A cajaraneira spondias sp.

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A CAJARANEIRA (Spondias sp.) Por: Francisco de Queiroz Porto Filho

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A CAJARANEIRA(Spondias sp.)

Por: Francisco de Queiroz Porto Filho

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A Cajaraneira

Foto: Porto Filho. Planta na Faz. de Edilson Maia, na Chapada do Apodi, Açu-RN.

− Origem do nome: caja + rana.

− Sufixo “rana” vem do tupi-guarani e significa “parecido com”, portanto cajarana = parecido com cajá.

− É conhecida também por Cajá-umbú e/ou Umbú-cajá.

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O gênero Spondias

- No Nordeste brasileiro, destacam-se as espécies:

- Spondias mombin L. (cajazeira), - Spondias purpurea L. (cirigueleira), - Spondias cytherea Sonn. (caja-manga), - Spondias tuberosa Arr. Câm. (umbuzeiro) e - Spondias sp. (cajarana, umbu-cajá, cajá-umbu e umbuguela),

- Família Anacardiaceae - Possui 18 espécies distribuídas nos neotrópicos, Ásia e Oceania

(Mitchell & Daly, 1995)

Todas são árvores frutíferas tropicais exploradas através do extrativismo ou em pomares domésticos e em plantios desorganizados.

- São espécies em domesticação que produzem frutos do tipo drupa de boa aparência, qualidade nutritiva, aroma e sabor agradáveis, os quais são muito apreciados para o consumo como fruta fresca ou na forma processada como polpa, sucos, doces, néctares, picolés e sorvetes.

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A Cajaraneira

- Potencial de utilização na forma processada como polpa congelada, suco, néctar e sorvete.

- A Cajaraneira, assim como a umbugüeleira, é um híbrido natural entre a cajazeira e o umbuzeiro

- A umbugüeleira é uma árvore semelhante à cajaraneira só que menos dissipada.

- Origem desconhecida, características de planta xerófita e estão disseminadas em alguns estados do Nordeste como RN, CE, PI, PE e BA.

- Em regra encontram-se próximo de residências indicando dependência do homem para sua propagação e dispersão.

- Porte arbóreo, atingindo até mais de 8 m de altura e 15 m de diâmetro de copa.

- Fruto do tipo drupa, globosa ou curto-elipsoide, casca fina e coloração amarelada quando maduro, polpa suculenta e sem fibras, sabor doce-acidulado.

- Rendimento em polpa de 50% a 75%.

Santos; Oliveira, 2008

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A capacidade de sobrevivência da cajaraneira

4Sobrevivência: produzindo por mais de 100 anos;

4Resistência a seca: Xilopódios ?? Reserva na casca (casca espessa)??;

4O fechamento dos estômatos nas horas quentes do dia;

4A perda das folhas (caducifólia) no final da safra;

4Pouca exigência em solos.

130 anos, Sítio Liberdade, Pau dos Ferros-RN

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Alguns exemplares: por idade

130 anos: sequeiroPau dos Ferros-RN

8 anos: sequeiroUpanema-RN

40 anos: sequeiroTabuleiro Grande-RN

70 anos: sequeiroTabuleiro Grande-RN

16 meses: irrigada Upanema-RN

16 meses: irrigada Upanema-RN

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Aspectos das raízes e xilopódios de uma planta de umbuzeiro

Xilopódio de uma planta de cajarana em Apodi-RN

Foto: Porto Filho

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Propagação das Spondias

A forma de propagação das Spondias, como a maioria das fruteirastropicais, ocorre pelos métodos sexuais e assexuais. Porém:

- Algumas seleções de cirigüela não produzem grãos de pólen férteis e nem sementes viáveis (Campbell & Sauls, 1991).

- A cajarana ( umbu-cajá, cajá-umbu, umbugüela) tem mais de 90% dos endocarpos desprovidos de sementes propagam-se assexuadamente. (Souza et al., 1997)

- O umbuzeiro, a cajazeira e o cajá-manga podem ser propagadas tanto por sementes como pelos métodos assexuais.

SOUZA, F.X. de.; SOUSA, F.H.L.; FREITAS, J.B.S.. 1997CAMPBELL, C.W.; SAULS, J.W, 1991.

