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    Nota sobre o autor

    R. Roney Ressetti professor de Qumica do EnsinoMdio, tendo iniciado sua carreira em 1978, quando aindaestudante, em Curitiba.

    Nasceu em Ponta-Grossa, PR, a 26 de Agosto de1959.

    Graduou-se como Bacharel em Qumica e Licenciadoem Qumica e em Cincias pela PUC do PR.

    Ps-graduou-se em Especializao em Magistriopela UNIBEM-IBPEX.

    Comeou a escrever artigos em 1990 comocolaborador da Revista O Rosacruz, e, em 2000, publicoudois livros didticos para o Ensino Mdio: Qumica e Fsica,pela Editora NCT.

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    Dedicatria

    Dedico esta ob ra minha mulher Joslaine e aos meusfilhos, Danielle e Rodrigo.

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    Prefcio

    Atualmente encontramos diversas obras sobreAlquimia.Algumas so obras antigas, escritas por alquimistas,

    que costumam ser reeditadas. Estas obras soindispensveis para aqueles que pretendem se aprofundarno es tudo da Alquimia. Porm, devido sua linguagem e aoseu simbolismo, so de difcil compreenso.

    Outras, so obras que abordam o histrico daAlquimia e que procuram esclarecer o que ela e do que elatrata.

    Existem ainda algumas obras fantasiosas e de purafico, que tratam da Alquimia como uma disciplinaestritamente mstica e esotrica, dissociada da prticalaboratorial, as quais so responsveis pelas idiasequivocadas a seu respeito.

    A nossa preocupao fundamental ao elaborarmos apresente obra, foi de procurar esclarecer em que consiste o

    prtica da Alquimia, ou seja, o que que um alquimista fazem seu laboratrio. E, neste aspecto, vamos bem mais longedo que os autores que nos antecederam.

    Apresentamos, de forma clara e s imples, o resultadode 28 anos de pesquisa e de trabalho, citando sempre osautores mais idneos, para demonstrar nossas concluses.

    Abordamos todos os pontos essenciais do trabalhoalqumico, a comear pelas matrias iniciais, sua

    preparao, as principais operaes envolvidas notranscorrer de todo o processo, at a concluso final da obraalqumica.

    Citamos vrios e extensos trechos, de diversosautores clebres, muitos deles inditos em portugus, paraque o leitor possa tirar as suas prprias concluses.

    Que esta modesta obra possa auxiliar a resgatar aAlquimia das idias errneas e sem fundamento que

    circulam a seu respeito, e tambm, que possa orientar osnovos pesquisadores, os quais encontraro aqui uma base

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    para iniciar seus estudos desta disciplina, cujos mistriosso to difceis de penetrar, mas que fascina, todos aquelesque dela se aproximam.

    O autor.

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    A cincia alqumica no se ensina; cada qual deveaprend-la por si mesmo, no de modo especulativo, mas

    sim com a ajuda dum perseverante trabalho, multiplicandoos ensaios e as tentativas, de maneira a submeter sempreas produes do pensamento verificao da experincia.

    Aquele que teme olab or manual, o calor dos fornos, a poeirado carvo, o perigo das reaes desconhecidas e a insnia

    das longas viglias esse nunca saber coisa alguma.Fulcanelli

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    Captulo I

    IntroduoJ se escreveu muito sobre a Alquimia e quase todo

    mundo j ouviu falar sobre ela. Apesar disso, poucospossuem uma idia exata do que ela seja.

    Os mais bem informados sabem que ela se relacionacom a obteno da Pedra Filosofal, que transformaria osmetais em ouro (transmutao), e com a elaborao doElixirda Longa Vida ou Panacia Universal, que curaria todas asdoenas e prolongaria a vida.

    A Alquimia uma cincia antiga e tradicional, degrande repercusso na Idade Mdia e Renascena, tendochegado at nossos dias.

    costume coloc-la junto s denominadas cinciasocultas ou esotricas, como a Magia, porm, ao contrrio doque comumente se imagina, ela no se baseia em frmulasmgicas, nem em encantamentos, nem na invocao deespritos ou de entidades sobrenaturais.

    A Alquimia uma cincia baseada no conhecimentoelaborado atravs da experimentao e do trabalhoacumulado por centenas de anos, por inmeras geraes depesquisadores. Suas prticas envolvem trabalhos delaboratrio e o manuseio de substncias, empregandotcnicas e equipamentos relativamente sofisticados.

    Grande parte das substncias, das tcnicas e dos

    equipamentos empregados atualmente pelos qumicos,foram descobertos e desenvolvidos pelos alquimis tas.

    Como toda cincia tradicional e antiga, a Alquimiaapresenta um carter filosfico-metafsico marcante,presente em suas teorias, em sua simbologia e em seulinguajar, bastante ricos e complexos.

    Os temas tratados pela Alquimia, a sua linguagemalegrica e o seu simbolismo, tm fascinado diversos

    pesquisadores.

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    O psiclogo Carl Jung dedicou grande parte da suaobra ao estudo e interpretao ps icolgica dos smbolos ealegorias alqumicas.

    Isaac Newton, dava mais importncia s suasexperincias alqumicas do que aos seus trabalhos deMatemtica e de Fsica que o tornaram famoso.

    Seu sobrinho Humphrey Newton escreveu: Duranteseis semanas na Primavera e seis semanas no Outono, ofogo no laboratrio dificilmente se extinguia... ele costumava,s vezes, examinar um velho livro bolorento que estava noseu laboratrio. Penso que se chamava Agricola de

    Metallis, sendo o seu principal desgnio a transmutao dosmetais...

    Newton acreditava na existncia de uma cadeia deiniciados que se alastrava no tempo at uma antigidademuito remota, os quais conheciam os segredos datransmutao e da sntese do ouro.

    Encontramos em seus escritos: A maneira como omercrio pode ser assim impregnado foi mantida em

    segredo por aqueles que sabiam, e constitui provavelmenteum acesso para qualquer coisa de mais nobre que afab ricao do ouro e que no pode ser comunicada sem queo mundo corra um grande perigo, caso os escritos deHermes digam a verdade. Existem outros grandes mistriosalm da transmutao dos metais.

    Newton tambm costumava afirmar: Se vi mais longedo que os outros, foi porque me apoiei em ombros de

    gigantes.Determinados autores acham que tais gigantesseriam os iniciados, que Newton deveria ter conhecidopessoalmente.

    Alguns pesquisadores cons ideram que a Alquimiasurgiu dos restos do saber de uma civilizao muito antiga ebastante evoluda.

    Frdric Soddy, autor da Lei de Soddy sobre a

    desintegrao radioativa, prmio Nobel de Qumica,escreveu em seu livro Linterprtation du radium : Penso queexistiram no passado civilizaes que tiveram conhecimento

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    da energia do tomo e que uma m aplicao dessa energiaas destruiu totalmente.

    A Alquimia e a Qumica

    Considera-se que a Qumica se originou da evoluoda Alquimia. Porm, na verdade, a Qumica se originou daevoluo da Espagria, a Qumica Medieval.

    A Espagria era uma mistura da Alquimia com osdiversos processos qumicos empricos, desenvolvidosdesde a antigidade, abrangendo a confeco demedicamentos, tinturas, bebidas, sabo, vidro, tcnicasmetalrgicas, etc. incorporando elementos de magia e deastrologia.

    Com outras disciplinas, como a Fsica, ocorreu umaevoluo gradativa. Da Fsica Antiga, de Aristteles,passamos para a Fsica Clssica, de Galileu, Kepler eNewton, e finalmente, para a Fsica Moderna, de Einstein eoutros. Inclusive o prprio nome se manteve; Physica, em

    latim, e Physik, em grego, cuja origem physis, natureza.A Qumica a mais recente das Cincias Naturais . A

    Matemtica e a Fsica existiam h sculos antes de Cristo,enquanto que a Qumica, apesar de j ser praticadaempiricamente desde a antigidade, s se consolida comoCincia no sc. XVII.

    Os fenmenos fsicos so mais evidentes, enquantoque os fenmenos qumicos so de mais difcil interpretao,

    o que certamente teve uma influencia decisiva sobre isso.Vrios autores consideram que a consolidao daQumica como Cincia ocorreu com a publicao de duasobras, que expressam as metas fundamentais norteadorasda moderna pesquisa qumica: Alchemia, em 1597, doalemo Adreas Libavius (1540?-1616), o qual afirma que aAlquimia deve se preocupar com a separao de misturasem seus componentes e o estudo das propriedades desses

    componentese The sceptical chemist(O qumico cptico),em 1661, do irlands Robert Boyle (1627-1691), o qual ataca

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    energicamente a teoria dos quatro elementos deEmpdocles e Aristteles e afirma que elemento tudoaquilo que no pode ser decomposto por nenhum mtodoconhecido.

    Observe que Libavius, autor mais antigo, ainda utilizao termoAlquimia, j Robert Boyle, emprega o termo qumico.

    Como uma cincia tradicional e antiga a Alquimiapossua uma filosofia e uma metafsica, com suas teorias,simbologia e linguajar prprios, incompatveis com umacincia moderna como a Qumica, da mesma forma queocorre com a Acupuntura e a Homeopatia em relao

    moderna Medicina Aloptica.Este fato inevitvel tambm foi extremamente

    lamentvel, pois a sabedoria acumulada por centenas deanos pelos alquimistas foi simplesmente ignorada.

    No livro O Despertar dos Mgicos, que possui umCaptulo dedicado Alquimia, Louis Pauwels e JacquesBergier (o qual era Engenheiro Qumico) lamentam que maisde cem mil textos alqumicos, os quais certamente contm

    segredos relativos matria e energia, permaneamdesprezados. Ressaltam ainda que os textos de Alquimiageralmente so bem modernos em relao sua poca,enquanto as obras de ocultismo esto sempre em atraso, etambm, que a Alquimia trouxe diversas contribuies para aCincia atual.

    Algumas cincias tradicionais foram reconhecidas poralgumas instituies, sendo ministradas em Universidades.

    A Medicina Tradicional coexis te com a Medicina Moderna,nas Universidades chinesas, da mesma forma que aMedicina Homeoptica coexiste com a Medicina Aloptica,em algumas de nossas Universidades.

    O fato da Alquimia ser uma cincia tradicional e noseguir as teorias da cincia moderna no significa que osalquimistas no tenham realizado descobertas importantes,alm daquelas j conhecidas.

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    Captulo II

    As transmutaesSempre que tratamos da Alquimia surge a indagao:

    Os alquimistas conseguiram realizar transmutaes, isto , atransformao de um elemento qumico em outro?Conseguiram transformar metais comuns em ouro?

    Existem diversos testemunhos his tricos, que afirmamque sim!

    Desde Lavois ier (1743-1794), at o incio do sc. XX,a cincia oficial tinha como um dogma a impossibilidade datransmutao dos elementos, a qual era tida como um dossonhos impossveis dos alquimis tas. O preconceito era togrande que nenhum cientista considerado srio podia aceitaresta possibilidade.

    Teoricamente muito fcil transformar (transmutar)um elemento qumico em outro.

    Atualmente sabemos que a diferena entre umelemento qumico e outro apenas o seu nmero atmico,que corresponde ao nmero de prtons dos seus tomos.Portanto, mudando o nmero de prtons de um tomotransformamos um elemento qumico em outro.

