A Assunção de Maria - O São Paulo · 2020. 8. 12. · Espiritualidade Dom José Benedito ......

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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO Ano 65 | Edição 3310 | 12 a 18 de agosto de 2020 www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00 www.arquisp.org.br | Na sexta-feira, 7, por meio de videoconferência, foi reali- zada a aula inaugural, com o professor Padre Denilson Ge- raldo, doutor em Direito Canô- nico, que falou sobre o tema “A eclesialidade e a metodologia da ciência canônica”. Houve também a participação do Car- deal Scherer e dos membros da nova direção. Página 16 Desde a sua criação, em fe- vereiro, a Comissão Arquidioce- sana para a aplicação do Motu Proprio Vos Estis Lux Mundi tem trabalhado na acolhida de denúncias de abusos sexuais cometidos por clérigos e apro- fundado o estudo do manual da Santa Sé sobre os procedimen- tos para esses casos. Página 11 A Pastoral Vocacional rea- lizou na manhã do sábado, 8, o encontro anual de coroinhas e acólitos, na Catedral da Sé, com uma missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Na homilia, Dom Odilo res- saltou a importância do ser- viço ao altar e lembrou que muitas vocações sacerdotais e religiosas nasceram dessa experiência eclesial. Página 3 Com o tema “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Jos 24,15), a Semana Nacio- nal da Família, realizada entre os dias 9 e 15, valoriza a voca- ção das famílias como Igreja doméstica, sobretudo no con- texto atual da pandemia. O SÃO PAULO destaca como a quarentena pode ser uma oportunidade para as fa- mílias superarem os conflitos e crescerem espiritualmente. Páginas 8 e 9 Os libaneses vivem as con- sequências das explosões que ocorreram em Beirute, no dia 4, que resultaram em mortes e na intensificação da crise local. O Papa Francisco afirmou que a catástrofe chama todos “a cola- borar para o bem comum deste amado país”. Páginas 13 e 14 Coroinha em oração na Catedral da Sé Editorial Por meio da família, Deus concede ao gênero humano participar de sua obra criadora Página 4 Encontro com o Pastor O enfrentamento da COVID-19 no Brasil foi adequado até agora? Página 2 Espiritualidade Dom José Benedito Cardoso: ‘Mulher, grande é a tua fé em Cristo’ Página 5 Fé e Cidadania Francisco Borba: o olhar de São João Paulo II sobre as mazelas do Brasil Página 7 Comportamento Valdir Reginato: Pais, não cansem de se interessar por seus filhos Página 7 Faculdade de Direito Canônico inicia atividades do semestre acadêmico Comissão arquidiocesana atua para a tutela de menores e vulneráveis Coroinhas da Arquidiocese festejam seu padroeiro, São Tarcísio Transformar o lar no lugar da experiência do amor e da misericórdia Papa faz apelo para que comunidade internacional se una para ajudar o Líbano Em 2020, completam-se 70 anos que o Papa Pio XII proclamou solenemente o dogma da Assun- ção de Nossa Senhora, pelo qual a Igreja reafirma que “a imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. Página 15 A Assunção de Maria Em Maria, cumprem-se as promessas de Deus de que o mal e a morte não terão a palavra final Caritas no Líbano presta assistência à população de Beirute após explosões ocorridas no dia 4 Caritas Lebanon CNBB Luciney Martins/O SÃO PAULO Reprodução da internet

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pessoas”, disse em entrevista, no Vaticano, na qual O SÃO PAULO esteve.Página 24

Semanário da arquidioceSe de São Pauloano 65 | Edição 3310 | 12 a 18 de agosto de 2020 www.osaopaulo.org.br | R$ 2,00www.arquisp.org.br |

Na sexta-feira, 7, por meio de videoconferência, foi reali-zada a aula inaugural, com o professor Padre Denilson Ge-raldo, doutor em Direito Canô-nico, que falou sobre o tema “A eclesialidade e a metodologia da ciência canônica”. Houve também a participação do Car-deal Scherer e dos membros da nova direção.

Página 16

Desde a sua criação, em fe-vereiro, a Comissão Arquidioce-sana para a aplicação do Motu Proprio “Vos Estis Lux Mundi” tem trabalhado na acolhida de denúncias de abusos sexuais cometidos por clérigos e apro-fundado o estudo do manual da Santa Sé sobre os procedimen-tos para esses casos.

Página 11

A Pastoral Vocacional rea-lizou na manhã do sábado, 8, o encontro anual de coroinhas e acólitos, na Catedral da Sé, com uma missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo.

Na homilia, Dom Odilo res-saltou a importância do ser-viço ao altar e lembrou que muitas vocações sacerdotais e religiosas nasceram dessa experiência eclesial.

Página 3

Com o tema “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Jos 24,15), a Semana Nacio-nal da Família, realizada entre os dias 9 e 15, valoriza a voca-ção das famílias como Igreja doméstica, sobretudo no con-texto atual da pandemia.

O SÃO PAULO destaca como a quarentena pode ser uma oportunidade para as fa-mílias superarem os conflitos e crescerem espiritualmente.

Páginas 8 e 9

Os libaneses vivem as con-sequências das explosões que ocorreram em Beirute, no dia 4, que resultaram em mortes e na intensificação da crise local. O

Papa Francisco afirmou que a catástrofe chama todos “a cola-borar para o bem comum deste amado país”.

Páginas 13 e 14 Coroinha em oração na Catedral da Sé

EditorialPor meio da família, Deus concede ao gênero humano participar de sua obra criadora

Página 4

Encontro com o PastorO enfrentamento da COVID-19 no Brasil foi adequado até agora?

Página 2

EspiritualidadeDom José Benedito Cardoso: ‘Mulher, grande é a tua fé em Cristo’

Página 5

Fé e CidadaniaFrancisco Borba: o olhar de São João Paulo II sobre as mazelas do Brasil

Página 7

ComportamentoValdir Reginato: Pais, não cansem de se interessar por seus filhos

Página 7

Faculdade de Direito Canônico inicia atividades do semestre acadêmico

Comissão arquidiocesana atua para a tutela de menores e vulneráveis

Coroinhas da Arquidiocese festejam seu padroeiro, São Tarcísio

Transformar o lar no lugar da experiência do amor e da misericórdia

Papa faz apelo para que comunidade internacional se una para ajudar o Líbano

Em 2020, completam-se 70 anos que o Papa Pio XII proclamou solenemente o dogma da Assun-ção de Nossa Senhora, pelo qual a Igreja reafirma que “a imaculada

Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.

Página 15

A Assunção de MariaEm Maria, cumprem-se as promessas de Deus de que o mal e a morte não terão a palavra final

Caritas no Líbano presta assistência à população de Beirute após explosões ocorridas no dia 4

Caritas Lebanon

CNBB

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Reprodução da internet

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No sábado, dia 8 de agos-to, o Brasil ultrapassou a impressionante soma de 100 mil mortos, em

decorrência da COVID-19, desde o início da pandemia, em fevereiro passado. Bem entendido, trata-se apenas daqueles casos que, efetiva-mente, foram constatados, mas é de se supor que podem ser ainda mais numerosos, tendo em vista que nem todos os óbitos por essa doença te-nham sido oficialmente constatados.

E ainda estamos longe do con-trole da pandemia, com um núme-ro elevado de vítimas a cada dia. O número de infectados no Brasil também é impressionante e já ultra-passa os 3 milhões. Ainda bem que a maioria dos que se contagiaram com o vírus não enfrenta conse-quências especialmente graves e já recuperou a saúde. O novo corona-vírus não poupa ninguém e todos estão sujeitos a contrair a doença.

A duras penas, estamos apren-dendo muita coisa sobre o vírus e sua atuação, e já estamos em con-dições melhores para a prevenção

contra o seu contágio. É verdade, porém, que a vitória sobre a doen-ça só virá com uma ou mais vacinas eficazes contra os efeitos do vírus e com medicamentos que curem efe-tivamente quem a contraiu. Graças a Deus, a ciência faz o seu trabalho e há esperanças fundadas de que, em breve, haverá vacinas à disposição, o que será um grande alívio para a hu-manidade. No entanto, a vacinação deverá ser ampla e alcançar a popu-lação inteira, para prevenir contra o risco de contágio, uma vez que o vírus, ao que tudo indica, será nos-sa companhia incômoda daqui por diante, por muito tempo.

Não é meu propósito fazer aqui considerações sobre os erros e acer-tos no enfrentamento da pandemia. É inegável que alguns países conse-guiram enfrentar melhor que ou-tros esta emergência sanitária; e os que não levaram devidamente a sé-rio, desde logo, este grave problema, amargam agora as consequências e devem assumir sua responsabilidade. Será que, no Brasil, o enfrentamento da pandemia foi adequado, até agora, em toda parte? Somos uma popula-ção numerosa e temos um território continental, o que explica, em par-te, o elevado número de vítimas e a

lentidão na superação da pandemia. Não explica tudo, no entanto, e, so-bretudo, não alivia a dor de quem foi duramente atingido. E teremos consequências sociais e econômicas graves por muito tempo.

De nossa parte, como Igreja, não estamos isentos do contágio e parti-cipamos do sofrimento do povo no combate diário desta doença. Po-demos afirmar que demos a nossa contribuição para o enfrentamento da pandemia, quer limitando e re-duzindo a movimentação de fiéis em nossas atividades religiosas e pastorais, para evitar aglomerações, quer colocando nossas organizações e estruturas eclesiais a serviço dos doentes e pobres, que aumentaram muito desde a manifestação do ví-rus em nosso País. É considerável o volume de assistência diária das iniciativas das organizações eclesiais aos necessitados.

E, daqui por diante, quando já se começa a entrever uma certa me-lhora na emergência sanitária, qual será a atitude da Igreja em São Pau-lo? Nossa atitude continua sendo a da prudência, sem descuidar nada das recomendações das autoridades sanitárias. Mesmo que os hospitais e os centros de terapia intensiva já não

estejam mais tão cheios, ainda esta-mos longe de ter superado os riscos. E a conhecida “segunda onda” pode estar à espreita e atacar a qualquer momento. Portanto, mesmo se reto-mamos aos poucos o atendimento das pessoas em nossas igrejas, expe-dientes paroquiais e iniciativas pas-torais, isso requer que mantenhamos alta a vigilância e continuemos a aju-dar a população, de muitas maneiras, a fazer o mesmo. Por outro lado, as consequências da pandemia conti-nuarão ainda por muito tempo, antes que seja superada a crise econômica que ela desencadeou, causando po-breza e sofrimento para muitos. To-das as nossas organizações eclesiais continuarão empenhadas na atenção aos pobres e na prática da caridade e das obras de misericórdia.

Nossas comunidades e organi-zações precisam, no entanto, ser sinais de alento e esperança para todos, passando às pessoas a certeza de que Deus olha para seus filhos e não os abandona em meio aos seus sofrimentos e angústias. A acolhida do povo em nossas igrejas e espaços de atendimento religioso, com os cuidados recomendados, ajudará a nutrir a fé e a esperança, tão neces-sárias neste tempo.

caRdEal odilo pEdRo

schERERArcebispo

metropolitanode São Paulo

Cem mil mortos de COVID-19

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www.arquisp.org.br | 12 a 18 de agosto de 2020 | Geral/atos da cúria | 3

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO:Em 22/07/2020, foi nomeado e provi-sionado Pároco, da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no bairro Jardim Felicidade, na Região Episcopal Lapa, o Reverendíssimo Padre José Almir Paim, OSB, pelo período de 06 (seis) anos

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL: Em 22/07/2020, foi nomeado e provi-

sionado Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no bairro Jardim Felicida-de, na Região Episcopal Lapa, o Reveren-díssimo Padre Ronildo Vasconcelos de Oliveira, OSB.

Em 22/07/2020, foi nomeado e provi-sionado Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no bairro Jardim Felicida-de, na Região Episcopal Lapa, o Reveren-

díssimo Padre Robson Medeiros Alves, OSB.

POSSE CANÔNICA:Em 26/07/2020, foi dada a posse canô-nica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no bairro Jardim Felicidade, na Região Episcopal Lapa, ao Reverendíssimo Padre José Almir Paim, OSB

Em 26/07/2020, foi dada a posse canô-

nica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no bairro Jardim Felicidade, na Região Episcopal Lapa, ao Reverendíssimo Padre Ronildo Vascon-celos de Oliveira, OSB

Em 26/07/2020, foi dada a posse canô-nica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Assunção, no bairro Jardim Felicidade, na Região Episcopal Lapa, ao Reverendíssimo Padre Robson Medei-ros Alves, OSB

Atos da Cúria

A Pastoral Vocacional realizou na manhã do sábado, 8, o encontro anual de coroinhas e acólitos, na Catedral da Sé. O evento, que acontece há 18 anos, foi mar-cado por uma missa presidida pelo Carde-al Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metro-politano.

A atividade ocorre anualmente, por ocasião da memória de São Tarcísio, pa-droeiro dos coroinhas, celebrado no dia 15, no âmbito das iniciativas do Mês Voca-cional, comemorado em agosto no Brasil.

Este ano, o evento teve participação presencial de apenas alguns representan-tes das regiões episcopais, devido à pande-mia de COVID-19. Os demais servidores do altar das paróquias e comunidades da Arquidiocese acompanharam a celebra-ção pelas mídias digitais.

A missa foi concelebrada por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, e por di-versos sacerdotes, dentre os quais, o Padre José Carlos dos Anjos, Coordenador Ar-quidiocesano da Pastoral Vocacional.

FORMAÇÃONa homilia, Dom Odilo saudou todos

os coroinhas pelo belo trabalho que re-alizam nas comunidades e os motivou a continuar firmes nessa missão, pois o ser-viço do altar, quando bem feito, ajuda os demais fiéis a rezar bem.

O Arcebispo também aconselhou as crianças, adolescente e jovens servidores do altar a se formarem bem, não apenas em relação à liturgia, mas também no aprofundamento dos ensinamentos da fé.

O primeiro caminho apontado pelo Cardeal para essa formação é a Cateque-se. “Muitos de vocês já fizeram a primeira Comunhão, talvez a Crisma ou estão se preparando para recebê-la. Este tempo de Catequese é muito importante para apren-der aquilo que nós cremos e como a Igreja crê”, explicou.

