A AMEAÇA DO ESTADO ISLÂMICO À UNIÃO EUROPEIA The...
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CEDIS Working Papers | Direito, Segurança e Democracia | Nº 43 | setembro 2016
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DIREITO, SEGURANÇA E
DEMOCRACIA
SETEMBRO
2016
Nº 43
A AMEAÇA DO ESTADO ISLÂMICO À UNIÃO EUROPEIA The threat of the Islamic State to the European Union NUNO FILIPE BATISTA IMPERIAL Doutorando em Direito e Segurança RESUMO Neste estudo são analisados os aspetos que relacionam a atividade bélica e terrorista do
Estado Islâmico (IS), com a identificação das dimensões da sua ameaça no Sistema
Internacional (SI), em particular na União Europeia (UE).
O IS constitui-se numa ameaça em várias dimensões para a UE.
O presente relatório caracteriza o IS e a sua expansão, identifica as dimensões desta
ameaça e identifica as principais respostas da UE.
Enquanto ameaça, o IS nas suas diferentes dimensões - militar, social, política, e do
ciberespaço - tem uma ação intencional, de carácter violento, com capacidade efetiva de
provocar danos e alterações no SI.
Como principal resposta, a UE aplicou medidas e meios de luta antiterrorista e de
combate ao terrorismo mais eficazes.
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PALAVRAS-CHAVE Estado Islâmico; Ameaça; União Europeia; Atentados; Terrorismo
ABSTRACT In this study are analyzed aspects relating to war and terrorist activity of the Islamic State
(IS), identifying the dimensions of its threat in the International System, in particular the
European Union (EU).
IS constitutes a threat in several dimensions to the EU.
This report characterizes the IS and its expansion, identify the dimensions of this threat
and identifies key EU responses.
While threat, the IS in its different dimensions - military, social, political, cyberspace - is an
intentional action, violent character, with effective capacity to cause damage and
international changes.
As the main response, the EU has applied measures to combat terrorism and the fight
against terrorism more effective.
KEYWORDS Islamic state; Threat; European Union; terrorist attacks; Terrorism
Lista de Abreviaturas
IS Estado Islâmico (sigla inglesa)
UE União Europeia
SI Sistema Internacional
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Introdução O presente relatório de investigação, elaborado para a unidade curricular de Direito
e Sociedade, no âmbito do Curso de Doutoramento em Direito e Segurança, versa sobre
o tema seguinte: A ameaça do Estado Islâmico à União Europeia.
Neste estudo são analisados os aspetos que relacionam a atividade bélica e
terrorista do Estado Islâmico (IS), com a identificação das dimensões da sua ameaça no
Sistema Internacional (SI), em particular na União Europeia (UE).
Ao longo do relatório apresenta-se uma caracterização do IS, mostram-se os seus
principais objetivos e vislumbram-se as causas e efeitos do seu aparecimento no Grande
Médio Oriente, enquanto ator desestabilizador do SI, num mundo multipolar em que hoje
se vive.
Assim, a investigação respeitou os princípios enunciados no Manual de
Investigação em Ciências Sociais (QUIVY, et al., 2013) e tem por finalidade, compreender
como o IS se constituí numa ameaça em várias dimensões para a UE.
Os objetivos da investigação são os seguintes: caracterizar o IS e a sua expansão;
identificar as dimensões da ameaça do IS; e identificar as principais respostas da UE a
esta ameaça.
O tema ora tratado é importante para a compreensão das mudanças geopolíticas
que estão a ocorrer com grande volatilidade no SI, e tem a sua pertinência, por ajudar a
perceber quais as melhores opções de segurança e defesa para a UE.
Pelo acima mencionado, considerou-se nesta investigação a seguinte questão
central: Em que medida o IS representa uma ameaça para a UE?
E como questões derivadas as seguintes:
- Quais as dimensões da ameaça o IS?;
- Quais as respostas da UE no combate ao IS?
