A Casa dos Boswell - perse.com.br · Sob o frio inverno de Louth, Claire nasceu. Os Marshall eram...

15
A Casa dos Boswell Danielle Nelson

Transcript of A Casa dos Boswell - perse.com.br · Sob o frio inverno de Louth, Claire nasceu. Os Marshall eram...

A Casa dos

Boswell Danielle Nelson

Sumário Capítulo 1 ............................................................................................................. 5

Capítulo 2 ........................................................................................................... 10

Capítulo 3 ........................................................................................................... 23

Capítulo 4 ........................................................................................................... 27

Capítulo 5 ........................................................................................................... 58

Capítulo 6 ........................................................................................................... 69

Capítulo 7 ........................................................................................................... 79

Capítulo 8 ........................................................................................................... 84

Capítulo 9 ........................................................................................................... 98

Capítulo 10 ....................................................................................................... 108

Capítulo 11 ....................................................................................................... 139

Capítulo 12 ....................................................................................................... 149

Capítulo 13 ....................................................................................................... 162

Capítulo 14 ....................................................................................................... 180

Capítulo 15 ....................................................................................................... 182

Capítulo 16 ....................................................................................................... 199

Capítulo 17 ....................................................................................................... 211

Capítulo 18 ....................................................................................................... 219

Capítulo 19 ....................................................................................................... 222

Capítulo 20 ....................................................................................................... 237

Capítulo 21 ....................................................................................................... 262

Capítulo 22 ....................................................................................................... 297

Capítulo 23 ....................................................................................................... 303

Capítulo 24 ....................................................................................................... 312

Capítulo 25 ....................................................................................................... 319

Capítulo 26 ....................................................................................................... 324

Capítulo 27 ....................................................................................................... 332

Capítulo 28 ....................................................................................................... 346

Capítulo 29 ....................................................................................................... 355

Capítulo 30 ....................................................................................................... 360

Capítulo 31 ....................................................................................................... 365

Capítulo 32 ....................................................................................................... 377

Capítulo 33 ....................................................................................................... 383

Capítulo 34 ....................................................................................................... 385

Capítulo 35 ....................................................................................................... 387

Capítulo 36 ....................................................................................................... 389

Capítulo 37 ....................................................................................................... 391

Capítulo 38 ....................................................................................................... 399

Capítulo 39 ....................................................................................................... 402

Capítulo 40 ....................................................................................................... 407

Capítulo 41 ....................................................................................................... 413

Capítulo 42 ....................................................................................................... 416

Capítulo 43 ....................................................................................................... 435

Capítulo 44 ....................................................................................................... 437

Capítulo 45 ....................................................................................................... 439

Capítulo 46 ....................................................................................................... 448

Capítulo 47 ....................................................................................................... 458

Capítulo 48 ....................................................................................................... 460

Capítulo 49 ....................................................................................................... 469

Capítulo 50 ....................................................................................................... 473

Capítulo 51 ....................................................................................................... 479

Capítulo 52 ....................................................................................................... 486

Capítulo 53 ....................................................................................................... 488

Capítulo 54 ....................................................................................................... 509

Capítulo 56 ....................................................................................................... 521

Capítulo 57 ....................................................................................................... 529

Capítulo 58 ....................................................................................................... 533

Capítulo 59 ....................................................................................................... 539

Capítulo 60 ....................................................................................................... 541

Capítulo 61 ....................................................................................................... 548

Capítulo 62 ....................................................................................................... 553

Capítulo 63 ....................................................................................................... 561

Capítulo 64 ....................................................................................................... 571

Capítulo 65 ....................................................................................................... 576

Capítulo 1

Um ou dois passos e nada mais. Após estender o

braço e apanhar o livro, ele sentou-se na acolchoada

poltrona com desvelo e abriu na página marcada, retirando

um pedaço de papel rabiscado daquilo que seria o limite

de sua leitura na noite anterior, enquanto os dedos

despretensiosos percorriam as linhas de letras miúdas.

Seu cachimbo no canto da boca exalava um fumo

espesso que o envolvia numa espécie de giros repetidos,

num baloiço característico e suave. A perna cruzada sobre

a outra, vestido com uma calça de linho grosso cuja

qualidade logo exibia a distinção de seu dono. Seu bom

conjunto trazia para si um complemento ao aspecto bem

cuidado, contudo, ele não era alguém que precisava

possuir um par de calças para mostrar sua superioridade.

