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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI FLÁVIA SAVOIA DIAS DA SILVA CAIXA DE AREIA: POSSIVEL INSTRUMENTO PSICOPEDAGÓGICO DE EXPRESSÃO INFANTIL São Paulo 2009

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UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

FLÁVIA SAVOIA DIAS DA SILVA

CAIXA DE AREIA: POSSIVEL INSTRUMENTO PSICOPEDAGÓGICO DE

EXPRESSÃO INFANTIL

São Paulo

2009

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FLÁVIA SAVOIA DIAS DA SILVA

CAIXA DE AREIA: POSSIVEL INSTRUMENTO PSICOPEDAGÓGICO DE

EXPRESSÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Profª. MS. Maria Conceição Gobbo Meda e da Profª. Drª Maria Elisa de Mattos Pires Ferreira.

São Paulo

2009

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FLÁVIA SAVOIA DIAS DA SILVA

CAIXA DE AREIA: POSSIVEL INSTRUMENTO PSICOPEDAGÓGICO DE

EXPRESSÃO INFANTIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia da Universidade Anhembi Morumbi, sob a orientação da Profa. MS. Maria Conceição Gobbo Meda e da Profa. Drª Maria Elisa de Mattos Pires Ferreira.

Aprovada em _____/_____/_______

_________________________________________

Profa. MS. Maria Conceição Gobbo Meda

_________________________________________

Profa. Drª Maria Elisa de Mattos Pires Ferreira

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A todas as pessoas que contribuíram na minha formação, não somente profissional, mas em todo meu desenvolvimento. Aos meus pais pela confiança, à minha avó Helena pelo carinho, ao meu noivo Leandro, pelo incentivo, aos professores pela credibilidade e ao meu irmão e amigos pela compreensão.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por terem me acompanhado e apoiado todas minhas decisões

pessoais e profissionais.

À Profª. Ms. Mônica Hoehne Mendes, minha gratidão por ter me apoiado na

ousadia de realizar meu primeiro trabalho científico que gerou muitos frutos.

À Profª. Ms. Maria Conceição Gobbo Meda, eu agradeço pela confiança e

auxílio na minha formação enquanto psicopedagoga. Agradeço por ter aceitado ser

minha orientadora.

À Profª. Drª. Maria Elisa Mattos, pela colaboração na orientação desse

trabalho.

Aos demais professores do curso de Psicopedagogia da Universidade

Anhembi Morumbi, que por meio de muitos elogios, auxiliaram meu bom

desempenho acadêmico e me incentivaram a publicar meus trabalhos.

Agradeço a Deus, pois sem Ele nada seria feito.

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RESUMO

Este trabalho discute o papel da técnica conhecida como “Caixa de Areia” e faz menção às possibilidades de expressão infantil a fim de pensar sobre o uso desse instrumento para colaborar na construção da identidade, refletindo positivamente no desenvolvimento cognitivo, colaborando assim, com a psicopedagogia. Explica um pouco sobre a técnica mencionando as idéias apresentadas por Ruth Ammann e, com base na obra de Luciene Tognetta, aborda a caixa de areia no contexto escolar permitindo que as crianças expressem seus sentimentos. Essa relação surgiu a partir da realização do estágio supervisionado em Psicopedagogia numa instituição escolar com foco nas formas de expressão infantil de crianças da Educação Infantil vivenciando a fase edípica, proposta por Freud. Procura mostrar o valor dessa técnica psicopedagógica, e ainda, verificar as semelhanças e diferenças entre essa prática no contexto clínico e no âmbito escolar, visando maximizar o desenvolvimento integral dos aprendizes ao trabalhar com a construção de identidade usando o rico potencial do imaginário infantil.

Palavras-chave: Caixa de Areia. Psicopedagogia. Aprendizagem. Desenvolvimento.

Identidade.

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ABSTRACT

This research is related to the role of the ‘sand box’ technique. It mentions the possibilities of relating how young children express themselves with respect to the ‘sand box’, with reference to the construction of identity, which in turn reflects positively on their cognitive development, working cooperatively with ‘psicopedagogia’ . This research explains a little of this technique, and mentions ideas presented by Ruth Ammann, which are based on the work of Luciene Tognetta. She talks about the ‘sand box’ which, in a school environment allows the children to express their feelings. This situation began when I was a ‘psicopedagogical’ trainee in a school, and the focus was on the ways children in infant education classes expressed themselves in this ‘edipica’ phase proposed by Freud. I tried to show the value of the ‘psicopedagogic’ technique, as well as verifying similarities and differences between this practice in a clinical and school environment. The aim was to maximize the development of the learners in relation to the work though the building of identity, using the potentially rich imagination of the infants.

Key words: Sand box. Psycho-pedagogy. Learning. Development. Identity.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10

CAPITULO 1 - A CAIXA DE AREIA: APRESENTANDO O CONCEITO.......... 13

1.1 A Terapia do Jogo de Areia: Um diálogo com Ruth Ammann.......................... 13

CAPITULO 2 – A CAIXA DE AREIA E O OLHAR PSICOPEDAGÓGICO ...... 19

CAPÍTULO 3: AS POSSIBILIDADES DA CAIXA DE AREIA COMO FORMA

DE EXPRESSÃO .............................................................................................

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3.1 Expressar sentimentos: uma necessidade infantil ........................................... 23

3.2 A Escola como lócus de expressão infantil ................................................ 24

CAPITULO 4 – A CAIXA DE AREIA SOB OLHAR PSICOPEDAGÓGICO ..... 28

4.1 clínica ............................................................................................................... 29

4.2 escola ......................................................................................................... 30

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 34

REFERÊNCIAS ............................................................................................... 35

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“Não há Educação sem Amor. Quem não é capaz de amar os seres inacabados em

construção, não pode educar.”

(Paulo Freire)

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INTRODUÇÃO

Depois de ter frequentado um ano do curso de Psicologia, formar-me em Pedagogia e

estar concluindo o curso de Psicopedagogia, sinto que as áreas pedagógicas e

psicológicas não estão apenas uma ao lado da outra, mas que elas se complementam.

Essa interligação é essencial à formação do sujeito.

A educação não pode deixar de lado o caráter psíquico inerente a cada um de seus

alunos. Acredito que a Psicopedagogia é um tema que deve ser explorado não apenas

por especialistas, como por todos os educadores, inclusive, em sua formação. Não

basta somente compreender as fases do desenvolvimento psicológico pelas quais todos

nós passamos - é necessária uma abordagem que analise as especificidades de cada

educando.