    O nmero atmico do Urnio 92. Isto significa queele possui 92 prtons. Ao emitir uma radiao (alfa) eleperde dois prtons, ficando com 90 prtons, transformando-se ento em outro elemento, o Trio, cujo nmero atmico

    90.O grande cientista neozelands Lord Ernest

    Rutherford (1871-1937), ao estudar os elementosradioativos, teve a idia de que deveria ocorrer umatransmutao destes elementos, no momento da emissoradioativa. Inicialmente Rutherford hesitou em mencionarsua descoberta e quando a comunicou aos seus colegas,estes lhe recomendaram muita prudncia, pois poderia

    passar por louco. Porm, as provas apresentadas eramirrefutveis e a comunidade cientfica teve de aceitar que

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    nos processos radioativos ocorre uma transmutao doselementos.

    Em 1919 Rutherford realizou a primeira transmutaoartificial: transformou Nitrognio em Oxignio atravs dobombardeio com radiaes (alfa).

    Atualmente sabemos que existem dois processos detransmutao denominados fisso nucleare fuso nuclear.

    Na fisso nuclear, tomos grandes e instveis,componentes dos denominados elementos radioativos,como o Urnio, se desintegram naturalmente em tomosmenores e mais estveis, emitindo radiaes. Nas usinas

    nucleares este processo realizado lentamente, de formacontrolada, sendo a energia liberada, utilizada na produode eletricidade. Nas bombas atmicas este processo ocorrerapidamente, numa reao em cadeia, que acaba numagrande exploso, liberando enormes quantidades de energiana forma de luz, calor e radiaes.

    Na fuso nuclear, tomos menores, como os deHidrognio, se fundem e se unem, originando tomos

    maiores, liberando energia. Este processo necessita detemperaturas muito elevadas e ocorre no interior dasestrelas e nas exploses de bombas de Hidrognio. Oselementos qumicos que formam tudo o que encontramos nanatureza, inclusive ns mesmos, foram produzidos por meiodeste processo, no interior das estrelas.

    Tambm existem transmutaes artificiais realizadasem grandes aparelhos, denominados aceleradores de

    partculas, onde tomos so bombardeados por partculaselementares, como prtons e neutrons, acelerados agrandes velocidades. Com o impacto destas partculas, ostomos bombardeados sofrem uma transmutao,transformando-se em outros elementos. um processocaro, que consome enormes quantidades de energia.

    Porm, nada impede que hajam outros processosmais s imples, desconhecidos da cincia atual.

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    Testemunhos histricos de transmutaes

    Existem vrios registros histricos de transmutaes,muitos deles realizados perante diversas e ilustrestestemunhas.

    Dentre estes escolhemos dois, nos quais apossibilidade de fraude praticamente nula, pois foramefetuados longe de qualquer alquimista e por pessoasesclarecidas que eram adversrios ferrenhos da Alquimia.

    O primeiro deles foi realizado pelo grande qumico emdico belga, Jean Baptiste van Helmont, ao qual se atribuia criao da palavra gs e a descoberta do dixido decarbono.

    Em 1618 van Helmont recebeu a visita de umdesconhecido. Ao saber que o assunto era sobre atransmutao dos metais van Helmont disse que isto notinha fundamento cientfico e que no tinha tempo a perdercom este tipo de coisa. Porm, o desconhecido o interrogouse ele estava disposto a realizar uma experincia, para

    comprovar a sua veracidade. Van Helmont respondeu quesim, desde que realizada por ele e nas condies por eledeterminadas.

    O visitante depositou ento, sobre uma folha depapel, alguns gros de p, sobre os quais van Helmontescreveria mais tarde: Vi e manipulei a Pedra Filosofal.Tinha a cor de aafro em p e era pesada e brilhante comovidro em pedaos.

    O desconhecido deu ento instrues sobre comorealizar o experimento e se despediu. Van Helmontinterrogou se ele retornaria para saber o resultado daexperincia e o visitante respondeu que era desnecessrio,pois possua certeza absoluta quanto ao seu desfecho.

    Acompanhando-o at a sada van Helmont perguntou-lhe o motivo de hav-lo escolhido para tal experincia e ooutro respondeu que desejava convencer o ilustre sbio

    cujos trabalhos honravam seu pas.

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    Impressionado pela segurana do desconhecido, vanHelmont resolveu empreender o experimento. Mandou seusauxiliares colocarem pouco mais de 200 g de mercrio emum cadinho e submete-lo ao aquecimento. Embrulhou umacerta quantia da matria que recebera em um pedao depapel e jogou no meio do metal lquido, conforme a instruorecebida. Colocou uma tampa sobre o cadinho e aguardouum quarto de hora, depois do que, despejou gua sobre omesmo para terminar de esfri-lo. Abrindo o cadinhoencontrou uma massa de ouro de peso equivalente aomercrio utilizado!

    Este relato foi escrito e assinado pelo prprio vanHelmont, que reconheceu publicamente seu erro,proclamando que dali em diante acreditava na realidade daAlquimia. Em memria a esta extraordinria experincia deua um de seus filhos o nome de Mercurius, o qual foi umgrande defensor da Alquimia, que viria a convencer o ilus trefilsofo e matemtico Leibniz.

    O segundo foi realizado por Johann Friedrich

    Schweitzer, conhecido como Helvtius, ilustre mdico dapoca e violento adversrio da Alquimia.Segundo seu relato, em 27 de dezembro de 1666,

    chegou sua casa um desconhecido de aspecto honesto,semblante grave e autoritrio, vestido com um traje simples.Aps interrogar a Helvtius se ele acreditava na PedraFilosofal, ao que o ilustre mdico respondeu negativamente,abriu uma pequena caixa de marfim, na qual se

    encontravam trs fragmentos de uma substncia que seassemelhava ao vidro ou ao enxofre plido. O donodeclarou tratar-se da Pedra Filosofal e de ser capaz deproduzir vinte toneladas de ouro com aquela poro.Helvtius segurou nas mos um dos fragmentos e solicitouque lhe fosse cedida uma poro. O visitante recusoubruscamente e acrescentou, em tom mais ameno, que nopoderia se desfazer de nenhum pedao, nem por toda a

    fortuna de Helvtius, por uma razo que no podia revelar.Helvtius pediu ento que lhe fosse dada uma provarealizando uma transmutao. O desconhecido disse que

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    retornaria no prazo de trs semanas e lhe mostraria algo queiria surpreend-lo.

    O desconhecido retornou exatamente no dia marcadoe disse a Helvtius que no poderia realizar a transmutao,porm poderia dar-lhe um pequeno pedao da pedra.Entregou-lhe ento um fragmento do tamanho de um grode mostarda. Helvtius contestou que o pedao era muitopequeno. O alquimista pegou o pedao, dividiu-o ao meiocom a unha, jogou uma metade ao fogo e deu a outrametade a Helvtius dizendo: Esta ser mais que suficiente!

    Helvtius confessou ento ao desconhecido que na

    primeira visita havia extrado alguns fragmentos da pedraque observara. Mais tarde, ao lanar estes fragmentos sobrechumbo fundido obtivera apenas uma terra vitrificada, aoinvs de ouro. O visitante riu e falou que era necessrioenvolver a pedra com cera ou papel, para que os vapores dometal derretido no tirassem o seu poder transmutatrio.Disse ento que tinha de ir, mas retornaria no dia seguinte,caso quisesse esper-lo para realizar o experimento. Mas

    no apareceu neste dia, nem no dia seguinte.Finalmente, persuadido por sua mulher, Helvtiusresolveu empreender o experimento, porm, sem esperanade obter algum resultado positivo.

    Fundiu um pouco de chumbo em um cadinho,envolveu o fragmento da pedra com cera e o lanou no meiodo metal derretido. O metal comeou a ferver e ao fim de umquarto de hora es tava totalmente transformado em ouro.

    Para confirmar, o ouro foi levado a um clebre ourivesda poca para ser testado, o qual afirmou que o ouro era deexcelente qualidade, oferecendo um bom preo por ele.

    Outro adversrio da Alquimia, o filsofo Spinoza, aosaber do ocorrido foi investigar o assunto.

    O ourives disse-lhe que ocorrera um fato curioso, poisparte da prata que acrescentara ao ouro em fuso, tambmhavia se convertido em ouro.

    Helvtius confirmou o ocorrido, mostrando o cadinhoonde realizara a transmutao, dentro do qual ainda haviampartculas de ouro aderidas.

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    Isto foi o suficiente para convencer o cptico Spinoza.

    Transmutaes orgnicasExistem experincias efetuadas com plantas e

    animais, que, ao que tudo indica, comprovam que osorganismos vivos so capazes de efetuar transmutaes.

    Citaremos alguns exemplos.No livro A vida secreta das plantas, de Peter

    Tompkins e Christopher Bird, no captulo Os alquimistasvegetais, temos a descrio das experincias do qumico ebilogo francs Louis Kevran.

    Aps cuidadosas experincias Kevran verificou queas observaes do qumico Louis Nicolas Vauquelinestavam corretas: Tendo calculado toda a cal contida naaveia dada a uma galinha, descobri uma maior quantidadede cal na casca de seus ovos. H portanto uma criao dematria.

    A hiptese de que o clcio poderia provir do esqueleto

    da galinha foi verificada por Kevran. Ele verificou que umagalinha privada de clcio pe ovos de casca mole. Porm,esta situao logo se normaliza, caso ela receba uma raorica em potssio, como a aveia.

    Portanto, parece evidente que a galinha conseguetransmutar potssio em clcio.

    Um fato importante de se notar que o nmeroatmico do potssio 19 e o do clcio 20. Portanto, para

    transformarmos potss io em clcio, basta adicionarmos umprton aos tomos de clcio.No livro A origem das sub stncias inorgnicas, de

    Albrecht von Herzeele, publicado em 1873, temos diversosexperimentos comprovando transmutaes efetuadas porplantas.

    Pierre Baranger, professor e diretor do laboratrio dequmica orgnica da famosa Escola Politcnica de Paris,

    repetiu por cerca de dez anos as experincias de vonHerzeele, confirmando-as.

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    Em janeiro de 1958 apresentou suas pesquisas emuma reunio cientfica na Sua e em 1959 declarou, emuma entrevista revista Science et Vie: Meus resultadosparecem impossveis, mas a esto eles. Repeti asexperincias vrias vezes, fiz milhares de anlises duranteanos. Expus meu trabalho verificao de outros queignoravam minhas intenes exatas. Usei diversos mtodose diferentes itens. Mas no h outra alternativa, temos denos submeter evidncia: as plantas conhecem o velhosegredo dos alquimistas: diariamente, sob nossos olhos,elas transmutam os elementos.

    No livro A Cincia Atravs dos Tempos, AtticoChassot (Professor de Qumica e Doutor em Educao pelaUFRGS) apresenta a seguinte analogia: Um cofre pode seraberto de duas maneiras: conhecendo-se o segredo ou porarrombamento. Os mtodos de transmutao utilizados pelacincia oficial correspondem a um arrombamento. Seestiverem corretas as evidncias de que plantas e animais

    realizam transmutaes, no seria impossvel que osalquimistas conhecessem um mtodo diferente para efetuartransmutaes.

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    Captulo III

    As origens da AlquimiaVarias so as abordagens j empreendidas sobre

    este tema. As especulaes vo de egpcios e chineses, aantediluvianos e extraterrestres. Mas o que que realmentesabemos sobre as remotas origens da Alquimia?

