A CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA: ANÁLISE DE FORMAÇÃO DE ... · produtividade da bovinocultura...

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“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006” A CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA: ANÁLISE DE FORMAÇÃO DE PREÇOS DA CARNE BOVINA NO RIO GRANDE DO SUL 1 Mikael Neumann¹, Cedinéia Zuchonelli², Rita Inês Pauli Prieb³ 1 Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor do Departamento de Medicina Veterinária da UNICENTRO. E mail: [email protected] 2 Economista. E mail: [email protected] 3 Economista, Dra., Professora do Departamento de Economia da UFSM INTRODUÇÃO A cadeia produtiva da carne bovina no estado do Rio Grande do Sul assume características específicas em relação às demais regiões, devido aos seus solos e campos, ao clima temperado como também pelo estilo dos manejos dos bovinos. Fatores como competição por área, por outras atividades agrícolas, competição de outros tipos de carnes, tais como: frango e suíno, somados à estabilidade econômica, caracterizam o novo cenário da pecuária gaúcha. Essas situações caracterizam a necessidade de novas formas de organização e atuação dos agentes econômicos e governos, de modo que, a inserção com sucesso, da cadeia produtiva da carne bovina, nessa nova dinâmica, depende em grande parte, da capacidade de coordenação de seus agentes. Em anos recentes se intensificaram os esforços para melhorar os índices de produtividade da bovinocultura de corte, de forma que os produtores estão adotando novas tecnologias, a fim de gerar aumentos tanto na produtividade, como na eficiência econômica da produção. Haja vista, que os frigoríficos oferecem bonificações pela oferta de bovinos de qualidade, dentro das exigências/especificações de mercado. Diante da importância que assume a bovinocultura de corte no estado do Rio Grande do Sul, que possui o 5º maior rebanho bovino brasileiro, refere-se ao 1 NEUMANN, M.; ZUCHONELLI, C.; PRIEB, R.I.P. A cadeia produtiva da carne bovina: análise de formação de preços da carne bovina no Rio Grande do Sul. In: JORNADA TÉCNICA EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E CADEIA PRODUTIVA: TECNOLOGIA, GESTÃO E MERCADO, 1., Porto Alegre, 2006. Anais... Porto Alegre: UFRGS – DZ – NESPRO, 2006. 1 CD- ROM. 1

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A CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA: ANÁLISE DE FORMAÇÃO DE PREÇOS DA CARNE BOVINA NO RIO GRANDE DO SUL1

Mikael Neumann¹, Cedinéia Zuchonelli², Rita Inês Pauli Prieb³

1 Engenheiro Agrônomo, Dr., Professor do Departamento de Medicina Veterinária da UNICENTRO. E mail: [email protected]

2 Economista. E mail: [email protected] 3 Economista, Dra., Professora do Departamento de Economia da UFSM

INTRODUÇÃO

A cadeia produtiva da carne bovina no estado do Rio Grande do Sul assume

características específicas em relação às demais regiões, devido aos seus solos e

campos, ao clima temperado como também pelo estilo dos manejos dos bovinos.

Fatores como competição por área, por outras atividades agrícolas, competição

de outros tipos de carnes, tais como: frango e suíno, somados à estabilidade

econômica, caracterizam o novo cenário da pecuária gaúcha.

Essas situações caracterizam a necessidade de novas formas de organização

e atuação dos agentes econômicos e governos, de modo que, a inserção com

sucesso, da cadeia produtiva da carne bovina, nessa nova dinâmica, depende em

grande parte, da capacidade de coordenação de seus agentes.

Em anos recentes se intensificaram os esforços para melhorar os índices de

produtividade da bovinocultura de corte, de forma que os produtores estão adotando

novas tecnologias, a fim de gerar aumentos tanto na produtividade, como na

eficiência econômica da produção. Haja vista, que os frigoríficos oferecem

bonificações pela oferta de bovinos de qualidade, dentro das

exigências/especificações de mercado.

Diante da importância que assume a bovinocultura de corte no estado do Rio

Grande do Sul, que possui o 5º maior rebanho bovino brasileiro, refere-se ao

1 NEUMANN, M.; ZUCHONELLI, C.; PRIEB, R.I.P. A cadeia produtiva da carne bovina: análise de formação de preços da carne bovina no Rio Grande do Sul. In: JORNADA TÉCNICA EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE E CADEIA PRODUTIVA: TECNOLOGIA, GESTÃO E MERCADO, 1., Porto Alegre, 2006. Anais... Porto Alegre: UFRGS – DZ – NESPRO, 2006. 1 CD-ROM.

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respectivo estado, bem como, salienta-se a produção do novilho precoce como

possibilidade de obter maior rentabilidade na prática da atividade.

O presente estudo visa estudar o segmento produtor, processador e distribuidor

da cadeia produtiva da carne bovina, com ênfase na dinâmica da formação de

preços no estado do Rio Grande do Sul, identificando os principais entraves

econômicos que afetam a atividade.

Enfatiza-se, também, o sistema de produção do novilho precoce como

alternativa a tornar o setor competitivo, gerando maior produtividade, lucratividade,

possibilitando maior controle e eficiência à cadeia, bem como apresentando os

pontos críticos que envolvem o sistema, tais como: maior custo de produção, falta de

informação dos diversos segmentos do mercado, falta de estruturação do setor de

acordo com os padrões exigidos na produção de um produto diferenciado, entre

outros.

CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA NO RIO

GRANDE DO SUL

Caracterização da produção da bovinocultura de corte no estado A cadeia produtiva da bovinocultura gaúcha envolve, aproximadamente 200 a

220 mil propriedades rurais, 24 indústrias frigoríficas sob a inspeção federal e 184

sob a inspeção estadual2.

Em relação às plantas de abate de bovinos, consta que 62% das plantas se

localizam na metade Sul do estado, principalmente nas regiões da Campanha,

fronteira Oeste e Sul3.

As raças bovinas mais criadas no estado são as raças européias, como Angus

e Hereford, com a presença também de raças sintéticas, como Brangus e Braford4.

O estado do Rio Grande do Sul apresenta uma forte tradição à produção de

bovinos em pasto natural, contando com cerca de 90% deste. A pecuária gaúcha

fornece uma alimentação à base de pasto em campos nativos e melhorados ou de

pastagens cultivadas; sendo que, a suplementação principal, em sistemas de

2 Segundo o SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul). 3 Idem. 4 Segundo Anuário Brasileiro da Pecuária, 2005.

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confinamento ou de semi-confinamento (na produção de novilhos precoces), é

formada por grãos (farelos, resíduos e subprodutos) excedentes da produção

agrícola e por volumosos5, como silagens e feno, aliando-se a isso a

complementação mineral necessária6.

Com relação à extensão dos estabelecimentos agropecuários, é indicado no

mínimo 100 ha para produtores especializados na engorda e terminação, sendo

estes totalmente dependentes de fornecedores de bezerros e de área mecanizável

para produção de volumosos (silagens e feno), para a alimentação dos animais. À

medida que, a área aumenta, o produtor torna-se menos dependente de

fornecedores de bezerros, participando assim, de atividades pecuárias ligadas a cria

e a recria.

Fica difícil especificar se a produção pecuária se caracteriza por pequenos,

médios ou grandes produtores, visto que, um pequeno produtor pode ter uma

grande produção, enquanto um grande produtor pode não ter uma produção

significativa, pois depende muito da organização da propriedade, dos controles dos

produtores quanto aos elementos que envolvem a sua produção e das suas

perspectivas quanto ao seu negócio.

A Tabela 1 mostra uma comparação do rebanho bovino brasileiro com o

rebanho do estado do Rio Grande do Sul, nas diferentes categorias animais.

Verifica-se, com a Tabela 1, que a categoria de novilhos de 1 a 2 anos, animais

potenciais à produção do novilho precoce, representa 8,37% em relação à

população bovina correspondente à referida categoria no Brasil e 9,70% da

população estadual de bovinos.

Consta que o estado do Rio Grande do Sul ainda tem a avançar na produção

de carne de qualidade superior, pois apresenta um percentual baixo de produção do

novilho precoce, sendo esse o produto da preferência dos principais importadores.

Destaca-se que o rebanho bovino do estado do Rio Grande do Sul representa

8,25% do total do rebanho bovino nacional.

A Tabela 1 também mostra que a eficiência econômica da pecuária de corte no

estado Rio Grande do Sul tem de melhorar devido aos baixos índices técnicos de

5 Volumoso é um alimento forrageiro com teor de fibra acima de 16% (ex.: silagem e feno). 6 Conforme Anuário Brasileiro da Pecuária 2005.

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apenas 65,3% de natalidade e do grande número de animais com idade acima de 2

anos direcionados para o abate.

Isso evidencia uma certa deficiência do setor, visto que, manter animais, que

passam da idade de abate na propriedade, gera custos desnecessários, os quais

interferem nas produções futuras, no sentido de que ocupam espaço destinado a

uma nova produção, como também no sentido de que se torna mais complicado

manter o peso de um animal nesses termos, associado aos índices técnicos de

natalidade baixos. Comprovando, portanto, que o setor deve procurar melhorar a

estrutura de sua produção, se organizando, para alcançar bons índices de

produtividade.