Minha monografia de conclusão de curso em Pedagogia pela Universidade

Presbiteriana Mackenzie, intitulada “Sonhos... Contos de Fadas... Um Universo de

Aprendizagem?”, propôs a reflexão da contribuição desses temas (sonhos e contos de

fadas) para a aprendizagem. Acabei por desenvolver uma teoria e prática para o âmbito

escolar. Com esse trabalho de conclusão de curso em Psicopedagogia, pela

Universidade Anhembi Morumbi, não busco criar algo inédito, mas persistir em incluir a

abordagem psicopedagógica dentro da instituição escolar buscando sempre o que não

apenas as escolas deveriam focar, mas tudo com o que todo educador deveria se

comprometer: ajudar o aluno a se desenvolver para que possa de fato aprender. Nesse

trabalho lanço mão da técnica “Caixas de Areia” propondo que seja mais um Espaço

Educativo presente na rotina da Educação Infantil, assim como a roda de conversas.

Com essa técnica, o educador pode ajudar muito a criança a se expressar e trabalhar

suas emoções e sentimentos. Agindo assim, ele estará mais próximo de seu aluno,

podendo então, propor uma determinada atividade para atender os eventuais conflitos e

obstáculos no processo de ensino e de aprendizagem.

Por esse motivo, o objetivo deste trabalho é investigar a possibilidade de os

educadores, sobretudo, os psicopedagogos, lançarem mão da técnica Caixa de Areia

para compreender melhor seu aluno e assim, mediar a aprendizagem, pois ao

considerar o ser humano como sujeito biológico, cognitivo e emocional, esses

“brinquedos” pertinentes à infância podem contribuir na formação do sujeito.

Para atingir os objetivos aqui propostos, foi feita uma pesquisa bibliográfica. Afinal,

assim como foi dito, pretendo contribuir com a área educacional permitindo um Espaço

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de aprendizagem significativa. Ou seja, busco mostrar que a caixa de areia auxilia na

compreensão do universo imaginário do sujeito em seu processo de desenvolvimento

emocional e de aprendizagem, colaborando, conseqüentemente, com a nova geração

em formação, que poderá ser mais bem resolvida consigo mesma, facilitando a

aprendizagem, e também a formação de cidadãos críticos, possibilitando a tão almejada

emancipação do sujeito e transformação da realidade. Sob esse prisma, convido o leitor

a refletir sobre a possibilidade do uso da Caixa de Areia na instituição escolar, e até

mesmo, dentro da sala de aula.

Ensinar a condição humana é considerado por Edgar Morin e, consequentemente, por

muitos educadores, um dos sete saberes necessários à educação do futuro.

“(...) para educação do futuro é necessário promover grande remembramento dos conhecimentos oriundos das ciências naturais, a fim de situar a condição humana no mundo, dos conhecimentos derivados das ciências humanas para colocar em evidência a multidimensionalidade e a complexidade humanas, bem como integrar (na educação do futuro) a contribuição inestimável das humanidades, não somente a filosofia e a história, mas também a literatura, a poesia, as artes...” (MORIN, 2003, p.48)

Ora, creio que integrar os saberes fragmentados só é possível a partir do momento em

que o ser humano se considera um ser único. Por exemplo: sou estudante, sou

professora, sou psicopedagoga, sou filha, sou mulher... Em cada situação atuo em um

papel social, contudo, sou única! O trabalho de inserir a Caixa de Areia na realidade

escolar contribuirá para que os alunos se reconheçam e expressem seus sentimentos,

permitindo assim que se aprenda a condição humana. Talvez não tão especificamente

como Morin nos apresenta, exemplificando com o cosmos, a natureza e a sociedade,

mas a Educação Infantil pode sim ser a base desse tipo de conhecimento: integrando a

matéria, a alma e o espírito, conforme propõe Ruth Ammann (2004). Os alunos dessa

faixa etária são curiosos com o mundo, eles buscam respostas para os fenômenos

naturais a todo o tempo. Se tiverem um educador com uma escuta atenciosa serão

privilegiados na aquisição do conhecimento. Isso ficará ainda melhor se tiverem um

espaço que permita o “desabafo”, a expressão e resolução de seus mais íntimos

conflitos por meio da ludicidade.

Após a leitura deste trabalho peço que reflitam se tal prática inserida em sala de aula

não poderia ser preventiva a tal ponto de reduzir os tantos casos psicopedagógicos

encaminhados para clínica. Uma escola acolhedora poderia ser a maior e melhor

profissional da psicopedagogia para evitar tantas mazelas educacionais.

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“Num dia de verão, eu estava na praia espiando duas crianças na areia. Trabalhavam muito, construindo um castelo de areia molhada, com torres, passarelas e passagens internas. Quando estavam perto do final do projecto, veio uma onda e destruiu tudo, reduzindo o castelo a um monte de areia e espuma. Achei que as crianças cairiam no choro, depois de tanto esforço e cuidado, mas tive uma surpresa:

Em vez de chorar, correram para a praia, fugindo da água, rindo, de mãos dadas e começaram a construir outro castelo.

Compreendi que havia recebido uma importante lição: tudo em nossas vidas, todas as coisas que gastam tanto de nosso tempo e de nossa energia para construir, tudo é feito de areia: só o que permanece é nosso relacionamento com tantas outras pessoas. Mas cedo ou mais tarde, a onda virá e irá desfazer o que levamos tanto tempo para construir. Quando isso acontecer, somente aquele que tem as mãos de alguém para segurar, será capaz de sorrir. Segure, com força, as mãos que estão a sua volta! São elas que te sustentam, dão força, amor, carinho.”

(RIVERS, Carol)

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CAPÍTULO I: A CAIXA DE AREIA: APRESENTANDO O CONCEITO

A partir da epígrafe escolhida para iniciar esse capítulo, busco apresentar a técnica

conhecida como “Caixa de Areia” ilustrando a importância de uma edificação

momentânea na construção das relações e da identidade humana. Afinal, a Caixa de

Areia é uma técnica utilizada pelos profissionais da psicologia analítica para fazer

terapia com pacientes de todas as idades. A autora Ruth Ammann é referência

nessa técnica, portanto, sua obra serviu de base para elaboração desse trabalho.

1.1 A TERAPIA DO JOGO DE AREIA: UM DIÁLOGO COM RUTH AMMANN

Ao escolher esse livro como base para o meu trabalho, esperava encontrar a técnica

empregada no Jogo de Areia, a fim de extrair trechos ou citações relevantes.

Contudo, logo me identifiquei com a autora, pois embora considere que eu tenha

diversos assuntos de interesse, consegui encontrar muitos deles em sua obra. Logo

minhas anotações referentes a esse livro se tornaram um capítulo.

