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    S24h SãoPauloEstadoSecretariadoMeioAmbiente/CoordenadoriadePlanejamentoAmbiental.HabitaçãoSustentável.Tajiri,Christiane,AparecidaHatsumi;Cavalcanti,Denize Coelho; Potenza, João Luiz. São Paulo : SMA/CPLA, 2011.120 p. : 15,5 x 22,3 cm Cadernos de Educação Ambiental, 9

    BibliograaISBN 9788586624872

      1.HabitaçãoSustentável2.EciênciaEnergética3.ÁguaSeleçãodeMateriaisI.Tajiri,Christiane,AparecidaHatsumi,II.Cavalcanti,DenizeCoelho,III.Potenza,

    João Luiz IV. São Paulo Est. Secretaria do Meio Ambiente V. Ttulo. VI. Série. CDU 349.6

    Biblioteca Centro de Reerências de Educação Ambiental

    1a reimpressão 2012

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    Governo do estado de são Paulo

      Governador

    secretaria doMeio aMbiente

      Secretário

    coordenadoria de PlanejaMento aMbiental

      Coordenadora

    Geraldo Alckmin

    Bruno Covas 

    Nerea Massini 

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    Sobre a Série Cadernos de Educação Ambiental

    A sociedadebrasileira,crescentementepreocupadacomasquestõesecolgicas,merecesermaisbeminormadasobreaagendaambiental.Anal,odireitoàinormaçãopertenceaoncleodademocracia.Conhecimentoépoder.

    Cresce,assim,aimportnciadaeducaçãoambiental.Aconstruçãodoama

    nhãexigenovasatitudesdacidadania,embasadasnosensinamentosdaecologia

    edodesenvolvimentosustentável.Comcerteza,amelhorpedagogiaseaplicaàs

    crianças, construtoras do uturo.ASecretariadoMeioAmbientedoEstadodeSãoPaulo,preocupadaem

    transmitir,deormaadequada,osconhecimentosadquiridosnalabutasobrea

    agendaambiental,criaessainovadorasériedepublicaçõesintituladaCadernos

    deEducaçãoAmbiental.Alinguagemescolhida,bemcomooormatoapresen

    tado,visaatingirumpblicoormadoprincipalmenteporproessoresdeensino

    undamental e médio, ou seja, educadores de crianças e jovens.

    OsCadernosdeEducaçãoAmbiental,emacedasuapropostapedaggica,certamentevãointeressaraopblicomaisamplo,ormadoportécnicos,militan

    tesambientalistas,comunicadoresedivulgadores,interessadosnatemáticado

    meioambiente.Seusttulospretendemserreerênciasdeinormação,sempre

    precisas e didáticas.

    Osprodutoresdecontedosãotécnicos,especialistas,pesquisadorese

    gerentesdosrgãosvinculadosàSecretariaEstadualdoMeioAmbiente.Os

    CadernosdeEducaçãoAmbientalrepresentamumapropostaeducadora,umaerramentaacilitadora,nessadicilcaminhadarumoàsociedadesustentável.

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    Ttulos Publicados

    •  As águas subterrneas do Estado de São Paulo

    •  Ecocidadão

    •  Unidades de Conservação da Natureza

    •  Biodiversidade

    •  Ecoturismo

    •  Resduos Slidos

    •  Matas Ciliares•  Desastres Naturais

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    Apresentação do Secretário

    O setordeconstruçãociviléresponsávelpeloconsumodeaproximadamente40%dosrecursosnaturaisecontribuicomumterçodasemissõesdegasesdoeeitoestua.Portanto,aadoçãodenovastecno

    logiasnaconstruçãooureormasdehabitaçõesminimizameevitamos

    grandes impactos ambientais.

    Aadoçãodeumahabitaçãomaissustentáveltrazumasériedebene

    cios,comoaminimizaçãodousoderecursosnaturaisedageraçãodepoluição,odesenvolvimentodaeconomialocaleaormalidadenasrelaçõesde

    trabalho,alémdoaumentodaeciêncianousoderecursosnanceirosna

    construção e valorização do imvel pelo mercado.

    Outropontorelevanteabordadonapublicaçãoéaquestãodaescolha

    doterreno.Émuitoimportantequeomoradorantesdaaquisiçãodoterreno

    oudacasa,veriqueseamesmanãoestálocalizadaemáreasdepreserva

    çãopermanente,áreascontaminadaseemáreascompotencialaenchentes,risco, hoje, tão comum nas grandes cidades.

    Iniciativassocioambientaisadotadasnaconstruçãoereormadeuma

    habitaçãosãoundamentaisparagarantiroavançoeconômicocomahar

    monia da natureza.

    brunocovas

    Secretário de Estado do Meio Ambiente

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    SUMÁRIO01. Introdução•1102. EstadoatualdaConstruçãoCivil•15

    03. OqueéSustentabilidade?•19

    04. CuidadosNecessáriosaoAdquirirumImóvel•23

    05. OQueéumaHabitaçãoSustentável?•29

    06. EciênciaEnergética•33

    07. ConservaçãodaÁgua•47 08. SeleçãodeMateriais•59

    09. ConfortoTérmico•75 10. Acessibilidade–DesenhoUniversal•83

    11. EstudosdeCasos•87 12. AvaliaçãodeSustentabilidade(Certicação)•97 

    13. PolíticasPúblicas–ConstruçõesSustentáveis•101

    Glossário•105

    Reerências Bibliográcas•109

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    Introdução 

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável12

    1. Introdução

    A salteraçõesclimáticasobservadasnosltimostemposrepresentamumdivisordeáguasnosetordaconstruçãocivil.Estudosdemonstram,deormainquestionável,adimensãodosimpactosambientaisdecorrentes

    dessaatividade;avorecendo,assim,abuscaporormasalternativasdecons

    trução.

    Grandepartedamudançapodeservericadanouniversodasconstruçõesvoltadasparaahabitação,setorquevemdespontandocomoumdosmaisaptos

    apromoveraeconomiadebaixocarbono,tãoemvoganodiscursodegovernos

    eempresasecujoobjetivoconsisteemornecer,aoconsumidor,alternativas

    compotencialcadavezmenordeemissõesdegasesdeeeitoestuaegeração

    depoluentes,iniciandoumprocessodemudançacultural,noquedizrespeitoàs

    ormas de se habitar um imvel.

    Aconjugaçãodemelhordesempenhocommaiorcompetitividadesépossvelapartirdemudançasdenaturezatecnolgicaegerencial.Énecessáriolem

    brarque,enquantoopilareconômicoécondiçãoessencialparaosurgimentode

    umaempresa,ospilaressocialeambientalsãoresponsáveisporseucrescimento

    eperenidade.Asociedadevemcadavezmaisexigindoumagestãoresponsável

    ecompetitivaporpartedasempresas,deormaqueresponsabilidadeecom

    petitividadedevemcorresponderaaçõescomplementaresenãoexcludentes.

    Asrespostasparaasdemandasrelacionadasàlegislação,àopiniãopblica

    eaosproblemasglobaisdentreosquaisadegradaçãodosrecursosnaturais,

    asmudançasclimáticas,apobrezaeacorrupçãopodemserconcebidasde

    dierentesormasporpartedosgestores,tantodeempresasquantodosgover

    nos,sendoapioropçãonãoazernada,poisissoresultaemperdadetempo,de

    mercado e, consequentemente, de dinheiro.

    Assim,diantedasnovasdemandasporpartedoconsumidor,cadavezmais

    interessadoempropostasquecontemplemcritériosdesustentabilidade,ose

    tordaconstruçãosevêorçadoainvestirempesquisaedesenvolvimentode

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    Estado Atual daConstrução Civil 

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    2. Estado Atual da Construção Civil

    A construçãocivilbrasileiraconsomeatualmentealgoemtornode40%dosrecursosnaturaisextradoseéresponsávelpelageraçãode,aproximadamente,60%detodooresduoslidourbano,alémdeutilizarmadeira

    emlargaescala,sendoesta,muitasvezes,extradadematanativa,sema

    observncia de critérios técnicos e legais.

    Apesardosurgimentodediversasiniciativasvoltadasàinclusãodecritériossociaiseambientaisnosetordaconstruçãocivil,dentreosquaisacerticaçãode

    origemdosrecursos,vericasequeosmecanismospropostosparaaadequação

    dos processos ainda vêm sendo utilizados de orma incipiente.

    Aeetivaçãodossistemasdecerticaçãoé,namaioriadasvezes,prejudi

    cadaporatorescomoaltadeincentivoporpartedosgovernos,resistênciasa

    mudançasdeatitudeealtadeinteressedoconsumidoremadquirir,naprática,

    produtoseserviçoscomcerticação,que,nosdiasdehoje,apresentamvalorsuperior às alternativas comuns disponveis no mercado.

    Épossvelconstatar,ainda,queadiculdadedeimplementaraculturada

    certicaçãoedaconsideraçãodecritériossocioambientaisemempreendimen

    tosdecorre,muitasvezes,daabordageminadequadadotemaaplicadaemre

    laçãoaosconsumidores.Issoseexplicanamedidaemque,aocompraruma

    casa,oconsumidorestámuitomaispreocupadoemmostrarqueelatemum

    dierencialemrelaçãoàsdemais,comoumamadeiramaisbonitaedurável,um

    sistemainovadordecaptaçãodeáguaetc.,doquecomoimpactoqueacasa

    pode provocar sobre as mudanças climáticas.

    Emsuma,oconsumidorescolheoimvelconsiderandoatorescomotama

    nhoadequadoparaacomodarsuaamlia,conorto,localização,dentreoutros,

    sem se preocupar, por exemplo, com o aquecimento global.

    Assim,paraquehajaumamudançaeetivanessequadro,éprecisoque

    aquestãodasustentabilidadenaconstruçãocivilsejaassimiladapelaspr

    priasconstrutoraseincorporadoras,naormadeumaverdadeirapoltica

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    172. ESTADO ATUAL DA CONSTRUÇÃO CIVIL

    institucionalderesponsabilidadesocioambientalenãoapenaspelosconsu

    midores nais.

