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 http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/calvino_genebra_sergio.htm  Acesso em: 03/03/2008  João Calvino: Sua Influência na V ida Urbana de Genebra  por Rev. Sérgio Paulo Ribeiro Lyra  SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO. 2. GENEBRA ANTES DE CALVINO 2.1 - O Contexto Político Genebrense 2.2 - A Situação Estrutural da Cidade 2.3 - A Influência Protestante Externa em Genebra 3. TRAÇOS DA LIDERANÇA DE JOÃO CALVINO 3.1 – Um Líder Preparado para Servir 3.2 – Calvino: Um Líder Contemporâneo 3.3 – A Liderança Estruturada de Calvino 3.4 - Perigos e Erros de um Jovem Líder 4. A INFLUÊNCIA DE CALVINO EM GENEBRA 4.1 – Impactos na Política de Genebra 4.2 – Transformações Econômicas e Sociais 4.3 – A Revolução na Vida Religiosa em Genebra 5. CONCLUSÃO 6. BIBLIOGRAFIA 1. INTRODUÇÃO Inquestionavelmen te João Calvino foi um homem incomum. Ele não apenas foi uma  personalidade m arcante e influenciad ora, mas também demonstrou uma admirável capacidade de organizar e legislar . Os i mpactos de sua liderança na cidade de Genebra deixaram profundas marcas em uma civilização inteira, marcas essas que se espalharam tanto por onde a fé reformada achava abrigo quanto nos locais onde era rejeitada. Na  busca de lanç ar um pouco ma is de luz sobre os princípios da lideran ça adotados p or Calvino durante o seu ministério em Genebra, empreendemos esta pesquisa.

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  • http://www.monergismo.com/textos/jcalvino/calvino_genebra_sergio.htm Acesso em: 03/03/2008

    Joo Calvino: Sua Influncia na Vida Urbana de Genebra

    por

    Rev. Srgio Paulo Ribeiro Lyra

    SUMRIO

    1. INTRODUO.

    2. GENEBRA ANTES DE CALVINO 2.1 - O Contexto Poltico Genebrense 2.2 - A Situao Estrutural da Cidade 2.3 - A Influncia Protestante Externa em Genebra

    3. TRAOS DA LIDERANA DE JOO CALVINO 3.1 Um Lder Preparado para Servir 3.2 Calvino: Um Lder Contemporneo 3.3 A Liderana Estruturada de Calvino 3.4 - Perigos e Erros de um Jovem Lder

    4. A INFLUNCIA DE CALVINO EM GENEBRA 4.1 Impactos na Poltica de Genebra 4.2 Transformaes Econmicas e Sociais 4.3 A Revoluo na Vida Religiosa em Genebra

    5. CONCLUSO

    6. BIBLIOGRAFIA

    1. INTRODUO

    Inquestionavelmente Joo Calvino foi um homem incomum. Ele no apenas foi uma personalidade marcante e influenciadora, mas tambm demonstrou uma admirvel capacidade de organizar e legislar. Os impactos de sua liderana na cidade de Genebra deixaram profundas marcas em uma civilizao inteira, marcas essas que se espalharam tanto por onde a f reformada achava abrigo quanto nos locais onde era rejeitada. Na busca de lanar um pouco mais de luz sobre os princpios da liderana adotados por Calvino durante o seu ministrio em Genebra, empreendemos esta pesquisa.

  • Constatamos que a quantidade de material produzido tanto por Calvino como por companheiros seus, alm de abundantes obras atuais, nos permitiram produzir um trabalho que focaliza o reformador no desenvolvimento de suas relaes como um lder cristo de grande influncia, bem como identificar aspectos e impactos produzidos no contexto urbano de Genebra do sculo XVI.

    Buscando ser fiel ao escopo aqui estabelecido, se faz necessrio, logo de incio, deixar claro que mesmo com o grande volume de informaes disponveis, o que fazemos ainda uma deduo a partir de escritos sem vida, com os quais no podemos dialogar. Nas palavras de Richard Gable: "Tratar de descrever a influncia de Calvino em qualquer pas especfico uma tarefa complexa e mais difcil ainda quando sintetizar se faz necessrio". Isto significa que jamais podemos declarar como amplamente conclusivas e totalmente corretas em suas nfases, todas as concluses a que chegarmos. Para tanto basta se constar as centenas de livros que ora defendem, ora rejeitam o reformador de Genebra.