Tabela 1 – Rebanho bovino do estado do Rio Grande do Sul, nas diferentes

categorias animais e suas proporcionalidades em função, da referida

categoria animal e do rebanho brasileiro. Rio Grande do Sul Brasil

Proporção por Proporção por Categorias Cabeças categoria (%) Cabeças categoria (%)

Touros 154.140 1,14 2.171.719 1,32

Vacas 4.672.845 34,45 59.460.221 36,17

Novilhas 2-3 anos 965.639 7,12 12.298.246 7,48

Novilhas 1-2 anos 1.606.065 11,84 19.169.398 11,66

Bezerras 1.853.334 13,67 22.012.294 13,39

Bezerros 1.829.733 13,49 21.917.351 13,33

Novilhos 1-2 anos 1.315.708 9,70 15.710.335 9,56

Novilhos 2-3 anos 765.133 5,64 8.232.282 5,01

Bois 3-4 anos 318.237 2,35 2.764.984 1,68

Bois + de 4 anos 81.785 0,60 659.838 0,40

Total 13.562.616 100,00 164.396.667 100,00

Fonte: FNP Consultoria (Estimativa), 2005.

Já a Tabela 2 mostra como se distribui a produção bovina, bem como, a

participação da Região Sul perante as demais.

Observa-se, no entanto, com a Tabela 2, que a região Sul se encontra na 3ª

posição, em relação ao total do rebanho bovino brasileiro, sendo que perde apenas

para as regiões Centro-Oeste e Sudeste.

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Tabela 2 – Rebanho bovino brasileiro: Efetivo por categoria animal, em 2004. Categorias Norte Nordeste Sudeste C. Oeste Sul Total

Touros 315.828 373.666 464.395 742.189 275.641 2.171.719

Vacas 7.786.929 9.062.243 12.987.744 20.897.207 8.726.098 59.460.221

Novilha 2-3 1.689.770 1.930.023 2.515.159 4.497.790 1.665.505 12.298.246

Novilha 1-2 2.409.719 2.505.017 4.498.416 6.605.202 3.151.044 19.169.398

Bezerras 2.814.787 2.913.084 5.017.966 7.640.909 3.625.547 22.012.294

Bezerros 2.777.964 2.908.027 5.092.647 7.513.100 3.625.613 21.917.351

Novilho 1-2 2.053.041 2.469.039 3.195.965 5.289.233 2.703.057 15.710.335

Novilho 2-3 1.108.075 1.835.178 1.304.105 2.348.015 1.636.909 8.232.282

Bois 3-4 324.175 882.591 236.157 652.230 669.830 2.764.984

Bois + de 4 76.301 338.289 14.894 56.342 174.011 659.838

Total 21.356.589 25.217.158 35.327.447 56.242.218 26.253.255 164.396.667

Fonte: FNP Consultoria, 2004.

Conforme a Tabela 2, verifica-se que o rebanho efetivo da Região Sul do país

representa 15,97% do total nacional. Evidencia-se, também, que a Região Sul

possui 5.183.807 novilhos com idade entre 1 a mais de 4 anos, onde 2.703.057

(52,14%) dos bovinos concentram-se na categoria novilhos de 1 a 2 anos (sistema

de novilhos precoces), demonstrando que ainda precisa melhorar o seu potencial de

produção para o mercado consumidor.

A produção de animais e a indústria estão passando por um processo de

evolução que se tornou quase uma questão de sobrevivência para a referida cadeia

produtiva.

A relativa estabilidade econômica afeta sensivelmente as estruturas de

produção. Os produtores têm que se preocupar em produzir animais num prazo mais

curto e com custo mais reduzido, pois não é mais possível obter ganhos com as

grandes variações de preços no decorrer do ano. Existem grupos eficientes, que

produzem com baixos custos e são competitivos, e ao mesmo tempo, existem

grupos de produtores que possuem pouca noção acerca dos custos de produção e

eficiência produtiva. Neste último grupo, estão os produtores que podem vir a deixar

a atividade com objetivo comercial.

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A Tabela 3 apresenta a evolução do crescimento do rebanho bovino no período

de 1993 a 2002, comparando a evolução do Rio Grande do Sul com a evolução do

Brasil.

Tabela 3 – Evolução do crescimento do rebanho bovino de corte do estado do Rio

Grande do Sul e do Brasil, no período de 1995-2005.

Período Rio Grande do Sul Brasil Proporção (%)

1995 13.255.216 154.058.176 8,60

1997 12.970.466 153.778.921 8,43

1999 13.347.031 158.494.765 8,42

2001 13.562.616 164.396.667 8,25

2003 13.467.665 166.847.292 8,07

2005 13.788.357 167.677.854 8,22 Fonte: FNP Consultoria (Estimativa), 2005.

Com relação ao Brasil, a Tabela 3 mostra um crescimento de 12.585.637

bovinos representando 8,16% no período de 1993 a 2002. Já no estado do Rio

Grande do Sul, verifica-se que a população bovina, manteve-se estagnada nos

últimos 10 anos, com uma população média de 13.333.875 bovinos.

Este comportamento mostra uma redução na proporcionalidade da

participação do rebanho do Rio Grande do Sul em relação à população bovina

brasileira de 8,77% para 8,07% no período considerado.

Ressalta-se que a carne bovina é importante, tanto no consumo interno, como

também tem grande potencial de exportação, para aqueles países desenvolvidos,

onde, a área ou as condições de produção são restritas; porém, o Brasil não é o

único país que apresenta boas condições para a produção de carne bovina,

existindo outros países, os quais são bons consumidores de carne bovina, como

também, produtores, razão para a importância que se dá à atividade da pecuária de

corte, salientando que esse agronegócio tem um peso significativo na economia.

A pecuária de corte gaúcha ainda é marcada por características bastante

tradicionais, apesar das mudanças, as quais vêm passando nos últimos anos, onde

alguns pecuaristas vêm desenvolvendo atitudes empresariais, tanto em termos de

inovação, quanto nas relações com os agentes frigoríficos.

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Há indícios de que o comportamento previamente típico dos criadores venha

cedendo espaço, para a eficiência, como único caminho para a lucratividade dos

estabelecimentos pecuários. Ressalta-se, no entanto, que ainda existem pecuaristas

que atuam pela lógica da venda não programada de animais, para cobrir gastos

correntes ou investimentos não planejados.

Em geral, a pecuária de corte apresenta três segmentos distintos: a cria, a

recria e a engorda. No segmento da cria, o rebanho está voltado à reprodução

animal, onde o bezerro é normalmente afastado da mãe entre os oito e dez meses

de idade. Na recria, o bezerro, já novilho, permanece de um ano a um ano e meio e

é então destinado para a engorda, quando lhe é dado o acabamento para o abate.

A competitividade e até mesmo a sobrevivência da indústria da carne bovina no

mercado está intimamente associada a sua eficiência em gerenciar a produção, o

que se traduz na segurança do cliente, e contribui também, na redução de custos e

perdas. Assim, deve ser dada atenção a todas as etapas da cadeia: matéria-prima

básica, produção, processamento industrial e distribuição. Um descuido ou falta de

atenção em qualquer dessas etapas pode comprometer seriamente o produto final, o

que comprometeria a sobrevivência da empresa. Cabe ressaltar que a distribuição

de carnes é um elo importante no segmento, uma vez que é através dela que se

completa o processo de agregação de valor ao consumidor final.

Destaca-se na Tabela 4 a posição do Rio Grande do Sul, no país, em relação à

sua produção, segundo dados relacionados ao efetivo do rebanho existente em 31

de dezembro de cada ano.

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Tabela 4 – Efetivo do rebanho bovino de corte nos estados caracterizados como os

maiores produtores nacionais. (Os dados estão em milhões).

Estados

Período MS MG MT GO RS SP PR

1995 19.942 20.143 14.275 16.554 13.255 12.539 9.871

1997 19.513 20.001 15.683 16.238 12.970 12.122 9.552

1999 20.484 19.854 16.757 16.508 13.347 12.119 9.597

2001 22.021 19.828 17.623 16.509 13.563 11.990 9.616

2003 22.233 19.968 18.420 16.777 13.468 12.015 9.587

2005 22.747 20.107 19.133 16.989 13.868 12.942 9.966 Fonte: FNP Consultoria, 2005.

Observa-se na referida Tabela 4 que o estado gaúcho assume a 5ª posição, ou

seja, apresenta o 5º maior rebanho do Brasil, sendo superado pelos estados do

Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Consta, que até então, o

estado de São Paulo, assume a 6ª posição no efetivo do rebanho brasileiro, mas

mesmo assim, assume uma posição importante como a principal praça formadora de

preços, devido à importância econômico-financeira do referido estado para o país.

Caracterização da exportação de carne bovina gaúcha O Rio Grande do Sul exporta 3% de sua produção, ou seja, 97% é consumido

internamente, tornando o estado extremamente dependente do consumo interno.

Mesmo com esse baixo percentual de exportação, a cadeia produtiva da carne

bovina gaúcha alcança em torno de R$ 1,6 bilhão, ou seja, 33% do PIB gaúcho,

gerando aproximadamente 60 mil postos de trabalho7.

Ocorre, no entanto, que as indústrias frigoríficas vêm enfrentando alguns

problemas, entre eles: a falta de produto (bois) de acordo com a qualidade exigida

pelo mercado externo, limitando as opções de compra dos frigoríficos, visto que

muitos dos animais ofertados não servem para a indústria que visa a exportação, por

levar em consideração os segmentos de mercado, que demonstram preferência por

novilhos jovens e/ou precoces. Outro problema é a sazonalidade do produto, que 7 De acordo com o presidente da Comissão de Pecuária da FARSUL (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul).