A partir da junção de Sonhos e Arquétipos (também encontrados nos Contos de

Fadas, sendo que ambos já foram temas de outro trabalho de minha autoria),

juntamente com fotografia (objeto de registro muito utilizado em minha vida pessoal

e em minha prática pedagógica), bem como registros e miniaturas (coisas que

fizeram parte de minha infância e me acompanharam até hoje), consegui me

identificar com a obra e ter ainda mais “sede” de aprender e explorar o Jogo de Areia

de forma terapêutica.

Durante o curso de Psicopedagogia proposto pela Universidade Anhembi Morumbi

fomos convidadas a elaborar algumas resenhas. Por meio de elogios e

reconhecimento, fui incentivada a adotar esse modelo de escrita para trabalhos

acadêmicos. Assim, decidi fazer uma resenha da obra de Ruth Ammann para

apresentar o conceito da Caixa de Areia.

Devido a minha prática educacional e por causa do foco do meu estágio em

Psicopedagogia, denominado “Espaços Escolares para Expressão Infantil por meio

de Diferentes Linguagens”, meu foco durante a leitura foi para prática com crianças,

descartando (ou apenas deixando de lado), o rico trabalho realizado com adultos

apresentado pela autora.

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A Psicologia Analítica propõe técnicas que exigem certa capacidade intelectual, já o

Jogo de Areia, pertence à mesma linha metodológica, mas atende a todo tipo de

paciente.

O Jogo de Areia (Sandplay) é um método psicoterapêutico criado por Dora Kalff, terapeuta junguiana suíça entre 1954-1956. O Jogo de Areia à luz da teoria piagetiana é uma possibilidade de modalidade de ensino-aprendizagem, na qual se focaliza o mecanismo de desenvolvimento mental como uma estratégia de diagnóstico e intervenção psicopedagógica. (ANDION, 2008)

A partir disso, busquei Ruth Ammann, que é descrita pela Profa. Dra. Denise

Gimenez Ramos, no prefácio brasileiro de sua obra (AMMANN, Ruth. A terapia do

Jogo de Areia – imagens que curam a alma e desenvolvem a personalidade, 2004),

como uma das mais renomadas pesquisadoras e professoras dessa técnica,

inclusive, foi discípula de Dora Kalf, criadora da técnica “Caixa de Areia”.

O objetivo do livro é ser um guia para todos. Explora a técnica, a postura do analista

e o desenvolvimento do analisando.

O Jogo de Areia é um método baseado na criação prática e criativa na caixa de areia. Quem brinca na caixa de areia, seja adulto seja criança, cria várias imagens tridimensionais na areia, envolvendo-se nesse processo com corpo, alma e espírito. (AMMANN, 2004, p. 11)

A autora diz que cada vez mais há distúrbios provenientes da primeira infância, por

esse motivo, considero que a expressão infantil por meio da técnica

psicopedagógica da Caixa de Areia pode colaborar com os indivíduos e com a

sociedade a fim de desenvolver pessoas mais bem resolvidas e, consequentemente,

mais felizes.

O Jogo de Areia, portanto, é especialmente adequado aos adultos e crianças (...), pois leva a pessoa de maneira não-verbal de volta às camadas mais profundas da psique da primeira infância. (...) Na psicoterapia (...) encontram dentro de si a “criança pequena” que não consegue dizer “onde dói”. (AMMANN, 2004, p. 15 e 17)

E assim como a análise dos sonhos, essa técnica exige grande envolvimento do

analisando, embora a caixa de areia nem sempre recorra à fala.

A autora faz um ótimo resumo de seus primeiros dizeres, o qual senti dificuldade de

resumir devido à riqueza de informações:

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(...) no Jogo de Areia o processo de transformação integral, que inclui psique e corpo, desenvolve-se através da construção criativa com as mãos, de modo principalmente não-verbal, e somente após sua conclusão será interpretado verbalmente, conforme os conceitos da psicologia analítica. Por isso, no meu entender, não classificaria o método do Jogo de Areia como basicamente não-verbal. Mas (...) em fases distintas. Primeiro verifica-se a fase não-verbal e não-interpretativa de construção criativa, quando o analista assume postura protetora (...) e compreensiva. (...) Tais períodos silenciosos numa sessão de terapia, onde nada se conversa, são extremamente belos e valiosos. Não é o silêncio do constrangimento, mas o silêncio consciente. Analista e analisando dedicam-se juntos ao mundo interior do analisando e, nesse momento, estão muito próximos um do outro. (AMMANN, 2004, p.28)

FAGALI (2009) complementa essa idéia alegando que

Por meio das construções em areia, complementadas com montagens de estatuetas e outros objetos simbólicos, as projeções inconscientes ocorrem conectadas com possíveis construções e elaborações conscientes que se tornam criativas e reveladoras para os participantes do processo. Scoz apresenta novas utilizações da caixa de areia, ao articular as expressões não verbais com as verbais que possibilitam a dialógica entre pesquisador e sujeito da pesquisa, orientador e aprendiz. Esta é uma, entre outras importantes questões que mobilizam as reflexões e pesquisas de Scoz, ampliando as perspectivas da pesquisa psicopedagógica, por meio das articulações entre expressões não verbais e verbais. (FAGALI, 2009)

Ruth Ammann vai além e mostra que há dois tipos de processos: o curativo e o de

transformação, os quais utilizarei mais adiante para explorar a Caixa de Areia nos

ambientes clínico e escolar.

A autora explora momentos em que queremos reconstruir a nossa personalidade e

juntamente com uma breve descrição de neurociências, explica as diferenças e as

vantagens de termos as duas caixas: uma com areia seca, que se movimenta, e

outra com areia molhada, com firmamento e solidificação.

Particularmente senti que estou avançando enquanto pesquisadora, pois apesar de

ambas trabalharem com o self, concordo com a autora que há uma vantagem da

Caixa de Areia sobre o relato dos sonhos. Essa idéia pode ser vislumbrada na

seguinte passagem: “O relato de um sonho se defronta com o perigo de não incluir

suficientemente o colorido e os matizes dos sentimentos da vivência onírica, levando

precipitadamente à interpretação da mensagem do sonho.” (AMMANN, 2004, p.32)

E a Caixa de Areia é manipulada inconscientemente sob a supervisão de um

analista, podendo ser explorada e analisada com mais detalhes, sem a presença

intensa da censura do nosso mecanismo de defesa.

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A autora também mostra a importância dos símbolos presentes na alquimia, nos

sonhos e na areia. Posso acrescentar que também são vistos nos contos de fadas.

A terapia na caixa de areia permite uma expressão tangível tridimensional dos conteúdos incipientes inconscientes Os cenários na areia representam figuras e paisagens do mundo interior e exterior, situando-se aparentemente entre estes dois mundos e ligando-os. (Weinrib L., 1993).

