A Ciência Secreta I

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    A CINCIA SECRETAHenri Durville

    A busca do passado desconhecido e misterioso tem sido sempre uma constante na vida do pesquisador vido de conhecimentos, nos campos da arqueologia, da astronomia, da astrologia, da alquimia, da piramidologia, da maonaria, da magia e do ocultismo em geral. Muito j tem sido descoberto e descrito e muito mais ainda resta por

    descobrir e apresentar nos sculos futuros.Essa obra empolgante e gigantesca no consiste, porm, apenas em pesquisar, esquadrinhar e revelar, mas sobretudo em interpretar, e bem, as descobertas feitas e expostas inteligncia dos estudiosos. mais fcil descobrir os fatos do que interpret-loscorretamente luz da cincia e da razo para, se possvel, aplic-los adequadamente ou plos a servio da cultura. Este tratado elementar da Cincia Secreta preenche satisfatoriamente essa dupla finalidade.Em suas pesquisas, o autor conduz o leitor China de Fo-Hi, de Lao-Tseu e de Confcio; ndia dos Vedas, dos Bramanes, das Leis de Manu, de Shri Krishna e de Buda; aoEgito de Hermes Trismegisto, de sis e de Hrus, das Pirmides e do milenar Livro dosMortos; Grcia de Orfeu, de Homero, de Pitgoras e dos Mistrios de Elusis. Depois, coloca-os diante de Moiss, de Jesus, dos Gnsticos e da Franco-maonaria e, finalmente,

    o introduz na difcil mas gloriosa Senda da Iniciao que o levar por ltimo aos verdadeiros Mistrios.Tudo isso est aqui descrito em linguagem corrente e de fcil compreenso.* * *Esta edio revista de A Cincia Secreta consta de quatro volumes autnomos, que podem ser adquiridos separadamente: Volume IA Cincia Secreta na China, na ndia e no Egito. Volume IIA Cincia Secreta na Grcia. Os ensinamentos de Moiss, de Jesus, dos Gnsticos e de Hermes Trismegisto. Volume IIIA Senda do Iniciado. A F. Os Ciclos da Natureza. O Amor. A Fora Vital. Volume IVO Pensamento. O Sentimento. A Intuio. A Evoluo. Deus. Concluso.EDITORA PENSAMENTOHENRI DURVILLE

    A CINCIA SECRETATraduoE.P.VOLUME I

    EDITORA PENSAMENTOSo Paulo

    NDICE

    ADVERTNCIA 6PRIMEIRA PARTE: AS GRANDES CORRENTES INICIATICAS DA CHINA IMEMORIAL AT NOSSOS DIAS 24A CINCIA SECRETA 24A CHINA 50A NDIA VDICA 81A NDIA BRAMNICA 88A NDIA BDICA 101Ensinamentos Exotricos 103

    Ensinamentos Esotricos 132O Bhagavad-Git 139A Voz do Silncio 152

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    A Yoga 170O EGITO 178Ensinamentos Exotricos 181Ensinamentos Exotricos 236Hermes Trismegisto 239Os Mistrios de sis e de Osris 255

    NDICE DE FIGURASFigura 1: O vu enfunado, smbolo da fora vital. 193Figura 2: Outros smbolos de fora vital. 194Figura 3: O rei Seti I, chefe da XIX dinastia, iniciado pela deusa Hator.194Figura 4: Anbis, deus guardio e condutor das almas, vela junto a uma mmia. 195Figura 5: O Sol, fonte da vida, envia mmia os seus raios vitalizantes. 196Figura 6: sis impondo as mos sobre seu filho Hrus 198Figura 7 e Figura 8: Dois amuletos egpcios. A esquerda, o olho mstico; direita, oescarabeu. 208

    Figura 9: Amuleto egpcio, dito jia peitoral. 211Figura 10: Cena mgica relativa a Amenfis III. 216Figura 11: Bno de Amenfis III. 217Figura 12: Atrs do jovem Amenfis III, na mesma posio, est o seu duplo. Este duplo,neste documento, recomendvel, porque ele conduz sobre a cabea a insgnia de Horus onde est sobreposto o gavio. 217Figura 13: Cerimnia mgica relativa ao nascimento de Amenfis III. 218Figura 14: O julgamento da alma no antigo Egito, segundo O Livro dos Mortos. (Extrado da Vie Prive des Anciens, de Mnard e Sauvageot.) 233Figura 15: A Esfinge no seu estado atual. 258Figura 16: Disposies interiores da grande Pirmide. (Segundo Mspero.) 287Figura 17: O Templo da Esfinge despojado das areias (no primeiro plano).292

    Figura 18: Plano do Templo da Esfinge. 293

    ADVERTNCIA

    Simples curiosos e vs, que procurais o poder brutal, o domnio; que procurais nestes estudos iniciticos o meio de saciar as vossas paixes, dios, amores, ambies, rancores; que procurais o ganho material; desgraados que tendes sofrido e no tendes sabido perdoar, este livro no i para vs. Estas pginas so pginas de amor e de altrusmo. tu, que tens sofrido longamente e que queres sair do tormento, caminha ousadamente pela senda inicitica e encontrars a Serenidade, a Felicidade e a Paz. As verdades eternas. A cincia secreta: seu fim. Um novo ciclo comea para ti. Cce-te a ti mesmo. A lei dos ciclos. O Grande segredo. A meditao. Nosso dever.

    Leitor que vens ao limiar do mistrio, qual a fora que te impele a vir afront-lo? simples curiosidade? Queres tu, com u'a mo mpia, pois que s indiferente, levantar o vuque te oculta o que s com longos estudos pode ser revelado? Se este o estado detua alma, retira-te, fecha este livro; no te destinado. uma obra de trabalho e node divertimento.Pesquisas o poder brutal, o domnio deste mundo? Esperas tu achar nestes estudos apossibilidade de saciar as tuas paixes, os teus dios, amores, ambies, rancores? Este livro no feito para ti. A pesquisa que ele comporta no te daria seno desiluses, porque o fim que ele se prope todo diferente e mesmo oposto.

    Procuras o ganho material? No ser aqui que tu o encontrars; este livro um estudo desinteressado para dar a todos a felicidade, que vem da paz da alma e do bem feito em torno de si.

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    Nele no se encontra nenhuma idia cpida.Simples curioso, e tu, ambicioso, que acreditas ter nascido para seres o conquistador do mundo, isso no para vs, para os vossos coraes presos ao tumulto das paixesque esta obra foi feita. Os segredos reais que ela revela no so para vs que no lhesdais o que pedem estes trabalhos: um corao meigo a uma alma forte.No estado atual da vossa perturbao, no os compreendereis. No falamos a mesma linguagem e os propsitos que escolhemos no fariam desaparecer a barreira que nos separa.

    No procureis levantar o vu antes de terdes mudado os vossos desejos.Desgraados que tendes sofrido e que no tendes sabido perdoar, se procurardes aquimeios de vingana, no volteis mesmo esta pgina. Este livro um livro de amor e de altrusmo; no continueis a sua leitura; esperai que a sua leitura apazigue vosso corao.Daqui at l, vosso dia ainda no chegado; no sabereis ainda ver nestas pginas a terne a alegria que quisemos expressar.** *Porm tu, leitor, que tens sofrido longamente e a quem a dor revelou a palavra deste grande enigma que conduz ao limiar da verdadeira senda; tu que queres sair dotormento e inclinar para aqueles que te tm feito mal, uma fronte cheia de bons pensamentos, tu que sinceramente desejas fazer participar aos outros da paz divin

    a que o sofrimento fez brotar do teu corao, este livro para ti; ele para todos aqueles que se apaixonam pela pesquisa da verdade e do bem.Tu, que vens a mim com estes sentimentos, aproxima-te sem medo; enceta ousadamente o caminho inicitico. este mesmo o caminho que procuras no fundo da tua grandeangstia. no fim deste caminho que encontrars a alegria que provm da fora calma e soberana, da paz divina que se encontra apenas na senda do bem. Se tens um desejo sincero de encontrar a verdade nestes estudos, entrega-te, com o corao seguro s foras do bem,a estes trabalhos; a que encontrars luz, e procur-la-emos juntos. O que te falta,tu que sofres, ferido pelos espinhos do caminho, este apaziguamento que vem sempre quele cujo corao est sem dio e sem clera. Tu conhecers este apaziguamento no erio de teus deveres e de tuas foras e eu te ajudarei a encontrar, a fim de que tua colheita seja doce, como o labor foi penoso; a dor um semeador cruel, mas muit

    as vezes necessrio.Queres adquirir as foras no somente para ti mesmo, mas sobretudo para os outros! Se tal o teu pensamento, tu as encontrars seguramente. Podes, com toda a certeza,dedicar-te a estes estudos que te seduzem. na sua prtica que adquirirs as energiasque desejas. Se a tua ambio de te aperfeioares no silncio, de apressares a evoluoteu esprito, sem ter nenhuma opinio a respeito do mundo, estuda, trabalha; o resultado no se far esperar; ultrapassar as tuas esperanas.Se o teu corao, na vida material, aspira os mais belos, os mais vastos horizontes,segue o trao dos iniciados; vem conosco pela senda que vai ter luz. Embrenha-tepor este caminho e vers brilhar uma vida nova sob um sol sempre belo, A Verdade,a Alegria, a Paz resplandecem ao cimo aonde conduz este caminho.** *Este livro no tem nada de novo. Seria uma louca pretenso Imaginar que se inova seguindo os Sbios e os Iniciados. Em todos os tempos no tm eles exprimido, cada um segundo a sua prpria natureza e a sua prpria misso, as verdades eternas? Mas estas palavras so sempre boas para dizer e convm adapt-las vida moderna, a fim de que seus frutos sejam abundantes. a esta tarefa que, no presente livro, votamos todos os nossos esforos.Mas, se as palavras no so novas, perdem elas a sua fora?No se escutam sempre com um novo prazer uma bela msica mil vezes compreendida? Aquele que ama no tem uma grande emoo ao escutar murmurar novamente palavras que fazema sua alegria? No so elas, sem cessar, as mais preciosas? E o corao ferido vibra sempre mais docemente s caras lembranas evocadas. E estas lembranas mesmas, o amorosono se agrada de evocar nas sua horas de solido? No lhe empresta uma fora sedutora q

    ue mostra o futuro to feliz como o passado? Tudo isso so repeties, mas as repeties sreciosas principalmente a Deus, que no repete seno o que bom e alegre, que no faz vibrar em torno das almas seno palavras amigas e benficas que do a calma encantada.

