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7/23/2019 A Câmara de Reflexõess http://slidepdf.com/reader/full/a-camara-de-reflexoess 1/19 À Glória da Humanidade Grande Loja Regular do Rio Grande do Sul ARLS Cavaleiros do Oriente nº. 18 Lilia DestruePedibus  Orde Fraiburgo Rito Francês 1 À Glória de Sophia A CÂMARA DE REFLEXÕES IrMInst André Fossá Chapecó - SC, 14 de Julho de 2014, EV 

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À Glória de Sophia

A CÂMARA DE REFLEXÕES 

Ir∴M∴Inst∴ André Fossá

Chapecó - SC, 14 de Julho de 2014, E∴V∴ 

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO  .................................................................................................................... 3 

1.  CONCEITOS  ............................................................................................................... 4 

1.1  Entendimento sobre a Câmara de Reflexões .............................................................. 9 

2.  ELEMENTOS PRESENTES NA CÂMARA DE REFLEXÃO .................................... 10 

2.1  A Ampulheta .............................................................................................................. 11 

2.2  Questionário e Testamento ....................................................................................... 12 

2.3  O Crânio e os Ossos ................................................................................................. 12 2.4  O Sal , o Enxofre e o Mercúrio .................................................................................. 13  

2.5  O Pão e a Água ......................................................................................................... 15 

2.6  O Galo ....................................................................................................................... 15 

CONCLUSÃO .................................................................................................................... 17 

BIBLIOGRAFIA  ................................................................................................................. 18 

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INTRODUÇÃO 

O "Louco" pode percorrer o mapa da jornada, com outros nomes, uma

hora como Mago, outra como Imperador, vivenciando a vitória do Carro,

fugindo das tentações do diabo ou configurando a Justiça. E assim, de

andança em andança, de alianças em alianças, ele se candidatará a

entender o Mistério por trás de cada experiência, a vivenciar inúmeras

possibilidades que o conclamarão a "Conhecer-se a si mesmo",

resgatando então a plenitude da realização do ser humano e o "si mesmo"e o "o outro".1 

A Maçonaria é exatamente um espelho de nossas vidas, onde tudo

começa com a morte.

Absolutamente, tudo tem um início e um fim. Eu, você, nosso planeta e

nosso Deus. Sim, Ele também tem um fim, ou Suas Leis seriam para os outros e para Ele

não?O início sempre suscitou gestação. A criação do mundo foi gestacionada

no pensamento divino. Nós fomos gestacionados no recôndito organismo de nossas

mães. A natureza foi gestacionada no seio da Terra. Somos criaturas, somos frutos do

casamento alquímico entre o Criador e a Criação.

A Terra tem este poder gestacional, afinal, é ali que se encontram

indubitavelmente todos os nutrientes e forças capazes de gerir uma nova vida.

Com seus sistemas de alegorias e símbolos, não quisera fosse diferente

1 MANTHÉIA, Lorena de. O Ocultismo Sem Mistério - Mancias, Logias, Magias. Pg. 223.

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na Maçonaria.Tudo começa na Terra: na Câmara de Reflexões.

Desta feita, somos convidados a mergulharmos no profundo seio desta

Câmara para descobrirmos a nós mesmos, nutrindo-nos dos elementos primordiais da

existência e assim, nascermos iniciaticamente.

1. CONCEITOS

Em seu Dicionário, Joaquim Gervásio de Figueiredo apresenta a Câmara

de Reflexões como:

Lugar secreto e fúnebre, em que permanecem profanos candidatos,

rodeados de objetos mortuários, para que ali meditem sobre a

transitoriedade das coisas mundanas e materiais, e na gravidade da vida

espiritual e das responsabilidades que almejam encetar na Maçonaria.2  

Já Rizzardo da Camino, com suas pormenorizações, em seu Dicionário

Maçônico  leciona o seguinte acerca deste distinto Gabinete:

Constitui o lugar oculto, cuidadosamente "disfarçado", com entrada

"secreta", de diminuto tamanho, imitando, quanto possível, o "ventre da

Terra", uma "gruta" ou "túmulo". A primeira parte da Iniciação édesenvolvida nessa Câmara que por esse motivo assume grande

relevância. Ninguém poderá ser regularmente iniciado se não passar um

tempo determinado dentro dessa Câmara. A grosso modo, podemos

descrevê-la como um recito cujas paredes e teto são pintados de negro;

há uma mesa e um banco toscos; sobre a mesa, uma ampulheta, um

tinteiro com a respectiva caneta, um crânio humano, um vaso com sal,

uma luz de vela e papéis para serem preenchidos; nas paredes, tiras de

2 FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio. Dicionário de Maçonaria. Pg. 94.

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papel com inscrições alusivas ao ato. O candidato é introduzido,

devidamente vendado, no recinto; fechada a porta, no interior não chega

qualquer rumor. O Candidato lê algumas instruções dadas pelos cartazes

e papéis sobre a mesa. O silêncio "sepulcral" o conduz à meditação; odor

de mofo, cercado de símbolos mortuários, lhe dá consciência de que há

de chegar sua vez, cedo ou tarde, eis que é um ser humano. Como

enfrentará o derradeiro momento de vida? Como será a sua passagem

para o mundo ignoto e misteriosos de que sempre ouviu falar? Convence- 

se de que retornou ao "ventre materno", ao "ovo cósmico" e, portanto,

deverá "renascer" para novas oportunidades e novas compreensões, pois

lhe foi dito que a Maçonaria é a porta adequada a uma nova filosofia de

vida. Sente na carne, nos seus sentidos, na profundeza de sua alma que

deve acontecer algo inusitado; entrega-se, totalmente, a essa aventura

mística e embora saiba que ao seu redor tudo é símbolo, descobre quetambém ele é símbolo; está dentro de um sistema de símbolo, portanto a

morte, quem sabe, também não será um símbolo, e a "passagem" não

seja tão dolorosa como todos imaginam. Aprende em alguns instantes a

desprezar a matéria e a valorizar o que é espiritual. Entre os papéis que

encontra sobre a mesa, há um questionário que deverá responder; são

perguntas pertinentes à sua experiência de vida, e preenche as respostas

com facilidade; há muita simplicidade nisso tudo; outro papel tem osdizeres: "Testamento". É solicitado a dispor de sua última vontade; então,

dentro do simbolismo que aceita, há uma realidade? Para que testar os

seus bens e dispor de seus últimos desejos se a "morte" que enfrenta é

apenas simbólica? Tudo o que ele viveu até o momento não passou de

uma vida simbólica? Fica confuso e ao mesmo tempo esperançoso

porque vislumbra que estar prestes a ingressar em uma Instituição que

lhe há de responder tantas perguntas que até aquele momento eramirrespondíveis. Sabem, então, que quando sair daquele "túmulo", estará

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na condição de um "féretro" e que estará "renascendo", pois naquele

túmulo, deixa todas as suas ilusões. Totalmente absorto, nem percebe

que a porta se abre e um "encapuçado" o vem buscar; torna a lhe vendar

os olhos, toma-o pela mão direita e o conduz para fora. A estada na

Câmara das Reflexões é o momento maior da Iniciação, pois quando

adentra no Templo, o fará como um recém-nascido dependente de todos

e de tudo. A literatura especializada maçônica descreve com

profundidade os efeitos esotéricos do estágio na Câmara das Reflexões,

a quem conduzimos os interessados que desejam adquirir maior

conhecimento.3  

Jules Boucher descreve o Gabinete de Reflexões desta forma:

"Trata-se de uma espécie de reduto, pintado interiormente de preto, noqual são colocados: ossos, um crânio humano; uma pequena mesa, um

tamborete e uma escrivaninha; sobre a mesa, pão, uma bilha de água,

uma taça de sal e uma outra contendo enxofre; nas paredes figuram

sentenças como estas: "Se a curiosidade te trouxe, vai embora!"; Se tua

alma sentiu medo, não vás adiante!"; "Se perseverares, serás purificado

pelos Elementos, sairás do abismo das Trevas, verás a Luz!". Desenhos

simbólicos ornam as paredes; um Galo encimando uma bandeirosa comas palavras "Vigilância e Perseverança"; uma Foice; uma Ampulheta; a

palavra "Vitríolo" ou "Vitriolum". A iluminação é fornecida por uma lanterna

ou um archote. É nesse "calabouço" que o profano deve responder por

escrito às perguntas que lhe são feitas e redigir seu testamento.4  

Jorge Adoum leciona sob enfoque místico as aspecções da Câmara de

3CAMINO, Rizzardo da. Dicionário Maçônico. Pg. 87.4 BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. Pg. 44.