A hipótese considerada foi a seguinte:
- O IS é um actor do SI com características de um “Califado” expansionista,
assente numa ideologia jihadista, que representa uma ameaça militar, social,
política, e no ciberespaço, para a UE.
O método de recolha de dados escolhido, para esta investigação, baseou-se na
análise de conteúdo. A Estrutura do relatório compreende a Introdução; o contexto
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internacional da ameaça do IS; a caracterização do IS; algumas considerações sobre o
Califado que o IS pretende; a ameaça à União Europeia e atentados ocorridos e por fim, a
Conclusão.
1. O contexto internacional da ameaça
No mundo multipolar em que hoje se vive, assiste-se a uma escalada da violência
nas sociedades modernas, motivada pelas mais diferentes razões. As guerras atuais têm
origem difusa, podem provocar danos em vários locais do mundo em simultâneo e
constituir ameaças em múltiplas dimensões.
Por princípio, os conflitos violentos travam-se essencialmente pelos interesses
vitais dos Estados Soberanos no SI, mas também por outros atores, quer com interesses
na conquista de territórios e dos poderes instituídos, numa dada região, quer com
interesses em impor os seus desígnios de ordem religiosa social e cultural. Estes atores
do SI não são Estados tradicionais e nem estão alinhados com a nova Ordem
Internacional.
A religião é sem dúvida um mote para desencadear conflitos, de resto, as
“Religiões são muitas vezes factores sérios de desestabilização política.” (GUEDES, 1999
p. 4)
O IS, tal como é hoje designado, considerado um ator divergente no SI, constitui-se
como uma ameaça à Ordem Internacional e por conseguinte no seio da UE. Acima de
tudo, devido aos métodos que utiliza para levar a cabo os seus objetivos estratégicos,
uma vez que se caracteriza também por ser uma organização terrorista. Porquanto,
“Como seria de esperar, o surto de terrorismo transnacional que se foi consolidando
depois do fim do Mundo bipolar – sobretudo o jihadista – tem vindo a dar azo a
preocupações e especulações várias” (GUEDES, 2009 p. 1)
Neste contexto, entende-se: “O jihadismo global como uma fórmula (político-
religiosa) que visa a conquista de poder através da corrosão subversiva do poder formal.
Para tal, utiliza a violência armada, travando uma guerra do foro político que, pelo
desgaste prolongado do statu quo vigente, procura o estabelecimento de uma nova
ordem.” (DUARTE, 2015 p. 109)
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O IS foi autoproclamado pelo seu líder Abu Bakr al-Baghdadi, em 2014, no mesmo
momento em que ele se proclamou de Califa Ibrahim. 1 (Ver Figura 5 - Abu Bakr al-
Baghdadi, provavelmente morto em Jun16.)
“in the span of four years, ISIL became the region’s most powerful Islamist actor
and even had eclipsed al Qaeda as the world’s preeminent Sunni extremist organization.”
(CABAYAN, et al., 2014 p. 103)
“A par de uma ditadura e de uma barbárie pré-modernas, o Estado Islâmico
promove a sua reivindicação de formar um Estado através de uma mensagem familiar e
caseira.” (NAPOLEONI, 2015 p. 59)
2. Sobre o Estado Islâmico
Segundo (HOSKEN, 2016 p. 213), o profeta Maomé tinha uma visão para o
conceito de Estado Islâmico, uma vez que a descreveu num documento intitulado
“Constituição de Medina”. Mas tudo indica que esse documento previa um “contrato social
e militar para a população da cidade”, onde também existiam judeus. A Constituição de
Medina reconhecia os direitos das minorias e tecia considerações “para enfrentar a
ameaça militar dos belicosos coraixitas de Meca.”
Ora, o IS afasta-se deste conceito, no sentido em que se baseia essencialmente
numa estrutura terrorista, radical sunita, com características políticas e religiosas ímpares.
