos para regular,

    fundamentar e confirmar a nossa f.2 Cremos, sem dvida nenhuma, em tudo o que eles contm,

    no tanto porque a igreja assim os recebe e aprova, mas principalmente porque o Esprito Santo

    testifica em nossos co- raes que eles vm de Deus,3 como eles mesmos provam; pois at os

    cegos podem perceber que as coisas preditas neles esto a se cumprir.4

    1. 1Ts 2.13; 2. 2Tm 3.16, 17; 3. 1Co 12.3; 1Jo 4.6; 1Jo 5.7; 4. Dt 18.21, 22; 1Rs 22.28; Jr 28.9; Ez

    33.33.

    ARTIGO 6

  • A diferena entre os livros cannicos e os livros apcrifos

    Distinguimos esses livros sagrados dos apcrifos, que so os seguintes: III e IV Esdras, Tobias,

    Judite, Sabedoria, Eclesistico, Baruc, os acrscimos aos livro de Ester e Daniel (o cntico de

    Azarias na fornalha, o cntico dos trs jovens na fornalha, a estria de Suzana, Bel e o Drago), a

    orao de Manasss e I e II Macabeus.

    A igreja pode ler e tirar deles instruo at onde concordarem com os livros cannicos. Mas no tm

    nenhum poder nem autoridade que possam confirmar pelo seu testemunho qualquer artigo da f ou

    da religio crist; muitos menos podem diminuir a autoridade dos livros sagrados. Se algum vem

    ter convosco e no traz esta doutrina, no o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas (2Jo

    1.10).

    1. 2Tm 3.16, 17; 1Pe 1.10-12; 2. 1Co 15.2; 1Tm 1.3; 3. Dt 4.2; Pv 30.6; At 26.22; 1Co 4.6; Ap 22:18,

    19; 4. Sl 19.7; Jo 15.15; At 18.28; 20.27; Rm 15.4; 5. Mc 7.7-9; At 4.19; Cl 2.8; 1Jo 2.19; 6. Dt 4.5, 6;

    Is 8.20; 1Co 3.11; Ef 4.4-6; 2Ts 2.2; 2Tm 3.14, 15.

    ARTIGO 7

    A suficincia da Sagrada Escritura

    Cremos que a Sagrada Escritura contm perfeitamente a vontade de Deus e que ensina

    suficientemente tudo aquilo que o homem precisa saber para ser salvo.1 Nela est detalhado e

    escrito cabalmente o modo de adorao que Deus requer de ns. Por isso, no lcito a ningum,

    nem mesmo a apstolos, nada ensinar que seja diferente daquilo que agora nos ensina a Sagrada

    Escritura;2 sim, nem que seja um anjo vindo do cu, como afirma o apstolo Paulo (Gl 1.8). A

    proibio de acrescentar ou retirar qualquer coisa da Palavra de Deus (Dt 12.32),3 evidncia que a

    doutrina nela contida perfeitssima e completssima em todos os sentidos.4

    No nos permitido considerar quaisquer escritos de homens, por mais santos que tenham sido,

    como de igual valor ao das Escrituras Divinas; nem devemos considerar que costumes, maiorias,

    antiguidade, sucesso de tempos e de pessoas, conclios, decretos ou estatutos tenham o mesmo

    valor da verdade de Deus, porque a verdade est acima de tudo. Pois todos os homens so em si

    mesmos mentirosos e mais leves que a vaidade (Sl 62.9).

    Por isso, rejeitamos de todo o corao tudo aquilo que discorde dessa regra infalvel,6 conforme nos

    ensinou o apstolo: provai os espritos se procedem de Deus (1Jo 4.21), e tambm: "Se algum

    vem ter convosco e no traz esta doutrina, no o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas"

    (2Jo 1.10).

  • 1. 2Tm 3.16, 17; 1Pe 1.10-12; 2. 1Co 15.2; 1Tm 1.3 3. Dt 4.2; Pv 30.6; At 26.22; 1Co 4.6; Ap 22:18,

    19; 4. Sl 19.7; Jo 15.15; At 18.28; 20.27; Rm 15.4; 5. Mc 7.7-9; At 4.19; Cl 2.8; 1Jo 2.19; 6. Dt 4.5, 6;

    Is 8.20; 1Co 3.11; Ef 4.4-6; 2Ts 2.2; 2Tm 3.14, 15.

    ARTIGO 8

    Trindade Deus um em essncia, contudo distinto em trs pessoas

    De acordo com essa verdade e a Palavra de Deus, cremos em um s Deus,1 uno na essncia, em

    quem h trs pessoas dis- tintas de modo real, verdadeiro e eterno conforme os Seus atributos

    incomunicveis: o Pai, o Filho e o Esprito Santo.2 O Pai a causa, a origem e o princpio de todas

    as coisas visveis e invisveis.3 O Filho a Palavra, a sabedoria, e a imagem do Pai.4 O Esprito

    Santo a fora e o poder eternos que procedem do Pai e do Filho.5 Deus, contudo, no est divido

    em trs, pois as Sagradas Escrituras nos ensinam que o Pai, o Filho e o Esprito Santo cada um tem

    Sua prpria pessoa diferenada por Seus atributos, mas de tal modo que as trs pessoas so

    apenas um nico Deus.

    evidente, ento, que o Pai no o Filho e que o Filho no o Pai; e tambm que o Esprito Santo

    no o Pai nem, o Filho. Todavia essas pessoas distintas no esto divididas, nem misturadas

    entre si; pois o Pai no assumiu a nossa carne e sangue, nem tambm o Esprito Santo, mas

    somente o Filho. O Pai jamais existiu sem Seu Filho6 ou sem Seu Esprito Santo, pois os trs, em

    uma nica e mesma essncia, so iguais em eternidade. No h primeiro nem ltimo, pois todos os

    trs so um em verdade, poder, bondade e misericrdia.

    1. 1Co 8.4-6; 2. Mc 3.16, 17; Mt 28.19; 3. Ef 3.14, 15; 4. Pv 8.22-31; Jo 1.14; 5.17-26; 1Co 1.24; Cl

    1.15-20; Hb 1.3; Ap 19.13; 5. Jo 15.26; 6. Mq 5.2; Jo 1.1, 2.

    ARTIGO 9

    O testemunho da Escritura sobre a Trindade

    Tudo isso sabemos tanto pelo testemunho da Sagrada Escritura1 quanto pelas obras de cada uma

    das trs Pessoas e especialmente por aquelas que percebemos em ns mesmos. Os testemunhos

    da Escritura que nos ensinam a crer na Trindade Santa esto registrados em muitos lugares no

    Velho Testamento. No necessrio cit-los todos, basta selecionar criteriosamente a alguns deles.

  • No livro de Gnesis 1.27 e 26, Deus diz: Faamos o homem nossa imagem, conforme a nossa

    semelhana .... Criou Deus, pois, o homem Sua imagem, imagem de Deus o criou; homem e

    mulher os criou. Assim tambm em Gnesis 3.22: Eis que o homem se tornou como um de Ns.

    Quando Deus diz: Faamos o homem nossa imagem, conforme a nossa semelhana, evidencia-

    se que existe mais do que uma Pessoa Divina; e ao dizer: Criou Deus, demonstra-se que s existe

    um nico Deus. verdade que no se diz quantas Pessoas so, mas aquilo que no Velho

    Testamento parece um tanto obscuro, no Novo Testamento fica totalmente claro. Pois quando o

    nosso Senhor foi batizado no rio Jordo, ouviu-se a voz do Pai que disse: Este o meu Filho

    amado (Mt 3.17), enquanto o Filho foi visto na gua e o Esprito Santo desceu sobre Ele na forma

    corprea de uma pomba.2 Alm disso Cristo prescreveu a seguinte frmula para o batismo de todos

    os crentes: batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Esprito Santo (Mt 28.19). No

    Evangelho segundo Lucas o anjo Gabriel assim diz a Maria, me do nosso Senhor: Descer sobre

    ti o Esprito Santo, e o poder do Altssimo te envolver com a sua sombra; por isso, tambm o ente

    santo que h de nascer ser chamado Filho de Deus (Lc 1.35). E de modo semelhante: A graa do

    Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunho do Esprito Santo sejam com todos vs

    (2Co 13.14). Em todas essas referncias somos amplamente ensinados que existem trs Pessoas

    em uma nica essncia. Embora tal doutrina ultrapasse o entendimento humano, na vida presente

    cremos nela alicerados na Palavra de Deus, e esperamos gozar de seu pleno conhecimento e fruto

    no cu porvir.