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ocorre na entressafra, onde esse período é caracterizado pela inconstância no

abastecimento de bovinos, embora esse fator esteja sendo reduzido devido ao

investimento em inovações tecnológicas no campo por alguns produtores.

Ressalta-se, que em nível nacional, atualmente, o estado exporta para Santa

Catarina, e atualmente, em menor proporção para São Paulo8. Já com relação ao

mercado internacional da carne bovina gaúcha, nos mercados da União Européia,

NAFTA, LADI, Ásia, Oriente Médio, CARICOM, África e alguns países Latino

Americanos com o Chile.

Com o problema da febre aftosa superado, os frigoríficos gaúchos passaram a

exportar mais a partir de 2002 superando total de 70 mil toneladas de carne.

Um aspecto que teve a atenção aumentada correlato ao aumento do volume de

exportação nas definições do mercado de carne, se refere à rastreabilidade dos

animais, a qual fornece maior informação sobre o produto adquirido através de um

certificado de origem, colocando-se como um importante desafio a ser enfrentado

pelo setor, no processo de melhoria da estrutura de sua produção.

Esse mecanismo propicia maior credibilidade e segurança à carne e seus

derivados junto aos consumidores. No caso específico da carne bovina, ainda são

poucos os frigoríficos que têm uma preocupação sistematizada com relação

à rastreabilidade, com exceção dos estabelecimentos do subsistema exportador,

muito mais pela exigência do mercado importador, do que pelo requerimento do

mercado interno.

Para atender ao mercado internacional de carnes é preciso adequar-se às

exigências impostas, e entre essas exigências está a rastreabilidade, bem como as

restrições tarifárias, onde se destaca a Cota Hilton9, sendo que, a Cota Hilton

destinada ao Brasil é de um total exportável próximo as cinco mil toneladas,

representando um fator limitante ao país, frente a sua comercialização.

O estado do Rio Grande do Sul tem um frigorífico que apresenta bons índices

de exportação, sendo considerado como o principal exportador do estado, o

frigorífico Mercosul, com sede na cidade de Bagé, sendo que do faturamento deste,

cerca de 65% do volume exportado atualmente, é destinado à União Européia, de

8 Segundo informações junto ao SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do sul). 9 Refere-se a compra de carne bovina resfriada por parte da União Européia, segundo o frigorífico Mercosul.

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modo que se destaca ainda um outro frigorífico, mas com menor participação na

exportação do estado, o frigorífico Extremo Sul, localizado na cidade de Capão do

Leão.

Caracterização do consumo de carne bovina A carne bovina é um dos itens mais importantes da dieta alimentar da

população e apresenta um dos maiores potenciais de crescimento, o qual depende,

num primeiro momento, da melhora do poder de compra dos consumidores, como

também, da capacidade da cadeia produtiva se adequar ao aumento do consumo.

O consumo de carne bovina gaúcha é influenciado principalmente pela renda

per capta da população, pelo preço da própria carne e pelos preços de seus

substitutos, especialmente as carnes de frango e de suíno. Além disso, alterações

nas preferências dos consumidores são fortes determinantes das mudanças na

demanda.

Segundo AGUIAR e SILVA (2000), o comportamento do consumidor de carne

bovina, tem privilegiado, variáveis ligadas à situação de compra do produto, ou seja,

observa-se o ambiente onde se dá a comercialização do produto, com destaque

para fatores relacionados à higiene, a qual é considerada como um indicador de

qualidade; outro é o tempo disponível para a compra e se relaciona à busca da

conveniência por parte dos consumidores. Nesse sentido, pontos de venda com boa

apresentação, higiene e com produtos de consumo complementar (sal, carvão,

bebidas) acabam sendo preferidos.

Destaca-se que o consumo per capta de carne bovina no estado do Rio Grande

do Sul é de 47 kg, sendo consideravelmente expressivo, visto que o consumo per

capta de carne bovina no Brasil é de 38/40 kg10.

FORMAÇÃO DE PREÇOS NA CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA

Complexos Agroindustriais – Aspectos gerais

A principal mudança no padrão atual da agricultura brasileira refere-se a um

processo de passagem do chamado “complexo rural” para uma nova dinâmica

10 Segundo informações junto ao SICADERGS e Anuário Brasileiro de Pecuária 2003.

10

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comandada pelos “complexos agroindustriais” – CAIs. Nesse processo estão

incluídas: a substituição da economia natural por atividades agrícolas interligadas à

indústria de transformação; a intensificação da divisão social do trabalho e das

trocas intersetoriais; a especialização da produção agrícola e a substituição do

mercado externo pelo interno como elemento chave na alocação dos recursos

produtivos no setor agropecuário11.

A agroindústria teve sua origem no desenvolvimento das atividades agrícolas,

pois à medida que a demanda por produtos beneficiados crescia, a atividade de

indústria rural tornava-se independente das suas ligações agrárias, deslocando-se

para as áreas urbanas. Sendo a agroindústria o núcleo do que se denomina

complexo agroindustrial (CAI)12.

O complexo agroindustrial (CAI) é definido por HAUGUENAUER et al apud

FARINA & ZYLBERSZTAJN (1992): Como um conjunto de indústrias que se

articulam, de forma direta ou mediatizada, a partir de relações significativas de

compra e venda de mercadorias, a serem posteriormente reincorporadas e

transformadas no processo de produção.

O processo de transformação da base técnica da produção agropecuária

ocorrido, chamado de “modernização”, culminou na própria industrialização da

agricultura, representando, também mudanças nas relações sociais de produção e

com seus instrumentos de trabalho. Nesse sentido, a modernização da agricultura

requer a existência de um sistema financeiro constituído, a fim de viabilizar e ao

mesmo tempo, interligar os CAIs com o movimento global da acumulação13.

A agricultura se transforma, portanto, num ramo de aplicação do capital, onde o

capital industrial lhe fornece/vende insumos e compra a sua produção. O mercado

de terras passa a ter papel de destaque nesse processo, pois a propriedade da terra

ao permitir ganhos especulativos, tornou-se um ativo alternativo para o grande

capital.

Com a constituição dos complexos agroindustriais a agricultura perde a sua

regulação geral que antes era dada pelo mercado externo/interno; impondo assim,

uma participação cada vez maior do Estado, a fim de formular políticas específicas

11 Segundo SILVA, J.G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 1996. 12 Idem. 13 Segundo SILVA, J.G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 1996.

11

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para cada complexo agroindustrial. Sendo assim, agora a dinâmica da agricultura

está determinada pelo padrão de acumulação industrial, centrado no

desenvolvimento dos complexos agroindustriais e na ação do Estado. No atual

padrão de desenvolvimento agrícola, o processo de modernização passou por três

momentos: constituição dos CAIs, industrialização da agricultura e integração de

capitais intersetoriais14.

A constituição dos CAIs ocorreu na década de 70, pela integração técnica

intersetorial entre as indústrias que produzem para a agricultura propriamente dita

(setor industrial a montante) e as indústrias processadoras (setor a jusante), sendo

que essa integração foi possível a partir da internalização da produção de máquinas

e insumos para a agricultura15.

Em termos de políticas agrícolas, o crédito rural ampliou a demanda de

máquinas e insumos, basicamente em função do processo de modernização;

viabilizou e consolidou a agricultura enquanto mercado em geral para as indústrias a

montante da agricultura. No caso das agroindústrias, as políticas apresentaram

caráter mais específico, a algumas atividades, produtos e regiões16.

O primeiro autor a utilizar o termo “complexo agroindustrial” no Brasil foi Alberto

Passos Guimarães, com a finalidade de mostrar a integração técnico-produtiva entre

os setores, ou seja, de que a agricultura se relaciona cada vez mais com os setores

industriais a montante, setor oligopolizado que impõe preços aos insumos adquiridos

pelos agricultores; e a jusante também oligopolizado, com ligações específicas com

os agricultores, estabelecendo não só preços, mas também o tipo e o padrão dos

produtos, comprimindo dessa forma a renda dos agricultores.

Nos complexos entende-se que, além da existência de fluxos intersetoriais

significativos de compra e venda entre os diversos ramos que os compõe, o conjunto

assim formado tem uma dinâmica própria. Mesmo com o fato das partes se

moverem de forma interdependente, o crescimento de um segmento do complexo

depende do crescimento dos outros, como também, pode induzir o crescimento dos

outros segmentos.

14 Idem. 15 Segundo SILVA, J.G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 1996. 16 Idem.

12

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Disso se deduz a importância que cada complexo em particular apresenta no

seu segmento, neste caso, o complexo de carnes, envolve segmentos diversos

(desde a produção, processamento, distribuição, bem como, os agentes de apoio ao

complexo agroindustrial, entre eles, destacam-se: as condições macroeconômicas, o

serviço de inspeção sanitária, a legislação ambiental, a infra-estrutura de transporte

e os serviços de P&D), apresentando considerável participação no agronegócio

nacional.

Salienta-se que ao contrário dos complexos industriais, a noção de

agribusiness tem uma origem estática, destinada somente a ampliar o conceito de

agricultura, tendo em vista a sua crescente interligação com o restante da economia,

e principalmente com os serviços financeiros.

Sendo assim, DAVIS & GOLDBERG apud SILVA (1996) definem o

agribusiness como: “A soma de todas as operações envolvidas no processamento e

distribuição dos insumos agropecuários, as operações de produção; e o

armazenamento, processamento e a distribuição dos produtos agrícolas e seus

derivados”.