O IS conseguiu ocupar espaços vazios de poder, na região do Iraque e da Síria, onde
instaura a shariah e é dotado de um exército próprio com capacidade de desenvolver
operações militares convencionais, para além de ataques terroristas em grande parte do
mundo.
A doutrina e ideologia do IS preconiza um islamismo radical, pretendendo alterar o
statu quo da Ordem Internacional. Professa o wahhabismo e utiliza a jihade que prevê a
luta armada contra todos os que forem considerados infiéis, inclusive os muçulmanos que
o IS considera “apóstatas”, em particular os xiitas.
1 “A notícia da morte do líder surgiu esta semana, divulgada pela agência de notícias ligada ao Estado Islâmico, a Amaq (...) Abu Bakr al-Baghdadi foi morto pela coligação internacional num ataque aéreo em Raqqa, no quinto dia do Ramadão”, lia-se no comunicado.” (SOL, 2016)Figura 5 - Abu Bakr al-Baghdadi, provavelmente morto em Jun16.
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A tabela seguinte resume a Doutrina e a Ideologia do IS, Adaptado de (DUARTE,
2015) e de (WEISS, et al., 2015):
Tabela 1 - Doutrina e Ideologia do IS.
Islamismo
radical
Mudança do statu quo:
instaurar um IS – dawla
islamiyya
Incompatível com os valores de
ordem jurídica, social e política vigentes
Tem uma Ideologia
religiosa - wahhabismo
Procura a aplicação da Shariah
Jihadismo Afasta-se do Islamismo Utiliza a violência armada
Takfir “imputação de
impiedade; excomunhão”
contra os apóstatas
Lutas sectárias entre sunitas e xiitas; Luta contra o Ocidente infiel
CALIFADO Jihad Shariah Ummah
unir a comunidade
muçulmana
“Em 29 de Junho de 2014, o ISIS/ISIL (...) anunciou a alteração da sua designação
para somente “Estado Islâmico” (IS)” («Estado Islâmico» percurso e alcance um ano
depois da auto-proclamação do «Califado», 2015 p. 125)
O Exército do IS, em grande parte, é constituído por mercenários de diferentes
nacionalidades que juraram fidelidade ao Califa, passando dessa forma, a serem
cidadãos do IS. Muitos destes jihadistas são europeus e quando regressam à Europa
podem tornar-se em elementos de células adormecidas, na UE, ou constituírem-se como
lobos solitários devido ao seu treino militar e adesão à ideologia do IS.
“No argument – be it political, socio- economic, ideological, or
religious – justi es the targeting of innocent civilians, and the Islamic
State is a terrorist organization expressly because it perpetrates
extremely barbaric attacks – including mass murder, kidnapping and
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beheading, mutilation, rape and maiming – against the civilians
under its control and elsewhere in the world.” (GANOR, 2015 p. 57)
Acima de tudo o IS tem dois grandes objetivos, o de instaurar um califado inspirado
no antigo “Califado Otomano, que durou de 1453 a 1924 (...) tendo chegado às portas de
Viena” (NAPOLEONI, 2015 p. 125); e o de combater os infiéis. Mas implicitamente,
denotam-se intenções políticas dos seus lideres para aquela região do Médio Oriente,
sobretudo no Iraque e Síria, que passam pela conquista de poder e pelo domínio dos
recursos naturais, em especial os campos de petróleo. (Ver Figura 1 - Território do
Califado pretendido pelo IS.)