CATECISMODom Odilo indicou o estudo, sobretu-

do, do Catecismo da Igreja Católica. “Pro-curem compreender, pelo Catecismo, o

Dom Odilo preside missa arquidiocesana com coroinhasFERNANDO GERONAZZO

[email protected]

que a Igreja diz, por exemplo, sobre a cele-bração da missa e dos demais sacramentos. Assim, vocês estarão também aprendendo o conteúdo da fé celebrada”, enfatizou, re-cordando que aquilo que os cristãos creem é celebrado na liturgia e deve também ser praticado por meio de um testemunho de vida que esteja de acordo com essa fé.

Outra recomendação dada por Dom Odilo aos coroinhas foi para que procu-rem conhecer a vida dos santos, testemu-nhas fiéis do seguimento a Jesus Cristo.

VOCAÇÕES“Agradeço a vocês, em nome de toda

a nossa Arquidiocese e de todas as Paró-quias, pelo serviço que prestam às suas comunidades, na liturgia. Que Deus os

ajude, ilumine e abençoe pela intercessão de São Tarcísio”, concluiu o Arcebispo.

No fim da missa, Dom Odilo recordou que o grupo de coroinhas é um grande celeiro de vocações sacerdotais nas co-munidades. Ele lembrou que foi coroinha e confirmou que vários padres presentes também exerceram esse ofício na infância.

Em seguida, o Cardeal perguntou aos coroinhas se já haviam pensando em se consagrar a Deus como sacerdotes ou re-ligiosos. “Estejam também atentos ao cha-mado de Deus”, aconselhou.

SÃO TARCÍSIOMártir da Igreja dos primeiros sécu-

los, vítima da perseguição do imperador Valeriano, em Roma, Tarcísio era um dos integrantes da comunidade cristã romana, quase toda dizimada. Ele tinha 12 anos e morreu no dia 15 de agosto do ano 257, ao tentar levar a Eucaristia a outros cris-tãos que estavam presos em decorrência da perseguição.

São Tarcísio auxiliava nas celebrações do Papa Sisto II como acólito e, um dia, foi abordado por pagãos enquanto leva-va consigo a Eucaristia, sendo duramente atacado com paus e pedras, até morrer, abraçado ao sacramento. “Quando lhe reviraram o corpo, os assaltantes não pu-deram encontrar nem sinal do sacramen-to de Cristo, nem em suas mãos, nem por entre as vestes.” Assim, o Martirológio Romano resume a forma posterior da história do Santo.

Coroinhas e acólitos participam de missa presidida pelo Cardeal Scherer na Catedral da Sé, dia 8

Canção Nova - São Paulo

O Papa Francisco nomeou, na quin-ta-feira, 6, novos membros do Conselho para a Economia do Vaticano. Dentre eles está o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.

Também foram designados para o organismo outros 12 integrantes: os Cardeais Péter Erdő, Arcebispo de Esztergom-Budapeste (Hungria); Gérald Cyprien Lacroix, Arcebispo de Québec (Canadá); Joseph William Tobin, Ar-cebispo de Newark (Estados Unidos); Anders Arborelius, Bispo de Estocolmo (Suécia); e Dom Giuseppe Petrocchi, Arcebispo de Aquila (Itália), e os leigos Charlotte Kreuter-Kirchhof, Eva Cas-

tillo Sanz, Leslie Jane Ferrar, Marija Ko-lak, Alberto Minali, María Concepción Osákar Garaicoechea e Ruth Maria Kelly.

O Conselho para a Economia foi ins-tituído pelo Papa Francisco em 24 de fe-vereiro de 2014, por meio da Carta Apos-tólica Fidelis dispensator et prudens, com a tarefa de supervisionar a gestão econômi-ca e as estruturas e atividades administra-tivas e financeiras dos dicastérios da Cúria Romana, das instituições ligadas à Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano.

O organismo é composto por 15 membros, dos quais oito são escolhidos entre cardeais e bispos, de modo a refle-tir a universalidade da Igreja, e sete são especialistas de várias nacionalidades, com competência financeira e profissio-nalismo reconhecido.

No domingo, 9, em missa na Catedral Maronita Nossa Senhora do Líbano, em São Paulo, presidida por Dom Edgar Madi, Bispo Ma-ronita no Brasil, foram recordadas as vítimas da explosão que deixou centenas de mortos e desabri-gados em Beirute, no Líbano, no dia 4. Ao final da missa, o Cardeal Scherer, Arcebispo de São Paulo, transmitiu uma mensagem de solidariedade ao povo libanês.

(Com informações da TV Canção Nova)

Reprodução da TV

Papa nomeia Cardeal Scherer membro do Conselho para a EconomiaREDAÇÃO

[email protected] Arcebispo de Munique e Freising,

na Alemanha, Cardeal Reinhard Marx, permanece como Coordenador do ór-gão. O Arcebispo de Durban, na Áfri-

ca do Sul, Cardeal Wilfrid Foix Napier, também continua como membro até completar 80 anos.

(Com informações de Vatican News)

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Nesta semana em que fa-zemos no Brasil espe-cial memória e oração pela família, convém

recordarmos mais uma vez o papel da família no projeto de Deus para o gênero humano.

No relato bíblico da criação, le-mos que “Deus criou o homem à sua imagem e semelhança; homem e mulher os criou” (Gn 1,27). Co-mentando estas palavras, São João Paulo II observava que a humani-dade, para ser reflexo de Deus, deve ser como um casal que se entrega num amor perfeito. Uma reporta-gem completa sobre “A família nos ensinamentos de São João Paulo II” pode ser encontrada na edição eletrônica do O SÃO PAULO desta semana.

De fato, o Catecismo da Igreja Católica caracteriza a família como “vestígio e imagem da comunhão

do Pai e do Filho, no Espírito Santo” (2205). Assim como em Deus o amor entre o Pai e o Filho é total, recíproco e perpétuo, da mesma forma deve ser o amor entre marido e mulher.

Ademais, como lembrava o Ve-nerável Arcebispo Fulton Sheen numa pregação radiofônica de 14 de fevereiro de 1943, o amor cristão não consiste exclusivamente numa doação mútua de si, pois, neste caso, ele terminaria esgotando-se a si mesmo, de maneira estéril. Antes, o amor é uma doação recíproca de si, que termina numa recuperação de si: se no Céu o amor entre o Pai e o Filho se recupera no Espírito Santo, o Vínculo da Unidade, assim tam-bém, na terra, o amor mútuo entre os cônjuges se recupera na criança, encarnação de seu amor duradouro.

Por meio da família, Deus con-cede ao gênero humano participar de sua obra criadora: as crianças

são geradas no seio da família, que não apenas as nutre, como também as protege e educa. Este é um dos motivos, aliás, por que a Igreja é tão firme em sua defesa da família na-tural: a formação das crianças exi-ge um ambiente estável durante um período prolongado de tempo. E como lembrou o Papa Francisco du-rante sua visita ao Brasil, “A família (...) é necessária para a sobrevivên-cia da humanidade. Se não existe a família, a sobrevivência cultural da humanidade corre perigo. É a base, apeteça-nos ou não: a família” (en-trevista à Rádio Catedral, 27 de ju-lho de 2013).

Outra imagem utilizada pela Es-critura para referir-se à família é a da união entre Cristo e sua Igreja: São Paulo compara esta união, a que chama de “grande mistério”, ao vín-culo pelo qual marido e mulher se tornam “uma só carne”. E explica: os

maridos devem amar suas mulheres a ponto de entregar a própria vida por elas, como Cristo entregou sua vida pela Igreja; as mulheres, por sua vez, devem em tudo perma-necer solícitas e fiéis aos maridos, como a Igreja o faz para com Cristo (cf. Ef 5,22-33).

Por fim, é preciso lembrar que, para um cristão, “são importantes, mas não absolutos, os laços familia-res” (Catecismo, 2232). Isso signifi-ca que toda a vida familiar deve ter por referência e objetivo a salvação eterna de seus membros – único sumo e verdadeiro bem. Rezemos, portanto, aquela famosa oração pela família: “Que a família comece e termine sabendo aonde vai”, “Que as crianças aprendam no colo o sen-tido da vida”, e “Que no seu firma-mento a estrela que tem maior bri-lho / Seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois”!

Família: imagem do amor de DeusEditorial

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.

“Não ardia nossos corações en-quanto Ele falava pelo caminho?” (Lc 24,32). A frase, pronunciada pe-los discípulos de Emaús, no retorno de Jerusalém após a crucifixão, traz elementos importantes para nos indi-car como colher certezas e discernir e julgar adequadamente sentimentos, pensamentos e experiências. A cer-teza que lhes advém – de terem en-contrado, verdadeiramente, o Senhor ressuscitado – ocorre de modo gra-dual, suplantando a tristeza, o can-saço e o medo. Quando era pequeno, acreditava que apenas o medo e a tris-teza impediam de ver quem era o Se-nhor, o que faz pensar o quanto sen-timentos e emoções dificultam o uso adequado da razão. Neste episódio, porém, como veremos, as emoções possuem papel maximizador – afeto que promove atenção e abertura.

Não adentrarei nos elementos teológicos que se depreendem desse trecho dos Evangelhos; para tanto, remeto o leitor aos vários santos e teólogos que contribuíram para esta análise (cf. ex. Santo Agostinho, Ser. 235; PL 38, 1117). Retornarei aos aspectos que interessam, em como o episódio pode auxiliar a compre-ender a dinâmica da certeza no co-nhecimento, também identificada na História da Filosofia como a questão da Verdade.

Não ardia o nosso coração?soas, nem todos esses “encontros” possuem potencial modificador. Também não seria certo afirmar que nos encontramos com um animal, montanha ou planta, senão que co-lhemos seu impacto afetivo. Tercei-ro, um outro, no caso Jesus que se aproxima e, de modo pedagógico e afetivo, “fala a língua daqueles com quem caminha”. Quarto, a certeza frutifica em mudança concreta: “Le-vantaram na mesma hora e retorna-ram a Jerusalém” (Lc 24,33).

Corpo, Encontro, Outro, Mu-dança. De um lado, abertura; de ou-tro, aproximação legítima, caridosa e misericordiosa de uma alteridade (outro). A certeza, deste modo, surge como derivação de uma experiência eminentemente humana, de uma razão que vai, aos poucos, colhendo indícios (corporais, inclusive), até o ponto da mudança, que se inicia no convite: “Já é noite, fica conosco?”

Esse Outro que se aproxima, que se curva para adentrar nossa experi-ência cotidiana, para não nos deixar à mercê de nossos pensamentos, ima-ginação, como O estamos acolhendo? Cabe a nós, homens e mulheres, vi-vendo neste século XXI, perguntar-mos se uma tal dinâmica da certeza pode ocorrer, tal qual com os discí-pulos de Emaús, também conosco. Onde arde o nosso coração?

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Em um momento histórico, no qual somos atropelados por uma ava-lanche de opiniões, informações, tes-temunhos “bem intencionados”, mas motivados não pelo desejo de nos fazer pensar por nós mesmos, mas de decidir e pensar por nós, aquela certeza deveria ser almejada ardente e profundamente por cada um.

Para clarificarmos a dinâmica da razão humana, o encontro de Jesus ressuscitado com os discípulos de Emaús é paradigmático. Nele, iden-tificamos quatro elementos funda-mentais, a começar por demonstrar

que a certeza no ato de conhecer dá pistas corporais: “Não ardia nossos corações?” Coração como símbolo do nosso eu corporal. Segundo, a certeza surge por meio de um en-contro historicamente delimitado. Algo aparentemente banal – encon-trar-se com alguém – ao explorar seu aspecto fenomenológico, indica que é uma experiência exclusivamente humana, de abertura total para o ou-tro, tendo como consequência exis-tencial a mudança. Assim, embora nos “encontremos” diariamente com dezenas, às vezes, centenas de pes-

DENER LUIZ DA SILVA

Opinião

Dener Luiz da Silva é professor de Psicologia na Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

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O evangelista Mateus reproduz um exemplo de fé que se dá entre Jesus e uma mulher ca-naneia. Na cena, Jesus está a

caminho de Tiro e Sidônia, região pagã, e se depara com uma mulher que lhe im-plora a cura de sua filha, atormentada por um demônio. Essa mulher rompe as bar-reiras físicas, religiosas e culturais. Isso pouco importa diante do sofrimento da sua filha atormentada, porém seu ato não é feito de maneira jeitosa, ou seja, ela se dirige a Jesus aos gritos. Naquela época, e até hoje, sabemos que o grito é sinal de desespero, dor, medo, pedido extremo de socorro. É o grito de mulheres indígenas que se desesperam ao ver rios sendo con-taminados por resíduos de garimpo ile-gal, ou pela derrubada, também ilegal, de vastas áreas de floresta. É o grito de mu-lheres que tiveram que deixar suas casas para morar em barracos improvisados,

ou mesmo nas ruas da cidade, porque não podem pagar o aluguel. A exemplo destas, tantas outras estão gritando, ao revelar o quanto estão incomodadas com as dores daqueles que estão ao seu redor.

Diante dos gritos, Jesus permanece em silêncio. Logo os discípulos pedem que Jesus tome posição e dizem o que Ele tem que fazer: “Manda embora essa mu-lher, pois ela vem gritando atrás de nós”. Os discípulos estão incomodados. De fato, há grito que nos incomoda, porque nos questiona e exige de nós uma posição frente ao problema apresentado. Ao apro-ximar-se de Jesus, não é só a boca que fala, mas todo o corpo daquela mulher que se prostra diante Dele e começa a im-plorar: “Senhor, socorre-me”. Diz o Papa Francisco “A força interior desta mulher, que permite superar qualquer obstáculo, deve ser procurada no seu amor materno e na confiança de que Jesus pode atender o seu pedido. Isto faz-me pensar na for-ça das mulheres. Com sua fortaleza, são capazes de obter coisas grandiosas. Co-nhecemos tantas! Podemos dizer que é o amor que move a fé e, por seu lado, a fé torna-se prêmio do amor”.