    Segundo a verso etimolgica mais em voga, o termoAlquimia provem de khema, kimya, chemia ou kemeia, oqual designava uma antiga arte egpcia da fabricao doouro e da prata, derivado de khem, khame ou khmi, nomeprimitivo do Egito, significando terra negra,referindo-se sterras frteis s margem do Nilo, em oposio areia dodeserto. Sendo tambm relacionado aos termos gregos:khein (verter), khymeia (infuso ou mistura lquida) ekhyms (suco).

    A palavra Qumica, do latim medieval Chimica, teriaa mesma procedncia.

    Um dos mais antigos alquimistas conhecidos, Zzimo,originrio de Panpolis, tendo vivido em Alexandria,provavelmente no incio do sculo IV, afirma que a Alquimiafora ensinada a mulheres por anjos que delas seenamoraram, em pocas antediluvianas, conforme encontra-se no Gnesis, captulo V: os anjos viram que as filhas doshomens eram belas e escolheram mulheres entre elas,tambm citado no Livro de Enoch. Segundo seus escritos,

    que deveriam conter compilaes de textos mais antigos,para ensinar s mulheres esses anjos usaram um livrodenominado Chema, escrito por um antigo e misteriososbio chamado Chemes, de onde se originou Chemia, paradesignar esta arte.

    A primeira referencia his trica encontrada umDecreto do Imperador romano Diocleciano, de cerca de 300a.C., ordenando a destruio dos velhos escritos egpcios

    sobre a khemia do ouro e da prata.

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    Essa arte passa para os rabes como al-kimiya, el-kimye ou el-kimy, e desses pennsula Ibrica, originandono Espanhol e no PortugusAlqumia e no LatimAlchemia,espalhando-se pela Europa medieval.

    A grafia portuguesa modernaAlquimia s aparece nosculo XIX, provavelmente devido a influncia estrangeira.

    Alguns acham queAlquimia (Alchimie) significa AQumica em distino Qumica comum (Chimie).

    Napoleo de Landais afirma que o prefixo alno deveser confundido com o artigo rabe, significandosimplesmente uma virtude maravilhosa.

    O autor annimo de um manuscrito do sculo XVIIIdiz que o termo provm do grego als (sal) e chymie (fuso);sendo ambos (sal e fuso), elementos fundamentais notrabalho alqumico.

    O termo grego chymie designaria o metal fundido, afuso ou a mudana causada pelo fogo, significandoAlquimia, segundo Fulcanelli, a permutao da forma pelaluz, fogo ou espirito.

    Na China, os mais antigos textos, que remontam aosculo II a.C., apresentam especulaes sobre acomposio da matria, a transmutao dos metais ereceitas para a imortalidade, mas sempre relacionados como mis ticismo chins, taoista.

    Alguns autores acham que em diversas civilizaesantigas houve uma transio de uma metalurgia mgica paraa Alquimia. O domnio do fogo, permitindo ao homem uma

    melhor manipulao da matria, principalmente atravs dacriao de tcnicas metalrgicas, que propiciaram afabricao de armas e utenslios, proporcionando odesabrochar das civilizaes, foi de suma importncia para ohomem primitivo, o qual a encarava como algo sobrenatural,mgico e sagrado, cercando-a de rituais e de segredosmantidos ciosamente de modo a assegurar a superioridadeque conferiam aos seus detentores. Com o tempo, atravs

    da evoluo desta metalurgia sagrada, por meio dodesenvolvimento mstico e filosfico, levaria formao deuma espcie de alquimia. Mas, uma conseqncia natural

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    que sistemas mistico-filosfico-religiosos, como o taoismo, oioga e o budismo, desenvolvidos por civilizaes antigas taisquais as da China e da ndia, tenham pontos em comumcom uma disciplina tradicional como a Alquimia, uma vezque todos se assentam nos mesmos princpios, nas mesmasverdades universais.

    Existem autores modernos que pretendem umaorigem extraterrestre, vendo na verso de Zzimo, sobre osanjos, uma aluso a visitantes do espao, e outros queacham que ela seria constituda pelos resqucios da cinciaremanescente de uma antiqussima civilizao extinta, a

    qual teria atingido um elevado grau de desenvolvimento; alegendria Atlntida, talvez.

    Porm, no parecer de muitos autores, com os quaisconcordamos, a Alquimia, tal e qual a conhecemos hoje,estruturou-se plenamente nos primeiros sculos da nossaEra, na Alexandria, a herdeira da cultura e do saber devrias civilizaes antigas, entre as quais a babilnia eprincipalmente a grega. Alexandre, o grande, seu .fundador,

    discpulo de Aristteles, incentivou o estudo e odesenvolvimento das artes e das cincias em geral, mandouconstruir sua famosa Biblioteca, um Museu e um Zoolgico.Desde a sua fundao, em 332 a.C., at os primeirossculos da nossa Era, Alexandria foi a capital mundial dacultura e do saber e tambm um dos maiores centroscomerciais. Sua populao, extremamente diversificada,convivia num clima de harmonia e tolerncia. Totalmente

    helenizada, a maioria de seus sbios era de origem grega,sendo esse o idioma empregado, aparecendo escritos emcopta somente no seu perodo final. Nas suas instituiesestudavam-se de tudo, inclusive Alquimia, tendo havido umintenso florescer do conhecimento, antecipando inmerasdescobertas. Se a sua biblioteca tivesse sido preservada,certamente o progresso humano teria sido bastanteacelerado. O grande cientista,Carl Sagan, refere-se a ela

    como a primeira instituio de pesquisa verdadeira nahistria do mundo. Nesse centro de ebulio do saber,surgiram vrias mentes iluminadas, como Eratstenes, que

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    afirmou ser a Terra redonda e calculou com exatido o seudimetro; o astrnomo e gegrafo Ptolomeu; o gnio damecnica, Arquimedes; o astrnomo Aristarco de Samos,que afirmou ser a Terra um dos planetas a orbitar em tornodo Sol e que as estrelas encontram-se a enormes distncias;Euclides , o sistematizador da Geometria; Dionsio de Trcia,o primeiro lingis ta a definir as partes da orao; Herfilo, ofisiologis ta que afirmou ser o crebro a sede da inteligncia;Hron de Alexandria, inventor da engrenagem e da mquinaa vapor e autor de Automata, o primeiro texto sobrerobtica; Apolnio de Perga, o matemtico que determinou

    as formas das sees cnicas (elipses, parbolas ehiprboles); e, a grande filsofa, matemtica e astrnoma,Hipcia, assassinada em 415 por uma turba de cristosfanticos marcando com a sua morte o declino definitivodeste grande centro cultural do mundo antigo.

    A grande maioria dos autores concorda que o primeiroalquimista egpcio conhecido, Bolo Demcrito, oriundo deMendes, no Delta do Nilo, teria vivido por volta de 200 a.C. e

    teria escrito, em grego, uma obra intitulada Physica, quetratava da transmutao dos metais em ouro e prata, dafabricao de pedras preciosas e da prpura. Porm,segundo Holmyard, Bolo Demcrito, teria escrito o primeirotexto sobre Alquimia e teria vivido por volta de 1000 a.C.

    Nos quatro primeiros sculos da nossa Era, aAlquimia greco-alexandrina passa por um intensodesenvolvimento, surgindo vrios alquimistas clebres, entre

    os quais o j citado Zzimo, que teria escrito umaenciclopdia alqumica de vinte e oito volumes, dos quaisrestam fragmentos; Maria, a judia (sc. IV), tambm ditairm de Moiss e profetisa, qual se atribui a criao dobanho-maria (que alguns atribuem a Zzimo), do kerotakis(vaso fechado em que se expunham lminas delgadas demetais ao de vapores) e at do aremetro oudensmetro; Clepatra, a copta; Teosbia, irm hermticade

    Zzimo; Sins io (fim do sc. IV), bispo de Ptolomais (cidadede Cirenaica), discpulo de Hipcia; o historiador e filsofoOlimpiodoro (sc. V); e outros.

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    Da Alexandria a Alquimia passa para Bizncio e paraos rabes, difundindo-se pela Europa medieval por trs vias:a bizantina, a hispnica e a mediterrnea, tendo essa ltimapor principais mediadores os cruzados.

    Os alquimistas medievais, so unnimes em apontaro Egito como o bero da sua arte.

    A tradio atribui a sua criao a Hermes Trismegisto(o trs vezes grande), conhecido no Egito como Tot, ocriador das Artes, das Cincias e da escrita, sendo por issoa Alquimia tambm designada por Arte ou CinciaHermtica, originando-se dai a expresso "hermeticamente

    fechado", para designar algo totalmente lacrado, como osrecipientes empregados em certos experimentos. Totdeveria ter sido um sbio eminente ou um rei pr-faranicodeificado ou identificado com uma divindade, assimiladopelos gregos como Hermes. A ele atribuda uma infinidadede tratados, entre os quais a famosa Tbua de Esmeralda,que constitui o mais sucinto resumo do trabalho alqumico.Segundo a lenda, Hermes a teria escrito com uma ponta de

    diamante em uma lmina de esmeralda, tendo sidoencontrada por soldados de Alexandre na grande pirmidede Giz, num fosso recndito, nas mos da mmia doprprio Hermes!...

    A Tbua de Esmeralda

    verdadeiro, completo, claro e certo:

    O que est em baixo como o que est em cima e oque est em cima como o que est em baixo; por estascoisas se fazem os milagres duma s coisa. E como todasas coisas so e provm de UM, pela mediao de UM,assim todas as coisas nasceram desta coisa nica, poradaptao.

    O Sol o seu pai e a Lua a sua me. O vento a trouxeem seu ventre. A Terra a sua nutriz e receptculo. O Pai

    de tudo, o Telema do mundo universal, est aqui. A suafora ou potncia est inteira, se ela convertida em terra.

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    Separars a terra do fogo e o sutil do espesso, brandamentee com grande indstria. Ele sob e da terra para o cu e descenovamente do cu para a terra e recebe a fora das coisassuperiores e das coisas inferiores. Ters, por esse meio aglria do mundo; e toda a ob scuridade fugir de ti.

    a fora de toda a fora, porque ela vencerqualquer coisa sutil e penetrar qualquer coisa slida. Assimo mundo foi criado. Disto sairo admirveis adaptaes dasquais o meio aqui, dado.

    Por isso fui chamado Hermes Trismegistus, poispossuo as trs partes da filosofia universal.

    O que eu disse da ob ra solar est completo.

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    Captulo IV

    O que AlquimiaO monge franciscano e alquimista ingls Roger Bacon

    (1211 1294) no seu livro Speculum Alchemi (Espelho daAlquimia) diz o seguinte:

    A Alquimia a cincia que ensina a preparar certaMedicina ou elixir, a qual, projetada sobre os metaisimperfeitos torna-os perfeitos no mesmo instante daprojeo.

    Esta uma definio extremamente sucinta e exatado que vem a ser a Alquimia. A Medicina ou elixir aPedra Filosofal, que transmuta os metais em ouro etambm a Panacia Universal, medicamento que curatodas as doenas e o Elixir da Longa Vida.

    Esta Medicina ainda possuiria muitas outraspropriedades, que nunca foram bem esclarecidas, sendo seuconhecimento exclusivo daqueles que conseguem obt-la.

    A elaborao des ta Medicina se denomina GrandeObra ou Magistrio e deste trabalho que tratam todos ostextos alqumicos autnticos.