Para tanto, cito Ruth Ammann para execução prática:

(...) no centro da sala de Jogo de Areia encontra-se uma caixa de areia, com a superfície de cerca 57 x 72 cm na altura de uma mesa. Tal medida corresponde ao campo de visão de uma pessoa que se encontra de pé diante da caixa. A caixa tem aproximadamente 7 cm de profundidade e é preenchida com areia fina. Isso permite um trabalho em altura e profundidade. O fundo da caixa é pintado de azul, para que, quando se desejar, possa despertar a idéia de água. A areia também pode naturalmente ser misturada com água de verdade, para torná-la mais maleável ou para criar um pântano, por exemplo. Como a areia não seca de uma hora para a outra, é aconselhável ter duas caixas, para que a areia seca também esteja sempre disponível.

Ao lado, o analisando tem grande quantidade de pequenas figuras à sua disposição: pessoas de diferentes épocas e em diferentes funções, animais, árvores, plantas, casas e aparelhos correspondentes, construções sagradas e símbolos religiosos, pontes, carros e muito mais, mas também pedras, madeira, bolas de vidro e pedrinhas coloridas de vidro, conchas e matéria-prima de todo tipo para a fabricação própria de tudo aquilo que não está disponível. (AMMANN, 2004, p. 43)

Lembrei-me da importância de material que deve ser oferecido na Caixa Lúdica

proposta pela Psicopedagogia. Estabelecendo assim mais uma semelhança em prol

do uso dessa técnica no trabalho psicopedagógico.

Assim, o analisando pode explorá-la sem que o analista instrua sobre o que fazer. A

partir daí, assim como na prática pedagógica escolar, todo o processo deve ser

considerado e não apenas o produto final.

(...) pode-se constatar que a caixa de areia exerce grande poder de atração sobre crianças e adultos, pois eles têm necessidade humana profunda de dar forma e representar o seu mundo. Também sentem que esse fazer é criativo, lhes faz bem e tem propriedades curativas. (AMMANN, 2004, p.48)

A autora afirma que as obras não devam ficar expostas como obras de arte, pois

pertencem ao mundo interno de cada indivíduo. Contudo, são importantes para

trabalhar com os níveis e com os tipos de consciências a fim de promover a auto

regulação, permitindo trazer memórias à consciência.

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Ela mostra que a disposição dos objetos no espaço também é algo significativo. E

ainda, descreve um pouco o processo e a importância da imaginação a partir do

comentário de Jung sobre a afirmação de Ruland, definindo imaginação como

“extrato concentrado das forças vivas do corpo e da alma” (AMMANN, 2004, p. 69)

Enfim, antes de apresentar três casos, faz um pequeno resumo sobre imagens

representacionais e fisiologia.

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“Um cenário de areia também é uma espécie de jardim da alma, onde o dentro e o fora se encontram. Nele uma pessoa pode observar e aprender a reciprocidade entre mundo interno e mundo externo, dentro de um espaço protegido.”

(AMMANN, 2004, p.36)

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CAPÍTULO II: A CAIXA DE AREIA E O OLHAR PSICOPEDAGÓGICO

O Psicopedagogo, na função de mediador do processo de aprendizagem, necessita oferecer estratégias que oportunizem ao aprendiz a autoria e reconhecimento de sua forma de aprender e inclusão do objeto de estudo em seu repertório, adquirindo valor significante e pessoal. A prática psicopedagógica pode valer-se de recursos que possibilitem a transição entre o real e o imaginário, a utilização do lúdico, de várias linguagens e expressões, para construção da aprendizagem. (ROCHA, 2005)

A partir das palavras de ROCHA (2005), com base na teoria apresentada por

AMMANN (2004) no capítulo anterior, podemos pensar que a Caixa de Areia pode

ser um instrumento psicopedagógico, pois trabalha com o imaginário, com o lúdico e

com conteúdos inconscientes que, por sua vez, interferem no sistema de

aprendizagem.

A auto-regulação do inconsciente acontece por meio dos sonhos, atos falhos e

chistes. Contudo, ao trabalhar com conteúdo inconsciente pode-se atingir vida

emocional mais saudável. E isso, apesar das dificuldades, é também papel da

educação. De acordo com AMMANN (2004), ao discursar sobre as possibilidades da

Caixa de Areia, afirma que:

Mesmo para educadores responsáveis é tarefa difícil permitir que a auto-regulação de corpo e alma aconteça. Pois é exatamente disso que se trata: educação e limites são necessários para a formação da personalidade e para a adaptação ao meio ambiente; contudo, devemos deixar que aconteça aquilo que quer acontecer a partir do núcleo da alma da criança. Fazer uma coisa e não permitir outra: eis a difícil tarefa! (AMMANN, 2004, p. 62)

Um exemplo brilhante do uso de Caixa de Areia pode ser encontrado na obra de

AXLINE (1974), na qual há um relato de experiência com um paciente infantil, Dibs.

Dibs é encaminhado para sua terapeuta com suspeita de diagnóstico de deficiência

mental. Após o tratamento, inclusive com a ferramenta Caixa de Areia, ele se supera

e se desenvolve, mostrando que seu diagnóstico não só estava errado, como suas

aprendizagens eram opostas. Nessa obra, a autora atua como psicóloga, mas

poderíamos imaginar que devido às questões escolares, ele poderia ter sido

encaminhado para uma psicopedagoga. Apesar da diferença no trabalho entre as

duas especialidades profissionais, poderíamos vislumbrar que o trabalho com a

Caixa de Areia teria sido de grande valia de qualquer forma. Afinal, de acordo com o

embasamento teórico do curso de Psicopedagogia da Universidade Anhembi

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Morumbi, a maioria das questões psicopedagógicas está permeada de questões

emocionais.

“Os fenômenos em questão são as pequenas falhas comuns aos indivíduos normais e aos neuróticos, fatos aos quais não costumamos ligar importância – o esquecimento de coisas que deviam saber e que às vezes sabem realmente (...). Juntam-se ainda os atos e gestos que as pessoas executam sem perceber e, sobretudo, sem lhes atribuir importância mental, como sejam trautear melodias, brincar com objetos, com partes da roupa ou do próprio corpo etc. Essas coisinhas (...) são extraordinariamente significativas e quase sempre de interpretação fácil e segura (...); verifica-se que mais uma vez exprimem impulsos e intenções que devem ficar ocultos à própria consciência, ou emanam justamente dos desejos reprimidos e dos complexos que, como já sabemos, são criadores dos sintomas e formadores dos sonhos.” (FREUD, 1910)

Apesar de essas teorias psicológicas poderem ser aplicadas à psicopedagogia, a

relação do olhar psicopedagógico com a Caixa de Areia não aparece tão

claramente. Contudo, no II Simpósio Internacional de Psicopedagogia em São Paulo

(2008), conheci o trabalho de Maria Tereza Andion em uma oficina. Ela explicou um

pouco sobre o método e convidou alguns expectadores para brincar nas areias seca

e molhada. Nesse momento, o olhar do psicopedagogo com essa ferramenta, antes

psicológica, ficou mais claro.