Segundo o General Loureiro dos Santos, “os conflitos por recursos estratégicos
vitais na era da informação, (...) situam-se em três patamares. (...) [o IS poderá estar]
Num segundo patamar em que vários atores numa dada região procuram ascender a
posições dominantes de poder, (...) [o que] significa a capacidade de obter e partilhar
recursos.” (SANTOS, 2016 p. 20)
No entanto, o fim último do IS, em teoria, está plasmado na declaração proferida
por Zarqawi” no início deste movimento jihadista radical:
“The spark has been lit here in Iraq, and its heat will continue to intensify – by
Allah’s permission – until it burns the crusader armies in Dabiq. Abu Mus’ab az-Zarqawi”
(Dabiq 12 Issue, 2015 p. 2)
O grande mentor de Baghdadi foi Al-Zarqawi (1966-2006) um Jordano, que foi o
precussor do jihadismo moderno (WEISS, et al., 2015)
Para o tema em estudo, segundo (WEISS, et al., 2015), as características do IS
são:
- O Recrutamento e a Propaganda - nas redes sociais;
- A presença de antigos militares de Saddam Hussein – integrados no IS;
- O aproveitamento de redes tribais no Iraque e na Síria – relações de
confiança;
- A comunidade das prisões do Iraque e da Síria – sinónimo de islamização;
- A radicalização de grande número de sunitas;
- As táticas de terrorismo e de subversão tradicionais;
- O recrutamento de combatentes estrangeiros para as suas fileiras.
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“Só da União Europeia terão partido, ate meados de 2015, mais de 6000 jihadistas
para se juntarem ao IS na Síria e no Iraque” («Estado Islâmico» percurso e alcance um
ano depois da auto-proclamação do «Califado», 2015 p. 139)
Por outro lado:
“the Islamic State’s strategy of fear was designed to help it
expand its territorial control”; “IS has succeeded in using the Internet
and social media to transmit a message of cruelty”; “the profound
unease aroused by IS’s nauseating violence and propaganda has yet
another goal: to ensure the complete obedience of the civilians under
its control.” (GANOR, 2015 p. 57)
3. Sobre o Califado
O presente califado não representa caso único na história por parte de
organizações terroristas, que pretendem construir uma organização com base territorial. A
Organização para a Libertação da Palestina, já antes o conseguiu. Contudo, o IS
surpreende pela sua rapidez na conquista territorial e pela capacidade de se auto
financiar, sobretudo através da exploração de campos de petróleo. (NAPOLEONI, 2015 p.
38) (Ver Figura 2 - Território ocupado e controlado pelo IS, em Jun16.)
O IS foi conquistando território na sua área de interesse e influenciou outros grupos
terroristas que lhe juraram fidelidade.
“O califado de Baghdadi não é uma criação estática”. O IS pretende conquistar
todo o mundo muçulmano. “Em Março de 2015, o grupo islâmico da Nigéria conhecido por
Boko Haram jurou fidelidade, ou bay’ah, a Baghdadi”. (HOSKEN, 2016 p. 214)
A capital do autoproclamado califado é Raqqa, segundo Luís Tomé, “o IS não só
continua a controlar um imenso território e milhões de pessoas como criou novos wilayats
para la da Síria e do Iraque, passou a congregar dezenas de outros grupos jihadistas
espalhados pelo mundo, inspirou inúmeros «lobos solitários»”. (2015 p. 144) (Ver Figura 3
- Países com Províncias declaradas pelo IS e maiores Ataques perpetrados no Mundo.)
Segundo (HOSKEN, 2016 pp. 175-176), em janeiro de 2014, o IS combatia o al-
Nusra e o al-Sham em Raqqa, posteriormente derrotados em Raqqa. Além dos
combatentes estrangeiros, o IS também era apoiado por tribos sírias que prometeram
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fidelidade a Baghdadi. “Em 14 de janeiro”, o IS hasteou a sua bandeira negra em edifícios
de Fallujah e autoproclamou o Estado Islâmico.