    Partindo da necessidade de se conhecer a realidade situacional de Genebra de 1500, faremos, de incio, uma breve exposio do contexto que envolvia aquela cidade, bem como os aspectos geo-politicos e scio-econmicos. Em seguida, lanando mo de descries biogrficas acerca de Calvino, buscaremos identificar o perfil de sua formao familiar, acadmica e espiritual para ento focalizar o seu ministrio em Genebra, inicialmente como pastor e posteriormente como pastor-legislador. Por fim, no ltimo captulo, abordaremos os macro impactos causados por sua liderana no povo e nas estruturas urbanas de Genebra.

    2. GENEBRA ANTES DE CALVINO

    A Genebra do sculo XVI era um cidade sua, de fala francesa, estando situada ao sul do lago Leman, conhecido hoje como lago de Genebra. Ela dividida em duas pelo rio Rhne, tendo uma ponte ao norte, conhecida como St Gervais, que proporcionava o contato entre as duas partes. At 1536 a situao da cidade era delicada. Genebra foi uma repblica que estava inserida entre os limites dos cantes suos, os domnios do duque de Savia e o reino da Frana, e uma luta pelo poder gerava disputas na cidade.

    2.1 - O Contexto Poltico

    Durante a idade mdia, Genebra foi uma vila episcopal que deveria ser governada pelo seu bispo. Mas, na realidade, ela estava sob o controle do duque de Savia, Charles III, desde 1504. Havia uma acirrada luta pelo poder entre o bispo catlico Jean e o Duque. Porm, com a morte do bispo o duque Charles tomou para si praticamente toda a autoridade e incorporou ao seu controle as "adjudicaes de causas cveis que rendiam muito dinheiro" e que estavam sob a tutela do bispado. Tal atitude provocou uma revolta nos habitantes de Genebra contra o duque, produzindo uma guerra entre os moradores da cidade e as foras do duque. Nesse tempo, entrou na disputa a poderosa cidade de Berna, cujo governo considerava Carlos V, rei do

    Sacrossanto Imprio Germnico, Espanha e pases Baixos, pessoa perigosa por tambm desejar governar a Sua. Em 8 de fevereiro de 1520, o conclio de Berna recebeu a cidade de Genebra como sua confederada e conclios desta votaram aprovando a confederao. O ento atual bispo de Genebra, que era um representante do duque, ao

  • saber da federao de Genebra a j protestante cidade de Berna, fugiu da cidade com outras 50 pessoas ligadas ao duque. Seguiu-se uma real guerra entre as foras de Genebra e as do duque de Savia, o qual armou guerrilhas que assaltavam aqueles que se dirigiam cidade, bloqueando as estradas. Apenas quando o forte exrcito de 6.000 homens de Berna se movimentou em direo a Genebra, forando as tropas do duque a recuarem para a Frana, que as estradas foram liberadas e Genebra ficou livre.

    2.2 - A Situao Estrutural da Cidade

    No h um pleno consenso sobre a populao de Genebra antes da chegada de Calvino em 1536. McNeill fala de 12.000 habitantes, Nichols 13.000 e Hermisten Costa, citando Stanford Reid, defende apenas 9.000 habitantes. Contudo, segundo Phillip Schalf, parece ser mais aceito 12.000 habitantes a populao no incio do sculo XVI. A cidade era conhecida pelas suas ruas limpas com banheiros pblicos, e pelo forte comrcio que nela acontecia, fruto de freqentes feiras setorizadas. Em Genebra se produzia gros, peixes secos e artesanato. Sua caracterstica econmica diferia da maioria das cidades da regio, embora houvesse algumas indstrias. Segundo Bieler, "Em Genebra no havia um proletariado urbano ou mineiros como na Alemanha e Frana, ou uma classe camponesa numerosa".

    Genebra era tambm conhecida como a "cidade dos conclios". Os membros desses conclios eram eleitos pelo povo e tinham a finalidade de exercer tanto o poder executivo quanto o legislativo e judicirio. Os conclios eram em nmero de quatro: o conclio de 4 sndicos sendo este o que exercia a funo executiva; o conclio menor que incorporava os 4 sndicos e mais 21 outros membros; o Conclio dos 200, composto por 200 cidado eleitos; e o concilio geral, tambm conhecido como " Bourgeoisie ", composto por todos homens nascidos de Genebra e chamados de " Citoyen ". Afora isso, a cidade era uma tpica cidade do seu tempo, com muita fumaa produzida pelos foges lenha e aquecedores, muita lama nas pocas de chuvas, muitos animais domsticos e muros protetores ao seu redor.