A cena da aproximação da mulher vai se tornando mais intensa e Jesus toma posição, mas não como queriam os seus discípulos. Ele não se sente incomodado e se prontifica a dialogar com aquela que,

a princípio, não tinha direito a receber os benefícios do “enviado somente às ove-lhas perdidas da casa de Israel”. Para um pagão, a palavra de Jesus parece ser muito dura: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. De fato, os hebreus chamavam de “cães” as pesso-as de outras raças (os pagãos). Jesus fala que a prioridade são os filhos, os hebreus. Observando a fala de Jesus e comparando com o que acontece na sua casa, a mulher concorda que o pão é prioritariamente destinado às crianças, mas isso não signi-fica que os cachorrinhos devam morrer de fome. Eles se alimentam das migalhas que caem da mesa. É como se ela disses-se “se não pode dar o pão inteiro, dê-nos as migalhas, somos os últimos da fila e as migalhas que vem de vós nos são su-ficientes para nos alimentar e nos curar”.

O modo como Jesus conduziu o diá-logo fez com que a mulher, considerada pagã, desse um salto de qualidade em sua fé, superando preconceitos judaicos em relação aos estrangeiros e mulhe-res. “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como desejas”. Fé semelhante à do solda-do pagão que causou admiração em Jesus (Mt 8,10) e bem diferente da dos discípu-los medrosos e de pouca fé (Mt 8,26). “E a filha ficou curada”, foi liberta do demônio que tanto a incomodava. Que demônio é esse? Talvez o demônio que atormen-

tava todo o seu povo: a discriminação, o preconceito, o tratamento como cachor-ros que viviam de migalhas, daquilo que sobrava. A fé constante, perseverante e incansável daquela mulher culminou com o resgate da dignidade da sua filha, do seu povo. Posteriormente, o apóstolo Pedro, ao admitir o primeiro pagão na Igreja, disse: “Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, mas em toda nação lhe é agradável aquele que o teme e fizer o que é justo” (At 10,34-35).

A atitude de Jesus diante da fé da mu-lher cananeia nos ajuda a compreender que é urgente o diálogo fraterno com ou-tros cristãos, com os membros de outras tradições religiosas e com os sem religião, para não cairmos na tentação do funda-mentalismo e da autorreferencialidade, como nos adverte o Papa Francisco. É preciso sair dos limites dos muros que nos cercam para dar as mãos a homens e mulheres comprometidos, independen-temente de suas crenças religiosas, com a cultura da paz, da justiça e do cuidado com a Casa Comum. Nós não estamos sós: “Multidões incalculáveis de outros homens creem em Deus, o invocam talvez mais intensamente do que nós; um dia, Ele achará a maneira – neste mundo ou depois dele – de nos reunir como irmãos reconciliados ao redor da grande mesa do seu Reino” (Frei Raniero Cantalamessa).

DOM JOSé BENEDITO CARDOSO

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA

REGIÃO LAPA

Espiritualidade

Mulher, grande é a tua fé!

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Na manhã do dia 4, no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, Setor Pastoral Perdizes, os sacerdotes atuantes na Região Episcopal Sé celebraram o Dia do Padre, na memória litúrgica de São João Maria Vianney, com missa presidida por Dom Eduardo Vieira dos Santos, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, tendo entre os concelebrantes o Padre Aparecido Silva, Vigário Adjunto da Região Sé; e o Frei Jair Roberto Pasquale, Reitor do Santuário.

Na homilia, Dom Eduardo falou so-bre as dificuldades impostas pela pande-mia do novo coronavírus também para os padres: “Nós, sacerdotes, sentimos na pele o quão difícil foi passar esses quatro meses de pandemia com as nossas igrejas, na sua grande maioria, fechadas, sem o povo, sem atividades e nos desdobrando na criatividade para transmitir as celebra-

A Semana Nacional da Família acontece entre os dias 9 e 15, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Pastoral Familiar. Na Ar-quidiocese de São Paulo, com o apoio da Região Epis-copal Sé, acontecerá na quarta-feira, 12, às 20h, uma live com o tema “Família e Educação”.

Participarão deste encontro virtual Dom Car-los Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e Referencial para a Pastoral Familiar; a Irmã Cláudia Chesini, Secretária do Conselho Su-perior da Associação Nacional de Educação Católi-ca (ANEC), Pedagoga e Coach em Educação; e Prof.

Dr. Gabriel Perissé, Mestre em Literatura Brasilei-ra pela USP, Doutor em Filosofia da Educação pela USP e Doutor em Teologia pela PUC-RS. Além da live, será realizado um Terço da Família, às 15h. As transmissões poderão ser acompanhadas por este link: https://cutt.ly/Xd1CAzz.

Pastoral Familiar promoverá live sobre família e educação

Dom Eduardo: ‘O nosso sacerdócio é serviço’POR CENTRO PASTORAL DA REGIÃO Sé

as ocupações e as obrigações diversas vão nos consumindo. Acabamos não tendo tempo para rezar, para descan-sar, para o outro e mesmo para a Igreja”.

O Bispo alertou os padres para o risco da superficialidade, do simples cumprir de uma obrigação. “É quando eu, sacer-dote, determino: ‘Isso é bom, eu faço; aquilo também é bom, então eu faço, ou

seja, eu faço o que me agrada e não aqui-lo que agrada ao Senhor. Ora! O meu sa-cerdócio agrada a mim ou agrada ao Se-nhor? É o questionamento que a Palavra de Deus nos faz. Podemos nos cercar de tantas escusas, de tantas coisas que não percebemos a profundidade, o valor do nosso ministério. E Jesus fala justamen-te disso, é aquilo que está dentro de nós.

Deus olha para dentro do nosso coração. E é lá no silêncio, no escondido do nos-so interior, que Deus nos fala, nos fala de amor. Eu amo o meu sacerdócio? E o que significa amar o sacerdócio. É de fato amar em profundidade essa consagração. Eu não me pertenço mais! O nosso sa-cerdócio é serviço. Não nos pertencemos mais”, enfatizou.

O Bispo recordou, ainda, que o sacerdo-te é aquele que indica aos outros o caminho para o céu, mas só pode fazê-lo quem está seguro sobre essa direção, que é o próprio Cristo, “a Quem nós servimos constante-mente, diariamente, e mais, a Quem nós consagramos nossa vida a esse serviço!”, disse, agradecendo a cada padre pelo tes-temunho de fé e zelo pastoral com o povo que lhe é confiado, e pedindo para que si-gam o exemplo de São João Maria Vianney, padroeiro dos padres. A íntegra da homi-lia pode ser vista em www.regiaose.org.br.

ções, para ir ao encontro das pessoas de alguma maneira e, sobretudo, pe-dindo a Deus que nada viesse a acontecer nesse contexto aos nossos fiéis e a ninguém”, disse.

O Bispo exortou os padres a refletir como têm vivido o ministé-rio sacerdotal. “Pode ser que tenhamos entrado no automático, em que

Dom Eduardo, em missa na Paróquia Nossa Senhora de Fátima

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No dia 4, memória litúrgica de São João Maria Vian-ney, padroeiro dos sacerdotes, Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, ho-menageou os padres atuantes na Região com um vídeo preparado pela Pastoral da Comunicação regional.

Na mensagem, Dom Luiz saúda os padres e afirma que o “sacerdócio presbiteral é uma belíssima forma de se associar ao mistério pascal de Nosso Senhor, em vista do plano salvífico de Deus para com seus filhos. A estes chamados, Deus concede uma capacidade es-pecial de sofrer pela Igreja, pelo Reino, inundando a cada um com o seu amor incondicional, porque no centro da vivência do sacerdócio está esse amor, essa capacidade de entrega incondicional, como Jesus o fez na Cruz”.

O Bispo destacou que neste tempo de pandemia,

No sábado, 15, a Paróquia São Sebas-tião, na Vila Guilherme, completa 70 anos. A missa festiva será às 19h. Haverá trans-missão on-line, mas quem quiser partici-par presencialmente deve se inscrever na secretaria paroquial com antecedência, por meio do telefone (11) 2901-7346. O número de participantes está limitado a 70

No dia 4, Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, presidiu missa na Paróquia São João Maria Vianney, no Setor Pastoral Lapa, em razão da memória litúrgica do padroeiro e pelo Dia do Padre.

A missa, com a presença de fiéis e tam-bém transmitida on-line, teve entre os con-celebrantes os Padres Raimundo Rosimar Vieira, Pároco; João Carlos Deschamps, Vigário-Geral da Região Lapa, e Antonio Francisco Ribeiro, Assistente Eclesiástico da Pastoral da Comunicação.

Antes do fim da missa, o Bispo deixou uma mensagem aos padres, ressaltando o vigor dos mais novos com este ministério

[LAPA] Na manhã do domingo, 9, aconte-ceu a missa de despedida do Padre Geraldo Pedro dos Santos da Paróquia Santa Luzia, no Setor Pastoral Pirituba, onde foi Pároco nos últimos seis anos. Agora, ele assumirá esta função na Paróquia Santo Eduardo, no bairro do Bom Retiro, na Região Episcopal Sé. O Sacerdote agradeceu o carinho e a colaboração de toda a comunidade, bem como expressou gratidão aos padres atuan-tes na Lapa e a Dom José Benedito Cardoso. O novo Pároco da Paróquia Santa Luzia, Pa-dre Eduardo Augusto de Andrade, tomará posse no sábado, 15, às 19h, em missa presi-dida pelo Bispo. (por Benigno Naveira)

SANTANAParóquia São Sebastião da Vila Guilherme: 70 anos de história

EDMILSON FERNANDESCOLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

LAPADom José Benedito preside missa pelo Dia do Padre

BENIGNO NAVEIRACOLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO

do Senhor na Igreja, e lembrando-se, tam-bém, dos sacerdotes idosos, que continu-am perseverantes em sua missão evangeli-zadora: “Que, juntos, possamos contribuir e edificar a Igreja, o Reino de Deus entre nós, e que vocês tenham um ministério

BELéMDom Luiz homenageia sacerdotes no dia de São João Maria Vianney

FERNANDO ARThURCOLABORADOR DE COMUNICAÇÃO DA REGIÃO

os padres mantiveram suas funções nas paróquias, “as orações, a liturgia, o atendimento aos que buscavam uma palavra, o perdão, a unção sagrada, as exéquias, e, sobretudo, estimularam ainda mais a caridade fraterna

em prol dos necessitados, e levaram à comunidade a so-licitude para com os mais vulneráveis entre nós”. Dom Luiz também cumprimentou os padres pelo empenho nas transmissões on-line, que tem permitido continuar o anúncio da Palavra nesta época.

“Ainda vimos a dedicação deles [padres] na susten-tação das paróquias, mesmo diante de desafios ainda não vistos”, disse o Bispo ao agradecer o esforço dos sa-cerdotes na manutenção das comunidades.

Ao final, Dom Luiz convidou os fiéis a rezar pelos padres: “Gostaria de pedir a você que me ouve neste momento, que em família e em comunidade, faça um momento de oração pelo seu pároco, pelos padres que trabalham em sua paróquia. Reze ao menos uma dezena do Terço, em família, pelos nossos sacerdotes, para que sejam cada vez mais sustentados e animados para a con-tinuidade em suas respectivas missões”.

O vídeo pode ser visto na íntegra neste link: https://cutt.ly/ud1aIAy.

pessoas. Quem for à igreja precisa seguir todos os protocolos sanitários por causa da pandemia do novo coronavírus.

Pela internet, a missa poderá ser vista pelo Facebook (saosebastiaovilaguilherme) ou pelo YouTube (Paróquia São Sebas-tião Vila Guilherme SP).

Para o Padre Luiz Cláudio Vieira, Ad-ministrador Paroquial, a festa deve ser “uma pausa à nossa vida atribulada com tantas e diferentes transformações para

contemplar o Mistério do amor divino com seu povo. É uma oportunidade para obter forças para ter cora-gem no testemunho, com-promisso com a Igreja em sua missão, na alegria de vi-ver em comunidade, no aco-lhimento, na fraternidade e na gratuidade no serviço.”

hISTóRIA DA PARóQUIAA Paróquia São Sebastião, na Vila

Guilherme, foi instalada em 15 de agos-to de 1950, pelo então Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Dom Paulo Rolin Loureiro. Um mês antes, no dia 16 de julho, o Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Arcebispo Metro-politano de São Paulo na época, havia publicado o decreto de criação da Paró-quia. Antes, o local onde fica o atual pré-dio havia sido ocupado por uma capela, inaugurada em 20 de janeiro de 1922. Aquele templo foi idealizado e erguido por Guilherme Praun da Silva, um rico comerciante, que era devoto de São Se-bastião e que, mais tarde, daria nome ao bairro.

A matriz paroquial está localizada na Praça Stelio Machado Loureiro, 01, Vila Guilherme.

abençoando”, afirmou. Em conversa com a

Pastoral da Comunica-ção (Pascom) da Região Lapa, o Padre Raimun-do recordou que São João Maria Vianney foi canonizado pelo Papa Pio XI, em 1924, em ce-rimônia acompanhada no Vaticano por Dom Duarte Leopoldo e Sil-va, então Arcebispo de

São Paulo, que no ano seguinte decidiu iniciar a construção de uma paróquia dedicada ao Santo na Arquidiocese. A primeira missa do templo foi celebrada em 17 de abril de 1932, presidida pelo Monsenhor Antonio Rau.

Dom Luiz Carlos em vídeo ao clero atuante na Região Belém

Dom José Benedito com padres de paróquias da Região Lapa

Igreja matriz da Paróquia São Sebastião

Sidnei Fernando Fernandes

Benigno Naveira

Robson Simões

Pascom da Região Belém

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iPiRANGA

Comportamento

As opiniões da seção “Fé e Cidadania” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do O SÃO PAULO.

Fé e Cidadania

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Com suas mazelas políticas, econômicas, culturais e so-ciais, que – esperamos – vão diminuindo, mas não acabam, o Brasil vê crescer a polarização e o enfrentamento ideoló-gico na sociedade. O fenômeno se repete no seio da Igreja Católica, que, sendo a confissão religiosa com maior núme-ro de praticantes no País, reflete o quadro geral. Acusações de neoliberalismo, fascismo, marxismo cultural e comunis-mo pipocam em discursos inflamados. Como todos estão sujeitos ao erro, mas a raiva é má conselheira, as denúncias geralmente se referem a problemas reais. As interpretações ideológicas, porém, se prestam a manipulações e confusões que pouco ajudam na construção do bem comum.