A palestrante trouxe conceitos piagetianos de equilibração entre assimilação e

acomodação, e ainda, discursou sobre a predominância de um dos dois

funcionamentos. E concluiu dizendo que – repito suas palavras de acordo com as

minhas anotações realizadas no dia 6 de setembro de 2008:

“- O jogo de areia abre espaços mentais para a aprendizagem na medida em que o sujeito expressa a sua originalidade, o ser-se único (proposto no processo de individuação de Jung) e mostra a sua subjetividade na objetividade possível, permitindo-se pensar e ser um sujeito que pode construir o seu conhecimento (...) Cada cenário é único, porque aquele instante é o do momento... A subjetividade do momento! Que é levada para objetividade.”

Dessa forma, podemos estabelecer possível parceria entre Caixa de Areia e o olhar

psicopedagógico, uma vez que ambas possibilitam tornar coisas subjetivas em

aprendizagem efetiva, isso se justifica porque um aluno pode não aprender o que

seu professor explicou por lhe faltar subjetividade no processo de ensino. Da mesma

forma que, pelo fato do professor já dominar bem um conteúdo, pode não saber

transmiti-lo aos seus alunos, pela falta de reflexão sobre o processo de assimilação

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e acomodação necessário, por exemplo, não pensa quais conteúdos deveriam ser

previamente apresentados à turma para que um tópico possa ser discutido e

aprendido pelos aprendentes.

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Ao contrário, as cem existem.

A criança é feita de cem. A criança tem

cem mãos cem pensamentos

cem modos de pensar de jogar e de falar. Cem sempre cem modos de escutar

as maravilhas de amar. Cem alegrias

para cantar e compreender. Cem mundos para inventar. Cem mundos para sonhar.

A criança tem cem linguagens

(e depois cem cem cem) mas roubaram-lhe noventa e nove.

A escola e a cultura lhe separaram a cabeça do corpo.

Dizem-lhe: de pensar sem as mãos de fazer sem a cabeça

de escutar e de não falar de compreender sem alegrias

de amar e maravilhar-se só na Páscoa e no Natal.

Dizem-lhe: de descobrir o mundo que já existe

e de cem roubaram-lhe noventa e nove.

Dizem-lhe: que jogo e trabalho

a realidade e a fantasia a ciência e a imaginação

o céu e a terra a razão e o sonho

são coisas que não estão juntas.

Dizem-lhe:

que as cem não existem A criança diz:

ao contrário, as cem existem.

(MALAGUZZI, Loris. In:EDWARDS, 1999, p.5)

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CAPÍTULO 3: AS POSSIBILIDADES DA CAIXA DE AREIA COMO FORMA DE

EXPRESSÃO

Modelar a areia, escolher miniaturas, colocá-las no espaço, interagindo (ou não)

com as peças e com o processo: A Caixa de Areia é um a bela forma de expressão.

Uma expressão rica em simbologia, passível de ser lida, interpretada, trabalhada,

visando a compreensão e o desenvolvimento da psique do paciente

psicopedagógico.

Ao término do segundo ano, graças à aquisição da linguagem simbólica e maior elaboração e inúmeros processos psíquicos (percepção, atenção, memória etc.), complexifica-se a elaboração e organização do pensamento infantil. A criança começa a estabelecer relações entre atos constelando-os como atividade orientada por dado motivo (“por que” da atividade’). Em princípio, a atividade da criança congrega poucas ações, e ações simples, mas gradativamente, segundo suas condições de aprendizagem, elabora de modo extremamente rico a complexa atividade consciente, que demanda a construção de fins e motivos e a subordinação a eles das ações e atividades realizadas. Esta complexificação á a característica mais marcante na superação da primeira infância em direção à infância propriamente dita. (DUARTE, 2006, p.33)

Posteriormente, a autora complementa essa explicação, descrevendo a importância

do jogo simbólico na fase infantil correspondente a faixa dos 3 a 6 anos de idade,

conforme vemos na seguinte passagem:

A brincadeira de papéis influencia decisivamente o desenvolvimento global da criança. Ao brincar, ela aprende a ser e agir diante das coisas e das pessoas, pois é a partir das ações práticas realizadas que os processos internos se estruturam, orientando outras ações práticas, mais autônomas e complexas, que enriquecerão os processos internos e assim sucessivamente. Portanto, as brincadeiras infantis destacam-se no vasto campo social que circunscreve a vida da criança e que representa a base do desenvolvimento de todos os atributos e propriedades humanas. (DUARTE, 2006, p.39)

3.1 EXPRESSAR SENTIMENTOS: UMA NECESSIDADE INFANTIL

A caixa de areia funcionaria assim, como mais uma forma da criança se expressar.

EDWARDS (1999) traz a proposta pedagógica aplicada em Reggio Emília, na Itália,

mostrando o valor das diferentes linguagens infantis.

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Devido a minha experiência profissional, tomarei como base crianças com 3 a 5

anos de idade. Nessa faixa etária, a criança se expressa bastante por meio do Jogo

Simbólico, proposto por Piaget.

Nessa vivencia, a criança externaliza situações que a incomodam ou mesmo coisas

com as quais precisa aprender a conviver, podendo assim viver sem um dos

progenitores, conforme deseja o indivíduo que esteja vivenciando o Complexo de

Édipo, proposto por Freud.

A Caixa de Areia seria para criança mais uma forma de se expressar, assim como o

ato de desenhar ou brincar de casinha ou heróis (propostas das crianças para as

brincadeiras em que notamos a presença dos jogos simbólicos).

Segundo AMMANN (2004):

Tomemos alguns exemplos simples. Colocamos uma folha de papel em branco diante de uma criança e alguns lápis de cor – normalmente ela começaria a desenhar sem hesitar. Ou damos à criança uma caixa de areia e algumas figuras – ela rapidamente começará a brincar na areia. Cria montanhas e vales, lagos e florestas, constrói ruas e casas, coloca homens e animais dentro, até que o espaço vazio esteja preenchido com vida. Sempre partindo da premissa de que a criança pode simplesmente brincar e não ser forçada a apresentar um desempenho através da representação, também a caixa de areia intocada será rapidamente preenchida com imagens vivas do mundo interno da criança. Essas imagens existem, querem fluir para fora, precisam de espaço para isso. Por isso, crianças com dificuldades psíquicas são quase que magicamente atraídas pela caixa de areia (...) (AMMANN, 2004, p. 47)

Outro fato interessante a observar nesse item é que a “pressão” para que a

aprendizagem aconteça sufoca tanto que às vezes provoca resultados opostos aos

esperados. Tempo atrás ouvi uma expressão que a vida é como a areia nas mãos:

se apertarmos demais, vaza entre os dedos. Da mesma forma deve ser a expressão

infantil, pois é o ícone de aprendizagem para essa faixa etária: a criança deve poder

se expressar com as suas linguagens: oral, corporal, por meio das brincadeiras e

dos jogos simbólicos.

