A Concepcao de Um Novo Modelo de Ocupacao Do Solo

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INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ A CONCEPÇÃO DE UM NOVO MODELO DE OCUPAÇÃO DO SOLO Autor(es): Arthur de Mattos Casas O projeto de um edifício é sempre resultado de uma reflexão a respeito da identidade de uma cidade por meio das relações que se estabelecem entre arquitetura, paisagem e comunidade. A tarefa que se coloca para a requalificação espacial do Centro Administrativo do Governo do Estado do Maranhão é a concepção de um novo modelo de ocupação do solo, que promova significativa melhora na realidade de São Luís e que, concomitantemente, fomente o subconsciente simbólico de seus habitantes. O município se divide em dois polos antagônicos e fisicamente separados pelo Rio Anil. De um lado encontramos o belíssimo, porém abandonado centro histórico, tombado pelo IPHAN e patrimônio da humanidade. Do outro, junto à faixa litorânea, a cidade nova, caracterizada pelo paredão de torres habitacionais onde mora a parcela mais abastada da população. Em uma região estratégica da cidade, no exato ponto de convergência de duas grandes avenidas – as principais conexões viárias entre essas centralidades – encontra-se a área de intervenção. A ocupação atual do sítio é o retrato de um urbanismo predatório e falido. O terreno, originalmente uma área de mangue, foi transformado num tapete ininterrupto de asfalto. A percepção dessa superfície não edificada é inequívoca: trata-se de um espaço árido, que não se articula com o entorno e, definitivamente, não pertence ao pedestre. O conjunto construído se apresenta para a cidade como uma massa disforme e caótica. Toda a infraestrutura é decadente e sua ocupação interna beira a insalubridade. De modo a reverter o quadro atual apresentamos aqui um amplo plano de estruturação do território que visa, antes de tudo, a integração do complexo com a trama urbana adjacente assim como a construção de uma identidade que reflita o caráter publico das instituições que abriga. A construção do espaço público A necessidade de manter as edificações existentes e, consequentemente, sua implantação ilógica pautaram, desde o inicio, a definição do partido arquitetônico. Propor um desenho que ao mesmo tempo conectasse o conjunto edificado e gerasse vazios, em harmonia com as pré- existências, foi o desafio que nos colocamos. RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO BRASIL TEL. +5521 2557-4480 _________________ [email protected]

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A CONCEPÇÃO DE UM NOVO MODELO DE OCUPAÇÃO DO SOLO Autor(es): Arthur de Mattos Casas

O projeto de um edifício é sempre resultado de uma reflexão a respeito da identidade de uma cidade por meio das relações que se estabelecem entre arquitetura, paisagem e comunidade. A tarefa que se coloca para a requalificação espacial do Centro Administrativo do Governo do Estado do Maranhão é a concepção de um novo modelo de ocupação do solo, que promova significativa melhora na realidade de São Luís e que, concomitantemente, fomente o subconsciente simbólico de seus habitantes.

O município se divide em dois polos antagônicos e fisicamente separados pelo Rio Anil. De um lado encontramos o belíssimo, porém abandonado centro histórico, tombado pelo IPHAN e patrimônio da humanidade. Do outro, junto à faixa litorânea, a cidade nova, caracterizada pelo paredão de torres habitacionais onde mora a parcela mais abastada da população. Em uma região estratégica da cidade, no exato ponto de convergência de duas grandes avenidas – as principais conexões viárias entre essas centralidades – encontra-se a área de intervenção. A ocupação atual do sítio é o retrato de um urbanismo predatório e falido. O terreno, originalmente uma área de mangue, foi transformado num tapete ininterrupto de asfalto. A percepção dessa superfície não edificada é inequívoca: trata-se de um espaço árido, que não se articula com o entorno e, definitivamente, não pertence ao pedestre.

O conjunto construído se apresenta para a cidade como uma massa disforme e caótica. Toda a infraestrutura é decadente e sua ocupação interna beira a insalubridade. De modo a reverter o quadro atual apresentamos aqui um amplo plano de estruturação do território que visa, antes de tudo, a integração do complexo com a trama urbana adjacente assim como a construção de uma identidade que reflita o caráter publico das instituições que abriga. A construção do espaço público A necessidade de manter as edificações existentes e, consequentemente, sua implantação ilógica pautaram, desde o inicio, a definição do partido arquitetônico. Propor um desenho que ao mesmo tempo conectasse o conjunto edificado e gerasse vazios, em harmonia com as pré-existências, foi o desafio que nos colocamos.

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O terreno encontrado, um chão dominado pelo sistema viário caótico, foi totalmente descaracterizado no passado, deixando-nos livre para explorar o desenho de uma nova topografia, potencializando as ligações com o entorno, ocultando estacionamentos e contrariando a lógica da ocupação original. O terreno torna-se, assim, um plano flexível, um espaço de articulação entre a cidade e a natureza urbana. O elemento estruturador do conjunto, um embasamento de concreto encastrado no terreno, completa a nova geografia construída, duplicando o solo urbano e estabelecendo ligações com as duas frentes urbanas adjacentes: a Avenida Jerônimo de Albuquerque e a Avenida Euclides Figueiredo.

O térreo superior, em continuidade com a rua, amplia e transfere para dentro do lote os passeios públicos. Essa diluição de fronteiras entre o publico e privado permite com que o pedestre transite fluidamente entre a escala metropolitana e a escala local. O térreo inferior, um desdobramento do primeiro, concentra e distribui fluxos, determina acessos e racionaliza o sistema viário. Um estacionamento semienterrado foi projetado no limite do lote aproveitando a diferença de cotas entre as vias e o terreno. Este gesto esconde a presença do carro limitando-o a um percurso periférico e desnivelado, mantendo um acesso

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INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ Ficha Técnica

• Autor(es): o Arthur de Mattos Casas

• Coautores: o Gabriel Ranieri o Joana Oliveira o Luís Eduardo Loiola o Nara Telles o Pedro Ribeiro o Rodrigo Tamburus

• Colaboradores: o Daniela Diniz o Eduardo Mikowski o Mariana Santoro o Luiza Costa (revisão de texto)

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