A Acepção de Freud Sobre Neoroses

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  • 7/21/2019 A Acepo de Freud Sobre Neoroses

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    ASSOCIAO BRASILEIRA DE FILOSOFIA E PSICANLISE

    ANA LCIA RAMOS MATHEUS GARCIA

    A ACEPO DE FREUD SOBRE AS NEUROSES

    BAURU/SP

    2012-03-09

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    INTRODUO

    O objetivo deste artigo discorrer sobre a acepo das neuroses nas

    teorias de Freud, e assim, permitir-nos- uma idia clara e concisa, de forma a

    embasarmos com segurana nosso trabalho clnico e futuros trabalhos tericos

    ue necessitem utili!ar a acepo das neuroses a outros conceitos de teoria

    psicanaltica"

    # uesto ue direciona nosso artigo ual a acepo das neuroses na

    obra de Freud$

    #ssim, faremos um esuema das neuroses, sob o ponto de vista tcnico

    tentando dar ao leitor um resumo ortodo%o das mesmas" O ue caracteri!a a&sicanlise como ci'ncia no , pois a matria de ue trata, mas a tcnica ue se

    emprega" (eu )nico fim e sua )nica funo consistem em descobrir o

    inconsciente na vida psuica"

    Ne!"#e#

    *onforme (ilva +./0, Freud divide as neuroses em dois grupos1 #sneuroses atuais, em ue a causa uma perturbao atual do funcionamento

    genital, onde se enuadram a neurastenia, a neurose de ang)stia e a hipocondria"

    # neurastenia por e%cessos se%uais, a neurose de ang)stia consiste em

    um estado permanente de ansiedade, onde aparecem crises paro%sticas de

    ang)stia sem nenhum motivo aparente, cuja causa reside na e%citao ertica

    no satisfeita" # hipocondria raramente apresenta-se isolada e, 2s ve!es constitui

    o pren)ncio de uma psicose +esui!ofrenia0"3o segundo grupo esto classificadas as psiconeuroses, auelas ue t'm

    a origem na perturbao do desenvolvimento psicosse%ual" 3este grupo

    encontramos a histeria, ue 2s ve!es uma converso da energia da libido ue

    se opera na trama da inervao corporal" &ara Freud a histeria um meio de

    e%presso empregado pelo paciente para tradu!ir as tend'ncias erticas

    recalcadas, sendo o ataue histrico um euivalente imaginrio, plstico-ertico,

    paro%stico e provocado por uma lembrana ou por um motivo fsico de ordem

    sensual +(456#, ./0"

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    (ilva ./ afirma ue para Freud os histricos sofrem de reminisc'ncias$

    prendem-se ao passado, ou seja, no uerem saber do presente e da realidade"

    (eus sintomas so resduos simblicos e comemorativos de acontecimentos

    passados e tambm afetivos" 3a histeria os sintomas aparecem sob outros

    aspectos, tambm apresentando sintomas obsessivos, onde encontramos afora

    as perturba7es psicosse%uais, o chamado fen8meno de converso, ue no

    outra coisa seno o refle%o dessas perturba7es psuicas na trama de inervao

    corporal" #ssim, a histeria tem para a &sicanlise uma significao diversa das

    opini7es correntes" 9esintegrando a histeria veremos ue as suas ra!es se

    fortalecem numa regresso 2 vida infantil, motivada pela anormalidade nas etapas

    da 5ibido"#inda nesse mesmo grupo v'm as fobias e as obsess7es, ue no so

    mais ue substitui7es de idias, imagens absurdas, provocadas por impulsos

    recalcados ue tiveram suas ra!es uase sempre na inf:ncia +sadismo,

    masouismo, tend'ncias incestuosas, etc"0" ;ratando-se de um deslocamento da

    acentuao emocional e ue mantm a consci'ncia em permanente ao

    agressiva com a censura" # obsesso resulta ento de uma defesa incompleta da

    personalidade" *onforme Freud os atos ue se reali!am, os obsessivos, sosempre inocentes e insignificantes, consistindo uase sempre em repeti7es

    cerimoniosas das a7es mais correntes da vida cotidiana, etc" ;odos esses atos

    impostos aos doentes acham-se ligados 2 substituio de uma idia absurda por

    outra, ue no menos absurda, variando o uadro sintomtico +(456#, ./0"

    ;ambm, num certo sentido di! Freud, todo indivduo normal tem uma

    espcie de cerimonial na sua vida ntima" &recisando assim de certas condi7es

    para conciliar o sono, por e%emplo, certas formalidades ue precisam repetirtodas as noites, etc" O cerimonial obsessivo, porm carece de fle%ibilidade"

    4mp7e-se ao preo dos maiores sacrifcios, diferenciando-se dauele, sobretudo

    por e%agerada minuciosidade" # investigao consiste ento em descobrir a

    situao passada na ual tiveram esses atos ou idias um sentido determinado" em particular homosse%uais +(ilva, ./0"

    (egundo Freud, a concepo de parania possui um ntimo parentesco

    com a dem'ncia precoce, at o ponto de reunir as duas sob denominao comum

    de parafrenia" Os enfermos mostram duas caractersticas principais1 ?ania de

    grande!a e a falta de todo o interesse pelo mundo e%terior +pessoas ou coisas0"

    =sta circunstancia afasta-se uase totalmente sob o influ%o da &sicanlise"

    &orm, a indiferena do parafr'nico ante ao mundo e%terior, apresenta caracteresparticulares ue necessrio determinar"