    Temos, acima de tudo, que observar os ofcios e as obras distintos dessas trs Pessoas para

    conosco. O Pai chamado nosso Criador por Seu poder; o Filho, nosso Salvador e Redentor por

    Seu sangue; o Esprito Santo, nosso Santificador, porque habita em nossos coraes. A doutrina da

    Santa Trindade sempre tem sido mantida na verdadeira igreja, dos dias apostlicos at o presente,

    contra os judeus, os mulumanos, e contra os falsos cristos e os hereges como Marcio, Mani,

    Prxeas, Sablio, Paulo de Samsata, rio, e outros, que foram condenados de modo justo pelos

    pais ortodoxos. Quanto a essa doutrina, por- tanto, aceitamos de boa vontade os trs credos: o

    Apostlico, o Niceno, e o Atanasiano; bem como o que os pais antigos estabeleceram em

    concordncia com estes credos.

    1. Jo 14.16; Jo 15.26; At 2.32, 33; Rm 8.9; Gl 4.6; Tt 3.4-6; 1Pe 1.2; 1Jo 4.13, 14; 1Jo 5.1-12; Jd

    20,21; Ap 1.4,5; 2. Mt 3:16.

    ARTIGO 10

    Jesus Cristo: eterno e verdadeiro Deus

    Cremos que Jesus Cristo , segundo a Sua natureza Davi o Filho Unignito de Deus,1 gerado

  • desde a eternidade, no feito nem criado seno seria uma criatura mas da mesma

    substncia e co-eterno com o Pai, o resplendor da glria e a expresso exata do seu Ser (Hb

    1.3) e em tudo igual a Ele.2 Ele o Filho de Deus no somente desde que assumiu a nossa

    natureza, mas desde a eternidade,3 conforme nos ensina a comparao dos seguintes

    testemunhos: Moiss afirma que Deus criou o mundo;4 o apstolo Joo diz que tudo foi criado pelo

    Verbo, ao qual chama Deus.5 A Carta aos Hebreus diz que Deus criou o mundo por meio do Seu

    Filho;6 igualmente o apstolo Paulo afirma que Deus criou todas as coisas por meio de Jesus

    Cristo.7 Portanto, conclui-se necessariamente que quele a quem chamam de Deus, de Verbo, de

    Filho e de Jesus Cristo, existia de fato j no tempo em que todas as coisas foram criadas por Ele.

    Por isso que Ele pde dizer: Em verdade, em verdade eu vos digo: antes que Abrao existisse,

    EU SOU (Jo 8.58), e pde orar: glorifica-me, Pai, contigo mesmo, com a glria que eu tive junto

    de ti, antes que houvesse mundo (Jo 17.5). Logo, Ele o Deus Verdadeiro e Eterno, o Onipotente a

    quem invocamos, adoramos e servimos.

    1. Mt 17.5; Jo 1.14, 18; Jo 3.16; Jo 14.1-14; Jo 20.17, 31; Rm 1.4; Gl 4.4; Hb 1.2; 1Jo 5.5, 9-12; 2. Jo

    5.18, 23; Jo 10.30; Jo 14.9; Jo 20.28; Rm 9.5; Fp 2.6; Cl 1.15; Tt 2.13; Hb 1.3; Ap 5.13; 3. Jo 8.58;

    Jo 17.5; Hb 13.8; 4. Gn 1.1; 5. Jo 1.1-3; 6. Hb 1.2; 7. 1Co 8.6; Cl 1:16.

    ARTIGO 11

    O Esprito Santo: eterno e verdadeiro Deus

    Cremos e confessamos tambm que o Esprito Santo pro- cede do Pai e do Filho desde a

    eternidade. Ele no foi feito, nem criado, nem gerado; pode-se afirmar apenas que Ele procede de

    ambos.1 Ele , pela ordem, a Terceira Pessoa da Trindade, de igual substncia majestade e glria

    com o Pai e o Filho, verdadeiro e eterno Deus, conforme nos ensina as Sagradas Escrituras.2

    1. Jo 14.15-26; Jo 15.26; Rm 8.9; 2. Gn 1.2; Mt 28.19; At 5.3, 4; lCo 2.10; 1Cor 3:16; 1Co 6.11; 1Jo

    5.7.

    ARTIGO 12

    A criao de todas as coisas, especialmente dos anjos

    Cremos que o Pai criou por Sua Palavra isto , por meio de Seu Filho o Verbo o cu, a terra e

    todas as criaturas do nada, quando bem Lhe aprouve,1 e que, a cada uma delas, concedeu o ser, a

    forma, e a aparncia, e a cada uma a prpria funo especfica para servirem ao seu Criador.

  • Cremos que Ele tambm continua a sustent-las e a govern-las segundo a Sua providncia eterna,

    pelo Seu poder infinito, para que sirvam ao homem, a fim de que o homem possa servir ao seu

    Deus.

    Ele tambm criou os anjos bons, para serem Seus mensageiros e servirem a Seus eleitos.2 Da

    posio de exaltao em que foram criados por Deus, alguns deles caram na perdio eterna,3

    tendo os demais, pela graa de Deus, permanecido firmes em seu estado original. Os demnios e

    os espritos malignos so to corrompidos que so inimigos de Deus e de todo o bem.4 Ficam de

    espreita como assassinos para, com todas as suas foras, arruinarem a igreja e a todos os seus

    membros e para tudo destrurem com os seus artifcios malignos.5 Por isso, pela prpria

    malignidade deles, esto condenados perdio eterna e aguardam a cada dia os seus horrveis

    tormentos.6

    Assim, abominamos e rejeitamos o erro dos Saduceus, que negam a existncia de espritos e de

    anjos;7 e tambm os erros dos Maniquestas, que dizem que os demnios no foram cria- dos, mas

    que tm origem em si mesmos e que no se corromperam, sendo malignos pela prpria natureza.

    1. Gn 1.1; Gn 2.3; Is 40.26; Jr 32.17; Cl 1.15, 16; lTm 4.3; Hb 11.3; Ap 4.11; 2. Sl 103.20, 21; Mt

    4.11; Hb 1.14; 3. Jo 8.44; 2Pe 2.4; Jd 6; 4. Gn 3.1-5; lPe 5.8; 5. Ef 6.12; Ap 12.4, 13-17; Ap 20.7-9;

    6. Mt 8.29; Mt 25.41; Ap 20.10; 7. At 23.8.

    ARTIGO 13

    A Providncia de Deus

    Cremos que o bom Deus, depois de haver criado todas as coisas, no as abandonou nem as

    entregou ao destino ou acaso,1 mas segundo a Sua santa vontade Ele as rege e governa de tal

    modo que no mundo nada acontece sem a Sua determinao.2 Deus, contudo, no o autor nem

    culpvel dos pecados que se cometem,3 pois Seu poder e bondade so to grandes e

    incompreensveis que Ele ordena e faz a Sua obra de modo mais excelente e justssimo, ainda que

    os demnios e os mpios ajam com injustia.4 E quanto quilo que Ele faz que ultrapassa o

    entendimento humano, no queremos investigar curiosamente alm da nossa capacidade de

    entender. Mas adoramos com toda humildade e reverncia os justos juzos de Deus, que nos esto

    ocultos.5 Contentamo-nos em ser discpulos de Cristo, que de- vem aprender apenas o que Ele nos

    ensina em Sua Palavra, sem transgredir esses limites.6

    Essa doutrina nos traz uma consolao indizvel, quando nos ensina que nada nos acontece por

    acaso, mas somente pela determinao do nosso gracioso Pai celestial. Ele cuida de ns com zelo

    paternal, guardando as Sua criaturas de tal modo que debaixo do Seu poder que nem mesmo um

    cabelo da nossa cabea pois esto todos contados ou um pardal cai por terra sem o

  • consentimento do nosso Pai (Mt 10.29, 30). Nisso confia- mos, pois sabemos que Ele reprime o

    maligno e todos os nossos inimigos para que no possam nos ferir sem a Sua permisso ou

    vontade.7

    Por isso rejeitamos o detestvel erro dos epicureus, que afirmam que Deus no se importa com

    nada, mas tudo entrega ao acaso.

    1. Jo 5.17; Hb 1.3. 2. Sl 115.3; Pv 16.1, 9, 33; Pv 21.1; Ef 1.11, 12; Tg 4.13-15. 3. Tg 1.13; 1Jo 2.16.

    4. J 1.21; Is 10.5; Is 45.7; Am 3.6; At 2.23; At 4.27,28. 5. 1Rs 22.19- 23; Rm 1.28; 2Ts 2.11. 6. Dt

    29.29; 1Co 4.6. 7. Gn 45.8; Gn 50.20; 2Sm 16.10; Rm 8.28, 38, 39.