3.2 A ESCOLA COMO LOCUS DE EXPRESSÃO INFANTIL

Realizei um estágio em uma instituição escolar para concluir o curso de

Psicopedagogia. Optei por observar as expressões infantis. Com base em

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EDWARDS (1999), notei que a criança se expressa por diferentes linguagens. E a

escola precisa oferecer espaços que ela se expresse, explorando e lançando mão

das “cem linguagens” pertinentes à primeira infância.

Inicialmente meu olhar estava voltado para expressão por meio da linguagem oral,

mas no decorrer do estágio constatei que os alunos lançam mão de diversas

linguagens e que são igualmente importantes, sobretudo quando comparadas com

as teorias da Psicopedagogia, que compreendem o sujeito como um ser com

potencial mais forte em alguns campos do conhecimento, ou seja, em diferentes

linguagens.

Além do tipo de ensino, pautado no sócio-construtivismo, as avaliações na

instituição observada são realizadas por diferentes meios. A opinião e participação

do aluno são avaliadas, assim como trabalhos individuais e grupais, bem como

registros dissertativos. Dessa forma, o aluno precisa saber se expressar perante o

grupo e para os professores. Assim, as relações interpessoais são valorizadas e

trabalhadas constantemente.

Contudo, meu olhar supera esse tipo de relação, uma vez que ao interagir com

objetos (confeccionados diretamente para educação, ou mesmo brinquedos e

materiais não estruturados), o ser humano revela outras linguagens, outras formas

de expressão. Afinal, a função simbólica está presente nas linguagens do brincar.

Por meio da valorização das expressões infantis, as escolas poderiam proporcionar

um espaço mais acolhedor, principalmente por que a teoria psicopedagógica

defende o afeto permeando a educação constantemente.

De acordo com as idéias de DANTAS (1992) sobre a teoria de Wallon, a afetividade

é importante para que o cognitivo se desenvolva, até mesmo por que os gestos e as

palavras referem-se a uma idéia. Somente depois a idéia fará com que o indivíduo

busque palavras. Assim, tomando como base a faixa etária dos alunos que cursam a

Educação Infantil, as diferentes formas de expressão se tornam importantes, pois

nem sempre a criança verbalizará suas necessidades, nem mesmo suas conquistas,

mas cabe ao educador observar suas atitudes, podendo favorecer situações para

solidificar o processo e ainda, para explorar e atingir novas aprendizagens.

O espaço, as relações, a teoria da função simbólica e as interações e mediações

certamente favorecem a aprendizagem, o desenvolvimento e o ensino.

Certamente a linguagem utilizada em casa é diferente da linguagem utilizada na

escola. As formas de expressão são diferentes (e devem ser, pois o indivíduo está

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inserido em sistemas distintos). Mas cabe dizer que além das questões familiares a

postura da escola tem grande influência na criação de problemas de aprendizagem:

SCOZ (2008) retoma Ferreiro (1985, 1986) e relata que a escola pode contribuir com

o desenvolvimento das crianças, respeitando a fase do desenvolvimento esperada

para sua faixa etária. Aos poucos, introduzindo desafios, os “erros” se tornariam

obstáculos a serem superados, e consequentemente, seria algo construtivo.

Diversas vezes discutimos no curso de Psicopedagogia ministrado pela

Universidade Anhembi Morumbi que a escola frequentemente se transforma em uma

das maiores provocadoras do fracasso de aprendizagem.

(...) para que haja um avanço na aprendizagem, também é necessário que a criança possa perceber que pode “errar” na construção de seu conhecimento e que nem sempre o caminho por ela escolhido é o mais adequado. Para que isso seja possível, as professoras necessitam conhecer o papel do erro na aprendizagem, discernindo os erros que são construtivos, por ocorrerem em função de uma hipótese da criança, daqueles que não o são, por não significarem avanços na forma de pensar. Convém lembrar que erros de natureza distinta não devem ser tratados de forma semelhante, uma vez que exigem condutas pedagógicas diferentes para sua eventual superação. De acordo com a teoria piagetiana, a construção do conhecimento implica em momentos de equilíbrio e de desequilíbrio, numa sucessão de conflitos que perturbam o sujeito e o obrigam a modificar-se. A riqueza dos conflitos, ou seja, de desequilíbrio superior e maior que o anterior. Daí o termo “equilibração majorante” utilizado por Piaget. Assim, se a criança obtém êxito, o professor deve colocar-lhe novas situações problema que provoquem desequilíbrios, levando-a a construir novos patamares cognitivos. (SCOZ, 2008, p.105 e 106)

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(...) a evolução do jogo prepara para a transição para uma fase nova, superior, do desenvolvimento psíquico, a transição para um novo período evolutivo.”

(ELKONIN, 1998, p. 421)

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CAPÍTULO 4: A CAIXA DE AREIA SOB O OLHAR PSICOPEDAGÓGICO

De acordo com a epígrafe que abre esse capítulo, podemos refletir sobre as

possibilidades que o jogo traz como aliado ao desenvolvimento. Da mesma forma

que o jogo, a Caixa de Areia é agora apresentada como aliada do desenvolvimento

infantil, pois permite que esse pequeno ser expresse a grandeza de sua psique. Ao

discursar sobre a Caixa de Areia, AMMANN (2004) cita a paciência e atenção que

os educadores devem ter com o “vir-a-ser”.

Conforme diz LIMA (2007):

O faz de conta é uma atividade simbólica, na qual a criança constrói o significado pela ação de o expressar. É uma das formas de linguagem mais significativas da criança pequena, principalmente, dos quatro aos seis anos. Podemos afirmar que, nesta forma de brincadeira, a criança efetivamente dá significados a movimentos, a objetos, a sons, a pessoas e a si mesma, através do desempenho de papéis. Na brincadeira de faz de conta, a criança pequena expressa o que está “entendendo” da vida humana. (LIMA, 2007, p.19 e 20)

COSTA (2006) complementa essa idéia afirmando que:

(...) a fantasia não é algo a desconsiderar como uma simples ilusão a ser desfeita. A realidade psíquica-motor de tudo o que diz respeito às formações do inconsciente – tem efeitos reais, que produzem modificações no organismo e interferem na percepção que temos da realidade do mundo e das coisas. (A. COSTA, 2006, p.11)

A partir dessas observações cabe dizer que ao se exporem, as crianças mostram o

que querem, mas nem sempre de forma clara e objetiva. Muitas vezes, utilizam

outras linguagens, próprias da infância. Cabe ao educador buscar compreender

seus alunos e nortear sua prática docente. Assim, questões psicológicas

colaborariam ainda mais com o fazer pedagógico.