Nesse contexto, vale a pena rever uma passagem do discurso de São João Paulo II, na Favela do Lixão de São Pedro, em Vitória (ES), em sua visita ao Brasil de 1991: “A doutrina social católica repudiou sempre a organização da sociedade baseada em um determinado modelo de capitalismo liberal, justamente qualificado de ‘capitalis-mo selvagem’, que tem como notas dominantes a procu-ra desenfreada do lucro, unida ao desrespeito pelo valor primordial do trabalho e pela dignidade do trabalhador. Esta procura, não raro, é ‘acompanhada pela corrupção dos poderes públicos e pela difusão de fontes impróprias de enriquecimento e de lucros fáceis, fundados em ativi-dades ilegais’ [...] A Igreja repudiou, igualmente, as so-luções perversas do coletivismo marxista, que asfixia a liberdade, sufoca a iniciativa, reduz a pessoa humana à condição de simples peça de uma engrenagem, fomenta o ódio e acaba no empobrecimento, que pretendia superar [...] É na fidelidade a Cristo, seu Fundador, que a Igreja, sem propor modelos concretos de organização político- -social, oferece, ‘como orientação ideal indispensável, a sua doutrina social’ (Centesimus annus, 43)”.

A atualidade do texto chega a ser dolorida. São João Paulo II faz uma denúncia explícita do “capitalismo sel-vagem” (nos tempos atuais denominado “economia que mata”, pelo Papa Francisco, na Evangelii gaudium, 53). Esse é o foco do trecho, pois o Brasil – objetivamente – é um país de economia capitalista, ainda que o Papa lembre também os limites do “coletivismo marxista”. As novas esquerdas do século XXI são muito diferentes do comunismo do século XX: nem toda a direita pode ser considerada “capitalismo selvagem”. Independentemente disso, fica evidente que São João Paulo II não se esquiva à denúncia das mazelas do País por medo de ser instrumentalizado por um grupo ideológi-co ou de enfraquecer políticos que considera mais afinados com seu pensamento.

O Papa acrescenta que a Igreja oferece sua doutrina so-cial “como orientação ideal indispensável”. Essa orientação ideal não chega a propor “modelos concretos”. Essa é a tare-fa da reflexão e da atuação dos leigos. É, contudo, na busca por esses modelos concretos – e não num debate ideológi-co estéril – que os problemas são superados. A denúncia, se não é seguida por propostas realistas e comprometidas com o bem comum, pode ser facilmente esvaziada ou ins-trumentalizada pela propaganda partidária. Não se pode deixar de fazer a denúncia porque não se tem ainda uma proposta alternativa clara, mas também não se pode fazer a denúncia sem dar o passo seguinte, que é a busca de novos caminhos.

Extremistas de ambos os lados negam a realidade, proclamando suas ideologias (quer de direita, quer de es-querda) e se recusando a reconhecer os erros dos correli-gionários. A mensagem cristã convida a olhar os fatos com realismo, reconhecer erros e acertos de todos os lados, bus-car o diálogo para formular propostas realistas de constru-ção do bem comum.

Francisco Borba Ribeiro Neto, sociólogo e biólogo, é coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP

São João Paulo II e as mazelas do Brasil

São Domingos de Gusmão é tema de live

FRANCISCO BORBA RIBEIRO NETO

VALDIR REGINATO

“Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne.” (Gn 2,24).

Estamos no mês de agosto, voltado às vocações. E nesta semana, de modo especial, recordamos e reza-mos pela vocação da família. As palavras do Gênesis são claras ao afirmar que da união livre e amorosa de um homem e uma mulher cria-se a condição neces-sária para a abertura generosa a uma nova vida, com a participação divina. De fato, Deus concede aos ho-mens e mulheres a responsabilidade de transmissão da vida, o valor maior de nossa existência. A ideia de família antecede a própria criação do homem, na medida em que é instituída por Deus como caminho para a sua participação na Criação e perpetuação da vida humana.

Não se pode deixar de admirar a maravilha de um homem e uma mulher nos seus detalhes de consti-tuição anatômica, de seus mecanismos fisiológicos, de suas capacidades intelectuais e de seus sentimen-tos, que se complementam harmoniosamente numa união que não deverá ser somente carnal, mas de compromisso de amor, na responsabilidade de poder transmitir o dom da vida. Não há como negar que ta-manha riqueza de reações ocorridas entre duas pesso-as, com a capacidade de poder gerar alguém, que até então não existia, e passará para a eternidade, seja de-corrente de Deus Criador. Jamais o acaso assim o faria.

Assim, lemos na encíclica Humanae vitae, de São Paulo VI: “O gravíssimo dever de transmitir a vida humana, pelo qual os esposos são os colaboradores livres e responsáveis de Deus Criador, foi sempre para eles fonte de grandes alegrias, se bem que, algumas vezes, acompanhadas de não poucas dificuldades e angústias.” (HV, 1). Vincula-se a esta colaboração as alegrias, as quais, após o pecado original, foram acrescentadas “dificuldades e angústias”.

A vocação para a vida conjugal é, desde todos os tempos, o caminho escolhido pela grande maioria das pessoas em distintas civilizações. O núcleo fami-liar, constituído pela união do homem com a mulher, foi sempre considerado imprescindível para o desen-volvimento da humanidade. A fragilidade humana, nos primeiros anos do berço, só pode subsistir me-diante o acolhimento familiar. O processo de educa-ção e progresso só foi possível pela sucessão de gera-ções, em que famílias convivem umas com as outras.

Essa vocação carrega consigo uma responsabilidade no comportamento humano, e com a justiça divina, visto que é um dom que recebemos de graça, e por ele havemos de responder.

Já não surpreendem, porém entristecem, os tan-tos caminhos que têm sido oferecidos ao comporta-mento humano, que fogem totalmente dos objetivos fundamentais da família. Desnecessário mencionar muitos deles, já bastante conhecidos e comentados entre nós. O que cresce cada vez mais, no entanto, é a aceitação destes descaminhos, como alternativas para a “família”. Já passou do tempo de precisarmos, com urgência, conclamar os pais a fazer por merecer esta denominação. Os comprometidos com suas pro-messas no altar, diante de Deus, não podem se omitir diante da responsabilidade de promover um ambien-te adequado e saudável para a educação, formação, desenvolvimento e lazer para os seus filhos.

É animador, contudo ainda insuficiente, verificar movimentos de pais que procuram dar uma resposta às transformações no campo educacional e de entre-tenimento, que buscam atingir as faixas mais preco-ces da infância com orientações desastrosas, cujas consequências já se assiste cotidianamente. Pais, fa-çam por merecer este compromisso! Não se cansem de se interessar pelo que os seus filhos estão lendo, assistindo, brincando, convivendo: seja na rua, na es-cola, no clube, seja em sua própria casa. Não poupem esforços em procurar superar esses desafios, ofere-cendo mais tempo com eles. Participem de atividades juntos, o quanto possível. Que tenham refeições jun-tos, quando se converse e se desligue o celular. Que promovam passeios nos quais possam se divertir sem se afastar de Deus. Que contem histórias, mil vezes se necessário repetir. Rezem com eles, e por eles, antes de dormir. Não permitam que se roube o tesouro que se comprometeram a zelar: a sua família.

Não há tempo para se lamentar. O tempo que temos deve estar ocupado para alegria no lar. Com dificuldades, sim, mas com alegria. Vai buscá-la no sorriso dos teus filhos. Se lá não a encontrares, olha a maneira como tens se comportado. Pais, ninguém deve substituí-los nesta responsabilidade. Abraça-a com a força do amor. Coloca no teu coração o so-corro a Maria e José, e nunca abandones a Esperança Naquele que te confiou.

Valdir Reginato é médico de família. E-mail: [email protected]

Pais, façam por merecer

A Paróquia Sagrada Família, em parceria com o Frei Franklim Drumond, OP, residente no Con-vento Nossa Senhora Aparecida, em Belo Horizonte (MG), pro-moveu no domingo, 9, a live “São Domingos de Gusmão: Vida e Re-novação”, pelo perfil do Instagram (@psfamiliaop).

Domingos (imagem), filho do Bem-aventurado Félix de Gusmão e da Beata Joana de Aza, nasceu em Caleruega, Espanha, em 1170. Antes da fundação da Ordem dos Pregadores, entrou para os Cône-gos Regulares de Santo Agostinho.

Enviado para uma missão, teve seu primeiro contato com os cátaros (hereges) em Toulouse, na França, quando viu despertar em seu cora-ção a necessidade de uma prega-ção mais efetiva do Evangelho.

Fundado o primeiro mosteiro da Ordem Dominicana, com nove monjas e duas recém-ingressantes, ele recorre, em 1216, ao Papa Ho-nório III, para a fundação da Or-dem dos Pregadores, que em 1221 teve seu primeiro Capítulo (As-sembleia). Em Bolonha, na Itália, naquele mesmo ano, Domingos adoeceu e morreu. Em 2021, a Or-dem dos Pregadores celebrará os 800 anos da morte do frade, com o tema “À mesa com São Domingos”.

Reprodução da internet

ANA BEATRIZCOLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

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8 | reportagem | 12 a 18 de agosto de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

“Fique em casa!” é uma das ex-pressões mais ouvidas nos últimos cinco meses, desde quando começa-ram as medidas de isolamento social para conter o avanço da COVID-19.

Para algumas pessoas, a “qua-rentena” tem sido ocasião para o surgimento de conflitos e crises. Para outras, uma oportunidade de aprofundamento da experiência que, em muitos casos, vinha sen-

do colocada em segundo plano em meio à rotina agitada de trabalho e vida social.

Um levantamento realizado pe-los cartórios brasileiros registra um crescimento de 18,7% no número de divórcios entre os meses de maio e junho deste ano. O aumento coinci-de com a autorização nacional para que divórcios, inventários, partilhas, compra e venda, doação e procura-

ções possam ser feitos de forma re-mota.

Partindo-se do fato de que a qua-rentena começou no Brasil em meados de março, não há evidências concretas de que esse período de pouco mais de dois meses de confinamento tenha sido suficiente para causar tais ruptu-ras familiares, mas indica que muitas situações de fragilidade podem ter sido agravadas nesse contexto.

TOMADA DE CONSCIÊNCIA Casados há 26 anos, Roberto

Aguiar Faria, 55, e Cristina Negrão Faria, 50, atuam desde 2007 no acom-panhamento de noivos e jovens casais católicos. Eles enfatizaram ao O SÃO PAULO que é muito difícil para um casal superar os conflit os de rela-cionamento sem a humildade para reconhecer seus limites, e que nem sempre é possível fazê-lo sozinhos.

Semana Nacional da Família destaca a missão da ‘Igreja doméstica’

FERNANDO GERONAZZO [email protected]

“Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Josué 24,15) é o tema da Semana Nacional da Família, cele-brada entre os dias 9 e 15 por toda a Igreja no Brasil. Na Arquidiocese de São Paulo, a semana foi aberta com uma missa presidida por Dom Carlos Lema Gar-cia, Bispo Auxiliar Referencial para a Pastoral Fami-liar na Arquidiocese, no sábado, 8.

Na homilia, Dom Carlos ressaltou que o tema deste ano chama a atenção para uma dimensão bas-tante valorizada neste período de pandemia: a famí-lia como “Igreja doméstica” e sua missão de anunciar o Evangelho por meio do testemunho de vida e do sacramento do Matrimônio.

VOCAÇÃO O Bispo destacou que não é por acaso que a Se-

mana Nacional da Família acontece durante o mês vocacional, pois a família fundada no sacramento do Matrimônio é um verdadeiro caminho vocacional.

Dom Carlos sublinhou, ainda, que os casados são chamados à santidade por meio da união conjugal, alicerçada no amor. “Que amor é esse? O amor da telenovela? Não. Mas, sim, o amor de Deus que é re-fletido no amor humano”, afirmou, acrescentando: “Se quisermos que as pessoas sigam as nossas pa-lavras, antes, devemos dar o exemplo”. Ele reforçou que é mediante a prática das virtudes fundamentais e insubstituíveis que o lar de uma família poderá ser transformado em um lugar da verdadeira experiên-cia do amor de Deus e da misericórdia.

PROGRAMAÇÃO ON-LINEEste ano, devido à pandemia, a programação da

Semana Nacional da Família na Arquidiocese será transmitida pelas mídias digitais. Todos os dias, às 15h, haverá o Terço das Famílias; às 20h, serão transmitidas lives sobre diversos temas, organiza-das pela Pastoral Familiar das regiões episcopais.

O encerramento das atividades será no domingo, 16, das 20h às 22h, com um evento transmitido pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar, com a apre-sentação de músicas e vídeos de famílias de diversas partes do País.

Os eventos podem ser acompanhados pelas se-guintes mídias:Facebook:https://www.facebook.com/pastoralfamiliar.sp1Youtube:https://www.youtube.com/pastoralfamiliararquispInstagram:https://www.instagram.com/pastoralfamiliar.sp1/

Famílias transformam a quarentena em oportunidade de conversão

CNBB

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“As pessoas têm a ilusão de que o relaciona-mento não precisa ser trabalhado. Há muitas questões que devem ser aprofundadas, como a comunicação entre si, a espiritualidade con-jugal, a busca de amadurecimento humano”, enfatizou Cristina, reforçando que cada fase tem seus próprios desafios e é necessário estar aberto a esse constante aprendizado

Outro passo indicado para enfrentar as di-ficuldades conjugais e familiares é a tomada de consciência da dimensão sobrenatural do casamento, compreendendo-o como um sa-cramento. “É preciso entender e crer que essa união é uma vocação por meio da qual, juntos, caminhamos para a santidade”, disse Roberto. Entretanto, ele reconheceu que esse caminho não pode ser visto com uma concepção ro-mântica e abstrata, mas nas situações concre-tas da vida.