Seu porte garboso, sua fala polida e as gentilezas que

reservava aos velhos e novos amigos faziam dele um

homem de índole especial, tão digna quanto a dos

melhores felizardos que poderiam acompanhar o rei.

Ele não poderia ser mais interessante e bonito aos

seus olhos. Ele não poderia ser um habitual plebeu com

toda aquela áurea de dignidade que lhe conferia tal

vantagem. Ele poderia ser mais perfeito que um príncipe

ou qualquer outro ser na terra. Esses eram dias de glória,

dias em que Claire podia calmamente analisar as maneiras

do primo, os modos como ele se conduzia, com suas

roupas tão mais elegantes que aquela região lamacenta e

sombria. Em todos os verãos passados em Spalding, seja

na hora do jantar, seja nos serões ou em gretas da porta,

Claire tomava para si a oportunidade única de apreciar o

sem igual humano, cujas imagens embalavam o sono

durante o resto do ano. Ela o observava de soslaio, no

recolhimento junto à lareira ou na biblioteca, em que ela

espreitava por meio dos livros, de uma maneira livre,

desimpedida e feliz em ver aqueles cabelos charmosos

caírem sobre a testa de Colin.

E era assim que a criança contava a passagem de

tempo, cada vez que o verão ia e chegava, com toda sua

luz, calor e euforia, que atraia os mais jovens, com a

beleza dos campos, bosques e rios. No entanto, somente

um coração apaixonado se voltaria contra a bela estação e

transformaria em alegra apenas os períodos que

compunham à visita que a doce tia fazia, acompanhada do

primo garboso.

Sob o frio inverno de Louth, Claire nasceu. Os

Marshall eram ainda uma família jovem e pequena, com

seis empregados e uma propriedade. O estabelecimento

financeiro aconteceu pouco depois do terceiro filho

nascer, com a herança que Edward Marshall recebeu de

seu rico tio, Sr. William Norwalk II. Mesmo

possibilitando aos filhos melhores condições e educação, a

vida não era uma conquista fácil. Porém Sr. Edward

Marshall de nada reclamava. Conseguira uma posição com

o comércio e tinha uma excelente produção de lã. Seus

esforços o glorificaram com o conforto crescente dos

filhos, com mais criados, carruagens e passeios em

família.

Em Spalding a família passou a viver e Louth

deixou de ser a principal habitação. A vida que Claire

levou em sua cidade natal lhe trazia poucas recordações e

os períodos que lá passava eram limitados a duas vezes ao

ano, em épocas diferentes. Porém, os pensamentos de

maneira frequente se encontravam nos bosques de Louth.

Nessa mesma aldeia vivia sua tia, a viúva de um

importante comerciante, Margareth Boswell. Lá ela

passava parte do tempo, com seu único filho, na

propriedade de Grass Valley.

O unigênito chamava-se Colin e, embora não

possuísse títulos, era um rapaz formoso, educado, de porte

fino e elegante. Dono de um charme sedutor, solteiro e

galanteador, não tendo sido arrebatado por jovem alguma.

Sua mãe mantinha-se em constante busca por um par

elegante e nobre para o filho. Muitas moças se

interessavam. A quantia arrecadada por Colin era

considerável, tornando-o alvo da insistência de mães e

filhas que desejavam com todas as forças contrair

matrimônio com esse rapaz e com sua pequena fortuna.

Entretanto, Colin era capaz de esquivar-se de todas elas

com delicadeza e distinção, aumentando ainda mais a

admiração dessas moças por ele.

Claire observava o primo em suas perfeições muito

antes de trocar os primeiros dentes. Seus olhos e seu

coração o acompanhavam a cada visita que faziam à

Spalding e ela contava o tempo até que fosse para Louth.

O primo nascera mais de uma década antes de Claire e em

muitos lugares estivera enquanto a criança crescia. O

grande carinho surgiu na infância, quando Colin a

apanhava no colo, destinava-lhe beijos brandos, com

muito afeto para com essa linda menininha que era sua

prima.

Os verões foram seguindo e a linda criança tornou-

se uma mocinha de busto farto proporções adequadas e

pouca cintura, porém, o uso de um espartilho tornava sua

aparência favorável. Seus cabelos eram claros e

alcançavam a parte média de seu corpo. O seu rosto era

delicado, os lábios vermelhos e ligeiramente corpulentos

harmonizavam-se com seu pequeno e arrebitado nariz. As

bochechas mantinham-se quase sempre rosadas e à

maneira da família Meredith, parentes de sua mãe. Possuía

olhos azuis tomados pelo mar, arredondados, que

contrastavam com a pupila escura e com o branco límpido

da esclera.