Ocorre, no entanto que GOLDBERG apud SILVA (1996) ampliou o conceito,

incluindo as agribusiness industries, incorporando à análise as “influências

institucionais”, no sentido de que o destino dos produtos agrícolas era agora a

agroindústria e não mais o consumidor final.

Com relação ao setor agroalimentar, MALASSIS apud SILVA (1996) diz: O

setor agroalimentar, nas sociedades complexas industrializadas, compreende quatro

subsetores: o das empresas que fornecem à agricultura serviços e meios de

produção (crédito, assistência técnica, etc), chamado de “indústrias a montante”; o

agropecuário propriamente dito; o das indústrias agrícolas de transformação,

chamado de “indústrias a jusante”; e o de distribuição de alimentos.

A noção de complexos agroindustriais indica-os como resultado de um

processo histórico específico. Surgem então questões relacionadas aos interesses

de como são mediados e quanto à elaboração de políticas nas sociedades

modernas.

Segundo o modelo neocorporativista, a ação do Estado é causa necessária,

mas não suficiente, pois pressupõem algum grau de organização prévio e autônomo

13

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dos demais interesses envolvidos17. Neste sentido, para o caso da pecuária, verifica-

se o interesse de instituições e/ou órgãos de classe que coordenam a atividade,

quais sejam: a FARSUL (Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul) a qual

atua no sentido de coordenar os interesses relacionados aos produtores; o

SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul),

com interesses junto às indústrias frigoríficas; e o SICOCARNE (Sindicado do

Comércio Varejista de Carnes Frescas do Rio Grande do Sul), pelos distribuidores.

SHMITTER apud SILVA (1996) ressalta que o “capitalismo depende de ‘arenas

de decisão’, onde produtores e consumidores trocam bens e serviços regulados por

vários mecanismos”. Essas “arenas de decisão” se referem à própria instância em

que as negociações ocorrem.

Segundo BERTRAND apud SILVA (1996) “no complexo não coexistem apenas

os agricultores, as firmas, os comerciantes, mas também ‘forças intelectuais’: a

pesquisa, as agências de divulgação de técnicas ou a publicidade e o crédito”;

portanto, pode-se afirmar que abrange todas as instâncias que de certa forma

compreendem ou são capazes de interferir nos interesses do complexo. Ocorre que

nessa concepção, o Estado além de representar o local onde essas forças atuam,

tem uma participação relativamente importante na configuração dos interesses que

se organizam.

Formação de preços Primeiramente torna-se necessário mostrar que no estado gaúcho, há uma

grande desorganização do setor em função da crescente competitividade de carnes,

da abertura comercial e da constituição do Mercosul.

Neste sentido, pode-se afirmar que quando se considera apenas os frigoríficos

e as grandes redes de supermercados, verifica-se uma estrutura de mercado

oligopsônica. Por outro lado no segmento da produção, este é constituído por

produtores com barganhas semelhantes, no tocante aos preços recebidos, mesmo

porque não se verifica neste segmento a formação de estoques, (visto que seria

totalmente inviável devido aos custos elevados, manter um animal, na propriedade,

passado a sua idade de abate, o qual viria a encarecer a sua produção, e com

17 Segundo SILVA, J.G. da. A nova dinâmica da agricultura brasileira. 1996.

14

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relação ao estoque da carne em si, também fica difícil, por ser um produto perecível)

que poderiam permitir uma formação de preços diferente daquela da concorrência

perfeita.

Assim, a discussão entre formação de preços na cadeia produtiva da carne

bovina, com relação ao valor pago pela indústria para os produtores, gira em torno

das forças de mercado, oferta e demanda, de modo que, se estabelece forte relação

com a renda per capta, o preço da própria carne e o preço de seus substitutos e/ou

alternativos (frango e suíno), bem como pelas alterações nas preferências dos

consumidores.

A partir daí procura-se estabelecer os fatores que afetam essa oferta e

demanda de carne bovina no estado do Rio Grande do Sul. Convém mencionar que

na oferta há relação direta entre preço e quantidade, ou seja, quanto maior o preço,

tanto maior será a quantidade que os produtores pretendem oferecer à venda.

No caso específico do Rio Grande do Sul, verifica-se que os fatores que

exercem grande influência sobre a oferta de carne bovina são: os níveis de preços

correntes do boi gordo; a sanidade do rebanho, a qual afeta significativamente a

oferta, visto que compromete toda uma produção; a concorrência do mercado

centro-oeste, afetando a competitividade do setor, devido falta de oneração fiscal; e

a elevada carga tributária, a qual desestrutura a atividade econômica, pois o

resultado do elevado ônus fiscal é um incentivo a sonegação e ao abigeato,

impedindo uma melhor estruturação do setor.

Já com relação à demanda, constando que a quantidade procurada varia

inversamente com o preço, sendo assim, a demanda de carne bovina é influenciada:

pelas carnes substitutas e/ou alternativas, quais sejam, principalmente a carne de

frango, visto que esta representa grande parcela de participação junto ao mercado

consumidor, que pelo seu baixo custo de produção apresentando preços inferiores

ao se comparar à carne bovina, tendo ainda como alternativa a carne suína, mas

esta com uma parcela bem menor de consumo; pelo preço da própria carne bovina,

visto que há o fator da preferência do consumidor, que altera o consumo conforme o

preço, considerando que o Rio Grande do Sul apresenta um consumo per capta de

aproximadamente 47 kg; como também a demanda é influenciada pela renda

disponível.

15

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Como em geral ocorre uma alteração na quantidade procurada, em resposta a

uma alteração no preço de um produto e/ou mercadoria, tal situação denomina-se

elasticidade da procura, a qual pode ser expressa: )/()/(

PPQQe

∆∆

= , onde, o quociente

da alteração na quantidade demandada ( Q∆ ), dividido pela quantidade original (Q),

quando dividido pelo quociente da alteração no preço ( P∆ ), dividido pelo preço

original (P), resulta então na elasticidade da procura18.

Alguns produtos possuem demandas mais ou menos elásticas do que outros,

quando há oscilações de preços. E, em sendo a demanda elástica, nesse sentido o

mercado se mostra sensível ao preço, reduzindo a demanda ao perceber um

aumento monetário. Isso não ocorre, quando a demanda se mostra inelástica, de

modo que acréscimos nos preços, não repercutem em redução da demanda.

Conforme enfatiza KOTLER (2000), a elasticidade da demanda está

diretamente ligada à importância e envolvimento do produto para o mercado

consumidor. Destaca-se, ainda que as alterações no preço podem resultar em

alterações na quantidade procurada que sejam mais do que proporcionais às

modificações no preço. Assim, a elasticidade pode assumir os seguintes valores: e >

1 Considerada relativamente elástica, no sentido de que uma dada alteração

percentual no preço leva a quantidade procurada a alterar-se por um percentual

maior; e = 1 Considerada elasticidade unitária, de forma que uma dada alteração

percentual no preço leva a quantidade procurada a alterar-se por um percentual

igual; 0 < e < 1 Considerada relativamente inelástica, quando uma dada alteração

percentual no preço resultar em uma menor alteração percentual na quantidade

procurada19.

No caso da carne bovina, o fator mais importante, que influencia a sua

elasticidade da procura, ultimamente, é a presença de substitutos e/ou carnes

alternativas (frango, principalmente, como também suíno, mas este, em menor

proporção) de preços mais baixos, possibilitando escolhas, e nesse caso a procura

da carne bovina se torna relativamente elástica.

18 DAVISSON, W.I. Introdução à análise microeconômica, 1974. 19 DAVISSON, W.I. Introdução à análise microeconômica, 1974.

16

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Outro principal determinante da elasticidade da procura é a proporção da renda

gasta com a compra da carne bovina, onde a sua quantidade procurada é sensível

as alterações no seu preço, comprovando a elasticidade de sua procura.

Com relação ao efeito total de variação no preço FERGUSON (1992), diz: O

efeito total de variação no preço pode ser decomposto em dois efeitos: o efeito-

substituição e o efeito-renda. O efeito-substituição é a variação na quantidade

demandada resultante de uma variação no preço relativo, depois de o consumidor

ter sido compensado pela variação em sua renda real. O efeito-renda devido a uma

variação no preço de uma mercadoria é a variação na quantidade demandada

resultante exclusivamente de uma variação na renda real, em que todos os outros

preços e a renda monetária nominal permanecem constantes.

Supõem-se estes efeitos, decorrentes de uma alteração no preço relativo da

carne bovina, primeiramente, como sendo uma conseqüência da substituição de um

bem relativamente mais caro, por um bem relativamente mais barato, o que se

chama de efeito-substituição. E o outro efeito percebido, refere-se, ao aumento da

renda real do consumidor, expresso pelo fato do produto (carne bovina), supondo

estar mais barato e a renda inalterada, ou seja, nesse caso, a renda aumenta

conforme diminui o preço do produto em questão, o que se chama de efeito-renda.

Cabe destacar as influências dos ambientes de mercado nos quais os

segmentos da cadeia produtiva da carne bovina estão inseridos, pois alguns

conceitos econômicos sobre a estrutura de mercado são importantes, visto que as

empresas podem formar seus preços baseando-se na sua relação de poder no

mercado.