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    A cincia que tu pesquisas uma cincia de todos os tempos. Seu fim o aperfeioamento do ser humano, torn-lo feliz no em procurar-lhe paixes brutais e aviltantes, mas fazendo-lhe conhecer o seu lugar exato no mundo, em revelar-lhe o fim que deve atingir. Os elementos desta cincia so repartidos em muitos livros; propomo-nos agrup-lo

    s, restitu-los em um mtodo adaptado s novas necessidades ide nosso tempo, justific-los pelos conhecimentos atuais que temos deste grande domnio que o Psiquismo. Longe dos olhares, agrada-nos folhear essas velhas obras onde dorme a sabedoria do mundo, decifrar os enigmas que os sbios quiseram empregar no tempo da perseguio, reencontrar nos smbolos das religies antigas, no segredo das iniciaes antigas, pensamentos cuja nica leitura nos mergulha em um mundo de lembranas de que o nosso espritoe o nosso corao saem rejuvenescidos e revigorados. esta alegria, esta serenidade,este vigor novo de toda a nossa pessoa que queremos fazer sentir.Este livro se prope, portanto, fazer sentir e ensinar uma cincia, mas qual? Os autores antigos aprenderam os elementos desta cincia, pelas iniciaes que se davam no templo, de maneira severa e medida. Eles dizem, em palavras encobertas, queles queas sabem entender, os dons sublimes que resultam do trabalho rduo ao qual eles s

    e submetem. Estes dons sublimes constituem o mais magnfico patrimnio, de que se orgulha a humanidade. Aquele que sofre esta ascese possui faculdades que nem imaginava mesmo antes. Estas faculdades eram latentes nele, e elas teriam ficado sema cultura que se impe. Mas, trabalhando, um desbrochar magnfico se produz. A intuioque ns possumos todos em estado latente e em seus graus diversos, no mais, entre osadeptos, um dom caprichoso, submetido a variaes imprevistas.Elas vm a ser um sentido aperfeioado de que se torna senhor tanto na sua vista como no seu ouvido.Aprende-se a ver, a ouvir e a sentir, no somente os fatos que afetam os rgos sensoriais, mas aqueles que se acham fora do domnio deles e aqueles mesmo que se produzem no mundo interior da alma. E assim para todas as faculdades da alma, todas asquais tomam uma perfeio, uma leveza, uma acuidade que ultrapassa todas as previses.

    Quanto ao fim deste estudo, Salustio definiu perfeitamente, dizendo: "O fim da iniciao levar o homem a Deus". pois um desenvolvimento integral.E o platnico Proclus ajunta: "A iniciao serve para retirar a alma da vida materiale lan-la na Luz"., portanto, um desenvolvimento integral de todo o ser para uma beleza mais perfeita; mais moral, mais energia fsica e intelectual que nos so dadas para ver a vidasob um novo ngulo.A iniciao permite sentir os ritmos e as harmonias que tornam a vida to maravilhosacomo os belos poemas e sofrer as leis que regem os fatos tangveis e que mostram anecessidade como o ritmo do universo.** *, pois, um novo ciclo que comea para ti, leitor, ao cederes atrao apaixonada da cina. S te compenetrares dos ensinamentos que vais receber, se souberes refletir, gozars todos os encantos de uma nova vida. Isto no simplesmente uma cincia terica, masao mesmo tempo uma doutrina moral e intelectual, um exerccio que tem por fim modificar-te profundamente. Segue os conselhos que te sero dados e sentirs o teu esprito engrandecer para abraar as idias eternas e magnficas. Teu corao abrir-se- fraternmente ao amor. Em ti, como o diamante em seu engaste, reside uma fora que pode fazer milagres, mas preciso que o diamante seja arrancado da pedra; preciso que seja talhado para receber o puro beijo da Luz e irradi-lo em fogos cintilantes. Queseria a Luz se tu a recebesses sem projet-la sobre o mundo com tanto poder e doura quanto ela te dada?Este trabalho pode parecer-te penoso; no o . Primeiramente tu no estars s. O isolamento pode tornar bem rido os pensamentos mais admirveis, quando preciso adquiri-los

    por si mesmos. A ainda sers ajudado, sustentado; sentir-te-s em harmonia de pensamento com um agrupamento todo fraternal que partilha os teus sentimentos.A solido que tens sofrido te conduz a refletir. A desiluso que, talvez, tenhas sof

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    rido te conduz a encarar o mundo e a vida sob um aspecto mais exato. Entregue ati mesmo, lanaste ao abismo da experincia tudo o que mancha a pureza de tua viso. Duvidaste do bem e do mal; tu te sentiste desamparado, sem apoio, mesmo em teu pensamento, contra o desespero que te assaltava. Agora, com um passo seguro que vais caminhar para esta Luz que o teu desejo procura, que por instantes se vai revelar no fundo de teu ser agitado. Tens visto clares como uma brilhante miragem. Tudo est bem mudado atualmente. Esses clares passageiros tomam uma claridade forte

    e constante que no deixar em sua obscuridade nenhum trao de teu caminho. Toda a sombra se dissipa quando se procura a Luz fora das trevas do egosmo. A vida abre-sediante de teus passos, a vida tal como e deve ser, a vida na sua beleza plena.Vais caminhar para o conhecimento que no fazias seno imaginar e que tu vais acolher na agradvel certeza despertada naqueles que trabalham. Os vastos horizontes dopensamento vo se desenrolar diante de ti, enervando o teu olhar e o teu esprito. Eo esplendor dessas vises serenas to grande e to perfeito que a sua beleza penetrarat o teu corao como a harmonia pungente de um canto.Guiado por suaves encantamentos, avanars sempre com mais alegria para o panorama soberbo das formas e das idias at este Templo da Sabedoria que te chama.O momento em que vives penoso. As crenas esto em derrota; os homens se voltam paragozarem as suas paixes. O ser caminha muitas vezes sem f, a esmo. Ele l, sem praze

    r e sem apego, o que lhe dizem as religies e as filosofias; no percebeu o conjuntoe encontrou contradies que lhe pareceram desconcertantes. Tornou-se pessimista eno encontrou mais a base da moral. Por outro lado, o mistrio no o satisfaz; est vidode claridade. Chegou a rejeitar tudo, os dogmas e as suas conseqncias. E' contra esta forma de esprito que preciso reagir.Somos rodeados de foras. Entre elas, muitas so ms e no devemos deix-las dominar-nos.Para resistir, utilmente, devemos fazer um apelo s foras superiores, construtivas,que no se recusam auxiliar. Quando as tivermos conhecido e invocado, nos ser possvel sair do tormento, procurar e, portanto, achar a paz do corao, o desvanecimentodo esprito, o ritmo da evoluo. Tu que vens a estes estudos j no ests to isolado. Juo teu esforo aos dos outros; tu os ajudars, sers ajudado e o teu corao morto florescer. Conta com segurana com este auxlio, que te prometido; mas, primeiramente, esfora-te.

    a ti que pertence dirigir a tua evoluo.** *O primeiro ponto a cumprir conhecer-te. No sem causa que os antigos tinham feitodeste conhecimento o primeiro estgio da sua iniciao.Sabes quais so as tuas qualidades e os teus defeitos. Deves desenvolver umas e eliminar outros. Purificar-se a primeira parte de todas as iniciaes tal como se tempraticado em todos os templos e em todos os agrupamentos de filsofos.Em primeiro lugar deves depurar teu corpo, dar-lhe por uma higiene raciona> forase um poder talvez perdidos pela doena e por insuficincia de alimentao, pela falta de ar e de exerccios igualmente prejudiciais. Tu deves adotar uma regra na tua vida mais s, baseada sobre os princpios que dirigem toda a tua conduta. Teu corpo deve obedecer a teu esprito, e se no est em estado de seguir o movimento de teu pensamento de que lhe servir este pobre servidor? Se seguires as regras que te aconselhei, adaptars a tua economia material, todos estes rgos que te so submetidos, ao ritmos que so o eco dos ritmos superiores. J, por esta cultura, aderirs ao plano divino.Tomando este cuidado, precisars fazer a educao de teu esprito. Esforar-te-s para tereste esprito uma direo mais segura, uma vontade calma e operadora. Deves desenvolver em ti as faculdades e no partir desta idia de que no poders adquiri-las. Desenvolve tambm o teu discernimento, porque, sem ele, a vontade uma barca sem piloto entre os escolhos da vida.Assim, obters o imprio sobre ti mesmo, que te far senhor do teu inconsciente. No sofrers mais o seu impulso, porm, no cedendo seno ao teu esprito, sers tu mesmo em verde. Cultiva tambm o silncio em que te sero revelados os poderes ocultos. Obtm a calma

    para os teus sentimentos, a fim de que desenvolvam harmoniosamente. Cala-te e reflete na manifestao das opinies adversas.Enfim, ser a tua fora dizer a palavra conciliadora que religa toda as opinies. Tu no

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    podes, por ti mesmo, possuir toda a verdade. Por que impes o teu pensamento aosoutros? S calmo e o teu exemplo pregar melhor ainda do que as palavras. o primeiropasso a fazeres para a obteno dos altos poderes, a conquista das foras em ti e aoredor de ti.E, em seguida, fars a educao de teu corao. um cuidado que muitos negligenciam; elessofrido pelo sentimento, crem no poderem fazer nada de melhor do que negar o corao.Mas, estes males provm de uma impulsividade muitas vezes atendida.

    Deveras primeiramente refrear est impulsividade, estas perturbaes. Atrado pelas qualidades exteriores, ests talvez muito triste por amar pessoas que no respondem ao teu ideal elevado; pedes-lhes sentimentos que florescem em teu prprio corao e, comoelas so diferentes de ti, a ternura delas desviada ou se manifesta de outro modono desejado por ti, sofrers profundamente.Muitas vezes a falta est em julgar os outros de acordo consigo mesmo. um escolhoa evitar. As dores passadas tm isso de bom: elas te serviro de guia para os acontecimentos futuros.Seu papel nos tornar clarividentes ao encontro do que mais nos seduz, nos ensinar a pacincia para atingir o desabrochar dos sentimentos dos outros.Refrear, porm, o corao no suprimi-lo; pelo contrrio, quando o caminho parecer segurtu poders, em belo surto, procurar a ternura e a glria de uma afeio partilhada.

    E, quanto esta alegria, apurada pela pesquisa de um ideal comum, ser mais alta emais pura!Isto no ser uma vitria ou um prazer passageiro como o objeto de tua pesquisa, mas uma comunho de idias que te conduzir a querer o bem do ser amado antes do teu prprio.O teu corao alargar-se-, e, margem das ternuras costumeiras, aprenders a amar a Natureza, a obter de seu seio amigo as lies da calma, de expanso de uma vida nova, de bondade, de doura, de fraternidade universal. Gozars a expanso de uma vida nova, a alegria superior de compreender o que comeaste a amar cegamente.A prpria Natureza oferecer o ensinamento dos altos poderes. Que poders tu desejar aseu respeito? Estes Poderes que pertencem ao iniciado, obt-lo-s se fores digno; ese o fores, em lugar de quereres ter o domnio sobre outrem, no pedirs seno a possibilidade de socorrer aqueles que sofrem, de auxiliar aqui que procuram o seu caminho para irradiar sobre o universo to as foras benficas, como faz o sol de estio.

    que o Verbo humano, imagem de foras mais altas, tem poderes ilimitados, ao uso doqual ele soube se tornar mestre. Tu os experimentars e poders conhecer este podermgico de que todo ser humano dotado, quando a iniciao o tiver revelado e quando tiveres sabido conquistar o teu prprio imprio.Estas foras no devem servir seno para fins altrusticos.A realidade dos fatos nota-se sempre quando a ao se torna egosta. Pladan disse: Aquele que cr pedir ao Hermetismo o poder de seduzir, de vencer os seus inimigos, desuplantar os seus rivais, ser vencido, perecer. a transposio mgica destas palavrasCristo: Aquele que fere com a espada, com a espada ser ferido.Em torno de ti irradiam foras e vibraes que so tais como as produzes, como tu podescriar e dirigir a teu gosto. Esta atmosfera psquica influencia aqueles que te rodeiam e pode operar a distncia.Quando penetrares neste arcano, que se no confia a esmo, tu conhecers o segredo doPoder da atrao e tu sers servido por foras misteriosas.A medida que o Templo da Iniciao se abrir para a tua alma, ainda mais poderes surgiro em ti, a tua vista ainda mais se abrir sobre Mundos que tu no conheces, mundosque tu no suspeitas.Teu horizonte limitado e tu sofres, mas cada passo dado sobre o caminho te animar diante de horizontes infinitos, banhados de santa luz. Mesmo a custo vers quantoeste ser humano que te aparece como o centro de tudo pouca coisa no conjunto dos mundos. Ento, convencer-te-s de qual o teu verdadeiro lugar no Universo e que notens valor seno de seres uma clula consciente nas lutas sem fim na vida.Por que ters orgulho? Quem s tu neste cosmo imenso? Considera a tua pequenez e mede-te com o infinito. Perders todo este orgulho mesquinho, estas vaidades insuportv

    eis, que ontem te pareciam importantes; desde hoje te convencers de um fim mais alto e mais nobre.Mas, se esta contemplao mortal tua vaidade, quanto a tua vaidade perder em fora! P