Claire prometia a si mesma, hilariante com o

sentimento, que no próximo verão, ou na próxima vez que

encontrasse o primo, beijá-lo-ia inesperadamente, como

num momento repentino. Sentiria o calor do seu rosto e a

respiração tão proximamente que lhe causava grande

comoção pensar em seus possíveis encontros e no

romance que ela desenvolvia em sua mente, a ponto de

fazer seu coração acelerar e todo o sangue fugir de suas

pernas.

A promessa parecia aquecer seu coração e deixá-la

muito confortada pela saudade que sentia de Colin. Sua

paixonite era motivada pelo desejo de conquistar o primo,

de tomar seu coração como nenhuma outra moça fizera e

ela bem conheceu algumas que tentaram. As frivolidades

da paquera dominavam-na, porém os rapazes da região

pouco lhe interessavam e seu contato com eles era

mínimo, de maneira a não despertar um interesse

perdurável. Seu encantamento maior era com o parente,

com que fantasiava histórias belíssimas de amor, sem

exceção de um final feliz.

Neste verão, particularmente, mudanças

aconteceram: a filha mais velha dos Marshall, Meredith,

casou-se, tornando o caminho para Claire o mais

licencioso possível. O enxoval e os detalhes que eram

destinados a primogênita foram voltados à segunda filha,

o novo objeto de empenho matrimonial da família. O que

poderia parecer infame para algumas famílias, não

perturbava por completo a mente de Anna. Sua boa

vontade dirigida às suas quatro filhas poderiam garantir o

que havia de melhor na Inglaterra, se fosse exclusiva

dependência de sua vontade. Contudo, Claire e Meredith

embaraçavam-se por vezes, mas cada uma de maneira

diferente. Claire tornava-se introspectiva e dedicava suas

horas aos romances, enquanto Meredith se divertia,

trazendo para a mãe um desalento ao final tarefa.

O casamento de Meredith trouxe mudanças

desagradáveis para Claire: além de perder a amiga para a

cidade de Grimsby, deixou de ter as habituais aulas das

moças e passou a preparar o próprio enxoval, sob a mira

dos pais, que não poupariam trabalho para arranjar-lhe um

par cujo caráter não seria menos que honroso e posses

mais que satisfatórias.

Não mais os Marshall teriam Meredith em casa e

isso doía profundamente o coração da mãe, em perder sua

primeira criatura, que lhe ensinara o que era o sentimento

materno. O pai preferia ver Meredith, dentre todas as

outras, sob a constância dos seus olhos, tamanha era seu

louvor pela primogênita. Entretanto, acreditava que a

moça fizera um bom casamento.

Mesmo sendo evidente a predileção dos pais pelos

atributos de Meredith em face das qualidades inerentes de

Claire, a segunda mais bela não guardava qualquer

ressentimento da irmã, mesmo com as memórias da

infância regrada pelas virtudes de Meredith e das

constantes comparações entre ela e Claire, que não obtinha

pra si mais que um elogio ou outro, para não desencorajá-

la por não ter as mesmas maneiras da irmã.

Claire jamais ultrapassara essa resistência. Em

Meredith não se colocava defeito. Ela sempre frequentara

os serões, obtinha os melhores lugares nas conversas e era

amiga de todos. Em Claire, contudo, havia em seu

comportamento descuidado, em seu trato simples e na

grande timidez algo de menos grandioso que na irmã. Ela

saberia dizer que seus pais a moderavam para que se

assemelhasse à primogênita e, por mais que ficasse triste

por ser privada das companhias como forma de castigo ou

repreendida por qualquer de seus modos sociais, não

deixava seu amor fraterno ser substituído por qualquer

sentimento desgraçado, tamanha era sua indulgência.

Não havia em Spalding moços irresolutos quanto à

doçura do sorriso de Meredith, ou de seus cachos

anelados. Dentre as principais moças a serem cortejadas

na cidade, Meredith rendia a três ou quatro delas algo

como um ou dois atributos em desvantagem. Sua

vivacidade, seu bom gênio e generosidade eram

espantosos a quem observasse e, era agora, oficialmente, a

dona dos olhos de Merton.

Capítulo 2

- Meredith? Alguma vez conheci uma dama com

esse nome? – o Sr. Merton medita por alguns instantes.

