80 em últi- mo Marinha...J-.Lextensões da costa do distrito devido a manobras e treinos militares...

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ABERTURA. As ma- nobras que a Marinha Portuguesa executa ao largo da Costa cie Se- túbal nem sempre é do agrado da classe pisca- tória/As associações do sector falam mesmo de enormes prejuízos tjtte, no caso da Sesibal, ultrapassou os 3 mi- lhões de euros. Em cau- sa estão as várias inter- dições que ocorrem em média 80 dias em cada ano e alguns estragos das redes. Neste últi- mo caso, a Marinha não confirma. PÁG.2

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ABERTURA. As ma-nobras que a MarinhaPortuguesa executa ao

largo da Costa cie Se-túbal nem sempre é do

agrado da classe pisca-tória/As associações do

sector falam mesmo deenormes prejuízos tjtte,só no caso da Sesibal,

já ultrapassou os 3 mi-lhões de euros. Em cau-sa estão as várias inter-dições que ocorrem em

média 80 dias em cadaano e alguns estragosdas redes. Neste últi-mo caso, a Marinha nãoconfirma.

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Manobras geram prejuízos de 3,2 milhões e não pagam indemnizações

Bruno Cardoso*

Associaçõesde armadoreslamentaminterdiçõesao largo departes da costado distritoe queremnovo olhar doGoverno sobreo problema.Marinhacontrapõenúmero deincidentes comembarcaçõesavançado porsindicato ao

Semmais.7\ interdição de pescar/ \ em determinadas

J- .Lextensões da costa do

distrito devido a manobras e

treinos militares da Marinha e

Força Aérea provocou preju-ízos de 3,2 milhões de euros

nas últimas duas décadas às

doze embarcações da Sesibal.

Os números foram avançados

ao Semmais pelo presidenteda cooperativa de pescas de

Setúbal, Sesimbra e Sines,Ricardo Santos, e são apenas

uma face de um problemaque assume contornos bem

maiores junto de pescadoresde toda a região, que conti-

nuam a desesperar por indem-

nizações que nunca chegaramao longo do tempo.

A zona da cadeia de

Pinheiro da Cruz, no muni-

cípio de Grândola, é a prefe-rida pela Marinha para a

realização de exercícios de

tiro e é apontada pelos

pescadores como aquela quetraz todos os anos mais

prejuízos às frotas

pesqueiras. Em média, as

doze embarcações da coope-rativa ficaram sem pescar80 dias por ano, acumulando

prejuízos de dois mil eurosao dia, num total de 160 mil

por ano. «Uma forma de

encurtar estes prejuízos seria

reduzir para 1500 metros a

proibição de pescar», afirmaRicardo Santos, que recorda

que a interdição abrangeactualmente uma extensãode costa de 7 milhas e longi-tude de 4 a 6 mil metros.

Traineira capturamaterial que reagia ao ar

Perto da lagoa de Albu-

feira, uma embarcação teve

recentemente um prejuízode 5 mil euros. As redes da

traineira "Princesa deSesimbra" tinham recolhido

um cilindro com 50 centí-

metros, que se presume ser

um facho, um pote de sina-

lização de fumo utilizado

pela Marinha em exercícios

de treino com helicópteros.Terá, alegadamente, desa-

parecido num exercíciomilitar. «Quinze minutos

depois de as redes terem sido

puxadas para terra, os

empregados da Docapescadisseram que o materialestava a fumegar», descreve

o proprietário da embar-

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cação.António Cagica recorda

também que o «objecto se

partiu, reagiu ao ar e dani-ficou as redes, obrigando à

chamada da Polícia Marí-tima». Tal como é hábitonestas situações, o proprie-tário fez um auto sobre o

caso junto da Polícia Marí-tima, mas não sabe, até ao

momento, em que ponto está

o processo. Desconfia,

porém, do desfecho: «não se

vai conseguir identificar o

culpado e o prejuízo, querondará os cinco mil euros,ficará por pagar por quemde direito».

Ao Semmais, JoaquimPilo, do Sindicato Livre dos

Pescadores, presume quemais de uma centena de

pescadores já tenham sido

afectados de algum modo

pelas manobras e treinosmilitares e pede indemniza-

ções ao Governo, «atravésdo Fundo de CompensaçãoSalarial».I Marinha diz que só houveI uma ocorrência em 2011

A Marinha Portuguesaesclarece ao Semmais,

todavia, que em 2011 só foi

registada uma ocorrênciasobre a detecção de objectos

suspeitos «com o conse-

quente empenhamento das

unidades de inactivação de

engenhos explosivos e quese veio a constar tratar-sede um invólucro inerte». A

mesma fonte explica ainda

que as indemnizações só têm

lugar quando os armadores

apresentam queixa na Polícia

Marítima e depois de se

provar que há relação comos engenhos encontrados.

Contudo, a identificaçãoda origem é difícil, dada a

utilização generalizada de

engenhos de sinalizaçãointernacional nos espaçosmarítimos por embarcações,navios e aeronaves, no âmbito

da busca e salvamento marí-timo. A Marinha realiza ao

longo do ano um elevadonúmero de exercícios e

treinos ao longo da área de

Sesimbra, envolvendounidades navais, de mergu-lhadores e fuzileiros e só emexercícios de tiro sobre terra,

na zona de Pinheiro da Cruz,

ou na zona da praia do Meço

se efectua largada ou disparode material.

A Marinha aconselha

quem achou um objecto

suspeito de ser explosivo a não

tocar no engenho e a contactar,

logo que possível, a Autori-

dade Marítima local (capitania)ou o 112. Perante as autori-dades, o ideal é fazer desde

logo uma descrição porme-norizada daquilo que vê.

*ComVanda Pinto

Redes da traineira "Princesa de Sesimbra" sofreram prejuízos

Apesar de não ser muitoafectada pelas manobras da

Marinha e Força Aérea, a

secretária-g eral da Asso-

ciação de Armadores Pesca

Altesanal da Costa Vicen-tina fala de outro «grandeflagelo». Filipa Faria exigedos grandes navios comer*ciais um olhar mais atento

sobre as redes das traineiras,

que diz serem frequente-mente cortadas pelas hélices

das embarcações das

grandes dimensões. Mesmosendo os incidentes repor-tados às autoridades i&arí*

timas, é difícil encontrar os

culpados «acautelar indem-

nizações.