    Outrodilemaresidenaresistênciadoconsumidorempagarumpreço

    superiorpelasustentabilidadedoimvel,quepodechegara30%.Umaso

    luçãopossvelparaaquestãoconsistenanegociação,entreconstrutorase

    ornecedoresdosinsumos,naormadeeconomiadeescala,porexemplo,a

    mdequeocustodeumaedicaçãocerticadasejaequiparadoaodeuma

    construção comum.Épreciso,também,queasempresasquecomercializaminsumosde

    origemcomprovadamentelegaladotemumaposturaproativaemrelação

    aospreços,poissealgumasempresaspassaremacomercializartaisitens

    compreçoscompetitivos,asdemaisterãoqueazeromesmoparaatender

    à demanda.

    Osprocessosdecerticação,tantodemateriaisquantodasprpriasedica

    ções,vêmadquirindoimportncianosetordaconstruçãocivilbrasileira.Apesardesetratardeumprocessogradual,podemsevislumbraralgumasiniciativas

    decerticaçãoemediciosdoPas,utilizandose,porexemplo,modelosde

    certicaçãoamericanoseeuropeus,queabrangemnãoapenasautilizaçãode

    insumosdeorigemcomprovada,mastambémcritérioscomousoracionalde

    água,eciênciaenergéticaerecomendaçõesparaambienteinterno,deormaa

    reduzirdeormacontundenteosimpactosdecorrentesdaexecuçãodaobrae,

    principalmente, da operação do edicio.

    Entretanto, há outro problema relativo às certicações: normalmente s

    é possvel obtêlas aps processos longos, que podem durar até seis meses

    aps a conclusão da obra. Isso desestimula, em parte, a procura por clientes

    comuns, resultando em um ndice de certicação das edicações inerior a

    1% do total da construção civil brasileira.

    É possvel concluir, portanto, que a consideração de critérios socioam

    bientais em edicações ainda é incipiente no Brasil. A sua eetivação é condi

    cionada à adoção de uma nova postura por parte dos atores integrantes do

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    setor da construção civil, dos consumidores e principalmente dos governos,

    uma vez que estes são responsáveis por ditar novos padrões de consumo e

    produção por meio da utilização de seu elevado poder de compra, que, no

    Estado de São Paulo, corresponde a cerca de 15% do PIB nacional.

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    O que éSustentabilidade 

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    3. O que é Sustentabilidade?

    H oje,muitoseouvealaremsustentabilidade,seusbeneciosesuaimportnciaparaapreservaçãodoplanetaparaasuturasgerações.Entretanto,apopularizaçãodotermoacabouporreduzirseusignicadoaum

    aspectorelacionadoàpreservaçãoambiental,quandonaverdaderepresenta

    muitomaisqueisso,atingindodierentesaspectosdavidadaspessoas,sendo

    necessário, portanto, entender as origens desse conceito.Historicamente, podese armar que o conceito de sustentabilidade co

    meçou a ser construdo a partir de 1972, ano da Conerência da Organização

    dasNaçõesUnidassobre Ambiente Humano, realizada em Estocolmo.A partir

    desse momento se iniciou um processo de tomada de consciência mundial,

    no sentido de que vivemos em um nico planeta, cujos recursos naturais são

    nitos e no qual a capacidade de absorção da poluição gerada pelos seres

    humanos é limitada. Naquela época, a posição do Brasil baseavase na ideiade que“a pior poluição é a miséria”, demonstrando, assim, a alta de preo

    cupação ambiental dos governantes.

    Quinze anos aps a Conerência, em 1987, oi publicado o Relatrio

    “Nosso Futuro Comum”, elaborado pela Comissão Brundtland e ruto da

    avaliação do resultado de quinze anos de Estocolmo. Reerido Relatrio

    apresentou o conceito de Desenvolvimento Sustentável, qual seja, o“de

    senvolvimento que permite o atendimento das necessidades das presentes

    gerações sem comprometer o atendimento das necessidades das uturas

    gerações”.

    No mesmo ano, oi publicada a primeira imagem de satélite do buraco na

    camada de ozônio, na Antártica, ato histrico que sensibilizou o mundo para

    a urgência da questão ambiental. Em seguida, em 1988, é criado o Painel

    Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas IPCC, com o objetivo de

    avaliar as inormações cientcas, técnicas e socioeconômicas mais recentes

    sobre o tema.

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    213. O QUE É SUSTENTABILIDADE

    Em 1992, a Conerência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e De

    senvolvimento,realizadanoRiodeJaneiroe maisconhecida como RIO92 ou

    ECO92,marcouaadoçãodoconceitodedesenvolvimentosustentável,oque

    gerou produtos como a Agenda 21 e a Convenção sobre a Mudança do Clima.

    A Agenda 21 corresponde a um plano de ação constitudo por princ

    pios para a implementação de um novo padrão de desenvolvimento para o

    século XXI, baseado na sustentabilidade ambiental, social e econômica. A

    Convenção sobre a Mudança do Clima, por sua vez, consistiu em um tratado no qual os pases signatários se comprometeram a estabilizar, por meio

    de ações conjuntas, a concentração de gases de eeito estua na atmosera,

    garantindo, dessa orma, a proteção do sistema climático para as presentes

    e uturas gerações.

    A partir da Convenção sobre a Mudança do Clima, oi estabelecido,

    em 1997, o Protocolo de Quioto, que representou o primeiro passo para

    o desenvolvimento de ações voltadas à redução das emissões de gases deeeito estua, especialmente por parte dos pases industrializados, estabe

    lecendo o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo MDL para os pases em

    desenvolvimento.

    Foi publicada em 2005, aps o surgimento dessas Convenções e da rea

    lização dos encontros peridicos entre lderes de governos, a Avaliação Ecos

    sistêmica doMilênio.Essedocumentoproporcionouasseguintesconclusões:

    a humanidadeestá azendo um verdadeiro saque no banco dosecossistemas

    globais, o que pode acarretar um colapso na capacidade do planeta de or

    necer bens e serviços ambientais aos seres humanos. Além disso, as alte

    rações eitas nos ecossistemas, especialmente nos ltimos cinquenta anos,

    aumentaram o risco de mudanças abruptas, como, por exemplo, explosão de

    epidemias, eutrozação de águas costeiras e mudanças climáticas regionais,

    induzidas pelo desmatamento.

    Em 2007, o IPCC divulgou seu mais bombástico relatrio, apontando as

    conseqüências do aquecimento global até 2100, caso não seja eito nada

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável22

    para impedilo. A partir da ocorrência desses eventos, a humanidade oi colo

    cada perante uma série de desaos, dentre os quais a necessidade de redução

    das emissões de gases de eeito estua em até 60%, com base nos dados do

    Relatrio do IPCC. Essa meta pode ser conseguida por meio da reormulação

    da matriz energética mundial, substituindose os combustveis sseis e au

    mentando a participação de ontes renováveis.

    Diante de tais desaos, cabe ao Poder Pblico, na condição de grande

    consumidor de obras e serviços de engenharia, omentar a indstria da construção civil sustentável por meio da regulação do setor, seja agindo de orma

    pioneira e inovadora ou mediante a celebração de contratos em que os crité

    rios socioambientais são aplicáveis às obras pblicas, dentre as quais estão

    includas as edicações e as habitações com nalidade social. Isso garante,

    ainda, o cumprimento da legislação ambiental por parte dos contratados e

    dos ornecedores atuantes ao longo da cadeia produtiva.

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    CuidadosNecessários ao

    Adquirir um Imvel

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    4. Cuidados Necessários ao Adquirir umImvel

    A oadquirirumapropriedade,sejaumterrenoouumaedicação,algunscuidadosdevemsertomadosparaqueimprevistosnãoocorramduranteeapsacompradoimvel.Aausênciadeinormaçõessobreohistricode

    ocupaçãoeolevantamentoatualizadodaárea juntoaosrgãoscompetentes

    podeapresentarproblemasaouturoproprietárioetambémparavizinhança.OcupaçãoemáreascontaminadaseemÁreasdePreservaçãoPermanente

    APP,porexemplo,écomumepodeacarretarriscosàsadedapopulação,ao

    meio ambiente e prováveis transtornos legais ao proprietário.

    Portanto,identicarseapropriedadeestáouseráalocadaemumaárea

    contaminada,emumaAPPouemumaáreademanancialéundamental.A

    seguir,sãodescritososlevantamentosaseremeitosparagarantiraadequada

    aquisição de um imvel.

    Levantamento de inormações

    Ohistricodoimvelpodeserrealizadomedianteolevantamentodeinor

    maçõescontidasemdocumentospreexistentesnosarquivosdergãospblicos

    edeoutrasentidades.Paracadatipodeinormação,recomendaseapesquisa

    empreeituras,rgãosambientais,departamentosdeáguaeenergia,organiza

    ções não governamentais etc.

    Preliminarmente,recomendase aexigênciada certidão de propriedade

    do terreno atualizada, a m de vericar se a situação encontrase regular.

    Nesse documento, requerido no Cartrio de Registro de Imveis, é possvel

    obter o histrico do terreno ao longo dos anos se oi vendido, arrendado ou

    hipotecado, por exemplo.

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    254. CUIDADOS NECESSÁRIOS AO ADQUIRIR UM IMóVEL

    De acordo com a Resolução SMA nº 66/1996, os rgãos vinculados à Secretariado Meio Ambiente do Estado de São Paulo cam obrigados a permitir o acesso pblico

    a todas as inormações que tratem de matéria ambiental, que estejam sob sua guarda.

    A seguir, são listadas, para cada tipo de tema, as inormações necessárias

    para que o uturo proprietário possa avaliar o imvel:

    •Uso e ocupação do solo: vericar a existência de Plano Diretor Mu

    nicipal ou legislação de uso e ocupação do solo, na localidade em questão.

    Essas inormações estabelecem diretrizes de ocupação tipos de construção,

    adensamento, expansão territorial etc..

    Pesquisas em departamentos de meio ambiente, de planejamento

    urbano ou de obras da Preeitura do respectivo municpio também são

    necessárias.

    • Áreas contaminadas: vericar se a área a ser ocupada apresenta con

    taminação causada pela introdução de substncias ou resduos que colo

    quem em risco a sade humana e o meio ambiente. O rgão responsável pelo

    controle das áreas contaminadas no Estado de São Paulo é a Companhia

    Ambiental do Estado de São Paulo CETESB.

    A CETESB mantém atualizado, desde 1989, o cadastro de todas as áreas contaminadas do Estado. Inormações sobre um local especco podem

    ser obtidas por meio de sua página na internet www.cetesb.sp.gov.br ou

    pessoalmente, na prpria agência, sendo necessário para isso o nome do

    logradouro, o nmero e o CEP.