    Paralelamente Alquimia desenvolveram-se algumasdisciplinas, com finalidades especficas, as quais so muitasvezes confundidas com ela. Porm, nenhuma delas jamaisteve a importncia da Alquimia, sendo praticamentedesconhecidas.

    Estas disciplinas derivadas da Alquimia soenumeradas por Fulcanelli, na sua obra As MansesFilosofais.

    A Espagiria ou qumica medieval, da qual j falamos.A Arquimia ou Voarchadumia, que busca

    unicamente a transmutao dos metais em ouro e prataatravs de procedimentos qumicos ou espargiriosdenominadospequenos particulares.

    A Hiperqumica, segmento mais moderno, o qual sebaseia na hiptese de que a Alquimia uma Qumica muito

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    avanada, escondendo em seu s imbolismo, descobertas queultrapassam os conhecimentos atuais. Os hiperqumicosdedicam-se a diversas pesquisas, entre as quais, atransmutao.

    Finalmente, para concluir este assunto, vamos citarFulcanelli:

    Antes de ir por diante, falemos deste artifciodesconhecido1 que, do ponto de vista alqumico, deviaser classificado de absurdo, ridculo ou paradoxal, porque asua inexplicvel ao desafia qualquer regra cientfica -, poisele marca a encruzilhada onde a cincia alqumica se aparta

    da cincia qumica. Aplicado a outros corpos, ele fornece,nas mesmas condies, outros tantos resultadosimprevistos, outras tantas substncias dotadas dequalidades surpreendentes. Esta nico e poderoso meiopermite assim um desenvolvimento de insuspeitaenvergadura, pelos mltiplos elementos simples novos e oscompostos derivados destes mesmos elementos, mas cujagnese continua a ser um enigma para a razo qumica.

    Isto, evidentemente, no deveria ser ensinado. Sepenetramos neste domnio reservado da hermtica; se, maisousado do que os nossos antecessores, o assinalamos,afinal, foi porque desejamos mostrar:

    1. que a alquimia uma cincia verdadeira,susceptvel, como a qumica, de extenso eprogresso, e no a aquisio emprica dumsegredo de fabricao dos metais preciosos;

    2. que a alquimia e a qumica so duas cinciaspositivas, exatas e reais, se bem que diferentesuma da outra, tanto na teoria como na prtica;

    3. que a qumica no podia, por essas razes,reivindicar uma origem alqumica;

    4. enfim, que as inumerveis propriedades, mais oumenos maravilhosas, atribudas em bloco pelos

    1

    Fulcanell i se refere elaborao do mercrio filosfico, a qual requer autili zao de um artifcioespecial, do qual trataremos no Captulo 11,Ainfluncia celeste.

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    filsofos pedra filosofal unicamente pertencem,cada uma, s substncias desconhecidas obtidasa partir de materiais e de corpos qumicos, mastratados segundo a tcnica secreta do nossoMagistrio.2

    2 As Manses Filosofais, Fulcanelli, pg. 234.

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    Captulo V

    Alquimistas, Adeptos , assopradores, invejosos,caridosos, etc.

    Alquimista toda pessoa que, ciente dos princpiosda cincia hermtica, apoiado nos ensinamentos dosmestres consagrados, trabalha em laboratrio, buscandorealizar a Grande Obra.

    Os alquimistas tambm so denominados filsofos

    qumicos ou simplesmente filsofos e a Alquimia tambm conhecida como Filosofia,Arte ou Cincia Hermtica eAgricultura Celeste.

    Os Adeptos (sempre com A maisculo)correspondem aos alquimistas que realizaram a GrandeObra, isto , obtiveram a Pedra Filosofal.

    Os assopradores, ou simplesmente sopradores, soaqueles que, desconhecendo os princpios alqumicos,buscam a Pedra Filosofal atravs de procedimentosaleatrios, utilizando materiais diversos. Seu nome provemdos auxiliares dos alquimis tas, que acionavam os foles dosfornos, para avivar o fogo.

    Os amorosos da cincia so pessoas que estudamAlquimia e conhecem os princpios da cincia hermtica,porm no trabalhavam em laboratrio buscando a PedraFilosofal.

    A tradio alqumica impem restries sua

    divulgao, de modo que seus textos so escritos de formavelada e simblica, a fim de desnortear e confundir osprofanos.

    Os autores conhecidos como invejosos ou ciosos dacincia, so aqueles que escrevem de modo enganoso,descrevendo de modo errado algumas operaes, alterandoos dados, procurando confundir e desnortear totalmente osiniciantes.

    Os autores conhecidos como caridosos, so aquelesque, apesar de manterem as reservas impostas pela

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    tradio alqumica, procuram ser o mais claro possvel,evitando as informaes enganosas.

    O Adepto Irineu Filaleto, por exemplo, extremamente caridoso, em determinadas fases do trabalhoalqumico, porm acrescenta operaes falsas entre asverdadeiras. Este procedimento foi criticado pelo Adeptocontemporneo Fulcanelli:

    Lendo seu Introitus, no se distingue corte algum;somente, falsas manipulaes ocupam a falta dasverdadeiras. Preenchem as lacunas de tal sorte que umas eoutras se encadeiam e ligam sem deixar rasto de artifcio.

    Tal agilidade torna impossvel ao profano a tarefa de separaro trigo do joio, o mau do bom, o erro da verdade.Precisamos apenas de afirmar quanto reprovamossemelhantes abusos, que no so, a despeito da regra,seno mistificaes disfaradas. A cabala e o simbolismooferecem recursos suficientes para exprimir o que s deveser compreendido por um pequeno nmero; consideramos,por outro lado, prefervel o mutismo mentira mais

    habilmente apresentada.3

    importante salientar que, na Idade Mdia, haviamvrios mestres, dos quais o iniciante poderia se tornardiscpulo. Porm, atualmente, isto no ocorre.

    Fulcanelli, o ltimo Adepto conhecido, extremamente caridoso, no fazendo nenhuma afirmaoincorreta em toda a sua obra, o que a torna imprescindvelpara todo estudioso que pretende aprofundar-se na

    Alquimia.Este Adepto, cujo nome verdadeiro permaneceincgnito, publicou duas obras monumentais sobre Alquimia,nas quais encontramos, basicamente, todos os seusprincpios.

    A primeira, intitulada O Mistrio das catedrais (LeMystre des Cathdrales), publicada em 1964. Trata dosimbolismo alqumico contido nas catedrais gticas,

    construdas na Idade Mdia.3 As Manses Filosofais, Fulcanelli, pg. 231.

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    A segunda, intitulada As Manses Filosofais (LesDemeures Philosophales), publicada em 1965. Trata dosimbolismo alqumico contido em antigas manses.

    Eugne Canseliet, seu discpulo, afirma:Fulcanelli levou o pormenor da prtica bem mais

    longe que outro qualquer, numa inteno de caridade paracom os trabalhadores, seus irmos, e para os ajudar avencer essas causas fatigantes de paragens. O seu mtodo diferente do empregado pelos seus predecessores;consiste em descrever minuciosamente todas as operaesda Obra, depois de a ter dividido em vrios fragmentos.

    Toma assim cada uma das fases do trabalho, comea aexplic-la num captulo para a continuar num outro, etermin-la por fim mais adiante. Essa fragmentao, quetransforma o Magistrio num jogo de pacincia filosfico,no pode assustar o investigador instrudo, mas depressadesencoraja o profano, incapaz de se orientar nesse labirintodoutro gnero e inapto a restabelecer a ordem dasmanipulaes.4

    4 Eugne Cansel iet: Prefcio da primeira edio obra de Fulcanelli: AsManses Filosofais.

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    Captulo VI

    Princpios AlqumicosNa Tbua de Esmeralda, encontramos: Todas as

    coisas so e provem de Um. Assim todas as coisas provemdesta nica coisa por adaptao.

    Este constitui o principio fundamental da Alquimia, oqual, de certa forma, compartilhado pela cincia atual.

    O universo constitudo de matria e energia, e amatria nada mais do que energia condensada, sendotudo formado por uma essncia energtica bsica.

    No princpio tudo estava aglomerado num ponto quese expandiu a partir de uma Grande Exploso (Big Bang). Aenergia emitida se condensou em partculas elementares eestas se agruparam originando os tomos dos elementosmais simples, Hidrognio e Hlio, os quais, pela atraogravitacional, se agruparam em nuvens.

    medida que es tas nuvens se condensam, a pressoe a temperatura aumentam em seu interior, at iniciar asreaes de fuso, as quais originam os demais elementosqumicos, formadores de todas as substncias.

    A Teoria dos Quatro Elementos

    No sc. V a. C. o filsofo grego Empdocles prope aTeoria dos Quatro Elementos, segundo a qual oscomponentes bsicos do universo so: terra, ar, guae fogo , cada um, com duas, das quatro propriedadesfundamentais: calor, frio, umidade e secura. Assim, temos aterra, que seca e fria, o ar, que quente e mido, a gua,que mida e fria, e o fogo, que quente e seco. O fogo(quente e seco) se ope gua (mida e fria), porm possuiuma propriedade em comum com a terra (seca e fria) e como ar (quente e mido). Desta maneira, cada elemento se

    ope a um, mas possui uma propriedade em comum com os

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    dois demais , o que costuma ser representado da seguintemaneira:

    Esta teoria foi acatada e difundida por Aristteles(384-322 a.C.), sendo tambm adotada pelos alquimis tas.

    importante lembrar que os alquimistas noempregavam o termo elemento como a qumica atual oemprega.

    Atualmente elemento qumico significa o conjunto detomos com o mesmo nmero atmico (mesmo nmero deprtons).

    O termo elemento era utilizado pelos alquimis tas demodo figurado e diverso, muitas vezes para se referir aosestados fsicos.

    Assim, no linguajar alqumico, converter a terra em

    gua, significa uma simples fuso ou passagem do estadoslido para o lquido.

    Os alquimis tas tambm identificavam dois princpiosbsicos na formao dos metais, um fixo e um voltil,designados por Enxofre e Mercrio, respectivamente. OEnxofre, composto porTerra e Fogo, e o Mercrio, porguaeAr.

    Vejamos o que Roger Bacon diz, no Captulo II, do

    seu Speculum Alchemi (Espelho da Alquimia), Dosprincpios naturais e da gerao do metais:

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    Vou falar aqui dos princpios naturais e da geraodos metais. Antes de tudo, toma nota de que os princpiosdos metais so o Mercrio e o Enxofre. Estes dois princpiosdo nascimento a todos os metais e a todos os minerais, dosquais existem um grande nmero de espcies diferentes.Digo ainda, que a natureza teve sempre por fim e se esforasem cessar, para chegar perfeio, ao ouro. Mas devido adiversos acidentes que dificultam sua marcha, nascem asvariedades metlicas, como j expuseram claramente vriosfilsofos.

    Segundo a pureza ou impureza dos dois princpios

    componentes, isto , do Enxofre e do Mercrio, se produzemmetais perfeitos ou imperfeitos: ouro, prata, estanho,chumb o, cobre, ferro.

    Agora, guarda cuidadosamente estes ensinamentossobre a natureza dos metais, sobre sua pureza ou impureza,sua pobreza ou sua riqueza em princpios.