    ARTIGO 14

    A criao e queda do homem e a sua incapacidade de realizar o que seja verdadeiramente

    bom

    Cremos que Deus criou o homem do p da terra1 e o fez e o formou Sua imagem e semelhana:

    bom, justo e santo.2 A 22 sua vontade ajustava-se vontade de Deus em tudo. Mas quando o

    homem estava naquele estado sublime, ele no o compreendeu nem reconheceu a sua posio

    excelente, mas acolheu as palavras do diabo e sujeitou-se por livre vontade ao pecado e, assim,

    morte e maldio.3 Transgrediu o mandamento de vida que recebera, e por seu pecado apartou-

    se de Deus, que era a sua vida verdadeira, corrompendo toda a sua natureza e tornando-se, pois,

    merecedor da morte fsica e espiritual.4

    Havendo se tornado mpio e perverso, corrupto em todas as suas prticas, perdeu todos os dons

    excelentes5 que havia recebido de Deus. Nada lhe restou disso seno uns poucos vestgios,

    suficientes para torn-lo indesculpvel.6 Logo, qualquer luz que h em ns transformou-se em

    trevas,7 como nos ensina a Escritura: A luz resplandece nas trevas, e as trevas no prevaleceram

    contra ela (Jo 1.5). Aqui o apstolo Joo chama a natureza humana de trevas.

    Rejeitamos, portanto, todo ensinamento sobre o livre-arbtrio que seja contrrio a isso, porque o

    homem no passa de escravo do pecado (Jo 8.34) e ningum pode receber coisa alguma se do

    cu no lhe for dada (Jo 3.27). Pois, quem que ousa vangloriar-se de poder por si mesmo fazer

    algum bem, quando Cristo afirma que: Ningum pode vir a mim se o Pai, que me enviou, no o

    trouxer (Jo 6.44)? Quem se gloriar da sua vontade prpria, depois de compreender que o pendor

    da carne inimizade contra Deus (Rm 8.7)? Quem pode falar do seu entendimento, quando o

    homem natural no aceita as coisas do Esprito de Deus (1Co 2.14)? Em resumo, quem que ousa

    reivindicar, seja o que for, quando entende que no somos capazes de pensar alguma coisa, como

    se partisse de ns mesmos, mas que a nossa capacidade vem de Deus (2Co 3.5)? Por isso, aquilo

  • que o apstolo diz deve justamente permanecer certo e firme: porque Deus quem efetua em vs

    tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2.13). Porque no h entendimento,

    nem vontade ajustada ao entendimento e vontade de Deus, se Cristo no o efetuar em ns,

    segundo Ele nos ensina: sem mim nada podeis fazer (Jo 15.5).

    1. Gn 2.7; Gn 3.19; Ec 12.7. 2. Gn 1.26, 27; Ef 4.24; Cl 3.10. 3. Gn 3.16-19; Rm 5.12. 4. Gn 2.17; Ef

    2.1; Ef 4.18. 5. Sl 94.11; Rm 3.10; Rm 8.6. 6. Rm 1.20, 21. 7. Ef 5.8.

    ARTIGO 15

    O pecado original

    Cremos que pela desobedincia de Ado o pecado original se estendeu a toda a raa humana.1

    Esse pecado a corrupo de toda a natureza humana2 e um mal hereditrio que contamina at

    mesmo as criancinhas no ventre de suas mes.3 Como raiz, produz no homem toda a sorte de

    pecados. , portanto, to vil e enorme diante de Deus que suficiente para condenar a raa

    humana.4 No eliminado ou erradicado, nem mesmo pelo batismo, pois o pecado sempre jorra

    desta corrupo como a gua corrente de uma fonte contaminada.5 Mas apesar de tudo isso o

    pecado original no imputado para a condenao dos filhos de Deus, mas por Sua graa e

    misericrdia lhes perdoado.6 Isso no significa que os crentes podem descansar tranqilamente

    em seus pecados, mas que a conscincia dessa corrupo mui- tas vezes pode faz-los gemer, na

    ansiosa expectativa de serem libertos do corpo dessa morte.

    A esse respeito, repudiamos o erro dos pelagianos que dizem ser esse pecado apenas uma questo

    de imitao.

    1. Rm 5.12-14, 19. 2. Rm 3.10. 3. J 14.4; Sl 51.5; Jo 3.6. 4. Ef 2.3. 5. Rm 7.18, 19. 6. Ef 2.4, 5.

    ARTIGO 16

    A eleio divina

    Cremos que quando toda a descendncia de Ado se precipitou na perdio e na runa pela

    transgresso do primeiro homem,1 Deus mostrou-se como realmente : misericordioso e justo.

    Misericordioso por socorrer e salvar desta perdio aos que, em Seu conselho eterno e imutvel2

    Ele elegeu3 por pura bondade em Jesus Cristo nosso Senhor,4 sem levar em considerao

  • nenhuma das obras deles.5 Justo por deixar os outros na queda e na perdio nas quais eles

    mesmos se precipitaram.

    1. Rm 3.12. 2. Jo 6.37, 44; Jo 10.29. Jo 17. 2, 9, 12; Jo 18.9. 3. 1Sm 12.22; Sl 65.4; At 13.48; Rm

    9.16; Rm 11.5; Tt 1.1. 4. Jo 15.16, 19; Rm 8.29; Ef 1.4, 5. 5. Ml 1.2, 3; Rm 9.11-13; 2Tm 1.9; Tt 3.4,

    5. 6. Rm 9.19-22; 1Pe 2.8.

    ARTIGO 17

    O socorro do homem cado

    Cremos que o nosso Deus gracioso, ao ver que o homem se precipitara na morte fsica e espiritual e

    se fizera completa- mente miservel, em Sua maravilhosa sabedoria e bondade saiu em busca dele

    quando fugiu trmulo da Sua presena.1 Deus o consolou com a promessa de que lhe daria o Seu

    Filho, nascido de mulher (Gl 4.4), para esmagar a cabea da serpente (Gn 3.15) e torn-lo bem-

    aventurado.2 1. Gn 3.9. 2. Gn 22.18; Is 7.14; Jo

    1.14; Jo 5.46; Jo 7.42; At 13.32, 33; Rm 1.2, 3; Gl 3.16; 2Tm 2.8; Hb 7.14.

    ARTIGO 18

    A encarnao do Filho de Deus

    Confessamos, portanto, que Deus cumpriu a promessa que fizera aos patriarcas pela boca de Seus

    santos profetas1 quando, no tempo determinado por Ele,2 enviou Seu prprio Filho unignito e

    eterno ao mundo, que assumiu a forma de servo e nasceu semelhana de homem (Fp 2.7). Ele

    verdadeiramente assumiu a natureza humana verdadeira com todas as suas fraquezas,3 sem

    pecado.4 Foi concebido no ventre da bendita virgem Maria pelo poder do Esprito Santo e no pela

    ao do homem.5 Para que fosse verdadeiramente homem Ele no apenas assumiu a natureza

    humana quanto ao corpo, mas tambm uma alma humana verdadeira. Pois, assim como o corpo e a

    alma estavam perdidos, foi necessrio que assumisse os dois para que ambos fossem salvos.

    Por isso confessamos (contrrios heresia dos Anabatistas que negam que Cristo assumiu a

    natureza carnal da Sua me) que Cristo partilhou da carne e do sangue dos filhos (Hb 2.14). Ele

    da descendncia de Davi (At 2.30); nascido da descendncia de Davi segundo a carne (Rm 1.3);

    fruto do ventre da virgem Maria (Lc 1.42); nascido de mulher (Gl 4.4); um renovo de Davi (Jr 33.15);

    rebento do tronco de Jess (Is 11.1); procedente da tribo de Jud (Hb 7.14); descendente dos

    judeus segundo a carne (Rm 9.5); da semente de Abrao,6 pois o Filho estava ligado

  • descendncia de Abrao. Por isso Ele tinha de ser igual aos Seus irmos em todos os aspectos,

    contudo sem pecado (Hb 2.16, 17; Hb 4.15).

    Assim Ele verdadeiramente o nosso Emanuel, isso , Deus conosco (Mt 1.23).

    1. Gn 26.4; 2Sm 7.12-16; Sl 132.11; Lc 1.55; At 13.23. 2. Gl 4.4. 3. 1Tm 2.5; 1Tm 3.16; Hb 2.14. 4.

    2Co 5.21; Hb 7.26; 1Pe 2.22. 5. Mt 1.18; Lc 1.35. 6. Gl 3.16.

    ARTIGO 19

    As duas naturezas na nica pessoa de Cristo

    Cremos que, por essa concepo, a pessoa do Filho de Deus est inseparavelmente unida e ligada

    natureza humana,1 de modo que no h dois filhos de Deus, nem duas pessoas, mas duas

    naturezas unidas em uma nica pessoa. Cada uma delas mantm as sua caractersticas distintas: a

    Sua natureza Divina permaneceu sempre no-criada, sem comeo de dias nem fim de vida (Hb 7.3),

    preenchendo cu e terra.2 A Sua natureza humana no perdeu as suas caractersticas: tem comeo

    de dias e continua criada; finita e conserva todos os atributos de um corpo verdadeiro.3 No

    entanto, pela Sua ressurreio, concedeu Ele imortalidade Sua natureza humana, no havendo

    modificado a realidade dela,4 pois a nossa salvao e ressurreio dependem tambm da realidade

    do Seu corpo.5

    Contudo, essas duas naturezas esto to intimamente unidas em uma nica pessoa que no foram

    separadas nem mesmo por Sua morte. Ao morrer, portanto, Ele rendeu nas mos do Pai um esprito

    humano verdadeiro que se apartou do Seu corpo.6 Entretanto a Sua divindade permaneceu sempre

    unida Sua natureza humana, at mesmo quando Ele jazia na sepultura.7 A natureza divina

    sempre esteve presente nEle, exatamente como quando era uma criancinha, embora por algum

    tempo no se tivesse manifestado.