ACOMPANhAMENTO

Roberto e Cristina reconheceram que, quando se casaram, não tinham consciência alguma da dimensão sacramental do Matri-mônio. Com três anos de casados, eles parti-ciparam de um retiro para casais na Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, na zona Oeste de São Paulo, local onde, há 50 anos, nasceu o movimento do Encontro de Casais com Cristo (ECC).

A partir de então, eles começaram a buscar meios para aprofundar a dimensão espiritual da vida matrimonial, participaram de outros encontros e retiros, até que conheceram as Equipes de Nossa Senhora (leia mais no box).

Ao longo da caminhada, Roberto e Cristi-na perceberam a necessidade de se dedicar ao acompanhamento de outros casais e iniciaram um trabalho de formação de noivos. Nesse formato de preparação para o Matrimônio, os jovens que desejam se casar começam a ser acompanhados pelo casal em sua casa, onde recebem formação sobre o sacramento, ques-tões da vida conjugal e troca de experiências.

PROCESSO

Ao falar sobre as dificuldades comuns à vida conjugal e familiar, Roberto salientou que não é algo que se supera de repente, mas con-siste em um processo gradual. Por isso, as cri-ses devem ser encaradas como oportunidades para dar os primeiros passos em busca desse crescimento. “O primeiro passo é manifestar o desejo de fazer diferente, não se acostumar com a situação em que se encontra. Se isso não acontecer, não haverá progresso”, afirmou.

O casal também alertou que as famílias que passam por crises ou conflitos não podem ter receio de procurar ajuda, seja ela de um profis-sional, de amigos, seja de um sacerdote. “Algo que sempre foi muito importante e nos tempos atuais é ainda mais necessário é o aconselha-mento familiar”, afirmou Cristina, reforçando que as famílias não precisam enfrentar essas dificuldades sozinhas. Pelo contrário, devem contar com o apoio da comunidade, isto é, da família de famílias e da Igreja, por meio dos vários grupos e movimentos voltados a esse fim.

DESCOBERTA DO ‘OUTRO’

Com mais de 60 anos de experiência no aconselhamento de famílias, o catalão Padre Francisco Faus, 88, é autor de diversos livros sobre espiritualidade. No início da pande-mia, ele publicou uma série de meditações, no formato de podcasts, voltadas ao tema do relacionamento familiar na quarentena. Nes-sas pequenas reflexões, ele convidou os casais a enxergar, nesta situação excepcional, uma

Pastoral Familiar – Fundada na década de 1980, por inspiração da Exortação Apostólica Familiaris consortio, de São João Paulo II, este serviço eclesial tem o propósito de promover a inclusão e o res-gate dos valores e da dignidade das famílias, apoiando-as nas mais variadas realidades em que se encontram.Contato: http://site.cnpf.org.br/ Encontro de Casais com Cristo (ECC) - Serviço de evangeliza-ção das famílias, criado em 1970 pelo Padre Alfonso Pastore, em São Paulo. Seu trabalho é voltado à valorização das famílias como Igrejas domésticas, formadoras de pessoas, educadoras na fé e promotoras do desenvolvimento.Contato: https://cnbbs2.org.br/encontro-de-casais-com-cristo-ecc/ Comunidade Famílias Novas do Imaculado Coração de Maria – Fundada em 2006, tem a missão de “renovar todas as fa-mílias em Cristo”. Atua por meio de grupos chamados domus (casa, em latim), que reúne famílias do entorno para encontros de oração, evangelização e integração na vida eclesial.Contato: https://www.familiasnovas.com.br/ Comunidade Sagrada Família – Fundada em 1994, em São Paulo, tem como carisma evangelizar e resgatar as famílias, pela ins-piração do versículo bíblico “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua família” (At 16,31). É formada por adultos e jovens, casados, soltei-ros, celibatários e vocacionados ao sacerdócio.Contato: http://sagradafamilia.net.br/site/

Equipes de Nossa Senhora – Fundado em 1938, pelo Padre francês Henri Caffarel, o movimento tem a missão de propiciar uma caminhada de espiritualidade conjugal católica a seus integrantes. É constituído por grupos de casais – as chamadas Equipes – que, com o acompanhamento de um sacerdote, buscam no sacramento do Matrimônio um ideal de vivência cristã.Contato: https://www.ens.org.br/novo/home

Alguns grupos eclesiais voltados ao acompanhamento das famílias

oportunidade para a manifestação do crescimento humano e espiritual por meio da “descoberta do outro”.

“É natural que o confinamento forçado, muitas vezes em espaços pe-quenos, provoque atritos, discórdias, irritações, impaciências, brigas. Os nervos estão tensos e qualquer coisa que toque neles pode fazer saltar uma nota discordante”, afirmou o Sacerdo-te, apontando como primeiro desafio a tendência humana de tornar os outros um “espelho de si mesmos” por meio do qual se busca contemplar seus gos-tos, desejos, sonhos e frustrações.

Cristina e Roberto revelaram que a quarentena tem sido uma oportunida-de para conhecer melhor a filha, Júlia Negrão Faria, 24. “Nós nos demos con-ta de que a maneira como nos comu-nicávamos precisava melhorar e reco-nhecemos que, muitas vezes, erramos na maneira de lidar com nossa filha, nem sempre a deixando ser quem ela é”, disse a mãe.

VIDA ESPIRITUAL

Roberto frisou que a graça sacra-mental recebida no dia do casamento só produz efeito se for alimentada cons-tantemente. “Se não tivermos o hábito de rezar, ouvir o que Deus tem a nos dizer por meio de sua Palavra, buscar os sacramentos, a direção espiritual, não compreenderemos o Matrimônio como uma vocação, muito menos ve-remos na outra pessoa o meu próximo, a quem devo amar e dar a vida, como Cristo fez”, disse.

Ainda sobre o cultivo da vida espi-ritual, Cristina lembrou que, além da dimensão pessoal, é importante cuidar da espiritualidade conjugal, por meio de momentos de oração em comum, tanto o casal entre si quanto com os fi-lhos, mas também de outras maneiras. “O diálogo, por exemplo, é uma expres-são dessa espiritualidade. Sem contar os meus momentos de oração pessoal, que podem ter essa perspectiva conju-gal, quando incluo o casal nesse diálo-go com Deus, rezo pelo meu esposo e pelo nosso matrimônio”, reforçou.

COMPANhEIRO DE JORNADA

Por fim, o casal chamou a atenção para a necessidade de mudar a pers-pectiva sobre a vida a dois, valorizando o privilégio de poder contar com um companheiro de caminhada para a rea-lização da vocação, para o crescimento humano e espiritual.

“Nossa casa precisa ser um lugar onde não temos medo de mostrar nos-sas fragilidades e saber que aquela pes-soa com a qual decidimos caminhar junto não irá nos julgar, mas, pelo con-trário, nos ajudará a melhorar o que pre-cisa ser melhorado”, sublinhou Cristina.

Para o Padre Faus, é imprescindível que o casal compreenda que o amor conjugal é mais que um mero senti-mento, é uma decisão, um ato concreto de vontade, que tem como fim a reali-zação da vontade de Deus. Por fim, ele reforçou que “os amantes são aqueles que se amam”, enquanto “os esposos são aqueles que se empenham em se amar”. (FG)(Colaboraram: Flavio Rogerio Lopes e Jenniffer Silva)

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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A terceira semana do mês de agosto, de 16 a 22, será dedicada à vida consagrada, ou seja, às pessoas que fazem votos de cas-tidade, pobreza e obediência.

Em 2020, pela primeira vez, acontecerá a Semana Nacional da Vida Consagrada, motivada pela Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), cujo tema é “Amados e Chamados por Deus” (Chv, 112), que ga-nha ainda maior destaque diante da atu-al pandemia, que exige que os religiosos criem alternativas para manter as ações missionárias e a vida em comunidade.

IRMÃS NA LINhA DE FRENTE DA COVID-19

Irmã Célia Luíza Araújo do Carmo, 42, nasceu em Registro (SP), mas cresceu em Feira de Santana (BA). Ela pertence à Congregação das Ministras dos Enfermos de São Camilo (Camilianas) e atualmente desempenha sua missão na cidade de Dois Lajeados (RS).

“Queria dedicar minha vida totalmen-te a Deus e ao serviço dos irmãos, quando

O dia a dia dos religiosos na pandemiaDE NORTE A SUL DO BRASiL, ELES ViVEM O iSOLAMENTO SOCiAL E CRiAM ALTERNATiVAS PARA CONTiNUAR A ViDA EM COMUNiDADE E AS ATiViDADES MiSSiONáRiAS

NAYá FERNANDESESPECIAL PARA O SÃO PAULO

conheci uma religiosa da Congregação à qual pertenço hoje, fundada por Maria Domingas Brun Barbantini e cujo carisma é o cuidado, sobretudo dos doentes”, con-tou Irmã Célia ao O SÃO PAULO, recor-dando seu chamado vocacional.

Diante da atual pandemia, Irmã Célia disse que as religiosas conversaram sobre as mudanças que precisariam ser feitas, como, por exemplo, a transferência das idosas para outra casa, as medidas de hi-giene e as saídas de casa somente em casos essenciais, bem como o distanciamento dentro da própria comunidade.

As atividades missionárias, porém, se intensificaram, pois, como enfermeiras do Hospital São Roque, único da cidade de Dois Lajeados e que atende também os municípios vizinhos, foi preciso criar protocolos e planos de contingência para o enfrentamento do vírus. “Além disso, tivemos que treinar e preparar todos os profissionais do hospital, para enfrentar a batalha que estava por vir. E não somente o preparo técnico, mas também espiritual, para que todos fossem fortes e não desa-nimassem diante da pandemia”, contou a Religiosa.

Às duas religiosas enfermeiras da co-munidade, ambas com mais de 60 anos, foi sugerido que se afastassem das ativi-dades. “Elas, porém, não aceitaram e se dispuseram a continuar atendendo os do-entes, mesmo com risco de vida, tendo a oportunidade de viver o quarto voto, que é o de serviço aos doentes, pois o Mestre que seguimos não poupou a própria vida por amor”, acrescentou Irmã Célia.

PELA INTERCESSÃO DE MARIA IMACULADA

Irmã Sarah Reis, 49, nasceu em Rapo-sos (MG) e atualmente mora em Brasília (DF). Desde pequena, Sarah acompanha-va sua mãe à igreja e brincava com suas amigas enquanto a mãe ensaiava no coral. E foi durante os encontros de preparação para o Crisma que, aos 14 anos, ela sentiu que queria seguir Jesus como religiosa.

“Procurei endereços de congregações para iniciar meu processo de resposta a Deus. Meu pai tinha receio de que fosse algo passageiro e se opôs logo no início. Também porque eu era a filha caçula e a primeira da família que queria seguir esta vocação. Fui crescendo, namorei alguns rapazes, porém, aos 18 anos, após um processo de acompanhamento e discer-nimento com as Irmãs Concepcionistas Missionárias do Ensino, ingressei na Con-gregação”, contou Irmã Sarah, que emitiu os primeiros votos religiosos em 1995.

O isolamento social na comunidade, em Brasília, começou em 13 de março. “Cheguei da Espanha no dia 15 daquele mês, para onde tinha ido para um encon-tro internacional da Congregação, e fiquei isolada por 14 dias. Depois disso, na co-munidade, começamos com atendimento a distância”, explicou Irmã Sarah.

Como a missão das Concepcionistas é em um colégio, a pandemia trouxe muitos desafios, como a reorganização dos horá-rios, a participação da missa pela televisão, além das reuniões, encontros e acompa-nhamento de alunos e suas famílias a dis-tância. “Fisicamente, estivemos e estamos

distantes de muita gente, mas mediante os meios digitais, fomos superando o dis-tanciamento pela presença criativa e pela oração”, explicou a Religiosa.

SOLIDARIEDADE E Fé!Mario Cabral Aguilar, 38, é padre da

Congregação do Espírito Santo (Padres Espiritanos). Ele nasceu no Paraguai e tra-balha como missionário na cidade de Fon-te Boa (AM), a 850km de Manaus, subin-do o Rio Solimões. Atualmente, é Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Guadalu-pe, da Prelazia de Tefé.

“Aos 18 anos, fiz os primeiros contatos com a Congregação e, após dois anos de discernimento, comecei o caminho com os Espiritanos. Toda a formação inicial aconteceu no Paraguai, e a Teologia, em São Paulo (SP). Meu estágio missioná-rio foi no Quênia. Foi uma experiência muito forte e feliz, pois fiquei junto com uma tribo que está numa fase de primei-ra evangelização”, contou o Padre. Após a ordenação, foi enviado ao Amazonas, para uma região pobre, de difícil acesso e que conta com poucos missionários. Além da matriz, ele atende nove capelas urbanas e 38 comunidades ribeirinhas, sendo que a mais distante fica a 27 horas de barco da cidade, na comunidade indígena da etnia tikuna.

“O isolamento social aqui começou em meados de março, com restrições de transporte à cidade. Em abril, tivemos os primeiros casos e, hoje, já não temos nú-meros crescentes de contaminação. As pessoas não fazem mais isolamento e te-memos uma segunda onda de contágios”, comentou o Padre.

Com a suspensão das atividades pre-senciais, a matriz paroquial alugou uma “boca de ferro” para que a missa pudesse ser ouvida pelas pessoas do centro da cida-de. “A conexão de internet aqui não é su-ficiente para transmitir as celebrações. Por mais que investíssemos a fim de torná-la possível, o número de adesões seria baixo, pelo mesmo motivo da conexão. Estamos começando a reabertura das igrejas, com muita prudência”, explicou.

Mesmo com a matriz e as demais cape-las fechadas, todas as contas foram pagas e os funcionários mantidos, graças à fideli-dade dos dizimistas. Além disso, por meio do grupo de jovens, a Paróquia conseguiu arrecadar alimentos para ajudar mais de 650 famílias, com doações locais e até do exterior.

O Sacerdote contraiu a COVID-19, tomou as medicações recomendadas e, já recuperado, continua em missão.

Irmã Célia, camiliana, está em missão em Dois Lajeados (RS) Padre Mario Cabral, espiritano, missionário em Fonte Boa (AM) Irmã Sarah Reis, concepcionista, em missão em Brasília (DF)

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Criada em fevereiro, a Comissão Ar-quidiocesana para a aplicação da carta apostólica em forma de Motu Proprio “Vos Estis Lux Mundi”, sobre abusos se-xuais, iniciou suas atividades em março e, desde então, mesmo em meio à pan-demia de COVID-19, não interrompeu os seus trabalhos.