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Reflexões:

Todo homem, ao fechar os olhos, se acha em sua Câmara de Reflexão,

como asilo e trevas, a qual representa o período das trevas da matéria

física que rodeia a alma para completa maturação sua. A Câmara escura

de reflexão é o símbolo do estado de consciência do profano que anda

nas trevas e, por isso, nela se encontram os emblemas da morte e umalâmpada sepulcral. Ao ingressar nesse quarto, tem o candidato de

despojar-se dos metais, tem de se voltar ao seu estado de pobreza

edênica, à nudez adâmica, antes de cobrir-se com a pele de todas

aquelas aquisições que até então lhe foram úteis para chegar a seu

estado atual e que são obstáculos para tornar a seu primitivo estado.

Deve afastar todo desejo, ambição, cobiça dos valores externos para

conhecer-se a si mesmo; então, em seu interior, achará os verdadeirosvalores espirituais. Dinheiro, bens, ciências, são vaidades ante o

conhecimento de si mesmo. O candidato deve ser livre e despojado dos

metais: qualidades inferiores, vícios, paixões do seu intelecto, de suas

crenças e preconceitos; deve aprender a pensar por si mesmo e não

seguir, como cego, o conhecimento e crenças dos outros. Por último, o

quarto de reflexão significa o isolamento do mundo exterior para poder

concentra-se no estado íntimo, no mundo interior aonde devem serdirigidos nossos esforços para chegar à realidade. É o conhece-te a ti

mesmo dos iniciados gregos. É a fórmula hermética: "Visita o interior da

terra; retificando encontrarás a pedra escondia". Quer dizer: desce às

profundezas do ser e encontrarás a pedra filosofal que constitui o segredo

dos sábios.5  

Sugiro que o Ir.´. leitor leia novamente o conceito do Mago Jefa (Jorge

5ADOUM, Jorge. As Chaves do Reino Interno. Pg. 92.

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Adoum) acima transcrito, sob o ponto de vista de que está passando pela transição, ou

seja, leia como se estivesse ante a morte e passando por ela. Verás que as ideias são

totalmente compatíveis.

Sob este último aspecto do VITRIOL, o Mestre Aldo Lavagnini (Frater

Magister) - a quem o Mago Jefa utiliza-se recorrentemente para escrever seus conceitos

sobre Maçonaria -, trata:

...Isto, a cor negra do quarto, trazem-nos à mente a antiga fórmula

alquímica e hermética, isto é: desce às profundezas da terra, sob a

superfície da aparência exterior que esconde a realidade interior das

coisas e a revela; retificando teu ponto de vista e tua visão mental com o

esquadro da razão e o discernimento espiritual, encontrarás aquela pedra

oculta ou filosofal que constitui o Segredo dos Sábios e a verdadeira

Sabedoria. A representação da Verdade final e fundamental por uma

pedra, não demonstra nada de estranho se imaginarmos que deveconstituir a base sobre a qual descansa o edifício de nossos

conhecimentos, que transformar-se-á na Igreja ou Templo de nossas

aspirações, e o critério ou medida sobre a qual, e cuja imagem, devem

enquadrar-se ou retificar-se todos os nossos pensamentos.6  

Sempre inovador, o discípulo e secretário de Stanislas de Guaita, o

Mestre Oswald Wirth, ensina sobre a Câmara de Reflexões:

Para aprender a pensar é preciso isolar-se e abstrair-se. Chega-se aí,

entrando em si mesmo, olhando para dentro, sem deixar-se distrair com

aquilo que se passa fora. Os antigos comparam esta operação a uma

descida aos infernos. Trata-se de penetrar até o centro das coisas, a fim

de chegar a conhecê-las em sua essência íntima. O espírito deve

aprisionar-se nas entranhas da terra, onde não se infiltra nenhum raio de6 LAVAGNINI, Aldo. Manual do Aprendiz Franco Maçom. Pg. 73.

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luz exterior. No seio dessas trevas absolutas, a lâmpada da razão

esclarece apenas fragmentos do esqueleto que parecem evocar

espectros. Esses restos de ossos figuram a realidade, tal como ela

aparece despojada de seus ornamentos sensíveis. É a verdade brutal,

privada do véu das ilusões, a verdade toda nua que se esconde no fundo

de um poço. Nos mistérios de Ceres e Elêusis, o Recipiendário

representava a semente enterrada no solo. Ela aí sofria a putrefação, a

fim de dar nascimento à planta virtualmente encerrada no gérmen. O

profano submetido à Prova da Terra é, de maneira semelhante, chamado

a colocar em jogo as energias latentes que traz em si mesmo. A iniciação

tem por objetivo favorecer a expansão de sua individualidade.7  

1.1 Entendimento sobre a Câmara de Reflexões

A Maçonaria é essencialmente dual em suas instruções e sistemas.