    Contudo, foi apenas em um aspecto que Genebra se tornou realmente nica em toda Europa, a cidade foi o ponto central para treinamento e expanso da reforma calvinista. Segundo a nossa percepo, talvez, o ttulo de centro da infiltrao protestante seria uma terminologia mais descritiva do que a cidade representou para a reforma.

    2.3 - A Influncia Protestante Externa em Genebra

    A cidade de Berna havia abraado o protestantismo em 1528 pela ao de pregadores influenciados por Lutero e Zwinglio, contudo no que diz respeito a "converso" de Genebra ao protestantismo, ocorreu algo semelhante ao que se deu na cidade de Antioquia da Sria. Comerciantes protestantes de Nrenberg e soldados de Berna com seus capeles, gradualmente trouxeram o protestantismo para Genebra. Pregadores como Antoine Froment e Guilherme Farel foram to influentes que j em 1533 a primeira ceia do Senhor foi celebra na cidade. Em 1534 o conclio menor votou que o episcopado deveria ficar vago e em 21 de maio de 1536 o conclio geral votou unnime: "viver de acordo com o evangelho". nesse contexto que dois meses depois Joo Calvino, quando ia de viagem em direo cidade de Estrasburgo, ao decidir apenas

  • pernoitar em Genebra, propiciou o seu j bem conhecido encontro com Farel e com Genebra.

    3. TRAOS DA LIDERANA DE JOO CALVINO

    Calvino como Lder Contemporneo em Genebra

    H uma claro consenso entre os historiadores em apresentar Calvino como um lder claramente relacionado com os problemas do seu tempo e contexto. William Bouwsma no prefcio do seu livro sobre Calvino chega a afirmar que "no pode aceitar a verso ensinada de Calvino como um pensador sistemtico" e enfatiza: "eu no acredito que Calvino sequer aspirava construir um sistema, como o termo sistema' comumente entendido... Ele (Calvino) procurou, como outros humanistas, desenvolver uma efetiva pedagogia... a urgncia do seu tempo requeria isto". Este mesmo autor reiterando a sua posio de apresentar Calvino como um lder pertinente ao seu tempo, cita o prprio Calvino afirmando: "verdadeiramente ns devemos trabalhar mais para o nosso tempo e tom-lo com mais afinco. O futuro no deve ser desprezado, mas o que presente e urgente requer mais de nossa ateno". Vejamos, pois, como isto se processou nas diversas fases da vida de Calvino.

    A. O propsito primevo das Institutas

    De particular interesse para ns, registrar o real propsito pelo qual Calvino decidiu escrever a primeira verso de suas Institutas. Sua liderana como proeminente telogo e jurista j se destacava pelos constantes questionamentos que lhe eram feitos aonde chegasse. Porm, o ponto de partida foi a atitude do rei francs Francis que para afastar a simpatia dos estrangeiros pelas vtimas de sua perseguio contra os protestantes, declarou em um de seus manifestos que os punidos com torturas e fogueira eram apenas anabatistas e homens perversos. Calvino, vivendo esse momento resolveu escrever suas Institutas com dois propsitos: "Primeiro para vindicar o indesejvel insulto ao meu irmo (Etiene de la Furge) cuja morte foi preciosa aos olhos do Senhor, e segundo, uma vez que alguns sofrimentos afligiram muitos homens piedosos, alguma tristeza e cuidados por eles deve mover povos estrangeiros". John Dillengerber nas suas selees de escritos de Calvino inclui o prefcio que foi elaborado para o comentrio do livro de Salmos onde Calvino explicita o seu propsito em escrever as Institutas:

    Vendo eu que esses arengueiros da corte usavam e dissimulaes de diligncias por fazer no somente que a dignidade desse derramamento de sangue inocente permanecesse amortalhada pelas falsas imputaes e calnias, com as quais enxovalhavam os santos mrtires aps a sua morte, mas tambm que a seguir, contavam como meio de produzir a todo extremo para afligir os pobres fiis, sem que algum pudesse ter compaixo deles, pareceu-me que, a no ser que a isso me opusesse valorosamente, quanto a mim estava, no podendo eu desculpar-me de, em calando-me, ser eu considerado covarde e desleal. E esta foi a razo que me levou a publicar as Institutas.

