A Classe Operária e o Populismo

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A classe operária e o populismo (1945-64) É notório que existem projetos políticos liberalizantes e democráticos que não conseguem ir adiante por haver essa “contradição fundamental” entre o real e o legal. Daí explica-se a incapacidade da burguesia de se instalar no poder à moda europeia e a necessidade que ela tem de valer-se do autoritarismo para construir sua dominação. Ao fim do Estado Novo falava-se num possível processo de redemocratização. O Processo de “redemocratização” é construído nesse contexto da luta política, onde o movimento operário é limitado pela estrutura sindical e a disputa pela presidência do país divide a classe dominante: o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN); o general Eurico Gaspar Dutra (PSD); Yedo Fiúza (PCB). Em contradição fala se em redemocratização, mas não há um questionamento sobre o conteúdo dessa democracia o que configura um quadro mais imaginário do que real. Dutra é eleito, e em 1947 o PCB é considerado ilegal, termina, assim a possibilidade de coexistência pacifica. Em seu governo Dutra favoreceu a construção de um modelo capitalista aberto ao capital estrangeiro, sobretudo à influência norte-americana, afastando-se dos interesses da classe trabalhadora. Contra essa política a principal arma dos proletariados foram as greves. Nas eleições para sucessor Vargas retorna com uma votação esmagadora de 48,7%. Fez do nacionalismo sua plataforma de atuação, porém estava claro que não romperia com a ordem capitalista, queria apenas fortalecer as indústrias de base. O governo Vargas estava isolado, perderá o apoio dos militares e do proletariado. A beira da iminência de sofrer um golpe, ele se mata, criando mais uma vez, um fato político. A morte de Vargas traz uma sobrevida ao populismo, colocando em relevo a importância da presença da classe trabalhadora no pacto político.

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A classe operária e o populismo (1945-64)

É notório que existem projetos políticos liberalizantes e democráticos que não conseguem ir adiante por haver essa “contradição fundamental” entre o real e o legal. Daí explica-se a incapacidade da burguesia de se instalar no poder à moda europeia e a necessidade que ela tem de valer-se do autoritarismo para construir sua dominação. Ao fim do Estado Novo falava-se num possível processo de redemocratização.

O Processo de “redemocratização” é construído nesse contexto da luta política, onde o movimento operário é limitado pela estrutura sindical e a disputa pela presidência do país divide a classe dominante: o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN); o general Eurico Gaspar Dutra (PSD); Yedo Fiúza (PCB). Em contradição fala se em redemocratização, mas não há um questionamento sobre o conteúdo dessa democracia o que configura um quadro mais imaginário do que real. Dutra é eleito, e em 1947 o PCB é considerado ilegal, termina, assim a possibilidade de coexistência pacifica.

Em seu governo Dutra favoreceu a construção de um modelo capitalista aberto ao capital estrangeiro, sobretudo à influência norte-americana, afastando-se dos interesses da classe trabalhadora. Contra essa política a principal arma dos proletariados foram as greves. Nas eleições para sucessor Vargas retorna com uma votação esmagadora de 48,7%. Fez do nacionalismo sua plataforma de atuação, porém estava claro que não romperia com a ordem capitalista, queria apenas fortalecer as indústrias de base.

O governo Vargas estava isolado, perderá o apoio dos militares e do proletariado. A beira da iminência de sofrer um golpe, ele se mata, criando mais uma vez, um fato político. A morte de Vargas traz uma sobrevida ao populismo, colocando em relevo a importância da presença da classe trabalhadora no pacto político.

Devido ao impacto político que o suicídio de Vargas causou, alguns analistas consideram que tal fato evitou que as forças reacionárias e golpistas assumissem o poder. Nas eleições posteriores, Kubitschek assume a presidência, oportunidade em que faz um discurso nacionalista, homogeneizador, salientando seu compromisso com os trabalhadores.

Em !961 Jânio Quadros assume a presidência por apenas sete meses, Goulart assume. Frente a negação da sua posse, adota-se o parlamentarismo. O estado populista vivenciava seus momentos finais, ele desmoronava-se embora seu estilo ainda vivesse.