    Por isso confessamos que Ele verdadeiro Deus e verdadeiro homem: verdadeiro Deus a fim de

    vencer a morte pelo Seu poder; e verdadeiro homem a fim de morrer por ns segundo as fraquezas

    da Sua carne.

    1. Jo 1.14; Jo 10.30; Rm 9.5; Fp 2.6,7. 2. Mt 28.20. 3. 1Tm 2.5. 4. Mt 26.11; Lc 24.39; Jo 20.25; At

    1.3,11; At 3.21; Hb 2.9. 5. 1Co 15.21; Fp 3.21. 6. Mt 27.50. 7 Rm 1.4.

    ARTIGO 20

  • A justia e misericrdia de Deus em Cristo

    Cremos que Deus, que perfeitamente misericordioso e justo, enviou o Seu Filho para assumir a

    mesma natureza em que se cometera a desobedincia,1 para fazer satisfao nessa mesma

    natureza e suportar o castigo do pecado atravs de Seu sofri- mento e morte mui amargos.2 Deus,

    assim, manifestou a Sua justia contra o Seu Filho quando colocou sobre Ele as nossas

    iniqidades3 e sobre ns, que ramos culpados e merecedores da condenao eterna, derramou a

    Sua bondade e misericrdia. Por amor perfeitssimo Ele entregou o Seu Filho para morrer por ns e

    o ressuscitou para a nossa justificao,4 a fim de que por Ele possamos obter imortalidade e vida

    eternal.

    1. Rm 8.3. 2. Hb 2.14. 3. Rm 3.25, 26; Rm 8.32. 4. Rm 4.25.

    ARTIGO 21

    A satisfao de Cristo, nosso Sumo Sacerdote

    Cremos que Jesus Cristo foi confirmado por juramento para ser Sumo Sacerdote para sempre,

    segundo a ordem de Melquisedeque.1 Ele se apresentou em nosso lugar diante de Seu Pai,

    aplacando-Lhe a ira e satisfazendo-O totalmente2 pela oferta de Si mesmo sobre o madeiro da cruz,

    onde verteu o Seu precioso sangue para a purificao dos nossos pecados,3 conforme predisseram

    os profetas.4 Pois est escrito: O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e pelas Suas

    pisaduras fomos sarados;5

    Como cordeiro foi levado ao matadouro; Foi contado com os transgressores (Is 53.5, 7, 12)6 e

    condenado como um criminoso por Pncio Pilatos, que no entanto havia antes declarado a Sua

    inocncia.7 Ele restituiu o que no havia roubado (Sl 69.4). Ele morreu como o justo pelos injustos

    (1Pe 3.18).8 Ele sofreu no corpo e na alma, sentindo o castigo terrvel causado pelos nossos

    pecados, e o Seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra (Lc 22.44).

    Finalmente Ele exclamou: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? (Mt 27.46). Tudo isso

    Ele suportou para o perdo dos nossos pecados.

    Por essa causa dizemos, exatamente como Paulo, que nada sabemos seno a Jesus Cristo e este

    crucificado (1Co 2.2). Consideramos tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento

    de Cristo Jesus nosso Senhor (Fp 3.8). Nas suas feridas encontramos consolao e no temos

    necessidade de buscar ou de inventar qualquer outro meio de reconciliao com Deus seno esse

    nico sacrifcio, ofertado uma nica vez, atravs do qual os que crem foram aperfeioados para

    sempre (Hb 10.14).10 Por isso o anjo de Deus O chamou de Jesus, isto , Salvador, porque ele

    salvar o Seu povo dos pecados deles (Mt 1.21).11

  • 1. Sl 110.4; Hb 7.15-17. 2. Rm 4.25; Rm 5.8, 9; Rm 8.32; Gl 3.13; Cl 2.14; Hb 2.9, 17; Hb 9.11-15. 3.

    At 2.23; Fp 2.8; 1Tm 1.15; Hb 9.22; 1Pe 1.18, 19; 1Jo 1.7; Ap 7.14. 4. Lc 24.25-27; Rm 3.21; 1Co

    15.3. 5. 1Pe 2.24. 6. Mc 15.28. 7. Jo 18.38. 8. Rm 5.6. 9. Sl 22.15. 10. Hb 7.26-28; Hb 9.24-28. 11.

    Lc 1.31; At 4.12.

    ARTIGO 22

    A nossa justificao pela f em Cristo

    Cremos que para podermos obter o verdadeiro conheci- mento desse grande mistrio, o Esprito

    Santo acende em nossos coraes uma f verdadeira.1 F que abraa Jesus Cristo com todos os

    Seus mritos, que se apropria dEle e nada busca alm dEle mesmo.2 Pois das duas, uma: ou em

    Jesus Cristo no h tudo de que precisamos para a nossa salvao, ou tudo se acha nEle e ento

    aquele que possui Jesus Cristo pela f, tem plena salvao.3 , portanto, uma terrvel blasfmia

    afirmar que Cristo no suficiente, mas que se faz necessrio algo alm dEle pois resultaria assim

    que Cristo apenas um meio Salvador.

    Por isso, dizemos exata e corretamente como Paulo que somos justificados pela f,

    independentemente das obras da lei (Rm 3.28).4 Contudo, no entendemos isto, estritamente

    falando, com se a prpria f nos justificasse,5 pois ela apenas o instru- mento com que abraamos

    Cristo, justia nossa. Ele nos imputa todos os Seus mritos e todas as obras santas que tem feito

    por ns e em nosso lugar.6 Assim, pois, Jesus Cristo a nossa justia e a f o instrumento que

    nos mantm com Ele na comunho de todos os Seus benefcios. Quando estes se tornaram nossos,

    so mais do que suficientes para nos absolver dos nossos pecados.

    1. Jo 16.14; 1Co 2.12; Ef 1.17, 18. 2. Jo 14.6; At 4.12; Gl 2.21. 3. Sl 32.1; Mt 1.21; Lc 1.77; At 13.38,

    39; Rm 8.1. 4. Rm 3.19-4.8; Rm 10.4-11; Gl 2.16; Fp 3.9; Tt 3.5. 5. 1Co 4.7. 6. Jr 23.6; Mt 20.28; Rm

    8.33; 1Co 1.30, 31; 2Co 5.21; 1Jo 4.10.

    ARTIGO 23

    A nossa justia diante de Deus

    Cremos que a nossa bem-aventurana fundamenta-se no perdo dos nossos pecados por causa de

    Jesus Cristo, e que nisso consiste a nossa justia diante de Deus,1 segundo nos ensinam Davi e

    Paulo. Eles declaram que bem-aventurado o homem a quem Deus atribui justia,

    independentemente de obras (Rm 4.6; Sl 32.1). O apstolo tambm diz que somos justificados

    gratuitamente, por sua graa, mediante a redeno que h em Cristo Jesus (Rm 3.24).2

  • Portanto sempre nos apegamos a esse fundamento firme. Damos toda a glria a Deus,3

    humilhamo-nos diante dEle e reconhecemos aquilo que realmente somos. Nada temos que rei-

    vindicar por causa de ns mesmos nem por mrito nosso,4 mas dependemos e descansamos

    somente na obedincia de Jesus Cristo crucificado.5 Esta obedincia nossa quando cremos

    nEle.6

    Ela o suficiente para cobrir todas as nossas iniqidades e, nos conceder a ousadia de nos

    aproximarmos de Deus, livrando as nossas conscincias de temor, terror e assombro, de modo a

    no seguirmos o exemplo do nosso primeiro pai, Ado, que trmulo tentou se esconder e se cobrir

    de folhas de figueira.7 Certamente que seramos consumidos se tivssemos que aparecer diante de

    Deus confiados em ns mesmos (por pouco que fosse), ou em qualquer outra criatura (ai de ns!).8

    Por isso todos devem dizer com Davi: SENHOR, no entres em juzo com o teu servo, porque

    tua vista no h justo nenhum vivente (Sl 143.2).

    1. 1Jo 2.1. 2. 2Co 5.18, 19; Ef 2.8; 1Tm 2.6. 3. Sl 115.1; Ap 7.10-12. 4. 1Co 4.4; Tg 2.10. 5. At 4.12;

    Hb 10.20. 6. Rm 4.23-25. 7. Gn 3.7; Sf 3.11; Hb 4.16; 1Jo 4.17-19. 8. Lc 16.15; Fp 3.4-9.