Segundo o mesmo autor, os ataques do IS no Iraque, em meados de 2014, eram
uma ameaça, “em especial para os quatro grupos étnicos” residentes: “xiitas, curdos,
cristãos e o povo yazidi”. (HOSKEN, 2016 p. 184)
“O Iraque é uma sociedade tribal, e as famílias das tribos estão ligadas a pedaços
de terra específicos. (...) Uma série de vilas e aldeias sucumbiram num ápice ao Blitz
Jihadista.”(WEISS, et al., 2015 pp. 237, 241)
Importante para a manutenção do califado é o ciber califado. É no ciberespaço que
se recrutam e treinam militantes, coordenam-se, planeiam-se e financiam-se atividades.
(DUARTE, 2015 p. 245)
“O ciberespaço é um meio comunicacional para fazer valer a sua estratégia
subversiva.” (DUARTE, 2015 p. 245)
Conforme se mostra na Figura 6 - O “United Cyber Caliphate”, um hacking group
pro-IS. E na Figura 7 - O hacking group “Caliphate Cyber Army”.; Existem organizações
na internet dedicadas ao ciber califado. O “United Cyber Caliphate”, um pro-ISIS hacking
group, colocou uma lista na internet contendo milhares de nomes de pessoas do Canadá.
Já o hacking group “Caliphate Cyber Army” colocou um gráfico na internet a
incentivar “lobos solitários”.
4. A ameaça à União Europeia e os atentados
A Lista seguinte mostra os maiores ataques ocorridos nos Estados Ocidentais, ao
longo do último ano. (Ver Figura 4 - Dimensão dos Ataques do IS, por n.º de mortos.)
“More than 1,200 people outside of Iraq and Syria have been
killed in attacks inspired or coordinated by the Islamic State,
according to a New York Times analysis.” “Nearly half of the victims
were killed in attacks that targeted Westerners. The others have
been civilians in Arab and other non-Western countries, killed in
mosques, government offices and other targets.” (The New York
Times, 2016)
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Tabela 2 - Descrição dos maiores Ataques terroristas do IS, ocorridos na
Europa.
Fonte: http://www.nytimes.com/interactive/2016/03/25/world/map-isis-attacks-around-the-
world.html
Do acima exposto, pode-se afirmar que o IS comporta uma mistura explosiva.
Segundo (NAPOLEONI, 2015 p. 103), trata-se de ter a capacidade de travar “conflitos
pré-modernos que se servem das modernas tecnologias – uma combinação letal que
aumenta exponencialmente o número de baixas civis. (...) a globalização empurrou
algumas regiões para uma anarquia reminiscente da famosa descrição de Thomas
Hobbes, em Leviatã, sobre o estado natural: (...) «O estado dos homens sem sociedade
civil não é mais do que a guerra de todos contra todos (...)»”.
5. As principais respostas da União Europeia
Segundo Luís Tomé, é importante nas respostas à ameaça do IS o seguinte:
aprofundar o entendimento do fenómeno; apertar a vigilância das redes sociais; punir e
penalizar o terrorismo; impedir deslocações para associação a grupos terroristas; reforço
dos controlos nas fronteiras externas e do espaço Schengen; registo de identificação dos
passageiros aéreos; combate ao financiamento do terrorismo; acompanhamento e
monitorização dos “combatentes estrangeiros”; reforço dos recursos humanos;
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implementação de medidas anti-terrorismo; partilha e o intercâmbio de informações;
reforçar a cooperação entre países terceiros. («Estado Islâmico» percurso e alcance um
ano depois da auto-proclamação do «Califado», 2015)
Existem, mas não têm sido suficientes, mecanismos de prevenção na Política
Comum de Segurança e Defesa, por exemplo: o recurso ao Artigo 42.º do Tratado da
União Europeia; a Estratégia antiterrorista da União Europeia; a Estratégia Europeia
Contra-terrorismo. A Comissão Europeia elaborou um documento COM(2013) 941 final,
de 15.1.2014, Bruxelas, sobre a forma de “Prevenir a radicalizacao que leva ao terrorismo
e ao extremismo violento - Reforcar a resposta da UE”. Porém, os desenvolvimentos
legislativos à data, não evitaram outros atentados na UE.