    Natureza do Ouro: o Ouro um corpo perfeito,composto por um Mercrio puro, fixo, brilhante, roxo e de um

    Enxofre puro, fixo, roxo e no combustvel. O Ouro perfeito.Natureza da Prata: um corpo puro, quase perfeito,

    composto por um Mercrio puro, quase fixo, brilhante ebranco. Seu Enxofre tem as mesmas qualidades. No falta Prata seno um pouco mais de fixidez, de cor e de peso.

    Natureza do Estanho: um corpo puro, imperfeito,composto de um Mercrio puro, fixo e voltil, brilhante,

    branco no exterior, roxo no interior. Seu Enxofre tem asmesmas qualidades. S falta ao estanho ser um pouco maiscozido e digerido.

    Natureza do Chumbo: um corpo impuro e imperfeito,composto por um Mercrio impuro, instvel, terrestre,pulverulento, ligeiramente branco no exterior, roxo nointerior. Seu Enxofre semelhante e tambm combustvel.Ao chumbo falta a pureza, a fixidez e a cor; no est

    bastante cozido.Natureza do Cobre: o cobre um metal impuro eimperfeito, composto por um Mercrio impuro, instvel,

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    terrestre, combustvel, roxo e sem brilho. Igual o seuEnxofre. Falta ao cob re a fixidez, a pureza e o peso. Contemdemasiada cor impura e partes terrosas incombustveis.

    Natureza do Ferro: o ferro um corpo impuro,imperfeito, composto por um Mercrio impuro, demasiadofixo, que contem partes terrosas combustveis, branco eroxo, porm sem brilho. Lhe faltam a fusib ilidade, a pureza eo peso; contem demasiado Enxofre fixo impuro e partesterrosas combustveis.

    Todo alquimista deve ter em conta o que foi dito.

    Desde a Antigidade, at a Idade Mdia, predominavaa Teoria Geocntrica, desenvolvida e aperfeioada no sc. IIpor Claudius Ptolemus, mais conhecido como Ptolomeu.Segundo ela, a Terra ocupava o centro do universo, comsete planetas girando sua volta, fixos em esferas de cristal:O Sol, a Lua, Mercrio, Marte, Vnus, Jpiter e Saturno.

    Estes sete planetas eram relacionados aos setemetais, da seguinte maneira:

    Sol OuroLua PrataMercrio MercrioMarte FerroVnus CobreJpiter EstanhoSaturno Chumbo

    O simbolismo alqumicoConforme j dissemos, a tradio alqumica impem

    restries sua divulgao, de modo que os alquimistasescrevem de modo velado e alegrico, empregando umcomplexo simbolismo, para confundir e desnortear osprofanos. Geralmente seus textos so repletos de citaes,de comparaes, sendo semelhantes a parbolas. Em meio

    s suas divagaes, os autores vo, pouco a pouco,transmitindo algumas informaes realmente importantes.

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    Alm disso, os alquimistas nunca descrevem, em uma nicaobra, todas as operaes do trabalho alqumico. Algumasvezes a ordem das operaes invertida, em outras, osnomes das substncias so trocados, etc. Em um autorencontramos referncias seguras sobre a matria prima, emoutro, sobre determinada operao, em um terceiro, sobre oequipamento empregado, e assim por diante.

    A simbologia alqumica tambm muito variada egeralmente cada autor emprega a sua prpria simbologia.Por exemplo, os dois princpios bsicos que entram na obraalqumica so designados de vrias formas: macho e fmea,

    enxofre e mercrio, terra e gua, fixo e voltil, drago semasas e drago com asas, homem e mulher, rei e rainha, coe cadela, etc.

    Somente quem tem uma idia dos pontosfundamentais do trabalho alqumico, capaz de se orientaratravs deste embrenhado labirinto.

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    Captulo VII

    A Grande ObraA Grande Obra a elaborao da Pedra Filosofalou

    Medicina Universal, sendo este o objetivo dos alquimis tas edo que tratam os textos alqumicos.

    Na verdade existe a Grande Obra ou GrandeMagistrio e a Pequena Obra ou Pequeno Magistrio.

    A primeira corresponde consecuo plena da Obraalqumica, levando obteno da Pedra Filosofalcompletamente terminada, chamada Pedra ao rubro, quetransmuta os metais em ouro.

    A segunda corresponde consecuo intermediriada Obra, levando obteno da chamada Pedra ao branco,que transmuta os metais em prata.

    Outro fator importante que a Grande Obra composta por etapas distintas, geralmente dividias emPrimeira, Segunda e Terceira Obras.

    A maior parte dos textos alqumicos trata apenas deuma ou de duas destas etapas, como se tratassem da Obracompleta, sem informar que omitem o restante.

    Fulcanelli se refere a estas etapas da seguintemaneira:

    Ora, as trs granadas gneas do fronto5 confirmamesta tripla ao de um nico processo e, como representamo fogo corporificado nesse sal vermelho que o Enxofre

    filosofal, compreendemos facilmente que seja necessriorepetir trs vezes a calcinao deste corpo para realizar astrs obras filosficas, segundo a doutrina de Geber. Aprimeira operao conduz primeiro ao Enxofre, ou medicinada primeira ordem; a segunda operao, absolutamentesemelhante primeira, fornece o Elixir ou medicina dasegunda ordem, que s diferente do Enxofre em qualidadee no em natureza; finalmente, a terceira operao,

    5 Fulcanelli refere-se a um fronto encontrado na Manso Lallemant, nacidade de Bourges.

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    executada como as duas primeiras, d a Pedra filosofal,medicina da terceira ordem, que contm todas as virtudes,qualidades e perfeies do Enxofre e do Elixir multiplicadasem poder e extenso.6

    O autor annimo deA Antiga Guerra dos Cavaleirosdiz o seguinte:

    Observai, pois, que a palavra Pedra tomada emdiversos sentidos e particularmente em relao aos trsestados da obra; o que faz com que Geber diga que h trsPedras, que so as trs medicinas, respondendo aos trsgraus de perfeio da obra; de modo que a Pedra de

    primeira ordem a matria dos Filsofos, perfeitamentepurificada e reduz ida a pura sub stncia Mercurial; a Pedrade segunda ordem a mesma matria, cozida, digerida efixa, em enxofre incombustvel; a Pedra de terceira ordem esta mesma matria, fermentada, multiplicada e levada perfeio ltima de tintura fixa, permanente e corante: eessas trs Pedras so as trs medicinas dos trs gneros.

    Observai, alm disto, que h grande diferena entre a

    Pedra dos Filsofos e a Pedra Filosofal. A primeira osujeito da qual ela verdadeiramente Pedra, pois que slida, dura, pesada, frgil, frivel; ela um corpo (dizFilaleto), pois escorre ao fogo como um metal, todaviaesprito pois toda voltil, ela o composto, a pedraque contm a umidade, que se liqefaz no fogo (diz Arnaldode Vilanova em sua carta ao Rei de Npoles). nesteestado que ela uma substncia intermediria entre o

    metal e o mercrio, como diz o Abade Sinsius; , enfim,nesse mesmo estado que Geber a considera, quando diz,em duas passagens da sua Suma toma nossa pedra, isto (diz ele) a matria de nossa pedra, assim como se diria,toma a Pedra dos Filsofos, que a matria da PedraFilosofal.

    A Pedra Filosofal ento a mesma Pedra dosFilsofos; assim que, pelo Magistrio secreto, ela levada

    perfeio de medicina de terceira ordem, transmutando6 O Mistrio das Catedrais, Fulcanelli, pgs. 218 e 219.

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    todos os metais em puro Sol, ou Lua, segundo a natureza dofermento que lhe foi acrescido.7

    Estes dois textos so extremamente esclarecedores edevem ser lidos com muita ateno.

    Ambos afirmam claramente que a Grande Obra dedivide em trs etapas principais.

    Fulcanelli nos informa que estas trs etapas sosemelhantes e que nas trs teremos a repetio de umprocesso denominado calcinao.

    O outro autor nos esclarece sobre as diferentesmaneiras que a palavra Pedra empregada e sobre as

    diferentes operaes realizadas em cada etapa. Apedra dosfilsofos a matria prima ou a matria dos filsofos, e nosfornece algumas das suas caractersticas, importantes nasua identificao. Segundo ele, esta matria serpurificadae reduzida a pura sub stncia mercurial (1 Obra), para aseguir sercozida, digerida e fixada em enxofre incombustvel(2 Obra) e finalmente fermentada, multiplicada e levada perfeio ltima de tintura fixa, permanente e corante (3

    Obra). importante observar que, apesar de amboschamarem de Pedra Filosofala Medicina de terceira ordem ,o produto final da Grande Obra, os modos de se referirem sPedras ou Medicinas deprimeira e de segundaordens sobastante diferentes. Esta atribuio de nomes diferentes muito comum entre os alquimis tas e causa muita confusopara os iniciantes.

    Alm disso, ainda exis tem dois modus operandi, isto, dois processos distintos para a elaborao da PedraFilosofal, denominados via mida ou longa e via seca oubreve.

    A via seca a de consecuo mais rpida e maisfcil, enquanto que a via mida a mais demorada e a maistrabalhosa, sendo porm a mais difundida, pois dela quetratam a maior parte dos textos alqumicos.

    7 O Triunfo Hermtico, Limojon de Saint-Didier, pg. 77.

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    Cada via possui um modo distinto de operar,empregando substncias e equipamentos diferentes, sendo,no entanto, ambos os procedimentos anlogos.

    Alguns autores modernos citam uma terceira viadenominada brevssima, da qual, porm, no encontramosnenhuma referncia por parte dos autores tradicionais .

    Fulcanelli, em As Manses Filosofais, ao analisar osimbolismo dos labirintos que representam a Obraalqumica, refere-se s trs entradas, correspondentes aostrs prticos das igrejas gticas; uma que leva diretamenteao centro (via breve), outra que tambm a vai ter, mas aps

    uma srie de desvios (via longa) e outra que termina numbeco sem sada, representado o destino daqueles que, semo devido preparo, pretendem empreender a Obra alqumica.

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    Captulo VIII

    A Via Seca e a Via midaConforme j dissemos, existem duas vias ou dois

    modus operandipara a realizao da Grande Obra: A viamida ou via longa, tambm denominada via do rico e a viaseca, via breve ou via antiga, tambm denominada via dospobres.

    Vejamos o que diz Fulcanelli ao analisar um dosbaixos-relevos encontrados no Castelo de Dampierre,contendo a figura de um jarro bem trabalhado junto com umavasilha rudimentar, acompanhados da divisa latina:

    .ALIVD. VAS. IN. HONOREM.

    .ALIVD. IN. CONTVMELIAM.Uma vasilha para usos de honra, outra para

    empregos vis. Numa casa grande, diz o Apstolo, no hs vasilhas de ouro e de prata, tambm as h de madeira ede terra, as outras para os usos vis.

    Os nossos dois vasos aparecem pois bem definidos,nitidamente distintos, e em absoluta concordncia com ospreceitos da teoria hermtica. Um o vaso da natureza,feito da mesma argila vermelha que serviu a deus paraformar o corpo de Ado; o outro o vaso da arte, cujamatria toda composta de ouro puro, claro, vermelho,incombustvel, fixo, difano e de incomparvel brilho. Eis,pois, as nossas duas vasilhas ou naves, que no

    representam verdadeiramente seno dois corpos distintoscontendo os espritos metlicos, nicos agentes de quenecessitamos.