Assim, a Câmara de Reflexões apresenta-se como o seio da morte e o seio materno,

concomitantemente.

Este distinto Gabinete nos convida a morrer, a passarmos pela transição.

Fazendo isto, coloca-nos diante do Umbral da Morte, a enfrentar nosso Guardião Mor:

nossa consciência. Este Guardião é aquela Pedra rebuscada que há somente no mais

profundo recôndito de nosso interior, serve-nos de base de sustentação de nossospensamentos, palavras e atos. É o Guardião do Umbral que decide se ali somos dignos

de chegar ou se circunstâncias alheias à nossa vontade ali nos trouxeram.

Dizem os profanos que o normal é viver. Ora, seria, pois, a morte um

evento extraordinário, anormal? Fala-se nela como se monstro fosse, a devoradora e

desoladora da vida. Mas vejam, poderia ser a morte, a própria vida?

À Câmara de Reflexões, a Maçonaria nos convoca a morrer para os

Vícios e nascer para as Virtudes. Significa dizer que o profano transforma-se em Iniciado

7. WIRTH, Oswald. A Franco-Maçonaria Tornada Inteligível Aos Seus Adeptos. Pg. 81.

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após ter passado pela morte. Então, a própria morte é exatamente um ponto de partida

para uma nova vida. Após nascer, torna-se Recipiendário de uma Arte totalmente nova e,

como recém-nascido, aprenderá a andar reto , a ler obras de Sabedoria e a escrever

inteligentemente.

Devemos, pois, abolirmos o pensamento de que a Morte é sinônimo de

desgraça, de tragédia e de maldade. Ora, se o Criador Supremo e Soberano dos Mundos,

de tudo o que existiu, existe e existirá, é unicamente bondoso, caberia à Ele criar a

maldade calcada na morte?

As trevas são a ausência da Luz, e o nada não pode dar origem a alguma

coisa... já dizem há séculos os Rosacruzes.

A Morte não existe!

Como seres humanos em movimento evolucionário infinito, como

Iniciados Maçons, cessemos de cogitar que a morte é o fim. Não nos cabe mais aceitarexplicações vazias e injustificadas acerca da morte.

E aqui, rogo que encontremos nela, a chave da vida.

2. ELEMENTOS PRESENTES NA CÂMARA DE REFLEXÃO

Via de regra, as disposições e elementos da Câmara de Reflexões segue

o Rito praticado pela Loja (e o entendimento sobre cada um deles é estritamentepessoal).

Com exceção de Oswald Wirth iniciado em 26 de Janeiro de 1884 na Loja

La BienfaiscanceChalônnaise   do Rito Francês do Grande Oriente da França, todos os

doutrinadores maçônicos acima citados foram Maçons praticantes do R∴E∴A∴A∴.

Como consta nas citações transcritas, podemos extrair que -

genericamente à todos os Ritos – a Câmara de Reflexões contém os seguintes

elementos: Ampulheta; Testamento; Crânio humano; Sal; Enxofre; pão e água; assentenças semelhantes à"Se a curiosidade te trouxe, vai embora!"; Se tua alma sentiu

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medo, não vás adiante!"; "Se perseverares, serás purificado pelos Elementos, sairás do

abismo das Trevas, verás a Luz!" ; um Galo encimando uma bandeirola com as palavras

“Vigilância e Perseverança” ; a palavra VITRIOL;

Pois bem, numa visão pessoal , abordaremos – ainda que brevemente –

sobre cada um destes elementos contidos neste Gabinete de Morte e Vida.

2.1 A Ampulheta

O Tempo é o Senhor de Tudo. Não sabemos – ainda – como é a relação

de Espaço-Tempo durante a Transição (Morte), contudo, creio que ela

simplesmente não exista. O Tempo nos serve como medidores, comomarcadores de procedimentos nesta existência material. Aqui, nada

escapa ao Tempo e ao Espaço.

À Câmara de Reflexões, a Ampulheta pode nos surgir como lembrete de

que o “Tempo” chega a todos, e neste momento de Transição, o que não foi ou foi feito

não pode mais ser concertado, pois já pertence ao passado. Assim, dá-nos a certeza de a

chave da Vida está sempre no presente, pois o Futuro ainda não existe.

O Tempo é tão somente uma ferramenta de vida e não existe além disto.