  • Aos dois desejos expressos por Calvino deve ser acrescido o desejo de ver o rei Francis I mudar a sua atitude de perseguio violenta, desejo este que Calvino claramente expe na carta de dedicao das Institutas enviadas ao rei. Contudo, o que poucos divulgam hoje que o autor das Institutas as escreveu por causa das perseguies da sua poca. Fica assim mais uma vez evidente que o grande Reformador foi um lder do seu tempo, pertinente ao contexto histrico e relevante s necessidades do seu momento. Merece ainda destaque o fato de Calvino no ser um lder isolacionista. Com ele estava um grupo de homens dedicados a Cristo e a sua obra. Eles estavam inconformados com a selvagem perseguio aos protestantes, e igualmente preocupados em esclarecer a muitos as verdades do evangelho.

    B. Lder contextualizado com a realidade de Genebra

    Focalizando o nosso escopo geogrfico urbano, lanaremos luz sobre a determinao de Calvino ser um lder cristo relevante e contextualizado em Genebra. Mesmo reconhecendo que a cidade j havia experimentado resultados transformadores fruto da sua adeso f reformada, atravs das pregaes de Farel e do trabalho de Viret, algo ainda faltava Genebra. Foi por essa razo que Farel insistentemente instou com Calvino para que ele decidisse ficar na cidade e ajudar na implementao de estruturas que refletissem os princpios da reforma protestante. A liderana organizadora, participativa e contextualizada de Joo Calvino produziu uma verdadeira reforma urbana em todos os nveis. Hrcsik afirma que "o trabalho de Farel produziu um santo triunvirato' Farel, Viret e Calvino. Eles eram complementares uns aos outros, bem como congregao de Genebra e grandemente fortaleceram a Igreja".

    Porm, no foi o apelo intimador de Farel o principal motivo que fez Calvino ficar em Genebra. De acordo com Alexander Ganoczy "Calvino no anuiu ao pedido de Farel at ele reconhecer a real situao de Genebra". O prprio Calvino, 28 anos aps sua deciso de assumir o desafio Genebrense, escreveu: "Quando na primeira vez vi a esta igreja, ela era praticamente nada. Eles pregavam e isto era tudo. Eles procuravam por dolos e os destruam mas, no havia a menor reforma. Tudo estava em desordem". Calvino no era apenas um lder sensvel e escrutinador das necessidades do seu contexto, ele era tambm um lder cujo preparo o habilitava a servir com probidade e capacidade. Foi por assim pensar que Andr Biler no comeo do seu livro O Pensamento Econmico Social de Calvino atesta que "no seria possvel vislumbrar o pensamento econmico social do reformador sem vincul-lo estreitamente aos principais acontecimentos sociais e religiosos do sculo XVI".

    *** 1 estada em genebra

    4. A INFLUNCIA DE CALVINO EM GENEBRA

    Charles van Engen no seu livro Povo de Deus, Povo Missionrio falando sobre a liderana crist, afirma que no uma tarefa simples definir o que seja um bom lder, porm sugere como aceitvel a definio de W. Engstron o qual declara: "O lder faz as coisas acontecerem, jamais so marionetes, e agem". Neste aspecto Calvino se mostrou um lder marcante. A cidade de Genebra chegou a ser conhecida como a cidade de Calvino. Isso comeou a acontecer no perodo intermedirio de sua segunda estada em

  • Genebra, poca em que os movimentos de oposio sua liderana praticamente se renderam aos benefcios de sua administrao. Segundo Georgia Harkness o reformador francs, como ele o menciona, tinha em mente remodelar as estruturas globais da cidade tornando-a " Civit Dei cidade de Deus, ", cidade na qual a Palavra de Deus deveria ser a ltima autoridade em matria de moral, bem como de f". O desejo de implementar o ideal cristo na vida da cidade produziu mudanas urbanas profundas, no apenas nas estruturas de governo, mas tambm nos governantes e nos cidados. Sem deixar de reconhecer que os impactos resultantes de seu dedicado esforo em Genebra espraiou-se por quase todo ocidente, aqui decidimos focalizar apenas os macro impactos da liderana de Calvino na poltica, na rea econmica e social e na vida religiosa da cidade de Genebra. (intro)

    4.1 - Impactos na Poltica de Genebra

    Como j dissemos, Genebra era uma cidade governada por conclios. Antes de Calvino no havia uma normatizao legislativa organizada e explicitada para todos. Movido pelo seu zelo de sempre ser fiel ao ensino moral da Bblia, e ajudado por seu conhecimento jurdico, ele foi o agente e mentor de vrias mudanas polticas. (intro) bem verdade que Calvino s foi chamado para se envolver ajudando na confeco do corpo de leis para a cidade, posteriormente sua intensa atividade na reformulao da vida religiosa. Aqui destacamos dois pontos, por consider-los de maior grandeza, a relao entre a igreja e estado, e o governo com a participao popular.