Toda empresa se depara com duas decisões importantes: a escolha do volume

a ser produzido e o preço de seu produto. Se não existissem restrições para uma

empresa que maximiza lucros, ela fixaria um preço arbitrariamente alto e produziria

uma quantidade arbitrariamente grande de produto. Mas, nenhuma empresa opera

num ambiente tão sem restrições. Em geral as empresas enfrentam dois tipos de

restrições nas suas ações: primeiro as restrições tecnológicas, resumidas pela

função produção (só existem algumas combinações factíveis de insumos e de

produção); e segundo a restrição de mercado, onde uma empresa pode produzir

qualquer coisa que seja fisicamente factível e pode fixar qualquer preço que

17

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deseje...mas só poderá vender se as pessoas quiserem comprar. (VARIAN, 2000, p.

401).

A figura 1 demonstra claramente a segmentação da estrutura de mercado a

que a cadeia produtiva da carne bovina se encontra sistematizada.

Figura 1. Formação de preços na cadeia produtiva da carne bovina do Rio Grande

do Sul. Fonte: Instituto Euvaldo Lodi - IEL, Confederação Nacional da Agricultura - CNA e Sebrae Nacional,

2000.

Dado, no entanto, o segmento da cadeia produtiva da carne bovina, consta que

a parte que envolve a produção de bovinos (pecuaristas de cria, de recria e de

engorda) constituem um mercado de concorrência perfeita.

18

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O mercado se diz perfeitamente competitivo se: (1) Existe um grande número

de vendedores e compradores do produto e/ou mercadoria, cada um tão pequeno

que não possa afetar o preço ele sozinho; (2) os produtos de todas as empresas no

mercado são homogêneos; (3) existe perfeita mobilidade de recursos; e (4)

consumidores, proprietários de recursos e empresas no mercado tem perfeito

conhecimento dos preços, custos, presentes e futuros. (SALVATORE, 1977).

Sendo assim, em um mercado de concorrência perfeita o preço do produto é

determinado pela intersecção das curvas de demanda e de oferta do mercado para

esse produto. Considera-se então a empresa perfeitamente competitiva como

“tomadora de preços”, podendo vender qualquer quantidade do seu produto ao

preço estabelecido.

Num mercado competitivo, cada empresa só tem de se preocupar com a

quantidade de produto que deseja produzir. Seja qual for a quantidade produzida,

ela só poderá vendê-la a um preço: o preço vigente no mercado. (VARIAN, 2000).

Neste caso, os produtos não possuem diferenciação significativa e impera a lei

da oferta e da procura. Nesta condição, quando aumenta a oferta o preço cai, e

quando aumenta a procura o preço sobe. E é justamente nessa situação que se

encontra grande parte dos agricultores e agropecuaristas.

Se for considerado o fato da quantidade como função dos preços a curva de

demanda demonstrará que se pode vender qualquer quantidade ao preço de

mercado ou abaixo dele. Mas, no caso, de se considerar o preço como função da

quantidade, tem-se que não importa o quanto se vende, pois o preço de mercado

independerá das vendas20.

Nesse sentido, VARIAN (2000) afirma que é importante que se entenda a

diferença entre a ‘curva de demanda do mercado’ que mede a relação entre o preço

de mercado e o total da produção vendida e depende do comportamento do

consumidor; e a ‘curva de demanda com que a empresa se defronta’, a qual mede a

relação entre o preço de mercado e a produção de determinada empresa e depende

não apenas do comportamento do consumidor, mas também do comportamento das

outras empresas.

20 VARIAN, H.R., Microeconomia - Princípios básicos, 2000.

19

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Ainda sob a argumentação de VARIAN (2000), o nível de produção que uma

empresa competitiva escolherá será onde a receita marginal se igualar ao custo

marginal, ou seja, onde a receita extra, recebida por uma unidade adicional

produzida, iguala-se ao custo extra de produzir uma unidade a mais. Se essa

condição não ocorresse, a empresa poderia sempre aumentar seus lucros pela

mudança do nível de produção.

Ocorre, no entanto, que no caso da empresa competitiva a receita marginal é

simplesmente o preço, de forma que a empresa escolherá um nível de produto onde

o custo marginal é igual ao preço de mercado21. Caso o preço seja maior que o

custo marginal, a empresa aumentará os seus lucros ao produzir um pouco a mais,

isso porque, o aumento das receitas resultantes da produção extra, ultrapassa o

aumento dos custos, e caso o preço seja menor que o custo marginal, a redução da

produção elevará os lucros, pois as receitas serão compensadas pela redução dos

custos22.

Outra situação que se configura no segmento da cadeia produtiva da carne

bovina é no que se refere à indústria frigorífica, responsável pelo abate e

processamento e também às grandes redes de supermercados responsáveis pela

comercialização do produto, os quais operam em forma de oligopólio, que se

configura pela presença de poucas empresas no mesmo mercado, oferecendo

produtos similares. Neste caso, a ação de uma empresa sobre a determinação do

seu preço, interfere na estratégia das outras. Geralmente, a empresa líder se vê na

condição de “formadora de preço”, pois devido a sua escala, ela poderá obter

menores custos de produção, levando as demais a seguirem seus preços sob pena

de perderem a competitividade.

Pode-se distinguir a estrutura de mercado de oligopólio da estrutura de

concorrência perfeita da seguinte maneira: (1) Na concorrência perfeita, a indústria é

composta por muitas firmas individuais e não é passível do controle de qualquer

uma delas. (2) Num oligopólio, poucas firmas controlam todo o mercado; tais firmas

constituem a indústria. As ações de qualquer uma delas afetarão as outras, porque o

preço estabelecido por uma firma poderá afetar a procura das outras. (DAVISSON).

21 Idem. 22 Idem.

20

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Na curva de demanda do oligopolista é observada a reação das outras

empresas, ou seja, cada empresa sabe que qualquer alteração de preço será

contrabalançada por todas as outras.

Cabe destacar que a interdependência entre as empresas é a característica

mais importante que distingue o oligopólio das outras estruturas de mercado. Essa

interdependência é devida ao fato de que há poucas empresas e quando uma delas

baixa seu preço, fazendo uma campanha publicitária bem sucedida ou introduzindo

um modelo e/ou uma opção de produto melhor, visto que no oligopólio cada

empresa vende um produto com marca própria e aceita pelo mercado como um

substituto próximo dos produtos das demais empresas que competem no mesmo

mercado, a curva de demanda que os outros oligopolistas se defrontam irá se

deslocar para baixo23.

Salienta-se que na cadeia produtiva da carne bovina, as indústrias frigoríficas

constituem oligopsônios, em relação aos agropecuaristas, ou seja, são poucas as

indústrias que controlam o mercado na compra do produto em questão (boi gordo),

sendo estas formadoras de preço do boi gordo, junto aos agropecuaristas. O mesmo

ocorre com as grandes redes de supermercados ao adquirirem os produtos

acabados para a sua comercialização.

Assim sendo, é nítida a posição que o oligopolista exerce de formador de

preços.

A CADEIA PRODUTIVA DA CARNE BOVINA A PARTIR DO SISTEMA DE

PRODUÇÃO DO NOVILHO PRECOCE

Formas de organização da produção Na produção de bovinos de corte há o sistema de produção de novilhos

precoces, ou seja, animais de idade jovem (animais abatidos com menos de dois

anos, e com peso de carcaça e cobertura de gordura dentro dos padrões exigidos

pelos frigoríficos), com característica de carcaça e de carne compatíveis às

23 SALVATORE, Microeconomia. 1977.

21

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exigências impostas pelos principais importadores, assim como anseios da própria

sociedade brasileira no sentido de aquisição de produtos de boa qualidade.

O sistema de produção do novilho precoce apresenta maior produção por área,

com melhor rentabilidade e maior lucro24. No caso dos frigoríficos, a vantagem

encontra-se na possibilidade de se obter um animal com rendimento de carcaça e de

qualidade superior.

Destaca-se, assim, que o sistema de produção do novilho precoce, sob análise

econômica, gera diferenças significativas no comportamento da cadeia produtiva da

carne bovina e na respectiva formação de preços, pois os custos de produção,

sistemas de beneficiamento e nichos de mercado são alterados em função do

condicionante parâmetro designado qualidade superior, visto que, o nível de

tecnologia, a genética, a alimentação e a sanidade utilizadas neste sistema,

apresentam um resultado com diferencial positivo.

A produção do novilho precoce permite um planejamento de uma escala de

abates, resolvendo o problema de capital de giro encontrado na pecuária tradicional,

na qual, normalmente, as vendas ocorrem por safra. O abate planejado, escalonado

e intensificado aumenta a entrada de receitas ao longo do ano e permite receita para

o autofinanciamento das atividades agropecuárias (GOTTSCHALL, 2001).

Alianças mercadológicas Entende-se por Aliança Mercadologia, uma proposta de parceria entre os

segmentos da cadeia produtiva da carne bovina, visando produzir, industrializar e

disponibilizar para o consumidor final, uma carne de qualidade superior, resultante

do abate de novilhos precoces.

PEROSA (1998) define aliança mercadológica como um compromisso

estabelecido entre os segmentos de produção, abate/processamento e distribuição

de carne bovina, tendo como objetivo ofertar um produto com atributos de qualidade

que a diferencie da carne-commoditie disponível no varejo.