    • Área de Proteção e Recuperação de Mananciais APRM: as APRMs

    Guarapiranga e Billings possuem legislação especca as Leis Estaduais n

    meros 12.233/06 e 13.579/09 quanto a sua ocupação, na qual se encontram

    denidas as áreas de intervenção de cada bacia hidrográca.

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    Postos de atendimento para maiores inormações estão localizados na

    cidade de São Bernardo do Campo Poupatempo e na Estação Graja de

    trem da CPTM.

    • Áreas com ocorrência de deslizamentos, erosões do solo e enchentes: o

    Instituto Geolgico IG, o Instituto de PesquisasTecnolgicas IPT e a Deesa

    Civil do Municpio possuem imagens, otograas, mapas e inormações, que

    permitem a identicação e a localização de áreas sujeitas à ocorrência de

    deslizamentos, erosões e enchentes.

    FIGURA 1 – OCUPAÇÃO EM ÁREA DE PROTEÇÃO DE MANANCIAL (APM).

    Fonte: Acervo SMA.

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    274. CUIDADOS NECESSÁRIOS AO ADQUIRIR UM IMóVEL

    FIGURA 2 – OCUPAÇÃO EM ÁREA DE RISCO.

    Fonte: Acervo SMA.

    FIGURA 3 – ÁREAS SUSCETíVEIS A ENCHENTES.

    Fonte: Acervo SMA.

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    O que é umaHabitação

    Sustentável?

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    5. O que é uma Habitação Sustentável?

    U mahabitaçãopodeserconsideradasustentávelquandoaadequaçãoambiental,aviabilidadeeconômicaea justiçasocialsãoincorporadasem todas as etapas do seuciclodevida,ou seja, desde aasedecon

    cepção,construção,usoemanutenção;até,possivelmente,emumprocesso

    de demolição.

    Uma habitação sustentável traz uma série de benecios, como a mini

    mização do uso de recursos naturais e da geração de poluição, o desenvol

    vimento da economia local e a ormalidade nas relações de trabalho, além

    do aumento da eciência no uso de recursos nanceiros na construção e

    valorização do imvel pelo mercado.

    O projeto de habitação sustentável deve iniciarse já na ase de concep

    ção, na qual há maiores chances de intervenção com oco na sustentabilida

    de. A escolha do terreno é a primeira ação a ser realizada.

    Construlo em áreas inapropriadas pode resultar em grandes impactos

    ambientais. Portanto, avaliar anteriormente onde o terreno está inserido é de

    extrema importncia. Durante o processo de seleção, é importante priorizar

    locais que não incluam áreas restritivas à ocupação e que possuam inraes

    trutura adequada saneamento e acesso ao transporte pblico e serviços

    básicos bancos, supermercados, escolas, restaurantes,postos de sade etc..

    Aps a escolha do terreno, passase à avaliação das diretrizes para o pro

     jeto, buscandose otimizar o seu desempenho emtodo o ciclo de vida. Devem

    ser estudadas e especicadas nesta ase desde a seleção dos materiais até a

    opção do mais adequado coletor de energia solar para ns de minimização

    dos custos, evitandose ao longo da construção o desperdcio de material, a

    produção de sobras e excesso de esorços para a manutenção, por exemplo.

    Há no Brasil considerável restrição por parte da população em adotarpráticas de construção sustentável, normalmente devido aos custos iniciais

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    EciênciaEnergética

    6

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável34

    6. Eciência Energética

    Segundo Lamberts, Dutra e Ferreira 1997, a eciência energética pode ser entendida

    como:“a obtenção de um serviço com baixo dispêndio de energia. Portanto, um edicio

    é mais eciente energeticamente que outro quando proporciona as mesmas condições

    ambientais com menor consumo de energia.”

    A sedicaçõesconsomemmaisenergiadoquequalqueroutrosetor.DeacordocomosdadosdoProgramaNacionaldeConservaçãodeEnergiaElétricaPROCELedaEmpresadePesquisaEnergéticaEPE,ousodechuveiroelétrico

    numacasacomquatropessoas,porexemplo,éresponsávelpor22%dototal

    dacontadeluz.Osetorresidencialrespondeporquase23%doconsumototal

    deenergiaelétricanoPas.Alémdisso,oaquecimentodeáguaparachuveiroé

    responsávelpor,aproximadamente,6%doconsumonacionaldeenergiaelétricae,noperododepicoentre18e21horas,por20%dademandadosistema.

    A tabela abaixo aponta os aparelhos domésticos que mais consomem

    energia em uma residência.

    TABELA 1 – CONSUMO DE ENERGIA DE APARELHOS DOMÉSTICOS.

    APARELHOSELÉTRICOS

    POTÊNCIA MÉDIAwatts

    MÉDIA UTILIZAÇÃO/DIA

    CONSUMO MÉDIOMENSAL KWh

    Chuveiro elétrico 3.500 40 min 70

    Geladeira umaporta

    90 24 horas 30

    Lmpada incandescente 100 W

    100 5 horas 15

    Microondas 1.200 20 min 12

    Microcomputador 120 3 horas 10,8

    Arcondicionado

    12.000 BTU

    1.450 8 horas 174

    Fonte: Eletrobrás, 2010

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    356. Eficiência EnErgética

    A eletricidade é responsável por grandes emissões de gases de eeito

    estua devido ao ato de parte de sua geração ser ainda baseada em com

    bustveis sseis.

    Existem três ormas principais para diminuir os eeitos da emissão desses

    gases na geração de energia: redução do seu consumo, substituição de com

    bustveis sseis por energias renováveis e aumento da eciência energética.

    Ações como o PROCEL e o Programa Brasileiro de Etiquetagem PBE vêm

    sendo implantadas no Brasil. A projeção é que cerca de 10% da demanda deeletricidade, em 2030, será atendida por ações na área de eciência energé

    tica EPE, 2007.

    Porém, uma das barreiras para a melhoria da eciência energética é a

    econômiconanceira. Comprar equipamentos mais ecientes envolve, em

    geral, custos iniciais mais altos. Isso az com que muitos consumidores não

    queiram se responsabilizar e os de baixa renda não têm condições de arcar

    por conta de seu capital limitado. Mas muitos não sabem que o retorno investido pode ser recuperado em poucos anos ou até mesmo em meses, devido à

    redução na conta de luz. O que não se pode deixar de azer, portanto, é um

    cálculo do custobenecio do que será investido.

    No cenário brasileiro, tornase cada vez mais evidente a necessidade de

    incentivo ao uso detecnologiascomplementares àatual geração hidrelétrica.

    O uso de energia solar e de conceitos de arquitetura bioclimática ventilação

    e iluminação natural têm se mostrado técnicas e economicamente viáveispara os problemas de redução do consumo de energia elétrica no setor resi

    dencial brasileiro.

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável36

    A m de promover a racionalização da produção e do consumo de energia elétrica,

    oi criado, pelo Governo Federal, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica,

    o Procel, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia MME, por meio da Eletrobrás.

    Um dos produtos desenvolvidos pelo Programa é o Selo Procel. O selo tem por objeti

    vo indicar os produtos queapresentamos melhores ndices de eciência energéticadentro

    de cada categoria e, assim, orientar o consumidor no ato da compra.

    No site da Eletrobrás www.eletrobras.com/procel há um catálogo com todos os pro

    dutos que receberam o Selo Procel no ltimo ano.

    Os produtos com Selo Procel são caracterizados com o nvel“A” da Etiqueta Nacional

    de Conservação de Energia ENCE do Inmetro.

    A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia inorma o consumo de energia e/ou

    a eciência energética, classicandose no nvel“A” os equipamentos de menor consumo

    de energia/mais ecientes e no nvel“E” os de maior consumo/menos ecientes, dentro

    de sua categoria.

    FIGURA 5 – PRODUTOS QUE CONSOMEM MENOS ENERGIA SÃO IDENTIFICADOS COM OSELO PROCEL.

    Benecios

    • Redução do consumo de energia elétrica e, consequentemente, a diminuição da conta de luz;

    • Redução do risco de racionamento de energia;

    • Redução da emissão de gases de eeito estua;

    • Redução dos impactos ambientais;

    • Geração de emprego e renda.

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    376. Eficiência EnErgética

    Ações

    Sistema de aquecimento solar

    Os aquecedores solares promovem economia de até 35% na conta de luz

    mensal das amlias. Somenteno ano de 2007, orameconomizados,no Brasil,

    cerca de 620 GWh, energia suciente para abastecer 350 mil residências.

    Com a ampliação da área instalada de aquecedores solares no Brasil

    para 300 mil m2e com a economia na demanda de energia elétrica de 122

    MW, o setor, então, geraria 11,2 mil postos de trabalho, e a redução da emissão anual de CO2alcançaria 12,5 mil toneladas a mesma capacidade de

    absorção de uma área verde de 16,8 km2 Cunha, 2009.

    Os aquecedores solares são compostos, portanto, por coletor ou placa

    solar, reservatrio térmico e um componente auxiliar. Fig.

    FIGURA6–SISTEMADEAQUECIMENTODEÁGUAPORMEIODECOLETORESSOLARES.UMBOMAPA-RELHODEVETERVIDAúTILDE,NOMíNIMO,20A30ANOS.(ILUSTRAÇÃO:NATÁLIAMAyUMIUOZUMI)

    Aeciênciaenergéticatemeeitospositivosnoemprego,criandonovasoportunidadesde negcios e na transormação de mercado. Um estudo realizado pela British Association

    UNE; ILO; IOE e ITUC, 2008 determinou, especicamentepara o setor residencial, que para

    cada € 1 milhãogastos em programas de eciência energética, 11,3 a 13,5 empregos oram

    criados.

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável38

    FIGURA7–RESIDÊNCIACOMCOLETORESSOLARESPARAAQUECIMENTODAÁGUA.(FONTE:HELIOTEK,2010)

    O aquecimento da água é obtido por meio da absorção da luz solar por

    coletores. Estes, geralmente eitos com chapas metálicas, aquecem e transe

    rem o calor para a água que circula em suas tubulações.

    A água ca armazenada em um reservatrio térmico ou os chamados

    boilers , que a mantém aquecida mesmo durante os perodos nublados e

    chuvosos.

    Para garantir que nunca haverá alta de água quente em uma residência,

    todo aquecedor solar traz um componente auxiliar de aquecimento, que uti

    liza outra onte de energia elétrica ou a gás, para suprir eventuais necessi

    dades.Essecomponenteéautomaticamenteacionadoquandoatemperatura

    da água no reservatrio esria.