- Creio eu que conhece a Sra. Marshall, de

Spalding, apenas.

- Oh, é mesmo. – ele sorri e medita mais um

pouco. – Meredith nunca foi um nome muito masculino,

não é mesmo?

Robert sorri.

- Sorte a sua não se chamar Ashley... Sempre achei

Ashley um nome feminino... – o Sr. Merton torna a beber

seu chá.

- Que combinação daria, não? – Robert ri.

- Espero que escolha um bom nome para seus

filhos. – o Sr. Merton emenda, com diversão. – Os

Marshall não teriam outra filha com as mesmas qualidades

e um bom nome?

- Teriam outra filha que aprendeu a montar como

um rapaz, mesmo usando um vestido. – ele sorri ao tomar

do pai um belo susto. – Porém, seu nome é Claire.

- Oh, muito francês...

- Bem, o estrangeiro está na moda.

- O estrangeiro sempre esteve na moda, mas receio

que essa moda nunca pega. – eles sorriem.

- Espero que sua sorte seja a melhor... De qualquer

maneira, existe algo muito errado com esses nomes...

Os preparativos antecederam meses à data. O

jovem rapaz de Grimsby, Robert Merton, após alguns

encontros, tomou coragem e pedira a mão da jovem

Marshall em casamento. O pai dela, Edward, obviamente,

foi o receptor de tal proposta, mas já sabia que sua filha há

meses aguardava o momento em que Robert Merton

ficaria corado perante o dono da casa. As meninas

escutavam atrás da porta cada conversa que Edward e

Robert tinham no escritório, ansiosas pelo tal pedido.

Quando o grande dia chegou, as moças quase derrubaram

a porta, num silêncio inquieto e congratulador.

O casamento foi uma comemoração típica, com

música, dança e jogos. As moças todas bem vestidas, com

suas melhores indumentárias, apertadas por espartilhos

bem seguros, tornando dificultosa em demasiado a

respiração, mas assegurando a formosura esperada. Claire

sentia-se viva, era uma de duas primeiras festas depois de

findada a ingenuidade infantil. Quando era criança, não

lhe era permitido participar dos serões. Apenas escutava o

som da música da janela de seu quarto ou pela porta de

uma das galerias, sempre imaginando o quanto os

convidados estariam a divertir-se com taças nas mãos,

participando de animadas cirandas muito bem executadas,

conversando com entusiasmo e participando de jogos. As

garotas pouco participavam da vida social. Seu pai

acreditava que assim manteriam a reputação ilibada e, para

moças como elas, pretendentes não iriam faltar. Era

permitido a Meredith participar de eventos apenas na

companhia da mãe e do irmão e, quando Claire foi

apresentada a sociedade, passou a frequentar as festas, que

não ultrapassaram três pares de serões.

Edward era muito zeloso, por vezes hiperbólico em

suas decisões de pai Portanto, para Claire o casamento era

um acontecimento especial, único, que marcaria sua vida

social. Agora, estava ali, vivendo um daqueles momentos

que ela apenas imaginava em seus anos anteriores e nunca

desfrutara completamente.

O salão estava encantador. A mãe de Claire, Anna,

preparou diligentemente cada detalhe. Era uma mulher

cuidadosa e bastante amável, que se mostrou muito

ansiosa por um casamento da família, mesmo não

desejando que fosse de sua filha preferida. O único filho,

Adam, era mais velho que Claire poucos anos e, por sorte,

o herdeiro dos Marshall. Infelizes seriam os pais se vissem

sua fortuna transferida para outro parente, que não um

afetivo de sangue.

Anna e a irmã de Edward, Margareth, eram boa

companhia uma para a outra, a fim de trocar confidências

e alcovitar. Ambas já havia instruído Claire de que era

essencial manter-se esmerada durante o casamento e que

deveria utilizar à festa para mostrar-se uma moça de

qualidades apreciáveis a fim de atrair um bom

pretendente, ou mais de um, vaticinavam com convicção

infalível. Porém, Claire pouco interessada estava nos

possíveis arranjos das mulheres. Dançou alegremente com

o irmão coreografias que lembram uma quadrilha ou

dança em roda. Soltava pernas e braços em movimentos

desprendidos de acanhamento, utilizando-se dos seus tons

não tão infantis de se locomover, porém pouco dotados

dos ares das grandes donzelas.