Posteriormente, em comunicado de imprensa, “O Conselho exprime a sua
consternacao face aos hediondos atentados terroristas que tiveram lugar em Paris, em 13
de novembro de 2015”. E “salienta a importância de acelerar a implementação de todas
as áreas abrangidas pela declaração sobre a luta contra o terrorismo emitida pelos
membros do Conselho Europeu em 12 de fevereiro de 2015” (CONSELHO DA UE, 2015)
Das quais se destacam: “finalizar um ambicioso registo PNR da UE ate final de
2015; aumentar os controlos das fronteiras externas para detetar contrabando de armas
de fogo; assegurar que os centros de registo sejam equipados com a tecnologia
pertinente; Estados-Membros garantirão que as autoridades nacionais insiram
sistematicamente dados sobre as pessoas suspeitas de ser combatentes terroristas
estrangeiros; melhorar a partilha de informações e a cooperação operacional; reforçar a
eficácia e eficiência da luta contra o branqueamento de capitais e o financiamento do
terrorismo, em conformidade com as recomendações do Grupo de Ação Financeira
Internacional (GAFI), para reforçar o controlo dos métodos de pagamento não bancários.”
(CONSELHO DA UE, 2015)
Já em Março de 2016, “A UE continua empenhada não só em alcançar uma paz
duradoura, a estabilidade e a segurança na Síria, no Iraque e em toda a região, mas
também na luta contra a ameaça do EIIL/Daech.” (CONSELHO EUROPEU, 2016) Do
comunicado do Conselho destaca-se: (CONSELHO EUROPEU, 2016)
- “A UE apoia os esforços desenvolvidos pela Coligação Mundial de combate ao
EIIL/Daech, nomeadamente a ação militar levada a cabo no respeito pelo direito
internacional.”
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- “A UE esta plenamente ciente dos enormes desafios em termos de segurança
que a crise coloca a região, em particular ao Líbano e a Jordânia.”
- “A UE lamenta a continuação da presença do EIIL/Daech no Iraque e a
brutalidade das suas ações, e insiste em que a subjacente crise política e de segurança
nesse país tem de ser solucionada para derrotar o EIIL/Daech.”
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Os Estados de Alerta anti-terrorista vigentes na UE são basicamente os seguintes,
respetivamente, no Reino Unido; na França; e na Bélgica.
Tabela 3 - Estados de Alerta: Reino Unido; França; e Bélgica
(MI5, 2016)
“What the threat levels
mean
Threat levels are
designed to give a broad
indication of the likelihood of a
terrorist attack.
LOW means an attack
is unlikely.
MODERATE means
an attack is possible, but not
likely SUBSTANTIAL means
an attack is a strong possibility
SEVERE means an attack is
highly likely
CRITICAL means an
attack is expected imminently”
(ADMINISTRATION
FRANÇAISE, 2016)
“Depuis le mois de fevrier
2014, le code d’alerte du plan
vigipirate a ete simpliAe avec
desormais seulement deux
niveaux de mobilisation qui se
caracterisent par une signaletique
speciAque :
vigilance - logo rouge en
forme de triangle, avec des cotes
noirs, portant la mention «
Vigipirate »
alerte attentat - triangle
identique portant la mention «
Vigipirate - Alerte attentat »”
(CRISIS
CENTRUM, 2016)
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Conclusão
Na presente investigação confirma-se a hipótese avançada que “O IS é um ator do
SI com características de um “Califado” expansionista, assente numa ideologia jihadista,
que representa uma ameaça militar, social, política, e no ciberespaço, para a UE.”
Pelo exposto nos pontos anteriores conclui-se que o IS, enquanto ator do SI é
difuso e compreende: uma ideologia e estratégia de conquista de poder em espaços
geopolíticos vulneráveis, uma intenção de alterar a ordem mundial existente, uma
administração do território ocupado e um sistema financeiro próprio, uma população
substancial, um exército terrorista com capacidade bélica convencional, de guerrilha, de
subversão, com meios cibernéticos e de propaganda.