    O histrico e o neurtico obsessivo tambm perdem sua relao com a

    realidade, mas a anlise demonstra ue apesar disso eles no rompem suas

    rela7es erticas com pessoas ou coisas, ao contrrio conservam tais rela7es

    em suas fantasias, substituindo assim os objetos reais por outros imaginrios, ou

    misturando-os com eles" &or outro lado renunciam a reali!ar os atos motores

    necessrios para conseguir uma finalidade em tais objetos" < isto ue se chamaem &sicanlise introverso da libido" 3a parafrenia, o doente retira realmente sua

    libido das pessoas e das coisas do mundo e%terior, sem substitu-las por outras na

    sua fantasia" @uando em algum caso isolado, encontra-se uma substituio, est

    ser sempre de carter secundrio e corresponde a uma tentativa de cura +(ilva,

    ./0" ;al o caso de (chreber, narrado por Freud, na parafrenia a libido,

    subtrada ao mundo e%terior, fica ligado ao eu, surgindo assim um estado a ue

    se d o nome de narcisismo" O valor dos conceitos da libido do eu e a libido

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    objetivada reside principalmente na proced'ncia da elaborao dos caracteres

    ntimos dos processos neurticos e psicticos"

    # diviso da libido prpria do eu e outra dos objetos o prolongamento

    inevitvel de uma primeira hiptese ue dividiu os instintos em instintos do eu e

    instintos se%uais"

    &odemos concluir ue as neuroses so sempre o resultado de uma

    disposio, por fi%ao libidinal, uer hereditria, uer por acontecimentos

    infantis" =sta )ltima apresenta import:ncia para a &edagogia, cuja misso de

    prevenir a neurose, intervindo desde logo no desenvolvimento se%ual da criana"

    ;al vantagem, porm no dei%a de ser duvidosa e delicada" 9uvidosa por

    favorecer uma e%agerada represso se%ual ue pode tra!er resultadosdesastrosos" 9elicada ao evitar impress7es desta ordem"

    =nfim, podemos ento classificar as neuroses segundo Freud da seguinte

    maneira1

    P#%&"'e!"#e# " 'e!"#e# &"( )!*'#+e!,'&%*

    Aisteria 3eurose obsessiva ou coacta

    Ne!"#e# *)*%# " !e*%#

    3eurastenia 3eurose de ang)stia Aipocondria

    P#%&"#e#$ )*(.( &*(**# 'e!"#e# '*!%&*#

    &arafrenias =sui!ofrenia +ou dem'ncia precoce0 &arania +ou estados paranicos0 &sicose manaco-depressiva &sicose alucinatria

    #inda conforme (ilva +./0 pode ser includa em outras neuroses, a

    neurose de guerra, a epilepsia, a impot'ncia, a frigide!, etc" (obre as neuroses de

    guerra Freud, Ferenc!i, #braham, (immel e Bones, apresentaram curiosas

    contribui7es no CD *ongresso 4nternacional de &sicanlise" *oncluindo ue as

    neuroses de guerra so oriundas de foras instintivas ue se e%primem na

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    formao dos sintomas, os uais se originam por sua ve! do conflito do eu +ego0 e

    os instintos se%uais por eles repudiados" O ue parece ue nas neuroses

    traumticas e de guerra o eu defende-se contra um inimigo e%terior ue o

    ameaa, ou ue para ele se concreti!a, graas a uma situao estranha ao seu

    prprio ego" 3as neuroses de transfer'ncia do tempo da pa!, o ego considera a

    libido como inimiga, cujas e%ig'ncias lhe parecem ameaadoras" =m ambos os

    casos, o ego tem medo de ser lesado, aui pela libido, ali por viol'ncias

    e%teriores" 6ale ressaltar ue o estudo das neuroses de guerra ficou apenas

    iniciado, pois foi uase ao terminar a hecatombe, comeada em E, ue tais

    pesuisas principiaram a ser encetadas em gabinetes improvisados no prprio

    front, mas desde logo o trabalho se viu interrompido pela terminao daueleconflito universal +(ilva, ./0"

    =nfim, o sintoma neurtico no a tend'ncia em si, mas a tend'ncia

    disfarada" uma espcie de febre psuica, obscura, sem causa aparente, cuja

    significao depende da agude!a e do e%ame inteligente do clnico, ou seja, a

    neurose , pois uma perturbao psuico-nervosa oriunda de um conflito entre

    uma tend'ncia agressiva 2 personalidade e outra ue a esta reage por um

    processo de defesa" &odemos ento concluir ue ao serem lidas todas asinterpreta7es de Freud sobre as neuroses e sua classificao, podemos

    perceber o valor histrico da sua teoria, pois com a evoluo da psicanlise as

    neuroses sofreram modifica7es em sua estrutura, bem como maneira diversa,

    uanto 2 interpretao"

    G=F=GH3*4#(1

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    Freud, (igmund" O.!*# P#%&"45%&*# &"(6e)*# e S%5(' F!e1 edio

    standard brasileira" 6olumes 4, 44, 644, I, I44, I46, I64, I644, II, I4I, II4" 4mago

    =ditoraJ KLL." Gio de BaneiroJGB"

    &ereira da (ilva, Masto, P*!* &"(6!ee'e! F!e7 =nciclopdia de &sicologia e

    &sicanlise, ./" =ditora 4tatiaia 5imitada" Nelo Aori!onteJ?M"