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A Casa do Papagaio e do Lobo Personagens: Lobo, Papagaio, Narrador. N arrador – Essa é uma história do tempo em que os bichos falavam. No meio da floresta morava um papagaio. Um dia, o Papagaio pensou que estava cansado de dormir em qualquer canto. Queria uma casa gostosa pra descansar. Uma casa fresquinha no calor, boa para se proteger do frio e da chuva. Ele queria uma casa em um lugar bem bonito. De sua janela queria ver toda a flores- ta. Papagaio: Achei! Esse lugar é perfeito! Andei o dia todo, mas valeu a pena! Agora vou cortar o mato e preparar o chão pra levantar a casa. Narrador – Foi um longo dia. O Papagaio, can- sado, só parou de trabalhar quando anoiteceu. (Som de cigarras e barulhos da noite.) Papagaio: Ai que não aguento mais trabalhar. Tô cansado de dar dó. Amanhã acordo cedo e começo a levantar as paredes. Hoje vou dormir feliz porque encontrei o meu lugar. Um canto só meu, tranquilo pra de dia eu ser feliz e de noite descansar. Narrador – Do outro lado da floresta, no meio da noite, o Lobo procu- rava uma casa pra morar. Queria uma casa gostosa pra descansar. Uma casa fresquinha no calor, boa para se proteger do frio e da chuva. Ele queria uma casa em um lugar bem bonito. De sua janela queria ver toda a floresta. Lobo: Achei! Nossa, é muita sorte! O lugar é incrível! Pôxa vida e já está limpo, sem mato, é só levantar as paredes! Os céus me enviaram esse lugar em agradecimento por eu ser um bicho forte e corajoso. Narrador – O Lobo passou a noite toda trabalhando, ergueu todas as paredes e só parou porque já estava amanhecendo. Lobo: Ah! Que maravilha ficou. Amanhã eu volto pra continuar! Uma certeza eu tenho: hoje vou dormir feliz porque encontrei o meu lugar, um canto só meu, tranquilo para a noite eu me preparar pra caçar e de dia eu descansar. Narrador – Assim, o papagaio de dia e o lobo à noite construíram a casa mais caprichada da floresta. Lobo: Os céus estão de brincadeira comigo! Toda noite a casa parece mais perfeita do que antes. Eu agradeço uivando o uivo mais forte que eu consigo toda noite! Papagaio: Ô meu Deus, é muita sorte! Prometo que para agradecer eu vou cantar o dia todo. Narrador – A casa ficou pronta. Linda e fresca com vista para a flores- ta. O papagaio esperou anoitecer e foi dormir pela primeira vez em sua casa nova. Encontrou o lobo uivando! Lobo: Auuuuuuu! Obrigado, céus, por essa casa! Ô delícia de canto só meu! Papagaio – O que é isso agora? Tá maluco, Lobo? Saia da minha casa! Lobo: Sua casa o quê! Você deve ter entrado na casa errada! Essa casa é minha, construi cada parede! Papagaio: De jeito nenhum! Eu encontrei esse lugar sozinho! Lembro-me de cada mato que arranquei para fazer a casa.

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A Casa do Papagaio e do LoboPersonagens: Lobo, Papagaio, Narrador.

Narrador – Essa é uma história do tempo em que os bichos falavam.

No meio da fl oresta morava um papagaio. Um dia, o Papagaio pensou que estava cansado de dormir em qualquer canto. Queria uma casa gostosa pra descansar. Uma casa fresquinha no calor, boa para se proteger do frio e da chuva. Ele queria uma casa em um lugar bem bonito. De sua janela queria ver toda a fl ores-ta.

Papagaio: Achei! Esse lugar é perfeito! Andei o dia todo, mas valeu a pena! Agora vou cortar o mato e preparar o chão pra levantar a casa.

Narrador – Foi um longo dia. O Papagaio, can-sado, só parou de trabalhar quando anoiteceu. (Som de cigarras e barulhos da noite.)

Papagaio: Ai que não aguento mais trabalhar. Tô cansado de dar dó. Amanhã

acordo cedo e começo a levantar as paredes. Hoje vou dormir feliz porque encontrei o meu lugar. Um

canto só meu, tranquilo pra de dia eu ser feliz e de noite descansar.

Narrador – Do outro lado da fl oresta, no meio da noite, o Lobo procu-rava uma casa pra morar. Queria uma casa gostosa pra descansar. Uma casa fresquinha no calor, boa para se proteger do frio e da chuva. Ele queria uma casa em um lugar bem bonito. De sua janela queria ver toda a fl oresta.