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    uena clula consciente, convencer-te-s desta idia sublime de que tu s submetido ao Ritmo, ou melhor, aos Ritmos, e que eles so os mesmos do tomo at ao astro. E, como tudo o que te rodeia, sers submetido aos Ciclos imutveis sob o seu aspecto mutvel!** *V o Ciclo das estaes: eis as horas de inverno; tudo nos parece morto sobre a Terra,e no h mesmo mais razo de esperar; as flores e as folhas esto mortas. Depois, passa

    um pouco de tempo; a alma desperta de um pesado sono e, na Natureza, os tenrosrebentos de Maro saltam dos ns do bosque morto. a primavera, a esperana, a promesde vida nova, a certeza das colheitas prximas.E, cedo, eis a o sol brilhante que faz amadurecer as colheitas douradas; todas asflores esto abertas; os frutos esto prestes a amadurecer.Os longos dias ardentes passam e o outono, rico dos frutos que a primavera nos prometia, leva-nos a realizaes esperadas.A mocidade e as flores passaram e resta apenas a disposio de se preparar para o inverno.Mas, este inverno da velhice e da morte corporal, tambm para ti a estao de repousoe da recompensa, porque tu poders fazer ricas provises de felicidade e de bem paraa tua evoluo.

    E esta evoluo ainda continuar os Ciclos comeados, sempre unidos s tuas aquisies, auando o resultado de teus corajosos esforos.A medida que tu fizeres esta maravilhosa ascenso, tu te envolvers mais intimamentecom os Ritmos superiores, tu te compreenders melhor, e melhor expandirs o teu corao, esclarecendo a tua inteligncia. Sentir-te-s em fraternidade com todas as criaturas, com o astro que segue o seu curso rtmico no cu; e as harmonias grandiosas da Criao sero para ti um contnuo enervamento. Estes mundos te diro qual a fora misteriosque dirige neste vasto ter e o teu desejo ser apenas de estares de acordo com as harmonias divinas.A estas foras, enfim conhecidas, fars um apelo. Elas te respondero. Tu te sentirs, sem cessar, inundado de seu poder.Dar-te-o elas um poder, um apoio do qual tu no tens a idia, e este apoio te dar umafelicidade sem sombra, a alegria do dever consentido com o corao consciente e livr

    e. E, pelo imenso ter e por todas as criaturas, sentirs a presena de Deus, que criou todas estas coisas e lhe deu estas leis, cuja beleza perfeita nos deslumbra.Voltando ao mundo conhecido, concebers por toda parte u'a mesma vida, um igual equilbrio, matizado segundo diversos modos, mas sempre semelhante e dirigido por uma eterna justia. Compreenders que a tua existncia atual, com os seus dolorosos sofrimentos e os seus prazeres, a conseqncia legtima das tuas existncias passadas. Tu tesubmeters sem murmrio. Aceitars as condies ms como dvidas a pagar, e as experinciters de sofrer sero preciosas porque elas mais depressa te libertaro do pesado fardo da vida. Que alegria nos sentirmos cada dia mais livres, mesmo para com uma crena benevolente! Este pagamento a condio de tua vida, de toda a vida. Mas, a Iniciao te permitir adquirir mais depressa o prprio domnio, mostrar como deves dar um passo mais ligeiro para estas magnificncias, que parecem te chamar e que te chamamcom efeito.Cada passo que deres conduzir-te- para o mundo encantado da perfeio. Sairs da tormenta ou sers tragado por ela. Dissipars as foras ms que pesam sobre ti. Quando conheceres as causas de tudo isso que te acontece, no poders mais conhecer o desespero, pois que tudo justo e til. Pssaras do pessimismo ao otimismo e a face do mundo ser mudada para ti.** *A alegria, que eu te prometo com certeza, vir mais depressa ainda do que pensas se fizeres para ela um esforo contnuo e se uma F viva te sustentar sobre o caminho.A F e a Felicidade esto no conhecimento da vida, de seu fim, de seus verdadeiros interesses. Adquirido este conhecimento, chegars necessariamente a uma outra concepo, amars as tuas dores passadas.

    A meditao e a reflexo, que te parecem muito austeras, sero duas amigas, duas irms cheias de ternura que te esclarecero o caminho.Trabalha, medita, persevera, adepto futuro, que j te sentes chamado para a Iniciao.

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    por este meio que te ser confiado o Grande Segredo. incomunicvel, dizem os adeptos; e eles tm razo. Primeiramente, esta assero afasta do caminho os curiosos vos que nprocuram no trabalho seno um divertimento mais sbio do que os prazeres mundanos.Mas, eles tm razo ainda porque seria absurdo imaginar a Iniciao como uma lio a aprenr, depois da qual se possuiriam poderes inauditos e foras miraculosas. preciso fazer, analisar, adquirir por si mesmo os conhecimentos necessrios, desenvolver a acuidade dos sentidos nossa percepo habitual.

    O trabalho pessoal inevitvel; um longo estudo, que parece rido para alguns, mas que se torna fcil para outros que se entregam a ele com f; a prpria f que te ajudar.Para descobrir o Grande Segredo, estuda-te; desenvolve paralelamente o teu esprito e o teu corao. Estas foras que queres possuir para teu bem e o de teus irmos, estas foras esto em ti e em redor de ti; aprende a procur-las e a descobri-las. A Natureza est diante de ti como um imenso livro aberto, cujos ritmos sonoros e doces tedaro a lei dos outros ritmos pelos quais palpita e se move a vida. Estuda e percebe estes ritmos. . Eleva-te para Aquele que os tem fixado com um gesto de sua moe um sopro de seus lbios.Procura, e tudo te mostrar Deus, como as mil peas de espelho quebrado te mostram omesmo sol. E quando tiveres sentido esta unidade do Universo que virs a ser um Iniciado e que a vida, para ti, ter um sentido novo e inesperado.

    Vers que todos os seres so ligados e que seu esforo dever ser comum. Teu dever , pois, o de te devotares, ajudares aos outros a encontrar a praia calma que os salvarda tempestade; teu dever amar os teus irmos. J o teu corao sentiu o teu apelo poderoso de altrusmo. Tu no esperas seno conhecer-te melhor, para dares o melhor a ti mesmo, tuas foras, teus sentimentos, teus pensamentos. assim que tu vivers na alegria.** *O fim que procuras grandioso; aquele que tem sido visado por todos os Iniciados;para atingi-lo, desenvolve a tua vida interior, to rica em ensinamentos pessoais. Encerra-te na tua vida, na tua torre de marfim, no teu asilo interior que no deixa dispersar na vaga turbilhonante do mundo os tesouros de teu corao e de teu pensamento. A medida que subires os degraus desta torre, sentiras primeiramente a i

    mensa alegria do esforo: depois, gozars, durante longas horas, esta alegria do bempressentido que se goza de fazer esta felicidade pelos segredos descobertos nolivro aberto da Natureza, esta quietude imensa, longe das agitaes mundanas e que nos permitem sentir todas as pulsaes do nosso corao, todos os movimentos da Natureza,todos os ritmos e as imagens que fazem do Universo um poema imenso e que nos encanta pela sua beleza. a alta morada da meditao, e esta meditao profunda entrega-nos, sem cessar, s vistas maravilhosas, aos segredos que no imaginamos.Mas preciso que tornes a descer imediatamente, no te deixando embeber pelo doce pio de um misticismo que te faria abandonar a terra e faltar ao teu dever. precisoequilibrar a F pela Cincia e o Sentimento pelo Trabalho.Todos os nossos deveres esto sobre a Terra; ainda no chegou a hora da nossa libertao. Devemos compreend-la sem murmrio e com alegria evoluiremos. Certamente, subindoos degraus da tua torre de marfim, abandonars, como um fardo muito pesado, as perturbaes, as agitaes, os egosmos que te prendem sobre a terra. Mas, uma vez desembarao deste fardo, quando tiveres desenvolvido a acuidade de tua sensibilidade, escutars melhor os apelos daqueles que sofrem e que choram; apurars os ouvidos para eles, ficars comovido e, num lance fraternal, voltars a subir os degraus que tens diante de ti, para tomares em teu corao toda a misria e toda a dor. Sentir-te-s chamado a fazer uma obra til para conduzires mais felicidade e mais luz, primeiramente ao teu lar, ao teu pas, tua raa, a toda a humanidade.Teus irmos tm necessidade de ti. No resistas ao seu chamado.** *No para si s que o Iniciado recebe a Luz. Recebe-a para difundi-la em torno de sicomo o diamante se coroa de fogos e de irradiaes. E estes fogos no lhe pertencem. Vm

    deste sol sublime onde o prprio esprito no pode atingir. No concebas pois orgulho do saber que vais adquirir. Espalha-o e s feliz do bem que vers florescer. Lutars com todas as tuas foras contra a vaga sombria das idias falsas que ensombreiam e ent

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    ristecem a tua atmosfera. Infundirs a serenidade e a ternura nessa multido que geme na sombra. D-lhe o que tu sabes. Teu dever ideal sustentar aqueles que enlanguescem e se deixam vencer sem esperana e sem f, desesperados, cansados, sem coragem.Tu te esforars para realizar um ideal que vive sempre latente, no seu crebro e noseu corao, porm que est enterrado sob tantos escombros que no podem formular o pensamento, dele, nem tentar realiz-lo em uma ao social.Todos estendem os braos para um amanh melhor, que suprimiria a luta das classes e

    os atritos econmicos, e que faria desaparecer as guerras e extinguir todos os dios. aos adeptos que pertence o direito de responder a este apelo desesperado.A humanidade, ansiosa e dolente, suspira na sombra espessa. As necessidades da hora criam para ns deveres novos. Cabe-nos fazer a luz e a harmonia a onde eles fazem falta.Adepto, eis a o teu ideal. Tu ters o poder de responder e sers ajudado para realiz-lo. A hora soou para ti. Tu deves trabalhar mais do que aqueles que trabalham semesperana e sem f.Apressa-te, pois, se a tarefa rude, a recompensa ultrapassa a tua esperana.

    PRIMEIRA PARTE: AS GRANDES CORRENTES INICIATICAS DA CHINA IMEMORIAL AT NOSSOS DIAS

    A CINCIA SECRETA

    Em todos os tempos, vemos sbios, pensadores, preocupados com o problema da Evoluo. O fim de todos os esforos foi sempre uma comunho com os mundos desconhecidos no qual ns somos banhados. Necessidade de um duplo ensinamento: exotrico, pblico, e esico, reservado a um grupo seleto. A parte exotrica das filosofias e das religies amais conhecida. O segredo ao qual esto presos todos os iniciados tornam difcil arestituio da Cincia Secreta. Como tornar-se um iniciado. Adquirir primeiramente umaviso mais alta e mais ntida dos conhecimentos humanos. O lao entre todas as religie

    s, a semelhana de todos os ritos, a unidade de seu ensinamento. A religio necessriaao homem. O iniciado est acima, ou antes, fora de todas as religies, na sua formamaterial, porque caram todos os vus que lhe dissimularam a idia.