    A. Relaes entre o estado e a igreja

    Como reflexo da poltica praticada em sua poca, o atrelamento funcional igreja-estado, que fora exercido por sculos pelo catolicismo romano, tambm foi claramente percebido em Genebra. Reformadores como Martin Bucer se posicionavam favorvel no independncia da igreja em relao ao estado, posio que Calvino no apoiava. Nesse assunto parece haver um ponto de discordncia entre os estudiosos. H autores que apresentam o nosso reformador como um ardoroso advogado da plena independncia, e outros que lanam dvida como pode ser notado na avaliao de Wilson Ferreira: "essa separao da igreja e estado existiu para Calvino mais em teoria do que em prtica". Embora no fosse desejado a interferncia do estado nas decises e estruturas de ao da Igreja, Bouwsma alerta que Calvino admitia como ao legtima do estado "defender a igreja e executar vingana sobre os profanos ou sobre aqueles que querem reduzir a nada o evangelho", e Andr Biler tambm compartilha dessa idia ao enfatizar que para Calvino "O Estado no , pois, um mal necessrio, mas um instrumento da providncia divina".

    Por outro lado, inegvel que a chagada de Calvino em Genebra foi a fonte de vrios confrontos com os conclios da cidade em busca de uma autonomia para a liderana eclesistica e uma maior clareza entre os limites das atribuies e poderes entre a igreja e o estado. Logo no primeiro perodo, Calvino rejeitou a autoridade da igreja sobre causas civis e restituiu aos magistrados civis, o poder que havia sido exercido pelos bispos catlicos. No pairam dvidas que ele no permitia a interferncia do estado nas decises da igreja. Na verdade nos parece sensato reconhecer que na estrutura de governo idealizada, a igreja seria autnoma em seus assuntos de crena, f e disciplina, devendo o estado ouvir e proteger a igreja, e a igreja no deveria exercer o poder civil.

  • B. Governo poltico e participao popular

    Para o reformador de Genebra no havia uma desassociao entre a vida crist e a sua participao nos assuntos da comunidade. Exatamente por entender que a participao poltica responsabilidade de todo cristo, sua posio quanto a forma de governo refletia uma franca rejeio a qualquer tipo de governo que fosse dspota e tirnico. O poder civil deveria ser uma representao da vontade popular, ao mesmo tempo que o povo, a partir de sua juventude, deveria ser preparado para se tornar politicamente responsvel e participativo. O intuito de politizar os cidado visto por Bouwsma como "uma busca para produzir (nos cidados) uma conscincia poltica e um senso de responsabilidade pblica". O que necessita ficar bem entendido que Calvino procurou estabelecer que a "Igreja e o estado deveriam estar livres para legislar na extenso da lei e controle, os dois governos deveriam assistir um ao outro", pois na sua concepo "poltica e a verdade espiritual so inseparveis". politica

    Um fato ocorrido em 1543 tornou decisiva a influncia de Calvino na vida pblica. O conclio dos 25 o convocou para cooperar na elaborao de uma nova ordem social para Genebra. Andr Biler argumenta que dois aspectos principais se destacaram. Primeiro a liberdade civil passou a ter a sua restrio nos princpios do prprio evangelho, pois agora a lei estabelecia que cada cidado faria "juramento de viver e de morrer para manter o evangelho e a liberdade da cidade". O segundo destaque para a liderana, o magistrado, o prncipe ou conselheiro de uma democracia no pode ser indiferente a sua fidelidade igreja. Tais posies apresentam um certo atrelamento do poder civil ao religioso. Esta posio tambm a de William Bouwsma que ressalta o fato de Calvino partir do pressuposto de que "o homem no habita junto sem lei" e, admitindo que possvel e permitido resistir autoridade publica que "exalta a si mesmo e diminui o direito de Deus", no poderia deixar de produzir uma ordem pblica aonde "o governo civil deve implantar a vontade de Deus" .