O organismo, instituído pelo Arce-bispo de São Paulo, tem o objetivo de acolher as denúncias de abuso sexual de menores, de pessoas vulneráveis, de re-tenção ou divulgação de material porno-gráfico infantil, cometidos por clérigos e religiosos. Isso atende aos encaminha-mentos na esfera da legislação penal da Igreja, que agora conta, também, com a contribuição do Papa Francisco, me-diante o documento acima citado, com novas normas para prevenir e combater tais delitos no âmbito eclesiástico.

Coordenada pelo Padre Ricardo Cardoso Anacleto, a Comissão é cons-tituída por sacerdotes, religiosos e leigos das áreas do Direito Canônico, Direito, Teologia, Psicologia, Assistência Social, Educação, entre outras. Concretamen-te, o grupo acolhe a denúncia, levanta o máximo possível de informações e as verifica, para, então, elaborar um pare-cer à autoridade competente, no caso, o Arcebispo, que dará o devido encami-nhamento, conforme se prevê no Motu Proprio e no regulamento da Comissão.

Em algumas situações, esse encami-nhamento consiste na constituição de uma comissão de investigação prévia; em outras, dependendo da gravidade e da materialidade das denúncias, o caso é encaminhado diretamente à Congre-gação da Doutrina da Fé, organismo da Santa Sé que tem a responsabilidade de investigar e julgar os delitos dessa natu-reza cometidos por clérigos.

VADEMECUM

Para auxiliar as dioceses no trabalho de acolhida e investigação das denún-cias, a Congregação para a Doutrina da Fé publicou, em julho, um documento intitulado “Vademecum sobre alguns pontos do procedimento no tratamento dos casos de abuso sexual de menores cometidos por clérigos”.

Um dos tópicos que o documento destaca é quanto à tipificação dos delitos referentes aos abusos sexuais cometidos por clérigos e religiosos, que incluem, por exemplo, relações sexuais (com e

sem consentimento), contato físico de ordem sexual, exibicionismo ou outros atos libidinosos, produção de porno-grafia, indução à prostituição, conversas e/ou propostas de caráter sexual, inclu-sive mediante os meios de comunicação.

O texto também esclarece que o con-ceito de “menor de idade” compreendido pela legislação da Igreja se refere a pes-soas com menos de 18 anos na ocasião do delito. Quanto ao uso da expressão “adulto vulnerável”, o manual salienta que se trata de “toda a pessoa em estado de enfermidade, deficiência física ou psí-quica, ou de privação da liberdade pes-soal que de fato, mesmo ocasionalmente, limite a sua capacidade de entender ou querer ou, em todo o caso, de resistir à ofensa”.

COLABORAÇÃO COM O ESTADO

Padre Ricardo esclareceu, ainda, al-gumas informações imprecisas veicula-das pela mídia, como a respeito da res-ponsabilidade de a Igreja comunicar o Estado quando receber uma denúncia.

“O que o vademecum orienta é que, uma vez que o Estado solicite a ajuda e colaboração da Igreja, de acordo com a legislação de cada lugar, a instituição eclesiástica tem o dever moral de ajudar nas investigações, não por coação, mas por responsabilidade”, ressaltou o Coor-denador.

Sobre esse aspecto, o vademecum diz que, quando a legislação do país obriga que a autoridade eclesiástica notifique as autoridades civis sobre a denúncia recebida e a investigação prévia, deve-se respeitar as leis do Estado e a vontade da presumível vítima.

O regulamento da Comissão arqui-diocesana também reforça que a pessoa que faz a denúncia seja sempre orientada

a respeito do direito de apresentá-la tam-bém às autoridades civis competentes.

DENÚNCIA ANÔNIMA

Em relação às denúncias anônimas, o manual da Santa Sé não descarta a possibilidade de serem recebidas. A esse respeito, o Cardeal Scherer, em recente reunião com os membros da Comissão, enfatizou que nenhuma denúncia deve ser descartada, mas, sim, devidamente averiguada.

Padre Ricardo explicou que existem situações nas quais o denunciante, por diversas razões, não quer se identificar, por exemplo, por medo de uma represá-lia ou constrangimento em razão da deli-cadeza dos fatos. “Essas denúncias, con-tudo, devem ser acolhidas e averiguadas para que sejam encontrados elementos que deem plausibilidade a seu encami-nhamento devido”, afirmou.

Sobre isso, o regulamento da Comis-são, no artigo 12, também destaca que “denúncias vagas e genéricas dificilmen-te são elucidáveis”. Por isso, o denuncian-te ou informante deve fornecer, de forma detalhada, elementos sobre o caso, tais como o nome dos envolvidos, a data do acontecido, lugar, circunstâncias e even-tuais materiais comprobatórios, como fotos, gravações, nomes e contatos de testemunhas.

ACOLhIDA

Sobre o acompanhamento das ví-timas, Padre Ricardo salientou que a Comissão tem como prioridade acolher aqueles que denunciam com a maior seriedade e celeridade possível. A esse respeito, o vademecum reforça a neces-sidade de oferecer “acolhimento, escuta e acompanhamento, inclusive por meio de determinados serviços, bem como as-

sistência espiritual, médica e psicológica, de acordo com o caso específico”.

Outro dado ressaltado pelo Coor-denador é que o trabalho da Comissão é sempre realizado de forma que seja preservada a privacidade do denuncian-te e dos fatos relatados, para que sejam devidamente encaminhados à autori-dade eclesiástica. “Nós acolhemos as pessoas com toda a caridade possível, com a isenção de juízo de valores. Se a denúncia é verdadeira ou não, isso será investigado. Sempre haverá, no entanto, o acolhimento e o respeito por quem apresenta a denúncia”, afirmou o Padre.

De igual modo, a identidade e hon-ra da pessoa acusada é preservada, pois tanto a comissão de tutela quanto a de investigação prévia não são instâncias de julgamento. “O acusado ainda não é réu de um processo no momento em que é feita a denúncia”, sublinhou o Coordena-dor.

DENUNCIE

Padre Ricardo reforçou que é muito importante que as pessoas que tenham sido vítimas ou tenham conhecimento concreto de delitos dessa natureza pro-curem a Comissão para fazer sua denún-cia e, assim, ajudar a evitar que tais casos se repitam na Igreja. “É um assunto de-licado e dramático, mas que precisa ser enfrentado com a maior transparência e lisura, para que seja solucionado de acor-do com aquilo que é da competência da Igreja” reiterou Padre Ricardo.

Na Arquidiocese, as denúncias po-dem ser feitas presencialmente, na Rua Xavier de Almeida, 818, Ipiranga – CEP 04211-001 (no expediente matinal), mediante agendamento prévio; por car-ta, para este mesmo endereço, ou pelo e-mail: [email protected].

Tutela de menores:acolhida, escuta e acompanhamentoCOMiSSãO ARqUiDiOCESANA PARA A APLiCAçãO DO MOTU PROPRiO “VOS ESTiS LUx MUNDi”, SOBRE ABUSOS SExUAiS, PERMANECE EM FUNCiONAMENTO

FERNANDO [email protected]

Vademecum publicado pela Congregação para a Doutrina da Fé, sobre procedimentos no tratamento dos casos de abuso sexual contra menores

Libreria Editrice Vaticana

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Você Pergunta

A Nair de Carvalho, de Areado (MG), quer saber mais sobre a história de São João Maria Vianney, o padroeiro dos sacerdotes.

São João Maria Vianney é conhecido como o Cura d´Ars. Cura quer dizer pá-roco, vigário. Cura d´Ars significa o pá-roco ou vigário da cidadezinha de Ars, na França.

João Maria Vianney nasceu na França, em 1786, um pouquinho antes de estou-

rar a famosa Revolução Francesa. Ele foi batizado com o nome de João. Maria ele acrescentou porque era muito devoto de Nossa Senhora.

João foi um camponês que se com-plicou muito porque se recusou a fazer o serviço militar no império de Napoleão. Quis ser padre desde pequeno, mas esbar-rou em duas dificuldades: a pobreza e a incapacidade de entender bem as lições na escola. Ele, no entanto, não desistiu. Sendo muito piedoso, um antigo vigário o prepa-rou e convenceu o bispo a ordená-lo padre após três anos de estudos.

Com 32 anos, João foi ordenado padre e foi nomeado capelão da vilazinha de Ars. Ficou ali até sua morte. Transformou a vida dos 300 moradores do vilarejo e aca-bou tão famoso por seu acolhimento aos penitentes e suas pregações que atraiam fiéis de toda a França.

Sobre o Santo Cura d´Ars, diz Frei Il-defonso Silveira: “O curioso é que aquele humilde pastor de aldeia, pobre, penitente, de inteligência pouco brilhante, atraiu aos poucos milhares e milhares de pessoas de fora. Seu confessionário começou a ser as-sediado dia e noite, de modo que o padre

não tinha tempo de se alimentar nem de descansar. Foi essa a ocupação principal dos seus últimos anos de vida. O que iam buscar em Ars tantos peregrinos da Fran-ça e da Europa? Certo romeiro respondeu: ‘Vi Deus num homem!’ Os poderes públi-cos tiveram que providenciar a constru-ção de uma estrada de ferro para levar os peregrinos à humilde aldeia de Ars!”

Que beleza de vida, não é mesmo minha irmã? Que o Santo Cura d´Ars proteja e inspire todos os nossos padres. Fique com Deus e que Ele abençoe você e sua família.

‘Por que o padroeiro dos padres é o Cura d’Ars?’PADRE CIDO PEREIRA

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Menos tempo despendido no trânsito, maior proximidade da família e aumento de produtividade são algumas das razões que têm feito empresas e empregados continuarem com o regime de teletraba-lho, mesmo já havendo a autorização do retorno gradual da maioria das atividades presenciais na cidade de São Paulo.

No entanto, passados cinco meses em que a casa também se tornou, para muitos, o local de trabalho, já há quem sinta os im-pactos das adaptações que precisaram ser feitas repentinamente.

De acordo com a pesquisa “Impacto na saúde e no bem-estar do trabalho em regi-me de home office durante a pandemia de SARS-COVID-19”, produzida pelo Cen-tro de Estudos em Planejamento e Ges-tão de Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGVSaúde), em parceria com o Institute of Employment Studies, 84,1% das 533 pessoas que responderam ao questionário do estudo indicaram que seus empregado-res não realizaram qualquer avaliação de saúde e de segurança na estação de traba-lho do ambiente doméstico.

“A grande maioria fez uma transi-ção sem que houvesse uma adaptação da sua casa, de equipamento ou demais materiais de trabalho. As empresas, na maioria, não fizeram uma avaliação ergonômica e as demandas não foram muito planejadas”, afirma, ao O SÃO PAULO, o médico Alberto José Ogata, diretor de comunicação da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV), pesquisador associado do FGVSaúde e um dos responsáveis pelo estudo.

CONSEQUÊNCIASOs improvisos para prosseguir com o

trabalho em casa geraram alguns saldos, conforme as respostas dos entrevistados: perda do sono por se preocupar com as coisas do trabalho (55,6%), dores, de le-ves a intensas, ou desconforto no pescoço (57,1%), nos ombros (51,9%) e nas costas

Se a casa virou escritório, ajustar o ambiente é fundamental

DANIEL [email protected]

(58,2%), além de fadiga ocular (55%), dor de cabeça/enxaqueca (53,3%), sensação de fadiga (42,9%) e azia e/ou indigestão (34,6%).

Ogata ressalta que os dados refletem situações como a falta de mobiliário ideal para o trabalho, inadequações de postura corporal, falta de isolamento acústico e iluminação inadequada dos ambientes. “O ideal é que cada empresa ajude seu funcio-nário a lidar com a situação e não esperar

pessoas estão com receio de perder o em-prego, a instabilidade econômica as obriga a cumprir jornadas mais pesadas e, por isso, muitos na pesquisa relataram ques-tões relacionadas ao sono, fadiga ocular e dor de cabeça, e isso pode afetar a produti-vidade a médio prazo”, observou.

Um dos pareceres da pesquisa alerta que “as causas mais frequentes de adoe-cimento e afastamento, como as muscu-loesqueléticas e as mentais/emocionais,

nacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) produziu um guia de orienta-ções ergonômicas sobre o home office. Abaixo, veja algumas dicas. A íntegra do conteúdo por ser acessada neste link: https://cutt.ly/Zd1rZbV.

A mesa de trabalho deve ter profundi-dade suficiente para deixar as pernas livres e confortáveis e uma altura que permita manter braços e cotovelos próximos ao corpo. Organize os itens no espaço de tra-balho de maneira que os de uso contínuo estejam mais próximos a você.

Utilize uma cadeira confortável e que permita manter contato direto dos pés com o chão. Evite dobrar as pernas ou sentar sobre elas enquanto trabalha. Os glúteos devem ficar bem posicionados no centro da cadeira.

Braços e ombros devem estar relaxa-dos e os cotovelos levemente esticados. Evite posturas forçadas com os punhos durante a utilização do teclado e do mou-se. A dica é sempre deixá-los alinhados ao antebraço.

O monitor do computador precisa estar a uma distância equivalente à de um braço esticado. Sempre alinhe a tela à altu-ra dos olhos, pois assim não será necessá-rio inclinar o pescoço para cima ou para baixo. A letra do texto deve ser visível sem que seja preciso inclinar o corpo para en-xergá-la.

Quanto à iluminação, priorize am-bientes com luz natural, mas fique atento aos reflexos no monitor. Para isso, evite sentar-se de costas para a janela. O mesmo vale para a luz artificial, que não deve cau-sar sombras ou ofuscar a vista.

Faça pausas no expediente diante dos sinais de cansaço físico e mental, fadiga visual, falta de atenção ou concentração. Se possível, a cada hora trabalhada ou, no máximo, após 90 minutos ininterruptos de trabalho, descanse entre cinco e dez minutos. Em uma dessas ocasiões, utilize- -se de técnicas de alongamento, também recomendáveis para antes do início do ex-pediente e ao seu final.