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Propagação da Cajaraneira

PROPAGAÇÃO SEXUADA

- Mais de 90% dos endocarpos são desprovidos de sementes.- Os endocarpos com sementes pouco germinam.- Acessos ocorrentes na Zona da Mata Pernambucana e do Agreste da Bahia parecem apresentar mais sementes viáveis

Milhares de sementes de cajarana e 5 germinaram

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* Plantio de varas pequenas em sacolas plásticas

* Plantio de estacas grandes em viveiros ou sombras (superficial e escoradas)

Propagação vegetativa da cajaraneira

Estaquia

4 Preservação dos caracteres genéticos;

4 Início de produção depende, entre outros fatores, do tipo de estaca e irrigação

4Irrigada 2 anos e sequeiro 4 anos, aproximadamente.

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Propagação vegetativa - Transplantio

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Propagação da cajaraneira por enxertia

No caso da cajaraneira recomendamos estudos para comprovar a existência desses benefícios.

Enxertia4Preservação dos caracteres genéticos.4Uniformidade fenotípica dos pomares.4Viabilidade de enxertia de outras spondias no umbuzeiro (aumentar tolerância à seca pela presença dos xilopódios)

Espécies do gênero Spondias

4Ciriguela (Spondias purpurea L.)4Cajá-manga (Spondias cytherea Sonn.),4Cajá (Spondias mombin L.),4Umbu (Spondias tuberosa Arruda),4Cajarana, Cajá-umbu, Umbu-cajá, Umbuguela (Spondias sp.).

Propagação assexuada

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Propagação de Spondias por enxertia no umbuzeiro

Plantas com cinco anos de idade em Petrolina – PE: A:cirigueleira, B:cajá-mangueira; C:cajazeira; D:umbu-cajazeira; E:umbugueleira; F:umbuzeiro.

SANTOS, C. A. F. & LIMA FILHO, J. M. P., 2008

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Instalação do Sistema de Irrigação (novembro de 2014)

IRRIGAÇÃO DA CAJARANEIRA: Um relato de caso Fazenda Exu – Tabuleiro Grande-RN

Irrigação com 200 L de água/dia/planta

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20 a 25 dias após início da irrigação

IRRIGAÇÃO DA CAJARANEIRA: Um relato de caso Fazenda Exu – Tabuleiro Grande-RN

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35 a 40 dias após início da irrigação

IRRIGAÇÃO DA CAJARANEIRA: Um relato de caso Fazenda Exu – Tabuleiro Grande-RN

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60 dias após início da irrigação

IRRIGAÇÃO DA CAJARANEIRA: Um relato de caso Fazenda Exu – Tabuleiro Grande-RN

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74 dias após início da irrigação

IRRIGAÇÃO DA CAJARANEIRA: Um relato de caso Fazenda Exu – Tabuleiro Grande-RN

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120 a 125 dias após início da irrigação

IRRIGAÇÃO DA CAJARANEIRA: Um relato de caso Fazenda Exu – Tabuleiro Grande-RN

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140 dias após início da irrigação: Colocação das telas

IRRIGAÇÃO DA CAJARANEIRA: Um relato de caso Fazenda Exu – Tabuleiro Grande-RN

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- 100 árvores

- Espaçamento de 8 x 8 m (156,25 plantas/há)

- Produção de 27.000 kg

- 42.187,50 kg/ha

155 dias após início da irrigação: Início da colheita

IRRIGAÇÃO DA CAJARANEIRA: Um relato de caso Fazenda Exu – Tabuleiro Grande-RN

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PRODUÇÃO DA CAJARANEIRA: Um relato de caso Fazenda Santa Maria – Tabuleiro Grande-RN

Cajaraneira com 40 anos

- Sequeiro em 2010, 1063,8 kg

- Irrigada em 2014, 1894,3 kg

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 130

50

100

150

200

250

300

350Produção semanal da cajaraneira

Se-queiro

Semana

Prod

ução

, Kg

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 130

200400600800

100012001400160018002000

1894.3

1063.8

Produção semanal acumula da cajaraneira

Se-queiro

Semana

Prod

ução

acu

mul

ada,

Kg

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Aspectos da variabilidade genética

Referência para qualidade de frutos de umbu-cajazeira (Spondias sp.) para consumo.