    Essa estrutura governamental idealizada e implementada em Genebra levou alguns estudiosos a caracterizar a proposta calvinista de governo como uma teocracia, onde a igreja estaria acima do estado. Contudo, a melhor avaliao, ao nosso ver, a de Harkness ao dizer que "o que se diz da teocracia' de Calvino melhor propriamente dito ser chamado governo bibliogrfico'.".

    4.2 - Transformaes Econmicas e Sociais

    fato j conhecido, antes de Calvino chegar a Genebra, que os impactos provenientes das doutrinas e princpios abraados pela reforma iniciada por Lutero e Zwinglio, j haviam chegado cidade. Mudanas significativas modificaram a vida dos genebrenses tornando a administrao da coisa pblica mais povo-orientada. Isso pode ser visto na rea da educao quando em 1536 o governo pediu que os cidados de Genebra assinassem um pacto comprometendo-se a enviar seus filhos s recm-formadas escolas pbicas, e tambm na rea da sade, pois a cidade mantinha um hospital comunitrio.

    A fortssima ligao de Calvino com a prtica do evangelho no permitiu que houvesse uma desassociao entre a reforma social e a reforma religiosa. O trao holstico da reforma calvinista produziu o que hoje tem sido chamado de misso integral. intro

  • Segundo Biler, tarefa difcil, se no impossvel, dizer que Calvino, ao promover o bem estar pblico e social, desligava-se das formulaes teolgicas pois "elas seguem juntas". Genebra havia sido sacudida pelo evangelho, mas lhe faltava organizao normativa, a reforma fora, em parte, o reflexo de um desejo popular, contudo a presena de Calvino e sua liderana foram a pea chave de uma estrutura estvel e organizada, fator que David Bosh chama de "instituio do movimento". Historiadores modernos alegam que a reforma popular na cidade "no levaria a nenhum estado duradouro enquanto no recebesse a instruo de intelectuais (Calvino e seus companheiros)".

    Ao contrario da idia abraada pela Igreja Catlica Romana que havia praticamente dicotomizado o material e o espiritual, sendo o segundo o sagrado, os ofcios no sacerdotais eram ditos inferiores e seculares, no sagrados. A doutrina do sacerdcio universal de todos os santos estabelecida pela reforma, jamais poderia deixar de encontrar amparo no pensamento social de Calvino. Ele no concebia um evangelho que no levasse o cristo a participar relevantemente na vida ativa da cidade.

    A sua contribuio na rea social levou Graham a considerar "Calvino como o telogo de maior influncia para o contexto urbano de sua poca, ao defender que "todo empreendimento humano est marcado com o mal, contudo isto nos impulsiona com o propsito de fazer o evangelho relevante na cidade de comrcio na qual vivemos e trabalhamos.". Dentre o muito que foi conseguido pela participao marcante do reformador em Genebra na rea scio-econmica selecionamos aqui 12 itens:

    Assistncia social aos necessitados sem discriminao de nacionalidade.

    Ajuda e cuidado com a sade popular atravs de um programa de visita mdica domiciliar.

    Esforos do governo na capacitao profissional. Combate ao desemprego com oferta de trabalho pelo governo. nfase no amparo aos pobres, idosos e desamparados. Luta contra a insolncia do luxo em relao aos pobres. Exemplo de simplicidade por parte dos reformadores-lderes

    pblicos. Limitao dos juros nos emprstimos. Forte combate especulao. Ataque frontal escravido. Combate a bebedice e proliferao das tavernas. Grande esforo na educao de todos.

    Merece um pouco mais de pesquisa a liderana de Calvino na rea da educao. Em Genebra a sua grande marca educacional ficou indelvel atravs da criao da Academia. Essa escola possua dois nveis, o fundamental que era conhecido como escola superior ou pblica , e o segundo era o inferior ou escola privata equivalente ao nosso terceiro grau. A Academia de Genebra foi fundada em 1559 e Calvino convidou Teodoro Beza para ser o seu primeiro reitor. Essa escola veio a tornar-se o seminrio do calvinismo e o modelo para vrias outras universidades que foram lideradas por grandes nomes, ex-alunos da Academia de Genebra. No ano da morte de Calvino a escola tinha 1.500 alunos matriculados, onde a maioria era de estrangeiros. A escola de primeiro grau possua 1.200 alunos, e a universidade 300 estudantes de teologia, direito e medicina .