(Colaborou: Jenniffer Silva)

que os problemas sejam diagnosticados nos exames periódicos, nos quais o que aparecerá é a consequência disso tudo”, analisou.

RISCOS à PRODUTIVIDADE O médico destaca que as empresas de-

vem ampliar os canais de diálogo com os funcionários para saber das reais deman-das, cobrar mais pela qualidade dos ser-viços e não pela quantidade e respeitar os limites da vida pessoal e profissional. “As

podem se agravar e o retorno ao ambien-te de trabalho pode ocorrer com piores condições físicas e emocionais. Torna-se importante oferecer suporte aos traba-lhadores, por meio do contato frequente, revisão de metas e do tipo de monitora-mento, além de envolver os trabalhadores nas decisões e estabelecimento de priori-dades”.

O QUE FAZER NA PRáTICA?A Universidade da Integração Inter-

SESi/MS

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Estados Unidos

Canadá Líbano

Os libaneses vivem as consequên-cias das explosões que ocorreram na zona portuária de sua capital, Beirute, no dia 4. As autoridades já contabili-zam pelo menos 220 mortos, mais de 5 mil feridos, cerca de cem desaparecidos e os desabrigados passam dos 300 mil.

A tragédia aconteceu em um perío-do em que o país do Oriente Médio en-frenta uma crise política e econômica sem precedentes em sua história, além da pandemia do novo coronavírus.

PROTESTOS

Em reação às explosões, houve vá-rios protestos pelas ruas de Beirute, pedindo a destituição do atual governo, acusado como principal responsável pela crise. A pressão das manifestações levou o primeiro-ministro, Hassan Diab, a renunciar ao cargo.

A população também acusa as au-toridades de negligência, pelo fato de as explosões terem sido provocadas pelo incêndio que atingiu um depósito em que estava armazenada, de forma irregular, uma grande quantidade de nitrato de amônio, substância de alta

O número de pessoas que optam pelo suicídio assistido no Canadá cresceu 26% em 2019 em relação ao ano anterior, segundo relatório publicado pelo gover-no do país. No ano passado, houve 5.631 casos reportados, o que significa 2% de todas as mortes naquela nação.

Os dados mostram que a maioria das pessoas que escolhe morrer dessa forma reclama da “falta de autonomia”. “A perda da habilidade em realizar atividades sig-nificativas (82,1%), seguida de perto pela perda de capacidade de realizar atividades diárias (78,1%) (…) são as descrições mais comuns do sofrimento dos pacientes”.

O Canadá legalizou o suicídio assis-tido em 2016. A lei também concede a menores de idade “maduros” autonomia para optar pelo procedimento.

Em fevereiro deste ano, o Cardeal Tho-mas Collins, Arcebispo de Toronto, divul-gou uma nota com críticas à legislação do país, que expande a eutanásia e o suicídio assistido, mas não amplia as ações de cui-dados paliativos, que procuram dar ao pa-ciente dignidade no fim de sua vida.

“Apenas 30% dos canadenses têm acesso a cuidados paliativos de qualida-de, mesmo sabendo que a dor e a solidão estão entre os maiores medos daqueles que sofrem. Se todos os canadenses ti-vessem acesso a cuidados paliativos de qualidade, poucos procurariam a injeção letal. Entretanto, em vez de desenvolver-mos uma cultura de cuidado, estamos correndo em direção à morte sob de-manda”, afirmou o Cardeal.

Outro problema apontado pelo Ar-cebispo de Toronto é que os médicos são obrigados a realizar o procedimento, pois o país não possui uma lei que proteja a consciência dos profissionais da saúde.

“Devemos todos assegurar àqueles que sentem que suas vidas não possuem mais valor que isso não é verdade. Há dignidade em toda vida humana, não apenas quan-do somos jovens, saudáveis e capazes, mas também quando somos frágeis e vulnerá-veis”, concluiu o Prelado.

Fonte: Aleteia

A Catholic Charities, uma rede católica de institui-ções de caridade dos Estados Unidos, distribuiu, em ajuda aos mais necessitados, um total de 400 milhões de dólares. O valor é mais que o dobro do que a rede rece-beu de aporte financeiro do governo norte-americano, devido a um programa criado para enfrentar as conse-quências da pandemia do novo coronavírus.

O dinheiro foi convertido em alimentos, pagamento de alugueis, equipamentos sanitários de proteção, suple-

mentos para recém-nascidos e ajuda financeira aos que precisavam manter-se em quarentena.

Antes da pandemia, a rede ajudava mensalmente entre 5 mil e 7 mil pessoas. Em abril, o número cresceu para 11 mil. Em maio, chegou a 21 mil e, em junho, a 25 mil. A classe econômica dos que pediam ajuda à rede não se limitou aos mais pobres, como ocorria normalmente. A Irmã Donna Markham, Presidente e CEO da Catholic Charities, afirmou que cresceu de

50% a 70% o número de pessoas de classe média que recorre à instituição, devido ao desemprego causado pela pandemia.

A Irmã Markham pediu com ênfase o auxílio do governo para que a ajuda caritativa continue: “Todo o setor de caridade está sendo exigido ao limite. Quanto tempo ele poderá continuar a ser sustentável sem um suporte significativo do governo?” (GR)

Fonte: Catholic Charities

Rede de caridade católica doa 400 milhões de dólares durante a pandemia

Relatório aponta aumento significativo de suicídios assistidos em 2019

País sofre com tragédia e crise histórica

FERNANDO [email protected]

capacidade explosiva quando exposta a temperaturas elevadas.

APELO DO PATRIARCA

O Cardeal Béchara Boutros Raï, Pa-triarca da Igreja Católica Maronita, um dos principais grupos religiosos do Líba-no, fez um apelo às nações, para que se unam e ajudem o país, e propôs a criação de um “fundo controlado pelas Nações Unidas” para administrar as doações.

“O Estado encontra-se numa si-tuação de falência econômica e finan-ceira que o torna incapaz de enfrentar esta catástrofe humana e urbana. Além disso, o povo libanês vive em um con-texto de pobreza e miséria”, afirmou o Patriarca.

“Apelo a todos vocês, Estados do mundo, porque sei que vocês amam o Líbano e que responderão a este cha-mado. Sei o quanto vocês querem que o Líbano recupere seu papel histórico a serviço da humanidade, da democracia e da paz no Oriente Médio e no mun-do”, ressaltou o Cardeal.

Igrejas também foram atingidas pelo impacto das explosões. Uma das ima-gens que repercutiu em todo o mundo foi a da transmissão de uma missa em rito maronita, na Paróquia São Marun,

que registrou o momento em que a onda de choque atingiu o templo. O Pa-dre Rabih Tehumi, que presidia a litur-gia e aparece no vídeo sendo atingido por estilhaços, não se feriu gravemente.

DOR E ESPERANÇA

No Brasil, a comunidade libanesa ficou abalada com as notícias e busca, de todas as formas possíveis, enviar ajuda ao país. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Dom Edgard Madi, Bispo da Eparquia Maronita Nossa Senhora do Líbano, com sede em São Paulo, ma-nifestou sua tristeza pela tragédia e la-mentou o sofrimento de seu povo.

“Logo que soube dessa terrível no-tícia, a primeira coisa que pensei foi naquela cena do Evangelho de João, em que Jesus crucificado teve o seu lado perfurado pela lança. O povo libanês já estava crucificado por tantos sofrimen-tos e essa explosão foi como uma lança que o perfurou”, disse o Bispo.

Da mesma forma que associou o so-frimento à cruz, o Bispo enfatizou que a fé dos cristãos libaneses se apoia na Res-surreição de Cristo. “Nossa fé é maior, a morte não tem a última palavra. Jesus Cristo, morto na cruz, ressuscitou e nosso povo também ressuscitará”.

Patriarca da Igreja Católica Maronita, Cardeal Béchara Boutros Rai, visita hospital destruído em Beirute nas explosões ocorridas no dia 4

Maronite Patriarchate BkerkiGUSTAVO RAMOSESPECIAL PARA O SÃO PAULO

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14 | Papa Francisco | 12 a 18 de agosto de 2020 | www.osaopaulo.org.brwww.arquisp.org.br

Duas mensagens de solidariedade marcaram a oração do Angelus do Papa Francisco, no domingo, 9. A primeira delas, a recordação do aniversário de 75 anos das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki, no Japão. A segunda, uma mensagem para o Líbano, onde uma ex-plosão recente matou mais de 200 pesso-as e outras 110 estão desaparecidas.

“Enquanto recordo com emoção e gratidão a visita que realizei àqueles lugares [Hiroshima e Nagasaki] no ano passado, renovo o convite a rezar e a se empenhar por um mundo totalmente livre de armas nucleares”, disse o Pontí-fice, após a oração dominical, na Praça São Pedro.

O Japão recordou na quinta-feira, 6, o primeiro ataque nuclear da história. Os Estados Unidos dispararam a bomba atômica contra a cidade de Hiroshima, em 6 de agosto de 1945. Quase 140 mil pessoas foram mortas. Em Nagasaki,

Vaticano incentiva foco do turismo em áreas rurais no pós-pandemiaO setor de turismo foi um dos mais atingidos pela

atual pandemia de COVID-19. Suas atividades foram praticamente paralisadas. Nesse contexto, o Vaticano emitiu uma mensagem sugerindo renovação, preserva-ção dos empregos e maior atenção às zonas rurais.

A mensagem foi publicada na sexta-feira, 7, pelo Cardeal Peter Turkson, Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, por ocasião do Dia Mundial do Turismo, a ser celebrado em 27 de setembro.

O Cardeal recorda que a COVID-19 provocou drás-tica paralisação do turismo global, assim como da mo-bilidade humana, com restrições de viagem e de agrupa-

mento de pessoas – algo que chama de “uma crise sem precedentes” no setor.

O prejuízo econômico estimado é de US$ 1,2 bilhão em todo o mundo. Consequentemente, há uma enorme perda de postos de trabalho.

O Vaticano enxerga nas áreas rurais uma alternativa para o setor se recuperar: o turismo rural ou “turismo ecológico”. Esse é o tema escolhido pela Organização Mundial do Turismo para essa data, que a mensagem chama de “providencial”, porque indica um caminho de recuperação do setor turístico: pequenas viagens, visitas a vilarejos, estradas, “lugares mais escondidos para des-cobrir” longe das multidões.

“Trata-se da promoção do turismo sustentável e res-ponsável que, realizado segundo os princípios de justiça social e econômica e no pleno respeito ao ambiente e às culturas, reconhece a centralidade da comunidade local hospedeira e seu direito de ser protagonista no desen-volvimento sustentável e socialmente responsável do próprio território”, diz o Cardeal Turkson.

Esse tipo de turismo, acrescenta, incentiva as fa-mílias da zona rural, que podem oferecer seus pro-dutos aos turistas. “Entrar em relação com o outro e com a natureza” é a proposta do Vaticano para novas práticas de turismo neste período de pandemia, diz o texto. (FD)

Papa pede o fim de armas nucleares e reza por vítimas de tragédia no Líbano

FILIPE DOMINGUESESPECIAL PARA O SÃO PAULO

outra bomba caiu três dias depois, dei-xando 74 mil mortos.

Nunca a humanidade havia visto um potencial destrutivo tão grande. Os ataques levaram à rendição do Japão, no fim da Segunda Guerra Mundial.

TRAGéDIA NO LÍBANOSobre o Líbano, o Papa se referiu à cala-

midade que ocorreu no dia 4. Uma explo-são na região do porto da capital, Beirute, destruiu todos os edifícios nos arredores e foi sentida a centenas de quilômetros de distância, inclusive na ilha de Chipre, deixando mortos, feridos e desabrigados.

Segundo o governo, ela ocorreu por causa do mau armazenamento de 2,75 mil toneladas de nitrato de amônio,

substância química usada como fertili-zante, mas também explosivo industrial. O primeiro-ministro Hassan Diab de-mitiu todo o seu ministério e renunciou na segunda-feira, 10, após uma onda de protestos no país.

Essa catástrofe “chama todos, a par-tir dos libaneses, a colaborar para o bem comum deste amado país”, disse o Papa: “O Líbano tem uma identidade peculiar, fruto do encontro de várias culturas, emersa ao longo do tempo como um modelo de viver juntos.”

Embora essa convivência seja “muito frágil” – uma vez que no Líbano prevale-cem muitas divisões sectárias, baseadas em raça, origem e religião – o Papa disse rezar “para que, com a ajuda de Deus e a leal participação de todos, a convivência possa renascer livre e forte”.

Ele convidou a igreja local a se man-ter próxima do povo e pediu à comu-nidade internacional que ofereça ajuda humanitária. O Papa enviou uma do-ação de 250 mil euros (R$ 1,6 milhão) para a Igreja no país.

Caritas Lebanon

Caritas presta auxílio às vítimas da tragédia em Beirute, que resulta em mais de 200 mortos

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SOLENiDADE DA ASSUNçãO DE NOSSA SENHORA

16 DE AGOSTO DE 2020

A Virgem Maria foi assunta em corpo e alma à glória celestial

PADRE JOÃO BEChARA VENTURA

Liturgia e Vida

www.osaopaulo.org.br

www.arquisp.org.br | 12 a 18 de agosto de 2020 | Fé e Vida | 15

Para ser Mãe de Deus, Nossa Senhora rece-beu graças singulares. Foi preservada da mancha do pecado original; permaneceu virgem antes, durante e depois de dar à luz o seu divino Filho; e foi assunta ao Céu em corpo e alma. A Virgem- -Mãe é a criatura mais santa que já existiu nes-te mundo. Na sua vida, recebeu por antecipação tudo o que esperamos receber de Deus na ordem da graça.

O mundo ainda estava sem redenção; e Ela foi salva por antecipação, em vista dos méritos do Salvador a quem gestaria. Os homens ainda não tinham a graça santificante; e Ela foi chamada pelo Arcanjo de “cheia de graça”. O Espírito Santo ain-da não havia sido derramado em Pentecostes; mas pela ação do mesmo Espírito, Ela concebeu Nosso Senhor. Antes que o mundo conhecesse o Salva-dor, Ela já O havia concebido, gestado, amamenta-do, abraçado e amado mais do que todos os santos serão capazes de amar até o fim dos tempos.