    No recente a preocupao do homem em conhecer os mistrios de sua essncia e do seu desno.Naturalmente, estes mistrios que, na juventude da humanidade, ultrapassam os outros em nmero, no interessam as inteligncias rudimentares, mas os inspirados, os sbios, procuram achar estas verdades na esperana de as comunicar imediatamente aos seus pobres irmos e de apressar a sua evoluo.To longe quanto ns possamos remontar histria, vemos estes pensadores renunciarem vida ruidosa; eles so retirados do mundo e, em uma calma favorvel meditao, resolvem ultrapassar as contingncias, as vs agitaes humanas para meditar sobre a vida real, para subir alm dos efeitos e das causas.Os primeiros desses pensadores cessaram de se entregar s foras que os dominaram, procuraram conhecer estas foras, a adivinhar a sua origem, a domin-la tanto quantopossvel; reconheceram que estas foras obedecem a um ritmo, que eles estudaram nassuas manifestaes em aparncias mltiplas; acham-se em presena de Leis que eles so fora penetrar; conhecem o segredo dessas leis e desses ritmos; procuram e descobrem o Segredo da Vida, de uma vida bela, feliz e harmoniosa.O fim que eles encontram na vida humana a Evoluo, mas esta Evoluo que ? Que somos nesmos? Donde viemos ns e para que fim tendem os nossos esforos?Onde nos levam os nossos destinos?Se como sabemos que em todas as iniciaes, para o aperfeioamento pessoal, no poderes apressar este aperfeioamento?

    No poderemos adquirir estes poderes maravilhosos, estas faculdades quase desconhecidas nas quais esto sempre as palavras de Iniciado e Iniciao, abrindo-nos as portas dos mundos desconhecidos que a Verdade esclarece com um sol maravilhoso?

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    A esta questo, os Sbios de todas as pocas respondem afirmativamente. Eles estudam as foras da natureza humana e penetram o segredo da natureza das foras que nos rodeiam, que so sensveis em ns e ao redor de ns. Eles nos ensinaram a posse e a direo daforas, a fim de que elas sejam utilizadas para a nossa melhor evoluo: eles nos ensinaram a dirigir estas foras em lugar de sermos submetidos, ao menos a fazermos uso da sua direo como o cavaleiro se serve de seu cavalo, ainda que este seja mais forte do que ele.

    Por este conhecimento, demonstraram-nos que ns podamos ser senhores de ns mesmos eque podamos possuir tambm outros poderes.Ensinaram-nos a realizar o maravilhoso equilbrio do corao, do esprito e do corpo quenos une a este ritmo absoluto que dirige os mundos.Dos efeitos, que todos reconhecem e que caem sob os nossos sentidos, estes inovadores, estes campees do pensamento humano so conduzidos s causas; eles nos revelamos motivos da desigualdade das condies humanas e de todas as amarguras, de todos os sofrimentos; eles nos levam o Segredo que d alegria ao corao e, com ele; o plenodesabrochar do esprito, a calma soberana, o apaziguamento do anseio, da inquietao que o cmulo da fora.Eles nos conduzem, estes sbios de todos os tempos, para os cimos onde floresce aluz em flamas e em vibraes mais belas do que a msica e do que a poesia.

    Estes so os que fazem compreender que somos sujeitos a esses Ciclos mutveis que animam, de transformao em transformao, pela senda da dor, da reflexo e do trabalho, a uma condio melhor de pensamento, a esses como que ns cuidamos com a aspirao mais ardente, ainda antes de obt-los.** *O fim de tantos trabalhos um conhecimento melhor, mais ardente e mais perfeito de ns mesmos; uma comunho mais ntima com este mundo desconhecido e sensvel no qual estamos banhados.Para virmos a ser elevados a tal altura preciso aperfeioar o nosso esprito, depurar o nosso corao, despojarmo-nos de todo o sentimento egostico, estreito e mesquinhopara aderir solidariedade dos outros seres, a este altrusmo que a mais bela forma de nossos sentimentos. Tal o fim da nossa vida e todos os Sbios nos ensinam iss

    o, seja claramente, seja sob o vu mutvel das imagens e dos mitos.Somente aproximando-nos deles poderemos compreender toda a beleza do fim oferecido aos nossos esforos.Alguns se admiram que esses pensadores no tenham apresentado a totalidade de seusconhecimentos sob uma forma acessvel a cada um. preciso dizer que a dificuldade dos tempos no permitiu sempre entregar a todos, como desejavam, o conjunto do seu trabalho-, no lhes foi possvel oferecer a todos sob uma forma acessvel. Todos os seres no esto em estado de suportar esta revelao: umapreparao necessria, porque os crebros que se acreditavam muito fortes perderam a sua calma em presena desses poderes novos, quase ilimitados, desses meios inesperados de percepo e de conhecimento.Outros no tm realizado esperanas que eles tinham inspirado; viram nestas revelaes possibilidades de lucro, satisfaes da vaidade, meios de domnio inteiramente incompatveis com o alto ideal que deve nascer de tais estudos.Todos estes investigadores, cujo pensamento ilumina ainda o campo indefinido doconhecimento, todos estes guias de nossa evoluo do qual cada um tem presidido a uma fase da nossa civilizao: Fo-Hi, Rama, Krishna, Buda, Confcio, Lao-Tseu, Hermes, Moiss, Orfeu, Pitgoras, Plato, Jesus, todos deixaram ensinamentos e uma tradio apropriados s necessidades da sua poca, os quais preciso conhecermos e dos quais ns devemos tirar proveito para a nossa orientao moral.A sua ao, cuja lembrana temos conservado, as direes morais que tm sido levadas a deir as suas escolas e que formam o tesouro de nossas noes so nossa preciosa herana. Averdade que eles tm enriquecido e proclamado, tm adaptado sua poca, mentalidade daqueles que os escutam, mas ns no podemos ainda servir-nos dela utilmente.Todos esses sbios entreviram o problema. Por diferentes caminhos, e caminharam pa

    ra a Luz. Eles todos tm procurado meios de apressar a evoluo individual social dosseres e das faas. Todos tm reconhecido a necessidade de elevar o ser acima da matria, de dirigi-lo para as alturas, de guiar o seu esprito, de abrir o seu corao e a s

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    ua alma a toda esta beleza, aos Ritmos divinos que nos sustem e nos fazem compreender o que seria o mundo se ns tivssemos dele uma concepo mais pura da realidade.Esta maravilhosa ao, eles a cumpriram segundo os elementos de que dispunham, segundo a probabilidade de seu tempo.Todos esses sbios reconheceram que o ser humano, ainda muito apegado matria, no estava prestes a receber o conhecimento integral da Verdade. Se esta Verdade absoluta fosse conhecida e obedecida por todos, mudanas profundas e inesperadas operar-

    se-iam no Universo. A vida social seria construda sobre uma base diferente. As relaes sociais seriam modificadas e os bens a adquirir seriam disputados sobre um terreno bem diferente daquele em que o nosso tempo anima a formidvel luta pela vida.Ento, o Saber, a Inteligncia, a Bondade, os Poderes psquicos seriam as verdadeirasriquezas e todo ser mais evolucionado gozaria de imensos poderes cujo nico pensamento nos mergulha em abismos de admirao.Porm, o mundo est longe de estar prestes a este desabrochar completo. Portanto, ser perigoso e ilgico dar explosivos a uma criana, como seria imprudente dar ou confiar os segredos queles que no esto em estado de compreender.Um dia, o menino ser homem e poder servir-se dos explosivos terrveis para trabalhosteis; do mesmo modo que os povos, um dia, compreendero o verdadeiro fim da vida,

    podendo ser iniciados. O santurio do conhecimento ser ento aberto a todos.Longos sculos de espera so ainda necessrios. O domnio destes conhecimentos no admiterevoluo, mas uma evoluo contnua. Toda revoluo destri e a evoluo constri. Esta csculos comearam deve ser efetuada normalmente, lentamente, sem relmpagos e sem detenas.** *Os Sbios e os Iniciados de todas as idades, em todos os domnios, tm oferecido um duplo ensinamento:

    1. Um ensinamento exotrico destinado multido, no considerado como uma casta intransponvel, mas como a totalidade daqueles, qualquer que seja a ordem, que no estoem condies de se conduzirem por si mesmos e de aceder subitamente ao saber.

    Este ensinamento no podia, pois, ser seno em uma direo moral, regrando melhor as foras e os sentimentos de cada um.Da, vemos os Mitos, os Ritos e os Smbolos, cujo fim tem sido velar, sob a forma mais bela e mais harmoniosa, os ensinamentos que no eram levados todos. Desvendar neste momento e, por isso, os resultados da causa profunda e secreta destas formas e destes mitos seriam mais perigosos ainda do que inteis.

    2. Um ensinamento esotrico. Aqui, mais mistrios e quase uma revoluo cheia e inteira de segredos os mais profundos.

    Esta iniciao foi sempre reservada a uma elite preparada de longa data, ao ensinamento. Antes de lhe confiar a cincia, dava-se conta que o futuro adepto possusse asqualidades requeridas: que o seu julgamento fosse reto; que o seu corao fosse firme, Inimigo da matria e preservado de todas as vistas cpidas.Era verificado que o seu corao possua sentimentos elevados, que era capaz de tomarinteresse pelo bem comum, da verdade, de um alto ideal, ao qual estava prestes asacrificar tudo e ele mesmo; que ele tinha, na realidade, o sincero desejo de elevar-se, de vir a ter um guia fraternal e seguro.Por toda parte, nas correntes iniciticas, filosficas e religiosas, ao lado do ensinamento exotrico cuja forma exterior nos fere muitas vezes ainda por sua beleza ou pelas aparncias estranhas que encobrem interpretaes ocultas, encontramos uma parte inicitica que o apogeu e o coroamento. Este fato real no Egito, como na ndia, naPrsia, como na Grcia antiga.O Cristianismo, como todas as religies, possuiu, ao comeo, a sua tradio inicitica, ma

    is revelada por So Joo, no seu Evangelho e sobretudo nas figuras misteriosas do Apocalipse. Esta tradio foi, em seguida, condenada como levando Igreja as causas deperturbaes. Mas pode ser encontrado o trao dela em todas as iniciaes gnsticas, que s