    A primeira destas vias, que utiliza o vaso da arte, longa, laboriosa, ingrata, acessvel s pessoas afortunadas,mas muito estimada, apesar dos gastos que faz, pois elaque os autores descrevem de preferncia. Serve de suporte sua argumentao, assim como ao desenvolvimento

    terico da Obra, exige um ininterrupto trabalho de doze adezoito meses, e parte do ouro natural preparado, dissolvido

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    no mercrio filosfico, o qual se coze, seguidamente emmatraz de vidro. Eis o vaso honorvel, reservado ao nobredestas substncias preciosas, que so o ouro exaltado e omercrio dos sapientes.

    A segunda via s reclama, de princpio a fim, osocorro duma terra vil, abundantemente espalhada, de tobaixo preo que, na nossa poca, bastam dez francos paraadquirir quantidade superior quela de que precisamos. aterra e a via dos pobres, dos simples e dos modestos,daqueles que a natureza maravilha at nas suas maismodestas manifestaes. De extrema facilidade, requer,

    apenas, a presena do artista, porque o misterioso labor secumpre por si mesmo e se perfaz em sete ou nove meses nomximo. Esta via, ignorada pela maioria dos alquimistaspraticantes, elab ora-se inteiramente no crisol ou cadinho deterra refratria. essa via que os grandes mestres nomeiamum trabalho de mulher e uma brincadeira ou jogo decrianas; a ela que aplicam o velho axioma hermtico:una re, una via, una dispositione. Uma nica matria, uma

    nica vasilha, um nico forno. Tal o vaso de terra, vasodesprezado, vulgar e de emprego comum, que toda a gentetem frente dos olhos, que nada custa e se encontra emcasa de todos, mas ningum pode, porm, conhecer semrevelao.8

    Canseliet se refere s duas vias da seguinte maneira:Falamos, desde o incio, claramente e sem rodeios,

    que o vaso da via mida no o mesmo que o da via seca.

    Na primeira o composto introduzido em um matraz de vidrototalmente estranho a ele; na segunda, do composto muitodiferente, se desprender a parede que assegurar a suaproteo.

    Consequentemente, temos, de uma parte, o ordinriomatraz da qumica, que se lacrar cuidadosamente, segundoo melhor procedimento; de outra parte, o ovo composto, queaguarda apenas ser colocado no ninho, para ser chocado. O

    estudante sabe pois que a via mida possui o seu matraz de8 As Manses Filosofais, Fulcanel li , pgs. 327 e 328.

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    vidro no banho de areia, sobre a lmpada ou queimador, eque a via seca instala seu ovo no crisol em meio ao forno.

    Exatamente, o primeiro dos compostos lquido e osegundo, slido; um a amalgama expandida do ourometlico e do azougue, o outro, a indissolvel unio do ouroverde e do azougue, ambos filosficos.9

    Fulcanelli tambm se refere s duas vias em outrasocasies como, por exemplo, nesta passagem:

    A dissoluo do ouro alqumico pelo dissolventeAlkaest caracteriza a primeira via; a do ouro vulgar pelo

    nosso mercrio indica a segunda.10Neste caso a primeira via a que o Adepto se refere

    a breve, e a segunda, a longa.

    Estes textos esclarecem muito bem sobre asdiferenas existentes entre as duas vias, fazendo, inclusive,referncia s diferentes substncias empregadas.

    A via mida ou longa dispendiosa, mais demorada,

    exige mais trabalho e mais difcil de executar, sendo noentanto a mais conhecida e a mais divulgada.Esta via parte do ouro comum, convenientemente

    preparado, dissolvido no mercrio filosfico e cozidoseguidamente em matraz de vidro hermeticamente fechado.

    Nesta via, as trs Pedras ou Medicinas devem sersubmetidas coco no Athanorou forno filosfico que um forno especial, com banho de areia, para receber o ovo

    filosfico; o qual o matraz de vidro com o mercrio e oenxofre, que correspondem clara e gema.Fulcanelli diz o seguinte ao analisar outro baixo-relevo

    do Castelo de Dampierre:Esta composio marca o termo das trs pedras ou

    medicinas de Geber, ob tidas sucessivamente, as quais sodesignadas pelos filsofos com os nomes de Enxofrefilosofal a primeira; Elixir ou Ouro potvel a segunda;

    9 La alquimia expl icada sobre sus textos clsicos, Canseliet, pg. 222.10 O Mistrio das Catedrais, Fulcanelli, pg. 139.

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    Pedra filosofal, Absoluto ou Medicina universala ltima.Cada uma destas trs pedras teve de ser submetida coco no Athanor, priso da Grande Obra...11

    A via seca ou breve, que alguns chamam de Regimede Saturno, no dispendiosa, leva bem menos tempo e de fcil execuo. Ela totalmente realizada em um cadinhoou crisol de terra refratria, submetido a altas temperaturas,de modo a manter as matrias no maior grau de fluidez,durante o tempo necessrio.

    O final da operao marcado pelo rompimento

    expontneo do crisol, deixando vista, em seu interior, aPedra Filosofalj terminada.

    Porm, quem desconhece a maneira correta deoperar, corre um srio risco de exploso.

    Uma forma de se diminuir os riscos consiste emreduzir a mistura empregada a um p muito fino, em umalmofariz. Depois, ir adicionando esta mistura pouco apouco, por meio de colheradas, ao crisol, aquecido at o

    rubro. Trataremos deste procedimento ao falarmos sobre aprtica.Esta via a menos conhecida, sendo pouco citada

    pelos mestres.

    11 As Manses Filosofais, Fulcanelli, pg. 304.

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    Captulo IX

    A cores da ObraDurante o decorrer da Obra alqumica temos uma

    sucesso de cores, que podem ser observadas no interior dovaso alqumico, na via mida.

    Existem trs cores predominantes: o preto, o branco eo vermelho.

    A cor negra a primeira que aparece, no incio daObra, sendo atribuda a Saturno. Os alquimistas referem-sea ela como Chumbo dos Filsofos, drago negro, corvo oucabea de corvo, sendo associada terra, noite, morte e putrefao. o indcio de que as matrias iniciaismorreram, isto , atravs da reao ocorrida entre elas,deixaram de existir, esto se transformando em algodiferente, perdendo as suas naturezas, as suascaractersticas.

    Este negro deve ser lavado ou purificado peloacrscimo de outra substncia, at obtermos a cor branca,associada pureza. Esta operao denominada decapitaro drago ou decapitar o corvo e corresponde purificaoda matria, ao renascimento, passagem da noite para odia, da morte para a vida, significando que, da unio dasmatrias iniciais, mortas na fase de putrefao, obtivemosuma nova substncia, mais nobre e mais pura.

    Finalmente, teremos a cor vermelha, smbolo do fogo,

    indicando a completa maturao, a consecuo final daObra, a obteno da Pedra Filosofal sob a forma de cristalou p vermelho, correspondendo predominncia doesprito sobre a matria, a soberania, o poder, o apostolado.

    Alm des tas trs coloraes principais exis tem outras,de menor importncia, que se manifestam durante a Obraalqumica. Alguns autores se referem ao amarelo ou citrino, cauda do pavo e s cores do arco-ris.

    Segundo Fulcanelli: Estas cores, em nmero de trs,desenvolvem-se segundo a ordem invarivel que vai do

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    negro ao vermelho, passando pelo branco. Mas como anatureza, segundo o velho adgio - Natura non facit saltus- nada faz brutalmente, h muitas outras intermdias queaparecem entre essas trs principais. O artista faz poucocaso delas porque so superficiais e passageiras. Soapenas um testemunho de continuidade e de progressodas mutaes internas. Quanto s cores essenciais, durammais tempo que esses matizes transitrios e afetamprofundamente a prpria matria, marcando uma mudanade estado na sua constituio qumica. No se trata de tonsfugazes, mais ou menos brilhantes, que cintilam na

    superfcie do banho, mas sim de coloraes na massa quese manifestam exteriormente e assimilam todas as outras.Ser bom, cremos ns, precisar este ponto importante.

    Estas fases coloridas, especificas da coco naprtica da Grande Obra, serviram sempre de prottiposimblico; atribuiu-se a cada uma delas uma significaoprecisa e, muitas vezes, bastante extensa para exprimir sobo seu vu certas verdades concretas.12

    Esta ltima observao muito importante, poisesclarece que as cores so especficas da coco, sendono entanto empregadas simbolicamente para se referir aoutras fases da Obra.

    Mais adiante Fulcanelli torna a se referir a este temacitando uma legenda encontrada em um quadro hermtico:no vos fieis demasiado na cor, lembrando que algunsautores se referem s cores de modo simblico, para tratar

    de outras fases da Obra.Vejamos o que diz Limojon de Sain-Didier na PrimeiraChave da sua Carta aos Verdadeiros Discpulos de HermesContendo as Seis Principais Chaves da Filosofia Secreta:Antes de prosseguir, tenho um conselho a dar-vos, que novos ser de pequena valia; fazer reflexes sobre que asoperaes de cada uma das trs obras, tendo muitaanalogia e relao umas com as outras, os Filsofos falam

    delas propositadamente em termos equvocos, a fim de que12 O Mistrio das Catedrais, Fulcanelli, pg. 114.

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    aqueles que no tm olhos de lince no notem a mudana,perdendo-se neste labirinto, do qual b em difcil sair. Comefeito, quando imaginamos que falam de uma obra, tratamfreqentemente de outra, guardai-vos pois de no vosdeixardes a enganar: pois fato que em cada obra o sbioArtista deve dissolver o corpo com o esprito, deve cortar acabea do corvo, embranquecer o negro e avermelhar obranco; todavia propriamente na primeira operao, que oSbio Artista corta a cabea ao negro drago, e ao corvo.Hermes diz que da que nossa arte principia, quod excorvo nascitur, hujus artis est principium. Considerai que

    pela separao da fumaa negra, suja e mal cheirosa donegro nigrrimo, que se forma nossa pedra astral, branca, eresplandecente, que contm em suas veias o sangue dopelicano; nesta primeira purificao da pedra, nestabrancura luzente, que termina a primeira Chave da primeiraobra.13

    13 O Triunfo Hermtico, Limojon de Saint-Didier, pgs.: 143 e 144.

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    Captulo X

    A prtica da AlquimiaTodo aquele que deseja aprofundar-se em Alquimia,

    deve primeiramente se dedicar ao estudo das obras dosmestres tradicionais.

    Atravs da leitura e da meditao ir gradativamentepenetrando o vu que recobre os seus escritos, adquirindouma idia da Obra completa, dos pormenores de cadaetapa, das substncias empregadas, etc.

    J falamos sobre as dificuldades que aguardam todoo estudioso: A tradio alqumica impem restries suadivulgao de modo que a linguagem alegrica, h osautores invejosos que procuram desnortear os iniciantescom informaes errneas, o simbolismo empregado pelosdiversos autores para se referir a uma mesma operaogeralmente diferente, jamais encontraremos em um nicotratado todas as indicaes necessrias realizaocompleta da Obra, etc.

    necessrio um bom conhecimento de Qumica,principalmente de prticas de laboratrio, pois o trabalhoalqumico envolve diversas substncias e equipamentos evrias manipulaes, que so comuns a todo qumico,porm que podem ser perigosos para os leigos.