A aliança mercadológica da cadeia da carne bovina tem por objetivo

estabelecer canais estáveis de distribuição de carne de qualidade superior, nesse

sentido, realizando um acordo entre pecuaristas, frigoríficos e supermercados, a fim

24 Estudo realizado pela FNP Consultoria & Comércio (2002).

22

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de estabelecer relações estáveis entre os diversos elos da cadeia. O produto (carne

bovina) comercializado pelos supermercados credenciados será fornecido por um

grupo de pecuaristas pré-identificados e sendo o animal abatido e feito o

processamento por frigoríficos de primeira linha. Com isso, o consumidor deverá

encontrar um produto com todas as informações de procedência e com regularidade.

Assim, as alianças mercadológicas constituem uma alternativa, a fim de

estabelecer um melhor relacionamento entre produtores e frigoríficos, bem como

distribuidores, possibilitando mais informações sobre a origem do produto adquirido,

garantindo visibilidade a todo o sistema e maior controle sobre as operações.

No caso do Rio Grande do Sul, a aliança mercadológica tem a finalidade de

recuperar a produção pecuária, aumentar o abate inspecionado, reduzir a

capacidade ociosa das empresas e melhorar a qualidade dos produtos oferecidos à

população. Os principais instrumentos são incentivos fiscais, para os agentes que

concordam em adotar as regras do programa, e a capacidade de articulação do

governo, a fim de induzir uma postura mais cooperativa entre os agentes.

As alianças mercadológicas no âmbito dos programas de novilho precoce

trazem alguns benefícios importantes para o segmento da cadeia produtiva, entre

eles25:

Pecuarista:

- Aumento da rentabilidade, com abate precoce;

- Absorção e utilização de técnicas de manejo mais modernas, que podem

propiciar ganhos de produtividade em médio e longo prazos;

- Garantia de venda do boi, para frigoríficos que valorizem o produto dentro

de certas especificações;

- A longo prazo, ganhos em termos de diferenciação do produto e os

produtores que podem abrir novos mercados (via agregação de valor)

interna e externamente ao Brasil.

Frigoríficos:

- Garantia de regularidade de abastecimento, com produtos dentro de uma

especificação superior de qualidade;

- Garantia de venda do produto à distribuição;

25 Apontados por várias literaturas a respeito do assunto, entre eles: RESTLE & VAZ (2002).

23

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“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”

- Diferenciação do frigorífico, que pode, no médio prazo tornar-se um

exportador, dentro das normas internacionais.

Distribuição:

- Garantia de regularidade de abastecimento, com produtos dentro de uma

especificação superior de qualidade;

- Disponibilização ao consumidor final de um produto com garantia de

origem e qualidade, demonstrados através de um selo ou uma marca que

o torna diferenciado.

Estes benefícios aos agentes da cadeia, repercutem em benefícios ao

consumidor que recebe informações sobre os produtos (sua origem, características

organolépticas (cor, sabor, odor) e formas de cozimento mais adequadas), obtendo

garantias em termos de saúde, com relação ao produto adquirido.

O aumento da fiscalização sanitária é uma ação crucial do governo. Ao reduzir

o abate clandestino, o governo contribui para ampliar o mercado das empresas

legalizadas, ajudando a consolidar os esforços de recuperação do setor.

Um fator considerável, no caso gaúcho, é o grau de comprometimento das

redes de supermercados que ao colocarem suas marcas na carne do programa de

produção do novilho precoce, buscam uma estratégia de diferenciação em relação à

concorrência e vinculam-se decisivamente aos rumos do programa. Através dessa

vinculação, visam aumentar a confiança dos consumidores no caráter diferenciado

do produto, bem como obter os efeitos dessa diferenciação. Os resultados são:

crescimento das vendas, com boas perspectivas de continuidade, e pagamento de

preços diferenciados aos pecuaristas, sendo esta uma antiga reivindicação do setor.

Então, as alianças mercadológicas surgem como estratégia comercial entre

todos os segmentos da cadeia produtiva da carne bovina, visando viabilizar os

programas de qualidade total praticando a rastreabilidade, com o objetivo de integrar

o processo produtivo para o máximo controle, maiores ganhos de eficiência e de

rentabilidade.

24

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Pontos críticos na produção de carne pelo sistema do novilho precoce A produção a partir do novilho precoce envolve custos de produção maiores,

visto que na produção de carne de qualidade superior, representando um produto

diferenciado no mercado, é fundamental um bom esquema alimentar e sanitário de

rebanho, com vacinações e exames periódicos nos animais, visando evitar doenças;

exige também estrutura, recursos e assistência técnica eficiente.

Consta ainda, que a maior parte dos insumos necessários para a atividade

pecuária em geral, vem apresentando alta de preços, enquanto que os preços pagos

pelo boi gordo ao produtor caíram, porém, essa queda dos preços pagos pelo boi

gordo, não foi repassada ao consumidor, sendo que, no varejo, o preço da carne

acumula altas sucessivas26.

Pode-se dizer que a falta de informação dos diversos segmentos do mercado,

dificuldade de acesso à tecnologia propriamente dita e a deficiência de capacitação

da força de trabalho, bem como, falta de estruturação do setor, dentro dos padrões

exigidos na produção de um produto diferenciado, como é o caso da produção do

novilho precoce, são todos pontos críticos que causam dificuldades ao setor de se

tornar competitivo nesse segmento de produção.

Políticas governamentais

No final da década de 70 até meados dos anos 80, as alíquotas do então ICMS

para produtos agropecuários variavam de 4,52% a 17,8%, dependendo do estado. A

partir de 1984, a alíquota de ICMS passou a ser de 17% e única em todo o território

nacional. No entanto, atribui-se a esse aumento de tributação, a ampliação da

economia informal, com reflexos diretos sobre o abate clandestino, e a conseqüente

queda na qualidade da carne oferecida à população27.

Segundo ANJOS (1995), à medida que a alíquota foi elevada, houve aumento

na sonegação e conseqüentemente, uma arrecadação relativamente menor.

Sendo assim, os problemas financeiros enfrentados pela indústria frigorífica

têm sido atribuídos em boa parte à concorrência desleal das empresas que

sonegam, devido às elevadas alíquotas do ICMS.

26 Conforme apurado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia). 27 Segundo informações junto a FEE.

25

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Pecuaristas e frigoríficos, por meio de suas entidades representativas, têm

proposto a redução do imposto e a equalização de sua cobrança pelos estados.

Contudo, nem a União nem os estados concordam com qualquer proposta que

implique renúncia fiscal e perda de arrecadação. As barreiras políticas para a

uniformização ou redução do ICMS são enormes. Destaca-se que o ICMS é uma

importante fonte de receita governamental nos estados onde a pecuária bovina tem

uma grande participação na geração de renda e este seria o maior obstáculo para

sua redução.

DINÂMICA DE FUNCIONAMENTO E FORMAÇÃO DE PREÇOS

Produtor – Abatedouro/Processamento – Distribuidor Os três elos mais importantes da cadeia de carnes são: a) produtor - composto

pelos agropecuaristas responsáveis pela cria, recria e engorda, os quais se situam

dentro da cadeia produtiva como tomadores de preços; b)

abatedouro/processamento – representados pelos frigoríficos, responsáveis pelo

abate e processamento da carne, atuando como formadores de preços e c)

Distribuidor – tendo como um dos principais representantes as grandes redes de

supermercados, onde a carne devidamente processada será comercializada, sendo

este elo também formador de preços.

A relação entre produtor e frigorífico, como também varejistas (supermercados,

por exemplo), ocorre de diferentes formas: através de intermediários (corretores)

comissionados que fazem aquisições de animais para donos de frigoríficos ou para

varejistas (supermercados e açougues). Esses corretores podem ser do tipo

exclusivo, que trabalha para um frigorífico, e varejista específico e/ou do tipo não

exclusivo, que trabalha para vários frigoríficos, e varejistas indistintamente. Outra

forma de aquisição de bois gordos é a que é feita diretamente pelo frigorífico por

meio de seu agente comercial, no caso, um empregado do próprio frigorífico e que,

portanto, não pode ser caracterizado como um agente, já que não é comissionado,

mas sim, assalariado ou empregado da empresa frigorífica.

26

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Consta que a forma de aquisição de bois gordos, mais freqüente, no Rio

Grande do Sul é a feita diretamente pelo frigorífico através de um agente comercial,

empregado do próprio frigorífico28.

Segundo DE ZEN (1993), os fatores que os pecuaristas mais observam, no

momento de vender os animais, além da tradicional necessidade de “fazer caixa”, ou

seja, de usar as reservas que são os animais no pasto, são, principalmente, as

relações de troca entre boi gordo e boi magro e entre boi gordo e bezerro (quantos

animais o pecuarista consegue repor com a venda de um boi gordo, mostrando mais

a preocupação do pecuarista em manter lucratividade na atividade, no longo prazo,

do que com a necessidade de apenas ter dinheiro para resolver problemas ou

aplicações financeiras no curto prazo); como também, as taxas de juros reais

praticadas no mercado; prazo de pagamento; a cotação dos animais em dólar e

outros.

“Geralmente, as variações no preço do boi gordo e do bezerro acontecem ao

mesmo tempo, na mesma direção e proporção, já que o pecuarista recriador tende a

demandar mais, ou menos, bezerros para reposição, à medida que o preço do boi

gordo sobe mais, ou menos” (INSTITUTO EUVALDO LODI, CONFEDERAÇÃO

NACIONAL DA AGRICULTURA, SEBRAE NACIONAL, 2000).