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    396. Eficiência EnErgética

    Os sistemas de aquecimento solar devem ser compatveis com a inraes

    trutura da edicação e com as demandas do usuário. Os dierentes nveis de

    consumo de água quente estão relacionados com o nmero de pessoas e de

    pontos de uso,parmetros que podem ser estimados, mediante o nmero de

    dormitrios e de banheiros.

    Odimensionamentodos coletoresasereminstaladosdependede alguns

    critérios:

    • Hábito de consumo dos usuários: de acordo com a NBR 7.198/NB 128,o consumo médio mensal de água quente para residências é de 45

    litros por pessoa Tabela;

    TABELA 2 – CONSUMO MÉDIO DE ÁGUA QUENTE PARA DIVERSOS PROJETOS

    PROJETO CONSUMO MÉDIO DE ÁGUA QUENTE

    Alojamento provisrio de obra 24 litros por pessoa

    Residência 45 litros por pessoa

    Escola 45 litros por pessoa

    Hotel excluindo cozinha e lavanderia 36 litros por pessoa

    Restaurante 12 litros por reeição

    Lavanderia 15 litros por kg de roupa seca

    Hospital 125 litros por leito

    Fonte: BarrosoKrause, 2007.

    • Caractersticadocoletor escolhido: cadacoletorapresenta rendimentos

    de eciência dierenciados;

    • Condições climáticas locais: o mapeamento da distribuição do recurso

    solarpermitereconhecer áreasemqueoaproveitamento dessaenergia

    é potencialmente signicativo.

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável40

    O Estado de São Paulo tem potencial de geração de energia solar de,

    aproximadamente, 512TWh Tabela. As maiores concentrações de radiação

    solar se encontram no interior, conorme apresentado no mapa a seguir.

    TABELA 3 – POTENCIAIS SOLARES POR FAIXA DE RADIAÇÃO SOLAR ANUAL NO ESTADO DE SÃO PAULO.

    POTENCIAIS SOLARES TWh/ano %

    RADIAÇÃO SOLAR ANUAL

    512.047,55 100

    4.5 5.0 kWh/m2/ano 23.717,7 5

    5.0 5.5 kWh/m2/ano 66.816,9 13

    5.5 6.0 kWh/m2/ano 399.076,4 78

    6.0 6.5 kWh/m2/ano 22.436,55 4

    Fonte: INPE/Labsolar, 2005.

    FIGURA8–DISTRIBUIÇÃODARADIAÇÃOSOLARANUAL(KWH/M2/ANO)NOESTADODESÃOPAULO.FONTE:INPE/LABSOLAR, 2005.

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    416. Eficiência EnErgética

    • Orientação solar: em latitudes mais altas, é importante direcionar os

    coletores, seja para o norte Hemisério Sul, como o Brasil ou para o sul

    Hemisério Norte, diretamente para o sol. Quanto mais prximo dos

    trpicos, maior é a disponibilidade dos raios do sol.

    Entretanto, a maior diculdade para a diusão do aproveitamento da

    energia solar consiste no investimento inicial relativamente alto em equipa

    mentos e instalações, quando comparado com os sistemas convencionais.

    Emcompensação, ocustodeoperaçãoe manutençãoémnimo,contandoseapenas com o gasto da energia elétrica utilizada na residência, no aqueci

    mento de água nos dias de pouca insolação. Prado et al, 2007

    Placas otovoltaicas

    Assim como os sistemas de aquecimento de água, os sistemas otovoltai

    cos possuem como base para o seu uncionamento a energia solar.

    Células otovoltaicas convertem a luz do sol em energia elétrica. O ele

    mento básico de um sistema solar otovoltaico é o material condutor, que

    geralmente é o silcio.

    Os semicondutores eitos de silcio são os mais usados na construção de

    células otovoltaicas e a sua eciência em converter luz solar em eletricidade

    pode variar entre 10 e 15%, dependendo da tecnologia adotada.

    Os sistemas otovoltaicos podem ser instalados em locais distantes das

    áreas urbanas, atuando como centrais geradoras de energia elétrica Fig. A;

    instalados em edicações Fig. B; e, também, podem ser interligados à rede

    de distribuição. Este ltimo tipo constitui uma orma de geração descentrali

    zada de energia e pode trazer inmeros benecios à concessionária de ener

    gia elétrica. Além de reduzir os impactos ambientais das instalações de gera

    ção e de transmissão, a energia excedente é enviada à rede pblica, aumen

    tando a eciência energética da concessionária. Porém, no Brasil ainda não

    é permitido que a energia gerada por consumidores seja disponibilizada na

    rede elétrica dasconcessionárias, por conta da ausência de regulamentação.

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável42

    FIGURA9–(A)PLACASFOTOVOLTAICAS.(B)PLACASFOTOVOLTAICASINSTALADASNA“CASAEFICIENTE”,PROJETOEMPARCERIA COM A UFSC/LABEEE E A ELETROBRÁS (AUTORIA: ANíSIO ELIAS BORGES).

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    436. Eficiência EnErgética

    A eletricidade produzida por metro quadrado de placas otovoltaicas

    pode eetivamente evitar a emissão de mais de 2 toneladas de CO2. Os sis

    temas otovoltaicos integrados às edicações geram energia de orma silen

    ciosa, sem emissão de gases poluentes, não necessitam de área extra, uma

    vez que os painéis otovoltaicos podem ser utilizados como telhados ou ser

    inseridos em achadas.

    A instalação de 48 mdulos otovoltaicos em uma área de 6,8 m x 5

    m, no telhado de uma casa no Reino Unido, deixou de emitir mais de 6toneladas de CO

    2por ano; e chegou a poupar US$ 2 mil em gastos com

    energia Tabela.

    Por causa do grau de pureza desses componentes, que são cristais, esta

    alternativa de energia ainda apresenta custo elevado na instalação do sis

    tema, variando, em média, entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. Porém, o retorno do

    investimento pode se vericar em até quatro anos.

    TABELA 4 – COMPARAÇÃO ENTRE UMA CASA COMUM E OUTRA SUSTENTÁVEL NO REINO UNIDO

    TIPODE CASA

    kWh/m2 COMPRADOSDA REDE POR

    ANO

    CUSTO DAELETRICIDADEPOR ANO US$

    CUSTODO GÁS

    POR ANOUS$

    CUSTOTOTAL

    PORANOUS$

    EMISSÕESDE CO

    2

    g/ ano

    CUSTO DECONSTRUÇÃO

    US$/m2

    Casa sustentável

    27 320 470 780 721 1.440

    Casacomum

    90 800 1.688 2.488 6.776 1.440

    Economias

    63 480 1.218 1.698 6.055 0 extra

    * O custo de construção oi comparado com aquele de uma casa de tamanho similar projetada por um arquiteto.Fonte: Roa, Fuentes e Thomas, 2009.

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável44

    • Vantagens da utilização de placas otovoltaicas como onte de energia alternativa:

    •Fonte de energia limpa e renovável;

    •O silcio não é txico;

     •A energia é gerada pelo consumidor nal, ou seja, não há perdas com transmissão

    e distribuição;

     •Requer pouca área para a instalação das placas telhados, achadas, jardins;

    • Requer poucamanutenção: uma vezinstalados,precisam somenteque assuper

    cies sejam limpas;•As placas são silenciosas;

    •Economia de energia;

    •Não emissão de gases de eeito estua;

    •Podem ornecer energia durante blecautes;

    •Retorno nanceiro é de 2 a 5 anos;

    •A vida til das placas otovoltaicas pode ser superior a 20 anos.

    Iluminação natural e articial

    Tendo em vista o ato de se tratar de critério que requer menores in

    vestimentos, o uso da iluminação natural deve ser sempre priorizado, pois

    contribui para a redução do consumo de energia elétrica e para a melhoria do

    conorto visual dos ocupantes.

    A adequação arquitetônica que permite a iluminação natural prevê aadoção de sistemas de aberturas verticais e iluminação zenital. A iluminação

    zenital é caracterizada pela entrada de luz natural através de aberturas su

    periores dos espaços internos e tem como objetivo otimizar a quantidade e a

    distribuição de luz natural em um espaço. Fig.

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    456. Eficiência EnErgética

    FIGURA10–EXEMPLODEABERTURASLATERAISEILUMINAÇÃOZENITALPARAAENTRADADELUZSOLAR. (ILUSTRAÇÃO: NATÁLIA MAyUMI UOZUMI)

    Para complementar a eciência do projeto de uma casa, sistemas de

    iluminação articial devem ser instalados quando há a necessidade de utili

    zação para perodos maiores, como o uso de lmpadas fuorescentes em corredores, escadas e garagens com sensores de presença. A troca de lmpadas

    incandescentes por fuorescentes reduz o consumo de energia em até 80% e

    tem durabilidade 10 vezes superior.

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável46

    FIGURA11–LâMPADASFLUORESCENTESREDUZEMOCONSUMODEENERGIAELÉTRICA.FONTE:

    SIEMENS/PRESS PICTURE.

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    Conservaçãoda Água

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    497. Conservação da água

    Uso racional e programas de conservação da água constituem medi

    das ecazes para reduzir o consumo, contribuindo para a sua preservação.

    Estratégias que variam desde mudanças de hábito do consumidor até a

    implantação de novas tecnologias garantem a qualidade necessária para a

    realização das atividades consumidoras, com o mnimo de desperdcio.

    Torneiras 25% Uma torneira meio aberta, porcinco minutos, gasta de 12 litros banheiro a 39 li

    tros cozinha em casas e pode chegar a 80 litros em

    apartamentos.

    Bacia sanitária 5% a 14% As abricadas a partir de 2003 gastam

    6 litros por acionamento, mas as antigas gas

    tam a partir de 9 litros.

    Chuveiro 50% a 55% Uma ducha de 15 minutos con

    some 135 litros de água em casas e 243 litros em aparta

    mentos; o chuveiro elétrico gasta, respectivamente, 45 e 144 litros.

    Máquina de lavarroupas Com capacidade para 5 kg de roupas,

    consome 135 litros de água.

    Tanque A torneira aberta por 15 minutos chega a gastar 279 litros.

    Mangueira Regar as plantas por 10 minutos pode gastar até

    186 litros.

    Piscina Um tanque médio não coberto perde, aproximada

    mente, 3.700 litros por mês com evaporação.