    Alem disso preciso ter em mente que o trabalho

    alqumico assemelha-se muito mais a uma receita decozinha, do que a uma experincia da qumica atual,conforme afirmam os mestres. Desta forma, existemvariaes nos processos, como na preparao de umareceita caseira para a fabricao do po, do vinho ou dacerveja. As receitas passam de pessoa a pessoa, degerao a gerao. O procedimento geral, a receita, sempre a mesma, mas nunca se obtm o mesmo po, o

    mesmo vinho ou a mesma cerveja. A mesma pessoa, cada

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    vez que executa uma mesma receita, obtm sempre umresultado diferente.

    Limojon de Saint-Didier nos diz em sua Carta:Afirmo-vos sinceramente que a prtica de nossa arte

    a mais difcil cousa do mundo, no quanto s suasoperaes, mas quanto s dificuldades que possui, emapreender distintamente, nos livros dos Filsofos: pois, sepor um lado chamada, com razo, jogo de crianas, poroutro, ela requer, naqueles que procuram a verdade por seutrabalho e estudo, um conhecimento profundo dos Princpios

    e das operaes da natureza, nos trs gneros; masparticularmente, no mineral e metlico. grande coisaencontrar a verdadeira matria, que o sujeito de nossaobra, para tanto necessrio penetrar mil vus obscuros,com que ela foi envolvida; deve-se distingui-la por seuprprio nome, dentre um milho de nomes extraordinrios,com que os Filsofos diversamente a exprimiram; deve-secompreender todas as suas propriedades e julgar sobre

    todos os graus de perfeio, que a arte capaz de dar-lhe;deve-se conhecer o fogo secreto dos sbios, que o nicoagente que pode ab rir, sublimar, purificar e dispor a matriaa ser reduzida em gua; deve-se para isso penetrar at fonte divina da gua celeste, que opera a soluo, aanimao e purificao da pedra; deve-se saber converternossa gua metlica em leo incombustvel pela inteirasoluo do corpo, de onde ela tira sua origem, e para este

    efeito, deve-se fazer a converso dos elementos, aseparao e a reunio dos trs princpios; deve-seapreender como dela se deve fazer um Mercrio branco, eum Mercrio citrino; deve-se fixar este Mercrio, nutri-lo deseu prprio sangue, a fim de que se converta no enxofre dosFilsofos. Eis quais so os pontos fundamentais de nossaarte; o resto da obra se encontra assaz ensinado nos livrosdos Filsofos, para no ter necessidade de mais ampla

    explicao.

    14

    14 O Triunfo Hermtico, Saint-Didier, pgs. 140 e 141.

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    Tambm importante saber que as operaes

    alqumicas possuem diferenas das operaes qumicascomuns.

    Essa diferena pode ser a influncia celeste,conforme veremos adiante, ou a presena de um elementocatalisador, como o fogo secreto, na calcinao filosfica.

    Na calcinao comum temos apenas uma substnciasubmetida ao do fogo, enquanto que na calcinaofilosfica temos a ao conjunta do fogo comum e do fogosecreto.

    Vejamos como Fulcanelli esclarece esta diferena:Na violncia da ao gnea, as pores combustveis

    do corpo so destrudas; s as partes puras, inalterveis,resistem e, embora muito fixas, podem extrair-se porlixiviao.

    Tal , pelo menos, a expresso espagrica dacalcinao, semelhana de que os autores se utilizam paraservir de exemplo idia geral que se deve ter acerca do

    trabalho hermtico. No entanto, os nossos mestres na Artetm o cuidado de chamar a ateno do leitor para adiferena fundamental existente entre a calcinao vulgar,tal como se realiza nos laboratrios qumicos, e a que oIniciado realiza no gab inete dos filsofos. Esta no se efetuapor meio de qualquer fogo vulgar, no necessita do auxliodo revrbero mas requer a ajuda de um agente oculto, deum fogo secreto, o qual, para dar uma idia da sua forma,

    se assemelha mais a uma chama. Este fogo ou guaardente a centelha vital comunicada pelo Criador matria inerte; o esprito encerrado nas coisas, o raiogneo, imorredoiro, encerrado no fundo da substnciaobscura, informe, frgida.15

    So tais diferenas que levam Canseliet a afirmar:Sem negar, de nossa parte, o valor e a exatido das

    operaes da qumica, ordinariamente bem conhecidas do15 O Mistrio das Catedrais, Fulcanelli, pg. 113.

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    tcnico, devemos ter em mente que, sob os nomes que socomuns, as da alquimia so profundamente diferentes.16

    Alm disso, alguns autores costumam dar os maisvariados e extravagantes nomes, para uma determinadaoperao, a qual muitas vezes bastante simples.

    Vejamos o exemplo dado por Flamel sobre osdiferentes nomes atribudos fase correspondente soluodo composto, a sua liquefao sob a influncia do fogo,provocando a sua desagregao, com o aparecimento dacor negra:

    Portanto esta negritude e cores ensinam claramenteque neste incio a matria ou o composto comea aapodrecer e dissolver em p mais mido que os tomos doSol, que depois vm a ser gua permanente. E estadissoluo chamada pelos filsofos invejosos morte,dissoluo e perdio, porque as naturezas mudam deforma. Da surgiram tantas alegorias sobre os mortos,tumbas e sepulcros. Outros a chamaram calcinao,

    desnudao, separao, triturao, assadura, porque asconfeces so mudadas e reduzidas em minsculospedaos ou partculas. Ainda outros, reduo primeiramatria, molificao, extrao, mistura, liquefao,converso dos elementos, sutilizao, diviso, humao,impastao, e destilao, devido a que as confeces soliqefeitas, reduzidas a semente, abrandadas, e circulampelo matraz. E por outros xir, putrefao, corrupo,

    sombras cimerianas, bratro, inferno, drago, gerao,ingresso, submerso, compleio, conjuno, eimpregnao, pelo que a matria negra e aquosa, e asnaturezas se misturam perfeitamente, e se conservam umass outras.17

    16 La alquimia explicada sobre sus textos clsicos, Canseliet, pg. 201.17 O Livro das Figuras Hieroglficas, Flamel, pg. 84.

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    Captulo XI

    A influncia celesteSegundo Canseliet, em LAlchimie Explique Sur Ses

    Textes Classiques (A Alquim ia Explicada Sobre Seus TextosClssicos), devemos atentar primeiramente para osaspectos exteriores como a instalao do laboratrio, quedeve ser em um local tranqilo, o mais afastado possvel dosgrandes centros e da poluio. O incio dos trabalhos deveser na Primavera, dando-se preferncia aos dias lmpidos es noites estreladas.

    Muitos autores se referem influncia do cu e dosastros, particularmente, do sol e da lua, na realizao daGrande Obra. Porm, tais citaes so geralmente vagas eobscuras, pois este, certamente, constitui um dos maioresarcanos da Obra.

    Jacques Bergier, que era engenheiro qumico, foi apessoa com maior conhecimentos da Qumica atual, quemais se aprofundou na prtica da Alquimia, tendo chegadomuito prximo de alguns dos maiores arcanos desta arte.

    Segundo ele, um alquimista lhe confidenciou quetornar um corpo filosfico, isto , com determinadascaractersticas que o tornam prprio ao trabalho alqumico,depende de fsica e no de qumica; o que foi interpretadopor Bergier como uma referncia luz da lua cheia.

    Fulcanelli diz o seguinte:

    Primeiramente, indispensvel conhecer o que osAntigos designavam pelo termo bastante vago de espritos.Para os alquimistas, os espritos so influncias reais, sebem que fisicamente quase imateriais ou imponderveis.Atuam de maneira misteriosa, inexplicvel, inconhecvel maseficaz, sobre as substncias sujeitas sua ao epreparadas para os receber. A radiao lunar um dessesespritos hermticos.18

    18 As Manses Filosofais, pg. 112, Fulcanelli.

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    Limojon de Saint-Didier se expressa da seguinteforma:

    Disse-vos claramente e sem ambigidade que o Cue os Astros, mas particularmente o Sol e a Lua, so ex-princpio desta fonte de gua viva que faz operar todas asmaravilhas de que sabeis. o que faz dizer o Cosmopolita,em seu enigma, que na Ilha deliciosa, de que faz adescrio, no havia gua; e toda aquela que se procuravatrazer, por mquinas e por artifcios, era ou intil ouenvenenada, exceto aquela que poucas pessoas sabiamextrair dos raios do Sol ou da Lua.19

    Canseliet cita um manuscrito existente no Museu deHistria Natural de Paris, no qual est escrito:

    Todo mundo sabe hoje em dia que a luz que a lua nosenvia no seno um reflexo da luz solar, qual vmmesclar-se a luz dos outros astros. A lua portanto umreceptculo e um lugar comum do qual todos os filsofostm falado; ela a fonte da sua gua viva. Se vs quereisreduzir em gua os raios do sol, escolhei o momento em que

    a lua no los transmite com abundncia, ou seja, quando estcheia ou se aproxima da sua plenitude; tereis por este meioa gua gnea dos raios do sol e da lua em sua maior fora.20

    Portanto, determinadas operaes devem serefetuadas sob a ao da luz da lua cheia. Porm, estainfluncia no se faz notar em uma substncia qualquer.Apenas determinadas subs tncias, empregadas no trabalho

    alqumico, possuem a propriedade de atrair, como um m, ecaptar estas influncias.

    Canseliet nos fornece indicaes sobre uma reaorealizada sob a influncia do luar, citando uma frase deJonathan Swift, extrada de As Viagens de Guliver: Quemina pode unicamente sacar de Marte o leo precipitado?

    19 O Triunfo Hermtico, Limojon de Saint-Didier, pg. 114.20 La Alquimia explicada sobre sus textos clsicos, Canseliet, pg.107.

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    A mina corresponde parte mineral do compos to, isto, ao minrio empregado. Marte corresponde ao metal, queprovavelmente o prprio ferro, cujo smbolo exatamenteMarte. O leo corresponde ao precipitado produzido nareao, efetuada sob a luz da lua cheia.

    Este precipitado corresponde a um composto de ferro,de colorao verde, o que justifica cham-lo leo verde,termo empregado por muitos alquimistas para designar oprimeiro dos agentes que entra na elaborao do dissolventeuniversal ou Alkaest, tambm denominado Vitrolo, vitroloverde, esmeralda dos filsofos, orvalho de maio, orvalho do

    cu (flos cli), erva saturnina, etc.No decorrer das operaes, este composto adquire a

    colorao vermelha21, tornando-se ento o leo vermelhoououro hermtico. Sendo esta operao denominada extraodo enxofre vermelho e incombustvel.

    21 Os compostos de ferro podem adquirir, entre outras, as coloraesverde e vermelho-sangneo.

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    Captulo XII

    As matrias empregadasEncontramos referncias de que a Pedra Filosofal

    composta por uma nica substncia, por duas, por trs, porquatro e at por cinco substncias diferentes.

    Limojon de Saint-Didier esclarece esta aparentecontradio em seu Dilogo de Eudoxo e Pirfilo sobre aAntiga Guerra dos Cavaleiros:

    Assim como os sucos extrados de muitas ervas,depurados de seu bagao e incorporados conjuntamente,compem a confeco de uma s e mesma espcie, assimos Filsofos chamam, com razo, sua matria preparada,uma s e mesma coisa; se bem que no se ignore que umcomposto natural de algumas substncias da mesma raiz ede uma mesma espcie, que perfazem um todo completo ehomogneo; nesse sentido os Filsofos esto de acordo;mesmo que digam que sua matria composta de duascoisas, e outros, de trs, uns, de quatro, e outros ainda, decinco, aqueles enfim, que uma s coisa.22

    Basilio Valentin se refere a este assunto da seguintemaneira:

    Fiz meno e revelei que todas as coisas so tiradase compostas de trs substncias, de mercrio, enxofre e sal.O que verdadeiro tambm demonstrei.