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    sucederam igreja primitiva, at nossos dias. Do mesmo modo, o Islamismo possui a sua tradio esotrica no Sufismo.** *A parte exotrica naturalmente a mais conhecida das filosofias e das religies. Sobressaem nelas as belezas exteriores e artsticas do mais magnfico florescimento. Baseando-se sobre o ensinamento exotrico, onde os mestres de todos os tempos resumir

    am o seu pensamento em formas acessveis multido, que se imaginou que existem, entre as religies e as iniciaes, divergncias Inconciliveis. que, nesta parte da revelaSbios foram forados a ter em conta toda espcie de contingncias; eles tiveram do adaptar-se ao tempo em que viviam, aos costumes que dependiam do estado da civilizaonessa poca e s tendncias que floresciam naquele momento na nossa histria.Qualquer que seja a unidade de uma doutrina, no se pode apresentar sob a mesma forma a um hindu e a um europeu, cuja mentalidade muito diferente.Por outro lado, as formas naturais no se apresentam da mesma maneira em todos oslugares. A beleza visvel diferente por toda parte. Se os egpcios empregaram o papiro e o ltus, os gregos a acanto, e os europeus o lis, o trevo e outras plantas autctones, que eles tiraram da natureza circundante estes modelos de suas criaes.O mesmo se d no que concerne ao pensamento. Apresenta-se sob a forma mais acessvel

    queles que devem compreender; tm-se ornado de todas as magias da forma e da palavra, que no tm sido sem alguma modificao. Mas, sob as suas aparncias mutveis, o pensanto permaneceu o mesmo. A bondade, a virtude, o desinteresse so a base desta direopara um melhoramento da alma.Este melhoramento no se pode fazer sem conhecimento de causa e o nosso primeiro dever de penetrar neste conhecimento do ser, do nosso ser pessoal, primeiramente;depois, pelo estudo e pela analogia, que a chave de muitas cincias, da Naturezae do Esprito, desde as formas inanimadas, desde as primeiras palpitaes da vida orgnica, at ao Esprito puro, at a Deus.** *Quanto ao ensinamento esotrico, permaneceu em condies fragmentrias no que as religiese as literaturas nos tm deixado sobre as antigas iniciaes. O fato deste ensinament

    o ser secreto, no lhe permitiu uma difuso que n-lo tivesse melhor conservado.Os mais aproximados de ns entre estes mistrios, os Mistrios de Elusis, no so notadoseno sob a forma de aluso pelos dramaturgos gregos; ainda Eurpedes incorreu nas reprovaes por ter falado mais abertamente do que se falava. Ele no era um iniciado de ordem muito elevada. Portanto, para transmitir as verdades adquiridas e no deixarpenetr-las por aqueles que no tinham qualidades para serem admitidos, era precisoconservar-se no domnio, dos mitos e dos smbolos.Cita-se que um pitagoriano, no momento em que a ordem toda estava em via de perseguio, no podendo pagar completamente seu hoteleiro, deixou-lhe, com a promessa formal de uma pronta liquidao, um desenho geomtrico que devia ficar exposto.O hoteleiro teve confiana em seu hspede e colocou o desenho bem vista. Passaram muitos viajantes que no viram o desenho e no deram nenhuma importncia; mas um pitagoriano veio, por sua vez, viu a imagem, informou-se da maneira por que ela viera sua casa e, tendo sabido que o autor a havia deixado em pagamento de uma dvida anterior, fez o pagamento da quantia para que o desenho desaparecesse imediatamente.Estes smbolos, estes mitos, eram admirveis em todos os pontos, mas precisava ter achave para compreend-lo. Esta chave faltou a todos os pesquisadores. Tem-se, pois, o trabalho de agrupar um pouco destes elementos esparsos de todos os lados.Por outro lado, pelo seu carter, estes smbolos estavam sujeitos a muitas interpretaes, algumas vezes contraditrias. A explicao inicitica no se transmitia seno ote, sob o selo do mais profundo segredo. Por isso, os pitagorianos, que citamosporque o seu exemplo clebre, tiveram a liberdade de se reunir, a sua tradio ficou intacta, mas quando a perseguio se produziu, ningum pde dominar o ensinamento dado.Muitas indicaes preciosas surgiram desses fatos e ns no Irmos seno uma parte da tradi

    oral, necessitando ainda coordenar com a lgica e fazer suplementos, pela deduo e pelo estudo das partes que nos fazem falta.Resta-nos o que do os smbolos, o que do os livros sagrados, as inscries votivas, esse

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    s smbolos pintados ou esculpidos.A, na presena dos fatos materiais e mais facilmente dominveis, o trabalho menos penoso, tanto quanto os arquelogos tem levado voluntria ou involuntariamente, o seu contingente de descobertas s pesquisas do Iniciado. preciso ainda uma paciente investigao e o agrupamento de muitos elementos esparsospara chegar a esta verdade que o fim que ns visamos.Todas estas religies, todas estas filosofias, sob a multiplicidade de ritos e de

    smbolos, oferecem queles que contemplam, mesmo com olhos de curioso, de turista doideal, vistas inesperadas, um panorama maravilhoso que atrai e retm o olhar, mergulhando o pensamento no abismo das meditaes.Aquele que chega por acaso a estes estudos, por pouco que seja capaz de extrairdeste assunto algum proveito, faz todos os dias verificaes singularssimas, que do aoseu esprito a vertigem do Infinito, encantando o seu corao pelo vivo esplendor doscantos e das imagens e, sobretudo, pela amplitude das lies que lhe so dadas!** *Este caminho maravilhoso no , todavia, sem dificuldades.Seria deixar-se arrastar pelas esperanas vs, imaginar-se que o acesso pode ser imediato e absoluto ao ser humano, mesmo para aquele que bem dotado, no domnio da Sa

    bedoria; preciso uma longa preparao.O primeiro estgio desta parte da nossa evoluo a libertao de todas as idias que tndo hbito de nutrir e que, antes de serem adotadas por ns, deveriam ser submetidasa um exame perfeitamente crtico de nossa parte.O nosso sentido crtico no era talvez to fortemente esclarecido no momento em que empreendemos a nossa formao intelectual; preciso, pois, segundo a expresso de Descartes, fazer tbua rasa de nossas precedentes aquisies e recomear toda a nossa vida interior comeada, como se fssemos crianas, vidas de aprender, mas submetidas a esse mestre que para ns a iniciao comeada, a verdade com a qual convm que estejamos em perfea harmonia.Este pensamento no nos deve parecer exageradamente penoso; em todo caso, a sua utilidade imposta; os preconceitos admitidos do ao panorama dos conhecimentos que adquirimos uma cor que no a da realidade.

    No seno no momento em que ns adquirimos por nosso prprio esforo um esprito imparciabsolutamente objetivo que a verdade nos aparece em todo o seu maravilhoso conjunto!Ento, o que nos parecia absoluto nico, aproxima-se de outros fatos que ns no tnhamopercebido.O lao de todas as religies, a semelhana de todos os ritos, a unidade de seu ensinamento nos conduzem a uma evidncia.A diversidade dos dogmas no basta para velar a maravilhosa beleza dessa unidade oculta que nos apareceu como uma separao entre os homens; torna-se um lao mais paraeles, uma razo nova de experimentar o mais fraternal amor. o que exprime excelentemente Burnouf, dizendo:

    "Toda a cincia, a das religies ainda mais do que as outras, quer um esprito livre edesprendido de idias preconcebidas; como ela se dirige ao brmane na ndia e ao budista em Sio ou na China, quanto ao cristo na Europa, tem, portanto, toda a necessidade de guardar cada um a sua f no seu prprio corao e permitir sua inteligncia seguias vias que a razo lhe abre e que no so nem menos seguras nem menos obrigatrias do que aquelas da f". (Cincia das Religies).Esta concepo de uma religio nica, variada somente pelas prescries e pelos ritos aproiados s necessidades de cada raa e de cada povo, interdita todo dio e todo sectarismo.Aquele que est elevado at esta verdade, ama todos os homens; porque todas as religies tendem para o mesmo Deus.Burnouf demonstrou luminosamente esta unidade das religies.

    "H diz ele nas religies uma idia fundamental, que preciso ter presente ao espritem cessar, quando se percorrem os fatos constatados pela lingstica e pela arqueologia, porque esta idia dar a interpretao dos fatos. A cincia cessa ento de ser uma pu

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    anlise e toma o seu lugar na ordem das cincias fisiolgicas. Esta idia, que responde vida na fisiologia, animal ou vegetal, no hoje mais um mistrio. Ela pode ser lida, enunciada cem vezes em termos simples nos Vedas; depois, uma vez que tenha sido tomada, encontra-se por toda parte nas religies dos tempos posteriores: anima as cerimnias do culto, oculta-se sob os smbolos, d os seus sentidos expresses dogmtis os seus sentidos, a sua direo e a sua nidade, espalhando-se enfim nas doutrinasmorais, em prticas e em conseqncias de toda espcie, de que o gnio dos povos e a natur

    eza dos meios bastam para explicar a diversidade."

    Elevando-se a estas alturas, percebe-se uma espcie de harmonia perfeita nesta unidade das religies; encontra-se esta unidade em todas as manifestaes da idia religiosa; as frmulas diferentes dissimulam a custo esta unidade das mesmas verdades, dasmesmas tendncias; no se julgam mais as tendncias de um povo ou de um culto sobre um fato isolado que nos desnortearia mais ou menos, porm, este fato estranho, comparado com os outros, semelhantes a tal ramo da famlia humana, e se descobrem os laos que os prendem ao Absoluto, que a necessidade de todos os coraes!** *A Religio uma necessidade do homem, uma necessidade do Esprito.

    Antes de tudo, em um perodo de animismo, o homem, maravilhando-se da vida singular que desperta o sonho, descobriu uma parte imaterial em si mesmo, uma parte deque ele ainda no tinha conhecido a causa.H, mais ou menos empiricamente, o reconhecimento do duplo, do perisprito, da alma,e alguns fatos surgiram que lhe revelaram a sobrevivncia destes seres j desprendidos da matria, e ento acreditaram nesta sobrevivncia; procuraram assegurar-se por todos os meios e tornarem-se favorveis aos que eles julgavam existir em um outro mundo posto que estivessem invisveis.O fetichismo veio em seguida. O homem percebeu que a parte imaterial de seu ser solidria s outras partes; pode-se desde esta vida operar sobre a alma, perturb-la ou sustent-la.Resulta um perodo onde reina a mais baixa e a mais obscura magia, a feitiaria maisnegra.

    Temem, ento, a m influncia dos mortos. da que resulta o material pueril e complicado para se tornar favorvel s potncias invisveis e tambm os objetos que servem para afastar o perigo oculto, assegurar a suaproteo; talisms, fetiches sobretudo, que no pedem grandes conhecimentos e so as maisdas vezes objetos usuais e grosseiros, aos quais se atribuem um estranho poder.Este fetiche, melhor talhado, vem a ser depois um dolo que serve, algumas vezes,para evocar o esprito dos mortos.A inteligncia, desenvolvendo-se, no se contenta com estas idias vs, com estas vs imagens; eleva-se a conhecer as leis; compara os princpios e efeitos.Reconhece a ao de um ser superior aos homens; faz um apelo a estes poderes desconhecidos; pede tudo o que necessrio a este princpio das sociedades. ento que as foras abstratas lhe so reveladas e que, para as compreender um pouco astem personificadas com todos os recursos da arte nascente.Ento, cria-se a Mitologia, esta personificao de todas as foras que atinge o seu apogeu tanto na ndia como na Grcia.Estas lendas transparentes para os iniciados contam as idias abstratas ou os fenmenos csmicos que a multido, mal esclarecida, no podia atingir.Para esta multido, os padres, os sbios, os diretores espirituais ocultam a verdadesob o vu harmonioso da lenda; enfeitam-na com as mais belas formas, porque elessabem que os seus pensamentos no eram acessveis queles que no eram iniciados e que precisariam, no entanto, satisfazer este apetite do divino, que reina em nosso corao.Este foi o reino do politesmo. um erro pensar que os espritos esclarecidos destestempos acreditavam em muitos deuses. Eles sabiam bem que um nico pensamento, uma nica lei consciente pode dirigir o universo ou os universos, mas estas imagens re

    presentavam, na realidade, idias e foras naturais, s quais s o vulgo dava uma existncia pessoal.Todavia, este erro aparente podia perpetuar-se e o povo recebia, com as iniciaes s

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    emticas, a conscincia do verdadeiro Deus, nico e perfeito, que fez o que governa omundo.Por outro lado, os ritos tm a sua razo de ser. Burnouf, na Cincia das Religies, dizmuito justamente:

    "As religies constituem um ato de adorao e a adorao , ao mesmo tempo, um ato intelecal, pelo qual o homem reconhece uma potncia superior e um ato de amor pelo qual a

    destra a sua bondade. Estes atos no so abstraes e no podem explicar abstraes cientSo realidades em que o homem o autor desde os tempos antigos! So obras que no tm cessado de cumprir em pocas de alta civilizao e em pocas de barbaria e decadncia. preso admitir, para no acusar de insigne loucura todo o gnero humano, que as frmulas sagradas, assim como os ritos e smbolos, cobrem qualquer coisa de real, vivo, permanente, que d a todas as religies a sua durao e a sua eficcia."Seria tambm absurdo imaginar que o sentimento religioso pudesse ter sido criado por incitamento de uma pessoa qualquer. Como dissemos, h a uma necessidade primordial da Humanidade e se encontra no somente em todas as fases civilizadas, mas tambmem todos os tempos e pases mais selvagens.No h, nos momentos em que a intelectualidade tem sido a mais rudimentar, um povo absolutamente despido de religiosidade.