    Vazamentos Um buraco de 2 mm em um cano desperdiça

    até 3.200 litros de água em um dia, e uma torneira gotejando,

    até 46 litros.

    Fonte: Didone e Iwakura, 2005. Ilustração: Diego Vernille da Silva

    CAMPEÕES DO DESPERDíCIO DE ÁGUA RESIDENCIAL

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável50

    Benecios• Reduz a quantidade de água extrada das ontes;

    • Reduz o consumo;

    • Reduz o desperdcio;

    • Evita a poluição;

    • Aumenta a eciência do uso da água;

    • Aumenta a reutilização da água.

    Ações

    Economizadores de água

    Autilização deequipamentoseconomizadores deágua constituimedida

    simples e pode impactar signicativamente na redução do consumo. A trocade baciassanitárias com descargas convencionais por outras com válvulas do

    tipodual fushescolha de dois volumes de descarga, geralmente de 6 ou 3

    litros ou ciclo xo volume da ordem de 6 litros pode reduzir em até 50% o

    consumo de água. Fig.

    As bacias sanitárias convencionais consomem até 12 litros de água

    por ciclo de descarga.

    Torneiras de lavatrios como aquelas encontradas em banheiros e cozi

    nhas devem possuir arejadores, que reduzem a seção de passagem da água e

    direcionam o fuxo do jato. O arejador é uma peça circular, perurada, encai

    xada na sada de água da torneira. O seu uso traz redução de cerca de 50%

    da vazão nas mesmas condições de uso.

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    517. Conservação da água

    Muitoutilizados emedicações pblicas comoshoppings ,cinemas eres

    taurantes,astorneiras com acionamento hidromecnico, ou seja, aquelas em

    que o usuário aciona manualmente a liberação da água e a sua interrupção

    se dá aps determinado tempo de uncionamento, eliminam o desperdcio

    de água ocorrido pela demora ou pelo não echamento do aparelho. Outro

    tipo de torneira também muito utilizado é o de acionamento por sensores de

    presença. Fig.

    FIGURA13–TORNEIRACOMACIONAMENTOHIDROMECâNICO,PORSENSORDEPRESENÇAEARE-JADOR PARA TORNEIRAS, RESPECTIVAMENTE. (ILUSTRAÇÃO: DIEGO VERNILLE DA SILVA)

    Sistema de captação e aproveitamento da água da chuva

    O aproveitamento da água da chuva corresponde a uma orma alterna

    tiva para minimizar os problemas de abastecimento regular de água, para

    reduzir o seu consumo residencial e também ajudar no controle de cheias e

    inundações que ocorrem em grandes cidades.

    Os sistemas de aproveitamento de água da chuva proporcionam uma

    economia no consumo residencial de até 45%. A água da chuva deve

    ser utilizada para ins não potáveis, como irrigação, limpeza de garagens

    e calçadas e em descargas sanitárias, desde que haja controle de sua

    qualidade e aps a veriicação da necessidade de tratamento especico,

    de orma que não comprometa a sade dos usuários, nem a vida til dos

    sistemas envolvidos.

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável52

    No Brasil, o aproveitamentodaágua da chuvainiciouse, principalmente,

    na regiãodosemiárido nordestino, devidoaotempoprolongado deescassez

    de água que a região sore. Esse sistema é simples e consiste em utilizar

    telhados ou calhas das casas como área de captação para armazenar essa

    água em cisternas. Fig.

        F    I    G    U    R    A    1

        4  –    C    I    S    T    E    R    N    A    P    A    R    A    A    R    M    A    Z    E    N    A    M    E    N

        T    O    D    E    Á    G    U    A    D    E    C    H    U    V    A .    (

        I    L    U    S    T    R    A    Ç

        Õ    E    S   :    D    I    E    G    O    V    E    R    N    I    L    L    E    D    A    S    I    L    V    A    )

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    537. Conservação da água

    No Estado de São Paulo, há uma lei promulgada em 2007 Lei nº 12.526,

    que obriga a implantação de sistemas de captação e retenção de água da

    chuva em lotes, edicados ou não, que tenham área impermeabilizada supe

    rior a 500 m2. 

    Para a implantação do sistema, é necessário um estudo de viabilidade

    que avalie a quantidade de água da chuva a ser armazenada, o volume a ser

    utilizado e a área do telhado disponvel.

    Um sistema de captação de água da chuva consiste em:• Sistema de coleta são as áreas impermeáveis constitudas, geralmen

    te, pelos telhados e lajes de coberturas. O transporte da água da chuva

    é realizado por calhas e condutores verticais e horizontais até os siste

    mas de armazenamento, tratamento e distribuição;

    • Grade e sistema de descarte ou reservatrio de limpeza para a re

    tenção de materiais como olhas, gravetos, papéis etc., utilizase uma

    gradeanteriormente aosistema dedescarte.Esse sistema corresponde

    a um dispositivo que descarta a água da chuva dos primeiros minu

    tos que oram coletados, pois geralmente este volume carrega grande

    quantidade de carga poluidora;

    • Sistema de tratamento atua na remoção da carga poluidora e a de

    sinecção. Podemse utilizar ltros de mltiplas camadas ou ltros de

    areia e a desinecção pode ser eita por meio da cloração;

    • Sistema de armazenamento armazenar a água que será utilizada

    para ns não potáveis. Quando o reservatrio estiver com o seu volume

    máximo,um extravasor possibilitará acondução do excesso de água da

    chuva para o sistema de drenagem pluvial;

    • Sistema de distribuição consiste em ramais que distribuem a água da

    chuva para os pontos de utilização.

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável54

        F    I    G    U    R    A    1    5  –    E    S    Q    U    E    M    A    D    E    A    P    R    O    V    E    I    T    A    M    E    N    T    O    D    E    Á    G    U    A    D    A    C    H    U    V    A .    (

        I    L    U    S    T    R    A    Ç    Ã

        O   :    N    A    T    Á    L    I    A    M    A    y    U    M    I    U    O    Z    U    M    I    )

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    557. Conservação da água

    Sistema de reuso de água cinza

    As águas cinzas são as provenientes do uso de lavatrios, chuveiros,

    banheiras e máquinas de lavar roupas. São os efuentes que não possuem

    contribuição das bacias sanitárias e pias de cozinha.

    As águas cinzas podem ser reutilizadas para atividades como irrigação,

    limpeza e descarga de sanitários. Estas águas apresentam teores de maté

    ria orgnica e turbidez; portanto, seu reuso direto em estado bruto não é

    recomendável, sendo necessário um prévio tratamento do efuente em nvelsecundário, com posterior desinecção.

    Um sistema de reuso de água cinza compreende:

    • Sistema de coleta de esgoto sanitário consiste em dois tipos de con

    dutores visando à separação das águas cinzas e águas negras efuen

    tes das bacias sanitárias;

    • Sistema de tratamento as águas cinzas sorem tratamento para a

    remoção da carga poluidora e a desinecção;

    • Reservatrio de armazenamento aps o processo de tratamento, a

    águadereusoéencaminhada para umreservatriodearmazenamento

    exclusivo;

    • Sistema de distribuição predial consiste em ramais e subramais que

    levam a água de reuso até o destino de utilização.

    Atualmente, existem no mercado inmeros sistemas industrializados de

    tratamento de esgoto doméstico que acilitam muito a implantação de sis

    temas de reuso de água em edicações residenciais e pequenos conjuntos

    habitacionais. A escolha do equipamento deve se basear no tipo de efuente

    a ser tratado e na sua vazão diária de contribuição.

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    caderno de educação ambiental habitação sustentável56

        F    I    G    U    R    A    1    6  –    S    I    S    T    E    M    A    D    E    R    E    U    S    O    D    E    Á    G    U    A

        S    C    I    N    Z    A    S    E    M     U

        M    A    R    E    S    I    D    Ê    N    C    I    A    M    U    L    T    I    F    A    M    I    L    I    A    R .

        (    I    L    U    S    T    R    A    Ç    Ã    O   :    N

        A    T    Á    L    I    A    M    A    y    U    M    I    U    O    Z    U    M    I    )

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    577. Conservação da água

    Para a prática do reuso de águas cinzas devem ser consideradas as se

    guintes recomendações:

    • Identicar as redes de água potável e as de reuso;

    • O sistema de reuso não pode ter contato com o sistema de abasteci

    mento de água potável, pois pode contaminálo;

    • Quando houver usos mltiplos de reuso com qualidades distintas de

    água,deveseoptarporreservatriosindependenteseidenticadosde

    acordo com a qualidade da água armazenada;

    • O contato direto com a água cinza deve ser evitado;

    • Em caso de reuso de água cinza na descarga sanitária, um tratamento

    prévio incluindo uma etapa de desinecção deve ser providenciado;

    • Evitar a estocagem de água cinza bruta sem tratamento prévio com

    desinecção.

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    Seleçãode Materiais

    8

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL60

    8. Seleção de materiais

    A construçãociviléresponsávelpeloconsumode40%detodososrecursosextradosdanatureza.Amadeira,porexemplo,dos64%produzidosnaAmazônia,15%sãoconsumidospelosetornoEstadodeSãoPaulo,

    comaprobabilidadedeagrandemaioriadamadeirautilizadaserdeorigem

    ilegaloupredatriaIPT,2009,contribuindoparaaemissãode10toneladas

    de CO2 na atmosera.Outro material muito utilizado na construção civil e grande contribuidor

    para o eeito estua é o cimentoPortland . Para a produção do cimento, há

    o processo de descarbonatação do calcário, que responde pela emissão de

    6% de CO2, no mundo todo. Somente no Brasil, com produção anual de 38

    milhõesdetoneladas decimentoPortland  comum, liberamsena atmosera,

    aproximadamente, 22,8 milhões de toneladas/ano de gás carbônico.

    Portanto, paraa realização de uma construçãomais sustentável,exigesea seleção correta de materiais, pois isso resultará na redução dos impactos

    ambientais causados pela extração e manuatura dos recursos naturais e em

    maior beneciosocial,dentrodos limites daviabilidade econômica, para uma

    dada situação.

    É na ase de concepção do projeto que deve ser realizada a avaliação

    de orma integrada dos aspectos ambientais, econômicos e sociais dos ma

    teriais, que serão utilizados. Pois a correta seleção e utilização dos mesmos

    implicam na menor geração de resduos e na diminuição dos impactos por

    eles ocasionados.