Ainda conforme estudo desenvolvido pelo INSTITUTO EUVALDO LODI,

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA AGRICULTURA, SEBRAE NACIONAL, (2000),

existem diversos fatores que interagem para a formação de preços na pecuária

bovina. Há fatores estruturais e temporais relativos tanto à oferta quanto à demanda

do produto: os fatores estruturais mais importantes são os relacionados ao caráter

sazonal e cíclico da produção; já os fatores temporais se referem às tendências e

variações irregulares, além dos preços de outras carnes (principalmente de frango)

que também exercem influência.

Assim como na maioria dos processos de produção agropecuários, o setor de

bovinocultura de corte também apresenta períodos de safra e entressafra,

ocasionados por diversos fatores naturais, que influem de forma incisiva na

produção pecuarista.

28 Segundo o SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul).

27

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Em estudos realizados por COUTO (1997), constatou-se que os preços do boi

gordo apresentam nitidamente um período de preços baixos que correspondem à

safra do boi ou a maior oferta de animais gordos para abate. Esse período

descendente de preços vai de novembro a maio. O período de preços altos, que

corresponde à entressafra, ou a menor oferta de bois para abate, compreende os

meses de maio a novembro. O pico de preço alto é o mês de outubro, enquanto que

o pico de preço baixo é em maio.

COUTO (1997) relata também que o “comportamento plurianual”, mostra que

há um período de 6 anos nos quais os preços seguem um período ascendente de 3

anos e um descendente de 3 anos.

Estudos da FNP CONSULTORIA & COMÉRCIO (2002), tentam contestar a

idéia do ciclo pecuário de seis anos. O ciclo pecuário é um fator importante na

determinação dos preços. E também, faz-se constar que a sua duração é de quatro

anos, ou seja, à distância entre os picos de preços é de quatro anos.

Segundo análises da FNP, talvez o ciclo da pecuária brasileira tenha se

reduzido para quatro anos, porque a dinâmica da atividade mudou (a velocidade da

transmissão das informações aumentou muito, e também cresceu a participação de

outras carnes no mercado, afetando a oferta e a demanda de carnes).

Desta forma, a lucratividade da indústria da carne bovina está diretamente

relacionada aos ciclos de produção. Como os preços no varejo são relativamente

estáveis, os lucros da indústria tendem a estar ligados aos preços do boi gordo.

Quando há uma deficiência de oferta de boi gordo, os abatedouros tendem a

aumentar os preços fazendo o contrário nos picos de produção.

Segundo KASSOUF & HOFFMANN (1988), é evidente, a existência de

variações cíclicas nos preços da carne, ao longo da série histórica, com

características repetitivas bem definidas que as tornam previsíveis.

Com relação ao preço do boi gordo terminado, este sofre a influência de

diversos fatores, expostos por TORRES JR. (2003):

a) - Mercado de animais para reposição - Os animais para reposição influem

nos preços do boi gordo, visto que constituem importantes componentes de custo. A

maior ou menor oferta dessa categoria de animais, pesa na decisão do terminador

28

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(produtor) em vender ou não, pois uma compra mal feita resulta em prejuízo

irreversível.

b) - Consumo interno de carne bovina.

c) - Exportação de carne bovina e derivados.

d) - Expansão da pecuária – Influenciado pelas campanhas de vacinação

contra febre aftosa, as quais, por sua vez, fizeram com que os dados estatísticos se

tornassem mais confiáveis, devido ao controle de registros.

e) - Monitoramento do rebanho ou rastreabilidade, o Sistema Brasileiro de

Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina – SISBOV, foi criado com a

finalidade de identificar e certificar o rebanho, com relação à origem, destino,

sanidade, manejo, alimentação, medicação administrada por animal e qualidade da

carne produzida.

Consta que o SISBOV atinge apenas 2,5% do rebanho gaúcho. Das 13,4

milhões de cabeças de gado existentes no estado, pouco mais de 300 mil fazem

parte da base de dados do programa29.

O Rio Grande do Sul precisa rastrear o seu rebanho para continuar exportando

aos países da União Européia, porém, o estado enfrenta sérios problemas no que se

refere às diferentes estatísticas apresentadas, que indicam graves distorções em

relação ao número de animais abatidos anualmente no estado. "Uma das fontes nos

sugere 3,5 milhões, a outra 2,1 milhões e a terceira quase um milhão de cabeças"30.

Destaca-se que o sistema de rastreabilidade viria a dirimir qualquer dúvida acerca

do número real de bovinos abatidos entre outras informações difusas que existem no

setor.

Atualmente este é um fator a se considerar, pois animais com rastreabilidade

apresentam um valor agregado maior na ocasião da venda, em torno de 5 a 8%,

conforme comunicação pessoal do comércio local.

Preço do boi no Rio Grande do Sul

Ressalta-se que o estado enfrenta dificuldades em razão de uma concorrência

desleal, com o ingresso de carne do Centro-Oeste do país, da falta de estrutura das

29 Informações do coordenador do SISBOV, publicadas no site: www.megaagro.com.br no dia 17/10/2003. 30 Idem.

29

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indústrias para a exportação, fazendo com que o preço do boi gordo gaúcho seja,

normalmente o menor em relação aos estados considerados como as principais

praças formadoras de preços, quais sejam: São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais,

Mato Grosso do Sul e Goiás.

O estado do Rio Grande do Sul embora enfrente alguns problemas no setor da

pecuária bovina, os preços, ainda que não sejam os melhores, durante a década de

90 até 2006, estão em torno da média do custo esperado pela produção da pecuária

gaúcha, que se baseia primordialmente e/ou tradicionalmente, na produção de

animais a pasto; mas, mesmo assim, precisam melhorar, para que o estado do Rio

Grande do Sul possa atuar com mais competitividade junto aos demais estados.

Os novilhos precoces produzidos no estado recebem uma remuneração de 5%

sobre o preço médio do dia pago pelo frigorífico, por serem um produto diferenciado.

Além disso, animais com padrão britânico, com especificidades de gordura de

cobertura entre 3 e 10 milímetros, até 4 dentes (30 meses), ganham mais 2% de

bonificação; como também os novilhos que apresentem comprovada rastreabilidade

superior a 40 dias, pelo SISBOV (Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação

de Origem Bovina e Bubalina), recebem mais R$ 0,05 (cinco centavos) por quilo de

carcaça fria31.

A carne bovina é uma commodity e a indústria está buscando agregar valor aos

produtos, procurando desenvolver produtos semi-prontos e/ou prontos. O

investimento nessa área está sendo em produtos com maior valor agregado. Outro

aspecto importante é a embalagem dos produtos que difere de acordo com a parcela

alvo do mercado, havendo grande distinção nas embalagens destinadas à

exportação, influenciando na divulgação da marca. Os produtos destinados ao

mercado externo junto à marca própria do frigorífico, estão associados à marca

South Brazilian Beef, que envolve um grupo de indústrias frigoríficas do Rio Grande

do Sul, SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena e Micro Empresa) e APEX

(Programa de Apoio a Exportação), em parceria com o SICADERGS (Sindicado da

Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul), visando atender os

31 Dados conseguidos junto ao Frigorífico Mercosul, de Bagé (RS), principal exportador gaúcho.

30

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seguintes objetivos: divulgação da carne de animais criados nos campos gaúchos,

bem como a busca de novos importadores32.

O verdadeiro indexador do preço do boi Por volta dos anos 80 surgiu como referência a expressar a arroba do boi, o

dólar, com a finalidade de possibilitar a análise da evolução dos preços reais do boi

de um ano para o outro, visto que, devido à crise de 1979 (crise do petróleo e da

dívida externa) tornou-se impossível a comparação pelos preços nominais, pois

ocorreu uma elevação da inflação33.

Ocorre que a escolha do dólar como indexador deveu-se ao fato do IGP (Índice

Geral de Preços) ser desconhecido e o dólar acompanhar a inflação, ou seja, a

maioria dos pecuaristas desconhecia o IGP e aqueles que conheciam, encontravam

dificuldades para encontrá-lo e memorizá-lo, sendo pouco divulgado na forma de

índice contínuo. Como a política de câmbio adotada pelo governo era baseada em

desvalorizações controladas, acompanhando a inflação, assim, o dólar representava

a inflação e tendo este uma boa divulgação pela imprensa, se estabeleceu como o

indexador de preferência do setor pecuário, a fim de avaliar a evolução, bem como

fazer previsões dos preços do boi gordo no médio e longo prazos.

Assim, a escolha do dólar como indexador deveu-se ao fato de sua praticidade,

durante o período inflacionário, não tendo nenhuma relação com o mercado externo.

Na Tabela 5, faz-se uma comparação entre os preços do boi gordo expressos

em IGP e os preços expressos em dólar a fim de verificar qual apresenta maior

estabilidade ao longo do período.

Verifica-se com a tabela 8 que os preços do boi gordo quando expressos em

pontos de IGP, têm ficado em torno de 40 pontos por arroba, em São Paulo, que é a

principal praça formadora das cotações do país, ou seja, consta que os preços do

boi variaram mais quando cotados em dólar do que em IGP. Em dólar, o pico de

baixa foi em 1992 (US$ 18,1/@), enquanto o pico de alta ocorreu em 1995 (US$

26,2/@), com uma variação de 44,8%. Já o IGP, o pico de baixa ocorreu em 1996

(34,3 IGP/@), enquanto o pico de alta ocorreu em 1994 (43,9 IGP/@), com uma

variação de 28%. 32 Informações do frigorífico Mercosul, de Bagé. 33 Segundo ANUALPEC, 2002.

31

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Tabela 5 – Preços históricos do boi gordo.