Faz. de Edilson Maia, Açu-RN Faz. em Cruz das Almas-BAFaz. do IPA, Itambé-PE

In natura Processamento de polpa

PH alto entre 2,2 ≥ x ≤ 3,5 ATT baixa ≥ 0,90 g/100g de ácido cítrico SST alto ≥ 9,5 ºBrix SST/ATT alto ≥ 10,0 RP - ≥ 50% DL/DT Frutos arredondados Frutos arredondados

YAMAMOTO, E. L. M., 2014

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Aspectos da variabilidade genética

Variáveis: diâmetro longitudinal (DL) e diâmetro transversal (DT) do fruto, em mm, relação DL/DT, massa média do fruto (MMF), massa média da polpa (MMP), massa média da casca (MMC) e massa média do caroço (MMCR), em gramas, acidez total titulável (ATT), em % ácido cítrico, sólidos solúveis totais (SST), em oBrix, pH, relação SST/ATT, vitamina C, em mg/100g polpa; índice tecnológico (IT), em %; e rendimento de polpa (RP), em %.

GEN. DL DT DL/DT MMF MMP MM C MMCR ATT pH SST VITC SST/ATT IT RP Mín. 23,2 20,6 1,0 6,8 4,0 1,0 1,0 0,8 2,5 10,1 7,7 8,3 5,6 53,3 Máx. 31,1 28,8 1,2 16,0 11,0 3,0 3,0 1,6 3,3 16,0 9,5 19,6 11,7 75,7 Méd. 27,1 24,8 1,1 10,7 7,03 1,97 1,75 1,2 2,9 13,88 9,19 12,82 9,09 65,3 CV% 7,75 8,94 3,0 24,0 27,3 29,45 31,38 22,0 8,96 11,80 6,22 30,54 18,6 9,64

Valores médios de comprimento (CF) e diâmetro do fruto (DF), em cm; peso do fruto (PF), da polpa (PP) e do caroço (PC), rendimento de polpa, % (PF/PP*100), em gramas; relação PP/PC; pH; acidez titulável (AT), em % ácido cítrico; sólidos solúveis (SS), em 0Brix; relação SS/AT; e ácido ascórbico (AA), em mg/100g polpa.

Genótipo CF DF PF PP PC RP PP/PC pH AT SS SS/AT AAMínimo 3,1 2,6 12,6 6,5 1,3 51,6 1,0 2,4 0,9 7,2 3,7 3,8Máximo 4,8 3,8 27,2 19,1 9,3 70,2 9,3 3,0 2,6 14,0 10,6 16,4Média 3,8 3,1 19,8 13,5 6,3 68,2 2,3 2,8 1,7 10,1 6,1 10,4Desvio 0,4 0,2 3,9 3,0 1,5 1,2 0,2 0,3 1,5 1,4 3,5

CARVALHO, P, C. L. de. et al., 2008

YAMAMOTO, E. L. M., 2014

Variáveis físicas de frutos de 18 genótipos de umbu-cajazeira no Rio Grande do Norte

Variáveis físicas de frutos de 50 genótipos de umbu-cajazeira no Estado da Bahia.

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JARDINS CLONAIS

EMPARN – IPANGUASSU-RNPrec. Anual média = 625 mmTemp. média anual = 27,8°CCIMATE-DATA.ORG

IPA – ITAMBÉ-PEPrec. Anual média = 1.386 mmTemp. média anual = 24,1°C CIMATE-DATA.ORG

EMBRAPA – CRUZ DAS ALMAS-BAPrec. Anual média = 1.136 mmTemp. média anual = 23°CCIMATE-DATA.ORG

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Composição físico-química e química de alguns frutos

        Carbo- Fibra             Vitamina

Umidade Proteína Lipídeos idrato Alimentar Cinzas Cálcio Fósforo Ferro Sódio Potássio CDescrição dos alimentos (%) (g) (g) (g) (g) (g) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg) (mg)Manga, polpa, congelada 86,5 0,4 0,2 12,5 1,1 0,4 7 9 0,1 7 131 24,9

