A AmazôNia E Sua PosiçãO No Problema Ambiental Brasileiro

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A Amazônia e sua posição no problema ambiental brasileiro 1 . Jodelse Dias Duarte 2 Com a abertura de novas fronteiras agrícolas no País, sobretudo na região dos Cerrados, chegando à transição para Floresta Amazônica, o Brasil torna-se alvo de críticas da comunidade internacional. A destruição de áreas intocadas, com o advento da abertura da Rodovia Transamazônica (“Integrar – para não entregar”), no período do chamado “Milagre Brasileiro”, a abertura da rodovia BR 163 Cuiabá (Mt) – Santarém (Pa), e com a pavimentação asfáltica da BR 364 Cuiabá (Mt) – Porto Velho (Ro) provocam mudanças drásticas no ecossistema, haja vista que com a rapidez do fluxo de imigrantes, o processo de colonização, e a implantação intensiva da pecuária numa região de solos frágeis, com desnudamento de cobertura vegetal, faz-se sentir na mudança das condições climáticas. Para um País que na época da colonização, era quase que completamente coberto por florestas tropicais, hoje 1 Artigo escrito em 1988 2 Pedagogo, Especialista, Agente de Atividades Agropecuárias do MAPA/CEPLAC.

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To occupy Amazon forest and brazilian environmental conservation problem. A change climate global.

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A Amazônia e sua posição no problema ambiental brasileiro1.

Jodelse Dias Duarte2

Com a abertura de novas fronteiras agrícolas no País, sobretudo na região

dos Cerrados, chegando à transição para Floresta Amazônica, o Brasil torna-se alvo de

críticas da comunidade internacional.

A destruição de áreas intocadas, com o advento da abertura da Rodovia

Transamazônica (“Integrar – para não entregar”), no período do chamado “Milagre

Brasileiro”, a abertura da rodovia BR 163 Cuiabá (Mt) – Santarém (Pa), e com a

pavimentação asfáltica da BR 364 Cuiabá (Mt) – Porto Velho (Ro) provocam mudanças

drásticas no ecossistema, haja vista que com a rapidez do fluxo de imigrantes, o

processo de colonização, e a implantação intensiva da pecuária numa região de solos

frágeis, com desnudamento de cobertura vegetal, faz-se sentir na mudança das

condições climáticas.

Para um País que na época da colonização, era quase que completamente

coberto por florestas tropicais, hoje possui menos de 40%, sendo cerca de 80% desta

área na Região Amazônica.

Na saga dos imigrantes agricultores, vêm também, pessoas dispostas a tirar o

máximo proveito dos recursos naturais, por extrativismo. As serrarias implantadas para

aproveitamento apenas da madeira de lei, que com sua derrubada e retirada destrói um

grande número de espécies, que mesmo sem valor comercial, constitui o sustentáculo da

biomassa amazônica. O garimpo do ouro no leito dos rios e adentrando-se na floreta,

com a subsequente utilização do mercúrio como agente aglutinador, deixando resíduos

na cadeia biológica, constituem-se além dos agricultores sem tradição e conhecimento

agronômico e ecológico, os grandes agentes de destruição do Ecossistema Amazônico.

1 Artigo escrito em 19882 Pedagogo, Especialista, Agente de Atividades Agropecuárias do MAPA/CEPLAC.

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Esta agressão ao Meio Ambiente, é extremamente preocupante, haja vista

que as florestas têm a função de manter o equilíbrio da natureza, oferecendo proteção

ambiental e cobertura alimentar à fauna, protegendo o solo do mecanismo de erosão,

mantendo e regulando o curso dos rios, purificando o ar, moderando o fluxo

pluviométrico, além de, pela evapotranspiração dos vegetais contribuírem para a

estabilidade do gradiente térmico.

O predatismo ecológico da Região, já começa a apresentar nefastos

resultados na ocupação racional de áreas outrora florescentes, como na região de

Paragominas, no Pará, onde o processo de desertificação, em função da degradação do

solo pela retirada da floresta, e utilização como pastagens, já se faz perceptível.

Solos com elevada acidez e fertilidade natural baixa, sugere-nos que a

vocação natural para os solos da Amazônia é, sem sombras de dúvidas, a florestal.

Como paisagem marcante na Geografia Amazônica, a floresta deverá ser explorada de

tal forma, que se consiga almejar um progresso econômico, sem provocar danos

sensíveis ao Meio Ambiente.

Não queremos com estas afirmações sermos contrários à ocupação e

exploração da Amazônia Legal, mas, com coerência, sabermos redimensionar as formas

de ocupação já existentes, procurando preservar o solo na condição de sustentáculo

agrícola, reduzindo a grandiosidade de projetos de monoculturas, transferindo-os pra

áreas mais apropriadas, ocupando o solo com consórcio de culturas perenes.

Temos já, como espelho o fracasso das pretensões da Ford de implantação de

três milhões de pés de seringueiras no sul do Pará, a 1500 km de Belém, no Vale do Rio

Tapajós, em Fordlândia e Belterra. Temos exemplarmente, a desertificação da região de

Paragominas, com pecuária extensiva, sendo o boi inadequado para a Região.

A preocupação maior é que, passado a fase de sensacionalismo exagerado

pela preservação da Floresta Amazônica, não haja acomodação governamental, mas,

procure-se equilibrar o uso dos recursos renováveis específicos deste ecossistema, com

ocupação e uso racional, preservando as condições climáticas da Região, e por extensão

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de todo o planeta, alcançando com certeza, uma posição privilegiada no contexto

ecológico mundial.

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RIBEIRO. Vera Pandolfo. Qualidade do Ambiente e seus Reflexos Econômicos e

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