    ARTIGO 24

    A nossa santificao e as boas obras

    Cremos que esta f verdadeira operada no homem pelo ouvir da Palavra de Deus e pelo agir do

    Esprito Santo,1 regenera-o e torna-o um novo homem;2 faz com que viva uma vida nova e o liberta

    da escravido do pecado.3 Por isso no verdade que essa f justificadora o torna indiferente para

    viver uma vida santa e boa.4 Ao contrrio, sem ela ningum jamais poderia fazer nada por amor a

    Deus,5 mas somente por amor a si mesmo ou por medo da condenao. , portanto, impossvel

    que essa f santa seja inoperante no homem, porque no falamos de uma f v, mas da que a

    Escritura chama de a f que atua pelo amor (Gl 5.6). Esta f leva o homem a exercitar- se s obras

    que Deus ordenou em Sua Palavra. As boas obras, que procedem da boa raiz da f, so boas e

    aceitveis vista de Deus, porque so todas santificadas pela Sua graa. Apesar disso elas no

    cooperam para a nossa justificao, porque pela f em Cristo que somos justificados, antes

    mesmo de fazermos quaisquer boas obras.6 De outro modo essas obras no pode- riam ser boas,

    assim como o fruto da rvore no pode ser bom, se a rvore no for boa.7

    Por isso que praticamos boas obras, no para termos mrito; pois, que mrito podemos ter? Antes,

    somos devedores a Deus pelas boas obras que praticamos,8 e no Ele a ns, por- que Deus

    quem efetua em vs tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade (Fp 2.13).

    Tenhamos sempre em mente o que est escrito: Assim tambm vs, depois de haverdes feito

    quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inteis, porque fizemos apenas o que devamos fazer

  • (Lc 17.10). Contudo, no negamos que Deus recompensa as boas obras,9 mas pela Sua graa

    que Ele coroa os Seus dons.

    Alm disso, embora pratiquemos boas obras no baseamos nelas a nossa salvao. Pois nada

    podemos fazer, por mnimo que seja, que no o contaminemos com a nossa carne e que no seja

    digno de punio.10 Ainda que pudssemos apresentar uma nica boa obra, a mera lembrana de

    um nico pecado bastaria para Deus a rejeitar.11 Assim, estaramos sempre em dvida, lanados

    de uma lado para o outro sem certeza alguma e com as nossas pobres conscincias sempre

    atormentadas se no confissemos no mrito do sofrimento e da morte do nosso Salvador.12

    1. At 16.14; Rm 10.17; 1Co 12.3. 2. Ez 36.26, 27; Jo 1.12, 13; Jo 3.5; Ef 2.4-6; Tt 3.5; 1Pe 1.23. 3.

    Jo 5.24; Jo 8.36; Rm 6.4-6; 1Jo 3.9. 4. Gl 5.22; Tt 2.12. 5. Jo 15.5; Rm 14.23; 1Tm 1.5; Hb 11.4, 6.

    6. Rm 4.5. 7. Mt 7.17. 8. 1Co 1.30, 31. 1Co 4.7; Ef 2.10. 9. Rm 2.6, 7; 1Co 3.14; 2Jo .8; Ap 2.23. 10.

    Rm 7.21. 11. Tg 2.10. 12. Hc 2.4; Mt 11.28; Rm 10.11.

    ARTIGO 25

    Cristo, o cumprimento da lei

    Cremos que as cerimnias e os smbolos da lei terminaram com a vinda de Cristo, e que todas as

    sombras foram cumpridas,1 de modo que o uso delas deve ser abolido entre os cristos. Contudo, a

    verdade e a substncia delas permanecem para ns em Jesus Cristo, em quem foram cumpridas.2

    No entanto ainda usamos os testemunhos tirados da Lei e dos Profetas, para nos confirmar nas

    doutrinas do Evangelho e para ordenarmos a nossa vida com toda honradez, conforme a vontade de

    Deus e para a Sua glria.3

    1. Mt 27.51; Rm 10.4; Hb 9.9, 10. 2. Mt 5.7; Gl 3.24; Cl 2.17. 3. Rm 13.8-10; Rm 15.4; 2 Pe 1.19;

    2Pe 3.2.

    ARTIGO 26

    A intercesso de Cristo

    Cremos que no temos acesso a Deus seno pelo nico Mediador e Advogado, Jesus Cristo, o

    Justo.2 Com esse propsito Ele se tornou homem, unindo as duas naturezas, Divina e humana,

    para que ns homens no sejamos impedidos mas tenhamos acesso Majestade Divina.3 Mas,

    este Mediador que o Pai constituiu entre Ele e ns, no nos deve amedrontar por Sua grandeza, a

  • ponto de fazer-nos procurar um outro, conforme a nossa imaginao. Pois no h ningum, nem no

    cu, nem na terra, entre as criaturas, que nos ame mais que Jesus Cristo.4

    Pois Ele, subsistindo em forma de Deus, ... a Si mesmo se esvaziou tornando-se em semelhana

    de homem, e assumindo a forma de servo por ns (Fp 2.6, 7), e em todas as coisas tornou- se

    semelhante a Seus irmos (Hb 2.17). Contudo, se fssemos procurar um outro intercessor, acaso

    encontraramos algum que nos amasse mais do que Aquele que entregou a Sua vida por ns,

    mesmo quando ramos Seus inimigos (Rm 5.8, 10)? Se tivssemos que procurar algum que

    tivesse autoridade e poder, quem os teria mais do que Ele, que est assentado direita do Pai e

    que tem toda a autoridade no cu e na terra (Mt 28.18)? E quem ser ouvido antes do que o prprio

    bem-amado Filho de Deus?6

    Foi, portanto, a total falta de confiana que introduziu o costume de desonrar os santos, em vez de

    honr-los, ao fazer o que eles mesmos jamais fizeram nem exigiram. Pelo contrrio, como registram

    os seus escritos, sempre rejeitaram tal honra, como era seu dever7. Aqui no se deve alegar que

    no somos dignos, pois no apresentamos as nossas oraes em razo de nossa prpria dignidade,

    mas somente pela excelncia e a dignidade de Jesus Cristo,8 cuja justia a nossa, mediante a f.9

    Por isso, pelo bom motivo de extrair de ns esse medo tolo, ou antes essa falta de confiana, o

    autor de Hebreus nos diz que convinha a Jesus Cristo que em todas as coisas, se tornasse

    semelhante aos irmos, para ser misericordioso e fiel Sumo Sacerdote nas coisas referentes a Deus

    e para fazer propiciao pelos pecados do povo. Pois, naquilo que Ele mesmo sofreu, tendo sido

    tentado, poderoso para socorrer os que so tentados (Hb 2.17, 18). E depois, para nos encorajar

    mais ainda a procur-lO, ele nos diz: Tendo, pois, a Jesus, o Filho de Deus, como grande sumo

    sacerdote que penetrou os cus, conserve- mos firmes a nossa confisso. Porque no temos sumo

    sacerdote que no possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as

    coisas, nossa semelhana, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao

    trono da graa, a fim de recebermos misericrdia e acharmos graa para socorro em ocasio

    oportuna (Hb 4.14-16).10 A mesma carta diz: Tendo, pois, irmos, intrepidez para entrar no Santo

    dos Santos, pelo sangue de Jesus .... aproximemo-nos, com sincero corao, em plena certeza de

    f etc. (Hb 10.19, 22). Cristo,

    no entanto, porque continua para sempre, tem o seu sacerdcio imutvel. Por isso, tambm pode

    salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles (Hb

    7.24, 25).11 Ento, que mais necessrio, visto que o prprio Cristo diz?: Eu sou o caminho, e a

    verdade, e a vida; ningum vem ao Pai seno por mim (Jo 14.6). Por que procuraramos outro

    advogado, visto que aprouve a Deus dar-nos Seu Filho como o nosso Advogado? No o

    abandonemos por um outro que jamais haveremos de encontrar. Pois quando Deus o deu a ns,

    bem sabia que ramos pecadores.

  • Portanto, segundo o mandamento de Cristo, clamamos ao Pai celestial mediante Cristo, nosso nico

    Mediador,12 como nos foi ensinado na orao do Senhor.13 E temos a certeza de que o Pai nos

    conceder tudo o que pedirmos em Seu nome (Jo 16.23).14

    1. 1Tm 2 5. 2. 1Jo 2.1. 3. Ef 3.12. 4. Mt 11.28; Jo 15.13; Ef 3.19; 1Jo 4.10. 5. Hb 1.3; Hb 8.1. 6. Mt

    3.17; Jo 11.42; Ef 1.6. 7. At 10.26; At 14.15. 8 Jr 17.5, 7; At 4.12. 9. 1Co 1.30. 10. Jo 10.9; Ef 2.18;

    Hb 9.24. 11. Rm 8.34. 12. Hb 13.15. 13. Mt 6.9-13; Lc 11.2- 4. 14. Jo 14.13.