Entre danças, Claire retirava-se da ciranda com a

desculpa de que cansara e aguardava sentada, observando

o festejo no salão e procurando a presença de Colin. Por

momentos, apreciava a irmã, em sua felicidade completa e

um sentimento triste e saudoso tomou seu ânimo num

arrebatamento vagaroso e distraído. Lembrara-se dos

cuidados da mais velha em ocasiões felizes e de sua

animação após os jantares. Os dias não seriam mais os

mesmos. Meredith iria mudar-se para Grimsby após o

casamento, com chances de visitas reduzidas, exceto

quando dedicassem uma temporada à Louth, cidade mais

próxima do futuro lar da irmã.

Claire mantinha-se incutida em seus pensamentos.

Retornara a pensar em Colin, quando o avistou cruzando o

fundo do salão, servido de uma taça de bebida. Ele estava

perfeito em sua esbelta elegância. Imaginou-se com ele,

numa dança do próprio casamento. Sorri sozinha. Queria

ser a dona daqueles olhos, o toque daquelas mãos. Fazê-lo

seu de uma maneira tão ingênua que apenas seus braços

em torno dele a satisfaria.

Breve se tornaram seus pensamentos amorosos

com a aproximação de seu fiel par de dança que, cansado,

determinou-se a fazer-lhe um pouco de companhia:

- Parceira, onde está o seu vigor? - indagou o

irmão, com a testa molhada de suor. Sua franja estava aos

líquidos que escorriam sua face e sua respiração, ofegante.

- Ora, parceiro! Tenho de recompor minhas

energias! Abusara em demasiado das minhas extremas

habilidades - exclama a irmã, servindo-lhe uma taça. -

Está pouco garboso com essa ar cansado! - Claire instiga o

irmão, numa brincadeira ausente de provocações

maldosas, como se poderia pensar.

Eles riem.

- Poderia conceder uma dança a Srta. White! -

Adam não controla o trago e destila a bebida em sua boca,

tentando conter o riso. A Srta. White não era

generosamente bonita, mas era, contudo, generosamente

corpulenta e dona de uma voz que soava de uma maneira

rouca e aguda. Porém, nada era comparável ao o principal

motivo de manter os senhores afastados: as reclamações

que fazia de seu tornozelo empenado.

- Pare com isso, Adam! - Claire ri do irmão, que

desobstrui a garganta com tosses e mais bebida. - Está

embaraçando-nos! Cuidado! Ela olhou para nós, não olhe,

vire-se.

Ele recompõe-se, sem perder o rubor extremo da

face:

- Estou aqui para acompanhar minhas gentis

damas! Eis tu a próxima que devo casar para livrar-me

logo da triste insatisfação de amparar-lhe na idade que já

avança! - ambos riem.

Adam brinca com a situação das irmãs. A família

considera que Meredith casou tarde. Deveria ter se casado

com a idade de Claire ou até um par de anos antes. As

caçulas Vitoria e Elizabeth, mal têm idade para contrair

matrimônio, e a ansiedade que tomou a mãe e a tia, faz

com que Adam transforme as irmãs em comédia para sua

vida.

- Comporte-se então, senhor. - afirma Claire. - Do

contrário, sabe o que o espera. Uma bengala não me faria

mal, poderia usá-la em seus fracos pés por todos os dias de

nossas vidas.

- Oh não! Não diga isso! - Adam mostra-se

enfático em sua encenação de desespero e eles se

divertem, até serem interrompidos por Colin. Claire o

observa, contendo a empolgação e controlando a

respiração, embora seus olhos a denunciassem nesse

sentido. Ele aproxima-se com seu elegante fraque e uma

taça na mão. Os cabelos claros ainda bem arrumados, seu

andar era charmoso e muitas moças cortejavam-no durante

sua passagem:

- Vejo que o irmão da noiva está banhado em suor!

- sorri, com distinção.

- Numa hora tão avançada como essa, primo,

apenas quem não dança mantém-se! - ri. - Olhe Claire! -

suspende o braço da irmã, exibindo o estado da irmã. Ela

puxa o braço imediatamente:

- Adam! - o repreende, envergonhada.

- A Srta. Claire jamais marinaria no próprio

líquido! - Colin diz para Adam, faceto. - E se o fizesse,

seria como um deleite em pétalas, tamanho é o seu exalar!

- ele sorri para a prima, sentando-se próximo a eles.

Claire sorri, incrédula. Seu coração dispara e o

rosto parece estar em fogo. Tenta controlar-se, mas sente o

corpo levemente adormecido.