    O homem das cavernas desenhou, sobre o osso dos animais mortos por ele mesmo, cenas religiosas; selvagens, das populaes mais brbaras, tm sempre um culto grosseiro,mas ao qual ajuntam uma importncia capital. preciso, pois, admitir que a idia de Deus veio ao mundo com a Humanidade e que o homem admitiu esta idia desde que ficou surpreendido de pensar; misturou-a ao sentimento das necessidades materiais, das quais servia para se defender dos animais terrveis das eras antediluvianas; ele se preocupava com ela ao mesmo tempo que se preocupava na luta contra a fome eo frio.Na presena dos fatos to certos e to gerais, necessrio admitir que existem idias inas na Humanidade, idias eternas que ela traz de sua origem e que talvez nos revelariam essa origem se ns estivssemos em estado de compreender tal como a Humanidadeprimitiva pde compreender.Na Cincia das Religies, Burnouf demonstra que existe uma idia eterna base da religio

    :

    "O trabalho do esprito que se esfora para elucidar constitui a cincia (veda). A palavra que a exprime a mais alta e a mais compreensvel de todas as palavras; a palavra, o verbo (vak); e a voz que enuncia esta palavra exprime um canto sagrado. Este canto, esta palavra, esta cincia, esta razo, esta idia, eis a o elemento persistente de tudo o que existe; este elemento , ao mesmo tempo, o agente da vida, o primeiro motor. Todos estes caracteres reunidos pertencem a u'a mesma poca de estado do ser perfeitamente abstrato, porm que no pode ter de individual maneira humana. Cada cincia, cada culto, cada lngua, chamam-no de u'a maneira; mas o seu verdadeiro nome Deus, pai universal e autor da vida, Ahura, Brama."** *Esta concepo de Deus, pai e criador, a do iniciado.No est submetido a esses mitos e ritos, que tm sido criados para aqueles que no tm seguido a senda da cincia. O iniciado est acima da religio, porque, para ele, os vus caram, todos os vus que ocultavam e dissimulavam a idia.Admira Deus diretamente e tudo o que intermedirio , para ele, completamente intil.Como todos os seres humanos, o iniciado reconheceu a necessidade da f. Mas a suaf no a f cega e estpida da multido. uma f consciente, que est baseada sobre o cnto e que cresce justamente deste conhecimento para entrar no domnio do intelectual.O iniciado no julga til fechar os olhos para ver; raciocina sobre as verdades queele aceita; seu esprito possui esta sntese de todas as religies, de todos os esoterismos; a aliana da cincia e da f.

    Percebe a necessidade de um pensamento diretor de todos os nossos atos. Sabe quea vida no nos dada sem uma causa e que ela no escoar por acaso; sabe que todos osacontecimentos nada tero de fortuitos, que eles sucedero segundo um plano traado po

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    r ele, que se esfora cada vez mais para aderir a esse plano e de conformar toda asua vida, que tem o direito de atingir as satisfaes, as realizaes prometidas.O iniciado tem a conscincia de que existe um Deus nico, criador de todas as coisasque Ele anima, desde a pedra at o homem; nada para ele existe seno segundo as leis sbias e justas.Mas ele sabe tambm que esta certeza tem sido encarada por todas as religies e traduzidas por elas de uma forma diferente; sabe que a variedade do caminho tem cond

    uzido para a mesma Luz, esta Luz que esclarece o esprito, todos os dogmas e todosos smbolos; compreende-os, admira-os como surtos do corao e da conscincia da humanidade; admira essa unidade de sentimentos e idias, que serve de base a todas as religies, d motivo a todos os ritos, como o ar vibra em todos os cantos e os eleva para o cu.O iniciado, digno desse nome, coloca-se acima, ou antes, fora de todas as religies na sua forma material. No tem absolutamente necessidade de um culto para notara presena de Deus. A vista maravilhosa da Natureza basta para ele como um Temploperfeito, onde se encontra em perene adorao. O iniciado compreende ou adivinha o que a Natureza lhe revela; os ritmos que ela manifesta e que so a prova evidente da vontade consciente que lhe deu a vida, aparecem-lhe em todo lugar. E no seio da Natureza, na comunho com os ritmos, que so a sua voz pessoal, que ele percebe me

    lhor o divino e que se une com todo o fervor de seus sentimentos e de seu esprito.Toda forma de vida para ele um motivo de estudo. Todo ser lhe revela uma parcelada divindade. Abre o seu corao a todas as coisas que evolucionam, com todo o amor, com esse amor infinito que sobe em graus ascendentes de sua prpria evoluo!Nos centros iniciticos o iniciado achar a mesma unidade que lhe aparece em todas as religies. Os ritos, que tm exprimido as verdades absolutas, tm a mesma origem e sosomente de um simbolismo menos material. Todas as iniciaes tm prosseguido para o mesmo fim. Todas tm oferecido ao adepto os meios sempre mais numerosos e mais perfeitos para se analisar, para se aperfeioar, para adquirir virtudes e conhecimentos, para se elevar aos novos cimos divinos.Porm, enquanto a religio se dirige multido, enquanto a seduz pela beleza dos ritose comove pela doura de seus ensinamentos, os Centros Iniciticos revelam a verdade

    pura e indicam uma ascese, permitindo atingir aos mais altos cumes e transp-los mais rpida e seguramente.Nos grupos citados, o ensinamento no sobretudo terico e geral, porm essencialmenteprtico.E alem de prtico pessoal.Um Centro Inicitico no pode admitir seno membros j eleitos, j quase iniciados pelas suas pesquisas ou pela sua vida e que esto prestes a compreender e assimilar o quelhes disserem para sua melhor evoluo.

    ** *

    O fim de todas as religies, como o de todos os centros iniciticos, sensivelmente omesmo, apesar da diferena dos meios; por toda a parte o fim desprender a alma damatria para aproxim-la de Deus; porm, a iniciao d os meios mais seguros e mais rpimais conscientes.Nos seus comentrios sobre os "Versos ureos de Pitgoras", Fabre d'Olivet nos diz:

    "Todas as iniciaes, todas as doutrinas mitolgicas, no tendem seno a livrar a alma dopeso da matria, a depur-la, a esclarec-la pela irradiao da inteligncia, a fim de quedesejosa de bens espirituais, possa lanar-se fora do crculo das geraes para se elevar at a fonte de sua existncia".

    Os meios de ascenso para atingir este fim to nobre so igualmente comuns s religies eaos centros iniciticos. Eles comportam antes de tudo uma parte exotrica e, em prim

    eiro lugar, o Conhecimento de Si mesmo.Efetivamente, ns no podemos fazer nada de til para percorrer a senda inicitica, se nsno conhecemos o nosso ser em si mesmo e nas suas relaes com Deus, com a Natureza,

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    com a Humanidade, da qual dependemos e que atingem todas as nossas aes.Devemos, em seguida, depurar o nosso corpo por uma vida s e regular, por uma higiene bem compreendida que no possa prejudicar a parte espiritual pelas alegrias muito animais, nem destruir o bom funcionamento dos rgos pelas privaes inconsideradas.

    Uma direo til para atingir este justo meio.O esprito tem necessidade de educao; devemos desenvolver estas faculdades sem lhe permitir dissecar a vida sentimental e no lhe autorizar seno pensamentos cujas vibr

    aes sejam benficas tanto para ns como em torno de ns.O corao tem necessidade de expanso, mas no pela expanso que nos tornamos um deus. Saltrusmo dar a paz e as alegrias necessrias sua evoluo.Enfim, para responder necessidade mais elevada da nossa natureza, necessrio admirar a Deus, render-lhe, no nosso corao e no nosso pensamento, um culto que adornaremos de toda beleza possvel, porque o amor e o reconhecimento se comprazem nos seus deveres.Na parte esotrica, a iniciao d aos seus adeptos o que a religio no saberia, sem peri, conferir aos seus. o conhecimento das foras misteriosas que esto em torno de ns e em ns mesmos.Ele ensina que o poder ilimitado pela Vontade e pelo Pensamento. Ele demonstra que toda a realizao no depende seno destas duas foras e que ela pode ser despertada co

    mo um poder verdadeiramente sem limite quele que sabe usar tal conhecimento. A iniciao lhe revela ainda que a fora vital de que todas as religies falam sob o nome decalor, porque no vo nem sem causa que a idia de vida est ligada a do calor natural.E esta idia primordial, que conduziu todos os centros iniciticos a se ocuparem especialmente do Fogo como agente fsico, considerando-o como a representao da Fora vital e, partindo desse dado, eles tm feito um ser metafsico que o corao do mundo, comunicando-lhe o calor e a vida.Nos tempos antigos, o Fogo foi adorado como um smbolo da vida; desde a primeira civilizao tem imperado sobre o altar e lhe renderam homenagem como uma imagem divina, porque representava o poder da vida e a flama do pensamento.A iniciao desenvolve nos seus adeptos faculdades novas. Criou neles uma intuio maispoderosa, percepes mais vivas e mais seguras; o campo do conhecimento se torna, efetivamente, mais extenso pela acuidade da percepo. Eles aprendem ainda a agir sobr

    e os outros seres; as foras que eles adquirem devido sua ascese no lhe servem somente a querer ardentemente o bem, mas tambm a realiz-lo.Eles possuem o meio porque a tarefa do homem no est acima de suas foras. Os agrupamentos so, pelo exemplo e pela unio, fomentadores de energias.As vontades enfraquecidas se levantam; os males do esprito como os males do corpodesaparecem pelo magnetismo harmonioso.A iniciao confere ainda o conhecimento das foras ocultas das quais j temos falado.Estas foras que nos rodeiam e que dominam o profano, podemos cham-las para fix-la

    s como sustentculo da nossa ao. Elas acorrem ao nosso apelo quando ele puro e sincero; um fato do corao isento de toda viso pessoal. Elas dependem dos ritmos aos quais estamos submetidos, e esses ritmos so revelados aos adeptos quando eles tm atingido o grau em que esta revelao lhes permitida. Conhecem, ento, a lei do Carma, a Justia das desigualdades aparentes da vida e todos os caminhos ocultos da nossa evoluo.Este ritmo misterioso nos revelado diretamente quando os nossos sentidos, melhorexercitados, adquirirem uma sensibilidade particular, que os torna aptos a essas percepes.E se o caminho aparece penoso e rduo, todos os adeptos se sustentam, no formando seno um corao e uma alma.Trabalham uns pelos outros, revelando-se mutuamente a beleza da vida. Esta fraternidade ativa permite ao iniciado realizar plenamente. Ele conquista desse modoo seu lugar no mundo; toma a autoridade que lhe necessria para trabalhar para a sua evoluo e para a de seu ambiente.O iniciado deve operar e apressar o reino do Bem.Esta parte esotrica tem sido sempre a mais importante. Isso de si mesma, porque a

    parte exotrica no pode dar multido seno idias vagas, sobre as quais no lhe fornecno explicaes que no podem servir para dirigir no caminho da realizao.A multido, assim considerada, deve escutar, fazer e compreender, se for possvel. O