  • 4.3 - A Revoluo na Vida Religiosa em Genebra

    Visando a tarefa de reestruturar o governo eclesistico segundo as Escrituras, em novembro de 1536, Calvino e Farel compilaram um documento que continha regras para uma nova ordem litrgica dos cultos, uso dos sacramentos e costumes que os fiis deveriam respeitar. No documento havia pontos pacficos como a valorizao da famlia, a eleio dos pastores de cada parquia e a representatividade dos presbteros nos distritos. Contudo, logo no primeiro artigo do documento, havia uma matria que Biler chamou de "equvoco calvinista que ir suscitar tanto controvrsias como interpretaes fantasiosas.". Por ele dava-se ao magistrado civil o poder de intervir para avaliar a f dos cidados, o que no deixava de ser uma espcie de continuidade da poltica Catlico-Romana. Por outro lado, a estrutura hierrquica clerical adotada por sculos pela Igreja Catlica, no refletia o ideal bblico, e o papa era claramente identificado por Calvino como um agente de Satans. Rejeitando peremptoriamente essa "tirania papista", ele implementou na igreja um governo com razes no ensino das Escrituras que estava estabelecido sob quatro ofcios onde leigos e ordenados tomavam parte.

    Partindo do pano de fundo no qual a Igreja Catlica vivia a longa tradio milenar que ensinava existir vrios ofcios no ministrio sacramental, a teologia reformada causou grande impacto quando Lutero propagou o sacerdcio de todos os santos. Porm, foi Joo Calvino, com a sua doutrina da pluralidade dos ministrios eclesisticos, que abriu definitivamente as portas para o ministrio leigo participativo, diretivo e at disciplinador. A modificao se deu pela reviso na concepo do sagrado, quebrando-se a dicotomia profano-sagrado, e consequentemente clero-povo. A designao "ministrios eclesisticos" passou tambm a ser utilizada para "funes temporais tais como a administrao do dinheiro e a caridade". Ora, na teologia romana todas as funes administrativas, interpretativas da Palavra, sacramentais e disciplinares, eram exercida pelo clero e somente pelo clero ordenado, posio que Calvino discordava. O telogo reformado McKee comentando esse posicionamento afirmou: "ele (Calvino), negando quaisquer diferenas essenciais entre os cristos, admitiu que os leigos tambm so ministros no somente na vida particular, mas tambm na liderana da comunidade crist". Estes ministrios plurais estavam mais relacionados com as funes necessrias da liderana eclesistica. O reformador, na verdade, no excluiu totalmente a idia de "clero" pois os "pastores ordenados" eram os responsveis pelos sacramentos e pela pregao, e o laicato se ocuparia de todas as outras tarefas religiosas.

    O ensino do Calvinismo quanto aos ministrios plurais, apresentava quatro ofcios eclesisticos: Pastor, Mestre, Presbtero e Dicono. Porm, Calvino o nico a defender que dos quatro, os ofcio leigos de presbtero e dicono, so tambm permanentes. Interessante a dupla tarefa dos mestres, os quais deveriam ser responsveis pelo "ensino da doutrina slida aos fiis e preparar os jovens para o ministrio e para o governo civil". Assim, para os reformadores calvinistas, os ministrios cristos leigos de disciplina e caridade, foram entendidos como ofcios da igreja e baseados na Bblia e ativos na cidade. O leigo, com Calvino, voltou a ter participao ativa na ao, deciso e misso da igreja. Digno de registro ainda a aceitao, por parte de Calvino, de mulheres no ofcio de dicono. Embora ele no tenha enfatizado muito esta questo, os seus escritos claramente o admitem.

  • O cuidado a ser dispensado aos pobres foi confiado aos diconos. Contudo, duas espcies so mencionadas na carta aos Romanos: "Aquele que d, faa-o com simplicidade;... o que exerce misericrdia, com alegria" (Rm 12:8). Visto que certo que Paulo est falando do ofcio pblico da igreja, aqui tem de haver dois graus distintos. A menos que minha avaliao me engane, na primeira clusula ele designa os diconos que distribuem as esmolas. Mas a segunda refere-se queles que se dedicam ao cuidado dos pobres e dos enfermos. Nessa categoria estavam as vivas que Paulo menciona a Timteo (I Tm 5:3-10). As mulheres no podiam ocupar nenhum ofcio pblico a no ser se dedicarem a cuidar dos pobres. No havendo mais a autoridade de um padre, em nome da igreja, sobre o povo, a fim de manter a disciplina na igreja, foi criado um conselho eclesistico chamado consistrio. Este rgo era composto de 6 pastores e 6 leigos presbteros, sendo presidido pelo primeiro sndico. A disciplina que era imposta aos faltosos possua trs nveis: admoestao particular, admoestao com testemunhas e a excomunho.