Essa abordagem psicopedagógica da escola faz sentido e pode ser justificada por

um trecho da obra de Furlanetto (1989):

(...) Jung aborda a importância dos professores possuírem um conhecimento psíquico aprofundado que não deve ser transmitido às crianças, mas sim servir de instrumento para o trabalho efetuado com elas. Ele vê a escola como um local que auxilia a criança no desenvolvimento de sua consciência. Acredita que se não houvesse escolas, as crianças continuariam num grau de inconsciência muito maior, começariam a vida num estado de cultura consideravelmente inferior. (...)

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Ele aponta o papel importante desempenhado pela escola nesse processo, por ser o 1º ambiente em que a criança encontra-se fora da família. A tarefa do professor passa a ser, então, não só trabalhar com o conhecimento, sobre a personalidade da criança é no mínimo, tão importante quanto a transmissão de conhecimentos. Contribuir para que a criança perceba que ela está destinada ao mundo e não só a ser filha de seus pais, é fundamental na escola. (FURLANETTO, 1989, p.19)

AMMANN (2004) explica que há dois tipos de processo pelos quais os pacientes

podem passar durante o uso da Caixa de Areia: o processo curativo e o processo

transformador.

4.1 CLÍNICA

Acredito que na clínica o processo majoritário seria o curativo.

“O processo curativo atua em pacientes que sofrem de distúrbios ou feridas psíquicas, que se formaram já antes do nascimento ou na primeira infância. Sofrem do chamado distúrbio da relação primal, que os impossibilita de crescer com saudável confiança no mundo e no seu próprio processo de vida. Nesses casos o processo terapêutico leva às camadas vivenciais profundas da primeira infância, não acessíveis ao consciente e à verbalização. A energia psíquica retorna ao núcleo saudável da alma. Essas imagens e forças da totalidade imperturbada são revitalizadas e passam a atuar novamente através do Jogo de Areia, levando à formação de uma base sadia, sobre a qual a reconstrução da personalidade é possível.” (AMMANN, 2004, p. 25)

Pensando em minha formação, acredito que me encantei com a Caixa de Areia e

com o potencial curativo e esclarecedor dos sintomas da psique a partir da leitura do

livro “Dibs - Em busca de si mesmo”, de Virginia M. Axline.

Uma criança que chega com rótulos, apontada como um ser cheio de defeitos tanto

pela escola como por seus pais, que por meio do processo psicoterapêutico se

descobre, se cura e mostra todo seu potencial, suas qualidades e superação no seu

desenvolvimento. Tais conquistas podem ser mostradas a partir do trecho abaixo:

“Parou a conversa e voltou a escavar a areia. Com ela encheu o caminhão. Empurrou-o, fazendo-o circular por ali. (...) A beleza e a força de linguagem dessa criança era impressionante. E pensar que toda essa capacidade de expressão havia crescido e florescido, embora reprimida e encoberta, na impetuosidade do seu medo, solidão e ansiedade. Mas, agora que começava a entender o seu medo, e a descobrir verdades, Dibs ia crescendo e desabrochando. Estava trocando seu pavor, sua raiva, e suas

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angústias, pela esperança, confiança e alegria. Sua profunda tristeza e o sentimento de derrota estavam dissolvendo-se.” (AXILINE, 1999, p.99)

No decorrer do processo psicoterapêutico, a autora-terapeuta disponibiliza a

ferramenta Caixa de Areia em seu consultório.

Cabe à clínica lidar com o processo curativo, inclusive, pois é nesse espaço que o

psicopedagogo pode explorar as questões de formação provindas do ambiente

familiar. De acordo com AMMANN (2004, p.35), “(...) a confiança na própria alma e

no próprio corpo, o conhecimento acerca da saúde e da doença e sobre a respeito

da sexualidade a criança jamais aprenderá na escola: esse conhecimento é

transmitido através do modelo dos pais no dia-a-dia.”

4.2 ESCOLA

À escola, caberia então, o processo transformador apresentado por AMMANN:

“O processo transformador acontece de maneira diferente. Aqui se trata de pessoas que em principio tem base de vida saudável e Eu estável, mas cuja visão de mundo é estreita e unilateral demais, ou se tornou doentia. Elas sentem que algo dentro delas não está em ordem, são irrequietas, desanimadas ou até depressivas ou doentes. Algumas sentem claramente (talvez a partir de seus sonhos) que se realiza transformação ou que será necessário ampliação da consciência, e entram conscientemente no processo, sem serem levadas pelo seu sofrimento inconsciente. (...) Essas transformações psíquicas que mudam profundamente a visão de mundo da pessoa pressupõem consciência do Eu saudável e autovalorização, formando degraus no processo de Individuação do ser humano.” (AMMANN, 2004, p.26)

Nos planos de trabalho da Educação Infantil, muitas vezes nos deparamos com

objetivos que devam ser cumpridos. A motricidade fina é muito discutida. Medel

(2010) sugere algumas atividades para trabalhar com a motricidade refinada das

crianças, e uma idéia é utilizar a caixa de areia “onde a criança deverá fazer

desenhos na areia com os dedos”. Inclusive, essa autora cita a possibilidade da

inclusão de crianças com deficiência visual.

De qualquer forma, poderíamos pensar num projeto de expor a Caixa de Areia na

sala de aula, como mais um brinquedo a ser utilizado a fim de maximizar o

desenvolvimento infantil a fim de proporcionar melhor processo de Individuação do

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Eu, proposto por AMMANN (2004), conforme citado anteriormente na descrição do

processo transformador.

Certamente iríamos nos deparar com situações de disputa. Poderíamos pensar em

criar regras e combinados, para que apenas uma criança atuasse nesse espaço.

Outra questão que iríamos ter que pensar seria no ato de desmanchar o cenário

feito, pois se fosse feito por outra criança poderia passar a impressão de invasão.

Da mesma forma, o professor poderia se tornar menos querido (e com isso provocar

outras questões inimigas da aprendizagem, do espaço e do vínculo necessário).

TOGNETTA (2003), tomando como base a teoria de Winnicott, classifica a caixa de

areia funciona como um objeto transicional.