Ela compreendeu precocemente os desígnios divinos, e pediu que Jesus “antecipasse” a sua hora nas bodas de Caná (Jo 2,1-11). Os apóstolos eram ainda incapazes de perceber o sentido da Morte do Senhor, e Ela estava de pé, junto à Cruz, uni-da à oferta que Cristo fazia de si mesmo por nós. Séculos antes da nossa vinda a este mundo, Ela já nos havia aceitado como filhos ao ouvir as pala-vras do Senhor na Cruz: “Mulher, eis o teu filho” (Jo 19,26).

Ela é a Mãe, modelo, intercessora, refúgio e indica a direção a seguir à multidão incontável de todos aqueles que, até o fim dos tempos, crerão em Jesus e serão salvos. Nos desígnios de Deus, a Virgem de Nazaré sempre esteve um passo à frente dos outros membros da Igreja. Este é um dos sentidos do mistério da sua Assunção. Antes dos demais membros do Corpo de Cristo, Ela já está no Céu, não apenas espiritualmente, mas in-clusive fisicamente: “A imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória ce-lestial” (Papa Pio XII).

Imediatamente após a morte – separação en-tre a alma e o corpo –, nós compareceremos à presença de Deus para o Juízo Particular. A alma receberá imediatamente a recompensa ou cas-tigo merecidos, enquanto o corpo perecerá nes-te mundo, aguardando a Ressurreição final. Até a segunda vinda de Cristo, quer estejamos no Céu, quer no inferno, quer purificando-nos no purgatório, estaremos somente na nossa alma. Esta separação dolorosa e contrária aos desígnios primitivos de Deus é fruto amargo do pecado. Aliás, não apenas a dor da morte, mas inclusive a corrupção corporal é consequência do pecado dos primeiros pais. No último dia, porém, nossos corpos serão ressuscitados para o Juízo Univer-sal. De um modo apenas por Deus conhecido, as almas reunir-se-ão novamente aos corpos e “uns irão para a vida eterna, outros para a vergonha e a confusão eterna” (Jo 5,29).

Pois bem, Nossa Senhora já vive o que espe-ramos viver no futuro: está na glória em corpo e alma. Ela nos mostra e prepara o caminho; e en-che-nos o coração de esperança em Cristo!

A Assunção de Nossa Senhora é comemorada em 15 de agosto. No Brasil, a solenidade é celebrada no domingo seguinte à data, que, neste ano, ocorre em 16 de agosto.

A devoção à Assunção de Maria é muito importante na história da Ar-quidiocese de São Paulo. A paróquia da Catedral Metropolitana, erigida em 1591, é dedicada a Nossa Senhora da Assunção. A Basílica do Mosteiro de São Bento, no centro da cidade, tem o nome de Nossa Senhora da As-sunção desde 1720.

As datas da dedicação da paróquia da Catedral e da Basílica do Mostei-ro de São Bento revelam que, apesar de proclamado apenas em 1950 por Pio XII, na constituição apostólica Munificentissimus Deus, o dogma da Assunção de Nossa Senhora sempre foi crido pela Igreja como verdade revelada e a devoção a ela sempre foi ampla em todo o povo cristão.

A hISTóRIA DO DOGMANo século VI, teólogos, baseados

em tradição que remonta ao primei-ro século, defendiam que Nossa Se-nhora foi assunta aos céus em corpo e alma. São Gregório de Tours, São João Damasceno, São Germano de Constantinopla e São Modesto de Je-rusalém afirmavam, com clareza, que o corpo de Nossa Senhora não pode-ria sofrer a corrupção.

“Convinha que aquela que no parto manteve ilibada virgindade conservasse o corpo incorrupto mes-mo depois da morte. Convinha que aquela que trouxe no seio o Criador encarnado, habitasse entre os divinos tabernáculos. Convinha que moras-se no tálamo celestial aquela que o Eterno Pai desposara. Convinha que aquela que viu o seu Filho na cruz, com o coração traspassado por uma espada de dor de que tinha sido imu-ne no parto, contemplasse assentada à direita do Pai. Convinha que a Mãe de Deus possuísse o que era do Filho, e que fosse venerada por todas as cria-turas como Mãe e Serva do mesmo Deus”, escreveu São João Damasceno.

A fé na Assunção de Nossa Se-nhora, expressa pela teologia, era ma-nifestada pelos fiéis em festas litúrgi-cas que remontam ao século IV.

No período da filosofia escolás-tica, a partir do século XI, os teólo-gos expandiram sua reflexão sobre o significado da Assunção de Nossa Senhora. São Alberto Magno e São Tomás de Aquino são dois nomes que reiteravam a fé da Igreja na As-sunção de Nossa Senhora em corpo e alma ao céu.

A teologia pós-escolástica tam-bém confirmava a Assunção de Ma-

A história do dogma da Assunção

GUSTAVO CATANIA RAMOSESPECIAL PARA O SÃO PAULO

ria como verdade de fé. São Roberto Belarmino perguntava: “Quem há, pergunto, que possa pensar que a arca da santidade, o domicílio do Verbo, o templo do Espírito Santo tenha caído em ruínas? Horroriza-se o espírito só em pensar que aquela carne que ge-rou, deu à luz, alimentou e transpor-tou Deus, se tivesse convertido em cinza ou fosse alimento dos vermes”.

São Francisco de Sales, São Afon-so Maria de Ligório e São Bernardino de Siena também foram grandes de-fensores do dogma.

Diante de todo o testemunho da fé da Igreja, Pio XII, em 1º de novembro de 1950, numa Praça São Pedro com 700 mil fiéis, 600 cardeais, arcebispos e bispos, proclamou solenemente o Dogma da Assunção de Nossa Se-nhora, com a seguinte formulação: “Pronunciamos, declaramos e defini-mos ser dogma divinamente revelado que a imaculada Mãe de Deus, a sem-pre Virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”.

TESTEMUNhO DOS PAPAS MAIS RECENTES

Após a declaração do dogma, os Papas, de São João XXIII a Francisco, viam na Assunção de Nossa Senhora, principalmente, um sinal claro da es-perança que todos devem ter de, um dia, participar da glória do céu em corpo e alma, como Maria.

São Paulo VI, durante o Angelus do dia 15 de agosto de 1970, afirmou que a festa da Assunção “nos permite contemplar a realidade da nossa vida presente. Hoje podemos ver qual é a

sorte que nos é destinada no desígnio da salvação. Podemos entrever o va-lor da nossa existência, a felicidade da nossa existência, a felicidade da nossa vocação cristã, a importância da nos-sa vida terrena, a exigência moral que a governa e o desígnio típico no qual ela se deve modelar”.

Em 2003, no Angelus em 15 de agosto, São João Paulo II convidou-nos a olhar para Maria “como sinal de esperança certa. De fato, em Maria cumprem-se as promessas feitas por Deus aos humildes e aos justos: o mal e a morte nunca terão a última palavra”.

Bento XVI, em homilia no dia da solenidade, em 2012, divisava na glo-rificação de Nossa Senhora uma via de mão dupla: a Assunção revela que há espaço em Deus para o homem e espaço no homem para Deus. Quan-do Maria é elevada aos céus, Deus Se revela como “a casa de muitos apo-sentos da qual Jesus fala”, pronta para receber os homens. Por outro lado, a vida de Nossa Senhora mostra que o homem deve receber Deus em seu coração: “em Deus não existe espaço unicamente para o homem; no ho-mem há espaço para Deus. Também isto vemos em Maria, a Arca Santa que traz em si a presença de Deus”.

No Angelus do dia 15 de agosto do ano passado, o Papa Francisco salien-tou a importância de se buscar, a par-tir da Assunção, as “coisas grandes” e de não “se perder em muitas peque-nezas da vida”. “Vocês são preciosos aos olhos de Deus; não são feitos para os pequenos prazeres do mundo, mas para as grandes alegrias do céu”, afir-mou o Papa.

Reprodução

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www.osaopaulo.org.brDiariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publica-dos recentemente.

O semestre acadêmico da Facul-dade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo foi aberto na sexta-feira, 7. A aula inaugural, por meio de vide-oconferência, devido à pandemia de COVID-19, foi realizada pelo profes-sor Padre Denilson Geraldo, doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma, que falou sobre o tema “A eclesiali-dade e a metodologia da ciência ca-nônica”.

Participaram do evento aca-dêmico o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da faculdade, e os membros da nova direção da insti-

‘O Direito Canônico faz parte da natureza da Igreja’

FERNANDO [email protected]

tiva da Igreja”, enfatizou o professor, recordando que o Direito eclesiástico tem sua origem nas primeiras comu-nidades cristãs e, naquele momento pós-conciliar, “essa tradição normati-va da Igreja foi qualificada como ‘ju-risdicismo’, ou seja, de algo que seria necessário se libertar”.

Padre Denilson afirmou, ain-da, que, se por um lado, uma ecle-siologia somente do ponto de vista jurídico não consegue responder a todas as necessidades que a Igreja possui, por outro lado, ignorar por completo esse Direito seria outro extremo danoso.

“O Direito Canônico existe para atender ao mistério da Igreja… Faz parte da natureza da Igreja; caso con-trário, seria um conjunto legislativo

liza o método jurídico e trabalha com as leis, para que por meio de tais ins-trumentos, consequentemente, haja justiça nas relações interpessoais e, em nosso caso, nas relações entre os membros e as instituições da comuni-dade eclesial”.

ASSISTIR O POVO DE DEUSNa abertura do evento acadêmico,

o Cardeal Scherer destacou que, nos últimos anos, o estudo do Direito Ca-nônico recebeu nova importância na formação qualificada de leigos, sacer-dotes, diáconos e religiosos em vista do bom serviço a ser prestado ao povo de Deus.

Dom Odilo salientou que os estu-dantes da Faculdade de Direito Canô-nico São Paulo Apóstolo se dedicarão

Na Índia, dioceses se empenham para dar sepultura digna às vítimas de COVID-19https://cutt.ly/qd0pA34

Santa Sé esclarece que Batismo conferido com fórmulas modificadas não é válidohttps://cutt.ly/pd0pWfE

CNBB: ‘Dom Pedro Casaldáliga marcou sua vida pela solidariedade em relação aos mais pobres e sofridos’https://cutt.ly/ad0pnGW

Dom Odilo: ‘Vale a pena enfrentar a cruz e todo sofrimento por causa de Cristo’https://cutt.ly/Nd0pcNO

A família nos ensinamentos de São João Paulo IIhttps://cutt.ly/Yd0phrt

Diáconos para servir na caridade, na pregação da Palavra e na liturgiahttps://cutt.ly/ad0pzT8

Vatican Media

CNBB

tuição, que toma-ram posse no dia 20 de julho, além de professores, alunos e demais convidados.

CONTEXTO hISTóRICO

Padre Denil-son, que já foi pro-fessor dessa insti-tuição, iniciou sua conferência recor-dando o período em que houve uma acentuada auto-nomia jurídica da Igreja em relação ao poder político da época, especial-mente no século XIX, quando se desenvolveu uma ideia de “sociedade juridicamente per-feita”.

ao serviço da jus-tiça eclesiástica para “assistir e orientar o povo de Deus de modo competente e qualificado, para assegurar a todos a justiça na verda-de e na caridade”.

“Na Igreja, a atividade jurídica tem como fim a salvação das al-mas e constitui uma participa-ção peculiar na missão de Cristo pastor, enquanto procura colocar em prática a or-dem querida pelo próprio Cristo”, reforçou o Grão- -Chanceler, recor-dando as palavras de São João Paulo

Em seguida, houve um período de desvalorização do Direito Canônico, percebido, sobretudo, após o Concílio Vaticano II, convocado por São João XXIII, que, na ocasião também pediu a reforma do Código de Direito Ca-nônico de 1917.

O Concílio foi concluído por São Paulo VI, que alertou para as perigo-sas consequências dessa desvaloriza-ção. Em um discurso aos membros do Tribunal da Rota Romana, em 1971, o Pontífice afirmou que a pri-meira consequência desta rejeição ao Direito Canônico é a de atribuir uma prioridade tal à comunidade que me-nospreze o aspecto de jurisdição da Igreja, com um acentuado descrédito das funções canônicas.

NATUREZA ECLESIALJá a segunda consequência refe-

ria-se à acusação de “jurisdicismo” da Igreja. “Nesse período, nós temos um descrédito de toda a história legisla-

unicamente organizativo das rela-ções humanas”, salientou o professor, recordando o que diz a constituição De Ecclesia, do Vaticano II, que aju-dou a natureza da ciência canônica no mistério da própria Igreja.

RELAÇÃO COM A PASTORALOutro aspecto abordado pelo con-

ferencista foi a relação da ciência ca-nônica com a pastoral. Padre Denilson explicou que uma nova codificação canônica foi impelida a caminhar com o espírito pastoral do Concílio, sem perder a formalidade jurídica. Ele salientou: “A ciência canônica tem finalidade missionário-pastoral, mas o método da ciência canônica é a for-malidade jurídica”.

Fazendo uma analogia com a fun-ção de um médico, o professor afir-mou que, assim como o profissional da Medicina não tem como objetivo último prescrever um medicamento, mas a cura do enfermo, “o jurista uti-

II em seu discurso aos membros do Tribunal da Rota Romana, em 1990.

JUSTIÇA E CARIDADEO Cardeal lembrou que os pós-gra-

duados em Direito Canônico vão se defrontar, nos tribunais eclesiásticos, com situações muito concretas, nas quais, “a prática do Direito não pode negar nem desmentir o Evangelho”.

Por fim, Dom Odilo enfatizou que quem administra a justiça não pode prescindir da caridade. “O amor a Deus e ao próximo deve iluminar toda ati-vidade, mesmo aquela aparentemen-te técnica e burocrática”, sublinhou o Cardeal, lembrando, contudo, que toda obra de caridade autêntica requer uma referência necessária à justiça. “Quem ama com caridade os outros, acima de tudo, é justo para com eles. A justiça não é contrária à caridade, mas é inse-parável dela e intrínseca a ela”, concluiu o Cardeal Scherer.

(Colaborou: Flavio Rogério Lopes)