    ARTIGO 27

    A igreja crist catlica ou universal

    Cremos e professamos uma nica igreja catlica ou uni- versal,1 que a santa congregao e

    assemblia2 dos verdadeiros crentes em Cristo, que aguardam a sua total salvao em Jesus

    Cristo,3 lavados por Seu sangue e santificados e selados pelo Esprito Santo.4

    Essa igreja existe desde o princpio do mundo e existir at o final, pois Cristo Rei Eterno que no

    pode ficar sem sditos.5 Essa santa igreja preservada por Deus contra o furor do mundo inteiro,6

    mesmo que por um tempo parea, aos olhos do homem, mui pequena e quase extinta.7 Assim, no

    perigoso reino de Acabe, o Senhor preservou para Si sete mil pessoas que no dobraram os joelhos

    a Baal.8

    Alm disso, esta santa igreja no est confinada nem limitada a um lugar em particular nem a

    pessoas especficas, mas est espalhada e dispersa pelo mundo inteiro.9 Contudo, est integrada e

    unida, de corao e vontade, em um nico e mesmo Esprito, pelo poder da f.10

    1. Gn 22.18; Is 49.6; Ef 2.17-19. 2. Sl 111.1; Jo 10.14, 16; Ef 4.3-6; Hb 12.22, 23. 3. Jl 2.32; At 2.21.

    4. Ef 1.13; Ef 4.30. 5. 2Sm 7.16; Sl 89.36; Sl 110.4; Mt 28.18, 20; Lc 1.32. 6. Sl 46.5; Mt 16.18. 7. Is

    1.9; 1Pe 3.20; Ap 11.7. 8. 1Rs 19.18; Rm 11.4. 9. Mt 23.8; Jo 4.21-23; Rm 10.12, 13. 10. Sl 119.63;

    At 4.32; Ef 4.4.

    ARTIGO 28

    O dever de juntar-se Igreja

    Cremos que essa santa assemblia e congregao a assemblia dos remidos e, que fora dela no

    h salvao;1 por isso ningum, seja qual for a sua posio ou reputao, deve se retirar dela e

    contentar-se com sua prpria pessoa. Todos, porm, so obrigados a se juntar e a se unir a ela,2

  • conservando a unidade da Igreja. Devem se submeter sua instruo e disciplina,3 curvar suas

    cabeas sob o jugo de Jesus Cristo,4 e servir a edificao dos irmos,5 conforme os talentos que

    Deus lhes concedeu como membros do mesmo corpo.6

    Para que isso se cumpra eficazmente, dever de todos os crentes, segundo a Palavra de Deus, se

    separar dos que no pertencem Igreja7 e se juntar a essa assemblia8 em todo lugar onde Deus a

    tenha estabelecido. Devem faz-lo mesmo que governos, leis e autoridades lhe sejam contrrios, e

    mesmo que sejam punidos fisicamente ou com a morte.9

    Portanto, todo o que se aparta da Igreja ou no se junta a ela contraria ordenana de Deus.

    1. Mt 16.18, 19; At 2.47; Gl 4.26; Ef 5.25-27; Hb 2.11, 12; Hb 12.23. 2. 2Cr 30.8; Jo 17.21; Cl 3.15. 3.

    Hb 13.17. 4. Mt 11.28-30. 5. Ef 4.12. 6. 1Co 12.7, 27; Ef 4.16. 7. Nm 16.23-26; Is 52.11, 12; At 2.40;

    Rm 16.17; Ap 18.4. 8. Sl 122.1; Is 2.3; Hb 10.25. 9. At 4.19, 20.

    ARTIGO 29

    As marcas da verdadeira e da falsa igreja

    Cremos que devemos distinguir, pela Palavra de Deus, com diligncia e muito cuidado, qual a

    verdadeira igreja, pois todas seitas que h hoje no mundo arrogam para si o nome de igreja.1 No

    falamos aqui dos hipcritas que se misturam aos fiis da igreja, pois embora participem visivelmente

    da igreja no fazem parte dela.2 Mas falamos do corpo e da comunho da verdadeira igreja que se

    deve distinguir daquelas seitas que se dizem igreja.

    A Igreja verdadeira reconhecida pelas seguintes marcas: Ela pratica a pura pregao do

    evangelho;3 mantm a pura administrao dos sacramentos segundo Cristo os instituiu;4 exercita a

    disciplina na igreja para a correo e punio dos pecados.5 Em sntese, governa a si mesma

    segundo a pura Palavra de Deus,6 rejeita tudo o que lhe for contrrio7 e tem Jesus Cristo como

    nico cabea.8 Assim se reconhece com certeza a verdadeira Igreja, e ningum tem o direito de se

    separar dela.

    Os que pertencem igreja devem ser reconhecidos pelas marcas dos cristos: eles crem em

    Jesus Cristo como o nico Salvador;9 fogem do pecado e buscam por justia;10 amam o verdadeiro

    Deus e o seu prximo11 sem se desviar para a direita nem para a esquerda; e crucificam a carne

    com as obras delas.12 No entanto ainda permanece neles uma grande fraqueza qual combatem,

    pelo Esprito, todos os dias das suas vidas.13 Apelam continuamente para o sangue, sofrimento,

    morte e obedincia de Jesus Cristo no qual tm a remisso de seus pecados, por meio da f

    nEle.14

  • A falsa igreja, contudo, atribui mais autoridade a si mesma e s suas ordenanas do que Palavra

    de Deus; no quer se submeter ao jugo de Cristo;15 no administra os sacramentos conforme Cristo

    ordenou em Sua Palavra, mas acrescenta e sub- trai deles o tanto que lhe convm; baseia-se mais

    nos homens do que em Jesus Cristo; persegue aos que vivem de maneira santa, segundo a Palavra

    de Deus, e aos que lhe repreendem os seus pecados, cobia e idolatrias.16

    Pela distino uma da outra, fcil conhecer essas duas igrejas.

    1. Ap 2.9. 2. Rm 9.6. 3. Gl 1.8; 1Tm 3.15. 4. At 19.3-5; 1Co 11.20-29. 5. Mt 18.15-17; 1Co 5.4, 5, 13;

    2Ts 3.6, 14; Tt 3.10. 6. Jo 8.47; Jo 17.20; At 17.11; Ef 2.20; Cl 1.23; 1Tm 6.3. 7. 1Ts 5.21; lTm 6.20;

    Ap 2.6. 8. Jo 10.14; Ef 5.23; CL 1.18. 9. Jo 1.12; 1Jo 4.2. 10. Rm 6.2; Fp 3.12. 11. 1Jo 4.19-21. 12.

    Gl 5.24. 13. Rm 7.15; GL 5.17. 14. Rm 7.24, 25; 1Jo 1.7-9. 15. At 4.17, 18; 2Tm 4.3, 4; 2Jo .9. 16. Jo

    16.2.

    ARTIGO 30

    O governo da igreja

    Cremos que a verdadeira igreja deve ser governada conforme a ordem espiritual que o nosso

    Senhor nos ensinou em Sua Palavra.1 Deve haver ministros ou pastores para pregarem a Palavra

    de Deus e para administrarem os sacramentos;2 deve haver tambm presbteros3 e diconos4 para

    formarem com os pastores o conselho da igreja. Assim preservam eles a verdadeira religio e zelam

    para que a s doutrina siga o seu curso, para que os maus sejam disciplinados de forma espiritual e

    sejam contidos e tambm para que os pobres e todos os aflitos sejam socorridos e consolados

    segundo as suas necessidades.6 Assim tudo ser bem feito e com boa ordem quando tais homens

    fiis so escolhidos7 segundo a regra que o apstolo Paulo deu a Timteo.8

    1. At 20.28; Ef 4.11, 12; 1Tm 3.15; Hb 13.20, 21. 2. Lc 1.2; Lc 10.16; Jo 20.23; Rm 10.14; 1Co 4.1;

    2Co 5.19, 20; 2Tm 4.2. 3. At 14.23; Tt 1.5. 4. 1Tm 3.8-10. 5. Fp 1.1; 1Tm 4.14. 6. At 6.1-4; Tt 1.7-9.

    7. 1Co 4.2. 8. 1Tm 3.

    ARTIGO 31

    Os oficiais da igreja

    Cremos que os ministros da Palavra de Deus, os presbteros e os diconos devem ser escolhidos

    para os seus ofcios me- diante eleio legtima pela igreja, com orao e em boa ordem, como

    estipula a Palavra de Deus.1 Por isso, cada um deve cuidar para no se intrometer no ofcio de

  • modo imprprio; pois deve esperar pelo momento quando ele seja chamado por Deus, para obter o

    testemunho da sua vocao, por ser certo e seguro que esta do Senhor.2 Os ministros da Palavra

    tm igual poder e autoridade onde quer que estejam, pois todos eles so servos de Jesus Cristo,3 o

    nico Bispo universal e o nico Cabea da igreja.4 E para que essa sagrada ordenana de Deus

    no seja violada nem desprezada, instamos a todos para que nutram especial estima pelos

    ministros da Palavra e presbteros da igreja em razo da obra que realizam,5 e que estejam em paz

    com eles, o tanto quanto possvel, sem murmuraes ou contendas.