Com as caixas de areia, professor e terapeuta têm, a sua frente, uma possibilidade de constatar a organização psíquica da criança, seus problemas e sentimentos presentes. Como a caixa de areia constitui uma atividade cuja comunicação consolida-se muito mais enquanto não verbal, somente quando a criança verbaliza suas construções determina causas e efeitos contidos em seus cenários, podemos, então, compreender tais processos.” (TOGNETTA, 2003, p.164)

Com base na proposta de TOGNETTA (2003), também exposta durante o curso “A

Formação moral e ética na Escola: os procedimentos da educação moral”, realizado

pelo Pueri Domus Escolas Associadas, em 2008, as Caixas de Areia podem ser

aplicadas na escola. Essa autora se baseia no texto de Cavenaghi (CAVENAGHI,

s/d).

O procedimento sugerido consiste em

“Uma criança, por dia, poderá montar o cenário que quiser com os materiais sobre a areia. O cenário somente poderá ser desmanchado por ela ou pela professora, após o término da aula, Isso lhe trará segurança e, ao mesmo tempo, não correrá o risco de ter seus cenários comparados a outros. O trabalho com caixas de areia tem sido realizado enquanto processo terapêutico utilizado apenas do ponto de vista clínico. Consiste em oferecer a possibilidade de um jogo espontâneo com símbolos que permitam canalizar ou transformar, por canais de criatividade, emoções ou sentimentos bloqueados”. (TOGNETTA, 2003, p.162).

Essa autora afirma que “(...) embora os profissionais que lidem com essa atividade,

os professores, não sejam especialistas em psicologia e, portanto, não poderão se

atrever a intervenções terapêuticas.”

Contudo, caberia dizer que professor-psicopedagogo também não deve fazer

nenhuma intervenção em sala de aula, pois esse não é seu papel como educador

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institucional em sala de aula, porém, essa formação poderá colaborar na observação

e num melhor encaminhamento para outro profissional, caso haja necessidade.

Contudo, a aproximação de seu aluno, permitir que ele se expresse e compartilhe

sua vida e suas emoções em sala de aula poderá ser tomado como uma prática

psicopedagógica e ainda permite que o aluno estabeleça um vínculo mais afetivo e

afetuoso com o lugar da educação formal, atuando como um método preventivo para

que não haja tantas crianças com altos índices de dificuldade ou fracasso escolar.

(...) ao professor não cabe uma intervenção direta (...). Muitas vezes, o professor pode se deparar com inúmeros problemas apresentados pela criança e se comover com seus sofrimentos, mesmo assim, ele não poderá sentir-se na obrigação de solucioná-los. É preciso que fique bastante claro ao professor que sua tarefa é possibilitar a oportunidade de a criança vivenciar essa experiência. Nenhum julgamento de valor deve ser atribuído ao cenário da criança. (...) Podemos inferir que, por exemplo, quando uma criança, simbolicamente, afoga o irmãozinho na areia, significa que se ela o fez simbolicamente, pôde manifestar sua raiva e descontentamento experimentados em alguma situação vivenciada por ela com o irmão. Dessa forma, podemos dizer que não será preciso converter ações de violência na vida real, em suas relações com o irmão. É claro que não poderemos considerar tais afirmações como suficientes para explicar as relações com o irmão. (...) as crianças, que vivenciam essas experiências simbólicas como a caixa de areia (...) terão muito mais chances de terem seus conflitos afetivos resolvidos mais facilmente, estarem bem consigo e com os outros. (TOGNETTA, 2003, p.164 e 165).

“(...) o professor poderá usar frases do tipo: “vejo que você colocou várias árvores

em seu cenário... vejo que você está indeciso sobre quais objetos usar...” mas em

nenhum momento, solicitar que a criança conte sobre o seu cenário.” (TOGNETTA,

2003, p. 164).

Por esses motivos e com base na teoria de TOGNETA (2003), gostaria de arriscar

uma sugestão de proposta de trabalho com Caixa de Areia no ambiente escolar:

Com base na proposta sócio-construtivista costumo acatar muitas sugestões dos

meus alunos para fazer da “nossa classe” o “nosso espaço”, e não um local onde o

professor dita as regras. Assim como estabelecemos o Contrato Pedagógico, que

são as nossas regras, apresentaria a Caixa de Areia em uma roda de conversas e

combinaríamos com a classe (assim como fazemos com todos os jogos e

procedimentos numa boa Educação Infantil) explicando que a nossa Caixa de Areia

é especial e que somente o ajudante do dia poderá mexer nela logo depois de fazer

o calendário ou no momento de brincar, após o lanche. Vamos combinar que mais

ninguém vai mexer nela. Todo mundo terá o seu dia, assim como o ajudante do dia.

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Refletiríamos que ninguém gosta que mexam em suas coisas... E com a caixa de

areia seria a mesma coisa.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A fantasia infantil é criada com base nos elementos reais de suas vidas. Dessa

forma, os personagens refletem pessoas de seu convívio. A imaginação se

desenvolve e colabora com o desenvolvimento da criatividade, essencial para que a

aprendizagem aconteça. A Educação Infantil não é obrigatória em nosso país, mas

sabemos que a primeira infância – correspondente a essa etapa educacional é de

extrema importância para o desenvolvimento biológico, emocional e cognitivo do

sujeito. Serve de base para todas as outras aprendizagens.

Diversas vezes ouvimos o senso comum dizer que na Educação Infantil os alunos só

brincam. Em parte, podemos considerar isso verdade, o que falta é ressignificar a

importância do brincar e principalmente, qual o papel do professor diante dessa

brincadeira. Propor a Caixa de Areia em sala de aula pode parecer apenas mais um

momento lúdico: De fato é! Não obstante, com um olhar atento e uma proposta

intencionada supera a mera distração do famoso “é só brincadeira”... Afinal, as

mesmas pessoas que dizem que na escola os pequenos só brincam concordam com

a frase fundamental “Toda brincadeira tem um fundo de verdade”.

“Quando as crianças montam seus cenários na caixa de areia, estão tornando externos os símbolos relacionados a sentimentos de amor, agressividade, raiva, ciúme cujos interesses estão ligados ao próprio corpo (ibid.), às suas sensações vivenciadas na experiência consigo mesmo e com os outros, de que não tem consciência.” (TOGNETTA, 2003, p.163)

Bautheney (s/d) afirma que “o psicopedagogo pode atuar num nível institucional (...)

para propor à escola uma reflexão acerca da escuta.”

Dessa forma, noto que há uma grande semelhança com meu trabalho desenvolvido

anteriormente: os sonhos e os contos de fadas também permitem que a criança se

expresse, maximizando seu desenvolvimento e minimizando os possíveis problemas

causados pelos conflitos cotidianos, sobre tudo na fase edípica.

Em suma: sonhos, contos de fadas, caixa de areia, fantasias, brincadeiras... Tudo

que permita a expressão do emocional pode ser tomado pelo educador como um

recurso favorável ao desenvolvimento e a boa educação.

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36

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