    A liderana de Joo Calvino na igreja geneberense no foi uma tarefa tranqila. No seu comeo ela proporcionou grandes impactos e recebeu fortes ataques. Ao longo de sua influncia, essa resistncia veio a arrefecer sendo possvel traar dois perodos. O primeiro foi marcado pelo desejo de provocar rpidas e decisivas mudanas e continha um certo sabor de liderana radical em aspectos de conduta, embora estivesse correto nos seus propsitos. O segundo foi marcado pela liderana mais ponderada e comedida, resultando em slidas alteraes religiosas e sociais.

    O forte sabor de extremismo do primeiro perodo no deixou de produzir as suas marcas nas propostas para a rea religiosa. O ponto alto, talvez, tenha sido quando o conclio menor, influenciado pelos reformadores, concordou com os termos de um documento elaborado por Calvino e decidiu que "faria uma inquisio acerca das insolncias e maus costumes que reinavam por sobre a cidade, e que se viva segundo Deus". priori tal proposta at veio a se assemelhar com o propsito de Esdras e Neemias na reconstruo das estruturas morais e religiosas do povo de Israel, contudo, os pastores de Genebra foram alm e "proibiu-se cantar cantigas chulas, jogar jogos de azar, abrir qualquer espcie de posto comercial no domingo na hora do sermo ou apregoar nas ruas a venda de comidas". Alm disto, foi tambm proibida a exibio de dramas e estabelecida uma punio para quem danasse, mesmo quando praticada entre cnjuges e familiares,. A reao popular foi imediata. A populao sentiu-se acuada e aprisionada, logo pressionou o conclio dos 25 e este, por sua vez, esquivou-se creditando a culpa aos pastores, o que veio a tornar-se um dos fatores para a expulso de Calvino e Farel em 1538.

    5. CONCLUSO

    No cremos ser incorreto afirmar que o foco principal da influncia de Calvino em Genebra recaiu sobre a vida religiosa. Foi a partir de uma sincera prtica das verdades e valores do evangelho que ele idealizou tornar Genebra a "cidade de Deus". Mas a bem da verdade, muitos problemas e dificuldades com a vida moral da populao e confrontao sua liderana foram enfrentados antes que uma estabilidade que se aproximasse dos seus padres fosse conseguida na igreja de Genebra. A implantao de uma nova ordem religiosa no inibiu o surgimento de imoralidades, inclusive dentro da sua prpria famlia, quando sua cunhada cometeu adultrio com o seu secretrio

  • particular e depois quando sua enteada ficou grvida sem estar casada. Em nenhuma das duas situaes foi permitido o uso de dois pesos e duas medidas, ambos os casos foram tratados e julgados pelo consistrio como todos os demais que j haviam ocorridos, inclusive a decretao da priso de sua cunhada adltera, esposa de seu irmo Antnio.

    Nos ltimos anos que Joo Calvino passou em Genebra, a amplitude do seu trabalho, ensino e liderana j haviam gerado uma nova mentalidade urbana. A academia de Genebra tornou-se uma verdadeira "escola de misses" da Europa, a ordem do governo e a probidade dos governantes da cidade associada a participao civil dos cidados ganharam fama. A igreja ensinava e vivia as verdades das Escrituras, a ao social era parte da vida crist, alm disso, promoveu-se uma ampla e reconhecida acolhida aos imigrantes, fugitivos de diversos lugares por perseguies aos protestantes. Genebra no era mais a mesma cidade do incio de sculo XVI, o ideal calvinista no era um cu na terra, mas a busca dos valores do evangelho na vida individual e coletiva, indelevelmente haviam marcado as estruturas religiosas e sociais da cidade.

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    Sobre o autor: O autor pastor presbiteriano, mestre em missiologia pelo Centro Presbiteriano de Ps-Graduao Andrew Jumper da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP e coordenador da Ps-Gaduao do Seminrio Presbiteriano do Norte .

    Fonte: Missiodei.com.br

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