    1. At 1.23, 24; At 6.2, 3. 2. At 13.2; 1Co 12.28; 1Tm 4.14; 1Tm 5.22; Hb 5.4. 3. 2Co 5.20; 1Pe 5.1-4.

    4. Mt 23.8, 10; Ef 1.22; Ef 5.23. 5. 1Ts 5.12, 13; 1Tm 5.17; Hb 13.17.

    ARTIGO 32

    A ordem e a disciplina da igreja

    Cremos que, embora seja til e bom que os governantes da Igreja entre se estabeleam e

    conservem determinada ordem para manter o corpo da Igreja, no entanto devem se guardar de

    desviar-se daquilo que o nosso nico Mestre, Cristo, nos ordenou.1 Por isso rejeitamos a todas as

    invenes e leis humanas introduzidas no culto a Deus que, de qualquer modo, obriguem ou forcem

    as conscincias.2 S aceitamos aquilo que apropriado para preservar e promover a harmonia e

    unidade e para manter tudo em obedincia a Deus.3 Para este fim, disciplina e excomunho devem

    ser exercidas de acordo com a Palavra de Deus.4

    1. 1Tm 3.15. 2. Is 29.13; Mt 15.9; Gl 5.1. 3. 1Co 14.33. 4. Mt 16.19; Mt 18.15-18; Rm 16.17; 1Co 5;

    1Tm 1.20.

    ARTIGO 33

    Os sacramentos

    Cremos que o nosso Deus gracioso, atento nossa insensibilidade e fraqueza, ordenou os

    sacramentos para selar em ns as Suas promessas, para servirem como penhor da Sua boa

    vontade e graa para conosco, e para alimentarem e sustentarem a nossa f.1 Ele os acrescentou

    Palavra do evangelho2 para apresentarem melhor diante dos nossos sentidos externos aquilo que

    Ele nos declara em Sua Palavra e o que faz interiormente em nossos coraes; confirmando em

    ns, assim, a salvao que nos concede. Os sacramentos so os sinais e os selos visveis de algo

    interior e invisvel, por meio dos quais Deus opera em ns pelo poder do Esprito Santo.3 Por isso,

  • esses sinais no so vos nem vazios para nos enganar, porque Jesus Cristo a verdade deles;

    sem Cristo, no seriam nada.

    Alm disso, nos contentamos com o nmero dos sacramentos que Cristo, nosso Mestre, nos

    ordenou: sendo somente dois, a saber, o sacramento do batismo4 e da Santa Ceia de Jesus

    Cristo.5

    1. Gn 17.9-14; x 12; Rm 4.11. 2. Mt 28.19; Ef 5.26. 3. Rm 2.28, 29; Cl 2.11, 12. 4. Mt 28.19. 5. Mt

    26.26-28; 1Co 11.23-26.

    ARTIGO 34

    O sacramento do batismo

    Cremos e confessamos que Jesus Cristo, que o fim da lei (Rm 10.4), ao derramar o Seu sangue

    ps fim a todo e qualquer outro derramamento de sangue que se poderia ou deveria fazer como

    expiao ou satisfao pelos pecados. Ele aboliu a circunciso, que envolvia sangue, e instituiu em

    lugar dela o sacramen- to do batismo.1 Pelo batismo somos recebidos na igreja de Deus e

    separados de todos as outras pessoas e falsas religies, para estarmos totalmente comprometidos

    com Ele,2 de quem carregamos a marca e o emblema, que nos serve como testemunho de que Ele

    ser eternamente o nosso Deus e Pai gracioso.

    Por isso, Ele ordenou que todos os Seus sejam batizados com gua pura, em nome do Pai, e do

    Filho, e do Esprito Santo (Mt 28.19): dando-nos a entender com isso que assim como a gua,

    derramada em ns, lava completamente a sujeira do corpo e assim como a gua vista no corpo do

    batizado quando derramada nele; o sangue de Cristo, pelo Esprito Santo, faz a mesma coisa no

    interior da alma.3 Ele lava e limpa as nossas almas do pecado4 e nos regenera de filhos da ira para

    filhos de Deus.5 Isso no produzido pela gua em si mesma6 mas pelo aspergir do precioso

    sangue do Filho de Deus,7 que o nosso Mar Verme- lho,8 que precisamos atravessar para

    escapar da tirania de Fara do diabo para entrarmos na Cana espiritual. Assim os ministros,

    por sua parte, do-nos o sacramento e aquilo que visvel, mas o nosso Senhor nos d aquilo que o

    sacramento significa, quer dizer, os dons invisveis e a graa. O Senhor lava, purifica e limpa as

    nossas almas de toda imundcie e iniqidade,9 renova os nossos coraes e os enche de toda

    consolao, d-nos a verdadeira certeza da Sua bondade paternal, reveste-nos de nova natureza, e

    despe-nos da velha natureza com todas as suas obras.10

    Cremos, contudo, que aquele que almeja vida eterna deve ser batizado uma vez com um s

    batismo.11 O batismo nunca deve ser repetido, pois no podemos nascer duas vezes. Alm disso, o

    batismo no nos beneficia apenas quando a gua est em ns e quando o recebemos, mas por toda

  • a nossa vida. Por essa causa rejeitamos o erro dos Anabatistas, que no se contentam com o

    batismo recebido uma nica vez, e que tambm condenam o batismo dos filhos pequenos dos

    crentes. Cremos que essas crianas devem ser batizadas e seladas com o sinal da aliana, assim

    como os bebs em Israel eram circuncidados com base nas mesmas promessas que agora so

    feitas aos nossos filhos.12 De fato, Cristo derramou o Seu sangue para purificar os filhos dos

    crentes do mesmo modo que o derramou pelos adultos.13 Por isso, devem eles receber o sinal e o

    sacramento daquilo que Cristo fez por eles, assim como o Senhor ordenou na lei que fosse

    oferecido um cordeiro logo aps o nascimento dos filhos,14 que era o sacramento da paixo e morte

    de Jesus Cristo. Como o batismo tem para os nossos filhos o mesmo significado que a circunciso

    tinha para o povo de Israel, Paulo chama o batismo de circunciso de Cristo (Cl 2.11).

    1. Cl 2.11. 2. x 12.48; 1Pe 2.9. 3. Mt 3.11; 1Co 12.13. 4. At 22.16; Hb 9.14; 1Jo 1.7; Ap 1.5b. 5. Tt

    3.5. 6. 1Pe 3.21. 7. Rm 6.3; 1Pe 1.2; 1Pe 2.24. 8. 1Co 10.1-4. 9. 1Co 6.11. Ef 5.26. 10. Rm 6.4; Gl

    3.27. 11. Mt 28.19; Ef 4.5. 12. Gn 17. 10-12; Mt 19.14; At 2.39. 13. 1Co 7.14. 14. Lv 12.6.

    ARTIGO 35

    O sacramento da ceia do Senhor

    Cremos e confessamos que o nosso Salvador Jesus Cristo instituiu o sacramento da Santa Ceia1

    para nutrir e sustentar aos que Ele j regenerou e incorporou em Sua famlia, que a Sua igreja.

    Aqueles que nasceram de novo possuem duas vidas diferentes.2 Uma delas fsica e temporal,

    recebida no primeiro nascimento e comum a todos os homens; a outra espiritual e celestial e

    lhes foi dada no segundo nascimento como resultado da palavra do evangelho,3 na comunho do

    corpo de Cristo. Essa vida no comum a todos os homens, mas somente aos eleitos de Deus.

    Para a manuteno da vida fsica e terrena Deus estabeleceu o po material e terreno. Esse po

    comum a todos, assim como tambm a vida comum a todos. Para a manuteno da vida espiritual

    e celestial, que os crentes possuem, Ele lhes enviou o po vivo que desceu do cu (Jo 6.51) que

    Jesus Cristo.4 Este nutre e sustenta a vida espiritual dos crentes5 quando comido por eles, isso ,

    ao ser apropriado e recebido espiritualmente pela f.6

    Para nos figurar o po espiritual e celestial, Cristo instituiu para ns o po visvel e terreno como

    sacramento do Seu corpo e, o vinho como sacramento do Seu sangue.7 Ele nos testifica que to

    realmente que tomamos e seguramos em nossas mos o sacramento, e o comemos e bebemos

    com as nossas bocas, sustentando assim a nossa vida fsica, assim tambm, com certeza

    recebemos pela f8 mo e boca da nossa alma em nossas almas, para a sustentao da

    nossa vida espiritual, o verdadeiro corpo e o verdadeiro sangue de Cristo, nosso nico salvador.