    A produção, o transporte e o uso de materiais contribuem para a ocorrência de diver

    sos impactos socioambientais. O uso sustentável destes recursos depende da habilidade

    dos prossionais em selecionarem os produtos mais adequados e os ornecedores com

    maior responsabilidade ambiental e social.

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    618. seleção de materiais

    A avaliação dos materiais deve considerar os seguintes aspectos:

    • Custos: Avaliar aqueles materiais que possuam melhor custobene

    cio. Sugerese que sejam observados os custos não apenas durante a

    construção, mas também na ase de uso e operação.

    • Qualidade e durabilidade: Quanto maior a sua vida til, menor é

    a necessidade de materiais de reposição ou de manutenção, para que

    não ocorra a geração de resduos. Devemse buscar materiais em conormidade com as normas técnicas ou programas de qualidade, como

    o Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat PBQP

    H, vinculado ao Ministério das Cidades.

    • Material local: Materiais cuja extração e produção tenham sido re

    alizadas localmente. Isso estimula a economia local geração de em

    prego e renda para mão de obra local e minimiza a emissão de CO2 

    proveniente do transporte dos materiais, da extração até o local da

    construção.

    • Resduos gerados: Baixa geração de resduos implica redução de

    custos e de impactos ambientais. Devese avaliar a quantidade dos

    resduos slidos gerados durante e aps a ase de construção e veri

    car o potencial de reutilização caso a edicação or demolida, além da

    toxicidade do material, bem como se há tecnologia ou destinação naladequada para os resduos.

    • Energia incorporada: Descreve a quantidade de energia usada para

    produzir um objeto. A energia incorporada é uma medida importante,

    porque o uso de ontes de energia não renovável é uma das principais

    razões para a emissão de gases de eeito estua.

    • Formalidade: Vericar se os abricantes e ornecedores dos mate

    riais estão em conormidade com as legislações trabalhistas, scaise ambientais.

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL62

    • Relatrios de sustentabilidade: Buscar relatrios de sustentabilidadesocioambientaldasempresase vericaro alcancedo compromis

    so delas com o desenvolvimento sustentável. A existência de certica

    ções relacionadas à gestão ambiental, sade e segurança ocupacional

    deve ser valorizada ex: série ISO 14000.

    A seleção de produtos ecoecientes deve considerar todo o seu ciclo

    de vida, desde a seleção das matériasprimas, passando pelos processos de

    abricação, transporte e distribuição, uso, manutenção e reutilização, até odestino do produto ao m de sua vida til.

    A Análise do Ciclo de Vida ACV tem sido reconhecida como a orma

    mais abrangente e mais eciente para a avaliação ambiental de produtos

    John, 2007 e consiste na compilação e avaliação das entradas e sadas de

    energia e materiais e dos impactos ambientais potenciais de um sistema ao

    longo de seu ciclo de vida Fig..

    FIGURA17–ESQUEMASIMPLIFICADOPARAAANÁLISEDOCICLODEVIDA(ACV)DEUMPRODUTO.FONTE:FERREIRA,2004 – ADAPTADO.

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    638. seleção de materiais

    Benecios

    • Redução dos impactos ambientais na extração, produção e transporte

    dos materiais;

    • Diminuição dos custos com a gestão dos resduos, pois há a redução

    dos desperdcios;

    • Redução da emissão de gases de eeito estua;

    • Aumento da durabilidade do empreendimento e manutenção de seu

    desempenho;

    • Estmulo à economia local;

    • Estmulo à ormalidade da cadeia produtiva do setor;

    • Estmulo à adequação dos materiais às normas técnicas de qualidade.

    “GreenWashing” “verniz verde” = ato de induzir os consumidores ao erro quanto

    às práticas socioambientais de uma empresa ou os beneciossocioambientais de um pro

    duto ou serviço. A agência de marketingTerra Choice Environmental deniu alguns sinais

    para reconhecer o “verniz verde” dos materiais e serviços:

    •Sugerirqueummaterialéverdebaseadosomenteemumatributo(ex.conteúdo

    reciclado sem a devida atenção para outros atributos tão mais importantes do seu ciclo

    de vida, como consumo de energia, água etc.

    •Faltadeprovas:ofornecedornãoapresentaquaisquerdocumentosdeterceiraparte que sustentem suas armações e que possam ser vericados.

    •Imprecisão:informaçõesgenéricaseimprecisas,quegeramdúvidaquantoaoreal

    benecio ambiental do produto durante todo o seu ciclo de vida.

    •Ofornecedorapresentadeclaraçõesexageradasoutotalmentefalsase/ouapre

    senta apenas os resultados avoráveis. Exemplos:“Fabricado com 90% de matériaprima

    reciclada”, sem inormar sobre a baixa durabilidade;“Produto natural”, sem mencionar a

    presença de estabilizantes, corantes.

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL64

    AçõesMadeira legal ou certicada

    A madeira é um dos materiais mais utilizados na construção civil; porém,

    estimativas indicam que entre 43 e 80% da produção proveniente da região

    amazônica seja ilegal IPT, 2009. Portanto, alguns cuidados devem ser toma

    dos para que a madeira a ser utilizada seja de origem legal.

    Oprincipalcuidadonahoradacompradamadeiraconsistenaexigênciado

    DocumentodeOrigemFlorestalDOF.ODOF,emitidopeloIBAMA,correspondeaumalicençaobrigatriaparaocontroledotransporteearmazenamentodepro

    dutosesubprodutosforestaisdeorigemnativa.Comestedocumentoépossvel

    rastrearamadeiradesdesuaorigem,passandoportodososenvolvidos,desdeo

    transporteebeneciamento,atéadestinaçãonal,sejapormeiorodoviário,aé

    reo,erroviário,fuvialoumartimo.Assim,aspessoassicase jurdicasenvolvidas

    na cadeia de custdia da madeira cam registradas no sistema DOF.

    FIGURA18–TORASDEMADEIRASPROVENIENTESDEEXPLORAÇÃOAUTORIZADAEEXEMPLODEPÁTIO DE MADEIRA ORGANIZADA. FONTE: SMA, 2009.

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    658. seleção de materiais

    Além do DOF, a exigência de nota ou cupom scal é de extrema impor

    tncia, pois se o comerciante emitiu esse documento signica que também

    comprou a mercadoria com nota scal, sendo maiores as chances de a ma

    deira ser legalizada.

    O IBAMA também recomenda que o comprador de madeira verique a

    inscrição do comerciante no CadastroTécnico Federal CTF, procedimentoque comprova o seu registro junto ao rgão ambiental. Para vericar a ins

    crição, é necessário consultar o CNPJ da empresa nosite do IBAMA http://

    www.ibama.gov.br/.

    Atuando também como mecanismo omentador de ações em avor do

    comércio responsável, o Governo do Estado de São Paulo, por meio da

    Secretaria do Meio Ambiente, identica as empresas que comercializam

    produtos e subprodutos forestais de orma responsável por meio do Selo“Madeira Legal” Fig..

    CUIDADOS AO ADQUIRIR MADEIRA LEGAL

    • Exigir a nota scal;

    • ExigiroDocumento de OrigemFlorestalDOFou outrodocumentocorrelato,emi

    tido pelo órgão Estadual de Meio Ambiente OEMA das espécies nativas. Ma

    deiras de espécies exticascomorigemlegal nãonecessitam doDOF. Entretanto,

    devem ser acompanhadas da nota scal da carga;

    • Vericarseo comerciante de madeiraestá registradonoCadastroTécnico Florestal

    CTF do IBAMA;

    • Vericara listaocial da fora brasileira ameaçada de extinçãohttp://www.ibama.

    gov.br/fora/extincao.htm.Atenteseparaespéciescomomogno,castanhado

    pará e paubrasil, ameaçadas de extinção e cujo corte é proibido por lei.

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL66

    FIGURA19–FISCALIZAÇÃODETÉCNICOSDASECRETARIADOMEIOAMBIENTEEOSELO“MADEIRALEGAL”CONCEDIDOPARAEMPRESASQUECOMERCIALIZAMPRODUTOSESUBPRODUTOSDEMA-DEIRA DE FORMA CORRETA. FONTE: ARQUIVO SMA

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    678. seleção de materiais

    Outra possibilidade de adquirir madeira legal é por meio da compra de

    madeiras certicadas. No Brasil, existem dois sistemas de certicação: o FSC

    Forest Stewardship Council ,representado pelo Conselho BrasileirodeManejo

    Florestal,eo Sistema deCerticação FlorestalBrasileiro CERFLOR,doInmetro.

    Para o FSC existem dois tipos de certiicação: manejo lorestal e ca

    deia de custdia. A certiicação do manejo lorestal garante que aquela

    madeira oi manejada de acordo com critérios ambientais, sociais e eco

    nômicos adequados. Já o segundo tipo garante a origem da madeira, ouseja, a sua rastreabilidade acompanhando a matériaprima da loresta

    até o consumidor inal.

    OCERFLOR é um programa nacional de certicação forestal, desenvolvi

    do pelo SistemaBrasileirodeAvaliação de ConormidadeSBAC implantado,

    gerenciado e acreditado pelo Inmetro.

    As madeiras certicadas podem ter origem tanto de forestas nativas

    quanto de reforestamentos com espécies exticas e possuem um valor de

    mercado mais alto do que as demais, sendo a madeira certicada, em média,

    20% mais cara do que a não certicada.

    Materiais reciclados

    A reciclagem assume signicativa importncia para a minimização dos

    problemas ambientais causados pela geração de resduos slidos. De acor

    do com o IPCC 2007, os resduos slidos e lquidos são responsáveis por2,8% da emissão de CO

    2e de outros gases que colaboram para o aqueci

    mento global.

    A reciclagem é uma das áreas mais promissoras no Brasil com relação a

    novas oportunidades de geração de emprego e renda. Cerca de 500 mil tra

    balhadores já estão empregadosno Pas reciclando ou reaproveitando vários

    tipos de materiais, como aço, papel, plástico e vidro.

    Muitos materiais podem ser reciclados e a incorporação de resduos na

    produção de novos materiais de construção permite a redução do consumo

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL68

    de energia e de matériasprimas Tab. e, muitas vezes, possibilita a produção

    de materiais com melhores caractersticas técnicas, como é o caso da utiliza

    ção da escria de altoorno resduo proveniente da produção do aço, que

    melhora o desempenho do concreto. John, 2001

    No caso do aço, a utilização de sucata é parte do processo produtivo, che

    gando, emalgunscasos,arepresentar 80%damatériaprimabásica paraapro

    duçãodenovaschapasdeaço.DevidoaosganhoseconômicosesociaisnoBrasil,

    as sucatas de metal são as mais valorizadas no mercado mundial, pois existegrandemercadodestematerialnoBrasil,representadoporinmerossucateiros

    depequeno,médioegrandeportes,quecompõemumarededescentralizadae

    abrangente de pontos de recepção e encaminhamento da sucata de aço.