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    ensinamento esotrico d todas as chaves, abre todos os mistrios, maneja diretamenteo ser e o conduz com passo seguro ao fundo do problema que subitamente se aclara.O exoterismo a teoria; o esoterismo a prtica.** *Seria certamente interessante mostrar a existncia constante da doutrina esotrica;

    no, faltam documentos que conduzem prova dessa certeza. Mas isso seria um trabalho considervel e sem utilidade imediata.Precisaria remontar s pocas longnquas, China que nos revela nos trigramas de Fo-Hia primeira idia da Trindade e de seus ritos baseados sobre o raciocnio; s ndias, me de todo o saber europeu; ao Egito que instruiu Pitgoras; Judia, que nos transmitiua Cabala; Caldia, que nos legou as cincias de observao; Prsia e Grcia, que rivara nos fazer conhecer os deuses sob as mais belas formas que no tinham escondidojamais o princpio de todas as coisas. Porm, para desfolhar esta documentao enorme,precisaria bem mais tempo do que o temos empregado.A presente obra deve passar muito regular e rapidamente sobre esta parte histrica. Qualquer captulo nos suficiente para dar uma idia geral, deixando para mais tarde voltar em detalhe sobre todas estas civilizaes desaparecidas, se o tempo nos per

    mitir.O que necessrio aqui, demonstrar que esta cincia secreta tem, em todos os tempos,feito parte do tesouro intelectual da humanidade. Em seguida, nos esforaremos para desprend-la dos mitos que a obscurecem, de torn-la precisa para os adeptos, purae sem vus entre as mos dos trabalhadores que seguem o mesmo fim que seguimos, queprocuram na poeira das idades o segredo das direes ntidas e precisas que nos permitiro desenvolver em ns e em torno de ns todos os poderes necessrios ao desenvolvimento deles e evoluo do mundo.O ensinamento que damos no presente volume aquele que demos no primeiro ciclo donosso Centro Inicitico prtico antes de tudo.Este carter realizador tem-nos forado a algumas reservas.Porm, como j temos dito, teremos ocasio de rever, porque constituem pontos que no sopossveis desenvolver em pblico, ensinamentos que teriam perigo de ser confiados ao

    s profanos; estes ensinamentos so reservados a um pequeno nmero de pessoas que nosseguem verdadeiramente e no podem ser transmitidos seno por palavra.Tal no o fim deste livro, destinado a cair em todas as mos.Tal como se apresenta aos nossos leitores, temos a certeza de que ele j comportamuitos ensinamentos que no teriam encontrado em outra parte.Apesar da reserva que nos imposta pela prudncia, preferimos que aquele que puserem prtica seus conselhos, no por um dia, mas para modificar utilmente a sua vida,possa tirar os resultados mais felizes.Pode-se mesmo esperar que a intuio se desenvolver em nosso leitor, se quiser seguiros conselhos que so dados e que lhe permitiro adivinhar, em parte ao menos, tudoo que no nos dado revelar aqui.Ao trabalho, pois, leitor amigo! Este livro no pode e no quer ser seno o primeiro passo sobre a Senda; porm para quem tenha posto o p sobre o caminho, vir o desejo dominador de o percorrer inteiramente.Os primeiros esforos podem parecer penosos, mas a alegria sempre maior para aquele que avana com um passo sempre mais seguro, que a verdade esclarece e que conduz Felicidade pelos caminhos da Paz e da Bondade.

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    A CHINA

    A civilizao muito avanada da China. O sbio Fo-Hi; ma obra: "Yi-King", onde esto condos os mais altos e puros ensinos, voluntariamente secreta e metafsica. A obra deConfcio. Sle comenta o "Yi-King", retomando a tradio sob a forma pessoal. O cultodos antepassados. O culto da famlia. Lao-Tseu , sob o ponto de vista inicitico, superior a Confcio. O "Tao" ou Livro da Senda e o "Te" ou Livro da Virtude e da Reti

    do. O "Kan-lng" ou Livro das Aes e das Reaes concordantes. A obra de Quangdzu. luncias errantes. Qualidades fundamentais do sbio. O Drago alado , na China, a imam do iniciado. As seis etapas que o adepto deve franquear e a lenda do Drago alado. O inacessvel Nirvana.

    Entre as mais longnquas civilizaes, a China aquela que nos apresenta os mais velhose conhecidos documentos, na sua antigidade certa. Em qualquer momento que consideremos a China nas pocas em que nos conhecida, encontramo-la de posse de uma civilizao poderosa. Seus livros sagrados remontam a uma data difcil de ser determinadacom inteira preciso, porm que extremamente antiga. Tais como eles so, demonstram-nos que, em todos os tempos, a China gozou uma maravilhosa e refinada civilizao, deuma perfeita organizao social, poltica e religiosa.

    ** *O mais antigo sbio, de que a histria nos tem transmitido a memria, Fo-Hi. Teria reinado na China, talvez, na qualidade de imperador a partir do ano 3468 antes de Jesus Cristo.Empregou todo o seu poder em espalhar os dons morais entre o povo. E' a ele, ou sua escola, que devido o livro sagrado Yi-King, onde esto contidos os mais altose puros ensinamentos.Por mais longnquo que seja, Fo-Hi se refere a outros sbios; declara querer legar posteridade os trabalhos de seus antepassados. Estes trabalhos, ele os transmiteem seu livro sob a forma voluntariamente secreta, metafsica. Matgioi diz, falandoa seu respeito: "Ele compreende que um dia, pelas raas futuras, a sua poca ser umpassado igualmente abstruso e difcil de ser percebido".

    Ele sabia, pois, que o homem rejeite voluntariamente o que lhe parecia como comum e cotidiano, e que os sbios recolhiam essas palavras secretas com tanto mais cuidado quanto eles se adestravam em estar isolados. ' neste conhecimento que Fo-Hi velou a verdade, no temor de que ela se perdesse; assim que ela chega at ns, enriquecida pelos comentrios dos discpulos de todos os tempos que se sucederam depois. Quanto a determinar, com toda a preciso desejvel, a poca em que Fo-Hi pode ter vivido, fiamo-nos nos historiadores chineses, tanto mais difcil de controlar quanto o modo de considerar o tempo no absolutamente igual ao nosso.Todavia, Fo-Hi mesmo d alguma referncia deste tempo para determinar um estado do cuque nos pode dar uma data mais aproximada. o que Matgioi assim exprime:

    "Ele no data a sua obra de uma poca convencional ou do nome de um soberano que o tempo apagar da memria, mas de um estado solar e estelar que ele descreve com todosos detalhes".A obra de Fo-Hi e de sua escola deveria, se devemos dar crdito tradio, comportar trstratados, dos quais dois esto perdidos.Resta s o Yi- King (mudana na revoluo circular). Ele estuda as modalidades da criao64 figuras formando um crculo. Estas figuras, das quais cada uma constitui u'a modificao de hexagrama, so constitudas por combinaes de traos e linhas.Aos olhos do Sbio, estas figuras eram apenas simples ilustraes ou pontos de indicao de iniciado para iniciado. Mas a obscuridade se fez sobre esta tradio e no foi seno muito tempo depois que explicaes, infelizmente breves e abstrusas, acompanharam estes 64 hexagramas ou trigramas duplos.Um dos comentadores, a quem estas explicaes so devidas pelos pesquisadores cuidadosos de absorver a instruo, foi o prncipe Wanwang (1154 A. C.) e, depois dele, Tsheuk

    ong (1122 A. C.) e Kongtzeu, que conhecemos melhor sob o nome de Confcio (571-478A. C).As explicaes dos comentadores no trazem uma luz brilhante sobre a tradio de Fo-Hi, qu

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    e permanece muito obscura aos mais reputados sinlogos.Chantepie de Ia Saussaye nos diz:

    "O sentido de conjunto e das partes (do Yi-King) inteiramente obscuro. Tem-se ensaiado resolver o enigma pela mitologia (Mac Clatchie) e pela; lingstica comparada; tratar-se-ia, neste caso, de um vocabulrio a ser explicado pelo acadiano Lacouperie. Sups-se tambm que o Yi-King encerra um sentido profundo revestido de smbolos,

    uma cosmogonia filosfica onde domina a oposio entre o principio masculino e o princpio feminino, entre o cu e a terra, entre Ying e Yang. Mas Legge nota que estas palavras no se encontram nas digresses ulteriores e que, mesmo a, elas no possuem a significao filosfica que se lhes atribui; preferem ver no Yi-King a moral popular eos jogos de palavras, ora espirituosos, ora inspidos".

    Em todo caso, ajunta Chantepie de Ia Saussaye, um tanto em contradio com a afirmao precedente, interessando-nos particularmente em ter mostrado que o Yi-King era realmente uma obra hermtica:

    "Uma coisa segura: que se serviam deste livro para a adivinhao e a isso que o Yi-King deve a sua celebridade. Os comentrios comparariam j as mudanas de figuras s muda

    nas da natureza e do destino humano".Ns aqui estamos, pois, proporcionalmente, em presena de uma espcie de taro onde osiniciados declaram achar ensinamentos tradicionais relativos tanto cosmogonia como filosofia, enquanto o vulgo e aqueles que lhe davam alguma revelao consideravameste livro sagrado como um meio de adivinhao a quem pediam pressgios sobre negciosparticulares. Parece que esta seja a primeira, ou antes, uma das primeiras manifestaes desta dualidade de pensamento: a forma secreta guardada em favor de uma elite cuidadosamente escolhida e o pensamento exotrico espalhado no pblico sobre umaforma prtica que podia parecer grosseira aos iniciados, porm mais apta a penetrarem todos os meios, conduzindo-lhe a luz tanto quanto estes meios eram capazes deabsorver.O que parece certo que a base do Yi-King est toda nas relaes constatadas do ser hum

    ano com o universo. Matgioi, que autoridade na questo, nota que o Livro dos Ritosde Tshou se exprime assim, para fazer compreender, queles que o estudam, toda a gravidade dos ensinamentos que vo seguir:

    "Antes de traar os trigramas, Fo-Hi olhou o cu, depois abaixou os olhos para a terra, observou as particularidades, considerou os caracteres do corpo humano e detodas as coisas exteriores".

    V-se que est aqui o princpio do ocultismo. E' o eterno dado de todas as iniciaes: a relao do homem e de todo o universo, disso que a tradio hermetista chamar mais tarde,sobretudo no sculo XVI, a relao do microcosmo e do macrocosmo.Fo-Hi, antes de deixar a seus discpulos a tradio que ele preparou para o estudo dasobras anteriores, hoje desaparecidas, e por suas prprias meditaes e observaes, estudou o cu e a terra, elevou os seus olhares para as alturas e os abaixou para as profundezas.Ele estudou cu e terra, isto , como ns veremos estudando a lenda do drago alado, estudou os dois princpios que se completam em uma aparente antinomia, o Espirito e aMatria.E os trigramas, nos quais tem condensado a sua forma inicitica, estabeleceram relaes que ele descobriu.** *Confcio ou Kongtzeu veio muito tempo depois de Fo-Hi, pois que viveu cinco sculosantes de Cristo.E' como temos dito, um dos sbios que tem comentado com mais cuidado o Yi-King de

    Fo-Hi; porm, como seu mestre, no se contentou com uma compilao mais ou menos sbia doslivros de seus predecessores: retomou a tradio sagrada sob uma forma pessoal. EmConfcio: o ensinamento que resulta desses livros, que tm ainda fora de lei no Celes

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    te Imprio, sobretudo uma direo moral. Sua escola imita-o nisto.Para eles, uma alta vontade se manifesta no equilbrio perfeito da terra e do cu, no imprio equilibrante que une o homem s coisas da natureza. Para render graas aos poderes superiores deste maravilhoso e benfico equilbrio, instaurou-se um culto queconsistiu na adorao do cu (Thian), na adorao do Imperador superior (Shangti), que poder criador e de diferentes espcies de espritos: celestes, terrestres e humanos.Estes ltimos so os avs dos vivos.