  • No h a menor dvida de que Cristo no nos recomen- dou os Seus sacramentos em vo. Portanto

    Ele opera em ns tudo aquilo que para ns Ele representa nesses santos sinais. No entendemos o

    modo como isso se realiza, exatamente como tambm no compreendemos as atividades ocultas

    do Esprito de Deus.9 Contudo, no nos enganamos ao dizermos que o que comemos e bebemos

    o corpo verdadeiro e natural, e o sangue verdadeiro de Cristo. Todavia, no comemos com a boca,

    mas em esprito pela f. Desse modo Jesus Cristo permanece sempre assentado destra de Deus

    Seu Pai no cu,10 porm Ele no deixa de nos comunicar a Si mesmo pela f. Esse banquete

    uma mesa espiritual na qual Cristo nos torna participantes de Si mesmo, com todos os seus

    benefcios, e nos concede a graa de gozar dEle mesmo e dos mritos do Seu sofrimento e

    morte.11 Ele nutre, fortalece e consola as nossas almas pobres e desoladas pelo comer da Sua

    carne, e as refresca e renova pelo beber do Seu sangue.

    Embora os sacramentos estejam unidos com a realidade da qual so um sinal, nem todos recebem

    ambos.12 O mpio certamente toma os sacramentos para a condenao dele, mas no recebe a

    verdade do sacramento, assim como Judas e Simo o mago, receberam o sacramento sem,

    contudo, receberem a Cris- to, que aquilo que o sacramento representa.13 Cristo comunicado

    somente aos crentes.14

    Finalmente, recebemos esse santo sacramento na congregao do povo de Deus15 com humildade

    e reverncia, enquanto celebramos com aes de graa a lembrana sagrada da morte de Cristo,

    nosso Salvador, e confessamos a nossa f e religio crist.16 Por isso, ningum pode vir a essa

    mesa sem cuidadoso auto-exame, para que, ao comer desse po e beber desse clice, no coma e

    beba juzo sobre si mesmo (1Co 10.28, 29). Em re- sumo, o uso desse santo sacramento nos leva a

    amar fervorosa- mente a nosso Deus e a nosso prximo. Por essa razo rejeitamos como

    profanao todos os acrscimos e invenes malditas que os homens acrescentaram e misturaram

    aos sacramentos. Declaramos que devemos estar contentados com a ordenao que Cristo e Seus

    apstolos ensinaram e falar disso da mesma maneira que eles falaram.

    1. Mt 26.26-28; Mc 14.22-24; Lc 22.19, 20; 1Co 11.23-26. 2. Jo 3.5, 6. 3. Jo 5.25. 4. Jo 6.48-51. 5.

    Jo 6.63; Jo 10.10b. 6. Jo 6.40, 47. 7. Jo 6.55; 1Co 10.16. 8. Ef 3.17. 9. Jo 3.8. 10. Mc 16.19; At 3.21.

    11. Rm 8.32; 1Co 10.3, 4. 12. 1Co 2.14. 13. Lc 22.21, 22; At 8.13, 21. 14. Jo 3.36. 15. At 2.42; At

    20.7. 16. At 2.46; 1Co 11.26.

    ARTIGO 36

    O governo civil

    Cremos que o nosso Deus gracioso, por causa da depravao do gnero humano, estabeleceu reis,

    governos e oficiais civis.1 Ele quer que o mundo seja governado por leis e planos de governo,2 para

  • restringir os excessos dos homens e para que tudo transcorra em boa ordem entre eles.3 Para isso

    colocou Ele a espada na mo das autoridades para castigar os malfeitores e proteger os que

    praticam o bem (Rm 13.4). Eles tm por ofcio no apenas restringir e conservar a boa ordem

    pblica, mas tambm a proteo da igreja e do seu ministrio para que* o reino de Cristo possa vir,

    a Palavra do evangelho seja pregada em toda a parte4 e Deus seja honrado e servido por todos

    como Ele determina em Sua Palavra.

    Alm disso, cada um, independente da sua qualidade, condio ou classe obrigado a submeter-se

    aos oficiais civis, pagar os impostos, respeit-los e honr-los, e obedec-los em tudo aquilo que5

    no contrarie a Palavra de Deus.6 Devemos orar por eles para que Deus os dirija em todos os seus

    caminhos e para que para que vivamos vida tranqila e mansa, com toda piedade e respeito (1Tm

    2.1, 2).

    Em razo disso reprovamos os Anabatistas e outros rebeldes, e em geral todos quantos se opem

    s autoridades e aos oficiais civis, subvertem a justia,7 introduzem a comunho de bens, e

    perturbam a boa ordem que Deus estabeleceu entre os homens.

    * As palavras a seguir foram eliminadas nesse ponto, em 1905, pelo Snodo Geral das Igrejas

    Reformadas da Holanda (Gereformeerde Kerken in Nederland): toda idolatria e falso culto devem

    ser removidos e impedidos, e o reino do anticristo deve ser destrudo.

    1. Pv 8.15; Dn 2.21; Jo 19.11; Rm 13.1. 2. x 18.20. 3. Dt 1.16; Dt 16.19; Jz 21.25; Sl 82; Jr 21.12;

    Jr 22.3; 1Pe 2.13, 14. 4. Sl 2; Rm 13.4a; 1Tm 2.1-4. 5. Mt 17.27; Mt 22.21; Rm 13.7; Tt 3.1; 1Pe

    2.17. 6. At 4.19; At 5.29. 7. 2Pe 2.10; Jd .8.

    ARTIGO 37

    O juzo final

    Por fim, cremos, conforme a Palavra de Deus, que ao chegar1 o tempo ordenado pelo Senhor

    mas desconhecido por todas as criaturas e se completar o nmero dos eleitos,2 o nosso Senhor

    Jesus Cristo voltar do cu de maneira visvel e corporal assim como Ele ascendeu (At 1.11), com

    grande glria e majestade.4 Ele instalar a si mesmo como o juiz dos vivos e dos mortos5 e por

    este antigo mundo em chamas para o purificar.6 E ento, todas as pessoas homens, mulheres e

    crianas que existiram no mundo, desde o seu princpio at o seu final, aparecero pessoalmente

    diante deste Grande Juiz,7 intimados pela voz do arcanjo e pela trombeta de Deus (1Ts 4.16).

    Todos os que morreram antes deste dia ressurgiro da terra,8 quando os seus espritos se reunirem

    aos corpos com que vi- viam. Os que estiverem vivos no morrero como os outros, mas sero

  • transformados de corrupo em incorrupo num piscar de olhos.9 Ento, se abriro os livros e os

    mortos sero julgados (Ap 20.12) segundo o que fizeram, de bom ou de mal, neste mundo (2Co

    5.10).10 Na verdade, todos neste dia prestaro contas de toda palavra frvola que proferiram (Mt

    12.36), as quais o mundo considera apenas como zombaria e diverso. E os segredos e as

    hipocrisias dos homens sero revelados publicamente diante dos olhos de todos. Por isso, pensar

    neste juzo coisa terrvel e apavorante para os mpios e malfeitores,11 mas grande gozo e

    conforto para o justo e eleito. Para eles completar-se- a plena redeno e recebero os frutos de

    seus labores e das angstias que sofreram.12 A todos ser manifesta a sua inocncia e

    contemplaro a terrvel vingana que Deus trar sobre os mpios que os perseguiram, oprimiram e

    atormentaram neste mundo.13

    Os mpios sero condenados pelo testemunho das suas prprias conscincias e tornar-se-o

    imortais to-somente para serem atormentados no fogo eterno, preparado para o diabo e seus

    anjos (Mt 25.41),15 mas os fiis e eleitos sero coroa- dos de glria e de honra. O Filho de Deus

    confessar os seus nomes diante de Deus Seu Pai (Mt 10.32) e dos anjos eleitos (Mt 10.32).16

    Deus lhes enxugar dos olhos toda lgrima (Ap 21.4),17 e a causa deles no presente,

    condenada como hertica e maligna por tantos juzes e autoridades civis ser reconhecida como

    a causa do Filho de Deus. O Senhor, por graciosa recompensa, lhes far possuir uma tal glria, que

    impossvel de ser concebida pelo corao do homem.18 Por isso ansiamos com grande

    expectativa por aquele grande dia para gozarmos da plenitude das promessas de Deus em Jesus

    Cristo nosso Senhor.

    Amm! Vem, Senhor Jesus! (Ap 22.10).

    1. Mt 24.36; Mt 25.13; 1Ts 5.1, 2. 2. Hb 11. 39, 40; Ap 6.11. 3. Ap 1.7. 4. Mt 24.30; Mt 25.31. 5. Mt

    25.31-46; 2Tm 4.1; 1Pe 4.5. 6. 2Pe 3.10-13. 7. Dt 7.9-11; Ap 20.12, 13. 45