Ano IGP/@ US$/@

1992 38,5 18,1

1993 40,6 20,9

1994 43,9 26,0

1995 39,9 26,2

1996 34,3 22,8

1997 37,0 24,4

1999 40,7 18,6

2001 41,5 18,3 Fonte: FNP Consultoria, 2002.

Ressalta-se, também, que o preço pago ao produtor pecuarista é estabelecido

pelos frigoríficos de conformidade com os preços parametrizados pela praça de São

Paulo, que são em média, 5% maiores34.

Aspectos mercadológicos da carne bovina O mercado da pecuária de corte bovina subdivide-se em vários mercados ao

longo do canal de comercialização em que, nos seus diferentes níveis, (produtor,

atacado e varejo) ocorre à cotação de preços dos diversos tipos de “produtos”

comercializados.

Assim sendo, há o mercado de bezerros, o mercado de garrotes, o mercado do

boi magro, o mercado do boi gordo, o mercado de carcaças de boi, o mercado

atacadista de carnes (dianteiro, traseiro, ponta de agulha etc) e o mercado varejista

de carnes (alcatra, filé mignon, picanha, etc) – carne de primeira e de segunda.

Um aspecto mercadológico considerado fundamental para o bom desempenho

da comercialização de animais, afetando todas as relações dentro da cadeia

produtiva com o mercado, é o preço obtido pelos animais no momento da venda.

Por se tratar de um produto agropecuário, sua produção é afetada por diversos

fatores: clima, raça, tecnologia, natureza perecível, localização das propriedades,

34 Segundo ANUALPEC, 2002.

32

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entre outros fatores. Em conseqüência disso, a oferta de animais torna-se um tanto

quanto incontrolável, causando um mercado de preços oscilantes, no entanto,

mesmo que os preços se mostrem oscilantes, estes apresentam, de certa forma, um

comportamento previsível, em sendo assim, quanto mais se conhecer esse

comportamento dos preços, mais fácil fica de se prever e antecipar ações mais

concisas, a fim de minimizar as incertezas e os riscos aos quais a atividade está

exposta, pelo caráter oscilante dos preços.

O processo de aquisição de carnes pelas redes de supermercados não é uma

tarefa fácil, em geral esta compra é baseada em cotação e licitação de preços, com

ressalvas de exigências impostas pelo controle de qualidade, bem como nos fluxos

de saída dos produtos35.

A grande variedade em possibilidades de fluxos de comercialização de animais,

carnes, e subprodutos (couro, ossos, chifres etc), torna o cálculo das margens de

comercialização, as quais medem o valor apropriado pelos intermediários no

processo de comercialização, um tanto quanto limitado.

Quanto à forma de se apresentar à margem de comercialização, SANTANA

(2001) diz: “A margem pode se apresentar como absoluta a qual é o valor monetário

recebido pelo intermediário (preço de venda menos preço de compra da matéria-

prima), como também, relativa, ou seja, é o mesmo valor dividido pelo preço no

varejo, mostrando a participação percentual do intermediário no preço pago pelo

consumidor”. As margens de comercialização incluem os custos de comercialização,

referentes ao transporte, armazenamento, processamento, promoção etc; bem

como, o lucro obtido pelo intermediário.

ENTRAVES ECONÔMICOS NO SETOR A JUSANTE

Composição do agronegócio no Rio Grande do Sul

É importante ressaltar que ao analisar a cadeia produtiva da carne bovina,

depara-se com o que se chama de agronegócio, ou seja, este envolve além da

própria atividade agropecuária, as demais atividades que estão encadeadas com a 35 Informações junto ao SICOCARNE (Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Rio Grande do Sul).

33

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mesma, nos setores a montante e a jusante. No setor a montante, estão as

atividades econômicas responsáveis pelo fornecimento dos insumos, máquinas e

implementos para a produção, sendo que o setor a jusante, compreende os setores

agroindustriais, ou seja, as atividades de processamento/transformação e

distribuição da produção agropecuária.

Pela Tabela 6 observa-se que na composição do agronegócio, no estado do

Rio Grande do Sul, o setor a jusante representa uma parcela expressiva com 58,5%,

onde a agroindústria participa com 40,8% dessa parcela. Ressaltando que a

agropecuária também tem uma participação considerável de 33%.

Destaca-se assim, que o agronegócio no estado do Rio Grande do Sul,

representa aproximadamente 30% do PIB total, indicando que o agronegócio tem

uma importância significativa para a economia do estado.

Tabela 6 – Composição do agronegócio do Rio Grande do Sul e Brasil – 2004.

Componentes do Agronegócio RS (%) Brasil (%)

Montante: 8,6 5,6 Insumos 6,8 4,9

Máquinas e implementos 1,8 0,7

Agropecuária: 33,0 39,9 Jusante: 58,5 54,5 Agroindústria 40,8 37,0

Distribuição e serviços 17,6 17,5

Total 100,0 100,0 Participação do Agronegócio no PIB total 29,5 19,8 Fonte: FEE, IBGE, 2004.

Entraves econômicos na cadeia produtiva da carne bovina No agronegócio o setor a jusante tem uma parcela expressiva de participação.

Assim, convém destacar alguns dos mais significativos entraves econômicos, pelos

quais o setor passa. Uma questão importante que se traduz em um grande entrave

econômico para a atividade é o problema da concorrência do Brasil Central,

principalmente dos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, de modo que a

34

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carne produzida nos dois estados é vendida no Rio Grande do Sul sem recolhimento

de ICMS devido a incentivos fiscais. Os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do

Sul respondem por 20% da oferta de carne no Rio Grande do Sul36.

Salienta-se, também, que a carga tributária do Rio Grande do Sul é a mais

elevada do país, responsável pela perda de até 18% da competitividade com outros

estados37.

Outra questão se refere ao relacionamento entre pecuarista e frigorífico, o qual

é considerado como um dos principais entraves para o desenvolvimento da cadeia,

ou seja, o grau de confiança entre eles é importante para haja um melhor

desenvolvimento da produção em termos de estruturação e adequação dos seus

produtos. Um exemplo disso fica por conta dos ganhos do pecuarista. O maior

ganho dele não é o pagamento de um acréscimo no preço do Novilho Precoce sobre

o preço do mercado, mas sim um ganho determinado pelo maior giro de animais,

conseguido entre outras coisas, pela maior confiança na relação entre pecuarista e

frigorífico.

Ressalta-se ainda, como entrave econômico, o comportamento de compra dos

indivíduos, sendo influenciado por variáveis demográficas-culturais, variáveis

psicológicas e pela situação de compra. Em termos de variáveis psicológicas, pode-

se observar que existe uma tendência a consumir produtos com baixo teor de

colesterol e sem excessos de gordura. Nesse aspecto, a carne vermelha possui uma

propaganda negativa, o que não ocorre com as carnes brancas.

Outro fator também bastante relevante nessa questão de entraves econômicos

na cadeia produtiva da carne bovina é a concorrência de outras carnes,

principalmente a de frango, devido a apresentar preços mais baixos, benefícios

nutricionais, ser prática e saudável, sendo este fator inteiramente ligado ao problema

atualmente enfrentado por toda a população, que é o baixo poder aquisitivo.

Quanto ao mercado externo, este vem apresentando crescentes exigências,

quanto aos aspectos de qualidade ambiental e sanidade animal, nesse sentido, o

estado do Rio Grande do Sul possui apenas um frigorífico apto a maiores

exportações.

36 Com base em nota publicada no Jornal Correio do Povo em 28/09/2003. 37 Segundo o SICADERGS (Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul).

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“Palestra apresentada na 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006”

CONSIDERAÇÕES FINAIS O estado é dependente do consumo interno, visto que exporta apenas 3% da

sua produção, unindo-se a isso o fato dos problemas financeiros que a população

vem enfrentando, ou seja, um baixo poder aquisitivo, ocasionando com freqüência,

uma oferta maior que a procura, na cadeia produtiva da carne bovina.

A cadeia da carne bovina do Rio Grande do Sul, apesar de encontrar-se em

fase de transformação, pode ser caracterizada como desorganizada, apresentando

falta de coordenação e também não possui estratégias bem definidas. Isso pode ser

observado quanto a dados sobre a atividade em si, os quais são muitas vezes

difusos, quando não são escassos.

O relacionamento entre os setores da produção e a indústria frigorífica deverá

ser aprimorado. O produtor necessita de orientação técnica a respeito do que, e

como produzir, para melhor cumprir os padrões exigidos, os quais elevam a

competitividade da cadeia, de modo que, os frigoríficos devem desenvolver uma

política de aproximação com a produção, firmando parcerias e premiando qualidade.

No que se refere ao sistema de produção, observa-se que há a necessidade de

se fazer alguns investimentos, especialmente em tecnologia, pois sem a introdução

de tecnologias fica difícil vencer os desafios que são colocados pela globalização.

Assim é necessário intensificar os sistemas de produção. Nesse sentido, o novilho

precoce é uma alternativa que tem se mostrado capaz de uma estratégia importante

na redução do ciclo da produção da pecuária, pois visa o abate de animais jovens,

sendo um importante indutor de incorporação de outras tecnologias contribuindo

para o aumento da competitividade do setor e possibilitando aumento do giro de

capital, com incrementos de produção e produtividade, de forma que, esse sistema

de produção baseado no novilho precoce, tem sido estudado por diferentes autores

e os resultados têm evidenciado que além dos benefícios biológicos, existem ganhos

econômicos importantes.

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