Caju, cru 88,1 1,0 0,3 10,3 1,7 0,3 1 16 0,2 3 124 219,3

Goiaba, vermelha, com casca, crua 85,0 1,1 0,4 13,0 6,2 0,5 4 15 0,2 Tr 198 80,6

Laranja, pêra, crua 89,6 1,0 0,1 8,9 0,8 0,3 22 23 0,1 Tr 163 53,7

Acerola, crua 90,5 0,9 0,2 8,0 1,5 0,4 13 9 0,2 Tr 165 941,4

Cajá,  polpa 92,4 0,6 0,2 6,4 1,4 0,4 9 26 0,3 7 148 Tr

Umbu, cru 89,3 0,8 Tr 9,4 2,0 0,5 12 13 0,1 Tr 152 24,1

Cajarana 91,3 0,63 0,11 1,36 0,99 12,25 17,76 0,59 40 44 8

Tabela brasileira de composição de alimentos / NEPA., 2011.

SANTOS, M. B. dos et al., 2010

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Nutrientes na folha do imbuzeiro

% estação chuvosa

% estação seca

Matéria Seca (MS) 16,13 87,71 Proteína Bruta (PB) 18,07 13,11 Fibra em Detergente Neutro (FDN) 37,23 35,15 Fibra em Detergente Ácido (FDA) 18,92 16,87 Digestibilidade “in vitro” Matéria Seca (DIVMS) 47,31 39,56

Tipo de folhas Quantidade de folhas consumidas (kg)

Estação chuvosa

Estação seca

Folhas fora da copa1

Verde nos ramos 16,75 - - Maduras/secas chão - 33,25 20,68 (1) Peso total de folhas maduras e secas dispersas pelo vento.

Composição e volume das folhas do imbuzeiro consumida por estação pelos animais

Alimento e sombra para os animais

Apresentado por: Nilton de Brito, EMBRAPA SEMIÁRIDO..

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Comercialização

- Comercialização para o consumo in natura

PREÇOS NA COBAL - MOSSORÓ-RN

- Na safra (sequeiro) 1,00 a 1,50 R$/kg

- Na entre safra (irrigado) 2,00 a 3,00 R$/kg

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Comercialização

- Comercialização para fábricas de polpas

Preço pago pelo fruto entregue na Nossa Fruta em Pereiro-CE-Safra 2014: 1,20 R$/kg-Safra 2015: 1,35 R$/kg

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Formas de aproveitamento da cajarana

Cajaranada: -Polpa de cajaranas inchadas pré-cozidas ou maduras crua-Leite-AçucarPreparo: misturar os ingredientes à gosto, bater bem no liquidificador e servir

Pode-se fazer quase todas as receitas utilizadas com o umbú

Coquetel:200 g de polpa200 mL de cachaça250 g de leite condensadoGelo picado a gosto

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Opções de plantio-Plantio em beiras de cercas

-Plantio em áreas propícias a erosão -Plantio comercial com espaçamento 10x10 m as plantas fecham.Recomenda-se espaçamento maior (10x20 m, 15x15 m ou 20x20 m)

-Plantio em picadas -Plantio em quintais

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Necessidades para o desenvolvimento da cultura

- Estudos de cultivo (produção de mudas, transplantio, espaçamento entre plantas, nutrição, seleção de melhores acessos para a indústria e/ou consumo in natura, etc...).

- Estudos da desfolha, do manejo e de técnicas para irrigação.

- Estudos da colheita, instalação de redes, etc...

- Estudos pós-colheita, beneficiamento, transporte a granel, etc…

- Estudos da comercialização (abertura de novos mercados), sêlo orgânico, etc...

- Incentivar a produção (Preço justo).

- Fomentar a agroindústria.

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Considerações finais

- Um agricultor com 100 plantas de sequeiro teria uma receita de:

100 plantas x 500 kg/planta = 50.000 kg de frutos50.000 kg x 0,50 R$/kg = 25.000,00 R$/ano.

- Viabilidade de irrigar, com duas safras e melhores preços na entre safra.

- Pode-se irrigar apenas nos anos com disponibilidade de água.

- Utilização do sistema Agro-pastoril na Caatinga

- Utilização de áreas de preservação permanente (APP) ???

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OBRIGADO !!

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