Enquanto ameaça nas suas diferentes dimensões - militar, social, política, e do
ciberespaço - tem uma ação intencional, de carácter violento, com capacidade efetiva de
provocar danos e alterações SI, nomeadamente nos complexos regionais de segurança
onde tem território ocupado.
As principais respostas da UE, foram:
- O apoio dado à França após os atentados sofridos, recorrendo ao Artigo 42.º do
Tratado da UE, que consagra o seguinte: “Se um Estado-Membro vier a ser alvo de
agressão armada no seu território, os outros Estados- -Membros devem prestar-lhe
auxílio e assistência por todos os meios ao seu alcance”.
- A aplicação de medidas e meios de luta antiterrorista e de combate ao terrorismo.
Assim, considera-se o presente relatório como um elemento de investigação válido,
para aprofundar o conhecimento sobre a avaliação da ameaça do IS e as capacidades de
resposta à mesma, por parte da UE. Nesse sentido, propõe-se uma pesquisa futura
acerca do emprego da doutrina distinta do IS na sua pertença expansão para o ocidente.
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reconfiguração do Médio Oriente. Lisboa : Ítaca, 2015. 978-989-99470-0-9.
PRIBERAM. 2016. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. [Online] Priberam
Informática, 10 de junho de 2016. http://www.priberam.pt/dlpo/.
QUIVY, Raymond e CAMPENHOUDT, Luc Van. 2013. Manual de Investigação
em Ciências Sociais. 6.ª Edição. Lisboa : Gradiva, 2013. 978-972-662-275-8.
SANTOS, Jose Loureiro. 2016. A Guerra no meio de nós - A realidade dos
conflitos do século XXI. Lisboa : Clube do Autor, 2016. 978-989-724-267-0.
SOL. 2016. Abu Bakr al-Baghdadi. O terrorista invisível. Sol.sapo.pt. [Online] 20 de
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The New York Times. 2016. How Many People Have Been Killed in ISIS Attacks
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WEISS, Michael e HASSAN, Hassan. 2015. ISIS por dentro do Exército do Terror.
Lisboa : Texto Editores, 2015. 978-972-47-5021-7.
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Anexos 1. Mapas e Gráficos
Figura 1 - Território do Califado pretendido pelo IS.
Fonte: http://www.dailymail.co.uk/news/article-2674736/ISIS-militants-declare-
formation-caliphate-Syria-Iraq-demand-Muslims-world-swear-allegiance.html
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Figura 2 - Território ocupado e controlado pelo IS, em Jun16.
Fonte: http://www.bbc.com/news/world-middle-east-27838034
Figura 3 - Países com Províncias declaradas pelo IS e maiores Ataques
perpetrados no Mundo.
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Fonte: http://www.nytimes.com/interactive/2016/03/25/world/map-isis-attacks-
around-the-world.html
Figura 4 - Dimensão dos Ataques do IS, por n.º de mortos.
Fonte: http://www.nytimes.com/interactive/2016/03/25/world/map-isis-attacks-
around-the-world.html
2. Figuras
Figura 5 - Abu Bakr al-Baghdadi, provavelmente morto em Jun16.
Fonte: http://shiapost.com/2016/06/15/isis-leader-abu-bakr-al-baghdadi-probably-
killed-in-us-air-strike-in-raqqa/
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Figura 6 - O “United Cyber Caliphate”, um hacking group pro-IS.
Fonte: http://cjlab.memri.org/lab-projects/monitoring-jihadi-and-hacktivist-
activity/pro-isis-hacking-group-releases-kill-list-targeting-canadians-containing-over-12000-
entries/
Figura 7 - O hacking group “Caliphate Cyber Army”.
Fonte: http://cjlab.memri.org/wp-content/uploads/2016/06/thumb3-1024x436.jpg