Lobo: Achei! Nossa, é muita sorte! O lugar é incrível! Pôxa vida e já está limpo, sem mato, é só levantar as paredes! Os céus me enviaram esse lugar em agradecimento por eu ser um bicho forte e corajoso.

Narrador – O Lobo passou a noite toda trabalhando, ergueu todas as paredes e só parou porque já estava amanhecendo.

Lobo: Ah! Que maravilha fi cou. Amanhã eu volto pra continuar! Uma certeza eu tenho: hoje vou dormir feliz porque encontrei o meu lugar, um canto só meu, tranquilo para a noite eu me preparar pra caçar e de dia eu descansar.

Narrador – Assim, o papagaio de dia e o lobo à noite construíram a casa mais caprichada da fl oresta.

Lobo: Os céus estão de brincadeira comigo! Toda noite a casa parece mais perfeita do que antes. Eu agradeço uivando o uivo mais forte que eu consigo toda noite!

Papagaio: Ô meu Deus, é muita sorte! Prometo que para agradecer eu vou cantar o dia todo.

Narrador – A casa fi cou pronta. Linda e fresca com vista para a fl ores-ta. O papagaio esperou anoitecer e foi dormir pela primeira vez em sua casa nova. Encontrou o lobo uivando!

Lobo: Auuuuuuu! Obrigado, céus, por essa casa! Ô delícia de canto só meu!

Papagaio – O que é isso agora? Tá maluco, Lobo? Saia da minha casa!

Lobo: Sua casa o quê! Você deve ter entrado na casa errada! Essa casa é minha, construi cada parede!

Papagaio: De jeito nenhum! Eu encontrei esse lugar sozinho! Lembro-me de cada mato que arranquei para fazer a casa.

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Narrador – De quem era a casa afi nal? O Lobo e o Papagaio entenderam: tinham feito a casa juntos. Então, decidiram:

Lobo: Olha Papagaio, eu sou muito justo. A casa é minha, mas como você ajudou a construí-la eu deixo você fi car. Mas eu quero te avisar uma coisa: eu sou um lobo muito tranquilo, porém se me vir coçando o bigode é melhor fugir porque a coisa não tá boa não. É sinal de que eu estou raivoso e posso até te comer.

Papagaio: Sim, Lobo, penso do mesmo jeito. Essa casa só está de pé porque fi zemos juntos e se fi zemos juntos podemos dividir esse espaço. Mas preciso que saiba de um detalhe. Nós, papagaios, temos um temperamento muito suave. Mas há dias em que não acordamos de bom humor. Se você me vir balançar o rabo para a direita, pode saber que é melhor sair e me deixar sozinho. Deixe-me quieto e não fale comigo, pois meu bico é afi ado e se eu te bico pode ser fatal.

Narrador – Assim, o Lobo e o Papagaio passaram um ano de convivência tranquila. Bem, quase tranquila.

No dia do aniversário do Papagaio, o Lobo deu a ele de presente um colar de penas idênticas às que o papagaio trazia no rabo. Tratava-se de um plano para amedrontar o papagaio e fazê-lo fugir.Tratava-se de um plano para amedrontar o papagaio e fazê-lo fugir.

Lobo: Gostou do colar, Papagaio?

Narrador – O Papagaio se fez de corajo-so e respondeu:

Papagaio – Amei. É belíssimo!

Lobo – Foi um parente meu que matou esse Papagaio e fez o colar com as penas.

Narrador – O papagaio fi cou intrigado achando que as penas eram de um primo seu. Então, se virou pra traz para ver se as penas do colar pareciam as suas. O Lobo se tremeu todo, pois pensou que o Papagaio ia balançar o rabo de fúria e usar sua bicada fatal. Ao tremer, o bigode do Lobo se descabelou. Como o Lobo gostava de andar arrumado, foi ajeitar o bigode. Ao ver aquilo, o Papagaio achou que o Lobo estivesse furioso!

Lobo: Ai, que é isso! Vou-me embora que quem tem medo em casa não tem lugar!

Papagaio: Ai, não coça esse bigode que me pelo de medo! Vou é voar daqui que quem tem a casa no medo, não mora fora nem mora dentro! Fui!

Narrador – Assim foi que a casa fi cou sozinha. Bonita e arejada com sua bela vista no alto da fl oresta.