Veja: há de fato um ontem, um hoje e um amanhã? Pense bem. Não há nada disto. O que

ocorre é que a Terra se desloca em sua translação e faz com que hora estejamos à luz do

Sol, hora estejamos sob a Lua (que recebe as luzes masculinas solares – outra

simbologia). Junto a estes movimentos, toda a humanidade há milhares de ano, dormem

à noite. Ao acordarem sob a luz do sol novamente, sua mente está programada a ter a

certeza de que é um novo dia! Mas um novo dia não existe, há sim uma continuação

infinita de “tempo”!

Aqui conseguimos ver bem como nossa existência é orquestrada.

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2.2 Questionário e TestamentoO profano é convocado a responder um questionário e, ao final,

escrever seu Testamento de Vida, afinal, está prestes a Morrer e,

neste momento, já deve ter lhe pulado a mente o que se passa dentro

daquele lugar escuro. O questionário vem em boa hora, pois ali ele

dará provas a si mesmo e aos seus Iniciadores de que é Homem

digno de morrer e digno de viver.

As perguntas estão relacionadas com seus Deveres como cidadão do

mundo. Certamente, levado à meditação pelo ambiente em que se encontra, reflete

acerca daquilo que deixou de fazer mas que deveria ter feito, e pede a si mesmo, umanova chance!

O Testamento igualmente serve como um acesso àquilo que lhe é mais

caro e, ali, demonstra-se se seus valores são espirituais ou meramente profanações a

que estamos acostumados a perceber em “mentes vazias”. Além de simbolizar suas

mortes, o Testamento nos remete à certeza de que, ao iniciarmos uma nova vida,

necessariamente devemos nos desfazer de tudo aquilo que não nos servirá para o

objetivo maior: nascer para as Virtudes e para a Luz da Verdade. Ademais, naqueledocumento estará retratado se o profano deixará neste mundo, somente seus bens

materiais ou se terá algo a mais para deixar, como bons exemplos, amor, carinho e

respeito!

2.3 O Crânio e os Ossos

O que seria da Câmara de Reflexões se não tivesse o crânio, ossos ou

esqueleto para simbolizar a Morte? Demonstra estes elementos que,

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nossa existência simplesmente material se resume à isto: alguns ossos. Em nossa

literatura maçônica, é desafiador encontrar um autor que trate do porquê da existência de

ossos e caveira na Câmara, e quais são seus possíveis significados.

Jules Boucher8  diz que estes ossos emblematizam a morte do profano

que vai renascer para a vida espiritual, numa transmutação alquímica. Representa assim

a própria putrefação, que ensina o homem a despojar-se do “velho homem”.

A caveira e os ossos simbolizam na transitoriedade da vida e nas

transformações operadas pela morte. Junto com os outros elementos do Gabinete, a

caveira participa de um conjunto indissolúvel de simbolismo que nos remete à buscarmos

os valores espirituais, que são perenes e enobrecem a existência.

2.4 O Sal , o Enxofre e o Mercúrio

Há somente uma forma de tratarmos sobre estes dois elementos: sob o

prisma da Alquimia. Nesta seara meus Irmãos, os autores maçônicos são muito

controversos entre si. Particularmente, adoto a teoria de Oswald Wirth, posto que suas

raízes maçônicas são diretamente ligadas aos estudos alquímicos-cabalísticos e, assim,

lhe dão créditos de reconhecimento.

O Sal representa a Estabilidade, o princípio de cristalização, a apaziguação deenergias aparentemente iguais, mas essencialmente diametrais. O Sal é o

elemento que suaviza os influxos, mantendo-nos em perenidade. Assim, culmina na

representação da Sabedoria e do Conhecimento e, portanto, da própria Ciência. O Sal é o

princípio neutro.

8BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. Pg. 48. 

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O Enxofre representa a Energia Expansiva e o princípio atrativo que constitui o

magnetismo vital. Esta expansividade é a emanação desta energia vital de que

somos animados. Simboliza o ardor das conquistas e obtenção pelos objetivos.

O Mercúrio, por sua vez, é volatilidade que há o ser humano em tudo penetrar. É

a essência que nos possibilita estar consciente de tudo que há ao nosso redor e

de tudo que acontece em nossas vidas. Este elemento, assim, é o amálgama

natural com que nos utilizamos em nossas convivências, a fim de interagirmos

diretamente com a alma de todos os seres.