    O culto dos antepassados a base de toda a religio chinesa.O fato de um culto cotidiano, culto que os sensibiliza, implica entre os Chineses de todas as pocas uma crena certa na imortalidade da alma.O antepassado, sem cessar invocado por aqueles de sua linha, apresenta-se no meio deles. consultado em todas as circunstncias importantes, quaisquer que sejam asinquietaes ou as molstias imperantes na famlia atingida, ou seja, na escolha de umcompanheiro ou esposo para u'a moa ou para as decises a tomar, em qualquer ordem que se apresentem. Dirigem oraes aos antepassados e perfumes so queimados; rogam-lheapoio, proteo, conselho.Os vivos sentem no seu ambiente a presena prpria dos avs. e, para captar esta boa influncia, em datas determinadas, juntam, aos perfumes e s preces, sacrifcios de animais e oferendas de flores.

    Efetuam-se mesmo festas suplementares no momento de graves acontecimentos, denascimentos, de grandes empresas.Alm do culto dos antepassados, Confcio d uma direo moral a seus discpulos. A moral,sociada metafsica, faz-lhe mostrar o homem estreitamente ligado harmonia universal.Deste dado, ele conclui que a vida humana, em seus fatos costumeiros, deve ser regulada segundo o exemplo dos sbios e, sobretudo, segundo a marcha dos astros, soberanos guias da Natureza.No basta naturalmente preocupar-se dos dias e das estaes; convm que o sbio desenvolvaem seu ser qualidades necessrias ao seu aperfeioamento.Entre estas qualidades, a primeira que ele ensina o respeito, e esse ensinamentotem penetrado to profundamente no esprito do pblico, que a nao chinesa ficou um modelo da cortesia mais modesta e mais florescente.

    Em seguida, vem a franqueza; o Sbio deve manifestar a sua boa f nas menores palavras, pr-se em guarda contra a mentira que perturba o seu esprito.Deve ser circunspecto nas suas expresses e, mais ainda, nos seus atos dos quais ele sempre responsvel.A humanidade o constrange a no se orgulhar das situaes mais altas para as quais elepode ser chamado e, se uma mudana for produzida, dever suportar o infortnio e a baixeza com uma alma to igual como primeiramente, porque o ato nos pertence, porm noos resultados que dele podem decorrer.Deve ser benevolente e modesto, cheio de carinho para todos os homens e no se orgulhar da reputao que adquiriu. No deve ter desgostos seno da justia que lhe for negada, a despeito de seus esforos; pouco se importar' de ser ou no conhecido dos homensou mesmo apreciado.Deve ser justo e devotado aos seus amigos, e mais ainda sua famlia; todo o seu trabalho deve ter por fim aperfeioar as suas aptides.Esta negao de interesse material a nota da moralidade mais elevada, pois que o ideal de cada um a salvao do universo.O culto da famlia no se limita aos mortos. Este culto refora a autoridade dos ascendentes; o filho est sob a inteira influncia dominadora do pai; o mais moo sob o domnio do mais velho; a mulher sob a obedincia completa do marido. A mulher respeitada como esposa, mas sobretudo como me. Como esposa, tem o direito de admoestar o seu marido, mas as suas reprimendas devem ser sempre ternas e amigveis. A partir desse momento, a igualdade s a regra das relaes entre primos. Acima das relaes da faa, o mesmo respeito rege as relaes da sociedade. O homem solidrio da sociedade da qual fez parte; d todos os seus esforos para sust-la e regener-la. Contudo, parteo caso em que os Sbios tm poder para trazer novos ensinamentos sobre a terra, mais

    ainda por sua virtude e seus exemplos do que pelas suas palavras, que o adeptodeve empreender a sua obra de regenerao.Tais so os preceitos de Confcio, na parte de sua obra que destinada ao pblico. El

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    a no podia seno dar conselhos os mais elevados na direo da sua vida particular e osmais submissos na vida social, a fim de que a paz, que o maior dos bens, continuasse a reinar no imprio. Mas, ao lado dessas sbias palavras, Confcio deixou outras mais sbias ainda sob uma forma mais secreta; suas obras encerram um sentido oculto que desnorteia os pesquisadores. a que se manifesta todo o pensamento metafsico. Os livros de Confcio no disseram ainda a sua ltima palavra. As seitas que possuem os ensinamentos secretos no sero desvendadas nunca. No tempo de Confcio, a ad

    ivinhao era florescente. A arte de interpretar os pressgios era extremamente espalhada e todo o mundo a ela recorria. O Shou-King, livro tradicional, nos afirma que, nos casos importantes e duvidosos, quando tinha tomado conselhos e os avisos dos grandes dignitrios da Corte que tinha ouvido a voz do seu povo, o prprio Imperador podia consultar o Pou e o Shi; eram dois mtodos adivinhatrios muito importantes, um operando por certas plantas e o outro pelo casco de certas tartarugas. Mas este mtodo no era utilizado seno nos casos de litgio ou tambm se os pressgiosrados de suas respostas eram duvidosos ou contraditrios.Tinha-se tambm recorrido sorte, como em todos os pases do mundo, por meio semelhante ao nosso jogo de dados.** *

    Depois de Confcio, o mais importante sbio da China foi Lao-Tseu, que nasceu aos 604 anos antes de Cristo.A existncia de Lao-Tseu menos conhecida do que a de Confcio. Se a sua vida privada mal conhecida por ns, que, como um verdadeiro sbio, ocultou a sua vida e no exerceu uma ao social exterior. Ficou na sombra e no foi oficialmente formado por escola.Pode-se, no entanto, supor que tenha tido discpulos diretos.Da obra de Lao-Tseu, que era, sem dvida, a mais importante, trs opsculos somente chegaram ao nosso conhecimento.Os dois primeiros, que so a sua obra direta, so o Tao ou Livro da Senda, e o Te, Livro da Virtude ou da Retido. A terceira obra o eco de seu ensinamento oral, o Kan-Ing ou Livro das Sanes, ou antes, como nos diz Matgioi, que melhor do que ningumaprofundou o esoterismo chins, o Livro das Aes e Reaes concordantes. a Matgioi quevemos uma traduo, da qual extramos esta definio do Sbio:

    "Primeiramente, os Sbios ocupavam-se em ensinar; eram pouco numerosos, profundos,misteriosos e penetrantes. Encerrados, no podiam ser compreendidos; posto que pudssemos compreender, trabalhamos para determinar a sua aparncia. Eram circunspectos como quem atravessa um rio gelado; prudentes como quem teme os quatro lados; indiferentes como o estrangeiro. Ns somos como coisas rijas, vazios como buracos.Entre ns e os sbios existe uma espcie de gua perturbada; o Sbio pode deter o movimento da gua perturbada e torn-la clara; o Sbio, que conseguiu ganhar a paz, obtm uma vida muito longa. E' assim que se observa a Senda; ele no se expande e continua a querer operar na sua concentrao; assim, o Sbio se preserva e no tem necessidade de serenovar."

    Eis a o ensinamento que podemos tirar deste texto:O Sbio um concentrado. Isso conforme o ensinamento esotrico de todos os tempos. Calar-se um dos quatro verbos iniciticos, o quarto elemento da Esfinge tal como comentamos na nossa obra Vers Ia Sagesse.O Sbio profundo; concentrado, meditativo e a reflexo habitual que lhe abre as portas do mundo exterior. penetrante, e isso um dos efeitos da meditao constante; seu pensamento no se limitas aparncias, porm, remonta aos efeitos e s causas. indiferente; absorvido em seus pensamentos, no experimenta nem prazer nem pena pelos elogios nem pelas crticas; avaidade, que ocupa tantos homens, est morta em seu corao.Aquele que no ainda Sbio como uma coisa que se enegrece; ele est agarrado matriapaixes que dela provm, como turbilhes perigosos que resultam do choque da onda contra o escolho, e o que esclarece melhor ainda este lado que o no iniciado grosseir

    o como as coisas duras, pesado de matria.O Sbio est acima da gua turva, isto , acima da matria e dos transportes aos quais elasubmete aqueles que lhe cedem.

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    Mas o Sbio tem o poder de impedir a perturbao da gua, e a est justamente o seu papelaprendeu a criar a Paz e a Calma em seu prprio corao; necessita agora de fazer participar desta Calma e desta Paz. Ele v os outros como esto presos matria; no deve contentar-se em dirigir palavras de piedade estril, mas ajud-los a sair da gua perturbada, a vencer a matria que os serviliza, a subir s fontes puras que nada de baixopode perturbar. Assim, a matria purifica-se. O esprito do adepto eleva-se, ao mesmo tempo que seu corpo purificado por uma ascese apropriada.

    O Sbio que est no Cu, isto , cujo Esprito est desprendido, obteve uma vida longa e alto que os seus trabalhos merecem a grande paz.Tal a Senda. Ento que os outros se agitam sem fim, enquanto o Sbio, que achou o seu caminho, no se expande nem direita nem esquerda. calmo no sulco que para si traou. No procura tornar-se conhecido. No perde o seu tempo em procurar a glria v, em ofuscar aqueles que esto em torno dele.Seu caminho sobe para o Templo da Sabedoria; ele caminha com um passo igual; sempre avana e se eleva, descuidoso daquilo que no para a assistncia de seus irmos e desua prpria perfeio.Para aquele que no tem compreendido o sentido da vida, a atitude que ele assume uma coisa exterior. assim que se aperfeioa to lentamente. Mas o Sbio toma interessepela atitude interior que escolheu; quanto menos ele se mostra fora, quanto meno

    s exterior ele , mais o seu desenvolvimento perfeito, porque todas as coisas, oumelhor, todas as suas foras so empregadas e ele no despreza nem uma ocasio para atingir o seu ideal, para adquirir um resultado aparente.Sua vida, luminosa e secreta, conserva a calma que convm ao iniciado, isto , uma calma perfeita. Ele tem a serenidade dos cumes, das alturas. Assim, no tem necessidade de se renovar, de recomear a sua evoluo, de tornar a descer para a terra, paraa matria.Ele terminou com a peregrinao; reuniu os poderes superiores e; se pende para o nosso mundo, como um pai, como um guia. Ele perde-se em Deus, nas supremas harmonias. Por um modo passivo, por uma submisso perfeita a essas harmonias divinas, consegue eliminar a sua personalidade humana; naturalmente fundido e como dissolvidona personalidade superior.Mas como que o Sbio consegue chegar a este caminho da perfeio, a esta Senda que con

    duz ao divino, a este Tao? Como entra ele nesta Senda que o princpio original, aordem do universo?O Tao de Lao-Tseu nos ensina nestes termos, traduzidos por Matgioi: A virtude brilhante e superior procura a Senda. A Senda d a abundncia de todas as coisas: posto que o Sbio espere muito tempo aprende a ter pacincia porque no seu corao h o espri, este esprito sendo fiel e reto. No seu corao ele tem esperana porq