    TABELA5–PORCENTAGEMDEREDUÇÃODOIMPACTOAMBIENTALPORMEIODAINCORPORAÇÃODERESíDUOSNAFABRICAÇÃO DO AÇO, VIDRO E CIMENTO.

    IMPACTO AMBIENTAL AÇO VIDRO CIMENTO 50% de escria

    Consumo de energia 74% 6% 40%

    Consumo de matériaprima 90% 54% 50%

    Consumo de água 40% 50%

    Poluentes atmoséricos 86% 22%

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    698. seleção de materiais

    • Degradação de áreas urbanas;

    • Prolieração de escorpiões, aranhas e roedores que aetam a sade

    pblica.

    A maior parte do resduo é gerada pelo setor inormal da construção

    pequenas reormas, autoconstrução, ampliações e sua destinação nal é,

    geralmente, ao longo de cursos d’água, de ruas e rodovias, agravando a pro

    blemática de enchentes nos municpios Fig.. Estimase que apenas 1/3 do

    entulho seja gerado pelo setor ormal da indstria da construção civil construtoras, por exemplo.

    FIGURA 20 – ENTULHO DEPOSITADO EM ÁREAS DE PRESERVAÇÃO. FONTE: ACERVO SMA.

    Paraos grandesvolumesdeRCC geradospelo setorormal,aproblemática

    reerese à adequada disposiçãoem aterros de inertes, pois o distanciamento

    e o esgotamento de áreas para a destinação de tais resduos são crescentes.

    Aproximadamente 80% de todo o resduo de construção gerado é pass

    vel de reciclagem. Devidamentereciclados, os RCCapresentam propriedades

    sicoqumicasapropriadaspara o seuemprego comomaterial deconstrução

    e em processos de pavimentação.

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL70

    Os RCC são majoritariamente de origem mineral, ou seja, a partir da

    mistura de concretos, argamassas, cermicas, entre outros materiais. As usi

    nas de reciclagem instaladas no Brasil separam e classicam os resduos

    em dois tipos: vermelho predominncia de materiais de natureza cermica

    e cinza predominncia de materiais de natureza cimentcia. O agregado

    reciclado proveniente do RCC mineral vermelho é empregado em atividadesde asaltamento, principalmente bases de pavimentos. Já o agregado pro

    veniente do RCC mineral cinza é utilizado, preerencialmente, em calçadas,

    em blocos de concreto e em mobiliários urbanos à base de cimento, como

    bancos e outros.

    A Preeitura Municipal de São Paulo possui áreas para a deposição regular dos res

    duosdaconstruçãocivilprovenientesdepequenosgeradores,oschamadosECOPONTOS

    Estações de Entrega Voluntária de Inservveis.

    São37Ecopontosdestinadosarecebervoluntariamentepequenosvolumesdeentu

    lhoaté 1m3,grandesobjetos mveis, podadeárvores, etc.eresduos recicláveis. No site

    daPreeituradeSãoPaulowww.preeitura.sp.gov.br/secretarias/servicoseobras/limpurb

    há uma lista com os endereços de todos os Ecopontos da Cidade de São Paulo.

    A

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    718. seleção de materiais

    B

    FIGURA21–(A)OSPISOSINTERTRAVADOSEVITAMAIMPERMEABILIZAÇÃODOSOLO,POISPER-MITEMOESCOAMENTODASÁGUAS.(B)E(C)TIJOLODESOLO-CIMENTOFABRICADOCOM95%DETERRAE5%DECIMENTOQUEREQUERPOUCAARGAMASSA(SISTEMADEENCAIXE)EGERAMENOSRESíDUOS NA OBRA. FONTE: ACERVO SMA.

    C

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL72

    Não utilização de materiais com substncias perigosasOs materiais de construção em um ambiente interno podem causar pro

    blemas à sade do ocupante e do trabalhador na ase de construção.

    Presentes em tintas e revestimentos, adesivos e selantes, os Compostos

    OrgnicosVoláteis COV são substncias qumicas que podem ser emitidas

    em concentrações mais elevadas dentro de casa até dez vezes maior do que

    no ambiente exterior. À medida que o clima ca mais quente, as taxas de

    emissão de COV aumentam, causam desconorto pelo seu cheiro e podeminiciar os sintomas da sndrome do “edicio doente”.

    A Sndrome do Edicio Doente advém da baixa qualidade interna dos empreendi

    mentos, como a má ventilação, limpeza interna inadequada e alta de manutenção dos

    equipamentos. São alhas que avorecem a prolieração de poluentes de origem sica,

    qumica ou microbiolgica. A sndrome pode aetar até 60% das pessoas que vivem outrabalham nestas edicações.

    Os principais COV são benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos, conheci

    dos como BTEX, os quais são altamente txicos. Os COV causam irritações

    nos olhos, nas vias respiratrias e na pele e, também, podem levar ao de

    senvolvimento de cncer. A tabela a seguir mostra os principais eeitos da

    exposição aos COV.

    Algumas dicas para minimizar a exposição aos COV em residências ou

    em outras edicações consistem em:

    • Não utilizar materiais que contenham COV;

    • Aumentar a ventilação da casa ao utilizar produtos que emitem com

    postos orgnicos voláteis;

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    738. seleção de materiais

    • Não armazenar os recipientes abertos e materiais similares em casa;

    • Identicar os COV e, se possvel, eliminar a onte.

    TABELA 6 – EFEITOS NOCIVOS À SAúDE HUMANA PELA EXPOSIÇÃO AO COV.

    SUBSTâNCIA EFEITO POTENCIAL

    COV em geral Narcticos potentes e capazes de deprimir o sistema nervoso central.Exposições podem causar irritações nos olhos, nas vias respiratrias ena pele.

    Sndrome do edicio doente.

    COV ormaldedo Muitos produtos em chapas à base de madeira compensados sãoeitos com colas que liberam ormaldedo. Baixas concentrações do gáspodem irritar os olhos, o nariz e a garganta, possivelmente causandolágrimas, espirros e tosse. Esses produtos são amplamente usados empisos, prateleiras e armários.

    COV tolueno Pode causar letargia, tontura e conusão, podendo evoluir paraconvulsões e até a morte.

    Fibras de amianto Entre as doenças relacionadas ao amianto, estão a asbestose doençacrônica pulmonar de origem ocupacional e cnceres de pulmão e dotrato gastrintestinal.

    Fonte: John; Oliveira e Lima, 2007.

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    ConortoTérmico

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL76

    9. Conorto Térmico

    O prazer térmico e o conorto percebido pelo usuário constituem itens

    denidores de quão tima é uma casa, na medida em que o conorto térmico

    é considerado umconceito subjetivo,associado à sensaçãotérmicaagradável

    ao homem INMET, 2009, que varia de pessoa para pessoa.

    O conorto térmico dependerá de variáveis do ambiente, como tempe

    ratura, umidade relativa e velocidade de deslocamento do ar, além de variáveis humanas, tais como vestimentas e atividades sicas. A INMET criou um

    diagrama caracterizando uma zona de conorto térmico em unção apenas

    da temperatura ambiente e da umidade relativa do ar, como mostrado na

    gura a seguir.

    FIGURA22–DIAGRAMADECONFORTOTÉRMICODOHOMEMEMRELAÇÃOÀTEMPERATURAEÀUMIDADE RELATIVA DO AR. FONTE: INMET, 2009.

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    779. Conforto térmiCo

    Notase que o ser humano pode estar em conorto em uma temperatura

    que varia entre 18 e 30ºC. Abaixo dos 18ºC devese evitar a entrada de ven

    tos, já que há a necessidade de calor para conorto, enquanto que acima dos

    30ºC é necessário controlar a incidência de radiação solar.

    Existem diversas estratégias para obter nveis satisatrios de conorto

    térmico. O bom aproveitamento da luz natural, o uso debrises que protegem

    contra o excesso de insolação, garantindo a ventilação dos ambientes, e a

    implantação de telhados verdes são algumas delas.

    Benecios

    • Conorto térmico aos usuários;

    • Redução do consumo de energia.

    Ações

    Ventilação natural

    A ventilação consiste basicamente no movimento do ar dentro de um

    prédio e entre uma edicação e o exterior, sendo que um dos problemas que

    mais aetam a sensação de bemestar é justamente o arejamento interno

    das habitações. Projetar uma casa em que se prioriza a ventilação natural

    minimiza a necessidade de utilização de aparelhos de rerigeração, como ar

    condicionadose ventiladores,proporcionandootimizaçãodaeciênciaener

    gética e do conorto térmico aos usuários.

    Antes de projetar a nova residência, as particularidades do clima e da

    região devem ser vericadas, a m de identicar as possveis estratégias

    para maximizar a ventilação natural da casa. Em climas quentes e midos,

    a ventilação cruzada é a estratégia mais simples a ser adotada. Muitas

     janelas permitem excelente ventilação cruzada, como pode ser vericado

    no projeto abaixo Fig..

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL78

    FIGURA23–CORTEDEVENTILAÇÃOCRUZADAEEFEITOCHAMINÉ,EXEMPLOSDEVENTILAÇÃONATURAL. (ILUSTRAÇÃO: NATÁLIA MAyUMI UOZUMI)

    Projetos em áreas prximas à vegetação ou a reservatrios de água sãomedidas que também ajudam a modicar o ambiente dentro e ora da casa.

    O processo de evapotranspiração das supercies das olhas resulta em res

    riamento do ar Fig.. Já a água interere no balanço de energia devido a sua

    alta capacidade térmica e pelo consumo de calor latente pela evaporação

    Paula, 2004.

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    799. Conforto térmiCo

    FIGURA24–USODEVEGETAÇÃOCOMOSOMBREAMENTOPARACONFORTOTÉRMICODEUMACASA. (ILUSTRAÇÃO: NATÁLIA MAyUMI UOZUMI)

    FIGURA25–CASADOARTESÃOEMPIRACAIA.TELHADOVERDEQUEFUNCIONACOMOUMFILTROCONTRAAPOLUI-ÇÃO E NA MANUTENÇÃO DA UMIDADE RELATIVA DO AR. FONTE: ACERVO SMA.