    Mas saibas, ademais, que a Pedra confeccionada

    de um, de dois, de trs, de quatro e de cinco: De cinco, querdizer, da quintessncia de sua substncia; de quatro, peloque se entende pelos quatro elementos; de trs, que so ostrs princpios das coisas; de dois, que so certamente adupla substncia do mercrio; de um, isto , o primeiro serde tudo, o qual se originou do verbo da primeira criao oufiat.

    22 O Triunfo Hermtico, Limojon de Saint-Didier, pgs. 79 e 80.

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    Para o so julgamento, muitos equvocos poderiamnascer de tais palavras; por isso, para ter a b ase e a idia dacincia que se deve seguir, primeiro falarei brevemente domercrio; sem segundo lugar, do enxofre; em terceiro, do sal pois so as essncias de nossa matria da Pedra.23

    Vrios autores se referem a es te assunto dizendo quemuitos buscam nas mais variadas substncias, dos reinosmineral, vegetal e animal, as matrias da Obra; porm, seguramente no reino mineral que devemos encontr-las.

    Vejamos o que diz Roger Bacon em O Espelho da

    Alquimia: muito surpreendente ver pessoas hbeis trabalhar

    com substncias animais, que constituem uma matria muitodistante, quando tm mo, nos minerais, uma matriasuficientemente prxima. possvel que alguns filsofostenham relacionado tais matrias com a Obra, porm ofizeram de modo alegrico.24

    Limojon de Saint-Didier, em sua Carta nos diz o

    seguinte:Recordai-vos, senhor, que os Filsofos afirmam quese deve apartar tudo o que foge ao fogo, e que nele seconsome, tudo o que no de uma s natureza, ou aomenos, de origem metlica.

    Como seria possvel aperfeioar um metal por outraforma que no por uma substncia metlica purssima eexaltada a seu grau ltimo de perfeita tintura e fixidez, por

    uma longa decoco no licor mercurial que os Filsofosdescrevem?25

    Limojon de Saint-Didier tambm esclarece nestaCarta que o orvalho ou rocio no entra na Obra.

    Os termos orvalho de maio e orvalho do cu (floscli) empregados por alguns alquimistas, levou muitos a

    23

    As Doze Chaves da Filosofia, Basilio Valentin, pgs. 140 e 141.24 Textos Bsicos de Alquimia, pg. 50.25 O Triunfo Hermtico, Saint-Didier, pgs. 164 e 168.

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    acreditarem que o mesmo fosse realmente utilizado,inclusive muitos espagiristas utilizavam o orvalho, colhidocom panos estendidos, em suas manipulaes.

    Fulcanelli bastante claro a este respeito:Sabe-se, alm disso, que o rocio de Maio (orvalho de

    maio) ou Esmeralda dos filsofos verde e que o AdeptoCyliani declara, metaforicamente, este veculo indispensvelpara o trabalho. Tambm no queremos, com isto, insinuarque preciso recolher, a exemplo de certos espagiristas edas personagens do Mutus Liber, o orvalho noturno do msde Maria, atribuindo-lhe qualidades que sabemos que ele

    no possui. O rocio dos sapientes um sal e no uma gua,mas a colorao prpria desta gua serve para designar anossa matria.26

    Na verdade estes termos so empregados comosinnimos de Vitrolo, Vitrolo verde, Esmeralda dosFilsofos, Erva Saturnina, Pedra vegetale Leo verde, todoseles utilizados para designar o primeiro dos componentesempregados na preparao do dissolvente ouAlkaest.

    O primeiro agente magntico que serve para prepararo dissolvente que alguns denominam Alkaest chamado Leo verde, no tanto porque possua coloraoverde mas porque no adquiriu os caracteres minerais quedistinguem quimicamente o estado adulto do estado quenasce. um fruto verde e amargo, comparado com o frutovermelho e maduro. a juventude metlica sobre a qual aevoluo no atuou, mas que contm o germe latente de

    uma real energia, chamada mais tarde a desenvolver-se.So o arsnico e o chumb o, em relao prata e ao ouro. a imperfeio atual de que sair a maior perfeio futura; orudimento do nosso embrio, o emb rio da nossa pedra, apedra do nosso Elixir. Certos Adeptos, Basile Valentin entreeles, chamaram-lhe Vitrolo verde, para expressar a suanatureza clida, ardente e salina; outros, Esmeralda dos

    26 As manses Filosofais, Fulcanell i, pg. 487.

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    Filsofos, Orvalho de Maio, Erva saturnina, Pedravegetal, etc.27

    Mas quais so as substncias utilizadas?

    Jacques Bergier chegou muito prximo das matriasempregadas ao descrever o incio dos trabalhos alqumicos:

    O nosso alquimista comea por misturar muito bem,num almofariz de gata, trs constituintes. O primeiro, numaporcentagem de 95 %, um minrio: uma pirita arseniosa,por exemplo, um minrio de ferro que contm

    especialmente, como impureza, arsnico e antimnio. Osegundo um metal: ferro, chumbo, prata ou mercrio. Oterceiro um cido de origem orgnica: cido tartrico ouctrico. Vai mo-los e tritur-los com as mos, depoisconserva a mistura durante cinco ou seis meses. Emseguida aquece tudo num crisol. Aumenta progressivamentea temperatura e faz com que a operao dure cerca de dezdias. Dever tomar certas precaues. H gases txicos que

    se evolam: o vapor de mercrio e sobretudo o hidrognioarsenioso que matou mais de um alquimista, logo no inciodos trabalhos.28

    Segundo Canseliet, e concordamos plenamente comele, as substncias empregadas so trs: um metal, umminrio e um sal.

    O metal e o minrio correspondem s duas

    substncias de naturezas opostas.No metal encontramos o princpio masculino, fixo,quente e seco, designado porenxofre.

    No minrio temos o princpio feminino, voltil, frio emido, designado pormercrio.

    O sal a substncia mediadora, tambm denominadafogo secreto ou fogo filosfico, o qual, conforme o linguajaralqumico, excitado pelo calor vulgar ou fogo elementar,

    27 O Mistrio das Catedrais, Fulcanelli, pg. 128.28 O Despertar dos Mgicos, Bergier e Pauwels, pg. 124.

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    necessrio liquefao da mistura, efetua as reaes, o quecorresponde ao do fogo secreto ou primeiro agentesobre a matria prima.

    O sal atua como fundente, isto , uma substncia quemisturada a outras faz com que elas se fundam a umatemperatura mais baixa.

    Ao aquecermos a mistura o sal se funde, dissolvendoas demais substncias, permitindo que as reaes entreambas ocorram.

    A funo do minrio realizar a reincruao do

    metal.Segundo os alquimistas, os metais, ao serem

    extrados dos seus minrios, encontram-se mortos,imprprios ao trabalho alqumico, sendo representados poruma rvore seca. Porm, se forem colocados em uma terraque lhes seja prpria, podem reviver. Esta terra o minrio eesta operao se denomina reincruao do metal.

    A rvores seca um smbolo dos metais usuais

    reduzidos dos seus minrios e fundidos, aos quais as altastemperaturas dos fornos metalrgicos fizeram perder aatividade que possuam na sua jazida natural. Por isso osfilsofos os qualificam de mortos e os reconhecem comoimprprios para o trabalho da Obra, at que sejamrevivificados, ou reincruados segundo o termo consagrado,por esse fogo interno que nunca os ab andonacompletamente. Porque os metais, fixados sob a forma

    industrial que lhes conhecemos, conservam ainda, no maisprofundo da sua substncia, a alma que o fogo vulgarenclausurou, comprimiu e condensou, mas que no pdedestruir. Os sbios nomearam esta alma fogo ou enxofre,pois ela verdadeiramente o agente de todas as mutaes,de todos os acidentes observados na matria metlica, e esta semente incombustvel que nada pode arruinar porcompleto, nem a violncia dos cidos fortes, nem o ardor da

    fornalha.

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    29 As Manses Filosofais, Fulcanelli, pg. 375.

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    Esta operao, que os sapientes chamaram

    reincruao ou retorno ao primitivo estado, temespecialmente por objetivo a aquisio do enxofre e a suarevificao pelo mercrio inicial.30

    Este dissolvente pouco comum permite a"reincruao"31 do ouro natural, o seu amolecimento e oretorno ao seu primeiro estado sob a forma salina, frivel emuito fundvel. este rejuvenescimento do rei que todos osautores assinalam, comeo de uma nova fase evolutiva,

    personificada, no motivo que nos ocupa, por Tristo,sobrinho do rei Marc.32

    O fato do ouro entrar ou no na elaborao da PedraFilosofal sempre foi muito controverso, pois alguns autoresafirmam que sim e outros que, absolutamente, no. Estaaparente contradio facilmente compreensvel.Simplesmente que uns falavam sobre a via seca e outros

    sobre a via mida.Vrios autores so bem esclarecedores a esterespeito.

    Vejamos algumas citaes de Filaleto, acerca doemprego do ouro:

    Quem quer que deseje possuir este Toso de ouro,

    deve saber que nosso p aurfico, que chamamos de nossapedra, o Ouro, simplesmente alado ao mais alto grau depureza e fixidez sutil a que puder ser levado, tanto por suanatureza, quanto pela arte de hb il operador.

    30 As Manses Filosofais, Fulcanelli, pg. 383.31 Termo da tcnica hermtica que significa tornar cru, ou seja, remeter

    para um estado anterior ao que caracteriza a maturidade, retroceder.(Nota de Fulcanell i).32 O mistrio das Catedrais, Fulcanelli, pg.195.

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    O mesmo ocorre com o nosso ouro: est morto, querdizer, sua fora vivificante est selada sob a escriacorporal; no que se assemelha ao gro, com diferenas,porm, em proporo grande distncia que separa o grovegetal do ouro metlico. E assim como este gro quepermanece imutvel, enquanto est ao ar seco, destrudopelo fogo e vivificado somente na gua, tambm o ouro, que incorruptvel malgrado qualquer ataque e duraeternamente, redutvel apenas em nossa gua, e entovive, e torna-se nosso ouro.

    Os Filsofos tm ento razo dizendo que o ourofilosfico diferente do ouro vulgar; e esta diferena residena composio. Diz-se, realmente, que um homem estmorto quando ouviu sua sentena de morte; tambm se dizque o ouro est vivo quando mistura-se a uma talcomposio, submetido a um tal fogo, no qual deve recebernecessria e rapidamente a vida germinativa e mostrar,alguns dias mais tarde, os efeitos de sua vida nascente.33

    Fulcanelli tambm faz citaes sobre a utilizao doouro, e de que o seu emprego s ocorre na via mida:

    A dissoluo do ouro alqumico pelo dissolventeAlkaest caracteriza a primeira via; a do ouro vulgar pelonosso mercrio indica a segunda.34

    Um velho refro espagrico pretende que a sementedo ouro est no prprio ouro; no o contradiremos, com acondio de que se saiba de que ouro se trata, ou comoconvm colher essa semente liberta do ouro vulgar.35

    Com efeito, sabemos que o mercrio filosfico resultada absoro de uma certa parte de enxofre