Leciona Oswald Wirth9:

O Enxofre corresponde com efeito, à energia expansiva que parte do

centro de todo o ser (Coluna J vermelha, iniciativa individual). Sua ação

opõe-se à do Mercúrio, que tudo penetra por sua influência provinda de

fora (Coluna B branca, receptividade, sensibilidade). Estas duas forçasantagônicas equilibram-se no Sal, princípio de cristalização, que

representa a parte estável do ser. Aquela cuja condensação se efetua na

zona onde as emanações sulfurosas escapam à compreensão mercurial

ambiente. Por sumárias que estas indicações sejam, não menos

 justificam a prática ritualística no que concerne ao Sal e ao Enxofre. A

exclusão do Mercúrio impõe-se com efeito, porque o Recipiendário deve

realizar o total isolamento. Para poder conhecer-se, segundo o princípio

9 WIRTH, Oswal. O Simbolismo Hermético e sua Relação com a Alquimia e Franco Maçonaria. Pg. 45.

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socrático é necessário que faça abstração de tudo o que lhe é exterior, a

fim de absorver-se em si mesmo e de encontrar-se finalmente em

presença do centro de sua individualidade.

2.5 O Pão e a Água

Os antigos povos egípcios já se utilizavam do pão e da água nas

cerimônias para a divina Hathor. Esta deusa era a mesma Ísis, porém,

em seu aspecto de mãe (alguma similaridade com nossa Virgem

Maria e Nossa Senhora? ) O pão sempre simbolizou a maternidade, a

vida, a sustentação e o corpo, por sua pureza no preparo e riqueza de

nutrientes. O pão é o alimento do corpo material, assim como o Conhecimento é oalimento da Alma. Segundo Aldo Lavagnini10, este pão constitui o meio pelo qual a vida se

manifesta em todas as suas formas, a matéria prima que continuamente gera o

mecanismo incessante da renovação orgânica.

A água, como elemento também úmido, por sua vez, igualmente

representa a maternidade, posto que sua essência alquímica e espiritual é feminina. A

água e a terra estão para o feminino, como o fogo e o ar estão para o masculino. A água

representa a Mãe Universal, a Vênus Genitrix.Leciona ainda Lavagnini que, a vida somente pode nascer do seio das

águas, enquanto a terra mitologicamente simbolizada por Géa e Deméter (às quais

estavam consagradas os Mistérios de Elêusis) converte-se na nutris  – o pão da vida.

2.6 O Galo

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Jules Boucher diz que o Galo representa Hermes. Por anunciar o dia e a

luz, é o arauto do Sol e assim, consagrado ao deu Hermes-Mercúrio. Diz ainda que o

Galo anuncia a Luz que o Recipiendário vai receber, e por isso, está na Câmara de

Reflexões.

Outros autores dizem que o Galo representa o próprio lema que traz:

Vigilância e Perseverança. Serie ele um vigilante do Sol, dos Templos e das casas

residenciais, por isso, é encimado nos tetos destes edifícios.

Fazendo breve pesquisas na doutrina maçônica, vemos que a figura do

Galo é um tanto nova na Maçonaria. Nem todos os rituais de iniciação requisitam a

presença do Galo.

Rizzardo da Camino11 diz:

Os cristãos têm o Galo como símbolo de advertência, para que um cristão

não se deixe cair em tentação traindo o Mestre Jesus, lembrando que por

ocasião da prisão de Jesus, antes que Pedro negasse ser um dos seus

seguidores, um Galo cantou três vezes, constituindo a trilogia sonora do

alerta; três são as oportunidades que o maçom tem para não se deixar

vencer pelo medo, pois Pedro negou Jesus pelo temor de ser preso. EmJerusalém há um lugar de visitação denominado “Galicanto”, onde teria

acontecido o fato referido nas Sagradas Escrituras. Com a finalidade de

se “apagar” esse episódio bíblico, o Cristianismo fez do Galo, e seu canto,

o símbolo da geração da Esperança da Ressureição, do Alerta, da

Vigilância e Perseverança, o triunfo de um novo alvorecer com a morte da

noite e o retorno do Astro Rei, vitorioso sobre as trevas.

11 Pg. 185.

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CONCLUSÃO

Para cada vivência há, consequentemente várias interpretações eentendimentos. Somos constantemente convocados a mudar conceitos, alterar

entendimentos e espraiar os diversos sentimentos advindos disto tudo.

A Maçonaria é uma grande rede onde todas as interpretações levam a

todas as outras.

Basta escolhermos um caminho e trilharmos. Nos encontraremos sempre

no final de tudo.

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ANDRÉ FOSSÁ

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