    Telhado verde

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    O telhado verde ou ecotelhado consiste no uso de coberturas vegetais

    grama, fores, árvores e arbustos, ao invés de cermica ou cimento para

    revestir as lajes de casas e prédios.

    A adoção de telhados verdes corresponde a uma tecnologia que auxilia

    na redução de alguns problemas ambientais decorrentes da urbanização

    das grandes cidades. Auxilia na limpeza do ar, diminui o volume de água

    que corre para os esgotos, combate os enômenos de aquecimento global

    e ilhas de calor e ainda permite os isolamentos térmicos e acsticos dosprojetos Tab..

    Ilha de calor é um enômeno que ocorre quando a temperatura em determinadas

    regiõesdoscentrosurbanoscamuitomaiordoqueatemperaturanasregiõesperiéricas,

    devido à alta concentração de ontes de calor, tais como:

    • Edicios, vias pavimentadas e outras supercies;

    • Poluição atmosérica;

    • Veculos que, consumindo combustveis, liberam energia;

    • Falta de vegetação, o que resulta em baixa taxa de evaporação.

    Em São Paulo, por exemplo, já chegou a ser registrada uma dierença de 10ºC entre

    umatemperaturamedidanocentroenaperieriadacidade, enquanto queamédiamun

    dial é de 9ºC.

    Um estudo realizado em Nova Iorque indicou que a implantação de

    50% de telhados verdes na cidade reduziu a temperatura da supercie

    entre 0,1 e 0,8ºC. Também oi comprovado que os telhados verdes cap

    turaram 80% das águas pluviais comparados com os 24% dos telhados

    convencionais Tab..

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    819. Conforto térmiCo

    TABELA 7 – BENEFíCIOS DA IMPLANTAÇÃO DO TELHADO VERDE

    BENEFíCIOS PRIVADOS BENEFíCIOS PúBLICOS

    Aumento da vida til para a membrana do telhado Redução do escoamento de águas pluviais

    Redução do uso de energia para rerigeração Redução da ilha de calor

    Isolamento acstico Melhoria da qualidade do ar

    Produção de alimentos Redução da emissão dos GEEs

    Melhoria da sade pblica

    Valor estético

    Custos Custos

    Custo lquido do telhado verde Administração do programa*

    Custos de manutenção

    *Umprogramadeinraestruturarequersuporteadministrativoemnvelmunicipal.Fonte:Rosenzweig,Gain e Parshall, 2006.

    TABELA8–DIFERENÇASDERETENÇÃODEÁGUASPLUVIAISENTREOSTELHADOSCONVENCIONAISE OS VERDES.

      Precipitação de chuva retida % Telhado convencional Telhado verde

    Retenção média 24% 80%

    Retenção no pico do escoamento 26% 74%

    Fonte: Rosenzweig, Gain e Parshall, 2006.

    Otelhadoverdeconsistebasicamenteemumamembranaimpermeabili

    zante, camada drenante, isolamento térmico e cobertura vegetal Fig..

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL82

    FIGURA26–EXEMPLODEUMAESTRUTURADETELHADOVERDE.(ILUSTRAÇÃO:NATÁLIAMAyUMIUOZUMI)

    A vegetação contribui de orma signicativa para o estabelecimento de

    microclimas e ajuda na ormação de pequenos ecossistemas, tornandose

    ponto de atração de pássaros, insetos e também criando espaços de bem

    estar e lazer. O processo de otossntese provoca o resriamento evaporativo

    que diminui a temperatura e aumenta a umidade do ar em dias quentes de

    verão, avorecendo o conorto térmico da região.

    Para aescolhadasespéciesvegetaisénecessáriooconhecimentodoclima

    local, tipo desubstrato aser utilizado eo tipo demanutenção que será adotada.

    Para a implantação dos telhados verdes gastase em torno de 1/3 a ½ do

    custo da estrutura sem vegetação e pode variar de R$ 150,00 a R$ 230,00/m2.

    Alémdotelhadoverde,ostelhadosbrancostambémajudamnareduçãodoeeitode

    ilha de calor e aumento da umidade da região. O telhado branco consiste na pintura com

    tinta branca dostelhados elajes das residências.O telhado branco absorvemenos calore

    estimase que paracada 100 m2 detelhado branco são compensadas 10 tCO2por ano, ou

    seja, 100 kg CO2 por m2 pintado.

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    Acessibilidade Desenho Universal

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL84

    10. Acessibilidade Desenho Universal

    Rampas de acesso e pisos antiderrapantes, espaço adequado para a pas

    sagem de cadeiras de rodas e barras de apoio são algumas técnicas arquite

    tônicas normalmente utilizadas para garantir a acessibilidade dos ocupantes

    que em algum momento da vida podem apresentar diculdades de locomo

    ção e na execução de atividades dentro de sua casa Fig..

    FIGURA27–SITUAÇÕES(CARRINHODEBEBÊ,IDOSO,CADEIRANTE,GRÁVIDAS,MOBILIDADEREDUZIDAEDEFICIÊN-CIA VISUAL) QUE DEMANDAM PROJETOS DE ACESSIBILIDADE.

    O desenho universal cria soluções simples que asseguram a todas as pes

    soas,independentementedesuascaractersticassicas,idade ouhabilidades,

    a possibilidade de utilizar com segurança e autonomia os diversos espaços

    construdos e os seus objetos. Uma construção adaptável tem custo superior

    de, no máximo, 1% em relação às construções convencionais.

    A Lei Federal nº 10.098/2000 estabelece critérios para apromoçãoda acessibilidade

    daspessoasportadorasdedeciênciaoucommobilidadereduzidanomobiliáriourbano,na construção e reorma de edicios e nos meios de transporte e de comunicação.

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    8510. AcessibilidAde – desenho universAl

    Benecios• Promove a inclusão social;

    • Torna os ambientes iguais para todos;

    • Minimiza os riscos e possveis consequências de ações acidentais ou

    não intencionais.

    Ações

    Algumas medidas para aplicar o conceito de desenho universal em uma

    residência começam com a disposição adequada do seu mobiliário. Quinas,

    excesso de mveis congestionandoo ambiente,assimcomoo uso de tapetes

    e prateleiras atrapalham e oerecem riscos à mobilidade das pessoas. Portan

    to, redistribuir os mveis e adequálos corresponde a uma maneira simples e

    sem custos para a melhoria da acessibilidade de uma residência.Para a concepção de novos projetos e/ou reormas, a norma técnica da

    ABNT NBR 9050/2004 dá diretrizes para a área de circulação, reerenciais

    para alcance manual, dimensionamento de degraus e rampas de acesso etc.

    A seguir, alguns parmetros estabelecidos pela reerida NBR:

    •Espaços como portas e corredores com 0,8 m de largura para a passa

    gem de cadeira de rodas;•Espaços de circulação adequados e existência de áreas de rotação com

    espaços livres de 1,50 x 1,50 m para a locomoção segura do cadeirante;

    •As barras de apoio junto à bacia sanitária, na lateral e no undo,

    devem ter comprimento mnimo de 0,80 m a 0,75 m de altura em

    relação ao piso;

    •As pias de cozinha devem possuir altura de, no máximo, 0,85 m, comaltura livre inerior de, no mnimo, 0,73 m.

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    Estudosde Casos

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    11. Estudos de Casos

    A seguir, serão descritos quatro estudos de ambientes planejadose cons

    trudos seguindo critériosde sustentabilidade.Três deles correspondem a re

    sidências, sendo o quarto projeto um escritrio, a m de exemplicar que a

    sustentabilidade pode ser empregada em qualquer tipo de construção.

    Casa com acessibilidade

    Projetada por Marcondes Perito Engenharia e Arquitetura, a casa cons

    truda na cidade de São Paulo segue os conceitos do desenho universal e tem

    ambientes que podem ser adequados conorme as necessidades do usuário.

    FIGURA28–ESCADASCOMCORRIMÃOESENSORESDEPRESENÇAPARAILUMINAÇÃO.FONTE:MARCONDES PERITO ENGENHARIA E ARQUITETURA

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    8911. Estudos dE casos

    FIGURA29–ESPAÇOPARAAINSTALAÇÃODEELEVADOR.FONTE:MARCONDESPERITOENGENHA-RIA E ARQUITETURA

    FIGURA30–BANHEIROCOMBARRASECADEIRADEAPOIO.FONTE:MARCONDESPERITOENGE-NHARIA E ARQUITETURA

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL90

    Caractersticas do projeto:

    • O acesso à casa é eito por uma rampa suave 6% de inclinação, com

    guia rebaixada para pedestres;

    • Os ambientes possuem espaço suciente para manobra de cadeira de

    rodas;

    • Caso necessite do benecio no uturo, há inraestrutura para a instala

    ção de um elevador;

    • No piso térreo, um cômodo anexo a um banheiro acessvel permite

    uso diversicado, como uma sute, no caso de limitação temporária ou

    permanente de algum morador;

    • Os banheiros possuem barras de apoio;

    • Sensor de presença na escada e corredor iluminado;

    • Pia com gabinetes removveis e tampos com variações reguláveis para

    adaptação à altura do morador.

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    9111. Estudos dE casos

    Casa EucaliptosLocalizada em uma área de reserva forestal em Campos do JordãoSP, a

    casa de 50 m2, projetada por André Eisenlohr, oi construda com madeira de

    reforestamento epreservando atopograado terreno, sema necessidade de

    movimentação do solo.

    FIGURA31–FACHADACOMVIDROSAMPLOS,IDEALPARAILUMINAÇÃONATURAL.FONTE:ANDRÉ

    EISENLOHR

    FIGURA32–UTILIZAÇÃODECOLETORESSOLARESPARAAQUECIMENTODAÁGUA.FONTE:ANDRÉ

    EISENLOHR

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    CADERNO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL92

    FIGURA33–PILARESDESUSTENTAÇÃOCOMMADEIRASDEREFLORESTAMENTO.FONTE:ANDRÉEISENLOHR

    Caractersticas do projeto:

    • Iluminação natural por meio de grandes painéis de vidro;

    • Sistema de aquecimento da água utilizando placas solares;

    • Pilares de eucalipto, vigas de jatobá, além de assoalho edeck de mui

    racatiara provenientes de áreas de manejo sustentável;

    • 95% dos resduos de madeira oram aproveitados para a composição

    das paredes, armá